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Manejo e Cuidados de Estomias e Fístulas 02 1. Conceitos Gerais de Estomas 4 Introdução 4 Estomias Alimentares 6 Estomias Intestinais 6 Estomias Urinárias 7 Nefrostostomia ou Pielostomia 7 Outras Estomias 7 Quanto à Permanência 8 Estomia Definitiva 8 Estomia Temporária 8 Evolução Esperada 8 Possíveis Complicações 8 Portaria Ms 400, de 16 de Novembro de 2009 11 O Cuidado à Pessoa com Estomia 16 Cuidados Gerais e Processo de Reabilitação 17 2. Estomia X Fístulas 21 Equipamentos e Cuidados 25 Seleção do Sistema para Estomia 25 Sistema de Peça Única 25 Sistema Tradicional de Duas Peças 25 Protetor Cutâneo ou Barreiras Protetoras da Pele 26 Como Utilizar os Protetores Cutâneos? 27 Cinto de Sustentação 27 Filtro de Carvão Ativado 28 Irrigação 28 3. Referências Bibliográficas 30 03 4 MANEJO E CUIDADOS DE ESTOMIAS E FÍSTULAS 1. Conceitos Gerais de Estomas Fonte: Geohosp1 Introdução essoa com estomia é aquela que em resultado de um procedi- mento cirúrgico, que incide na exte- riorização do sistema (digestório, respiratório e urinário), tem uma fenda artificial entre os órgãos inter- nos com o meio exterior (BRASIL, 2009). A terminologia da estomia se dá conforme o segmento corporal exteriorizado. De tal modo, “tem-se as estomias de respiração (traque- ostomia), as estomias de alimenta- ção (gastrostomia e jejunostomia) e as estomias de eliminação (urosto- 1 Retirado em: https://geohosp.com mias, ileostomias e colostomias) ” (Santos & Cesaretti, 2015). No Brasil há poucas informa- ções sobre o número de pessoas com estomias, o que atrapalha produzir sua epidemiologia. De acordo com Santos (2007), “[...] é difícil precisar um qua- dro epidemiológico sobre as es- tomias por serem sequelas ou consequências de doenças ou traumas e não uma doença. As- sim, os dados sobre estomias são desafiadores por depender de registro sistematizado de in- formações em um território de dimensões continentais dife- renciadas, em que existem desi- gualdades estruturais, filosófi- cas e organizacionais dos servi- P 5 MANEJO E CUIDADOS DE ESTOMIAS E FÍSTULAS ços de saúde. A International Ostomy Association (IOA) faz uma projeção de que existe uma pessoa com estomia para cada 1.000 habitantes em países com um bom nível de assistência médica, podendo ser bem infe- rior nos países menos desen- volvidos. [...] ” Nesse aspecto, estima-se que o Brasil possui pouco mais de 207 mil indivíduos com estomias no ano de 2018 (IOA, 2007). “Ressalta-se que esta estimati- va foi calculada considerando- se as estomias de eliminação. A partir do artigo 5º do Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004, as pessoas com estomias foram identificadas como “defi- cientes físicos” no Brasil, consi- derando sua limitação e/ou in- capacidade para o desempenho de atividades, passando assim, a ter toda a proteção social con- feridos a uma Pessoa com Defi- ciência no ordenamento jurídi- co, nas esferas federal, estadual e municipal (BRASIL, 2004). ” Neste conjunto é necessário analisar a organização das Redes de Atenção à Saúde (RAS) lugar e regi- onal como tática para uma assistên- cia irrestrita, distinta e resolutiva com objetivo ao desenvolvimento do autocuidado, direções específicas e tratamento precoce para impedir intercorrências e melhor qualidade de vida na coerência do Sistema Único de Saúde (SUS). Compete corroborar que a classificação das estomias procede de sua colocação e da localidade onde foi realizada, começando pelo nome do lugar e seguido de "osto- mia". Fonte: UTP Compete corroborar que a classificação das estomias procede de sua colocação e da localidade on- de foi realizada, começando pelo no- me do lugar e seguido de "ostomia". “Exemplos: Traqueia – Traque- ostomia; Cavidade Pleural – Pleurostomia; Esôfago – Esofa- gostomia; Estômago – Gastros- tomia; Duodeno – Duodenosto- mia; Vesícula Biliar – Colecis- tostomia; Jejuno – Jejunosto- mia; Íleo – Ileostomia; Ceco – Cecostomia; Parede Cólica – Colostomia; Cólon Transverso – Transversostomia; Sigmóide – Sigmoidostomia; Rim – Ne- frostomia; Ureter – Ureteros- tomia; Bexiga – Cistostomia; Cavidade Peritoneal – Peritoni- ostomia. ” (SULTI e MACHA- DO, et al.; 2017). 6 MANEJO E CUIDADOS DE ESTOMIAS E FÍSTULAS Fonte: Ebserh Estomias Alimentares Note que as gastrostomias e as jejunostomias são feitas com o desígnio de administrar alimentos (pastosos e/ou líquidos). Dessa for- ma, a estomia alimentar, de acordo com a localização, pode ser quali- ficada em: Gastrostomia: Procedimento ci- rúrgico que constitui no acesso à luz do estômago por meio da parede abdominal. Fonte: SciELO Jejunostomia: Procedimento ci- rúrgico que constitui no acesso à luz do jejuno proximal por meio da parede abdominal. Fonte: SciELO Estomias Intestinais Colostomia e ileostomia são consideradas, concomitantemente, como intervenções cirúrgicas feitas pela fissura de segmento cólico ou ileal na parede abdominal, criando um desvio da substância fecal para o meio externo. Fonte: Brasil escola 7 MANEJO E CUIDADOS DE ESTOMIAS E FÍSTULAS Assim a colostomia, conforme a localização, pode ser classificada em: “Colostomia Ascendente É rea- lizada com a parte ascendente do cólon (lado direito do intestino grosso). As fezes são líquidas ou semilíquidas nos primeiros dias após a cirurgia e pastosas após a readaptação intestinal. Colostomia Trans- versa. É realizada na parte transversa do cólon (porção en- tre o cólon ascendente e des- cendente). As fezes são de semi- líquidas a pastosas. Colostomia Descendente É realizada na parte descendente do cólon (la- do esquerdo do intestino gros- so). As fezes são de pastosas a sólidas e, no início, o funcio- namento do estoma é irregular podendo eliminar fezes várias vezes ao dia, em diferentes mo- mentos. Com o tempo, o funcio- namento pode se regularizar, mas será sempre involuntário. Colostomia Sigmóide. É reali- zada na parte do sigmóide. As fezes são de firmes a sólidas (se- melhante às fezes eliminadas pelo ânus) e também é possível adquirir regularidade. Colosto- mia Úmida em Alça É realizada para permitir a saída de urina e fezes pelo mesmo estoma. É uma alternativa para pacientes que necessitam de dupla deri- vação (aparelho urinário e di- gestório). ” (SULTI e MACHA- DO, et al.; 2017). Ainda, a colostomia possui a possiblidade se ser duplo barril ou duas bocas: onde o intestino é total- mente afastado e as duas porções finais são levadas para a parede ab- dominal, desenvolvendo dois esto- mas distintos, o estoma proximal, operante, e o estoma distal, que não operacional. Como ainda pode ser com uma única abertura dependen- do da técnica cirúrgica adotada. Já a Ileostomia é a exterio- rização do final intestino delgado, originário de qualquer pretexto que antepare a passagem das fezes pelo intestino grosso. As substancias, nesse episódio, são mais líquidos do que os extintos por uma colostomia. Estomias Urinárias Urostomia é toda configuração de drenagem de urina por fora dos condutos naturais, que abarcar a pelve renal, ureteres, bexiga e uretra. Nefrostostomia ou Pielos- tomia Quando provenientes espon- taneamente dos rins Ureterostomia. Quando externa um ureter Cistos- tomia. Quando procede da bexiga Vesicostomia. Quando advém a proscrição da bexiga. Outras Estomias A Colecistostomia é o artifício que submerge a vesícula biliar para a proscrição de seu produto. 8 MANEJO E CUIDADOS DE ESTOMIAS E FÍSTULAS Quanto à Permanência A Estomia pode ser qualificada em definitiva ou temporária. Estomia Definitiva É aquele em que foi indispen- sável paraausentar-se uma estrutu- ra que nutre o fisiologismo do trato gastrointestinal. Por exemplo: re- moção do esfíncter anal, ou do reto por completo, que não permitiria o funcionamento fisiológico do intes- tino. Estomia Temporária No procedimento cirúrgico inicial, foram conservadas as estru- turas que permitam o funcionamen- to fisiológico do trato gastrointes- tinal depois recobramento da doen- ça de base. “O tempo de permanência do estoma temporário varia, em média, de 03 a 12 meses. Para não frustrar as expectativas e o direito do usuário, abreviar seu retorno ao trabalho, desonerar a Previdência Social e o Serviço Ambulatorial, devem ser adota- das as condutas previstas neste manual visando à reversão da estomia. Quando não há defini- ção do diagnóstico ou do trata- mento, a condição de temporá- rio pode não prever um prazo para a reversão. Nesse caso é usual o emprego do termo “in- definido”. (SULTI e MACHA- DO, et al.; 2017). Evolução Esperada Nos primeiros dias depois a cirurgia, tem a possibilidade de o es- toma permanecer edemaciado (alti- vo). Aos poucos o edema diminui. O estoma possui a cor avermelhada ou roseada análoga à mucosa da boca (parte interna). A pele envolta do es- toma (pele periestomal) necessita estar lisa, sem danos ou ferimentos. “Como o estoma não tem termi- nações nervosas, não dói ao ser tocado; no entanto, pode apre- sentar um pequeno sangramen- to. Realizada a estomia, o orga- nismo passa por uma adap- tação. A consistência das fezes e a frequência da evacuação um- darão após 30 dias da cirurgia, aproximadamente. ” (SULTI e MACHADO, et al.; 2017). Possíveis Complicações As plausíveis complicações do estoma estão conexos a múltiplos fa- tores, bem como: idade, nutrição, técnica cirúrgica imprópria, esforço físico precoce, carência no autocui- dado, infecções, acrescente de peso, localização imprópria do estoma ou carência de dispositivos apropria- dos. “As complicações físicas do es- toma são classificadas de acor- do com o tempo, contando a partir da intervenção cirúrgica. Podem ser imediatas, precoces 9 MANEJO E CUIDADOS DE ESTOMIAS E FÍSTULAS e tardias. Imediatas quando aparecem nas primeiras 24 ho- ras de pós-operatório. Precoces quando aparecem entre o 1º e 7º dia no pós-operatório, que corresponde ao pós-operatório mediato. Tardias, quando se manifestam após a alta hospi- talar, ou seja, quando os famili- ares ou a pessoa ostomizada as- sume os cuidados com o esto- ma. ” (SULTI e MACHADO, et al.; 2017). Em meio aos tipos de intercor- rências, são mais corriqueiros os seguintes eventos: Abscesso: pode aparecer no esto- ma ou no orifício na parte exterior da alça intestinal. “A infecção da mucosa é geral- mente provocada por fungos ou germes anaeróbicos, podendo ser decorrente, ou não, de is- quemia parcial do estoma. Já a infecção que ocorre em torno do estoma pode acometer todo o trajeto da parede abdominal, frequentemente decorre da contaminação no momento da passagem da alça pelo trajeto ou da contaminação no mo- mento da manutenção. ” (SULTI e MACHADO, et al.; 2017). Dermatite: pode derivar do conta- to com efluente ou produtos empre- gados na pele periestoma. “Esses agentes causam distúr- bios nos mecanismos de defesa da pele, permitindo a penetra- ção de substâncias nocivas e desenvolvendo processo infla- matório. A dermatite alérgica pode ocorrer pela aplicação de produtos contínuos e/ou pro- dutos errôneos nos cuidados com estomas, que podem pro- vocar uma reação. As causas mais comuns de dermatite por trauma mecânico incluem téc- nicas de limpeza ou retirada traumática do dispositivo, fric- ção ou pressão continua de dis- positivos mal adaptados, ou troca frequente de bolsa cole- tora. ” (SULTI e MACHADO, et al.; 2017). Edema: acontece pela mobilização da alça intestinal, ainda trauma na localidade, e, especialmente, pela passagem por meio de um trajeto es- treito do elemento abdominal para parte exterior da alça. O seu desen- volvimento deve ser acompanhado, visto que pode impacientar necrose, por redução da irrigação sanguínea. Estenose: surge comumente no terceiro mês depois do operatório, quando acontece estreitamento da luz do estoma, sendo advertida tanto em superfície cutâneo como da fáscia. “Na fase inicial observa-se fezes afiladas, ocorrendo dificuldade crescente para eliminar o con- teúdo intestinal, podendo levar a quadro de suboclusão. A cor- reção poderá necessitar de tra- tamento cirúrgico. Foliculite: causada pela remoção traumá- tica dos pelos da região peries- tomal ou remoção inadequada da bolsa, provocando lesão/ 10 MANEJO E CUIDADOS DE ESTOMIAS E FÍSTULAS inflamação na epiderme ao re- dor do folículo piloso. ” (SULTI e MACHADO, et al.; 2017). Varizes periestomais: aconte- cem com a dilatação das veias cutâ- neas envolta do estoma na cor roxo- azulado em indivíduos ostomizadas, cirróticos e hipertensos portal. Hemorragia: pode acontecer nas primeiras horas depois da confecção do estoma, na borda do estoma, ou ainda no intestino que está aprisio- nado na parede do abdômen, ou nos dois, ou até mesmo na parede abdo- minal assim como músculos ou sub- cutâneo, comumente em resultado da hemostasia imprópria ao longo da construção do estoma. Ressalta- se que um breve sangramento inicial pode ser comum, contudo, se for contínuo e abundoso um atendi- mento hospitalar carece ser imedia- tamente procurado. Hérnia periestomal: está conexa o desenvolvimento de um orifício abdominal amplo ou, em caso de indivíduos obesas e com mau estado total ou, também, pela acrescente da pressão intra-abdominal e localiza- ção do estoma em corte operatória anterior. “A hérnia surge quando existe um espaço entre o segmento in- testinal que forma o estoma e o tecido circundante, configuran- do um defeito fascial, sendo o resultado uma saliência total ou parcial na base do estoma. Quando associada à fragilidade muscular periestomal de menor intensidade, o que ocorre em muitos usuários com estomia, esses podem permanecer sem correção cirúrgica. O apareci- mento de hérnia periestomal é tão comum que pode ser consi- derada como inevitável. Indica- se cirurgia corretiva apenas quando a hérnia está causando muitos transtornos às ativida- des de vida diária. Nesses casos, prioriza-se mudar a estomia de lugar e corrigir a fraqueza abdo- minal. ” (SULTI e MACHADO, et al.; 2017). Necrose: pode acontecer por isque- mia arterial (carência na chegada de sangue), ou ainda por isquemia ve- nosa (drenagem venosa da parte exteriorizada), sendo mais usual em pessoas obesos e com distensão ab- dominal. “Prolapso: exteriorização ines- perada total ou parcial do seg- mento da alça intestinal pelo estoma. Esta complicação não é letal, mas causa problemas de pele e grande dificuldade no cuidado ao estoma, requerendo cuidados médicos. (SULTI e MACHADO, et al.; 2017). Retração: acontece devido à má ancoragem ou insuficiente exteriori- zação da alça intestinal distorcendo ao ponto de deslocamento do esto- ma para a cavidade abdominal. 11 MANEJO E CUIDADOS DE ESTOMIAS E FÍSTULAS Portaria Ms 400, de 16 de Novembro de 2009 Em resumo sobre A pessoa ostomizada, a Portaria estabelece as seguintes determinações: “Parágrafo único. Pessoa osto- mizada é aquela que em decor- rência de um procedimento ci- rúrgico que consiste na exterio- rização do sistema (digestório, respiratório e urinário), possui um estoma que significa uma abertura artificial entre os ór- gãos internos com o meio ex- terno. Art. 2º Definir que a atenção à saúde das pessoas com estoma seja composta por ações desen- volvidas na atenção básica e ações desenvolvidas nos Servi- ços de Atenção à Saúde das Pes- soas Ostomizadas. Parágrafo único. Na Atenção Básicaserão realizadas ações de orientação para o autocuidado e prevenção de complicações nas estomias. Art. 3º Determinar que o Servi- ço de Atenção à Saúde das Pes- soas Ostomizadas seja classifi- cado em Atenção às Pessoas Ostomizadas I e Atenção às Pessoas Ostomizadas II. § 1º O serviço classificado em Atenção às Pessoas Ostomiza- das I deverá realizar ações de orientação para o autocuidado, prevenção de complicações nas estomias e fornecimento de equipamentos coletores e adju- vantes de proteção e segurança. § 2º O serviço classificado em Atenção às Pessoas Ostomi- zadas II deverá realizar ações de orientação para o autocui- dado, prevenção e tratamento de complicações nas estomias, fornecimento de equipamentos coletores e adjuvantes de prote- ção e segurança e capacitação de profissionais. Art. 4º Estabelecer, na forma do Anexo I desta Portaria, as Orientações Gerais para o Ser- viço de Atenção à Saúde das Pessoas Ostomizadas. Art. 5º Definir que as Secre- tarias de Saúde dos Estados, Distrito Federal e Municípios em gestão plena e que aderiram ao Pacto pela Saúde, adotem as providências necessárias à or- ganização da Atenção à Saúde das Pessoas Ostomizadas, de- vendo para tanto: I - orientar quanto ao cadastro de pessoas com estoma; II - organizar e promover as ações na atenção básica; III - estabelecer fluxos e meca- nismos de referência e contrar- referência para a assistência às pessoas com estoma na atenção básica, média complexidade e alta complexidade, inclusive para cirurgia de reversão de estomias nas unidades hospi- talares; 12 MANEJO E CUIDADOS DE ESTOMIAS E FÍSTULAS IV - zelar pela adequada utiliza- ção das indicações clínicas de equipamentos coletores e adjuvantes de proteção e segu- rança para pessoas com estoma; V - efetuar o acompanhamento, controle e avaliação que permi- tam garantir o adequado desen- volvimento das atividades pre- vistas para a assistência às pes- soas com estoma; e VI - promover a educação per- manente de profissionais na atenção básica, média e alta complexidade para a adequada atenção às pessoas com estoma. [...] ANEXO I ORIENTAÇÕES GERAIS PARA O SERVIÇO DE ATENÇÃO À SAÚDE DAS PESSOAS OSTO- MIZADAS Estomia é um procedimento ci- rúrgico que consiste na exterio- rização do sistema (digestório, respiratório e urinário), criando um orifício externo que se chama estoma. Estomias Intestinais (colosto- mia e ileostomia) -são interven- ções cirúrgicas realizadas, tanto no cólon (intestino grosso) como no intestino delgado e consiste na exteriorização de um segmento intestinal, através da parede abdominal, criando assim uma abertura artificial para a saída do conteúdo fecal. Estomias Urinárias (urosto- mia) -abertura abdominal para a criação de um trajeto de drenagem da urina. São realiza- das por diversos métodos cirúr- gicos, com objetivo de preser- var a função renal. Gastrostomia - é um procedi- mento cirúrgico que consiste na realização de uma comunicação do estômago com o meio exte- rior. Tem indicação para pes- soas que a necessitam como via suplementar de alimentação. Traqueostomia - procedimento cirúrgico realizada para criar uma comunicação da luz tra- queal com o exterior, com o objetivo de melhorar o fluxo respiratório. 1. O Serviço classificado em Atenção às Pessoas Ostomiza- das I 1.1. Definição: serviço que presta assistência especializada de natureza interdisciplinar às pessoas com estoma, objetivan- do sua reabilitação, com ênfase na orientação para o autocui- dado, prevenção de complica- ções nas estomias e forneci- mento de equipamentos coleto- res e adjuvantes de proteção e segurança. Deve dispor de equi- pe multiprofissional, equipa- mentos e instalações físicas adequadas, integrados a estru- tura física de policlínicas, am- bulatórios de hospital geral e especializado, unidades ambu- latoriais de especialidades, uni- dades de Reabilitação Física. 1.2. Atribuições I - responsabilizar-se, sob coordenação do gestor local, pela organização da demanda e do atendimento às pessoas com estoma, no âmbito de seu território; II - prestar atenção qualificada que envolve a educação para o autocuidado, a avaliação das necessidades biopsicossociais gerais do indivíduo, as especí- ficas relacionadas à estomia e pele periestomia, incluindo a indicação e prescrição de equi- pamentos coletores e adjuvan- tes de proteção e segurança, en- 13 MANEJO E CUIDADOS DE ESTOMIAS E FÍSTULAS fatizando a prevenção de com- plicações nas estomias; III - responsabilizar-se pela administração dos equipamen- tos coletores e adjuvantes de proteção e segurança desde a aquisição, o controle do esto- que, condições de armazena- mento e o fornecimento para as pessoas com estoma; IV - orientar os profissionais da atenção básica para o atendi- mento das pessoas com estoma; V - orientar e incentivar os usuários à participação em gru- pos de apoio; VI -realizar e manter atualizado o cadastramento dos pacientes atendidos no serviço; VII - estabelecer com o paciente a periodicidade para entrega dos equipamentos coletores e adjuvantes de proteção e segu- rança; VIII - orientar sobre a impor- tância do acompanhamento médico no serviço de origem; IX - realizar encaminhamento necessário quando detectadas quaisquer intercorrências; X -orientar a pessoa com esto- ma para o convívio social e familiar. [...] 1.5. Atividades I - atendimento individual (consulta de enfermagem e con- sulta médica e consulta de serviço social); II - atendimento em grupo (orientação, grupo operativo, atividades educativas em saúde e de vida diária); III - orientação à família; IV - atividades enfocando a inclusão da pessoa com estoma na família e na sociedade; V - planejamento quantitativo e qualitativo dos equipamentos coletores e adjuvantes de prote- ção e segurança para distribui- ção; VI - atividades de orientação aos profissionais da atenção básica para o estabelecimento de fluxos de referência e con- trarreferência. 2. O Serviço classificado em Atenção às Pessoas Ostomi- zadas II 2.1 Definição: serviço que presta assistência especializada e de natureza interdisciplinar às pessoas com estoma objeti- vando sua reabilitação, incluin- do a orientação para o auto- cuidado, prevenção, tratamen- to de complicações nas esto- mias, capacitação e forneci- mento de equipamentos coleto- res e adjuvantes de proteção e segurança. Deve dispor de equi- pe multiprofissional, equipa- mentos e instalações físicas adequadas, integrados a estru- tura física de policlínicas, am- bulatórios de hospital geral e especializado, unidades ambu- latoriais de especialidades, uni- dades de Reabilitação Física, Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia - UNACON e Centro de Assis- tência de Alta Complexidade em Oncologia - CACON. 2.2. Atribuições I - responsabilizar-se, sob coordenação do gestor local, pela organização da demanda e do atendimento às pessoas com estoma no âmbito de seu território; II - realizar e manter atualizado o cadastramento dos pacientes atendidos no serviço; III - prestar assistência especia- lizada que envolve a educação para o autocuidado, a avaliação das necessidades biopsicosso- ciais gerais do indivíduo e da 14 MANEJO E CUIDADOS DE ESTOMIAS E FÍSTULAS família e as específicas relacio- nadas à estomia e pele peries- tomia, incluindo a prevenção e tratamento das complicações, indicação e prescrição de equipamentos coletores e adju- vantes de proteção e segurança. IV - responsabilizar-se pela administração dos equipamen- tos coletores e adjuvantes de proteção e segurança desde a aquisição, o controle do esto- que, as condições de armaze- namento, avaliação e forneci- mento para as pessoas com estoma; V - orientar e incentivar as pessoas com estoma à parti- cipação em grupos de apoio; VI - orientar sobre a impor- tância do acompanhamento médico no serviço de origem; VII - realizarencaminhamento necessário quando detectadas quaisquer intercorrências; VIII - orientar e preparar a pessoa com estoma para o convívio social e familiar; IX - orientar e capacitar os profissionais da atenção básica e do Serviço classificado em Atenção às Pessoas Ostomi- zadas I; X - realizar junto as unidades hospitalares a capacitação das equipes de saúde quanto à assistência nas etapas pré e pós-operatórias das cirurgias que levam à realização de esto- mias, incluindo as reconstru- ções de trânsito intestinal e urinários assim como o trata- mento das complicações pós- operatórias; XI - realizar capacitação para técnicas especializadas junto aos profissionais das unidades hospitalares e equipes de saúde do Serviço de Atenção a Saúde das Pessoas Ostomizadas I. [...] 2.4. Recursos Humanos O Serviço deverá dispor de no mínimo os seguintes recursos humanos: -1 médico (médico clínico ou proctologista ou urologista ou gastroenterologista, cirurgião geral ou cirurgião pediátrico ou cancerologista cirúrgico ou cirurgião de cabeça e pescoço ou cirurgião torácico) -1 enfermeiro (com capacitação em assistência às pessoas com estoma) - 1 psicólogo - 1 nutricionista - 1 assistente social O número de profissionais deve ser adequado às demandas e à área territorial de abrangência do serviço, dando-se à prio- ridade a maior proporção de enfermeiros na equipe. Os profissionais não necessitam ser exclusivos do serviço. 2.5. Atividades I - atendimento individual (consulta de enfermagem, con- sulta médica, consulta de servi- ço social, psicologia e nutrição); II - atendimento em grupo (orientação, grupo operativo, atividades educativas em saúde e de vida diária); III - orientações à família; atividades enfocando a inclusão das pessoas com estoma na família e sociedade; IV - planejamento quantitativo e qualitativo dos equipamentos coletores e adjuvantes de prote- ção e segurança para aquisição e fornecimento para as pessoas com estoma; V - atividades de orientação aos profissionais da atenção básica e hospitalares para o estabe- lecimento de fluxos de referên- cia e contrarreferência; 15 MANEJO E CUIDADOS DE ESTOMIAS E FÍSTULAS VI - capacitação para técnicas especializadas aos profissionais das unidades hospitalares e equipes de saúde do Serviço de Atenção a Saúde das Pessoas Ostomizadas I. ANEXO II RELAÇÃO DOS EQUIPAMEN- TOS COLETORES E ADJU- VANTES DE PROTEÇÃO E SEGURANÇA - TABELA DE PROCEDIMENTOS, MEDICAMENTOS E OPM DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE Procedimento: 0701050012 - BOLSA DE COLOSTOMIA FE- CHADA C/ ADESIVO MICRO- POROSO Descrição: bolsa fechada para estoma intestinal ou protetor de estomia, plástico aniodor, transparente ou opaca, com filtro de carvão ativado, com ou sem resina sintética ou mista (karaya), recortavel ou pré-cor- tada, com ou sem adesivo microporoso hipoalergênico (no máximo 60 por mês) Procedimento: 0701050020 - BOLSA DE COLOSTOMIA COM ADESIVO MICROPORO DRENÁVEL Descrição: bolsa drenável para estoma intestinal adulto, pediá- trico ou neonatal, plástico anti- odor, transparente ou opaca, com ou sem a segunda aber- tura, com ou sem filtro de carvão ativado, resina sintética ou mista (karaya), recortável ou pré-cortada, com ou sem ade- sivo microporoso hipoalergêni- co ( no máximo 30 por mês ). Procedimento: 0701050047 - CONJUNTO DE PLACA E BOLSA P/ ESTOMIA INTES- TINAL Descrição: sistema compatível de bolsa e base adesiva para estoma intestinal adulto ou pe- diátrico, bolsa drenável, fecha- da ou protetor de estoma, plástico antiodor, transparente ou opaca, com ou sem filtro de carvão ativado, base adesiva de resina sintética, recortável ou pré-cortada, com ou sem ade- sivo microporoso hipoalergê- nico. ( no máximo de 10 por mês ). Procedimento: 0701060018 - BARREIRAS PROTETORAS DE PELE SINTÉTICA E/OU MISTA EM FORMA DE PÓ / PASTA E/OU PLACA Descrição: barreira protetora de pele, de resina sintética ou formadora de película disponi- bilizada como 1 (um) tubo de pó ou 1 (um) tubo de pasta ou 20 (vinte anéis planos ou convexos ou 5 (cinco) tiras ou 15 (quinze) placas 10 x 10 cm ou 10 (dez) placas 15 x 15 cm ou 8 (oito) placas 20 x 20 cm ou 1 (um) frasco formador de película (1 tubo/frasco ou 1 kit por mês). Procedimento: 0701060026 - BOLSA COLETORA P/ UROS- TOMIZADOS Descrição: bolsa para estoma urinário adulto ou pediátrico, plástico antiodor, transparente ou opaca, com sistema anti- refluxo e válvula de drenagem, com oxido de zinco ou resina sintética, plana ou convexa, recortável ou pré-cortada, com ou sem adesivo microporoso hipoalergênico. (no máximo 30 por mês). Procedimento: 0701060034 - COLETOR URINÁRIO DE PERNA OU DE CAMA Descrição: coletor urinário de perna ou de cama, plástico anti- odor, com tubo para conexão em dispositivo coletor para estomas ou incontinência uri- 16 MANEJO E CUIDADOS DE ESTOMIAS E FÍSTULAS nária, com sistema anti-refluxo e válvula de drenagem. O cole- tor de perna deverá conter cintas de fixação para pernas. (no máximo 4 por mês ). Procedimento: 0701060042 - CONJUNTO DE PLACA E BOLSA P/ UROSTOMIZADOS Descrição: sistema compatível de duas peças (bolsa e base adesiva), para estoma urinário adulto ou pediátrico, bolsa com plástico antiodor, transparente ou opaca, sistema anti-refluxo e válvula de drenagem, base ade- siva de resina sintética, plana ou convexa, recortável ou pré- cortada, com ou sem adesivo microporoso hipoalergênico. (no máximo de 15 por mês). (BRASIL, 2009). O Cuidado à Pessoa com Estomia Conforme o Relatório Mundial sobre Deficiência (WHO, 2012): “[...] a reabilitação é definida como “um conjunto de medidas que ajudam pessoas com defi- ciência ou prestes a adquirir uma deficiência a terem e manterem uma funcionalidade ideal na interação com seu ambiente”. Compreende-se, portanto, como um processo que visa à capacitação e po- tencialização das habilidades físicas, sensoriais, intelectuais, psicológicas e sociais com foco na independência e autodeter- minação. A reabilitação, tradi- cionalmente, era focalizada no diagnóstico e tratamento clí- nicos. [...] ” Contudo os exemplares de rea- bilitação atuais cogitam um novo modo de gestão que aborda o indi- víduo de modo integral, abarcando os fatores sociais, psicológicos e ambientais que colaboram para a saúde e a qualidade de vida (OMS, 2003). “A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacida- de e Saúde (CIF) da Organi- zação Mundial de Saúde (WHO, 2003) foi inovadora em deter- minar em sua terminologia a funcionalidade como termo amplo, pois engloba funções e estruturas do corpo, os compo- nentes das atividades, pela exe- cução de tarefas e a partici- pação do indivíduo e seu envol- vimento nas situações de vida real, representando a perspec- tiva social da funcionalidade. (BRASIL, 2019). ” Fonte: Diário do Sudoeste Do mesmo modo em 2015, foi aprovada a Lei Brasileira de Inclu- são da Pessoa com Deficiência (LBI), Lei Nº 13.146/2015: 17 MANEJO E CUIDADOS DE ESTOMIAS E FÍSTULAS “[...] a qual ratificou os enten- dimentos pactuados na 21 Con- venção Internacional dos Direi- tos da Pessoa com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, a qual entende que a pessoa com deficiência é aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelec- tual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de con- dições com as demais pessoas. Esta Lei assegura e a promove, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais das pessoas com deficiência, visan- do à sua inclusão social e cida- dania [...] ” (BRASIL, 2019). Analisando todos esses aspec- tos, o método de reabilitação requer uma medida integral, multiprofis- sional e interdisciplinar que traba- lhe diversas técnicas,para qualifi- cação da ação contígua com estabe- lecimento de prioridades, atos e intervenções contextualizadas de- senvolvendo assim o Plano Tera- pêutico Singular (PTS) indivi- dualizado. “A precocidade no processo de reabilitação é elementar para potencializar a funcionalidade das pessoas com estomias, pre- venir sequelas e realizar a inclusão dessas pessoas em su- as atividades diárias. No con- texto das pessoas com estomia, especialmente às com estomia respiratória, é possível que ocorra alterações nas funções da voz e fala [...] (BRASIL, 2019). Ainda pode acontecer reper- cussões na área de divertimento e lazer, determinadas pessoas com estomias podem ficar reservadas de esportes envolvendo água, assim como aqueles que insinuam em contato direto com outras pessoas (ex: lutas) pelo ímpeto de decanu- lação. Funções urinárias e de micção ainda podem não aguentar impactos na funcionalidade. Estes assuntos devem ser respeitadas pelos profis- sionais de saúde no decorrer do pro- cesso de reabilitação do indivíduo com estomia e na previsão de metas do PTS. Cuidados Gerais e Processo de Reabilitação As ações do método de reabi- litação dos indivíduos com estomias precisam caminhar “pari passu” com o desígnio implícito no conceito de reabilitação, visto que é o de con- centrar e desenvolver as capacida- des existentes ou residuais. Essas atuações apontam o exercício e o desenvolvimento de destrezas indis- pensáveis às atividades diárias, a fim de possibilitar a reintegração social dos indivíduos com estomia. Tomada a coragem pela reali- zação do método terapêutico, o 18 MANEJO E CUIDADOS DE ESTOMIAS E FÍSTULAS ensino do autocuidado necessita ser principiado com orientações sobre sua futura qualidade de vida e os cuidados que, a partir de daquele momento em que serão necessários (Silva et. al, 2014). “A importância da orientação antes do procedimento, deve-se ao fato de que nesse período são avaliadas as questões físicas (nutrição, funcionamento in- testinal, comorbidades), sociais (relacionadas à dinâmica fami- liar e de suporte emocional), permitindo à pessoa com esto- mia trabalhar sua estratégia de enfrentamento. No momento da alta, a pessoa será encami- nhada para receber atendimen- to especializado e fornecimento das orientações necessárias à sua nova condição. Na medida em que se sentir mais seguro, o indivíduo se tornará apto e independente para ao autocui- dado. Quanto ao processo de reabilitação da pessoa com estomia, o estabelecimento de metas para reabilitação e o pla- nejamento da alta após a cirur- gia de estomia é um processo contínuo, que deve começar o mais rápido possível. ” (BRA- SIL, 2019). Esse método precisa ser ante- cedido de uma avaliação integral realizada por um a área, isto é, um especialista. O profissional precisa ter uma escuta considerável para afiançar que os cuidados constituam ser centrados nas demandas daquele indivíduo em questão. “A participação multidiscipli- nar envolvendo pessoa com es- tomia, cuidadores e famílias qualifica o cuidado e otimiza o processo de reabilitação. Outro ponto importante na reabilita- ção é o empoderamento da pes- soa que consiste no processo pelo qual ele se torna mais autônomo para gerenciar sua saúde e vida por meio da mo- bilização de recursos adequa- dos para permitir que suas ne- cessidades sejam atendidas. Entretanto, existem situações especiais onde haverá necessi- dade de um cuidador, como por exemplo, em bebês e crianças, em idosos e em alguns casos de pessoas com deficiência. ” (BRASIL, 2019). Fonte: O Segredo Desse modo, o cuidador é uma ligação entre o indivíduo com esto- mia, a família e a grupo de saúde no período em que um indivíduo está fragilizado e dependente. Por diver- sas vezes é um membro da família que admite esse papel. Na maioria das estomias, existe necessidade do emprego de dispositivo que admi- tam, em determinados casos, man- 19 MANEJO E CUIDADOS DE ESTOMIAS E FÍSTULAS ter a fissura e acomodando as esto- mias, e em outros, ajudam na coleta de resíduos suscitados no orga- nismo. “Para garantir eficácia, prote- ção, segurança, conforto e pra- ticidade no cuidado é funda- mental conhecer os diferentes dispositivos e características mínimas de cada um deles, garantindo boa relação custo- benefício dos dispositivos cole- tores e os adjuvantes. Além disso, os enfermeiros estomate- rapeutas e outros profissionais de saúde devem ter conheci- mento técnico para avaliar as condições clínicas da pessoa com estomia, suas necessidades e fatores associados, tais como idade, profissão ou atividade laborativa, religião, prática de atividade física, dentre outras” (BRASIL, 2019). Cabe advertir que a determi- nação assertiva dos dispositivos, com o desígnio de garantir qualida- de de vida ou decência de morte necessita ser uma apreensão dos profissionais de saúde enredados no cuidado o indivíduo com estomia. “Orientações específicas sobre utilização, higienização e reco- locação dos dispositivos tam- bém são essenciais. Deve ser lembrado ainda que, mesmo que a pessoa com estomia apre- sente uma boa adaptação e elevada qualidade de vida, a reversão da cirurgia (que con- siste na reconstrução do trân- sito intestinal) é desejada e esperada. As pessoas com esto- mia temporária, ou seja, que têm a possibilidade de reverter a estomização devem ser avalia- das e incentivadas buscar pelo procedimento uma vez que pode repercutir tanto na quali- dade de vida delas e como no financiamento do serviço espe- cializado ” (BRASIL, 2019). 2 0 21 MANEJO E CUIDADOS DE ESTOMIAS E FÍSTULAS 2. Estomia X Fístulas Fonte: Febrasgo2 s fístulas são passagens anô- malas em meio a duas superfí- cies epitelizadas. Podem acontecer entre dois órgãos, adentre um órgão e outra estrutura tissular ou o meio externo. Comumente constituem in- tercorrências de doenças, acidentes ou ainda iatrogenias. “Existem diversos fatores que predispõem ou favorecem o seu desenvolvimento e manuten- ção, tais como a idade avança- da, estado nutricional, doenças de base ou associadas (diabetes mellitus, doenças cardio-circu- latórias, hipóxia, cirrose, doen- ças de pele e outras). A locali- zação e classificação das fístulas podem ser feitas de acordo com características anatômicas, fisi- ológicas e etiológicas. Além das 2 Retirado em: http://www.febrasgo.org.com características e volume do líquido perdido, exames subsi- diários como o raio-X contras- tado, tomografia computadori- zada, podem ser utilizados para o diagnóstico. A fistulografia é útil para definir o trajeto, além de determinar se existe obstru- ção distal deste ou presença de coleções como os abscessos. ” (BORTOLAZZI, et al. 2007). Assim, a maioria das fístulas digestivas surge no período pós- operatório e possuem a possibili- dade ser decorrentes de deformi- dades da cicatrização, erros na con- fecção das anastomoses por adulte- rações na linha de sutura assim co- mo tensão excessiva, péssima vascu- A 22 MANEJO E CUIDADOS DE ESTOMIAS E FÍSTULAS larização, técnica imprópria ou le- sões iatrogênicas. “Em cerca de 85% dos casos ocorre como consequência de intervenções cirúrgicas realiza- das em situações de urgência. Aparecem mais frequentemen- te entre o quinto e o décimo dia de pós-operatório (PO), e po- dem constituir uma complica- ção grave, com altos índices de mortalidade. Esta taxa pode ser diminuída devido ao suporte nutricional, antibioticoterapia, cuidados com a ferida e técnicas cirúrgicas aprimoradas. ” (BORTOLAZZI, et al. 2007). Logo, o suporte nutricional nos pacientes com fístulas digestivas procura admitir a restauração das proteínastissulares, a evolução das defesas imunitárias, a cicatrização dos tecidos lesos, o ganho de peso, o acrescente da força muscular e o desenvolvimento do estado geral. A nutrição parenteral absoluta simula progresso indiscutível na cicatriza- ção das fístulas digestoras, até mês- mo pela redução do débito fistuloso, e no arranjo dos doentes para inter- venção cirúrgica, assim quando aconselhada. “A assistência de enfermagem com qualidade é fundamental no restabelecimento desses pa- cientes, sendo importante à avaliação das características da fístula (origem, localização, abertura, número de trajetos, tipo e tempo de existência); do efluente (composição do pH, consistência, odor e volume); da pele (integridade e doenças associadas). Com esta avalia- ção, o plano de ação individua- lizado pode ser traçado e pro- gramado, devendo ser flexível para o alcance dos objetivos. ” (BORTOLAZZI, et al. 2007). O episódio de fístula delonga o tempo de recuperação e insinua que as intercorrências nos procedimen- tos que não faziam parte do planeja- mento traçado no tratamento. O choque psicológico desse evento no indivíduo e família podem ser devas- tadores, se não acolhido adequa- damente. O cuidado da paciente com fístula digestiva é complicado e estabelece desenvolturas e conheci- mentos específicos por parte dos profissionais de enfermagem. Vamos ver a seguir algumas ressalvas de alguns autores sobre essas complicações: Segundo Rocha (2011) rees- crito por (BORTOLAZZI, et al. 2007). “[...] classifica-se por estomas intestinais temporários os tran- sitórios ou definitivos os per- manentes. Dessa forma os seg- mentos mais apropriados para confecção de um estoma intes- tinal são íleo, o cólon transverso e o sigmóide. As indicações pa- ra a confecção dos estomas são variadas podendo-se destacar por: Obstruções intestinais, Perfurações do cólon, Traumas, Fístulas e Proteção de anas- tomose de alto risco. [...] ” 23 MANEJO E CUIDADOS DE ESTOMIAS E FÍSTULAS Rocha (2011) reescrito por (BORTOLAZZI, et al. 2007). ainda delineia como basilares complica- ções para ostomias significando ser qualificadas como precoces: “[...] a isquemia ou necrose de alça exteriorizada na parede abdominal, sangramento, re- tração com desabamento da ostomia, infecções, edema, der- matite peri-estomal. E compli- cações para ostomias tardias: estenose e obstrução, prolapso, hérnia para-estomal e fistulas. [...] ” Souza e outros (2004) rees- crito por (BORTOLAZZI, et al. 2007) afiançam que as: “[...] fístulas anorretais ocor- rem devido a processos supu- rativos crônicos, iniciando-se pela infecção da cripta, propa- gando-se pelas glândulas anor- retais, drenagem do abscesso e formação do trajeto, sendo na maioria dos casos o procedi- mento cirúrgico prevalecer. [...]” Segundo apresenta o Hospital Sírio Libanês (2014) reescrito por (BORTOLAZZI, et al. 2007): “[...] as fistulas podem ocorrer por diversos motivos, no caso das fistulas reto-vaginais e reto- vesicais 31 geralmente aconte- cem desde um trabalho de par- to demorado ou traumático, ci- rurgias pélvicas, radiação pélvi- ca, tumores pélvicos e infec- ções. E geralmente para corre- ção da fistula o paciente tem que ser submetido a uma cirur- gia de reparo. [...] ” Sobre a proteção de anasto- moses de alto risco, Reis Neto e outros (2002) reescrito por (BOR- TOLAZZI, et al. 2007) delineiam que: “[...] apesar do uso de anas- tomoses mecânicas em cirur- gias de colorretais baixas, colo- anais e íleo tenha contribuído para uma menor incidência de complicações no pós-operató- rio, ainda ocorre um alto índice de deiscência e fistula nas anastomoses devidas complica- ções anastomóticas, mas para sua diminuição o paciente em muitos casos necessita de uma colostomia ou ileostomia de proteção. [...] ” Para Rocha (2011) reescrito por (BORTOLAZZI, et al. 2007), desse modo pode-se concluir que: “[...] as colostomias de um modo geral são indicadas quan- do o paciente sofre algum tipo de trauma que comprometa parte do intestino, por neopla- sias, obstruções, doenças infla- matórias, perfurações do colón, fístulas, proteção de anastomo- ses, enfim são inúmeras as indi- cações, sendo elas realizadas em adultos, crianças, homens e mulheres. [...] ” Assim das principais incorrên- cias com os estomas, podemos 24 MANEJO E CUIDADOS DE ESTOMIAS E FÍSTULAS separar especialmente o não ajunta- mento da placa de ostomia por conta da má localização do estoma na parede abdominal, juntamente com a dermatite periestomal que aparece em implicação da não aderência da bolsa coletora, ainda pode acontecer necrose isquêmica, prolapso, retra- ção, câncer, estenose, fistula perios- tomal, hérnia periostomal e absces- so periostomal. As figuras a seguir mostram algumas complicações que comumente acontecem nas colosto- mias devido uma incorreta demar- cação. Fonte: UCV Linhares (2013) reescrito por (BORTOLAZZI, et al. 2007) apre- sentam que conforme a Portaria SAS/MS nº 511, de 29 de dezembro de 2000, “[...] o secretário de atenção à saúde instituiu no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) no parágrafo 3º que fica entendido que só é considerado por Enfermeiro Estomaterapeuta o enfermeiro com especialização (pós-gradu- ação lato sensu), sendo os cur- sos reconhecidos pela Socieda- de Brasileira de Estomaterapia (SOBEST) ou pelo World Coun- cil of Enterostomal Therapists (WCET). Sendo estes enfermei- ros competentes a prestarem assistência a pessoas portado- ras de estomas, fístulas, tubos, cateteres e drenos, feridas agu- das ou crônicas, incontinências anais ou urinaria, sendo com intuito de prevenção, terapêu- tica e reabilitação visando uma melhor qualidade de vida a pessoa. [...] ” Quando é falado de Estoma- terapia em Oncologia analisar que o aparecimento de machucados em pacientes oncológicos ou uma má conservação e manejo com os esto- mas, fístulas ou diferentes compli- cações arranjam com que se contem- porize o tratamento deste paciente. Segundo Dealy citado por Linhares (213) reescrito por (BORTOLAZZI, et al. 2007): “[...] a enfermagem tem o papel de desempenhar diversas ativi- dades, dentro delas os cuidados especializados na estomatera- pia, sendo estas ações direcio- nadas aos cuidados com a pele, fístulas e estomias, engloban- do-se nas estomias toda defi- 25 MANEJO E CUIDADOS DE ESTOMIAS E FÍSTULAS nição do plano terapêutico ao paciente, visando sua reabilita- ção com intuito de autonomia no autocuidado e adaptação com o estoma, sendo então selecionados juntamente com o paciente a utilização e manu- seio de coletores e acessórios, orientando também quanto a sua 60 aquisição em distribui- dores da rede pública de saúde e ensinando o método de con- trole intestinal, autoirrigação e sistema oclusor. [...] ” Equipamentos e Cuidados Seleção do Sistema para Estomia A primeira fase do cuidado com estoma é indicar o melhor siste- ma para estomia que seja apro- priado às necessidades e estilo de vida do paciente. Fonte: EBSERH Sistema de Peça Única Desse modo, um sistema de peça única, “[...] a bolsa e a placa adesiva protetora de pele são acopladas num único sistema. Projetados para serem discretos, esses sis- temas oferecem simplicidade e flexibilidade em um sistema de baixo perfil. Estão disponíveis nas versões com bordas adesi- vas, recortáveis e pré-cortadas. [...] ” Fonte: EBSERH Sistema Tradicional de Duas Peças Por outro lado, em um sistema de duas peças, a bolsa e a placa adesiva protetora de pele são duas peças afastadas que admitem a troca da bolsa sem retirar a placa pro- tetora. Com esse sistema, a bolsa e a placa adesiva protetora de pele 26 MANEJO E CUIDADOS DE ESTOMIAS E FÍSTULAS jazemacopladas por meio de um aro plástico. Sendo que o paciente pode sentir que o sistema está firme no lugar. “O sistema tradicional de duas peças SUR-FIT Natura da Con- vaTec oferece uma série de bolsas drenáveis, fechada e pa- ra urostomia. As placas adesi- vas protetoras de pele Stoma- hesive ou Durahesive são de- senvolvidas para proteger a pe- le periest. A indústria fabrican- te estabelece o limite de recorte do diâmetro interno do anel, considerando a distância entre este e o aro/flange de pelo me- nos 0.5 cm, a fim de que não haja interferência na segurança do dispositivo. ” (SANTOS, 2020). Protetor Cutâneo ou Bar- reiras Protetoras da Pele Fonte: EBSERH Os protetores cutâneos são versados em diferentes apresenta- ções: spray barreira, pó barreira, lenços protetores, pasta protetora, etc. Involuntariamente do aspecto, todos apresentam um mesmo desíg- nio: proteger a pele periestoma. Com o andamento, a pele ao redor do estoma (periestoma) pode- rá estar irritada: especialmente por conta do adesivo da placa/barreira. Logo, se o paciente perceber: coceira feridas; manchas ou pele ressecada; vermelhidão; Ainda qualquer outra aparên- cia que não signifique de uma pele saudável, análoga ao restante da pele da sua barriga, como por exem- plo. Os protetores cutâneos poderão amparar na regeneração da pele periestoma. Também: “[...] o protetor cutâneo prote- gerá a pele periestoma de novas lesões e auxiliará na aderência da placa/barreira. Ou seja, os protetores são recomendados para dois propósitos: regenera- ção ou proteção da pele e pro- moção da aderência da bolsa de ostomia. [...] ” (SANTOS, 2020). 27 MANEJO E CUIDADOS DE ESTOMIAS E FÍSTULAS Como Utilizar os Protetores Cutâneos? Fonte: Ostomy Help “Faça a higienização do seu estoma como habitualmente; Garanta que após a limpeza, a sua pele esteja completamente seca; Aplique uma fina camada do protetor cutâneo ao redor do estoma; Garanta que toda a área que terá contato com a placa ade- siva esteja coberto do protetor cutâneo. Deixe o produto secar comple- tamente, antes de colar a placa.” (SANTOS, 2020). Note que os sabonetes com óleos ou hidratantes intervêm na aderência da placa. Logo, para higie- nizar o estoma se deve dar prefe- rência a sabonetes neutros. Além disso, para remover o protetor cutâneo, ainda se deve utilizar somente água e sabão neutro. “Uma boa vedação da sua bolsa de ostomia pode ajudar na duração da aderência da sua placa. Além disso, a aderência adequada da pele à placa/ barreira evitará vazamentos. Atualmente, as empresas de produtos para ostomia utilizam tecnologias modernas para que cada dispositivo seja adequado para a maioria das pessoas, re- duzindo os riscos de lesões. Po- rém lesões na pele periestoma podem acontecer, por diversos motivos – mesmo com o cuida- do adequado. Então, se você notar que sua pele está vermelha ou irritada, procure o médico ou enfermei- ro estomaterapeuta. ” (SAN- TOS, 2020). Cinto de Sustentação Fonte: EBSERH Auxiliam na fixação das bolsas coletoras, são ajustados com os sis- temas de 1 e 2 peças e acrescentam a 28 MANEJO E CUIDADOS DE ESTOMIAS E FÍSTULAS segurança na fixação e resistência da bolsa coletora. Filtro de Carvão Ativado Retiram os gases armazenados nas bolsas coletoras, diminui o seu volume e a probabilidade de aconte- cimentos desagradáveis. Irrigação Fonte: EBSERH O sistema de irrigação faz uma limpeza do intestino grosso, possi- bilitando que o paciente faça a utili- zação por até 72h sem bolsa cole- tora. O sistema é composto por uma bolsa para colocar o líquido utilizado na irrigação, um cone de silicone para ser acomodado ao estoma e uma manga coletora para admitir a drenagem do líquido. Sistema oclusor: Haste de espu- ma e película. “Em contato com a umidade do intestino a espuma se expande ocluindo o estoma. É utilizado após a irrigação da colostomia, com trocas realizadas a cada 12h. Pode ser utilizado por períodos de até 2h em pacientes ileostomizados que desejam ter maior independência. ” (SAN- TOS, 2020). 29 MANEJO E CUIDADOS DE ESTOMIAS E FÍSTULAS 30 3. Referências Bibliográficas BORTOLAZZI, Flavia; et al. Dificuldades na Assistência às Pessoas com Fístulas Digestivas: Estudo com Enfermeiros não estomaterapeutas. Vol 5, No 2 (2007). BRASIL, PORTARIA Nº 400, DE 16 DE NOVEMBRO DE 2009. Retirado em < http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegi s/sas/2009/prt0400_16_11_2009.html> Acessado em: 26 de mar de 2020. _______. 5º do Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004. _______. Ministério da Saúde. GUIA DE ATENÇÃO À SAÚDE DA PESSOA COM ESTOMIA. Brasília, 2019. Retirado em: < https://portalarquivos2.saude.gov.br/ima ges/pdf/2019/julho/26/GUIA- ESTOMIAConsulta-Publiaca-05-06- 2019.pdf> Acessado em: 28 de mar de 2020. SANTOS, Fernanda Silva. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM ESTOMAS INTESTINAIS E URINÁRIOS. EBSERH. 2020. SANTOS, V. L. C. G.; CESARETTI, I. U. R. Assistência em estomaterapia: cuidando de pessoas com estomias. São Paulo: Atheneu, 2015. SANTOS, V. L.C.G. Aspectos epidemio- lógicos dos estomas. Revista Estima - Associação Brasileira de Estomaterapia, São Paulo, v. 5, n. 1, p. 31-38, 2007. SULTI e MACHADO, et al.; Manual de orientação aos serviços de atenção às pessoas ostomizadas. COMISSÃO DE PADRONIZAÇÃO DE FLUXOS DE ATENDIMENTO AOS OSTOMIZADOS DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO – Portaria 170-S de 29 de maio de 2014 e Portaria 367-S de 19 de Setembro de 2016. COMISSÃO DE PADRONIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS COLETORES E ADJU- VANTES DE PROTEÇÃO E SEGURAN- ÇA– Portaria nº 353-S de 24 de outubro de 2013 E Portaria nº 368-S de 19 de Setembro de 2016. Secretária de Saúde, Vitória/ES, 2017. 03 1