Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aula 6 - Cont. Nexo de Causalidade 1 Aula 6 - Cont. Nexo de Causalidade Created Class Direito Civil VIII Type Anotação de aula Materials Date Professor José Eduardo Martins Semestre 8o Áudio ouvido Teoria dos Efeitos Diretos e Indiretos (adotamos essa teoria) Aqui vamos olhar a necessariedade da causa para a produção do resultado danoso, ou seja, quando fizer a análise do nexo causal, devo observar o efeito direto e imediato com a produção do dano em si, não em relação a tempo, mas naquilo que foi direto e necessário para o resultado danoso. Exemplo: cara jogando futebol, dá uma briga no meio do jogo, terceiro dá um soco no rosto dele, ele entra na ambulância, ela capota e o jogador lesionado morre. No âmbito penal, ele não responde pelo crime relacionado à morte. No âmbito cível, o que foi suficiente para o evento morte foi o capotamento da ambulância, e não o soco na cara (estar na ambulância é o evento direto que resultou na morte), então o resultado é o mesmo, não responde pela morte. Exemplo da vaca pestilenta: um determinado vendedor vende ao comprador uma vaca pestilenta, com doença infecciosa. O vendedor sabe que a vaca está doente e pode contaminar o rebanho do comprador. Com efeito, essa vaca contamina o rebanho e todas morrem. Sem o rebanho, o comprador não pode aproveitar da terra, não consegue pagar os credores e, assim, perde casa e demais bens. Qual a responsabilidade do vendedor? Responde pela morte do rebanho, que é o efeito @March 27, 2023 4:32 PM @March 23, 2023 Aula 6 - Cont. Nexo de Causalidade 2 direto, mas os demais são remotos e indiretos, mediados por outros fatores. Pela não possibilidade de pagamento do credor, pela perda do patrimônio? Qual é o limite da responsabilidade? Aquilo que está diretamente e imediatamente ligado ao dano é o nexo de causalidade e, o que for além disso, montará um novo nexo (no exemplo, o evento direto e imediato é a morte do rebanho, respondendo somente por isso, quanto valia no rebanho) art. 403, CC: “Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual.” Por mais que seja da responsabilidade contratual, é uma analogia à teoria dos efeitos diretos e imediatos Na prática, os Tribunais “batem cabeça” entre as teorias (ii) e (iii) - teorias da causalidade adequada e a dos efeitos diretos e imediatos * É possível derivar da Teoria da Imputação Objetiva, do direito penal Diferença entre risco permitido X risco proibido Em qualquer atividade cotidianas, há riscos, mas em alguns o Estado pode prever Risco permitido → ex. venda de arma (quem vendeu a arma, fez um risco permitido, não sendo responsável); dar carona para alguém, respeitando as leis de trânsito, mas bateu o carro (risco permitido) Risco proibido → ex. pessoa que compra a arma para matar alguém, sem excludente de ilicitude (ela realizou um risco proibido); dar carona, ultrapassar o limite e bater o carro (risco proibido) Aqui, ele tenta falar onde não há nexo de causalidade, sendo mais fácil de verificar sua existência no caso concreto (usando essa teoria para identificar o nexo de causalidade é mais fácil)* Concausas Duas causas que podem se atrapalhar ou se unir, para verificar se é possível punir a pessoa pelo evento ou não. Aula 6 - Cont. Nexo de Causalidade 3 1. Absolutamente independente: nexo de causalidade, primeiro, sobre o evento danoso, mas acontece outro, independente do primeiro, que efetivamente causa do dano, não respondendo pelo prejuízo final (ex. dei uma facada na pessoa, vou finalizar o trabalho e ocorre um terremoto, em que a pessoa lesionada morre -> não respondo pela morte da pessoa) O segundo nexo foi quem efetivamente causou o dano. Não é preexistente nem concomitante nem superveniente. 2. Relativamente independente: Se Preexistente -> respondo pelo prejuízo final Exemplo, dei uma facada pequena, a pessoa é hemofílica, então não cicatriza. Se eu sei dessa condição da pessoa e aproveito disso para matar a pessoa, impossibilito que ela busque atendimento, a causa é relativamente independente, porque eu já sabia da situação, e uso dessa informação para matá-la, portanto, tenho responsabilidade. Se concomitante -> respondo pelo prejuízo final Exemplo: vou matar a pessoa e ela toma um susto tão grande, que infarta e morre. Ela não morreu pela facada, mas pelo meu susto, que causou morte na hora, então respondo por isso Se superveniente -> se o evento danoso é resultante de uma concausa relativamente independente superveniente, por si só, causou o dano, não atribui responsabilidade ao agente imputado. Exemplo: jogador que lesionei e foi para a ambulância, o evento da ambulância capotar ocorre por si só, não havendo responsabilidade minha Excludentes de Ilicitude A regra no cível não é a mesma do penal. Aula 6 - Cont. Nexo de Causalidade 4 Legítima Defesa Aqui, como regra, não há o dever de indenizar - art 188 par 1o. art. 188, I: “Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido” Exceções - legítima defesa putativa (imagina que está diante de uma situação que na realidade não existia). Art 930 par único art. 930: “No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado.” Exemplo: o cara bateu em meu carro e, por consequência, bati no carro da vítima, eu respondo e posso cobrar o terceiro que praticou o dano em mim. p. único: “A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o dano (art. 188, inciso I)” Exemplo: Teve um terceiro que causou um dano, achando que estava em legítima defesa de terceiro. Na verdade, ele acha que está em legítima defesa de terceiro, o ofendido vai pedir indenização e, depois, quem sofreu a indenização pode entrar com ação de regresso contra o causador do dano => legítima defesa putativa Putativa: você imagina que está diante uma circunstância que, na realidade, não existe (ex. eu vou em direção do Miguel com a mão no bolso, ele acha que vou atirar nele, saca uma faca e me atinge → aqui, não se enquadra em excludente da ilicitude) Exercício Regular do Direito Não há dever de indenizar Estrito Cumprimento do Dever Legal Não há dever de indenizar Estado de Necessidade Aqui, há a necessidade de indenizar em alguns casos. art. 188, II: “Não constituem atos ilícitos: II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.” Aula 6 - Cont. Nexo de Causalidade 5 art. 929: “Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.” Exemplo: tenho minha casa, um amigo meu não presta atenção no fogão e a casa está pegando fogo, meu outro amigo vê a situação e arrebenta a porta para sair correndo. Eu, dono da casa/bem, não causei o dano (incêndio), mas fui lesionado por quem arrebentou a janela e por quem causou o incêndio. art. 930, caput: “No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado.” No mesmo exemplo, cabe ação de regresso da pessoa que quebrou a porta ao culpado do incêndio, mas quem deve me indenizar pela porta é a pessoa que a quebrou. Se salva do crime, mas tem que indenizar.
Compartilhar