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EAE 0522: Teoria dos Jogos - Aula 04 Aplicações: Cournot, Bertrand, Hotelling e Tragédia dos Comuns Felipe Shalders FEA-USP, Brasil fshalders@usp.br Março de 2023 Introdução ▶ Previamente: ▶ Estratégias mistas. ▶ Existência de EN. ▶ Nesta aula: ▶ primeira parte de aplicações em organização industrial e economia polı́tica. ▶ Cournot e Bertrand, com algumas de suas variações. ▶ Tempo permitindo: Hotelling e Tragédia dos Comuns. Cournot Duopólio de Cournot ▶ Em equilı́brio competitivo: firmas tomas p como dado e escolhem qi. max qi p · qi − c(qi). p vem de um leiloeiro Walrasiano. Firmas são pequenas e incapazes de afetar p. ▶ Em Cournot, existem poucas firmas no mercado. Duopólio de Cournot: o jogo ▶ I = {1, 2} (firmas). ▶ Uma estratégia é uma quantidade qi ∈ R+. ▶ πi(qi, q−i) lucro: πi(qi, q−i) = P(Q)qi − c · qi onde Q = qi + q−i, P(Q) = a − b ·Q, e c > 0. Duopólio de Cournot: definição de EN Def.: Um equilı́brio de Nash do duopólio de Cournot é um par (q∗1, q ∗ 2) tal que q∗1 ∈ arg maxq1 P(q1 + q∗2)q1 − c · q1 e q∗2 ∈ arg maxq2 P(q∗1 + q2)q2 − c · q2. Duopólio de Cournot: melhores respostas ▶ Lembrando que P(Q) = a − bQ, temos q∗1 ∈ arg maxq1 P(q1 + q∗2)q1 − c · q1 q∗1 ∈ arg maxq1 [a − b(q1 + q∗2)]q1 − c · q1. ▶ FOC: a − 2bq∗1 − bq ∗ 2 − c = 0 q∗1 = a − c − bq∗2 2b = a − c 2b − q∗2 2 ▶ Analagomente, q∗2 = a − c − bq∗1 2b = a − c 2b − q∗1 2 Duopólio de Cournot: melhores respostas ▶ Temos duas equações, duas incógnitas: q∗1 = a − c 2b − q∗2 2 q∗2 = a − c 2b − q∗1 2 . ▶ Substituindo, q∗1 = a − c 2b − 1 2 [ a − c 2b − q∗1 2 ] = a − c 4b + q∗1 4 ⇒ q∗1 = a − c 3b . Duopólio de Cournot: o Equilı́brio de Nash ▶ De forma análoga, chegamos a q∗2 e ao EN: q∗1 = a − c 3b q∗2 = a − c 3b . Duopólio de Cournot: o Equilı́brio de Nash FOC: q∗2(q1) = a − c 2b − q1 2 Duopólio de Cournot: o Equilı́brio de Nash FOC: q∗2(q1) = a − c 2b − q1 2 Duopólio de Cournot: o Equilı́brio de Nash FOC: q∗2(q1) = a − c 2b − q1 2 Duopólio de Cournot: o Equilı́brio de Nash FOC: q∗1(q2) = a − c 2b − q∗2 2 Duopólio de Cournot: o Equilı́brio de Nash FOC: q∗1 = a − c 2b − q∗2 2 Duopólio de Cournot: o Equilı́brio de Nash FOC: q∗1 = a − c 2b − q∗2 2 Duopólio de Cournot: o Equilı́brio de Nash Equilı́brio de Nash: q∗1 = q ∗ 2 = a − c 3b Duopólio de Cournot: propriedades do EN q∗1 = a − c 3b q∗2 = a − c 3b . ▶ A quantidade total produzida em EN é Q∗ = q∗1 + q ∗ 2 = 2(a − c) 3b . ▶ Q∗ e q∗i ▶ sobem quando a sobe; ▶ caem quando c sobe; ▶ caem quando b sobe. Duopólio de Cournot vs monopolista q∗1 = a − c 3b , q∗2 = a − c 3b . ▶ Um monopolista resolveria: max qM ( a − bqM ) qM − c · qM 0 =a − b2qM∗ − c qM∗ = a − c 2b ▶ Comparando com o EN: ▶ qM∗ > q∗i ; ▶ mas qM∗ < Q∗. Duopólio de Cournot vs monopolista Q∗ = q∗1 + q ∗ 2 = 2 3 (a − c) b qM∗ = 1 2 (a − c) b ▶ Em EN: P∗ = P(Q∗) =a − b 2 3 a − c b =a − 2 3 a − c 1 = 1 3 (a + 2c) . ▶ Em monopólio: PM = P ( qM∗ ) =a − b 1 2 a − c b = 1 2 (a + c) . Duopólio de Cournot vs monopolista ▶ Em EN: P∗ = 1 3 (a + 2c) . ▶ Em monopólio: PM = 1 2 (a + c) . ▶ Como P(Q) é decrescente em Q, P∗ < PM. ▶ Nos dois casos, preço sobe com a e c. Duopólio de Cournot vs monopolista ▶ Em EN: P∗ = a + 2c 3 , q∗i = a − c 3b π∗i =πi(q ∗ i , q ∗ −i) = (P ∗ − c)q∗i = (a − c)2 9b ▶ Em monopólio: PM = a + c 2 , qM∗ = a − c 2b πM =(PM − c)qM∗ = (a − c)2 4b2 ▶ Note que π∗1 + π ∗ 2 < π M. Duopólio de Cournot vs monopolista: Conclusão ▶ Em EN, uma firma produz menos do que produziria se fosse monopolista. ▶ Conjuntamente, produzem mais do que um monopolista produziria. ▶ Preço em EN é menor do que o do monopolista. ▶ Lucro agregado de duopólio é inferior ao do monopolista. Duopólio de Cournot vs concorrência perfeita ▶ Em EN, Q∗ < QM∗ e P∗ > PM. ▶ Como fica a comparação do duopólio vs concorrência perfeita? ▶ Lembrando que P(Q) = a − bQ, qual é o preço de concorrência? ▶ Em concorrência perfeita, existe um preço PC tal que oferta=demanda. ▶ Demanda é dada por P(Q). E oferta? ▶ Firma i oferta qi de forma a maximizar PCqi − c · qi. ▶ Problema só tem solução se PC = c. Duopólio de Cournot vs concorrência perfeita: Conclusão. ▶ Firma i oferta qi de forma a maximizar PCqi − c · qi. ▶ Problema só tem solução se PC = c. ▶ O lucro de duopólio é positivo, o de concorrência perfeita é zero. Duopólio de Cournot: Conclusão ▶ Lembrando que P∗ = a+2c3 , temos PC = c < P∗. ▶ Segue que QC > Q∗. ▶ Ou seja, ▶ Monopolista produz menos que a quantidade agregada em Cournot, que é menor do que a quantidade de equilı́brio competitivo. qM∗ < 2q∗i < Q C. ▶ Monopolista cobra mais do que firmas em Cournot, que cobram mais do que o preço competitivo. PM∗ > P∗ > PC. ▶ Monopolista lucra mais que o lucro agregado em Cournot, que é maior do que o lucro agregado de equilı́brio competitivo. πM∗ > 2π∗i > π C. Duopólio de Cournot: Variações ▶ Duopólio ou oligopólio? ▶ Custos marginais diferentes. ▶ EN em estratégias mistas? EN em estratégias mistas no duopólio de Cournot? Doupólio de Cournot e estratégias mistas Questão do Teste 01, 2022: ▶ Considere um duopólio de Cournot: duas firmas, A e B, competem em um mercado. Firma A escolhe qA e firma B escolhe qB. ▶ A oferta agregada é dada por Q = qA + qB. A demanda agregada é dada por P(Q) = 15 − 3Q. ▶ Firmas maximizam receita, isto é, a firma i maximiza P(Q) · qi tomando q−i como dada. Doupólio de Cournot e estratégias mistas a) Ache a função melhor resposta da firma A. b) Ache um Equilı́brio de Nash em estratégias puras deste jogo. Existe outro? c) Suponha que a firma B utilize uma estratégia mista: com probabilidade p ∈ (0, 1), B escolhe produzir q∗B; com probabilidade complementar, produz q∗∗B , com q ∗∗ B ∈ (q ∗ B, 5). Ache a melhor resposta da firma A. Oligopólio de Cournot (N > 2) Oligopólio de Cournot: o jogo ▶ I = {1, 2, · · · ,N} (firmas). ▶ Qi = [0,∞) (estratégia é uma quantidade qi ∈ R+). ▶ πi(qi, q−i) lucro: πi(qi,Q−i) = P(Q)qi − c · qi onde Q = qi +Q−i, Q−i = ∑ j,i q j, P(Q) = a − b ·Q, e c > 0. Oligopólio de Cournot: melhor resposta ▶ Firma i resolve: max qi (a − b(Q−i + qi))qi − c · qi ⇒a − c − bQ−i − 2bqi = 0 qi = a − c − bQ−i 2b ▶ Somando em i, Q = N(a − c) 2b − (N − 1)Q 2 Q N + 1 2 = N(a − c) 2b Q = (a − c) b N N + 1 Oligopólio de Cournot: preço de equilı́brio Q = (a − c) b N N + 1 ▶ Note que ▶ Quando N = 2, o resultado coincide com o achado anteriormente. ▶ O preço será dado por P(Q) = a − bQ = a − (a − c) N N + 1 = a 1 N + 1 + c N N + 1 . Quando N→∞, lim N→∞ P(Q) = c. Oligopólio de Cournot: observação (1) Q = (a − c) b N N + 1 qi = a − c − bQ−i 2b ▶ Este é um jogo simétrico entre as firmas. ▶ Nem todo equilı́brio de um jogo simétrico é simétrico. ▶ Neste caso, o único EN é simétrico. 2bqi =a − c − bQ−i bqi =a − c − bQ Oligopólio de Cournot: observação (2) bqi =a − c − bQ bq =a − c − bNq q = a − c b(N + 1) ▶ O único EN em estratégias puras é simétrico. ▶ E em estratégias mistas? max qi E [( a − b(qi + q−i) ) qi − c · qi ] max qi E [ aqi − bq2i + −bq−iqi − c · qi ] max qi aqi − bq2i + −bE [ q−i ] qi − c · qi ▶ A melhor resposta de i vai ser degenerada. ⇒ Não há EN em estratégias mistas. Conclusão ▶ Oligopólio de Cournot: ▶ ”Competição em quantidades”. ▶ Para dado N, equilı́brio está entre monopólio e competição perfeita. ▶ O equilı́brio se aproxima da competição perfeita a medida que N aumenta. Cournot com custos assimétricos Duopólio de Cournot: caso assimétrico ▶ Demanda P(Q) = a − bQ. ▶ Firma 1 tem custo c1; ▶ Firma 2 tem custo c2 > c1. ▶ Como essa mudança afeta o equilı́brio? Duopólio de Cournot: caso assimétrico ▶ Vamos manter hipóteses que garantem quantidades positivaspara ambas firmas. ▶ Melhor resposta da firma 1: max q1 [ (a − b(q1 + q2) − c1 ] q1 a − 2bq1 − bq2 − c1 = 0 q1 = a − c1 − bq2 2b ▶ E análogo para a firma 2. ▶ Lista 02. Bertrand Bertrand ▶ Em Cournot, competição em quantidades. ▶ Em Bertrand, competição em preços. → Produtos homogêneos. → (Duas) firmas escolhem simultaneamente seus preços. → Aquela com o menor preço leva o mercado inteiro. Bertrand ▶ O lado da demanda é representado por Q(p) = a − p. ▶ A demanda da firma 1 é q1(p1, p2) = a − p1, se p1 < p2, 1 2 (a − p1), se p1 = p2, 0, se p1 > p2 . ▶ Assumindo CMg constantes (c > 0), temos π1(p1, p2) = (a − p1)(p1 − c), se p1 < p2, 1 2 (a − p1)(p1 − c), se p1 = p2, 0, se p1 > p2 . Bertrand ▶ O lado da demanda é representado por Q(p) = a − p. ▶ Vamos implicitamente assumir que pi ≤ a. ▶ Se uma firma fosse monopolista, iria resolver max p≤a (a − p)(p − c) ≡ max p≤a ap − p2 − ca + pc ⇒a − 2pM + c = 0 pM = a + c 2 . Bertrand: Melhor resposta π1(p1, p2) = (a − p1)(p1 − c), se p1 < p2 1 2 (a − p1)(p1 − c), se p1 = p2, 0, se p1 > p2 ▶ Suponha que firma 2 escolha p2. ▶ Qual é a melhor resposta da firma 1? ▶ Depende: como p2 se relaciona com c e com pM = a+c2 . ▶ Suponha por exemplo que c = 1, pM = 5. ▶ Para preços muito altos (p2 > pM), BR1(p2) = pM. ▶ Para preços muito baixos (p2 < c), Bertrand: Melhor resposta ▶ E preços intermediários? Suponha p2 = 3. Bertrand: Melhor resposta ▶ E preços intermediários? Suponha p2 = 3. Bertrand: Melhor resposta ▶ E preços intermediários? Suponha p2 = 3. Em azul, o lucro da firma 1 como função de p1. Bertrand: Melhor resposta ▶ Quando p2 = 3, a firma 1 quer cobrar o maior preço possı́vel, desde que este seja estritamente menor que 3. p1 = max{p : p < 3}. ▶ Isto não é possı́vel (o máximo não existe). ▶ Em outras palavras, a melhor resposta não está definida. ▶ Isto ocorre para todo p2 ∈ (c, pM]. ▶ Isto não ocorre para p2 = c. Bertrand: Melhor resposta ▶ Se p2 > pM, então BR1(p2) = pM. ▶ Se p2 ∈ (c, pM], então BR1(p2) = ∅. ▶ Se p2 ∈ [0, c), então BR1(p2) = {p1 : p1 > p2} = (p2, a]. ▶ Se p2 = c, ▶ e p1 < p2, então... ▶ e p1 = p2, então... ▶ e p1 > p2, então... Bertrand: Equilı́brio de Nash 1. Se p2 > pM, então BR1(p2) = pM. 2. Se p2 ∈ (c, pM], então BR1(p2) = ∅. 3. Se p2 ∈ [0, c), então BR1(p2) = {p1 : p1 > p2} = (p2, a]. 4. Se p2 = c, então BR1(p2) = [c, a]. - A melhor resposta da firma 2 é idêntica. - Quais são os EN? 1. Se p2 > pM, então p1 = pM mas p2 < BR2(pM) 2. Não podemos ter p2 ∈ (c, pM]. 3. Se p2 < c, então π2 < 0. 4. p1 = p2 = c: EN. Bertrand: Propriedades do Equilı́brio de Nash ▶ O único Equilı́brio de Nash do jogo acima é p1 = p2 = c. ▶ Em equilı́brio, todas as firmas tem lucro zero. ▶ Resultado contrasta com Cournot: firmas tinham lucro positivo → 0 quando N→∞. ▶ Preços competitivos: basta N = 2, ou até mesmo N = 1 (mercados contestáveis). Bertrand: Comparação com Cournot ▶ Imagine um duopólio de Cournot em que q1 = qM. ▶ Firma 2 pode produzir um pouco q2 > 0, e ter lucros positivos. ▶ Daı́ firma 1 decide reduzir um pouco q1. ▶ Daı́ firma 2 decide aumentar um pouco q2 · · · . ▶ O processo converge para o EN com lucros positivos. Bertrand: Comparação com Cournot ▶ Imagine um duopólio de Bertrand em que p1 > c. ▶ Firma 2 pode cobrar um pouco menos p2 < p1, e tomar todo o mercado. → Estratégia chamada de undercutting. ▶ Jogo de tudo ou nada. ▶ Um jogo descontı́nuo. Bertrand: Discussão ▶ Bertrand é um jogo descontı́nuo. ▶ Em particular, a melhor resposta é vazia para várias situações de interesse. ▶ Existem várias alterações possı́veis do jogo: ▶ Impor que as firmas joguem números inteiros; ▶ Custos convexos; ▶ Custos assimétricos; ▶ Capacity constraints; ▶ Jogos com custos fixos e livre entrada; ▶ Produtos diferenciados; ▶ Search costs. Bertrand: Discussão (2) ▶ Em equilı́brio, as firmas jogam p1 = p2 = c. ▶ Estas são estratégias dominadas. ▶ EN é um conceito que pode ser fraco. Hotteling Hotteling: introdução ▶ Até agora, vimos dois modelos de produtos homogêneos. ▶ No modelo de Hotelling, abstraı́mos do ”preço” e estudamos diferenciação de produtos. ▶ Pode ser usado tanto em IO quanto em Economia Polı́tica. Hotteling: modelo ▶ Dois polı́ticos, 1 e 2. ▶ Um contı́nuo de polı́ticas: x ∈ [0, 1]. ▶ Cada polı́tico escolhe uma polı́tica: x1 e x2. ▶ Ganha a eleição o polı́tico que tiver mais votos. payoff = 1 se ganha 0.5 se empata 0 se perde . Hotteling: eleitores ▶ Um contı́nuo de polı́ticas: x ∈ [0, 1]. ▶ Um contı́nuo de eleitores distribuı́dos uniformemente em [0, 1]. ▶ Um eleitor em x decide votar no candidato mais próximo: x vota em i se |x − xi| < |x − x j| Hotteling: payoffs ▶ Suponha que os candidatos escolham x1 ≤ x2. Hotteling: payoffs ▶ Suponha que os candidatos escolham x1 ≤ x2. Hotteling: payoffs ▶ Suponha que os candidatos escolham x1 ≤ x2. Hotteling: payoffs ▶ Todos eleitores à esquerda de x1 vão votar no candidato 1. Hotteling: payoffs ▶ Alguns eleitores à direita de x1 vão votar no candidato 1. Hotteling: payoffs ▶ Alguns eleitores à direita de x1 vão votar no candidato 1. Hotteling: payoffs ▶ Alguns eleitores à direita de x1 vão votar no candidato 1. Hotteling: payoffs ▶ Os outros eleitores votam no candidato 2. Hotteling: payoffs ▶ Suponha que x1 < x2. ▶ O payoff de 1 será u1(x1, x2) = 1 se x1+x22 > 0.5 0.5 se x1+x22 = 0.5 0 se x1+x22 < 0.5 . Hotteling: Equilı́brio de Nash ▶ Suponha que x1 = 0.2, x2 = 0.6. ▶ Candidato 1 recebe votos até 0.4 = 0.2+0.62 . ▶ Candidato 2 ganha a eleição. ▶ O que 1 poderia fazer para aumentar seu payoff? Hotteling: Equilı́brio de Nash ▶ Isto pode ser um EN? Hotelling: Equilı́brio de Nash Prop.: Não existe Equilı́brio de Nash com x1 , x2. Prova: ▶ Se os jogadores empatam, então se mover mais ao centro gera vitória com certeza. Ex.: x1 = 0.2, x2 = 0.8. 1 não está jogando sua BR, pois tem payoff 0.5 e poderia ter payoff 1 se jogasse x′1 = 0.3. ▶ Se um jogador ganha e o outro perde, então o perdedor poderia jogar o mesmo x do ganhador e empatar. Ex.: x1 = 0.2, x2 = 0.6. 1 não está jogando sua BR, pois tem payoff 0 e poderia ter payoff 0.5 se jogasse x′1 = 0.6. Hotteling: Equilı́brio de Nash ▶ Suponha que x1 = x2 = 0.6. ▶ Candidatos empatam. ▶ O que 1 poderia fazer para aumentar seu payoff? Hotelling: Equilı́brio de Nash Prop.: Não existe Equilı́brio de Nash com x1 = x2 > 0.5. Também não existe Equilı́brio de Nash com x1 = x2 < 0.5. Prova: ▶ Ambos candidatos tem incentivos a desviarem para x = 0.5 Hotelling: Equilı́brio de Nash Prop.: O perfil x1 = x2 = 0.5 é um Equilı́brio de Nash. Prova: ▶ Os candidatos empatam e tem payoff 0.5. ▶ Mover para qualquer lado leva à derrota. Hotelling: discussão ▶ Competição por eleitores faz com que candidatos evitem extremos. ▶ Em equilı́brio, não há diferenciação entre as polı́ticas propostas. ▶ Resultado é robusto a diferentes distribuições dos eleitores. ▶ Mas quando temos 3 ou mais candidatos, o resultado não vale mais. ▶ Extensões: ▶ Mais de 2 candidatos; ▶ Custo fixo de se candidatar e livre entrada de candidatos; ▶ Voto facultativo; ▶ Colégio eleitoral. Tragédia dos comuns Tragédia dos comuns: introdução ▶ Um bem público pode ser usado por vários agentes. ▶ Cada agente gera uma externalidade no outro agente. ▶ Equilı́brio ineficiente: externalidades não são levadas em conta na maximização individual. → Parecido com dilema dos prisioneiros. Tragédia dos comuns: modelo ▶ Um bem público: campo. ▶ Cada agente: fazendeiro. ▶ Ações: decidir a intensidade de uso do pasto. ▶ Externalidade: uma vaca adicional pode ser do interesse de um fazendeiro, mas gera uma redução da qualidade do pasto. Tragédia dos comuns: modelo ▶ N fazendeiros.▶ Fazendeiro i escolhe quantidade de vacas qi. ▶ Externalidade: qualidade do pasto é dada por K = 10 − N∑ i=1 qi. ▶ Utilidade do fazendeiro i é ui(qi, q−i) = Kqi = (10 − qi − q−i)qi Tragédia dos comuns: melhor resposta e EN ui(qi, q−i) = Kqi = (10 − qi − q−i)qi ⇒qi = 10 − q−i 2 ▶ Em um equilı́brio simétrico, q =10 −Nq q = 10 N + 1 Q =10 N N + 1 K =10 − 10 N N + 1 = 10 1 N + 1 ui =Kq = 10 1 N + 1 10 1 N + 1 = 100 (N + 1)2 Tragédia dos comuns: melhor resposta e EN ▶ Em um equilı́brio simétrico, ui =Kq = 10 1 N + 1 10 1 N + 1 = 100 (N + 1)2 ▶ Qual é a alocação Pareto eficiente (simétrica)? max q (10 −Nq)q ⇒10 − 2Nq = 0 q = 10 2N ▶ Neste caso, uPEi = ( 10 −N 10 2N ) 10 2N =(10 − 5) 10 2N = 25 N = 100 4N > 100 (N + 1)2 = uNEi Conclusão ▶ Oligopólio de Bertrand: ▶ ”Competição em preços”. ▶ Undercutting + descontinuidade = preços competitivos. ▶ Hotelling: ▶ Candidatos competem por eleitores. ▶ Incentivos para que se movam ao meio. Não há diferenciação. ▶ Tragédia dos comuns: ▶ Cada agente gera uma externalidade negativa. ▶ Sobre-uso dos recursos comuns.
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