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ENG. C IV IL EMANUEL DANTAS CRIADO POR OFERECIMENTO ANÁLISE DA ESTABILIDADE GLOBAL EM EDIFÍCIOS Avaliar a estabilidade global de uma edificação é de suma importância para o seu correto dimensionamento, uma vez que os efeitos de segunda ordem são parâmetros importantíssimos para a determinação dos esforços atuantes nos elementos estruturais. Os esforços de segunda ordem são causados basicamente pelos deslocamentos laterais dos elementos estruturais e esforços verticais aplicados a estrutura, logicamente qualquer edificação deve ser capaz de resistir a estes esforços. O surgimento dos esforços de segunda ordem pode causar instabilidade global da estrutura, visando prever estes esforços e garantir a estabilidade global pode-se aplicar alguns processos de cálculo para avaliação da estabilidade global de um edifício. Neste e-book serão abordados três processos para determinação dos parâmetros de estabilidade global de uma edificação, sendo dois deles prescritos pela NBR6118:2014 e o terceiro método exclusivo do TQS. INTRODUÇÃO Análise da estabilidade global pelo processo GamaZ O primeiro processo de determinação da estabilidade global a ser demonstrado é o γz que é um método de análise criado por engenheiros brasileiros e disponível apenas na norma brasileira. O grande diferencial deste método é a sua simplicidade e o fato de que ao final do processo é obtido um valor que pode ser utilizado como majorador dos esforços de primeira ordem. Os parâmetros de aplicação do coeficiente γz é prescrito pelo item 15.5.3 da NBR6118:2014, neste ponto a norma enfatiza que o processo só pode ser aplicado a estruturas de no mínimo 4 pavimentos. Neste mesmo item normativo ainda é exibida uma equação que permite encontrar o valor de γz, sendo descrita pela equação ao lado (2.1). Onde: M1totd é o momento de tombamento, ou seja, a soma dos momentos de todas as forças horizontais atuantes, com seus valores de cálculo, em relação à base da estrutura; ΔM totd é a soma dos produtos de todas as forças verticais atuantes na estrutura, com seus valores de cálculo, pelos deslocamentos horizontais de seus respectivos pontos de aplicação, obtidos na análise de 1° ordem. Conforme foi dito anteriormente os valores de ΔM totd são obtidos por meio de uma análise de primeira ordem, entretanto de acordo com a norma estes valores devem levar em conta a rigidez dos elementos multiplicados pelos valores indicados no item 15.7.3 da NBR6118:2014. Ao aplicar estes coeficientes e equações demonstradas anteriormente é obtido um valor final, chamado de γz para cada eixo da edificação existirá um valor de γz e este valor é importantíssimo para avaliação da edificação quanto aos esforços de segunda ordem. A avaliação dos esforços de segunda ordem depende diretamente do valor de γz obtido na análise, havendo duas situações possíveis. No item normativo citado acima, em edificações de no mínimo quatro pavimentos, a não linearidade física pode ser considerada de maneira aproximada, considerando a rigidez dos elementos multiplicada pelos seguintes valores: Onde: Ic - é o momento de inercia da seção bruta de concreto; Ec - é o valor representativo do módulo de deformação do concreto. De acordo com o item 15.6 da NBR6118:2014 quando uma estrutura possuir o γz menor do que 1.10 ela pode ser considerada indeslocável, portanto, pode ser considerada de nós fixos e os efeitos globais de segunda ordem podem ser desprezados pois os seus valores são de baixa magnitude. Já quando o γz obtido é maior do que 1.10 a norma classifica a edificação como deslocável, ou seja, ela é classificada como de nós moveis, para este caso o item 15.7.1 da NBR6118:2014 prevê a consideração dos esforços de segunda ordem, que agora passam a ser de maior intensidade e a sua não consideração pode comprometer a estabilidade global da edificação. Este valor de γz ainda é limitado pela norma ao valor de 1.30, a partir deste limite a estrutura é considerada instável e a sua estabilidade global não pode ser garantida, sendo necessário que o projetista reavalie a sua concepção estrutural para tornar a estrutura mais rígida. Conhecida a teoria e as prescrições normativas é possível partir para um exemplo pratico de cálculo do coeficiente γz, para isto será utilizado um pórtico simples, conforme pode ser visto na figura abaixo. Para analisar o pórtico descrito e obter a deformação do pórtico utilizou-se o software Ftool, neste ponto a não linearidade física foi considerada de maneira aproximada conforme é prescrito pela norma, ao analisar a estrutura foi obtida uma deformada conforme é mostrado figura ao lado. Com os valores de deslocamento do pórtico é possível começar a determinação do coeficiente γ z, para isto o primeiro passo é determinar o momento de tombamento do pórtico, que nada mais é do que a soma do produto das cargas horizontais pela altura da edificação, descrita pela equação (2.2). Onde: FHn - é a força horizontal aplicada no nó do pórtico; Cn - é a cota do nó onde a força está sendo aplicada. Aplicando a equação (2.2) para a situação descrita no pórtico estudado chega- se ao seguinte resultado. O segundo passo é determinar os esforços de segunda que nada mais são do que o produto das cargas verticais pelos deslocamentos do pavimento, a força vertical pode ser obtida multiplicando a o carregamento distribuído pelo comprimento do pórtico, conforme é mostrado a seguir. Com posse do valor de Fv é possível determinar o valor de ΔM totd que segue o que é dado pela a equação (2.3). Onde: F v - é o produto das cargas verticais pelos deslocamentos; Dn - é o deslocamento obtido para cada um dos nós do pórtico, em metros. Aplicando a equação (2.3) para a situação descrita no pórtico estudado chega-se ao seguinte resultado. Como posse de todos estes dados descritos é possível determinar o valor do coeficiente γz que é dado pela equação (2.1.) Como o valor de γz obtido foi menor do que 1.10 de acordo com o que é prescrito pela norma este pórtico como ser considerado de nós fixos, portanto os efeitos globais de segunda podem ser desprezados. Análise da estabilidade global pelo processo FAVt Dando prosseguimento a apresentação dos coeficientes de estabilidade chega-se ao fator de amplificação de esforços horizontais ou de vento, ou simplesmente FAVt, este é um coeficiente exclusivo do software TQS. A sua formulação é exatamente igual a vista para o coeficiente γz, entretanto neste método os deslocamentos horizontais causados pelas cargas verticais também são levados em conta. Tais deslocamentos são provenientes da assimetria estrutural, que acontece na maioria dos projetos, neste sentido pode-se utilizar um exemplo clássico para descrever esta situação. Supondo que haja um edifício de múltiplos pavimentos cujo uma das suas fachadas possui sacada em todos os pavimentos e a outra face não, tais sacadas irão constituir balanços que geram um momento em cada um dos pisos e acaba por provocar o deslocamento horizontal devido às cargas verticais. Para demonstrar de forma mais clara o que foi dito acima, pode-se assumir como exemplo a edificação mostrada pela figura seguinte. Por meio da figura ao lado é possível notar que o pórtico não possui nenhum carregamento vertical aplicado, porém, em um dos lados o pórtico apresenta uma grande região em balanço, que pode ser entendida como sendo uma sacada. Analisando o pórtico de maneira simplificada e com o auxílio do Ftool encontra-se um pórtico deformado conforme é mostrado pela figura à esquerda. Conforme pode ser visto apensar de não haver nenhum carregamento vertical aplicado na estrutura o fato de haver uma assimetria causada pelo grande balanço à direita, acabando gerando um deslocamento horizontal no lado esquerdo da edificação. Neste tipo de situação o coeficienteγz pode apresentar resultados irreais uma vez que este deslocamento não é levado em conta pelo método, já o coeficiente FAVt leva em conta tais deslocamentos. Sendo assim, em edificações perfeitamente simétricas os valores de γz e FAVt serão exatamente os mesmos, entretanto quando se trata de edificações assimétricas, que são encontradas na maioria dos projetos, o FAVt tende a apresentar valores diferentes dos obtidos pelo γz. Ainda é importante salientar que como o FAVt utiliza as equações base do coeficiente γz os mesmos critérios normativos devem ser seguidos para ele, portanto quando o valor de FAVt for menor do que 1.10 a estrutura pode ser considerada de nós fixos e quando o FAVt for maior do que 1.20, limitado a 1.30, a estrutura é considerada de nós moveis. CONTINUANDO... Conhecidas as diferenças entres os coeficientes γz e FAVt pode-se estudado de forma prática, para isto, será utilizado um exemplo simples em forma de L invertido para facilitar a aplicação do método, conforme é mostrado pela figura abaixo. Para analisar estrutura descrita e obter a sua deformação utilizou-se o software Ftool, neste ponto a não linearidade física foi considerada de maneira aproximada conforme é prescrito pela norma, ao analisar a estrutura foi obtida uma deformada conforme é mostrado na figura. Aplicando a equação (2.2) é obtido o seguinte momento de tombamento. Seguindo, é preciso obter o momento de segunda que leva em conta a situação deformada da estrutura e pode ser obtido utilizado a equação (2.3). Obtidos os valores necessários pode-se aplicar a equação (2.1) uma vez que a formulação do FAVt segue a mesma coisa do γz. CONTINUANDO... Com isso é encontrado o coeficiente FAVt, aplicando o mesmo método mostrado na seção 2 deste trabalho obtém-se um coeficiente γz de 1.01 o que é notoriamente menor do que o valor obtido para o FAVt, em termos de porcentagem a diferença obtida ficou na casa dos 6,48%. Portanto, em situações como a exemplificada o FAVt apresenta melhores resultados frente ao γz por levar em conta os deslocamentos horizontais gerados pelos carregamentos verticais. Conforme foi dito no início da seção o coeficiente FAVt é exclusivo do TQS e quando o seu valor é superior ao γz ele é automaticamente aplicado a estrutura para corrigir os esforços de segunda ordem. O contrário também acontece, quando o γz é maior do que o FAVt o TQS automaticamente corrige os esforços de segunda ordem aplicando o coeficiente γz, ou seja, o programa sempre tende a ir a favor da segurança. De acordo com o que foi demonstrado, o TQS possui mais um recurso para garantir a segurança das estruturas projetas e garantir que os seus resultados estarão o mais próximo possível da realidade. Nesta seção do trabalho será demonstrado o que é e como funciona o processo P- Delta, este é processo prescrito pela norma e está disponível somente em alguns pacotes do TQS. O processo P-Delta que é um processo interativo para determinação dos deslocamentos laterais, este processo consiste em aplicar os esforços na estrutura não deformada e então avaliar os seus deslocamentos. A configuração inicial da estrutura com a aplicação dos carregamentos pode ser modelada conforme é mostrado na figura ao lado. Como pode ser visto na figura a aplicação do carregamento P não produz nenhum momento na base da barra por ela estar agindo no centro de gravidade da mesma. Entretanto. o esforço V produz um momento fletor igual a M = V * L o que deforma a estrutura, ao deforma-la o local de aplicação da carga P acaba sendo deslocado. Análise da estabilidade global pelo processo P-Delta Esse deslocamento é chamado Δ (delta), como surgiu um deslocamento a estrutura agora é tratada como deformada e a sua composição de carregamentos pode ser descrita conforme é mostrado na figura à esquerda Com a estrutura deformada por conta da aplicação do carregamento V a carga P passa a produzir um momento fletor na base da barra, este momento pode ser considerado como M = P * Δ. Na estrutura deformada o momento total na base passa a ser M = V * L + P * Δ, entretanto, agora com essa nova configuração deformada, o deslocamento mais uma vez aumenta e o processo deve ser repetido. Sabendo que este é um processo interativo, ele precisa convergir em algum ponto para que a estrutura seja considera estável, caso contrário, ela entrará em colapso. Um critério de parada utilizado no método pode ser um número máximo de iterações que ao ser atingido retorna um erro ao usuário indicando que a estrutura não atinge a estabilidade, podendo este número ser determinado pelo usuário. Outro critério de parada pode ser a igualdade de valores entre a iteração atual e a anterior ou um limite aceitável para a diferença entre duas iterações, podendo este ser um valor arbitrado pelo projetista. Basicamente é este o funcionamento do processo P-Delta, entretanto diferentes sistemas computacionais podem montar os seus algoritmos de análise de forma diferente, porem o funcionamento básico deste método de análise segue o que foi descrito anteriormente. Conhecida a teoria por trás do processo P-Delta é possível aplica-lo a um exemplo prático, como este é um processo iterativo e, portanto, pode demandar diversas iterações para convergir será utilizada uma barra simples para facilitar a demonstração pratica do método. CONTINUANDO... Para o desenvolvimento do exemplo, será utilizada uma barra com as características demonstradas pela figura. Neste exemplo todos os parâmetros serão calculados de forma manual, uma vez que o Ftool não disponibiliza a opção de análise de segunda ordem e isto pode ser aplicado de forma simples manualmente, os dados necessários para o cálculo manual são os seguintes: Os efeitos da não linearidade física serão tomados de acordo com o que é prescrito pelo item 15.7.3 da NBR6118:2014, portanto por se tratar de um pilar o valor de EI sec é 0,70. Como houve a aplicação dos esforços horizontais, houve também um deslocamento chamado Δ que foi calculado utilizando-se a equação (2.4), sabendo disto a estrutura é considerada deformada e está deformação é mostrada pela figura. Em verde é indicada a posição original da barra e em azul é a deformada gerada pelos carregamentos horizontais, como a estrutura deformou o carregamento P agora gera um momento na base do pilar. Para determinar o momento na base do pilar gerado pelo carregamento P é preciso antes determinar o momento de primeira ordem que diz respeito a estrutura não deformada e pode ser obtido utilizando-se a equação (2.5). Dando inicio aos cálculos é preciso determinar o valor do deslocamento horizontal da barra que pode ser obtido por meio de tabelas de linha elástica encontradas nos livros de resistência dos materiais, conforme é mostrado na equação (2.4). Adaptando e aplicando tal equação para situação descrita pela figura encontra-se o seguinte resultado. Obtido o valor de Δ1 é possível determinar o novo momento na base do pilar, chamado agora de momento M3 e obtido pela equação (2.6). Conhecido o momento de primeira ordem gerado pelo carregamento horizontal é possível obter o momento de segunda ordem que leva em conta o deslocamento Δ e pode ser obtido aplicando-se a equação (2.6). Este momento é preciso transforma-lo em uma força que seja capaz de produzir na base do pilar a diferença entre os momentos M1 e M2, sendo assim é preciso obter uma força que produza um momento na base do pilar de 207,393 kN*m. Esta força é chamada de força horizontal fictícia é pode ser encontrada aplicando a equação (2.7). Conhecida a força horizontal fictícia é preciso aplica-la na estrutura para estimar o valor do deslocamento Δ1 para isto utiliza-se a equação (2.4). CONTINUANDO... Como a diferença entre os momentos foi maior do que 0,01% é preciso repetir todo o processo, partindo da força horizontal fictícia até a determinação do erro estimado,aplicando os mesmos conceitos vistos acima foram obtidos resultados mostrados pela tabela 1. Obtido o momento M3 finaliza-se a primeira iteração, neste ponto é preciso comparar a diferença entre o momento M3 e o momento M2 que deve ser menor do que um valor estipulado pelo projetista, neste caso será definido como critério de parada uma diferença entre iterações menor ou igual a 0,01%. A diferença entre as interações pode ser calculada utilizando a equação (2.8). Conforme pode ser visto na tabela 1 foram necessárias 7 interações para a conversão do modelo, sendo assim este é um método cujo a sua aplicação só é viável quando se utiliza um algoritmo computacional pois todo o processo de avaliação dos deslocamentos mostrados para uma única barra deve ser aplicado para as demais barras do modelo. Afim de se comparar os resultados obtidos, aplicando o processo γz a barra estudada neste exemplo obtém-se um valor de 1.44 para o γz, conforme é prescrito pelo item 15.7.2 este coeficiente deve ser multiplicado por 0,95 e depois pela força original. Portanto, a força majorada encontrada é de 109,946 kN, como esta força é aplicada no topo da barra o momento na base pode ser obtido aplicando-se a equação (2.8). Conforme pode ser visto na tabela 1 o momento assumido na base do pilar utilizando o processo P-Delta é de 971,946 kN*m enquanto o momento na base do pilar utilizando o coeficiente γz é de 923,544 kN*m, portanto uma diferença de aproximadamente 5%. Quando se aplica o valor integral do coeficiente γz o momento obtido é de 972,152 kN*m, ou seja, neste caso pode-se considerar que a diferença é desprezível, vale ainda lembrar que como é uma única barra o valor do FAVt será exatamente igual ao valor do γz. CONTINUANDO... Conforme foi mostrado no decorrer deste e-book, existem diversos métodos para se avaliar a estabilidade global de uma edificação, cada um deles possui as suas particularidades, mas todos buscam o mesmo resultado, que é garantir a estabilidade global da estrutura frente as solicitações. De acordo com o que foi demonstrado, o coeficiente γz é o mais fácil de se calcular, e, além disso, é um critério normativo. Já o coeficiente FAVt é um processo exclusivo do software TQS, porém, é igualmente simples de ser calculado. Segundo pode ser visto no comparativo, em algumas situações o FAVt pode trazer resultados mais reais do que o γz, sendo esta, uma vantagem do método exclusivo da TQS. Por fim, foi mostrado o método de cálculo do processo P-Delta que é de longe o mais complexo, o que já era esperado por se tratar de um método iterativo, porém a diferença entre os valores obtidos para o processo P- Delta e γz foram muito próximos. Apesar do exemplo utilizado ser muito simples, em diversas situações de projetos cotidianos é possível notar que tanto o coeficiente γz quanto o FAVt apresentam bons resultados quando comparados com o P-Delta, mas com o grande diferencial de que o processo de cálculo é muito mais simples do que o P-Delta. CONSIDERAÇÕES FINAIS OFERECIMENTO
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