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Direito patrimonial de família

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13/03/2023, 19:53 Direito patrimonial de família
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03180/index.html# 1/48
Direito patrimonial de família
Prof.º Gilberto Fachetti Silvestre
false
Descrição
Abordagem conceitual e prática dos requisitos do pacto antenupcial, dos diferentes regimes de bens e dos
pressupostos dos alimentos civis.
Propósito
Por ser uma das principais matérias das quais resultam demandas discutidas em ações judiciais de família,
os direitos patrimoniais de família são um assunto de grande viés prático e operabilidade para o exercício
das profissões jurídicas.
Preparação
Antes de iniciar os estudos, tenha o Código Civil atualizado em mãos.
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Objetivos
Módulo 1
Pacto antenupcial
Identificar a relação entre pacto antenupcial e regime de bens.
Módulo 2
Regimes de bens
Distinguir os regimes de bens.
Módulo 3
Alimentos
Analisar as principais características, modalidades e regras da obrigação alimentar.
Regime de bens e alimentos são instituições da maior importância porque estão na base das
relações familiares e de eventuais encerramentos de vínculos.
Daí a importância de compreender em detalhes como se dá a escolha do regime de bens e o
exercício do direito de alimentos e quais as características de cada um, pois as consequências
Introdução
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1 - Pacto antenupcial
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar a relação entre pacto
antenupcial e regime de bens.
sociais e jurídicas que podem advir dessas situações servem de campo fértil para o desenvolvimento
profissional.
Paralelamente a isso, o regime de bens e o exercício do direito de alimentos implicam uma
consequência prática e alguns conceitos próprios e peculiares que permitem compreender melhor
como funcionam as entidades familiares e como problemas deles decorrentes devem ser resolvidos.
Para demonstrar como os conceitos tratados neste conteúdo se aplicam à solução de problemas
que resultam da adoção do regime de bens e do direito de alimentos, primeiro será apresentado um
panorama geral dos elementos essenciais caracterizadores de cada regime. Depois, será abordada a
consequência dos regimes e dos alimentos.
Por fim, será apresentado o regime jurídico dos elementos essenciais do casamento e da união
estável, de modo a resumir e sistematizar as principais regras sobre a matéria.
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Pacto antenupcial
Pacto antenupcial
Neste vídeo, o professor Gilberto Fachetti discorre sobre o pacto antenupcial e suas principais
características.
O pacto antenupcial (ou pacto nupcial) é um contrato feito pelos nubentes (noivos) antes do casamento
com o objetivo de regular os efeitos patrimoniais da união. Nele, haverá a escolha do regime de bens e, a
critério dos nubentes, normas específicas para a situação patrimonial do futuro casal. Dependendo, as
partes podem, inclusive, criar, “inventar”, um regime de bens próprio para seu casamento.
Este contrato deve ser celebrado, obrigatoriamente, na forma de escritura pública, ou seja, feita em cartório.
Contudo, se as partes optarem pelo regime da comunhão parcial de bens, o documento não precisa ser um
instrumento público.
Poderá ser um documento particular ou, então, a opção pode ser declarada perante o oficial do cartório do
casamento.

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Isso se deve a dois motivos: se não há pacto antenupcial ou se o pacto é nulo, então, considera-se que não
houve opção por um regime de bens; logo, quando não se opta por um regime, o caput do art. 1.640
prescreve que “não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os
cônjuges, o regime da comunhão parcial”.
Logo, o pacto antenupcial é facultativo quando os nubentes pretenderem casar na
comunhão parcial. Será obrigatório, porém, se optarem pela comunhão universal,
pela participação final dos aquestos ou pela separação de bens.
Efeitos do pacto
Eficácia do pacto
A eficácia do pacto começa com o início do casamento. Antes disso, ele não produz efeitos; fica
condicionado à celebração do casamento.
E se os nubentes celebrarem o pacto antenupcial e desistirem de casar?
Resposta
Nesse caso, o pacto antenupcial será ineficaz. Assim, somente com o casamento é que o pacto antenupcial
terá eficácia.
No caso dos menores entre 16 e 18 anos, além da autorização para casar, também precisarão da
assistência de seus representantes para a celebração do pacto antenupcial. Assim, “a eficácia do pacto
antenupcial, realizado por menor, fica condicionada à aprovação de seu representante legal” (art. 1.654). O
documento de autorização do representante será transcrito no pacto antenupcial e os representantes
deverão assinar o pacto com o menor.
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Conteúdo do pacto
Além da opção pelo regime de bens, o pacto antenupcial também serve para tratar de questões patrimoniais
e extrapatrimoniais com relação ao casamento. Por exemplo, pode ser estabelecido que, caso o casal tenha
filhos, todos os bens imóveis adquiridos após o casamento terão a propriedade transferida para os filhos.
Outros exemplos: que tipos de despesas cada cônjuge assumirá; e quais bens ficarão incomunicáveis.
Atenção: essas regras criadas pelo casal dizem respeito somente a questões que
não violem a lei. Por exemplo: não se pode estabelecer uma cláusula em que,
havendo filhos, o pai não terá qualquer responsabilidade sobre eles; ou uma
cláusula dizendo que os casados não são obrigados a serem fiéis um ao outro.
Em resumo, o pacto antenupcial pode dispor sobre:
antecipação de autorização para alienação de bens imóveis (art. 1.647), incluindo livre disposição de
bens no caso da participação final dos aquestos (art. 1.656);
doações entre os casados e de um dos cônjuges a terceiros;
planejamento sucessório;
maneiras como serão exercidos os deveres recíprocos (coabitação, assistência mútua etc.);
guarda de animais em caso de divórcio;
guarda dos filhos;
pensão alimentícia em caso de divórcio.
Essas são algumas hipóteses exemplificativas, mas os noivos têm liberdade de estabelecer cláusulas sobre
outros assuntos, desde que as cláusulas não sejam contrárias à lei.
Relevância do pacto
Nos casos em que o regime de bens, obrigatoriamente, será a separação de bens (art. 1.641), o pacto
antenupcial é nulo.
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Um casamento celebrado sem um prévio pacto antenupcial não será nulo, justamente porque a lei diz que,
quando não há escolha de regime, vigora a comunhão parcial.
Logo, o pacto antenupcial não é requisito para casar; ele é importante apenas para escolher um regime de
bens diferente da comunhão parcial (comunhão universal, participação final dos aquestos e separação de
bens) ou para criar regras próprias sobre a administração patrimonial do casal.
A esse propósito, é de se destacar, ainda, que, conquanto não houver a necessidade de estabelecer um
regime patrimonial por meio do pacto antenupcial, visto que o CC/02 determina ser este o regime de bens,
quando não houver disposição em contrário pelo casal, surgiu no STJ um problema interpretativo sobre a
escolha do regime de bens (no pacto antenupcial ou não) na vigência do CC/16 e após a vigência da Lei
6.515/77 (Lei do Divórcio).
Expliquemos com o exemplo concreto julgado: numa ação de divórcio, um dos cônjuges ingressou na
justiça a fim de fazer-se valer o regime de comunhão universal de bens constanteapenas na certidão de
casamento destes. Acompanhe, a seguir, a argumentação para tal ação:
Nada obstante ao fato de o STJ reconhecer que o Código Civil de 1916 – afinal, era expresso neste diploma
legal – previa o regime da comunhão universal de bens como sendo a regra (como vimos, já não o é mais no
atual código), tinha-se como requisito de validade dar-se por meio de escritura pública, o que não ocorreu no
caso concreto analisado pela Corte.
Regime vigente
Em sede de recurso, a autora
da ação afirmou que o
matrimônio ocorreu em 1978,
ainda sob a vigência do
Código Civil de 1916, o qual
previa a comunhão universal
de bens como regime legal.
Tempo de união
Mais ainda: sustentou que a
união durou por quase três
décadas sem que seu marido
reclamasse quanto à opção
do regime adotado. Logo,
teria aquiescido quanto ao
regime adotado pelo casal.
Declaração de vontade
Também argumentou que o
Código Civil de 2002, vigente
atualmente, prevê que, nas
declarações de vontade, se
atenderá mais à intenção nela
consubstanciada do que ao
sentido literal da linguagem.
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Nas palavras do Ministro Relator:
Sob a égide do Código Civil de 1916, até a Lei do Divórcio, o regime patrimonial instituído como
regra para os casamentos era o da comunhão universal de bens. A opção legal da época
determinava a mancomunhão plena de todos os bens do casal, não importando a origem do
patrimônio ou o momento de sua aquisição. Tal regime refletia a indissolubilidade do casamento,
que se justificava por motivos religiosos, patrimoniais e patriarcais, à luz dos valores do século
passado.
(VILLAS BÔAS CUEVA)
Acrescenta-se que o Ministro afirmou que o matrimônio ocorrera após a publicação da Lei do Divórcio, a
qual já estabelecia que, no caso de silêncio dos cônjuges, a regra é o regime de comunhão parcial de bens.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Analise o seguinte texto: “[...] é acordo entre os noivos, visando regular o regime de bens do futuro
casamento. Nele será escolhido um dos quatro regimes, além de serem estabelecidas outras regras
complementares. Será obrigatório [...], no caso da comunhão universal, da separação de bens e da
participação final nos aquestos.” (FIÚZA, 2006, p. 956). Essa definição se refere
A ao pacto antenupcial.
B à celebração do casamento.
C ao regime obrigatório de bens.
D à habilitação para o casamento.
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Parabéns! A alternativa A está correta.
No pacto, define-se o regime de bens havendo a possibilidade de o casal acordar outros aspectos que
não vão de encontro à lei. O pacto não é obrigatório, exceto quando as partes optarem por regimes
distintos do que prevê o CC/02 na inexistência desse acordo.
Questão 2
Maria e Pedro se casaram, mas não celebraram um pacto antenupcial. Nesse caso, o regime de bens
desse casamento será a
Parabéns! A alternativa B está correta.
De acordo com o art. 1.640 do CC/02, não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará,
quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial. Assim, quando não há pacto ou
quando ele é nulo, vigora a comunhão parcial. A separação obrigatória só cabe nos casos do art. 1.641,
e lá não consta “inexistência de pacto antenupcial”.
E à autorização do responsável para o casamento de menor.
A comunhão universal.
B comunhão parcial.
C participação final nos aquestos.
D separação de bens.
E separação obrigatória.
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2 - Regimes de bens
Ao final deste módulo, você será capaz de distinguir os regimes de bens.
Regimes de bens
Neste vídeo, o professor Gilberto Fachetti discorre sobre os regimes de bens, suas espécies e suas
principais características.
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Conceituações no âmbito do regime de bens
Todo casamento produz dois tipos principais de efeitos, quais sejam:
Efeitos pessoais
São aqueles que resultam do vínculo pessoal, ou seja, dizem respeito à relação entre as pessoas dos
cônjuges. Dentre esses efeitos, encontram-se os deveres de fidelidade recíproca, vida em comum, mútua
assistência, sustento e guarda dos filhos e respeito e consideração mútuos (art. 1.566 do Código Civil).
Efeitos patrimoniais
São aqueles relacionados à vida patrimonial do casal e quais direitos cada um tem sobre o patrimônio do
outro.
Esses efeitos patrimoniais são disciplinados de modos diferentes, dependendo da modalidade de regime de
bens escolhido pelo casal.
O regime de bens é um conjunto de normas jurídicas sobre como é administrado o patrimônio do casal e
como esse patrimônio será partilhado em caso de dissolução do casamento.
Antes de entender cada tipo de regime de bens, tenha em mente a seguinte nomenclatura:
Bens aprestos
São aqueles que cada cônjuge possui, individualmente, antes de casar.
Bens aquestos
São aqueles bens adquiridos pelos cônjuges após o casamento.
A base de cada regime de bens é a comunicabilidade ou não dos bens aprestos e aquestos.
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Comunicabilidade significa a formação de uma comunhão. A comunhão é o conjunto de bens que pertence
a ambos os cônjuges. A constituição dessa comunhão varia de acordo com o tipo de regime de bens.
Tipos de regimes de bens
Existem quatro regimes de bens:
Comunhão universal de bens
Comunhão parcial de bens (também chamado de separação
parcial de bens)
Separação total de bens
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Participação final nos aquestos
A princípio, a escolha do regime de bens é livre, mas há a hipótese da separação obrigatória de bens,
imposta por determinação legal para os casos previstos no art. 1.641, quais sejam:
pessoa que se casa sob as hipóteses de causas suspensivas da celebração do casamento (art. 1.523);
pessoa maior de 70 anos;
pessoa que depende de suprimento judicial para casar (p. ex.: menor entre 16 e 18 anos cujos pais se
recusaram a autorizar o casamento sem justa causa).
O regime de bens é escolhido pelo casal em um documento paralelo aos atos da celebração do casamento.
É o chamado pacto antenupcial.
Atenção!
Se os nubentes (noivos) não celebraram pacto antenupcial ou celebraram pacto antenupcial inválido ou
ineficaz, o regime de bens será a comunhão parcial (art. 1.640).
Comunhão universal de bens
No regime da comunhão universal de bens, haverá a formação de uma comunhão constituída a partir dos
bens aprestos e dos bens aquestos de cada cônjuge. O regime de comunhão universal importa a
comunicação de todos os bens presentes e futuros dos cônjuges e suas dívidas.
Confira a imagem a seguir:
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Regime da comunhão universal.
Tudo o que, individualmente, tinham antes do casamento, passa a ser de ambos; tudo o que cada um
adquire após se casarem, passa a ser de ambos.
Contudo, observe que a figura acima destaca a possibilidade de massas patrimoniais separadas, que não
irão se comunicar, mesmo após o casamento. Cada massa patrimonial constituirá o patrimônio individual
do cônjuge, sobre o qual o outro cônjuge não terá comunhão. É que podem existir bens excluídos. Isso
ocorre, excepcionalmente, neste regime.
Veja quais são os bens excluídos da comunhão universal (que,na figura, constituirão as massas
patrimoniais mais claras após o casamento, ao lado da comunhão):
Bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os
sub-rogados em seu lugar
Em uma doação ou herança, é possível que o proprietário do bem a ser transmitido a um dos
cônjuges imponha uma cláusula de incomunicabilidade, a qual exclui o bem transmitido da
comunhão, ou seja, somente o cônjuge beneficiado será seu proprietário, enquanto o outro
não direito ao bem. Nem mesmo os bens sub-rogados no lugar desse bem serão
comunicáveis. Caso esse bem doado ou herdado com cláusula de incomunicabilidade seja
posteriormente alienado ou permutado, a incomunicabilidade persiste quanto aos bens
adquiridos com os recursos do bem alienado. É a sub-rogação.
Bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário,
antes de realizada a condição suspensiva
Fideicomisso é uma transferência provisória de um bem para outra pessoa. Se ocorrer certo
fato (condição suspensiva), o bem deve ser entregue a um terceiro predeterminado. Não
d f t l tá b lid i d d E t
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ocorrendo o fato, aquele que está com o bem consolida sua propriedade. Enquanto a
propriedade não se consolidar com aquele que está na posse do bem, não haverá
comunicabilidade com seu cônjuge.
Dívidas anteriores ao casamento
Salvo se provierem de despesas com seus bens aprestos (p. ex.: benfeitorias) ou reverterem
em proveito comum (ex.: despesa adquirida para reforma de imóvel que será a moradia do
casal).
Doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a
cláusula de incomunicabilidade
É possível que, antes de casar, um nubente doe ao outro algum bem. Enquanto não casarem,
o bem doado é de propriedade exclusiva do nubente beneficiário. Entretanto, ao casar, o bem
volta a ser de ambos, exceto se o nubente tenha doado com cláusula de incomunicabilidade,
o que, basicamente, significa: a doação é feita, haverá casamento posteriormente, mas o
nubente-doador não quer ter direitos sobre seu antigo bem.
Bens de uso pessoal, livros e instrumentos de profissão
Todo e qualquer bem que for de uso pessoal ou inerente ao exercício da profissão do cônjuge
será somente do cônjuge que o adquiriu e que faz uso deste em seu cotidiano.
Proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge
O salário ou a remuneração por trabalho pertence a cada cônjuge, mas o que for adquirido
com os proventos individuais entra na comunhão. A reserva financeira feita a partir dos
proventos entra na comunhão.
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A incomunicabilidade desses bens não se estende aos frutos, quando se percebam ou vençam durante o
casamento. Por exemplo: aluguéis de uma casa doada a um dos cônjuges com cláusula de
incomunicabilidade: o valor auferido a título de aluguel será da comunhão, pois é um fruto (rendimento civil).
A comunicabilidade atinge até as dívidas dos cônjuges: cada cônjuge tem responsabilidade para com os
credores do outro. Somente quando extinta a comunhão e efetuada a divisão do ativo e do passivo cessará
a responsabilidade de cada um dos cônjuges para com os credores do outro.
Comunhão parcial de bens
No regime da comunhão parcial de bens (ou separação parcial), haverá a formação de três massas
patrimoniais:
Pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes
Ocorre o mesmo que no caso de proventos remuneratórios, em que o que for adquirido com
os proventos individuais entra na comunhão.
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Assim, o regime de comunhão parcial não importa em comunicação de bens presentes (ou seja, aqueles
que existem até o momento da celebração do casamento). E quanto aos bens futuros (ou seja, aqueles que
virão a existir após a celebração do casamento), a comunicação é restrita àqueles bens adquiridos
onerosamente.
Confira a imagem a seguir:
Regime da comunhão parcial.
Adquirir um bem onerosamente significa que o adquirente teve que dispender patrimônio para obtê-lo;
adquirir um bem gratuitamente significa que o adquirente só recebeu e não teve que dispender patrimônio
para o adquirir.
Veja o quadro a seguir, que compara os bens que entram na comunhão com os que não entram na
comunhão:
Bens excluídos da comunhão Bens que entram da comunhão
São os que cada cônjuge possuir ao casar, e os
que lhe sobrevierem, na constância do
casamento, por doação ou sucessão, e os sub-
rogados em seu lugar: os bens doados ou
São os adquiridos na constância do casamento
por título oneroso, ainda que só em nome de um
dos cônjuges;
Comunhão
Constituída bens aquestos de
cada cônjuge adquiridos
onerosamente.
Patrimônio individual
do marido
Constituído por seus bens
aprestos ou por seus bens
aquestos que não entram na
comunhão.
Patrimônio individual
da mulher
Constituído por seus bens
aprestos ou por seus bens
aquestos que não entram na
comunhão.
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Bens excluídos da comunhão Bens que entram da comunhão
herdados (sucessão) são adquiridos
gratuitamente e, neste regime, somente os bem
adquiridos onerosamente serão comunicáveis;
também os sub-rogados não serão
comunicáveis, como no caso exemplificativo da
mulher que recebe um sítio de herança do seu
pai, vende o sítio e compra um apartamento; a
sub-rogação é a “troca” do sítio pelo
apartamento;
São os adquiridos com valores exclusivamente
pertencentes a um dos cônjuges em sub-
rogação dos bens particulares;
São os adquiridos por fato eventual, com ou
sem o concurso de trabalho ou despesa
anterior: um exemplo de bem adquirido por fato
eventual é um prêmio de loteria;
São as obrigações (dívidas e créditos a receber)
anteriores ao casamento;
São os adquiridos por doação, herança ou
legado, em favor de ambos os cônjuges;
São as obrigações provenientes de atos ilícitos
(indenizações por dano patrimonial e dano
moral), salvo reversão em proveito do casal;
São as benfeitorias em bens particulares de
cada cônjuge: benfeitorias são melhoramentos,
obras realizadas; e
São os de uso pessoal, os livros e instrumentos
de profissão;
São os frutos dos bens comuns ou dos
particulares de cada cônjuge, percebidos na
constância do casamento, ou pendentes ao
tempo de cessar a comunhão: frutos são os
benefícios que uma coisa oferece, podendo ser
frutos propriamente ditos (de plantações) ou,
então, rendimentos como aluguéis e juros.
São os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
São as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes; e
São aqueles cuja aquisição tiver por título uma causa anterior ao casamento.
Comunicabilidade de bens no regime da comunhão parcial.
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No regime da comunhão parcial, presumem-se adquiridos na constância do casamento os bens móveis,
quando não se provar que o foram em data anterior.
A administração do patrimônio da comunhão pode ser feita por qualquer um dos cônjuges. Já em relação
ao patrimônio individual, a administração será do cônjuge titular desse patrimônio. Contudo, no caso de má
administração, o juiz pode nomear somente um dos cônjuges como administrador.
Esse é o regime que se aplicará à união estável, caso os companheiros não escolham outro regime em um
contrato de união estável.
Esse também é o regime que incide sobre os casamentos em que as partes não celebram pacto antenupcial
ou que o pacto antenupcial é nulo.
Separação total de bens
No regime da separação de bens, não há comunicabilidade de bens. Cada cônjuge permanece proprietário
dos seus bens aprestos e será proprietário exclusivodos bens aquestos adquiridos por cada um. Mesmo
assim, ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas do casal na proporção dos
rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contrário no pacto antenupcial.
Veja a configura que esquematiza o funcionamento do regime:
Regime da separação.
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Somente haverá a necessidade de partilha se ambos os cônjuges, com seus recursos próprios, adquirirem,
juntos, um bem. Mas, nesse caso, não se trata de comunhão de bens, mas de mero condomínio. A
separação pode ser convencional ou obrigatória.
A separação é convencional quando as partes optam por esse regime, mesmo podendo escolher outro. Já a
separação obrigatória ocorre nas hipóteses legais do art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de
bens no casamento: 1) das pessoas que casarem com inobservância das causas suspensivas da
celebração do casamento (art. 1.523); 2) da pessoa maior de 70 anos; e 3) de todos os que dependerem,
para casar, de suprimento judicial, ou seja, de autorização do juiz.
Participação final nos aquestos
Trata-se de um regime híbrido:
Durante o casamento
Regime da separação de bens.
Dissolução do casamento (partilha)
Regime da comunhão parcial.
Durante o casamento, cada cônjuge administra seu patrimônio e não há comunhão de bens. Na dissolução
(morte, divórcio ou nulidade), a partilha será feita com base no regime da comunhão parcial. O que será
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dividido é a evolução patrimonial de cada cônjuge, após descontadas as dívidas assumidas em benefício da
família. É como se fosse uma “divisão de lucros”: o outro cônjuge terá direito à metade do crescimento
patrimonial que o outro cônjuge auferiu ao longo do casamento.
Integram o patrimônio próprio os bens que cada cônjuge possuía ao casar e os por ele adquiridos, a
qualquer título, na constância do casamento. Veja, a seguir, a figura representativa do regime.
Participação final dos aquestos.
Observe que, na dissolução e divisão patrimonial, haverá uma comunhão sobre o acréscimo de patrimônio,
excluindo os bens aprestos e os bens aquestos excluídos da comunhão.
Pelo art. 1.674 do Código Civil, quando ocorrer a dissolução da sociedade conjugal, será apurado o
montante dos aquestos, os quais serão divididos a título de comunhão. Mas, ao calcular os aquestos,
excluem-se da soma:
os bens aprestos e os que em seu lugar se sub-rogaram;
os bens aquestos que cada cônjuge adquiriu por herança ou doação;
as dívidas relativas a esses bens excluídos.
Pelas dívidas posteriores ao casamento, contraídas por um dos cônjuges, somente este responderá, salvo
prova de terem revertido, parcial ou totalmente, em benefício do outro.
Alteração do regime de bens na constância do casamento
O Código Civil, no § 2º do art. 1.639, prevê a possibilidade de alteração de regime de bens entre os cônjuges
na constância do casamento: “Art. 1.639. [...]. § 2º É admissível alteração do regime de bens, mediante
autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões
invocadas e ressalvados os direitos de terceiros”.
O Código de Processo Civil (Lei nº. 13.105/2015) previu um procedimento próprio, autônomo e especial,
para a alteração (arts. 731 a 734). Trata-se de um procedimento de jurisdição voluntária que encontrou
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meios próprios e céleres para efetivar esse direito dos esposos.
O regime de bens, quando convencional, é escolhido por meio do pacto antenupcial. Dado seu caráter
patrimonial e consensual, o pacto antenupcial tem natureza contratual: é celebrado entre os nubentes na
habilitação do casamento para reger suas relações patrimoniais após o matrimônio.
Sendo, então, um contrato, nada mais lógico que possibilitar sua modificação objetiva, pois toda obrigação é
passível de novação. Ou seja, a alteração do regime de bens nada mais é que uma novação contratual, do
tipo objetiva (art. 360 a 367 do Código Civil).
Pode-se sistematizar a ordem dos atos processuais da Ação de Alteração do Regime de Bens do
Matrimônio no novo Código de Processo Civil da seguinte maneira:
Ação de alteração de regime de bens.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O pai doa, sem cláusula de incomunicabilidade, um apartamento para Maria, casada com João. Esse
apartamento somente entrará na comunhão se Maria e João foram casados no regime de bens da
A participação final nos aquestos.
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Parabéns! A alternativa E está correta.
O regime de comunhão universal importa a comunicação de todos os bens presentes e futuros dos
cônjuges e suas dívidas passivas, com as exceções do artigo seguinte a essa definição do Código Civil.
Questão 2
José tem 72 anos e se casou com Ana, de 59 anos. Neste caso, o regime de bens do casamento de
José e Ana será
B separação obrigatória.
C separação total.
D comunhão parcial.
E comunhão universal.
A de livre estipulação.
B escolhido entre a comunhão parcial e a separação total.
C obrigatoriamente a separação de bens.
D obrigatoriamente a comunhão parcial de bens.
E obrigatoriamente a participação final nos aquestos.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
As pessoas maiores de 70 anos devem, obrigatoriamente, casar no regime da separação de bens,
conforme inciso I do art. 1.641 do CC.
3 - Alimentos
Ao final deste módulo, você será capaz de analisar as principais características,
modalidades e regras da obrigação alimentar.
Alimentos
Neste vídeo, o professor Gilberto Fachetti discorre sobre o conceito de alimentos, seus requisitos e os tipos
de verbas alimentares.

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Conceito de alimentos
Definição
Entende-se por alimentos todas as necessidades de uma pessoa para manter determinado padrão de vida.
Apesar do nome, os alimentos não compreendem somente as necessidades
alimentares de um sujeito, mas também as despesas com moradia, educação, lazer
e recreação, saúde, vestuário, transporte, alimentação etc. Por isso, os alimentos
aqui tratados não são somente os naturais (comida), mas os alimentos civis, ou
seja, tudo aquilo que uma pessoa necessita para viver dentro de um padrão social.
Segundo o Código Civil, os alimentos são devidos entre parentes:
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos
outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a
sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.
[...]”.
(caput do art. 1.694 do Código Civil)
Assim, os alimentos civis são uma questão de solidariedade entre familiares.
Os alimentos são devidos apenas entre parentes (na linha reta infinitamente e na linha colateral até o 4º
grau) ou então entre cônjuges (casados) ou entre companheiros (união estável). Não são devidos entre
patrão e empregado, entre amigos, entre vizinhos, entre parentes distantes etc.
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Pressupostos
Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa
obrigada (§ 1º do art. 1.694). Assim, os alimentos são cabíveis se presentes dois pressupostos:

Necessidadedo alimentando

Possibilidade do alimentante
É o chamado binômio necessidade-possibilidade.
Esse pressuposto está previsto no art. 1.695: “São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem
bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam,
pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento”.
A necessidade do alimentando consiste não apenas nas necessidades básicas, mas também em tudo
aquilo que for necessário para manter um padrão social.
Observe que, pelo caput do art. 1.694, os parentes devem uns aos outros os alimentos de que necessitem
para viver de modo compatível com a sua condição social. Por exemplo, o filho de um famoso e rico jogador
de futebol terá direito a uma pensão alimentícia alta para que possa viver em um padrão social semelhante
ou próximo ao do seu pai.
Já a possibilidade do alimentante se refere à capacidade econômica do parente que pagará a pensão
alimentícia. Significa que o parente não se colocará em situação de necessidade por atender às
necessidades do outro parente (alimentado).
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Ao fixar o valor da pensão alimentícia, o juiz deve seguir um critério de
proporcionalidade entre as necessidades do alimentando e as condições
econômicas do alimentante. Afinal, a boa condição financeira do alimentante não
obriga ao enriquecimento do alimentando além de suas necessidades.
É muito comum que a pensão seja fixada em 30% ou 1/3 do valor dos rendimentos do alimentante. Esse
valor não é fixado em lei, não é uma jurisprudência nem é uma convenção; é uma repetição, um costume
criado no Judiciário. Por isso, podem ser fixadas pensões com valores proporcionais diferentes, a depender
das necessidades do alimentando.
Ainda tomando como referência o exemplo do jogador de futebol, há profissionais que recebem milhões de
reais por mês. Se um desses jogadores ganhasse R$1 milhão e se a pensão alimentícia do seu filho fosse
fixada em 30%, o filho receberia uma pensão mensal de R$ 300 mil. Trata-se de valor muito alto. Geralmente,
nesses casos, a pensão é fixada, por exemplo, em 10%.
Contudo, os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência quando a situação de necessidade
resultar de culpa do alimentante. Veja o § 2º do Art. 1.694: “Os alimentos serão apenas os indispensáveis à
subsistência, quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia”.
Exemplo
Um cônjuge traiu o outro, o traído pede o divórcio e o outro cônjuge precisa de alimentos porque sempre
dependeu financeiramente. Nesse caso, por ser culpado pelo divórcio, o cônjuge necessitado receberá
alimentos apenas quanto ao necessário para sobreviver, ou seja, somente alimentos necessários (naturais).
Além desse caso de separação, outros exemplos nos quais o alimentante se coloca em condição de
necessidade são: negligência na própria formação profissional, embora tivesse condições para isso; desídia
e desinteresse (preguiça); lesões provocadas por atividades de aventura; falta de recursos financeiros por
gastar em jogo, aposta e aplicações financeiras de risco; vida perdulária etc.
Em se tratando de pais separados, cada um deles deve contribuir para a manutenção dos filhos na
proporção de seus recursos. Por fim, o art. 1.700 prevê que a obrigação de prestar alimentos transmite-se
aos herdeiros do devedor.
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Características
Os alimentos são:
Direito da personalidade
Existe para proteger a integridade física, psicológica, moral, espiritual e intelectual do
alimentante, ou seja, é uma forma de garantir a dignidade humana de quem é alimentado.
Atuais
Não existe cobrança de pensões passadas. Os alimentos são fixados de acordo com
necessidades atuais, do tempo presente, do alimentando. Imagine alguém que descobre aos
18 anos que certo homem é seu pai. Não pode esse filho cobrar 18 anos de pensão
alimentícia de seu pai, pois os alimentos servem para a sobrevivência e subsistência da
pessoa (se ela chegou aos 18 anos, é porque sobreviveu e encontrou meios de subsistência).
Pode, talvez, ter direito a dano moral, mas não direito a alimentos não cobrados no passado.
Personalíssimos
São um direito exclusivo do alimentado, logo, somente ele pode pleitear e receber os valores
da pensão. Além disso, os alimentos somente podem beneficiar o alimentando. Assim, a mãe
que pleiteia e recebe a pensão pelo filho deve administrar o valor recebido somente em
benefício do filho; o valor não pode ser utilizado pela mãe para benefícios para si. (Obs.:
obviamente que os menores de 18 anos e os incapazes maiores de 18 anos serão
representados por seu responsável na hora de pleitear e receber a pensão).
Recíprocos
Sã d id i t t i filh ó t t I i ifi i d
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São devidos reciprocamente entre pais, filhos, avós, netos etc. Isso significa que o pai deve
alimentos ao filho, mas o filho também deve alimentos ao pai; a avó paterna deve alimentos a
um neto, caso o pai da criança não tenha como pagar, mas o neto também pode ter que pagar
pensão à avó, se um dia ela precisar: “Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é
recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos
mais próximos em grau, uns em falta de outros”.
Irrenunciáveis
Pode o possível alimentando não exercer seu direito aos alimentos, mas é proibido renunciar
a tal direito. Se alguém assinar um documento de renúncia, esse documento será nulo; se, em
um divórcio, a mãe renuncia os alimentos pelos filhos, tal renúncia não será admitida pelo juiz,
mas, se ocorrer, será nula.
Imprescritíveis
O não exercício do direito aos alimentos não implica em sua extinção. Esse direito é perpétuo,
para que possa ser utilizado sempre que houver necessidade. Porém, atenção: o direito de
receber alimentos é imprescritível, mas a cobrança de uma pensão alimentícia não paga
prescreve em dois anos. Observe a diferença: no primeiro caso, há o direito geral de todas as
pessoas, que não prescreve, de receberem alimentos, se um dia precisarem, de seus parentes;
e no outro caso, o alimentando está exercendo seu direito, uma das parcelas (pensão) não foi
paga, de modo que deverá cobrar essa parcela em até dois anos, pois prescreverá depois
deste prazo.
Irrepetíveis
Significa que as pensões pagas não são restituíveis. Então, por exemplo, se um homem paga
pensão alimentícia por um ano a um suposto filho e descobre, posteriormente, que aquela
criança não é seu filho, a criança, por meio de sua mãe, não é obrigada a devolver os valores
recebidos, afinal, foram usados na subsistência do suposto filho. A obrigação de pagar a
pensão cessará, mas o homem não fará jus a receber os valores já pagos.
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Incessíveis
Significa que tais direitos não podem ser transferidos para outras pessoas e nem ser
utilizados como garantia de execução de dívida. Somente o alimentando pode receber o valor
e somente ele pode utilizar o valor para satisfazer às suas necessidades.
Incompensáveis
O alimentante não pode querer compensar dívidas que tenha para receber do alimentando
com o valor da pensão alimentícia. Mesmo que o alimentando tenha uma dívida para com o
alimentante, o valor da pensão não poderá sofrer descontos por causa dessa dívida.
Impenhoráveis
Um credor não pode penhorar a pensão alimentícia ou parte dela para satisfazer um débito de
quem recebe a pensão.
Mutáveis
O valor fixado como pensão alimentícia pode ser modificado se houver modificação da
necessidade do alimentando ou da possibilidade do alimentante.
Alternativos
O pagamentodos alimentos poderá ser em dinheiro ou com o fornecimento daquilo que o
alimentando necessita. Por exemplo, em vez de pagar uma pensão em dinheiro, o pai pode se
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Ordem de preferência
Os alimentos devem ser exigidos dos parentes mais próximos, tanto na linha reta, quanto na linha colateral.
A impossibilidade dos parentes mais próximos faz com que os alimentos sejam prestados pelos mais
remotos, conforme o artigo 1.696 do Código Civil:
O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a
todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns
em falta de outros”. Essa regra é complementada pela primeira parte do art.
1.697: “Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes,
guardada a ordem de sucessão [...]”.
(CÓDIGO CIVIL, 2002)
Veja um exemplo: filho – João; pai – Pedro; avô – José; bisavô – Francisco. Se o filho João precisar de
alimentos, primeiro deve exigir do pai Pedro; na impossibilidade de este prestar alimentos, deve exigir do avô
José (são os chamados “alimentos avoengos”); e não podendo o avô pagar a pensão, João pode exigir que
os alimentos sejam prestados pelo bisavô Francisco.
De outro lado, se Francisco precisar de alimentos deverá seguir a seguinte ordem: primeiro deverá pleitear
de José; depois de Pedro; e, por último, de João.
O art. 1.698 é o que fixa a regra da ordem de preferência: “Se o parente, que deve alimentos em primeiro
lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau
comprometer a pagar o aluguel de uma casa, a fatura de um cartão de crédito, algumas
contas, fornecer cesta básica.
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imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos
respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a
lide”.
Esse art. 1.698 prevê, ainda, que é possível exigir alimentos de todos os parentes simultaneamente. Imagine
naquele exemplo em que o pai, o avô e o bisavô não possam pagar, individualmente, o valor integral da
pensão alimentícia que o filho necessita. Nesse caso, João pode propor a ação de alimentos em face de
Pedro, José e Francisco conjuntamente. É o que se chama de litisconsórcio passivo.
Atenção!
Se faltarem os parentes da linha reta, ou estando estes impossibilitados de prestar alimentos, o
alimentando poderá se socorrer dos parentes da linha colateral. Porém, nesta linha, a lei fixa a obrigação
alimentar somente entre irmãos: “Art. 1.697. [...] cabe a obrigação [...] aos irmãos, assim germanos como
unilaterais”.
Irmãos germanos (ou bilaterais) são aqueles filhos do mesmo pai e da mesma mãe; os irmãos unilaterais
são aqueles filhos do mesmo pai ou da mesma mãe.
Na linha colateral, a obrigação não atinge outros parentes da ordem colateral, como tios e primos.
Lembrando que, de acordo o art. 1.592, são parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto grau, as
pessoas provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra. Na linha colateral, a ordem é a
seguinte:
2º grau
Irmãos germanos ou unilaterais.
3º grau
Tios ou sobrinhos.
4º grau
Primos.
Observação: não existe parente colateral de 1º grau. Apesar de o art. 1.694 prescrever que os parentes
devem alimentos entre si (ou seja, a princípio, até o 4º grau colateral), o art. 1.697 restringe a obrigação
entre colaterais até os irmãos (2º grau).
Alguns Tribunais de Justiça dos Estados (ex.: São Paulo e Rio Grande do Sul) possuem decisões em que
decidiram a favor de tios pagarem pensão alimentícia a sobrinhos. Porém, o Superior Tribunal de Justiça
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(STJ) entende que estender tal obrigação a outros colaterais não é possível, pois o dever alimentar entre tios
e sobrinhos é um “dever moral, porquanto não previsto em lei” (Recurso Especial nº 1.032.846/RS).
Alimentos legais, contratuais e indenizatórios
Modo de fixação
Quanto à fixação dos alimentos, existem três tipos de obrigação alimentar:
Alimentos legais
É a obrigação de parentes prestarem alimentos reciprocamente, tendo por pressuposto o binômio
necessidade-possibilidade. Tal obrigação está prevista, por exemplo, nos arts. 1.694 a 1.710 do Código
Civil e na Lei nº. 11.804/2008 (Lei de Alimentos Gravídicos, que disciplina o direito de alimentos da mulher
gestante). Nesses casos, geralmente, o valor da pensão é fixado judicialmente, em uma ação de
alimentos ou ação de divórcio.
Alimentos contratuais
São aqueles fixados em um acordo extrajudicial entre alimentante e alimentando. São voluntários,
portanto. Pode acontecer, por exemplo, em um divórcio, em que o ex-marido aceita pagar uma pensão à
sua ex-mulher. Aceita, porém, voluntariamente, sem a necessidade de a ex-esposa recorrer às vias
judiciais. Também pode ser celebrado, por exemplo, entre os avós que têm a guarda da criança e o pai.
Esse tipo de alimentos poderá ser fixado, além de um contrato, em um testamento. Enfim, essa forma de
fixação de alimentos é consensual, e o valor da pensão é fixado pelas próprias partes, ou seja, entre
alimentante e alimentado.
Alimentos indenizatórios
São aqueles fixados por causa de um dano (ato ilícito). Nessa modalidade, o alimentante causou um dano
ao alimentando, impossibilitando que este possa manter o padrão de vida anterior ao dano. Exemplos são
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os casos de erro médico ou de acidentes que causem deficiência temporária ou permanente. Esses
alimentos também são fixados como forma de indenização à família da vítima. Nesses casos, o
alimentante pagará pensão alimentícia aos dependentes da sua vítima.
Alimentos definitivos, provisórios e
provisionais
Os alimentos podem ser pleiteados em uma:
Ação própria prevista na Lei nº. 5.478/1968
Para os casos em que o parentesco possui prova pré-constituída, ou seja, não há dúvidas quanto à relação
entre os parentes e, consequentemente, quanto à obrigação legal de prestar alimentos. Essa ação não
discute a existência do vínculo de parentesco, mas o binômio necessidade-possibilidade.
Ação ordinária prevista no Código de Processo Civil
Quando não há tal prova pré-constituído porque, por exemplo, não houve o reconhecimento da paternidade.
Aqui, antes de decidir sobre alimentos, é preciso descobrir se existe o vínculo de parentesco entre o
alimentando e o pretenso alimentando. Essa ação discute a existência do vínculo de parentesco e o binômio
necessidade-possibilidade.
A partir dessa questão processual, os alimentos podem ser:
São aqueles alimentos pedidos na propositura da ação de alimentos prevista na Lei nº. 5.478/1968:
“Art. 4º Ao despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a serem pagos pelo
devedor, salvo se o credor expressamente declarar que deles não necessita”. O alimentando, para
não ter que aguardar o julgamento final da ação para começar a receber a pensão (o que pode
demorar meses ou até anos), pode pedir que o juiz determine que o alimentante pague os alimentos
provisoriamente, ou seja, até o julgamento final da ação. Esses alimentos são fixados quando
existem provas pré-constituídas e contundentes da existência do vínculo de parentesco. Por
Provisórios 
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exemplo: há uma certidão de nascimento na qual consta os nomes do pai e dos avós da criança. Ao
final da ação, os alimentos provisórios podem ser confirmados ou não pelo juiz.
São concedidos liminarmente (istoé, no início do processo) na ação ordinária que visa à declaração
de existência de um vínculo de parentesco, como ocorre, por exemplo, em uma ação de
reconhecimento de paternidade. Para isso, devem estar presentes provas mínimas de que possa
existir o parentesco entre o alimentando e o pretendido alimentado. É o que se chama fumus boni
juris, a “fumaça do bom direito”, ou seja, o juiz percebe que há elementos que permitem crer que, ao
final da ação, esta será julgada a favor do alimentante.
São aqueles fixados, definitivamente, ao final da ação, quando o juiz tem certeza da existência do
vínculo de parentesco (no caso da ação ordinária) e estabeleceu parâmetros de proporcionalidade
para o binômio necessidade-possibilidade (no caso da ação ordinária e no caso da ação de
alimentos).
Alimentos gravídicos
A Lei 11.804/2008 criou um tipo de especial de alimentos designados de gravídicos.
Nessa modalidade, os alimentos são devidos pelo suposto pai à grávida durante o período da gestação. De
acordo com o art. 2º da lei, os alimentos gravídicos “compreenderão os valores suficientes para cobrir as
despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive
as referentes a alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames complementares,
internações, parto, medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo
do médico, além de outras que o juiz considere pertinentes”.
Quanto à fixação do valor em relação ao suposto pai, será considerada a contribuição que também deverá
ser dada pela mulher grávida, na proporção dos recursos de ambos.
Provisionais 
Definitivos 
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Com o nascimento da criança, os alimentos são convertidos em favor do suposto filho e de acordo com
suas necessidades.
Os alimentos gravídicos compreendem valores suficientes para a condução da gestação, para a
manutenção do padrão de vida e para as necessidades do pré-natal. Porém, embora voltados à grávida, o
objetivo final de tais alimentos é garantir o desenvolvimento da criança.
Comentário
Essa pensão, geralmente, é devida naqueles casos de gravidez em que homem e mulher não convivem ou
não são (ou não estão) casados. Não há uma certeza absoluta de que o pai da criança seja, de fato, o
alimentante. Por isso, o suposto pai é condenado a pagar alimentos com base em suspeitas de que seja o
pai, uma vez que a coleta de material para um possível exame de DNA não é recomendada durante o
período de gestação.
Se, após o nascimento da criança, concluir-se que o alimentante durante a gestação não era o pai biológico
da criança, então não haverá mais o dever de prestar alimentos.
E quanto, nesse caso, aos valores pagos a título de alimentos gravídicos durante a gestação?
Não haverá a devolução dos valores, pois os alimentos são irrepetíveis.
Caberá ao alimentante exigir da mãe da criança uma indenização por danos
patrimoniais e morais.
Prisão civil por dívida alimentícia
O inciso LXVII do art. 5º da Constituição Federal prevê que “não haverá prisão civil por dívida, salvo a do
responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário
infiel”. Assim, aquele que teve a pensão alimentícia fixada, se não a pagar ao alimentando, poderá ser preso.
O § 3º do art. 528 do Código de Processo Civil prevê que o juiz decretará a prisão do alimentante
inadimplente pelo prazo de um a três meses. Antes disso, porém, o juiz notificará o alimentante para:
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
Pagar a dívida

Apresentar justificativa do não pagamento
Se o alimentante não pagar (embora possa fazê-lo) ou não apresentar a justificativa, ou, ainda, se o juiz não
aceitar a justificativa, o juiz decretará a prisão, que será cumprida em regime fechado, devendo o preso ficar
separado dos presos comuns.
Porém, atenção: de acordo com o § 7º do art. 528, o débito de alimentos que autoriza a prisão civil do
alimentante é o que compreende até as três prestações anteriores ao ajuizamento da ação que cobra as
prestações não pagas.
Também ensejam a prisão as parcelas que vencerem no curso do processo e não forem pagas.
Logo, pensões de, por exemplo, um ano atrás não ensejarão a prisão.
Mas é preciso ter em mente que a prisão civil é uma medida excepcional, afinal, aquele que está preso terá
dificuldades em obter meios para pagar sua dívida, o que prejudica, principalmente, o alimentando.
Nesse sentido, fala-se em medidas coercitivas alternativas para obrigar o devedor de alimentos a pagar o
que deve, caso esteja inadimplente. O próprio Código de Processo Civil (CPC) traz três medidas possíveis
(arts. 528 e 529):
Protesto da dívida
Uma notificação para pagar o débito com a possível negativação do nome do devedor, caso não efetue o
pagamento.
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Desconto em folha
Quando o juiz determina que o valor da pensão seja descontado da folha de pagamento do devedor (o
empregador deposita parte do valor do salário do alimentante na conta bancária do alimentando).
Prisão
Medida extrema em que o alimentante inadimplente poderá ser recluso de um a três meses.
Além dessas medidas, o art. 139, IV, do Código de Processo Civil permite que o juiz determine, a seu critério,
todas as medidas coercitivas necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas
ações que tenham por objeto prestação pecuniária, o que é o caso da obrigação alimentícia.
São exemplos de medidas desse tipo a apreensão de passaporte, a penhora de bens, a imposição de multa
por dia de atraso, a suspensão de licença para dirigir e o bloqueio do cartão de crédito. Só faz sentido
decretar a prisão quando essas outras medidas não forem eficazes para o pagamento da pensão, pois a
prisão pode ser um elemento a mais de dificuldade para a efetuação do pagamento.
Revisão dos alimentos
O valor dos alimentos poderá sofrer revisão se:
1. sobrevier mudança na situação financeira do alimentante; ou
2. sobrevier mudança na situação financeira do alimentando.
Nesses casos, poderá o interessado reclamar ao juiz quanto encargo de alimentar:
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Exoneração
Revisão para redução
Revisão para majoração
Contudo, observe: a mudança na situação financeira do alimentante ou do alimentando pode ser melhor ou
para pior. Assim, tem-se:
Melhoria da condição financeira do alimentante
O alimentando pode requerer a revisão para mais do valor da pensão.
Piora da condição financeira do alimentante
O li t t d i ã d l d ã
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A revisão do valor dos alimentos gira em torno da modificação do binômio necessidade-possibilidade
naquele caso concreto após a fixação da pensão. Por exemplo: alimentos devidos a um pai por motivo de
saúde podem ser aumentados se a doença se agravar e as necessidades do pai aumentarem.
Extinção ou exoneração da obrigação alimentar
O direito de receber alimentos e o dever de prestá-los nunca serão extintos. O que pode ser extinto é o dever
de pagar pensões alimentícias fixadas.
Sobre as causas de extinção, tem-se:
A obrigação poderá ser extinta com a quebra do binômio possibilidade-necessidade. Por exemplo: o
alimentante não dispõe de recursos ou o alimentado melhorou sua situação financeira, podendo se
manter por seus próprios recursos.
O alimentante pode requerer a revisão para menos do valor da pensão.
Melhoria da condição financeira do alimentando
O alimentante pode requerer a revisão para menos do valor da pensão.
Piorada condição financeira do alimentado
O alimentado pode requerer a revisão para mais do valor da pensão.
Quebra do binômio possibilidade-necessidade 
Cessação do poder familiar dos pais sobre os filhos 
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A princípio, a pensão pode ser extinta com a cessação do poder familiar dos pais sobre os filhos, o
que acontece quando estes atingem 18 anos ou são emancipados. Porém, há, aqui, algumas
observações:
o Superior Tribunal de Justiça (STJ) entendeu que o dever de pagar alimentos não se extingue
automaticamente quando o alimentando completa 18 anos; nesses casos, o alimentante deverá
propor pedir ao juiz a exoneração do dever de pagar da pensão;
se o alimentando for estudante, a pensão poderá ser estendida até sua formação, caso não
consiga trabalhar durante o período (ou, então, esteja atrasando o curso só para continuar a ser
sustentado);
é um mito dizer que os alimentos são devidos somente até os 24 anos do filho; essa idade é
comum porque, geralmente, é a idade com os estudantes do ensino superior se formam; na
verdade, a pensão será devida até quando houver necessidade, independentemente da idade;
filhos incapazes (art. 4º do Código Civil) não têm sua pensão extinta, exceto se receberem uma
herança, por exemplo, que garanta a sobrevivência.
No caso de pensão por morte paga pelo INSS, essa se extingue para o filho dependente quando este
completa 21 anos.
No caso de pensão alimentícia devida ao ex-cônjuge ou ao ex-companheiro, poderá ocorrer exoneração se o
alimentando:
casar, constituir união estável ou constituir concubinato;
comportar-se de modo indigno em relação ao alimentante (por exemplo: praticar violência, difamar, expor
a situação vexatória etc.).
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
João foi condenado a pagar uma pensão de R$1 mil por mês ao seu filho Pedro. Porém, desde janeiro
de 2018, João não paga a pensão. Em 1 de fevereiro de 2022, Pedro decide cobrar judicialmente as
parcelas mensais da pensão alimentícia devidas por João. Excluindo possíveis valores de juros e
correção monetária, Pedro tem direito de receber
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Parabéns! A alternativa A está correta.
De acordo com o art. 206, § 2º, as pensões alimentícias não pagas prescrevem em dois anos. O que é
imprescritível é o direito de receber alimentos, mas não a pensões alimentícias não pagas. Estas
prescrevem em dois anos. Logo, Pedro tem direito a receber apenas o valor referente a 24 meses de
pensão.
Questão 2
(Ano: 2016 ‒ Banca: FGV ‒ Órgão: MPE-RJ ‒ Prova: FGV ‒ 2016 ‒ MPE-RJ ‒ Estágio Forense). É correto
afirmar que o direito à prestação de alimentos entre pais e filhos
A R$24 mil.
B R$48 mil.
C R$49 mil.
D R$12 mil.
E R$1 mil.
A é recíproco, mas não é extensivo aos demais ascendentes.
B é recíproco e extensivo aos demais ascendentes.
C inexiste no direito brasileiro.
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Parabéns! A alternativa B está correta.
De acordo com o art. 1.696, o direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e
extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de
outros.
Considerações finais
Demonstramos como são os requisitos essenciais de constituição do pacto antenupcial e do direito aos
alimentos e, a partir daí, como devem ser exercidos e quais as consequências da constituição de cada um.
A abordagem realizada foi destinada a apresentar não somente aspectos teóricos, mas, também e
principalmente, os aspectos práticos.
É preciso ter em mente que os requisitos constituintes são matérias discutidas em ações judiciais. Logo, é
um campo fértil de atuação profissional.
Podcast
Neste podcast, o professor Gilberto Fachetti trata das diversas dúvidas a respeito do tema do Direito
Patrimonial de Família.
D não é recíproco, mas é extensivo aos demais ascendentes.
E é imprescritível.

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Referências
DINIZ, M. H. Curso de Direito Civil Brasileiro. Vol. 5 – Direito de Família. 34. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.
FARIAS, C. C. de; ROSENVALD, N. Curso de Direito Civil. Vol. 6 – Famílias. 13. ed. Salvador: Juspodivm,
2021.
FIÚZA, César. Direito Civil: curso completo. 9ª ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2006, p. 956
ROMERO, L. D. Divórcio unilateral extrajudicial. Publicado em: 18 nov. 2021. Consultado na internet em: 3
mar. 2022.
GONÇALVES, C. R. Direito Civil Brasileiro. Vol. 6 – Direito de Família. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2021.
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Para aprofundar os tópicos abordados neste conteúdo, leia os seguintes artigos:
O regime de comunhão parcial de bens e a inocorrência de comunicação dos proventos do trabalho
pessoal do cônjuge: a necessidade de novos parâmetros hermenêuticos, Leandro Barbosa da Cunha.
Regime legal de bens: aspectos patrimoniais e não patrimoniais, de Margareth Caetano Dornelas.
O direito de receber e o dever de pagar alimentos no direito de família, de Wallace Costa dos Santos.
Da possibilidade de afastamento da súmula 377 do STF por pacto antenupcial, de Flávio Tartuce.
A prisão civil por dívida de alimentos e o estado de coisas inconstitucional, de Amanda Drumond
Tavares e Claudia de Moraes Martins Pereira.

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