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Direito Civil VIII - Aula 5 - Tipos de Dano

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Aula 5 - Tipos de Dano 1
Aula 5 - Tipos de Dano
Created
Class Direito Civil VIII
Type Anotação de aula
Materials
Date
Professor José Eduardo Martins
Semestre 8o
Áudio ouvido
Dano Social
Há, para a sociedade com um todo, um rebaixamento na qualidade de vida, ou seja, 
a partir do ato, seja pelo Poder Público, ou por particulares (sem ser mediado pelo 
Poder Público), causa dano à sociedade, causando um rebaixamento em sua 
qualidade de vida, diminui até a confiança que as pessoas possuem no poder 
público.
Prisão no bairro - ato lícito, tem que ser suportado em razão da configuração 
urbana. 
Exemplo: bueiros, acumulando lixo, onde não há manutenção e em decorrência 
começa a haver enchentes, causando dano no patrimônio privado, o 
proprietário/possuidor, poderia pedir indenização por esse dano social, pois 
rebaixou que eu iria usufruir do meio urbano (medo de sair pra não se afogar, de 
sair para não deixar os moveis molharem...). Não basta apenas um único evento em 
razão de algo específico que aconteceu naquele momento e não era previsto, mas 
algo que seja comprovável, que possa ser diretamente relacionado à ausência de 
manutenção. 
É uma ação social, mediante reclamação no MP. 
Parte da doutrina defende que o prefeito não seria responsabilizado, nem pelo 
cargo nem pela pessoa, e que para isso acontecer, precisaria haver um evento 
@March 16, 2023 9:22 PM
@March 16, 2023
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diretamente ligado a ele, como uma legislação. Nesse caso, a responsabilização 
seria pela união. A desobediência de uma determinação judicial não seria suficiente. 
Pode ter ao mesmo tempo a ação coletiva e a ação individual correndo, em 
paralelo. 
Exemplos - vou sair pra trabalhar, e não sei se o metrô está funcionando, porque 
está sempre em greve, diminui a minha confiança no serviço público. 
Ataques no Rio Grande do Norte, que estão acontecendo essa semana, de forma 
generalizada, diminui a minha confiança na segurança pública, na capacidade do 
Estado de me proteger. 
Favela - no momento da formação inicial até poderia falar de dano social, mas 
mesmo que de maneira extremamente precária, houve uma mínima organização, 
com um projeto (ruim) de saneamento, de luz, de água, etc, então a questão 
atualmente fica bem mais complexa, porque passou a haver uma conivência de 
ambos os lados. 
Mais comum que seja contra o Estado, não há vedação pra ser contra particular. 
Para responsabilização do prefeito/prefeitura, precisa haver uma ação ou omissão 
concreta, passível de prova. 
Dano reflexo/em ricochete
É aquele que vai ocorrer para uma pessoa, que se equipara a quem é a verdadeira 
vítima do dano, que a Lei faz a equiparação dessa pessoa.
Exemplo - casos em que herdeiros ou cônjuges sobreviventes entram com ação 
própria para defender a honra de terceiro falecido, porque a reputação do falecido 
espelha, ricocheteia, no herdeiro/cônjuge. Herdeiro entra com ação própria por 
mancharem a honra do de cujus.
art. 12, p. único: “Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida 
prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou 
colateral até o quarto grau.” 
art. 17, CDC: “Para os efeitos desta Seção (Da Responsabilidade pelo Fato do 
Produto e do Serviço), equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento”
Exemplo - eu estou como passageiro de um veículo, pegando carona para ir a 
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faculdade, dá um defeito no freio do carro (defeito de projeto) e sofremos um 
acidente. Quem poderia, em regra, reclamar pelo defeito do produto? O dono do 
carro, porém, já que eu sofri dano também, me equiparo ao consumidor e posso 
pedir dano em ricochete. Poderia, em tese, envolver até a empresa de transporte, 
como a Uber, se for em um carro de motorista particular.
Teoria do desvio produtivo do consumidor ou dano pelo tempo 
desperdiçado
É indenizável o tempo desperdiçado pelo consumidor, em razão da inércia, ou 
desídia, do fornecedor. 
Somente se aplica nas relações de consumo, consumeristas.
Exemplo - preciso instalar internet em minha casa, me informam que o técnico vai 
instalar, questiono o horário, e me avisam que pode aparecer desde segunda, às 
8h, até sexta, às 17h, e você teria que ficar o tempo todo à disposição do técnico // 
ou, ainda, ele vai aparecer entre 13h e 16h, porém, às 19h, ele não apareceu, ou 
seja, o período que você ficou aguardando pode ser indenizado, a título de dano 
pelo tempo desperdiçado.
Nesse caso, até o STJ tem entendido com indenizável, não configura mais mero 
dissabor. 
O problema dessa ideia é que ela transforma o tempo em valor jurídico, em bem 
jurídico, e por si só, não é. Você não indeniza o tempo. Como você mede esse 
valor?
Não é exatamente uma ideia nova, pode ser derivada do custo de oportunidade da 
economia. Você tem opções, possibilidades, e sempre vai ter que optar por uma. 
Você, em razão de outra pessoa, pode desperdiçar a chance de fazer algo melhor.
Por isso alguns criticam essa ideia. 
Fim das espécies de dano. Agora nexo de causalidade. 
Nexo de Causalidade
3 teorias - como ligo a causa ao resultado, para poder acarretar a culpa e o dever 
de indenizar
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Teoria da Equivalência das Condições (conditio sine qua non)
Tudo aquilo que contribuiu para gerar o resultado, gerar o dano, é considerado 
causa.
Exemplo: determinada montadora de carro faz o veículo, é colocado à venda e 
compro o carro, saio com o carro na rua, há um defeito no freio, ou bato em terceiro 
por ultrapassar o sinal vermelho, quem é o culpado? Eu, concessionária, fabricante 
do carro, fornecedor, é um retorno infinito. Não teria como seguir dessa forma. 
Direito Penal traz alguns parâmetros: devo analisar o dolo e a culpa, após 
analisado, entra no mérito do nexo de causalidade.
Nesse exemplo, a concessionária e o fabricante não seriam responsabilizados, pois 
não haveria dolo ou culpa por parte deles, mas eu sim, uma vez que, ao passar o 
sinal vermelho, tive essa responsabilidade. Temos que partir do pressuposto de que 
eu respeitaria as Leis de Trânsito. 
Não é muito adotada no cível, porque é muito difícil achar a conexão entre o dolo e 
a culpa.
Teoria da Causalidade Adequada 
Adotada por alguns Tribunais
Busca-se não só a causa do dano, mas uma verificação de probabilidade dessa dita 
causa ser realmente uma causa para fins de responsabilidade civil
No momento em que olho as possíveis causas que levaram àquela consequência, 
devo fazer um exame de probabilidade estatístico, de se tivesse agido da maneira 
X, Y, ou ocorresse Z, o dano ocorreria? Teria a previsibilidade ao autor de que o 
dano ocorreria?
Exemplo: pessoa pegou o carro, está atrasada para ir ao aeroporto pegar um avião. 
Eu sou um desafeto da pessoa, jogo o carro na frente dela, faço ela ficar atrasada e 
ela perde o voo. Após fugir de mim, ela consegue ir ao aeroporto, troca o voo, ela 
pega o avião e morre. Tenho a obrigação de ser responsabilizado pela morte do 
meu desafeto? Devo verificar as estatísticas, ou seja, qual a probabilidade de eu 
saber que aquele segundo voo cairia e a pessoa morreria? Teve culpa, nesse 
sentido? Não. 
Exemplo: direito penal, soco a cara da pessoa, ela entra na ambulância, o motorista 
bate em uma árvore e a pessoa morre. Respondo por lesão corporal ou homicídio? -
Por lesão corporal, houve a interrupção do nexo causal, e a probabilidade de eu 
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saber que a ambulância resultaria na morte dele, é mínima, e o soco não causaria a 
morte, a chance é mínima.
O problema dessa teoria é que é muito subjetivo, fica uma teoria do “e se…", não 
traz segurança sobre o que é o nexo causal ou não.

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