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2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 4 2 O ATUAL QUADRO DA OBESIDADE ...................................................... 5 2.1 Influências no comportamento alimentar .................................................... 6 2.2 Forma de avaliação nutricional ................................................................... 6 2.2.1 Métodos convencionais .............................................................................. 7 2.3 Exame físico ............................................................................................... 8 2.4 Antropometria ............................................................................................. 9 2.4.1 Altura ........................................................................................................ 10 2.4.2 Peso ......................................................................................................... 10 2.4.3 Combinação peso e altura ........................................................................ 11 2.4.4 Circunferência .......................................................................................... 11 2.4.5 Pregas cutâneas ....................................................................................... 12 3 EXAMES LABORATORIAIS.................................................................... 12 3.1 Hematológico............................................................................................ 13 3.2 Avaliação da proteína ............................................................................... 13 3.2.1 Albumina................................................................................................... 13 3.2.2 Transferrina .............................................................................................. 14 3.2.3 Pré-Albumina ............................................................................................ 14 3.2.4 Creatina .................................................................................................... 15 3.2.5 Balanço nitrogenado ................................................................................. 15 3.2.6 Colesterol Sérico ...................................................................................... 15 4 ASPECTO DO IDOSO ............................................................................. 15 5 HORMONIO E METABOLISMO .............................................................. 16 3 5.1 Leptina ........................................................................................................ 16 5.2 Grelina ........................................................................................................ 18 6 FATORES FISIOLÓGICOS NO CONTROLE DE PESO E APETITE ........ 19 6.1 Fatores neuronais: ...................................................................................... 19 6.2 Fatores endócrinos e adipocitários ............................................................. 19 6.3 Fatores intestinais ...................................................................................... 20 7 PLANEJAMENTO NUTRICIONAL ............................................................ 21 7.1 Implementação da Dietoterapia .................................................................. 22 7.2 Educação nutricional .................................................................................. 23 7.3 Boa alimentação na prática esportiva ......................................................... 23 7.4 Prática de exercício e alimentação: recomendações.................................. 24 7.5 Hidratação .................................................................................................. 25 8 PROCESSO DE MUDANÇA DE COMPORTAMENTO ............................. 26 8.1 Fatores de influência .................................................................................. 26 9 FARMÁCOS ............................................................................................... 29 9.1 Uso da sibutramina ..................................................................................... 30 9.2 Uso da anfepramona .................................................................................. 30 9.3 Uso da Garcinia Cambogia ......................................................................... 31 9.4 Uso de Orlistate .......................................................................................... 32 9.5 Uso da cafeína ........................................................................................... 32 10 PROCEDIMENTOS PARA EMAGRECIMENTO ........................................ 33 10.1 Acompanhamento nutricional ..................................................................... 34 10.2 Cirurgia bariátrica ....................................................................................... 34 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 37 4 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 2 O ATUAL QUADRO DA OBESIDADE Atualmente, a obesidade é conhecida como um dos maiores problemas de saúde pública em alguns países, principalmente nos países em desenvolvimento, o que é considerado uma pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS). E por esse motivo, essa doença tem causado preocupação em vários países, pois reduz a qualidade de vida das pessoas. A obesidade é definida como o excesso de gordura corporal associado a riscos à saúde, envolvendo aspectos comportamentais, sociais e biológicos. O aumento dramático dessa condição é um dos fatores que explicam o alargamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), pois é um dos principais fatores de risco para uma ampla gama de doenças, como diabetes, doenças cardiovasculares e câncer. Esta doença caracteriza-se como uma das principais causas de morte evitável, é considerada como uma das doenças crescentes da sociedade moderna, causada pela mudança do estilo de vida da população, através da industrialização, principalmente da produção de alimentos, tecnologia do meio de locomoção, os efeitos do uso recreativo da televisão e do computador, levando a má alimentação e sedentarismo, contribuindo para a morbidade, fazendo com que novas políticas sejam necessárias para promover, prevenir e restabelecer a saúde da população. Dentre os fatores associados à obesidade, o nível socioeconômico é o que mais influência no consumo alimentar e faz a diferença no acesso à alimentação saudável. No Brasil, a população de baixa renda apresenta maior risco de sobrepeso e obesidade devido ao consumo de alimentos de baixo custo, com menor valor nutricional e alto valor calórico. O consumo de alimentos com maior densidade calórica e baixo valor nutricional domina as decisões de consumodas famílias. Esse comportamento alimentar desfavorável contribui para o aumento das taxas de sobrepeso e obesidade, além de doenças crônicas associadas a dietas hipercalóricas. 6 2.1 Influências no comportamento alimentar A epidemia de obesidade está frequentemente associada aos estilos de vida modernos, que são definidos como as escolhas de indivíduos ou grupos. Por meio desse viés de pensamento, a obesidade leva as pessoas a pensarem que "ele come demais", tornando a ocorrência dessa comorbidade de responsabilidade do indivíduo independente de outros fatores exógenos e endógenos envolvidos na doença. O ambiente inclui alimentos modernos, processados, fast food, açúcares, alto consumo de gordura e álcool, estresse crônico, padrões de sono irregulares, contenção severa, estilo de vida sedentário, alguns considerados exógenos (externos) refere-se ao ambiente onde uma pessoa vive, e endógenos (internos), como suscetibilidade genética, hereditariedade, tempo fisiológico. Além dos fatores intrínsecos e extrínsecos, a obesidade também está associada a fatores sociais, culturais, familiares e emocionais. (EGGER; DIXON, 2014). 2.2 Forma de avaliação nutricional O objetivo que pretende alcançar na avaliação nutricional é identificar os pacientes que demonstram grande risco de desenvolver complicações relacionadas ao estado nutricional, para que possam ter o tratamento adequado e ainda, verificar a eficácia da intervenção da dieta. Essa avaliação pode ser feita de duas formas, quais sejam por métodos convencionais e não convencionais. Os métodos convencionais são os tradicionalmente utilizados, pois são utilizados tanto na prática clínica quanto em estudos epidemiológicos. Suas principais características são: praticidade; custos aceitáveis; refletem com precisão o estado nutricional de um indivíduo. Métodos não convencionais são aqueles que possuem limitações em seu uso, como equipamentos caros, dificuldades técnicas de implementação, e outros métodos 7 que fazem com que o uso rotineiro deles não possa ser feito. Esses são, muitas vezes, os métodos mais sensíveis, usados como referência em pesquisas. 2.2.1 Métodos convencionais Nesta categoria, há uma ampla gama de procedimentos, incluindo: Histórias Clínicas; Exame físico para detectar deficiências nutricionais específicas; Antropometria: peso; Tamanho; altura e peso combinados; medição de dobras ou dobras da pele; perímetro; comprimento dos segmentos; largura do osso; compleição; Teste biológico: hematócrito, hemoglobina, contagem total de linfócitos, proteínas séricas tal como: albumina, pré-albumina; transferrina, índice de creatinina, altura, colesterol sérico, balanço de nitrogênio; Múltiplos indicadores: alguns indicadores prognósticos; Histórico de bioimpedância elétrica; Na prática clínica, a anamnese do paciente é fundamental para o nutricionista, para verificação das questões: eliminação de peso: é provavelmente a variável mais frequentemente avaliada. A eliminação de peso superior a 10% é significativa. Outra causa que deve ser pesquisada é como ocorreu a perda, se contínua ou reversível, avaliando a situação nas últimas duas semanas; Mudanças na dieta: precisa ser analisado em termos de duração (semanas) e tipo (quantitativa e qualitativa). Nesse caso, tenta-se detectar a presença de disfagia ou alteração do estado mental; Manifestações de sintomas gastrointestinais: perda de apetite, náuseas, vômitos e diarreia (pelo menos três evacuações amolecidas por dia) são considerados importantes quando ocorrem continuamente por mais de 15 dias; Teste da capacidade funcional: envolve alterações nas atividades físicas rotineiras do paciente, que podem exigir a interrupção das atividades 8 diárias até o ponto de extrema inatividade, na forma que o paciente fica acamado na maioria do tempo; Necessidades metabólicas: procurar estudar situações que levem ao aumento das necessidades nutricionais, como infecção, trauma, queimaduras, fraturas, sepse, gravidez, lactação; História médica: cirurgias prévias com localização de ressecções intestinais, doenças crônicas e suas complicações; Uso de medicamentos: podem alterar o estado nutricional de diversas maneiras: diminuição do apetite: furosemida, hidroclorotiazida, digitálicos, etc.; alteração ou diminuição do paladar: AAS, anfetaminas, etc.; aumento do apetite: anti-histamínicos, psicotrópicos, corticosteroides; absorção alterada de nutrientes (por exemplo, o uso de anticoncepcional oral influencia na absorção de folato); História social: incluem aspectos importantes a serem investigados, pois são capazes de influenciar na compreensão da doença e incluem fatores de risco que podem afetar a adesão ao tratamento: ocupação; ir à escola; Condições de habitação; nível socioeconômico; uso de álcool, tabaco, drogas ilícitas e cafeína; História alimentar: refere-se ao exame dos padrões habituais de consumo alimentar usando técnicas especiais, mais conhecidas como registro alimentar de 2 horas (um método de determinação calcula tudo o que o paciente comeu nas últimas 2 horas). 2.3 Exame físico O exame físico precisa ser minucioso para detectar sinais de deficiência nutricional específica por parte do paciente. O exame geral fornece informações úteis, como: a) sinais de desnutrição: perda de tecido subcutâneo na face, tríceps, coxas e cintura; 9 b) perda de massa muscular do quadríceps e deltoide, lembrando que o descanso prolongado leva à atrofia muscular; c) existência de edema nos membros inferiores, região sacral e ascite; d) coloração da membrana mucosa: palidez devido à anemia. Vale lembrar que Detsky (et al.) propuseram um padrão de perguntas que investiga aspectos da história clínica e do exame físico, conhecido como Avaliação Subjetiva Global (ASG). A ASG permite a classificação em três categorias: A = Bem nutrido; B = Moderadamente desnutrido (ou suspeito); e C = Desnutrição grave. Desde então, a ASG vem sendo amplamente pesquisada e informada na literatura, validada quando comparada em métodos diversificados e modificada para se adequar a diferentes situações clínicas, como pacientes com doença renal, câncer, doença hepática, pacientes HIV positivos e geriatria. NORMAL IMC < 25kg/m² alimentação nutricional adequada. SOBREPESO IMC de 25 a 29 kg/m² alimentação adequada e atividade física. Obesidade IMC de 30 a 40 kg/m² vigilância alimentar e nutricional com orientação adequada e atividade física. Obesidade elevada IMC de 30 a 40 kg/m² vigilância alimentar e nutricional com orientação adequada. atividade física. 2.4 Antropometria A antropometria é uma forma desenvolvida por antropólogos no final do século XIX que usa formas simples para quantificar diferenças na aparência humana, mas a era atual da antropometria nutricional começou durante a Primeira Guerra Mundial com preocupações sobre o desempenho físico dos soldados. A antropometria é um método barato, universalmente aplicável e não invasivo para distinguir o tamanho, proporções e composição do corpo humano. 10 A idade precisa ser estabelecida pois, a recomendação da medida e os padrões de referência são considerados pela idade. Outro fator a ser considerado é o gênero, pois há uma diferença significativa entre as alturas de homens e mulheres. A antropometria fornece uma riqueza de informações, mas peso, altura, suas junções são os métodos antropométricos de maior utilização em estudos epidemiológicos. 2.4.1 Altura A altura é o maior indicador do tamanho geral do corpo e do comprimento dos ossos. Geralmente os adultos são medidos em pé. Quando a altura não pode ser medida devido à dificuldade em ficar em pé ou problemas graves nas costas, em adultos jovens, o arqueamento dos braços é igual à altura. De outromodo, é possível usar uma medida de altura do joelho. Então terá uma estima da altura usando a fórmula: homem (cm) = 64,19 - (0,04 x idade) + (2,02 x altura do joelho em cm). mulher (cm) = 84,88 - (0,24 x idade) + (1,83 x altura do joelho em cm). 2.4.2 Peso O peso é a soma de todos os componentes de cada nível de composição corporal. Esta é uma medida aproximada das reservas totais de energia do corpo, e as alterações no peso refletem as mudanças no equilíbrio entre a ingestão e o consumo de nutrientes. Variação percentual do peso (% AP): peso normal (PU), que o indivíduo geralmente está em boas condições de saúde, estabelecido com o peso atual (PA), medido no momento da avaliação, conforme a fórmula: % PA = (PA - PH) / PH x 100. Peso corporal ideal (PI): É um referencial para grupos de idade e sexo, conforme obtido pelos americanos do National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES I 1971-197; NHANES II 1976-1980). Pelo National Center for Health Statistics, NCHS. A OMS recomendou o uso do gráfico de crescimento do NCHS. Percentual do peso corporal ideal (PCI%): tem seu cálculo por meio da fórmula: PA/PI x 100. Albert & Callaway (1992) consideraram 80% do PCI% como altamente 11 indicativo de desnutrição; já Stallings & Hark (1996) consideraram PCI% abaixo de 70% como desnutrição grave e acima de 120% como obesidade; Waitzberg (1981) considerou redução moderada entre 61 a 80% e grave <60%. 2.4.3 Combinação peso e altura O peso e a altura são as variáveis antropométricas mais comuns em estudos epidemiológicos. Sua combinação mede o peso corporal ajustado para a altura, mas não consegue distinguir entre gordura e massa muscular e edema. Assim, em adultos, temos as seguintes combinações: Peso Altura: Para definir se o peso de um adulto é propício para sua altura, ele deve ser contraposto com os padrões de referência. A mais popular é a tabela Metropolitan Life Insurance, que distribui o peso ideal pela altura, levando em consideração o sexo e a cor da pele. 2.4.4 Circunferência Quando for necessária uma avaliação mais completa da composição corporal, dados antropométricos adicionais precisam ser coletados. A circunferência é influenciada pela massa gorda, massa muscular e tamanho ósseo. Muitos tipos de circunferência corporal podem ser medidos, mas tem-se cruciais as circunferências utilizadas na prática clínica são: desde a aplicação das fórmulas, até o cálculo das circunferências musculares do bíceps superior (AMC) e do bíceps superior (AMA), uma área do músculo sem osso, que se correlaciona com a massa muscular total, é utilizado para diagnosticar alterações na massa corporal total e portanto, no estado nutricional proteico; Cintura: Suas medidas não devem ultrapassar a roupa, o sujeito ainda está de pé, pernas juntas, braços esticados horizontalmente e abdômen relaxado. A medição deve ser feita em um plano horizontal com uma fita métrica inelástica no ponto mais estreito da haste. É um indicador de gordura profunda; Circunferência do quadril: deve ser medida com o paciente vestido com roupas leves e folgadas, em pé com os braços levantados na altura do quadril e os pés juntos. O examinador senta-se ao lado do sujeito para melhor visualizar o alongamento 12 máximo dos músculos glúteos, colocando a fita antropométrico em um plano horizontal, que deve ser esticado sobre a pele sem apertar as partes moles; Relação Cintura-Quadril (RCQ): Calculada pela divisão da medida da cintura (cm) pela medida do quadril (cm). Está fortemente associado à gordura visceral, sendo um indicador aceitável de gordura da barriga. Esta é a medida de gordura mais utilizada, que distingue a obesidade ginecóide da obesidade androide. Uma RCQ de 1,0 ou superior para homens e 0,8 ou mais para mulheres indica obesidade androide e um risco aumentado de doenças relacionadas à obesidade; Circunferência da panturrilha: mostra a medida mais sensível da massa muscular em idosos, maior que a circunferência do bíceps; Circunferência da Cabeça: Amplamente utilizado para monitorar o crescimento de crianças menores de três anos. 2.4.5 Pregas cutâneas A gordura subcutânea é responsável por 50% da gordura corporal e, com base em sua espessura relativamente baixa, pode refletir com precisão a gordura corporal. A medição de dobras cutâneas ou dobras subcutâneas (SC) apresenta duas vantagens: 1) fornece uma forma relativamente simples e não invasiva de estimar a gordura corporal; 2) caracterizar a distribuição da gordura subcutânea. Muitos tipos de dobras cutâneas podem ser mensurados, mas o tríceps é o mais utilizado na prática clínica. Pode ser equiparado com um modelo de referência para determinação de percentil. Os modelos comparativos corriqueiros são os propostos por Jelliffe, com base em militares europeus de baixa renda e mulheres americanas, e por Frisancho, com base em medidas feitas em homens e mulheres, mulheres brancas americanas participantes do National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES) (1971). 3 EXAMES LABORATORIAIS Diversos exames bioquímicos são usados como medidas mais objetivas do estado nutricional, utilizados para localizar deficiências subclínicas e confirmar o 13 diagnóstico, com a vantagem de permitir o acompanhamento das intervenções nutricionais. Os exames laboratoriais mais utilizados na prática clínica estão descritos a seguir. Deve-se lembrar que uma série de medições sanguíneas para estudo de componentes nutricionais específicos, como minerais (por exemplo, cálcio), ferro, vitaminas, que possuem suas indicações específicas, normalmente não são consideradas métodos definitivos. 3.1 Hematológico Os parâmetros hematológicos de maior utilização na avaliação nutricional são: hematócrito (HT), hemoglobina (HG) e contagem total de linfócitos (LINF). Os valores de hemoglobina e hemoglobina dependem da idade e do sexo. Contagens totais de linfócitos (CTL) representando o estado imunológico e os valores normais também variaram por autor. Para Weinsier et al. (1979), normalmente inclui valores iguais ou superiores a 1500/mm3, atenuação moderada entre 1200 e 1500/mm3 e comprometimento grave abaixo de 1200/mm3. Segundo Seltzer et al (1979), o maior risco de complicações relacionadas ao estado nutricional ocorre quando o CLT é menor que 1500/mm3, compatível com os valores recomendados para FELANPE. 3.2 Avaliação da proteína As proteínas são necessárias para funções reguladoras (por exemplo, hormônios e enzimas) e estrutura (por exemplo, colágeno e elastina). As proteínas séricas mais frequentemente avaliadas para determinar o estado nutricional são albumina, transferrina e pré-albumina. 3.2.1 Albumina É a proteína mais abundante no plasma e no líquido extracelular. 14 É de primordial importância na determinação da pressão coloidosmótica plasmática, atuando como proteína carreadora (cálcio, ácidos graxos de cadeia longa, drogas, etc.). Os níveis de albumina sérica são dependentes de vários fatores: Síntese hepática: dependente da função dos hepatócitos e da digestão e absorção de substratos proteicos, e diminuída no hipotireoidismo na presença de excesso de cortisol circulante durante o estresse e na hepatopatia parenquimatosa; Perda anormal de albumina: doença renal (síndrome nefrótica), eclampsia, enteropatia proteolítica e queimaduras; Aumento do catabolismo: estresse, aumento do metabolismo, síndrome de Cushing e certos tipos de câncer; Troca intercompartimental: variável em situações patológicas, com arranjo extravascular (por exemplo, trauma, infecção); Volume de distribuição: afetado pelo estado de hidratação. 3.2.2 Transferrina É uma beta-globulina transportadora de ferro do plasma, que é uma proteína com meia-vida intermediária (cerca de 8 dias) entre a albumina e as proteínas de metabolizaçãorápida. Apesar de uma meia-vida teoricamente mais curta ser uma vantagem sobre a albumina, estudos clínicos não observaram diferença significativa. Por esse motivo, alguns autores argumentam que os convencionais, não para fins de pesquisa, não têm benefício sobre a dosagem de albumina, e outros não incluem mais a transferrina na avaliação do status proteico. 3.2.3 Pré-Albumina É uma proteína circulante de transporte de hormônio tireoidiano que forma um complexo com a proteína de transporte de retinol. Tem vida útil média de 2 a 3 dias, mas os estudos não divulgaram benefícios sobre a albumina, apreciada por outros autores pouco confiável como indicador do estado nutricional. 15 3.2.4 Creatina Este é um método de avaliação da massa muscular corporal com base no fato de que 98% creatinina está localizada no músculo. É calculada a partir da dose de creatinina de 24 horas na urina, que deve ser coletada rigorosamente, dificultando a utilização em pacientes que apresentam insuficiência renal ou que estejam em uso de diuréticos, como no caso de insuficiência cardíaca ou hepática. A confiança na coleta de urina precisa e completa e a exigência de uma dieta livre de carne podem dificultar a realização desse exame na prática clínica. 3.2.5 Balanço nitrogenado Admite monitorar a adequação da terapia nutricional, avaliando o equilíbrio entre a ingestão de nitrogênio e a excreção urinária. Quando a ingestão é suficiente para compensar as perdas, obtém-se um balanço positivo (por exemplo, fase anabólica após um evento catabólico, estirão de crescimento, atleta). Por outro lado, se a perda ultrapassar o encaminhamento, então há um saldo negativo (por exemplo, trauma, sepse, queimadura, vazamento, etc. Devido a dificuldades técnicas, sua precisão só pode ser alcançada em pacientes internados em unidades metabólicas. 3.2.6 Colesterol Sérico A hipocolesterolemia (menor que 150 mg/dl) tem sido estudada como indicador prognóstico de desnutrição, com achado de aumento da mortalidade e do tempo de internação. O colesterol alto é um fator de risco para doença cardíaca coronária. 4 ASPECTO DO IDOSO Os idosos (60 anos ou mais) apresentam características associadas ao envelhecimento, como: a) diminuição gradual do tamanho, de um a dois centímetros por década; b) o peso e o IMC progressivos aumentam até cerca de 65 a 70, depois diminuem; c) alterações na composição corporal, com redistribuição de gordura, diminuição dos níveis periféricos e intra-abdominais e diminuição da massa magra. 16 Alguns autores argumentam que a desnutrição pode ser complicada para diferenciar das alterações decorrentes do envelhecimento natural, mas, se não for detectada, pode exacerbar as condições clínicas e aumentar a mortalidade. Os idosos são particularmente suscetíveis a problemas nutricionais pelos fatores relacionados a alterações fisiológicas e sociais, doenças crônicas, uso de múltiplas drogas, problemas de alimentação (dificuldade de mastigação e deglutição), depressão e mobilidade alterada quando funcionalmente dependentes. Perda de peso não intencional, perda de apetite e fraqueza são comuns em idosos. A anorexia é uma das principais causa de desnutrição em idosos, com etiologia multifatorial, incluindo doenças sistêmicas, patologia e fatores psicossociais. Os receptores de paladar e olfato encontram sua função declinar com a idade, reduzindo as qualidades palatáveis dos alimentos. Há também uma desaceleração do esvaziamento gástrico, aumento da saciedade (um estado pós-prandial em que a fome é suprimida) e saciedade (processos regulatórios que ocorrem durante a alimentação que inibem a ingestão de mais alimentos). Essas alterações decorrentes do envelhecimento fisiológico afetam a ingestão de nutrientes, podendo levar à desnutrição. 5 HORMONIO E METABOLISMO 5.1 Leptina A leptina (do grego leptos = magra) é uma proteína composta por 167 aminoácidos e estruturalmente semelhante a uma citocina, do tipo interleucina 2 (IL2), produzida principalmente no tecido adiposo. Sua liberação máxima ocorre à noite e no início da manhã, e sua meia-vida plasmática é de 30 min. É responsável pelo controle da ingestão alimentar, atuando nos neurônios do hipotálamo no sistema nervoso central. A ação da leptina no sistema nervoso central (hipotálamo) em mamíferos promove diminuição da ingestão alimentar e aumento do gasto energético, além de regular a função neuroendócrina e o metabolismo da glicose e da gordura. 17 Também é sintetizado nas glândulas mamárias, músculo esquelético, epitélio gástrico e trofoblastos placentários. Em primeiro lugar, a leptina é parte integrante do complexo sistema fisiológico que regula o armazenamento, o equilíbrio e o uso de energia do corpo. Além desse papel, a leptina sinaliza e regula o estado nutricional do organismo para outros sistemas fisiológicos. Este último aspecto é evidente em seu efeito inibitório sobre todas as alterações neuroendócrinas secundárias à inanição. Outro papel da leptina além de sua ação na regulação do peso corporal é sua capacidade de atuar como um sinal bioquímico que informa ao cérebro que as reservas de energia são suficientes para sustentar o início da puberdade e a reprodução. A expressão da leptina é controlada por várias substâncias, como insulina, glicocorticóides e citocinas inflamatórias. Infecções e endotoxinas também podem aumentar as concentrações plasmáticas de leptina. Em contraste, testosterona, exposição ao frio e catecolaminas diminuem a síntese de leptina. Situações estressantes impostas ao organismo, como jejum prolongado e exercícios intensos, reduzem os níveis circulantes de leptina, demonstrando assim um papel do sistema nervoso central na inibição da liberação de leptina pelas células adiposas. Em humanos, o gene da leptina está localizado no cromossomo 7q31 e é produzido principalmente pelo tecido adiposo branco. A concentração plasmática de leptina está relacionada em parte ao tamanho da massa de gordura corporal. Os mecanismos que aumentam o tecido adiposo levando ao aumento dos níveis séricos de leptina envolvem tanto a contagem de adipócitos quanto a indução de mRNA de ob13. Indivíduos obesos apresentaram maior número de adipócitos, ou seja, maior quantidade de mRNA foi encontrada em seus adipócitos do que indivíduos obesos. No entanto, as concentrações séricas de leptina não foram apenas dependentes do tamanho do tecido adiposo, pois uma diminuição de 10% no peso corporal resultou em uma diminuição de aproximadamente 53% na leptina plasmática, sugerindo que outros fatores além do tecido adiposo estão envolvidos no mecanismo de regulação da sua produção. 18 5.2 Grelina O hormônio grelina é um potente estimulador da liberação de GH nas células somatotróficas da hipófise e hipotálamo, um ligante endógeno do receptor secretor de GH (GHSR). Assim, a descoberta da grelina permitiu o surgimento de um novo sistema de regulação da secreção de GH, pois seu efeito estimulador na liberação de GH é mais evidente em humanos do que em animais e ocorre na ativação do receptor de GHS tipo 1 (GHS1a). Além de atuar como redutor de GH, a grelina tem outras atividades importantes, notadamente a estimulação da secreção lactotrófica e corticotrófica, atividade orexígena com o controle do consumo de energia; controla a secreção e a motilidade do ácido gástrico, afeta a função endócrina pancreática e o metabolismo da glicose, bem como as atividades cardiovasculares e os efeitos antiproliferativos nas células cancerígenas. Dentre as atividades periféricas do ligante natural do receptor GHS, destacamos a secreção de ácido gástrico e a estimulação da motilidade em ratos e o esvaziamento gástrico em humanos. Em relação ao seu papel cardioprotetor, sítios de ligação específicos para o GHS estão presentes no sistema cardiovascular, ondeestudos demonstraram que a administração de grelina em voluntários jovens saudáveis, causa aumento do débito cardíaco sem ajustar sua taxa. Os efeitos antiproliferativos da grelina mostram muitas de suas atividades biológicas, sugerindo que ela pode induzir atividades antitumorais, uma vez que receptores específicos para GHS foram encontrados nos tecidos tumorais de órgãos que não possuem expressão desses receptores em condições fisiológicas normais. A grelina está diretamente envolvida na regulação de curto prazo do balanço energético. As concentrações circulantes de grelina aumentam com o jejum prolongado e no estado hipoglicêmico, e suas concentrações diminuem após as refeições ou por infusão intravenosa. Salbe et al. (2004) confirmaram isso em seu estudo com os índios PIMA, nos quais descobriram que as concentrações endógenas de grelina em jejum foram elevadas, sugerindo uma relação inversa. Entre os níveis de grelina e a ingestão de energia. 19 6 FATORES FISIOLÓGICOS NO CONTROLE DE PESO E APETITE 6.1 Fatores neuronais: O controle da ingestão de nutrientes e a homeostase resultante dependem de uma série de sinais periféricos que atuam diretamente no sistema nervoso central, levando a respostas adaptativas adequadas. A ingestão de alimentos e o gasto energético são regulados pelo hipotálamo do cérebro (Williams et al., 2001; Sainsbury et al., 2002). Nos dizeres de Sainsbury et al. (2002), neurônios que expressam esses neuropeptídeos interagem entre si e com sinais periféricos (como leptina, insulina, grelina e glicocorticóides), que atuam na regulação do controle alimentar e do consumo de energia. Embora os locais hipotalâmicos envolvidos na regulação do apetite possam ser identificados, as localizações exatas dos receptores neuronais para cada um dos sinais de comando ainda não foram determinadas. 6.2 Fatores endócrinos e adipocitários A homeostase energética é controlada por um sistema nervoso que minimiza os efeitos de pequenas flutuações no balanço energético, com leptina e (Halpern, Z.S.C.; et al., 2004) a insulina é um elemento importante desse controle e é secretada na proporção da massa gorda (Woods et al., 1998). A leptina, produzida no tecido adiposo branco, atua em receptores expressos no hipotálamo para promover a saciedade e regular a homeostase energética (Suyeon e Moustadid-Moussa, 2000). Vários estudos demonstram que a leptina atua no sistema nervoso central através de mediadores como neuropeptídeo Y, peptídeo agouti (AgRP), hormônio liberador de corticotropina (CRH), hormônio estimulante de melanócitos (MSH), colecistocinina (CKK), entre outros. Em altas concentrações séricas, a leptina é inativa porque a resistência limita seu efeito na anorexia (Woods et al., 1998). A insulina é produzida pelas células beta do pâncreas e sua concentração sérica também é proporcional à gordura. Através de seu efeito anabólico, a insulina aumenta a captação de glicose e diminui os níveis de 20 açúcar no sangue como estímulo para aumentar o apetite (Woods et al., 1998). Por outro lado, estudos experimentais mostraram que a insulina tem funções essenciais no sistema nervoso central que dão saciedade, aumento do gasto energético e modulação da atividade da leptina (Schwartz, 2000). A insulina também interfere na secreção de enterohormônios como o peptídeo semelhante ao glucagon (GLP 1), que atuam inibindo o esvaziamento gástrico e promovendo saciedade prolongada (Verdich et al., 2001). Pessoas obesas têm altos níveis de insulina e leptina. O uso desses hormônios não é uma alternativa viável de tratamento, justamente pela resistência devido às altas concentrações séricas. Além disso, deve-se destacar que a insulina tem efeito periférico no aumento da absorção de glicose e lipídios, levando à diminuição da glicemia e consequente retorno da fome, além de promover o aumento do armazenamento de gordura. (Woods et al., 1998). 6.3 Fatores intestinais A absorção, ou mesmo a presença de alimentos no trato gastrointestinal, contribui para a regulação do apetite e regulação energética (Verdich et al., 2001). O trato digestivo possui diferentes tipos de células que secretam peptídeos que, com outros sinais, regulam a digestão e atuam no sistema nervoso central para regular a fome e à saciedade. A sinalização ocorre por meio de nervos periféricos (como fibras aferentes do vago) através de receptores (Guido, 2004). No início da década de 1970, descobriu-se que o CCK, um peptídeo no intestino, promove a saciedade (Woods et al., 1998). Evidências demonstram que a saciedade é de fato principalmente devido à ação da CCK liberada pelas células I do trato gastrointestinal em resposta à presença de gorduras e proteínas (Konturek et al., 2004). A CCK, além de inibir a ingestão, também induz secreção pancreática, secreção biliar e contração vesicular (Konturek et al., 2004). Outro inibidor de absorção de alimentos é o peptídeo YY ou PYY. Esse peptídeo é expresso por células da mucosa intestinal e acredita-se que o mecanismo regulador seja neural, uma vez que sua concentração plasmática aumenta quase imediatamente após a ingestão do alimento (Konturek et al., 2004). Indivíduos obesos 21 apresentaram menores níveis de PYY pós-prandial, principalmente durante as refeições noturnas, resultando em maior ingestão calórica. A oxintomodulina (OXM) foi recentemente identificada como um inibidor de absorção de alimentos de curto prazo. Este peptídeo é secretado no intestino distal e parece agir diretamente nos centros hipotalâmicos para reduzir o apetite, reduzir a ingestão calórica e diminuir as concentrações séricas de grelina (Konturek et al., 2004). OXM funciona principalmente em condições especiais, como após a cirurgia para remover a glândula lacrimal. 7 PLANEJAMENTO NUTRICIONAL Para planejar uma intervenção nutricional, é necessário definir metas de tratamento. É comum encontrar objetivos diferentes entre o especialista e o paciente, que aspira à recuperação, como suas medidas antropométricas de um passado distante, tendo como modelo a estética rigorosa, sua felicidade. Este fato pode certamente ser uma causa de baixa coesão. Em outras palavras, o paciente que desiste do tratamento porque não está atingindo seus próprios objetivos costuma ser extremamente ambicioso. Um objetivo razoável de uma intervenção dietética é reduzir a gordura corporal a um estado que esteja associado à melhoria da saúde ou seja consistente com um risco reduzido de complicações. As metas individuais devem ser baseadas em importantes indicadores fisiológicos, como glicemia, lipídios e pressão arterial. Tais parâmetros são mais adequados do que tabelas de massa arbitrárias ou porcentagens de perda de massa. O planejamento também se baseia no estabelecimento de que hábitos e práticas relacionadas às escolhas alimentares, comportamentos alimentares e ingestão adequada de energia (atividade física) devem ser integrados a longo prazo, para manter a perda de peso. Nesta fase, é necessário considerar a realidade do paciente, ou seja, suas atividades profissionais, hábitos, horários, capacidade financeira, seus hábitos 22 regionais, entre outros, novamente, visam personalizar a intervenção, sem isso, é difícil obter bons resultados em termos de adesão. 7.1 Implementação da Dietoterapia O tratamento da obesidade pode ter ainda resultados frustrantes por diversas razões, algumas por utilizar formas equivocadas, pelo mau uso dos recursos terapêuticos acessíveis e pelo baixo nível de acompanhamento, evolução e adaptação da dieta estipulada. Os planejamentos que não tem comprovação são as dietas desequilibradas de baixas calorias, apontando modificações dos teores de macronutrientes muito marcantes, que também podem causar alterações do estado de micronutrientes. Elas evidenciam um grupo de nutrientes em específico(carboidrato, proteína ou gordura) e censura ou desencoraja o consumo de outros. Estas dietas podem ser facilmente seguidas pelos indivíduos, pelo motivo de sua natureza concentrada (focada), tornando-as bastante populares. A aceitação, é restringida pelo período em que se pode manter a curiosidade do paciente. A lacuna entre os hábitos e costumes do indivíduo e a terapia proposta determina seu abandono, independentemente do desfecho inicial. Além disso, apelos ou argumentos técnicos muitas vezes não são apoiados por definições e estratégias aceitas pela comunidade científica mais conceituada. Planos Alimentares: De baixo valor calórico: denomina-se assim os que estão entre 800-1200 kcal ou entre 10 a 19 kcal por kg que o paciente deseja. Tem indicação se após um período razoável com um plano moderado não se conseguiu diminuir de peso. De muito baixo valor calórico: apresenta-se assim o que provém menos de 800 kcal diárias ou menos de 10 kcal por kg de peso desejável/dia. Tem indicação para obesidades graves e recorrentes, desequilíbrio diabético e outros estados que necessitam rápida perda de peso. Deve aplicar-se por períodos curtos (3-4 semanas). 23 Não é recomendado dietas de menos de 400 kcal/dia, nem o jejum total (menos de 200 kcal/dia). Dietas não aconselhadas: as que não têm base cientifico nutricional, como as dietas da moda. 7.2 Educação nutricional A cultura de um grupo étnico pode determinar a adoção de uma determinada dieta, incluindo suas crenças e tabus. Uma vez que uma dieta esteja em vigor, pode não ser possível alterá-la para cada indivíduo, especialmente para adultos. A inclusão de disciplinas relacionadas à alimentação e nutrição nos currículos escolares pode ajudar a estabelecer hábitos alimentares saudáveis em um contexto social. Dificuldades de adesão são relatadas e a não resposta pode levar à descontinuação do tratamento. Se o contato com o paciente puder ser mantido, novos estímulos podem surgir, dando continuidade à intervenção. No entanto, deve-se considerar que o tratamento é muitas vezes abandonado, caracterizando uma experiência desagradável para o paciente e para o especialista. Certas dificuldades práticas na preparação ou adesão da dieta podem ser a causa do insucesso da intervenção, que pode envolver o especialista, o paciente e até mesmo a dieta do paciente (informações). Compreender este contexto é o primeiro passo para tentar minimizar a baixa ou nenhuma adesão, simplesmente, a falta de vontade do paciente. 7.3 Boa alimentação na prática esportiva Comer não é apenas comer para não sentir fome ou, porque o que você escolheu é delicioso. A alimentação envolve aspectos mais profundos como a quantidade, que deve ser suficiente para suprir as necessidades energéticas; a qualidade e o consumo dos alimentos devem atender às exigências nutricionais; harmonia, pois deve haver equilíbrio entre os nutrientes e as quantidades em que são 24 consumidos; adequado, o que significa que deve ser adaptado às necessidades específicas de cada pessoa. Os benefícios para a saúde associados à prática adequada e regular de atividade física moderada e vigorosa, bem como os riscos associados à inatividade física ou intensidade insuficiente de exercício, foram amplamente relatados e documentados. Esta evidência tem contribuído para as recomendações mínimas para a prática de atividade física saudável e para uma significativa mudança de paradigma na área da saúde, que ocorreram em meados da década de 1990. Para obter-se os benefícios para a saúde, é necessário mudar o nível de condicionamento físico - para o modelo aditivo, aumentar o processo de atividade física, benefícios para a saúde podem ser obtidos a partir de um estilo de vida ativo, mesmo que não haja alteração na atividade e na condição física da pessoa. Comportamento sedentário é um termo utilizado para descrever um conjunto de atividades, realizadas na posição sentada, cujo gasto energético está próximo aos valores basais/repouso (1, 0 1- 5 MET), incluindo atividades como assistir televisão, usar computadores, jogar videogame, conversar com amigos, falar ao telefone, entre outras atividades semelhantes. Nesse sentido, o comportamento sedentário é um construto diferente da atividade física, com “fatores determinantes” específicos e efeitos diversos na saúde humana. É um comportamento que não se caracteriza pela ausência de atividade física (inatividade física), ou mais ainda, pelo desrespeito a determinadas recomendações de prática. Em uma linha de atividade física, o comportamento sedentário não é inferior a zero. 7.4 Prática de exercício e alimentação: recomendações. A refeição pré-treino deve cumprir os seguintes objetivos: estabilizar o açúcar no sangue, aumentar ligeiramente as reservas de glicogênio no fígado e nos músculos. Para atingir esses objetivos, as refeições devem ser ricas em carboidratos, moderadas em proteínas e relativamente baixas em gordura. A quantidade de carboidratos consumidos deve corresponder ao tempo que você consome e digere para evitar distúrbios gastrointestinais, portanto, você deve consumir 0,03g/kg de peso 25 corporal com três horas restantes para atividade atlética, 0,02g/kg quando faltam duas horas e 0,01g/ kg uma hora antes do exercício e, neste último caso, recomendam-se alimentos líquidos, pois absorvem mais rapidamente. Durante o exercício, os estoques de glicogênio são esgotados à medida que a atividade continua. Portanto, é interessante realizar a reposição de carboidratos quando o tempo de treino ultrapassar 60 minutos, para manter o desempenho atlético e retardar o aparecimento da fadiga. A reposição de carboidratos eleva o açúcar no sangue, o que impede que o fígado libere glicose da hidrólise do glicogênio armazenado, reduzindo os estoques desse glicogênio. Terminada a atividade, o mais emocionante é trazer carboidratos de alto índice glicêmico com proteínas e de preferência alimentos que promovam a reposição hídrica. Alimentos gordurosos devem ser evitados para não retardar o esvaziamento gástrico (postergando assim a reposição energética) e, porque podem causar distúrbios gastrointestinais. O consumo recomendado de carboidratos entre quatro e cinco horas após a atividade física varia de 0,7 a 1,5 g/kg de peso corporal. 7.5 Hidratação A hidratação é um dos fatores mais importantes para os atletas, pois durante o esforço a produção de calor é 100 vezes maior do que em repouso. Esse calor é dissipado pela evaporação do suor, ou seja, pela perda de líquido. Para que isso ocorra corretamente, é melhor manter o corpo hidratado, pois se o calor não for dissipado, estima-se que a temperatura corporal aumente 1ºC a cada 5/8 minutos e o valor da temperatura corporal seja de 5 ºC. é incompatível com a vida. Uma maneira de se manter hidratado é beber líquidos antes, durante e após a atividade física. Antes da atividade, a recomendação geral é consumir cerca de 500-600 ml de líquido duas horas antes de iniciar o exercício para que o corpo possa se ajustar aos líquidos e se livrar do excesso. Esse momento de hidratação permite que o atleta inicie a atividade hidratado e é especialmente importante em esportes onde não há muitos intervalos de ingestão de água. Durante o exercício, você deve consumir de 150 a 200 26 ml de líquido a cada quinze/vinte minutos de exercício. Nessa situação, uma bebida aromatizada, com temperatura mais fria com a porcentagem e o tipo certo de carboidratos, é melhor aceita e mais fácil de absorver. 8 PROCESSO DE MUDANÇA DE COMPORTAMENTO Vários fatores podem interferir na adesão à dieta, incluindo idade, sexo, etnia, escolaridade e nível socioeconômico. No entanto, os idosos são mais resistentes à adesão, desde cedo, mesmo não dando importância à doença, também tendem a ser mais flexíveis, enquanto os idososse interessam em aumentar a expectativa de vida, mas encontram dificuldades em aplicar as alterações eficazmente, após anos de hábito. O histórico familiar do sujeito também pode influenciar a adesão ao tratamento dietético. A escolaridade afeta diretamente a adesão, pois quanto menor a escolaridade, mais difícil é compreender e entender o tratamento e suas recomendações dietéticas (VERAS; OLIVEIRA, 2009). Outros aspectos que influenciam a adesão são fatores específicos do paciente, como percepções e atitudes dos pacientes em relação à terapia e motivações pessoais, além do custo. Ressalta-se aqui a importância dos fatores desencadeados pelo profissional, que deve determinar a melhor forma de tratamento e incentivar o indivíduo a participar e aderir às decisões e ações (COELHO; NOBRE, 2006). Essas são as principais questões enfrentadas pelos profissionais, afetando a eficácia, a continuidade e a adesão ao tratamento. Nesse sentido, é necessário aplicar mecanismos e promover estímulos para efetuar mudanças comportamentais em pessoas que recebem terapias que focam na mudança de hábitos alimentares. 8.1 Fatores de influência O comportamento alimentar tem diversas influências como aspectos nutricionais, demográficos, econômicos, sociais, culturais, ambientais e psicológicos de um indivíduo ou de uma comunidade. Acredita-se também que quanto mais os 27 fatores que determinam o comportamento alimentar de um indivíduo são conhecidos, maior a probabilidade de sucesso e adesão a novos hábitos alimentares saudáveis. (TORAL; SLATER, 2007). Aspectos fisiológicos e neurotransmissores também influenciam as escolhas alimentares, motivando os indivíduos a escolher e comer determinados alimentos. (DOVERY, 2010). A forma como as pessoas pensam, agem, iniciam e mantêm novos comportamentos é conhecida como processo ou estágios de mudança, consistindo em uma série de estágios a partir dos quais cada indivíduo evolui naturalmente. Ao longo do estudo, os pesquisadores descobriram que as mudanças comportamentais relacionadas à saúde ocorreram por meio de cinco estágios distintos de mudança: antecipar, contemplar, preparar ou decidir, agir e manter (TORRAL, 2006). Na fase pré-contemplativa, o indivíduo não consegue mudar nos próximos meses e nega a presença de problemas. Os indivíduos muitas vezes são incapazes de variar seu comportamento devido à falta de confiança em sua capacidade de transformar e muitas vezes não têm um plano para modificar seu comportamento alimentar. (SUMMERFIELD, 2012). Tal situação pode ser devido à falta de informações precisas sobre as consequências de seu comportamento ou refere-se a uma situação em que o indivíduo fez várias tentativas frustradas de variar sua atitude e não existe mais forma de alterá-los efetivamente. Em outras palavras, os indivíduos neste estágio reconhecem a solução, mas não o problema. Durante o período de contemplar, o indivíduo pretende mudar nos próximos meses. Essa é a fase em que as pessoas passam mais tempo de estagnação (SUMMERFIELD, 2012). O indivíduo está ciente da existência do problema e está disposto a mudá-lo, mas não faz previsões sobre quando ele começará. Percebam- se intervalos do entorno, caso em que o indivíduo vê obstáculos que o impedem de realizar mudanças, mesmo diante de benefícios visíveis. Uma vez que o indivíduo esteja pronto para fazer a mudança, ele entra na fase de preparação, mesmo que seja uma pequena mudança. Um indivíduo passa de um estágio para outro somente quando toma consciência das vantagens e desvantagens 28 dessa mudança, porque as vantagens devem superar as desvantagens (SUMMERFIELD, 2012). O indivíduo começa a pensar em mudar o comportamento e pretende mudá-lo em um futuro próximo, como no próximo mês. Muitas vezes, após a superação de tentativas fracassadas anteriores, pequenas mudanças são feitas e um plano de ação é executado sem um compromisso sério. Ação é o estágio em que uma pessoa muda seu comportamento. A intenção é o maior determinante do desejo de um indivíduo de adotar a mudança, nesta fase, é necessário descobrir os motivos que ultrapassam o custo da mudança (SUMMERFIELD, 2012). Nesta fase, as recaídas são muito grandes e é necessária atenção frequente para evitar que isso aconteça. Esta é uma etapa que exige muita dedicação e vontade de evitar repeti-la. Por exemplo, alguém que reduz a ingestão de alimentos gordurosos para melhorar o perfil lipídico e começa a ver os benefícios iniciais da mudança de práticas anteriores pode ser classificado como trabalhando. A fase de manutenção é o período em que a mudança de comportamento ocorreu e está presente no hábito há mais de seis meses. (TORAL; SLATER, 2007). Este é o estágio em que o sujeito deve ficar, caso em que é necessária a prevenção da recaída A recaída ocorre quando as pessoas não conseguem se ater às novas mudanças, remetendo o indivíduo de volta ao estágio anterior à mudança. Este evento faz parte de um processo de mudança e deve ser encarado como um processo de aprendizagem, como um reforço para uma continuação mais sólida do tratamento. Deve-se notar que esta não é uma etapa estática, pois há uma continuação da mudança de comportamento iniciada na etapa anterior. Em termos de alimentação, isso pode corresponder a um adulto que está se recuperando da alimentação e se alimenta de forma saudável há mais de um ano. Uma maneira de minimizar a recorrência é apenas permitir que o indivíduo passe de um estágio para outro quando estiver pronto. No entanto, verificamos que os indivíduos classificados como regularmente ativos não conseguiram manter suas estratégias na primeira tentativa, favorecendo uma nova classificação dos indivíduos em períodos anteriores. Em outras palavras, ocorrências repetidas são universais e levam à evolução dinâmica e ao desenho espiral de fases de mudança de padrões. 29 9 FARMÁCOS As proporções corporais são ilustradas por muitos dos indicadores antropométricos apresentados na literatura. Atualmente, o mais utilizado para classificar a obesidade é o índice de massa corporal (IMC), equação proposta por Quetelet em 1835 (peso/altura²). A faixa de IMC considerada normal é de 19 a 24,9 kg/m2. Pessoas com IMC entre 25-30 kg/m2 foram consideradas com sobrepeso enquanto aquelas entre 30-34,9 kg/m2 foram classificadas como obesas I, 35-39,9 kg/m2 são classificadas como obesas II e classificadas como obesas III acima de 40,0 Kg/m2. Em 98% dos casos a naturalidade da ádipe é o desequilíbrio entre ingestão e a absorção energética. A premissa desse desequilíbrio é que a ingestão é maior que a energia exigida pelo organismo. Apenas em 2% dos casos a ádipe tem quanto interesse fatores endógenos, por exemplo, hipotireoidismo, distúrbios neuroendócrinos e os medicamentos (glicocorticoides, antidepressivos tricíclicos, lítio e fenotiazinas). São muitos os prejuízos acarretados pela ádipe, entre eles podemos intimar as dificuldades respiratórias, problemas dermatológicos e distúrbios do utensílio locomotor. A ádipe favorece o desponta de enfermidades potencialmente letais quanto dislipidemias, doenças cardiovasculares, diabetes mellitus tipo 2 e também está associada com alguns tipos de câncer. A intervenção farmacológica torna-se necessária quando as mudanças no “estilo de vida” não produzem o efeito desejado e/ou quando as comorbidades são potencialmente fatais em pacientes obesos. Para as indicações de farmacoterapia no tratamento da obesidade, podemos falar que a medicação não deve ser o único critério de tratamento; deve se concentrar no tratamento holístico de pacientes obesos e não apenas na perda de peso; e o tratamento deve ser prescrito e seguido por um especialista. Além disso, sob a orientação de um médico e de um consultor farmacêutico, as plantas medicinais podem ser uma alternativa no tratamento da obesidade.A Garcinia cambogia é um fitoterápico registrado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) com indicação terapêutica específica para esse fim. 30 9.1 Uso da sibutramina A ação farmacológica da sibutramina está relacionada principalmente à inibição da recaptação de serotonina e norepinefrina, neurotransmissores que existem em maior quantidade e por mais tempo na fenda sináptica, promovendo maior sensação de saciedade. Outro efeito que se mostrou relacionado à perda de peso é o aumento da taxa metabólica basal do paciente. Apesar desses efeitos, a sibutramina foi originalmente sintetizada como um antidepressivo. A sibutramina é eficaz no tratamento da obesidade, sobrepeso e componentes da síndrome metabólica e seus efeitos são potencializados quando utilizada em conjunto com orientação nutricional e atividade física. A sibutramina promoveu reduções estatisticamente significativas nos níveis de peso, colesterol total, triglicerídeos, LDL e hemoglobina glicada em pacientes obesos e diabéticos. Os efeitos colaterais mais comuns foram dor de cabeça, boca seca, constipação, insônia e pressão alta. Os efeitos colaterais mais comuns ocorrem em 10-20% dos casos. Além disso, o efeito adrenérgico do uso de sibutramina pode aumentar a pressão arterial em pacientes obesos. 9.2 Uso da anfepramona A anfepramona é estruturalmente semelhante à anfetamina, foi desenvolvida para controlar a hiperatividade em crianças e, paradoxalmente, para tratar a narcolepsia. No entanto, tem sido amplamente utilizado como um medicamento para anorexia devido ao seu efeito colateral de reduzir a fome. Atua na fenda sináptica inibindo a recaptação de norepinefrina e aumentando a interação deste neurotransmissor com os receptores pós-sinápticos, nos centros alimentares e de saciedade do hipotálamo, fazendo com que a fome diminua. No entanto, o aumento da atividade noradrenérgica não é seletivo, levando a efeitos adrenérgicos periféricos e centrais. Tem um efeito rápido (até 20 semanas), mas não mostra uma resposta duradoura à medida que a tolerância à anorexia se desenvolve. Induz dependência 31 sem sintomas óbvios de abstinência, no entanto, estima-se que 5% dos usuários evoluam para dependência total. Estudos clínicos não são considerados para apoiar totalmente sua eficácia no tratamento da obesidade. Os ensaios clínicos avaliaram apenas o desfecho primário da perda de peso, mas não as melhorias na morbidade e mortalidade associadas às complicações da doença relacionada à obesidade, confirmando sua eficácia. 9.3 Uso da Garcinia Cambogia Garcinia é um gênero da família Clusicaceae que inclui muitas espécies de arbustos e árvores nativas da África, Ásia, América tropical e Polinésia. Muitas espécies de Garcinia são encontradas na Índia, como Garcinia cambogia. Garcinia cambogia é uma fruta exótica nativa do sul da Índia usada como tempero para adicionar um sabor diferenciado à culinária indiana. O extrato de garcinia é obtido de sua casca, e o principal componente químico é o ácido hidroxicítrico (HCA). A capacidade de controlar e reduzir o peso corporal se deve a ela, por acelerar o próprio processo de utilização da gordura pelo próprio organismo. O mecanismo de ação do HCA promovendo a redução da lipogênese está relacionado à inibição da clivagem do citrato pela enzima ATP citrato desidrogenase. Ao inibir essa clivagem, o HCA impede a liberação de acetil coenzima A, substrato necessário para a síntese de ácidos graxos, que induz aumento do glicogênio hepático, reduzindo o apetite e aumentando o peso. Outra via metabólica do HCA está relacionada à redução do colesterol e da síntese de ácidos graxos no fígado, ajudando a reduzir a concentração plasmática de insulina, o que reduz a utilização de glicose pelos tecidos. Devido aos efeitos colaterais, há relatos crescentes de hepatotoxicidade na literatura. De acordo com o banco de dados de eventos adversos para plantas medicinais da ANVISA, foi relatado um relatório de farmacovigilância de anemia aplástica, faringite, pneumonia e hemorragia para garcinia cambogia, seguido de óbito, em paciente em uso concomitante de métodos contraceptivos. Garcinia cambogia pode causar desconforto estomacal leve e não deve ser administrado a crianças com menos de 12 anos de idade. 32 9.4 Uso de Orlistate Orlistate é derivado de uma substância de fungos (Streptomyces toxytricini NR0619), a lipostatina. Esta droga foi introduzida em 1999 por Hoffmann LaRoche para indicação na obesidade. Orlistate é um análogo mais estável e parcialmente hidrolisado da lipostatina (tetrahidrolipstatina), que inibe a lipase gastrointestinal por ligação irreversível (covalente) ao sítio ativo da lipase. Orlistate é atualmente o único inibidor de lipase aprovado para perda de peso e um potente inibidor de lipase gástrica e pancreática, atuando localmente no lúmen intestinal com mínima absorção gastrointestinal. Este medicamento inibe a hidrólise dos triglicerídeos em até 30%, reduzindo a taxa de absorção de gordura. A maioria dos efeitos colaterais causados pelo Orlistate são gastrointestinais e estão relacionados ao seu mecanismo de ação. Aumento do volume das fezes, fezes gordurosas, inchaço com ou sem passagem de gordura e urgência dos movimentos intestinais foram as reações mais comumente relatadas. 9.5 Uso da cafeína A cafeína pertence a um grupo de compostos solúveis conhecidos como purinas (trimetilxantina), encontrados naturalmente no café e grãos de cacau, chá, guaraná, chocolate, refrigerantes à base de cola e em forma de comprimido. A cafeína estimula a liberação de adrenalina, que atua como antagonista dos receptores de adenina nas células adiposas. Com isso, um aumento no nível intracelular de adenosina 3'5'monofosfato, ativa a lipase hormônio-sensível, promove a lipólise, com liberação de ácidos graxos livres na circulação. Esses compostos, usados para energia, armazenam glicogênio. A cafeína é solúvel em gordura e, quando entra no corpo, é rapidamente absorvida pelo trato digestivo. Seu metabolismo ocorre no fígado, iniciando-se com a remoção dos grupos metil 1 e 7, reação catalisada pelo citocromo P 50 1A2, resultando na formação de três metilxantinas. Apenas uma pequena quantidade de 33 cafeína pode ser excretada sem alterar sua estrutura química (0,5-3%) e sua detecção na urina é relativamente fácil. A cafeína afeta quase todos os sistemas do corpo, com seus efeitos mais óbvios ocorrendo no sistema nervoso central. Quando consumida em doses baixas (2 mg/kg), a cafeína aumenta o estado de alerta, reduz a sonolência, reduz a fadiga, aumenta a respiração, a liberação de catecolaminas, frequência cardíaca, o metabolismo e é diurética. Em alta dosagem (15mg/kg), causa nervosismo, insônia, tremores e desidratação. É rápida e eficazmente absorvida quando tomada por via oral, atingindo concentrações sanguíneas máximas 15 a 60 minutos após a administração oral, produzindo efeitos comportamentais, alerta e redução da fadiga, melhor desempenho em atividades que exigem mais alerta. A cafeína é considerada incomum em comparação com outras substâncias na produção de efeitos benéficos em uma ampla gama de rotinas de exercícios: desde os esforços de exercícios mais curtos e intensos até aqueles sob exercícios máximos e de alongamento. 10 PROCEDIMENTOS PARA EMAGRECIMENTO A cirurgia é um ramo da medicina especializado no tratamento de deformidades externas ou internas, lesões ou doenças realizadas por cirurgia. No quadro das possibilidades cirúrgicas, encontra-se a cirurgia plástica, que visa reconstruir artificialmente uma parte do corpo. A cirurgia plástica é dividida em cirurgia reconstrutiva e cirurgia plástica, com o objetivo anterior de restaurar a função e restaurar a forma causada por doença, lesão ou defeitos congênitos. A cirurgia plástica visaembelezar melhorando a aparência. No entanto, há uma dificuldade em delinear precisamente entre as duas cirurgias, pois ambas visam alcançar o equilíbrio da estrutura corporal com o objetivo de ser esteticamente unificador. 34 10.1 Acompanhamento nutricional O acompanhamento nutricional é a principal forma de tratamento que deve ser realizada em pacientes cujo objetivo é a perda de peso. Existem tipos diferentes de dietas e/ou planos alimentares, mas todos eles visam a perda de peso saudável e sustentável, promovendo os benefícios para a saúde do paciente. Segundo Bernardi e Vitolo (2005.) deve considerar tanto as motivações psicológicas do indivíduo para o ato de comer, quanto os efeitos fisiológicos decorrentes da recomendação dietética. A atividade física também é essencial para o controle do peso, além disso, tem sido implicada em benefícios físicos, psicológicos e sociais e no controle da composição lipídica e na redução do risco de doenças crônicas, propriedades não degenerativas, como obesidade, diabetes mellitus, hipertensão arterial e doenças cardiovasculares. 10.2 Cirurgia bariátrica A cirurgia bariátrica é o tratamento mais eficaz para a obesidade grau III (Capoccia et al., 2012). O objetivo do tratamento cirúrgico é melhorar não só a qualidade, mas também prolongar a vida das pessoas obesas, abordando os problemas físicos e psicossociais causados pelo excesso de peso (Buchwald, 2004). Candidatos à bariátrica são pacientes com índice de massa corporal (IMC) maior que 40 kg/m² (obesidade grau 3) ou com IMC maior que 35 kg/m em relação às seguintes condições: outras doenças, como hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes tipo 2, apneia do sono, entre outros (Neligan e Williams, 2005). No entanto, deve ser contraindicado em casos de doença pulmonar grave, casos de insuficiência renal crônica, lesão miocárdica grave e cirrose, ou naqueles que discordaram da cirurgia, ou que não puderam ser avaliados, sejam as alterações que ocorrerão após a cirurgia, seja devido a distúrbios alimentares, distúrbios psicológicos ou deficiências cognitivas. A cirurgia foi classificada como de difícil absorção, limitada ou mista. Os processos de má absorção reduzem a absorção de macro e micronutrientes. A restrição de atividade reduz a ingestão de alimentos e 35 promove a saciedade rápida após uma refeição. O procedimento misto é uma combinação das duas técnicas. Dos tratamentos cirúrgicos, os mais conhecidos são: Cirurgia de derivação biliopancreática; Duodenal switch ou cirurgia de hess; Gastroplastia vertical bandada ou cirurgia de mason; Banda gástrica ajustável (anel gástrico); Gastroplastia redutora com bypass gástrico em Y de roux; Terapia auxiliar conhecida como balão intragástrico (american society for bariatric surgery, 2012). A histerectomia consiste em pancreatectomia Scopinaro e obstrução duodenal, na qual um grande segmento do intestino delgado é excluído, prejudicando a absorção da maioria dos nutrientes e levando a deficiências nutricionais (American Society of Pathological Surgeons, 2012). Nessas cirurgias, o estômago, também reduzido de tamanho, mas em menor grau, ainda tinha capacidade de aproximadamente 500 mL, a má absorção, causada por um intestino curto, é uma das principais causas de perda de peso. Também conhecida como pancreatectomia parcial com gastrectomia distal, essa cirurgia é uma técnica que promove leve restrição alimentar e relativa má absorção, podendo o paciente ingerir quantidades razoáveis de alimentos. (Garrido et al., 2002). Outro procedimento bastante conhecido é a gastroplastia longitudinal em banda, desenvolvida em 1982 por Mason. Esta é uma cirurgia limitada que envolve o fechamento parcial do estômago com uma sutura, criando uma cavidade fechada. O uso de um anel compartimental resulta em esvaziamento mais lento desse “estômago pequeno”. Com este procedimento, os pacientes perdem em média 30% do seu peso total durante os primeiros anos (Consenso Latino-Americano de Obesidade, 1999). A "Lap Band" ou banda gástrica ajustável é outra técnica cirúrgica limitada. Consiste na implantação endoscópica de uma faixa de ajuste na parte superior do 36 estômago. Esse artefato é conectado a um dispositivo colocado sob a pele, permitindo a produção do volume do recipiente gástrico (Consenso Latino-Americano sobre Obesidade, 1999). No entanto, nos últimos anos, prevaleceu uma técnica, conhecida como cirurgia de Capella. Nesta intervenção, a cirurgia de bypass gástrico é combinada com um loop através do estômago em forma de Y (conhecido como Y de Roux). Esta técnica envolve restringir o estômago para manter um volume inferior a 30ml. A redução do volume da cavidade é conseguida pela colocação de um anel de compartimento na saída da cavidade formada (o orifício é inferior a 1,5 cm) e ligando-o a uma alça intestinal. Portanto, o consumo de carboidratos simples pode causar a chamada síndrome de "dumping" (náuseas, vômitos, ondas de calor, dor epigástrica, sintomas de hipoglicemia). Esta síndrome pode desempenhar um papel importante na manutenção da perda de peso. Com este procedimento, os pacientes recebem uma média de perdas de aproximadamente 35% a longo prazo. Esta é uma técnica segura com uma baixa taxa de morbidade (Buchwald, 2005). O balão gástrico é reconhecido como coadjuvante do preparo pré-operatório, que é um procedimento laparoscópico não cirúrgico para o implante de uma prótese de silicone, destinado ao para reduzir o volume do estômago e criar uma sensação de plenitude. O balão é preenchido com 500 ml de líquido azul de metileno que, se vazar ou estourar, será expelido na cor azul da urina. Os pacientes mantiveram a bola por uma média de seis meses. É indicado em pacientes com excesso de peso ou em pacientes pré-operatórios com excesso de (IMC superior a 50 kg/m2) (Sociedade Brasileira de Cirurgia Metabólica e Astênica, 2012). 37 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBERT, MB; CALLAWAY CW. Clinical nutrition for the house officer. Baltimore: Williams & Wilkins, 1992. ALMEIDA, L. M. de; RAMOS, K. F. C.; RANDOW, R.; GUERRA, V. de A. 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Science 280: 1378-83, 1998. 1 INTRODUÇÃO 2 O ATUAL QUADRO DA OBESIDADE 2.1 Influências no comportamento alimentar 2.2 Forma de avaliação nutricional 2.2.1 Métodos convencionais 2.3 Exame físico 2.4 Antropometria 2.4.1 Altura 2.4.2 Peso 2.4.3 Combinação peso e altura 2.4.4 Circunferência 2.4.5 Pregas cutâneas 3 EXAMES LABORATORIAIS 3.1 Hematológico 3.2 Avaliação da proteína 3.2.1 Albumina 3.2.2 Transferrina 3.2.3 Pré-Albumina 3.2.4 Creatina 3.2.5 Balanço nitrogenado 3.2.6 Colesterol Sérico 4 ASPECTO DO IDOSO 5 HORMONIO E METABOLISMO 5.1 Leptina 5.2 Grelina 6 FATORES FISIOLÓGICOS NO CONTROLE DE PESO E APETITE 6.1 Fatores neuronais: 6.2 Fatores endócrinos e adipocitários 6.3 Fatores intestinais 7 PLANEJAMENTO NUTRICIONAL 7.1 Implementação da Dietoterapia 7.2 Educação nutricional 7.3 Boa alimentação na prática esportiva 7.4 Prática de exercício e alimentação: recomendações. 7.5 Hidratação 8 PROCESSO DE MUDANÇA DE COMPORTAMENTO 8.1 Fatores de influência 9 FARMÁCOS 9.1 Uso da sibutramina 9.2 Uso da anfepramona 9.3 Uso da Garcinia Cambogia 9.4 Uso de Orlistate 9.5 Uso da cafeína 10 PROCEDIMENTOS PARA EMAGRECIMENTO 10.1 Acompanhamento nutricional 10.2 Cirurgia bariátrica 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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