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DISCIPLINA: CUIDADO AO IDOSO ENFERMAGEM 7 SEMESTRE Enf. Thaianna Imbiriba O envelhecimento é um processo normal acompanhado por alteração progressiva das respostas adaptativas homeostáticas do corpo. Ele provoca alterações observáveis na estrutura e na função e aumenta a vulnerabilidade a estressores ambientais e a doenças.(TORTORA, 2016) O envelhecimento representa o conjunto de consequências ou os efeitos da passagem do tempo. Pode ser considerado biologicamente como a involução morfofuncional que afeta todos os sistemas fisiológicos principais, de forma variável. (MORAES; MORAES; LIMA, 2010) Os “genes do envelhecimento” fazem parte da programação genética ao nascimento. Esses genes têm uma função importante nas células normais, mas suas atividades diminuem ao longo do tempo. Eles causam envelhecimento por diminuírem ou pararem os processos vitais. (TORTORA, 2016) À medida que se envelhece, os sistemas do corpo humano sofrem alterações morfológicas e funcionais, que geram perda gradual dos mecanismos que mantêm a homeostasia do organismo, caracterizando o processo de envelhecimento (KANE et al., 2015 apud MATIELLO 2021). Essas alterações iniciam geralmente no início da vida adulta, mas se intensificam à medida que os anos passam. Outro aspecto do envelhecimento envolve os telômeros, sequências específicas de DNA encontradas apenas nas extremidades de cada cromossomo. Esses pedaços de DNA evitam que as extremidades dos cromossomos sofram erosão eque elas se liguem umas às outras. Entretanto, na maior parte das células normais do corpo, cada ciclo de divisão celular encurta os telômeros. (TORTORA, 2016) O envelhecimento pode ser observado nos níveis molecular, celular e do organismo – do micro ao macro. Se um tecido tem muitas células com telômeros encurtados, esse tecido começa a ter muita morte celular e entra em colapso, comprometendo sua função. Em doenças bem conhecidas como o Parkinson e o Alzheimer, é observado um grande número dessas células senescentes (em processo de morte) no sistema nervoso central. (TUANA, 2016 apud DUTRA; CORREA, 2018) Eventualmente, após muitos ciclos de divisão celular, os telômeros podem desaparecer completamente e, até mesmo, alguma parte do material funcional do cromossomo pode ser perdida. Essas observações sugerem que a erosão do DNA nas extremidades dos cromossomos contribui vastamente para o envelhecimento e para a morte das células. (TORTORA, 2016) 1.1 Teorias do envelhecimento A manifestação do processo de envelhecimento ao longo da vida é variável entre os indivíduos e, por esse motivo, a busca pelo entendimento do processo de envelhecimento deu origem a inúmeras definições e várias vertentes, cada uma delas com características específicas. Acredita-se que o ato de envelhecer é um processo complexo e multifatorial, no qual vários sistemas interagem e operam simultaneamente. (CZARNABAY,2017) Teoria do relógio biológico ou teoria genética (Fassheber,2017) Seria, do nascimento até a morte, geneticamente programado pelos genes o tempo de vida. Com o envelhecimento cronológico cutâneo, ocorre a alteração do material genético por meio de enzimas, as alterações proteicas e o decrescimento da propagação celular. Logo, o tecido perde a elasticidade, a competência de regular as trocas aquosas e a replicação do tecido se torna menos eficiente. É o resultado da danificação de moléculas, células e tecidos, os quais gradativamente perdem a capacidade de se adaptar ou de reparar um dano. Enfim, a velocidade que um indivíduo envelhece está predeterminada pele seu gene, determinando quanto tempo suas células irão viver. Teoria da multiplicação celular (Fassheber,2017) Todos os organismos são formados por células e estas surgem apenas por divisão de células preexistentes. Essa teoria defende que todas as células do organismo, exceto as cerebrais, se multiplicam e essa capacidade vai declinando progressivamente ao longo da vida, ocasionando o envelhecimento celular. Teoria das reações cruzadas de macromoléculas (Fassheber,2017) O organismo é formado por inúmeras moléculas e, por reações cruzadas, perdem suas características e alteram a pele, dando sinais de envelhecimento. Apresenta o colágeno como elemento de maior abundância no organismo e este é o alvo das reações cruzadas. Teoria dos radicais livres (Fassheber,2017) Radicais livres são moléculas instáveis, cuja órbita externa não está pareada, pois perdeu um elétron de sua camada externa. Essa situação sugere alta instabilidade energética e cinética e, para se sustentarem estáveis, carecem de doação ou retirada de um elétron de outra molécula. A concepção de radicais livres conduz ao estresse oxidativo, processo no qual estes iniciarão uma cadeia de reações, originando alterações em proteínas extracelulares e modificações celulares. 2 BIOQUÍMICA DO ENVELHECIMENTO Balcombe e Sinclair (2001 apud TEIXEIRA, GUARIENTO, 2010) afirmam que os termos envelhecimento e senescência são usados como sinônimos porque ambos se referem às alterações progressivas que ocorrem nas células, nos tecidos e nos órgãos. O envelhecimento biológico é um processo que se inicia no nascimento e continua até que ocorra a morte. O termo senescência descreve um período de mudanças relacionadas à passagem do tempo que causam efeitos deletérios no organismo. A senescência representa um fenótipo complexo da biologia que se manifesta em todos os tecidos e órgãos. Esse processo afeta a fisiologia do organismo e exerce um impacto na capacidade funcional do indivíduo ao torná-lo mais suscetível às doenças crônicas. (TEIXEIRA, GUARIENTO, 2010) A senescência abrange todas as alterações produzidas no organismo de um ser vivo – seja do reino animal ou vegetal – e que são diretamente relacionadas a sua evolução no tempo, sem nenhum mecanismo de doença reconhecido. (JACOB FILHO, 2020 apud SBGG, 2020) São alterações pelas quais o corpo passa e que são decorrentes de processos fisiológicos, que não caracterizam doenças e são comuns a todos os elementos da mesma espécie, com variações biológicas. São exemplos de senescência a queda ou o embranquecimento dos cabelos, a perda de flexibilidade da pele e o aparecimento de rugas. (JACOB FILHO, 2020 apud SBGG, 2020) 3 ENVELHECIMENTO E SISTEMA TEGUMENTAR O envelhecimento cutâneo é decorrente de fatores intrínsecos e extrínsecos (fotoenvelhecimento). Os fatores intrínsecos são de natureza genética, os quais aparecem ao longo da vida, promovendo transformações e implicações inevitáveis decorrentes do processo de envelhecimento, em que a pele vai perdendo a capacidade de regeneração, resultando no surgimento de flacidez, rugas e linhas de expressão; os fatores extrínsecos são causados por exposição solar, tabagismo, bebidas alcoólicas, sedentarismo, agrotóxicos, má alimentação, entre outros. (FASSHEBER, 2018) A maior parte das modificações relacionadas com a idade começa por volta dos 40 anos e ocorre nas proteínas da derme. Fibras colágenas na derme começam a diminuir em quantidade, se tornam mais rígidas, se quebram e se desorganizam em uma rede emaranhada e sem formato. As fibras elásticas perdem um pouco de sua elasticidade, se aglomeram e se desgastam, um efeito que é bastante acelerado na pele de fumantes. O número de fibroblastos, que produzem tanto fibras colágenas quanto as elásticas, diminui. Como resultado, a pele forma cristas característicos conhecidos como rugas. (TORTORA, 2016) A produção de suor diminui, o que provavelmente contribui para o aumento de incidência de insolação nos idosos. Ocorre diminuição do número de melanócitos funcionais, resultando em cabelo grisalho e pigmentação atípica da pele. A perda de pelos aumenta com a idade conforme os folículos pilosos deixam de produzir pelos. (TORTORA,2016) Cerca de 25% dos homens começam a apresentar sinais de perda de cabelo aos 30 anos de idade e cerca de dois terços apresentam perda significativa de cabelo aos 60 anos de idade. Tanto homens quanto mulheres desenvolvem padrões de perda de cabelo. O aumento do tamanho de alguns melanócitos produz áreas pigmentadas (manchas senis ou melanose solar). (TORTORA, 2016) As paredes dos vasos sanguíneos na derme ficam mais espessas e menos permeáveis e é perdido tecido adiposo subcutâneo. A pele envelhecida (especialmente a derme) é mais fina do que a pele jovem e a migração de células da camada basal para a superfície epidérmica diminui consideravelmente. Com o início da velhice, a pele cicatriza pouco e se torna mais suscetível a condições patológicas como o câncer de pele e os hematomas. (TORTORA, 2016) 4 ENVELHECIMENTO E TECIDO ÓSSEO Desde o nascimento até a adolescência, mais tecido ósseo é produzido do que perdido durante a remodelação óssea. Em adultos jovens, as taxas de deposição e reabsorção óssea são mais ou menos as mesmas. Com o declínio do nível dos hormônios sexuais na meiaidade, especialmente depois da menopausa, ocorre diminuição da massa óssea porque a reabsorção óssea realizada pelos osteoclastos ultrapassa a deposição óssea feita pelos osteoblastos. (TORTORA, 2016) Shephard (2003) afirma que, com o envelhecimento, os ossos dos idosos tornam-se progressivamente mais vulneráveis a fraturas, pois mostram uma perda progressiva, tanto de minerais quanto de matriz óssea. (apud FECHINE; TROMPIERI, 2012) Durante o processo do envelhecimento, o indivíduo perde osso, tornando-se mais finos e suscetíveis de sofrerem fraturas, desencadeando, dentre outros problemas, osteoporose, a qual é uma doença de perda óssea progressiva. A genética, a menopausa, os maus hábitos e alguns medicamentos contribuem para o surgimento da osteoporose. Percebe-se uma atrofia óssea por reabsorção, como o osso da arcada dentária. (FASSHEBER,2013) O envelhecimento exerce dois grandes efeitos sobre o tecido ósseo: perda de massa óssea e fragilidade. A perda de massa óssea resulta da desmineralização, que consiste na perda de cálcio e outros minerais da matriz óssea extracelular. Essa perda normalmente começa depois dos 30 anos nas mulheres, acelera bastante por volta dos 45 anos com a diminuição dos níveis de estrogênio e persiste, com cerca de 30% do cálcio dos ossos perdidos por volta dos 70 anos. (TORTORA, 2016) Em condições fisiológicas, a matriz óssea é sintetizada por células chamadas de osteoblastos, que são responsáveis pela produção dos componentes de sustentação do osso. Ao mesmo tempo, parte dessa matriz é reabsorvida por células chamadas de osteoclastos, que degradam a matriz óssea. Esse processo é chamado de remodelamento ósseo, acontece fisiologicamente e permite a integridade do tecido ósseo, pela substituição de osso antigo por osso jovem (MALLOY-DINIZ; FUENTES; COSENZA, 2013 apud MATIELLO, 2021). O segundo grande efeito do envelhecimento sobre o sistema esquelético, a fragilidade, decorre de uma taxa mais baixa da síntese de proteína. A perda da resistência à tração faz com que os ossos se tornem muito frágeis e suscetíveis à fratura. Em algumas pessoas idosas, a síntese de fibras de colágeno é mais lenta, em parte devido à produção menor do hormônio de crescimento. Além do aumento da suscetibilidade a fraturas, a perda de massa óssea também ocasiona deformidade, dor, diminuição da altura e perda dos dentes. (TORTORA, 2016) 5 O ENVELHECIMENTO E O SISTEMA ARTICULAR De acordo com Barbosa (2012) o conjunto de estruturas que servem como meio de união entre dois ou mais ossos ou partes rígidas do esqueleto formam as articulações, as quais reunidas constituem o sistema articular. Em geral, o envelhecimento ocasiona a redução da produção de líquido sinovial nas articulações. Além disso, a cartilagem articular se torna mais fina com o avanço da idade e os ligamentos encurtam e perdem parte da flexibilidade. Os efeitos do envelhecimento sobre as articulações são influenciados por fatores genéticos e pelo uso e desgaste, além de variar de maneira considerável de uma pessoa para outra.(TORTORA, 2016) Todavia, o tecido articular é, segundo Malloy-Diniz, Fuentes e Cosenza (2013), o tecido mais prejudicado pelo processo de envelhecimento fisiológico, o que justifica a grande prevalência de doenças articulares em pacientes idosos. Isso se deve, em grande parte, ao fato de o tecido articular ser fisiologicamente, em condições normais, um tecido que apresenta baixo metabolismo e pouca vascularização, o que o torna uma estrutura com capacidade de reparação limitada — quando se considera o processo de envelhecimento, esta capacidade de reparação se estreita ainda mais.(apud MATIELLO,2021) Embora as alterações degenerativas nas articulações possam começar cedo, por volta dos 20 anos de idade, a maior parte das alterações não acontecem tão cedo. Por volta dos 80 anos, quase todo mundo desenvolveu algum tipo de degeneração nos joelhos, cotovelos, quadris e ombros. Também é comum o desenvolvimento por indivíduos idosos de alterações degenerativas na coluna vertebral, produzindo uma postura curvada e pressão sobre as raízes nervosas. (TORTORA, 2016) No envelhecimento cartilaginoso, a rede colágena se torna cada vez mais rígida, paralelamente ao fato de apresentar níveis elevados de pentosidina, cujos produtos finais de glicação se acumulam com a idade. Tanto na cartilagem velha quanto naquela experimentalmente enriquecida com produtos finais de glicação, a taxa da síntese dos proteoglicanos é inversamente proporcional ao grau de glicação. Assim, o aumento idade- relacionada dos produtos de glicação na cartilagem pode ser responsável, em parte, pelo declínio na capacidade de síntese cartilaginosa. (ROSSI, 2008) De acordo com Ribeiro, Alves e Meira (2009 apud PINHEIRO, BARRENA e MACEDO, 2019), com o envelhecimento há a diminuição da produção de líquido sinovial e adelgaçamento do tecido, como também os tendões e ligamentos tornamse menores e menos flexíveis, o que leva à menor amplitude de movimento articular. As articulações sinoviais são as mais acometidas, uma vez que, joelhos, quadris, punhos os e cotovelos são mais afetados durante o envelhecimento. Isso ocorre devido ao fato de que essas articulações podem apresentar até sete movimentos fundamentais que são: flexão, extensão, abdução, adução, rotação medial, rotação lateral e circundução, movimentos esses realizados repetidamente durante toda a vida do indivíduo. Nos discos intervertebrais, a degeneração aumenta com o envelhecimento, aumentando assim as a fibronectina e seus fragmentos, substâncias que estimulam as células para a produção de metaloproteases e citocinas que inibem a síntese da matriz intercelular. A degeneração discal compreende rupturas estruturais grosseiras e alterações na composição da matriz. (ROSSI, 2008) Há evidências de que sobrecargas mecânicas moderadas e repetidas, sobretudo nos discos de indivíduos dos 50 aos 70 anos, possam ser a causa inicial do processo. Por outro lado, crescem evidências de que fatores genéticos desempenhem importante papel na patogênese da degeneração discal na velhice. (ROSSI, 2008) 6 O ENVELHECIMENTO E O SISTEMA MUSCULAR O movimento do corpo é resultado da alternância entre contração e relaxamento dos músculos, que constituem 40 a 50% do peso corporal total do adulto (dependendo do percentual de gordura, do sexo e da intensidade da atividade física). A força muscular reflete a função primária do músculo – a transformação de energia química em energia mecânica para gerar força, realizar trabalho e produzir movimento. Além disso, os tecidos musculares estabilizam a posição do corpo, regulam o volume dos órgãos, geram calor e impulsionamlíquidos e alimentos pelos vários sistemas do corpo. (TORTORA, 2016) Diversas evidências têm apontado para o fato de que o envelhecimento está associado a um progressivo declínio na massa muscular, fenômeno conhecido como sarcopenia. A sarcopenia afeta diretamente a arquitetura muscular, reduzindo a área de seção transversa anatômica (ASTA), comprimento das fibras musculares, volume e ângulo de penação dos músculos, além de reduzir a capacidade de produção de força específica, ou seja, a força produzida por unidade de massa muscular. (HEPPLE, 2003; NARICI et al, 2003; apud BAPTISTA; VAZ, 2009) Entre as alterações tipicamente ligadas ao envelhecimento do aparelho locomotor devem ser lembradas alterações tróficas e metabólicas, principalmente a sarcopena e a osteoporose, as alterações anátomodegenarativas, representadas pela osteoartrose e pelas alterações tróficas dos pés, pelas alterações inflamatórias, autoimunes e traumáticas. Estes problemas do aparelho locomotor estão ligados a alterações comuns envelhecimento que explicam boa parte de sua fisiopatologia e de suas principais complicações.(LEME, 2017) Entre as idades de 30 e 50 anos, os seres humanos sofrem perda lenta e progressiva de massa muscular esquelética que é substituída em grande parte por tecido conjuntivo fibroso e tecido adiposo. Estima – se que 10% da massa muscular sejam perdidos durante esses anos. Em parte, esse declínio pode ser decorrente de níveis reduzidos de atividade física. A perda de massa muscular é acompanhada por diminuição na força máxima, redução dos reflexos musculares e perda de flexibilidade. Com o envelhecimento, a quantidade relativa de fibras oxidativas lentas (OL) parece aumentar, o que pode ser consequência da atrofia dos outros tipos de fibras ou da sua conversão para fibras oxidativas lentas. Em geral, outros 40% de músculo são perdidos entre as idades de 50 e 80 anos. (TORTORA, 2016) Outra situação evidenciada em idosos que contribui para as alterações musculares é a inatividade física. O desuso secundário à inatividade física, muito comum durante o envelhecimento, contribui para o declínio da massa e da função muscular. Observa-se modificações particulares nas fibras musculares relacionadas ao tipo de fibra. Mesmo sendo evidenciadas alterações em todas as fibras musculares com o envelhecimento, as fibras de contração rápida (tipo II) reduzem em número e volume de maneira mais intensa; enquanto as fibras de contração lenta (tipo I), mesmo apresentando perdas, são menos afetadas (REBELATTO; MORELLI, 2007 apud MATIELLO, 2021) A perda de força muscular normalmente não é percebida pelas pessoas até chegarem aos 60 a 65 anos de idade. A essa altura, é mais comum que os músculos dos membros inferiores enfraqueçam antes dos músculos dos membros superiores. Assim, a independência dos idosos pode ser afetada quando se torna difícil subir escadas ou levantarse a partir da posição sentada. (TORTORA, 2016) 6.1 Sarcopenia Modificações morfológicas na unidade músculo-tendão como a sarcopenia ou a diminuição da rigidez tendínea reconhecidamente causam alterações de suas propriedades mecânicas. As propriedades mecânicas dos músculos determinam sua capacidade de produção de força em diferentes comprimentos e velocidades, podendo assim influenciar de maneira significativa as atividades de vida diária dos seres humanos, independente da faixa etária. (LIEBER, FRIDÉN, 2000 apud BAPTISTA, VAZ, 2009) Segundo alguns autores, o processo de sarcopenia começa aproximadamente a partir dos 50 anos de idade. Quando indivíduos idosos são submetidos a um programa de treinamento de força, os efeitos deletérios do envelhecimento são contrabalançados, sugerindo que grande parte dos mecanismos relacionados à sarcopenia são decorrentes do sedentarismo. (HAKKINEN, et al, 1998; HUNTER, MCCARTHY, BAMMAN, 2004 apud BAPTISTA, VAZ, 2009) A sarcopenia do idoso pode ser causada por alterações hormonais e fisiológicas do próprio envelhecimento, por doenças que ocorrem frequentemente na velhice, mas também está associada ao sedentarismo e à má alimentação. Em pessoas saudáveis, a diminuição da massa magra geralmente inicia-se após os 30 anos de idade, com perdas em torno de 1% a 2% ao ano. Sem medidas preventivas, idosos com 80 anos de idade podem ter somente 50% de sua massa muscular da juventude. (RIBEIRO, 2017) A perda de massa muscular costuma demorar para ser percebida. Alguns dos primeiros sinais, no entanto, são: (RIBEIRO, 2017) • Dificuldade em realizar atividades físicas, anteriormente consideradas fáceis, como subir escada, trocar uma lâmpada e carregar malas ou compras. • Desequilíbrio ao andar em terrenos acidentados, como ruas com desníveis e buracos. • Quedas constantes, geralmente, quando a perda muscular já está em estado avançado. 7 O ENVELHECIMENTO E O SISTEMA ENDÓCRINO As mudanças que ocorrem no sistema endócrino relacionadas ao envelhecimento são, entre outras, as alterações tireoidianas, que se caracterizam por diminuição da vascularização desta glândula e aumento do tecido conjuntivo entre os seus folículos (aumentando a incidência de nódulos), podendo levar a disfunções hormonais, especialmente nas mulheres, causando o hipotireoidismo (baixa função hormonal), ou o hipertireoidismo (alta função hormonal). (CAMBIAGHI et al, 2018) Com o envelhecimento, o nível sanguíneo de PTH sobe, talvez devido à ingestão inadequada de cálcio na dieta. Tanto o nível de calcitriol quanto de calcitonina são menores em pessoas mais idosas. Juntas, a elevação no nível de PTH e a queda do nível de calcitonina acentuam a diminuição relacionada com a idade da massa óssea que predispõe à osteoporose e ao risco mais alto de fraturas.(TORTORA, 2016) As glândulas suprarrenais contêm cada vez mais tecido fibroso e produzem menos cortisol e aldosterona com o avanço da idade. Entretanto, a produção de epinefrina e norepinefrina continua normal. Com o envelhecimento, o pâncreas libera insulina mais devagar e a sensibilidade dos receptores de glicose diminui. Em consequência disso, os níveis sanguíneos de glicose em pessoas mais idosas aumentam com mais rapidez e retornam ao normal mais lentamente em comparação aos indivíduos mais jovens. .(TORTORA, 2016) Os ovários reduzem de tamanho com a idade e não respondem mais às gonadotrofinas. A resultante produção menor de estrogênios contribui para condições como osteoporose, elevação do nível sanguíneo de colesterol e aterosclerose. Os níveis de FSH e LH estão altos devido à menor inibição por feedback negativo dos estrogênios. Embora a produção de testosterona pelos testículos diminua com a idade, em geral, os efeitos não são evidentes até uma idade bem avançada e muitos homens idosos conseguem, ainda, produzir espermatozoides ativos em quantidade normal, mesmo havendo mais espermatozoides morfologicamente anormais e com diminuição da motilidade. .(TORTORA, 2016) 8 O ENVELHECIMENTO E O SISTEMA CIRCULATÓRIO/CARDIOVASCULAR Com a idade ocorrem alterações na anatomia, fisiologia e nos conceitos de normalidade cardiovascular atribuídos à população mais jovem mesmo na ausência de doenças. A diminuição da elasticidade das artérias, comprometimento da condução do estimulo elétrico e diminuição da distensibilidade do coração, que, em alguns casos, podem causar arritmias, além de redução na função adaptativa da pressão, diminuindo a adaptação postural (MENDES et al., 2008; WAJNGARTEN et al., 2010 apud SILVA,PINTO, 2018). As alterações mais presentes decorrentes da senescência humana no sistema vascular são a rigidez arterial e a disfunção endotelial. A rigidez vascular ao longo do envelhecimento, caracteriza-se pela degradação da elastina e o aumento do colágeno na parede vascular, resultando numa perda da elasticidade, para comportaro bombeamento intenso do sangue por parte do coração, e o estacionamento dessa inelasticidade pelo acúmulo do colágeno (SHINMURA, 2016 apud RODRIGUES et al 2020). Considerando algumas estruturas especificas do coração, o processo de envelhecimento causa alterações distintas em cada uma delas. Segundo Freitas e Py (2016), no pericárdio observa-se um espessamento difuso, principalmente na parte esquerda do coração, sendo comum o aparecimento do aumento de gordura epicárdica. No miocárdio, observam-se alterações semelhantes às que ocorrem nas estruturas vasculares, com aumento de colágeno e redução de elastina. No endocárdio, camada mais interna do coração, observa-se espessamento, com proliferação de fibras de colágeno.(apud MATIELLO, 2021) O colesterol total do sangue tende a aumentar com a idade, assim como a lipoproteína de baixa densidade (LDL); a lipoproteína de alta densidade (HDL) tende a diminuir. Há aumento da incidência de doença da artéria coronária (DAC), a principal causa de cardiopatia e morte em idosos norteamericanos. A insuficiência cardíaca congestiva (ICC), um conjunto de sinais/sintomas associados ao comprometimento no bombeamento do coração, é também prevalente nos idosos. As alterações nos vasos sanguíneos que irrigam o tecido encefálico – por exemplo, a aterosclerose – reduzem os nutrientes para o encéfalo e resultam em disfunção ou morte das células encefálicas.(TORTORA, 2016) Em relação às mudanças funcionais, observa-se uma pequena redução da frequência cardíaca de repouso, em torno de 10%, em idosos, associada a aumento do volume diastólico final; enquanto outros parâmetros, como fração de ejeção e débito cardíaco, praticamente não sofrem alterações (PERRACINI; FLÓ, 2009 apud MATIELLO, 2021). 9 O ENVELHECIMENTO E O SISTEMA RESPIRATÓRIO Com o avançar da idade, as vias respiratórias e os tecidos do sistema respiratório, incluindo os alvéolos, se tornam menos elásticos e mais rígidos; a parede do tórax também se torna mais rígida. O resultado é diminuição na capacidade pulmonar. Na verdade, a capacidade vital (o volume máximo de ar que pode ser expirado após uma inspiração máxima) pode diminuir em até 35% aos 70 anos. Ocorre diminuição no nível sanguíneo de O2, redução na atividade dos macrófagos alveolares e diminuição na ação ciliar do epitélio que reveste o trato respiratório. (TORTORA, 2016) As alterações morfofuncionais acometem tanto o pulmão, como outras estruturas envolvidas direta ou indiretamente no funcionamento respiratório. As principais alterações no aparelho respiratório são: (UNA- SUS, 2013) • Diminuição complacência da parede torácica; • Diminuição de força da musculatura respiratória; • Perda de elasticidade pulmonar, ocasionando aumento da complacência alveolar, colapso de vias aéreas menoresrepresamento de ar; • Colapso de vias aéreas menores, ocasionando desigualdade de ventilação e perfusãodeclínio da PO2(0,3- 0,4 mmHg/ano); À medida que essas alterações acontecem, o sistema respiratório torna-se mais suscetível a afecções pulmonares, aumentando não apenas a incidência, como também a gravidade das afecções. Contudo, mesmo com essas modificações, o sistema respiratório ainda mantém a sua capacidade em realizar trocas gasosas, salvo em situações em que há doenças associadas que comprometam essa função.(MATIELLO, 2021) Em decorrência desses fatores relacionados com a idade, os idosos são mais suscetíveis a pneumonia, bronquite, enfisema pulmonar e outras doenças pulmonares. Mudanças relacionadas com a idade na estrutura e nas funções do pulmão também podem contribuir para a redução na capacidade de uma pessoa idosa de realizar exercícios vigorosos, como corridas.(TORTORA, 2016) 10 O ENVELHECIMENTO E O SISTEMA GENITURINÁRIO No período de 25 a 85 anos, aproximadamente 40% do néfrons ficam escleróticos, o restante sofre hipertrofia. Além disso, ocorre atrofia da arteríola aferente e eferente e redução das células tubulares, provocando um fluxo plasmático renal diminuído em 50%. (UNA-SUS, 2013) Com o envelhecimento, os rins diminuem de tamanho e o fluxo sanguíneo renal assim como a filtração sanguínea diminuem. Estas mudanças no tamanho e na função renal parecem estar ligadas à redução progressiva no suprimento sanguíneo para os rins conforme o indivíduo envelhece. Do mesmo modo, o fluxo sanguíneo renal e a Taxa de Filtração Glomerular diminuem em 50% entre os 40 e 70 anos de idade. Aos 80 anos, aproximadamente 40% dos glomérulos não estão funcionando e, portanto, a filtração, a reabsorção e a secreção diminuem.(TORTORA, 2016) Além disso, os túbulos e o interstício também são afetados pelo envelhecimento, de havendo menor capacidade de concentrar e diluir a urina, em razão de fibrose intersticial e de redução no volume, no número e no comprimento dos túbulos. Isso causa uma propensão ao desequilíbrio acidobásico do organismo, predispondo a quadros de desidratação em idosos. (MATIELLO, 2021) Nos idosos a produção de creatinina diminui com a idade e a sua secreção nos túbulos renais aumenta. Desta forma, apesar da redução da TFG nos rins dos idosos, o nível sérico de creatinina mantém-se inalterado, o que se torna numa limitação para o seu uso como marcador de função renal. E apesar da redução da TFG no envelhecimento, este demonstra também um nível sérico de ureia normal pelo aumento da excreção urinária de ureia. (KANASAKI; KITADA; KOYA apud, 2012; MUSSO, 2015 apud LONGRAS,2016) Em decorrência daredução na sensação de sede com a idade, os indivíduos idosos também são sensíveis à desidratação. Alterações vesicais que ocorrem com o envelhecimento incluem uma redução no tamanho e na capacidade da bexiga e o enfraquecimento dos músculos. As infecções urinárias são mais comuns nos adultos mais velhos, assim como poliúria (produção excessiva deurina), nictúria (micção excessiva à noite), aumento da frequência urinária (polaciuria), a disúria (dor à micção), retenção ou incontinência urinária e hematúria.(TORTORA, 2016) 11 O ENVELHECIMENTO E O SISTEMA NERVOSO CENTRAL O sistema biológico mais comprometido com o envelhecimento é o Sistema Nervoso Central (SNC), responsável pelas sensações, movimentos, funções psíquicas (vida de relações) e pelas funções biológicas autônomas. (CANÇADO E HORTA, 2002 apud FECHINE; TROMPIERI, 2012). O sistema nervoso central (SNC), embora tenha evoluído filogeneticamente há milhões de anos, só recentemente adquiriu propriedades anatômicas e moleculares altamente especializadas. Os neurônios, unidades formadoras desse sistema, possuem estabilidade de estrutura, atributo este que é pré-requisito para a cognição. Essa propriedade torna o SNC apto ao acúmulo de informações do presente, à lembrança do passado e à formulação de novos conceitos. O SNC é incapaz de realizar reparos nas alterações morfológicas adquiridas com o envelhecimento.(MORAES;MORAES;LIMA, 2010) Do ponto de vista anatômico, observa-se redução das circunvoluções e ampliação dos sulcos cerebrais e uma redução importante da função dos neurotransmissores. Essas alterações impactam diretamente na plasticidade cerebral. (UNA-SUS, 2013) A partir do início da idade adulta, a massa encefálica diminui. Quando um indivíduo chega aos 80 anos de idade, o encéfalo tem um peso 7% menor que na idade adulta. Emboranão haja diminuição significativa do número de neurônios, observa –se diminuição mais acentuada do número de sinapses. Junto com a diminuição da massa encefálica ocorre diminuição na capacidade de envio e recebimento de impulsos do encéfalo. Consequentemente, há queda no processamento das informações. As velocidades de condução diminuem, os movimentos motores se lentificam e os tempos dos reflexos aumentam.(TORTORA, 2016) 11.1 Alzheimer A Doença de Alzheimer(DA) é um transtorno neurodegenerativo progressivo e fatal que se manifesta pela deterioração cognitiva e da memória, comprometimento progressivo das atividades de vida diária e uma variedade de sintomas neuropsiquiátricos e de alterações comportamentais. A doença instala-se quando o processamento de certas proteínas do sistema nervoso central começa a dar errado.(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020) A DA se instala, em geral, de modo insidioso e se desenvolve lenta e continuamente por vários anos. As alterações neuropatológicas e bioquímicas da DA podem ser divididas em duas áreas gerais: mudanças estruturais e alterações nos neurotransmissores ou sistemas neurotransmissores. As mudanças estruturais incluem os enovelados neurofibrilares, as placas neuríticas e as alterações do metabolismo amiloide, bem como as perdas sinápticas e a morte neuronal. As alterações nos sistemas neurotransmissores estão ligadas às mudanças estruturais (patológicas) que ocorrem de forma desordenada na doença. (MINISTÉRIO DA SAÚDE,2013) Pessoas com DA inicialmente apresentam problemas em lembrar eventos recentes. Na sequência, elas se tornam confusas e esquecidas, geralmente repetindo perguntas ou se perdendo quando se deslocam para lugares já conhecidos. Com o passar do tempo, a desorientação aumenta, a memória de eventos passados desaparece, e podem ocorrer episódios de paranoia, alucinações e mudanças bruscas de humor. À medida que a doença progride,os indivíduos perdem a capacidade de ler, escrever, falar, comer ou caminhar. A doença por fim chega ao estágio de demência. Pessoas com DA morrem costumeiramente de complicações que atingem indivíduos acamados, como pneumonia. (TORTORA, 2016) 12 O ENVELHECIMENTO DOS ORGÃOS DOS SENTIDOS Segundo Papalia (2006), “o início da senescência, é um período marcado por evidentes declínios no funcionamento corporal” (p.670). No processo natural de envelhecimento, a visão, a partir dos 60 anos, passa a apresentar sinais de deterioração.(apud LIMA, 2007) A capacidade de interagir com o ambiente, recebendo estímulos, interpretando e gerando respostas é fundamental para o organismo humano e depende do pleno funcionamento dos sentidos: visão, audição, tato, olfato e paladar. Contudo, durante o processo de envelhecimento, diversas alterações ocorrem nos órgãos dos sentidos, determinando privações sensoriais e contribuindo para o declínio funcional do idoso. (MATIELLO, 2021) Várias mudanças associadas à idade ocorrem nos olhos. A lente perde uma parte de sua elasticidade e desse modo não consegue modificar seu formato tão rapidamente, resultando em presbiopia. Também ocorrem cataratas (a perda da transparência das lentes) com o envelhecimento. Em idades avançadas, a esclera se torna espessa e rígida e desenvolve uma coloração amarelada ou amarronzada por causa dos muitos anos de exposição à luz ultravioleta, ao vento e à poeira. A esclera também pode desenvolver acúmulos aleatórios de pigmento, especialmente em pessoas de pele escura. A íris desbota ou desenvolve pigmentos irregulares. Os músculos que regulam o tamanho da pupila se enfraquecem com a idade e as pupilas ficam menores, reagem mais lentamente à luz e dilatam mais lentamente no escuro. (TORTORA, 2016) Quanto ao olfato e paladar, esses sentidos estão, extremamente, ligados à grande perda do interesse e motivação nessa idade; isto porque, com o envelhecimento, esses sentidos ficam bastante reduzidos, além de se tornarem menos eficientes, provocando inadequações no processo de ingestão de alimento prejudiciais, tais como: mais sal e açucares, prejudicando a saúde do idoso; também a não transmissão de odores, interrompendo a transmissão das informações ao cérebro, as quais são de capital importância para a autonomia do idoso. (LIMA, 2007) Após os 30 anos, o aparelho auditivo se torna mais suscetível a alterações do envelhecimento. Podem ocorrer perdas auditivas, zumbido, prurido e impactação de cera. Uma situação bastante prevalente com o envelhecimento é a hipoacusia neurossensorial, chamada de presbiacusia, que se caracteriza por deterioração da sensibilidade auditiva bilateral, que acontece lenta e progressivamente para sons de alta frequência, dada a perda de células sensoriais auditivas e de células do processamento auditivo central (MALLOY- -DINIZ; FUENTES; COSENZA, 2013 apud MATIELLO, 2021)