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RESPONSABILIDADE CIVIL - RESUMO AV1 (1)

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AV1 RESPONSABILIDADE CIVIL
Pro. Leo Vieira
Malu Leite Goes Boavista
2023.1
*resumo baseado nas anotações em sala e cadernos de @catharinaorganiza e Beatriz Melo
1. INTRODUÇÃO A RC
- Responsabilidade civil = dever de indenizar
- É a resposta do ordenamento diante de um dano injustificado que possa atingir o
patrimônio ou os direitos da vítima e, essa vítima irá se movimentar para obter a
reparação do seu dano material ou a compensação pelo dano extrapatrimonial
(veremos mais à frente o que é, mas é basicamente o dano moral).
- A responsabilidade civil é uma das espécies da responsabilidade jurídica (que pode
ser penal, ético profissional, administrativa e civil)
- Pode acontecer de em um só ato, o indivíduo descumprir todas as esferas de uma
vez - ainda que elas sejam autônomas -, bem como ele pode ser absolvido em uma
esfera e condenado em outra pelo mesmo ato.
● NATUREZA JURÍDICA DA RESPONSABILIDADE CIVIL: sanção reparadora e
preventiva.
- A responsabilidade civil é sempre uma obrigação secundária, porque antes
de ela se configurar, um dever primário foi descumprido
❖ SANÇÃO REPARADORA: amparar as vítimas oriundas destes danos de
forma em que ou seus patrimônios sejam recompostos ou que elas recebam
um valor relativo aos seus direitos de personalidade que foram ofendidos
❖ SANÇÃO PREVENTIVA: para evitar a rescisão de quem cometeu, bem como
evitar que outros cometam também
- É também discutida uma função punitiva, mas Leo acredita que não deveria
ter.
● PRESSUPOSTOS DA RC: ‘’C D NC NI’
- Para que haja a responsabilidade civil (ou seja, o dever de indenizar), é
preciso que todos os pressupostos estejam presentes simultaneamente. São
eles: Conduta, Dano, Nexo Causal e Nexo de Imputação
- Schreiber define que ‘’a erosão dos pressupostos gera a responsabilidade
civil’’.
● CONCEITO: é a OBRIGAÇÃO SECUNDÁRIA decorrente de um dever primário
desrespeitado e que tenha decorrido um dano, em que se deve observar culpa e se
aplique sanção para que retome o status quo ou compense as ofensas aos direitos
de personalidade.
1
- Os deveres primários também podem decorrer da inobservância de normas
principiológicas, como por exemplo, os deveres anexos da boa fé objetiva
(dever de informação, de sigilo, de cooperação e de proteção).
2. ANÁLISE HISTÓRICA
- Não existe exatamente uma data, mas geralmente se associa ao período em
que as pessoas deixaram de usar a barbárie para resolverem as suas
desavenças e passou a ter um poder central que impedisse a vingança e o
ato de ‘’fazer justiça com as próprias mãos’’, como por exemplo a Lei de
Talião e a sua idéia de ‘’olho por olho, dente por dente’’.
- Ao perceber que essa lógica de vingança privada não era mais aceitável, se
deu a ideia da COMPOSIÇÃO VOLUNTÁRIA, que um poder central garante
que, caso aconteça um dano, a vítima e o autor do dano irão sentar, discutir e
encontrar uma solução, porque assim como não permitiam mais a vingança
privada, não permitiam também que a vítima ficasse prejudicada/irressarcida.
- Posteriormente surgiu a ideia de COMPOSIÇÃO TARIFADA, onde o poder
central evolui e passa a existir um padrão de valores em que a vítima do dano
pudesse almejar em decorrer de tal fato. Aqui, a responsabilidade civil e penal
ainda se confundiam e a responsabilidade ainda era objetiva (que se
configura independentemente de culpa)
- A ideia de culpa só começa a ser cogitada na LEX AQUILIA, datada no
Império Romano, e foi um marco histórico pois foi a primeira a tratar de
responsabilidade civil (se estabeleceu uma norma genérica que quem der
causa a danos intoleráveis pelo sistema jurídico haverá de indenizar) e foi a
primeira a pincelar a ideia de culpa como fato de atribuição a
responsabilidade civil.
- Seguindo essa evolução, no Código de Napoleão surgem as bases da teoria
clássica da responsabilidade civil e na época, o dever de indenizar passou a
depender de: conduta, dano, nexo causal e a culpa naquele momento
histórico.
- Só no início do século XX que passaram a existir as teorias objetivistas, que
criticavam o domínio exclusivo da culpa para poder indenizar. A Revolução
Industrial influenciou na teoria clássica, pois as condições de trabalho nas
fábricas eram péssimas e os trabalhadores não eram ressarcidos pelos danos
do trabalho. Por tanto, os autores franceses Josserand e Saleilles, vão
demonstrar na época que aquela teoria clássica não acompanhava mais a
realidade.
- Superando isso, surge a SOCIALIZAÇÃO DA RESPONSABILIDADE. Passa
a ganhar força a ideia de que a indenização possui mais importância em
deslocar os holofotes para a vítima e não só buscar repreender o autor,
porque o sistema deve minimizar ao máximo que alguém seja prejudicado
sem ser ressarcido. Aqui surgem, por exemplo, os seguros,
● EVOLUÇÃO HISTÓRICA NO BRASIL
- Inicialmente, ambas as responsabilidades (civis e penais) estavam
misturadas. No CC de 1916 havia um artigo sobre RC. A nossa Constituição
2
prevê danos morais para alguns crimes ambientais. O Código Civil de Reale
(2002) tem um caput sobre a RC, entre outros artigos (como o 927).
3. RESPONSABILIDADE CIVIL E ATO ILÍCITO: artigos 186 e 187
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
- Responsabilidade civil e ato ilícito não se confundem, pois a responsabilidade
civil é uma obrigação secundária e é uma das consequências possíveis do abuso
de direito.
- O conceito de ato ilícito tem como elemento central a culpa.
- Havendo ato ilícito, há dever de indenizar. Mas nem sempre que houver dever de
indenizar, será em decorrência de um ato ilícito.
- O artigo 186 conceitua o ato ilícito, mas é o 927 que obriga a indenização
- A culpa não é um elemento essencial, mas sim acidental. Isso porque a culpa
não é um pressuposto geral da responsabilidade, tendo em vista que existe
responsabilidade civil objetiva (em que não há necessidade de provar a culpa).
- Por tanto, recapitulando: os elementos essenciais para configurar a RC são a
conduta, o dano e o nexo, sendo que apenas esses já configuram a
responsabilidade objetiva. A culpa é um elemento acidental para configurar a
responsabilidade subjetiva, haja vista que é possível existir responsabilização
sem que tenha havido culpa.
4. FIGURAS PARCELARES DA BOA FÉ OBJETIVA E RC:
- São figuras parcelares porque são derivações da boa fé; ideia de que tem
que haver um equilíbrio nas relações.
- Supressio/surrectio
- Venire contra factum proprium (se cria uma expectativa com uma pessoa,
mas ela é quebrada. a caracterização dessas hipóteses, em havendo um
dano, enseja a RC)
5. RESPONSABILIDADE CIVIL POR ABUSO DE DIREITO
- Abuso de direito = abuso de poder
- A responsabilidade civil também não se confunde com abuso de poder, pois a
RC pode ser um dos desdobramentos do abuso de direito
- Abuso de direito: você tem um direito normatizado e garantido legalmente,
logo, você usufrui dele recebendo seus benefícios. Contudo, ao utilizá-lo,
você extrapola o uso por afrontar os princípios e valores do Direito, sendo
eles a boa fé, os bons costumes e as funções econômicas e sociais do
direito.
- Não é necessário provar culpa (subjetiva). É um entendimento dominante no
Brasil.
❖ TEORIA DO ATO EMULATIVO: O indivíduo está no direito dele, mas age com
o intuito de prejudicar o outro. Por exemplo: eu possuo uma propriedade e
não quero que fique passando balões sobrevoando minha casa e ainda que
3
não atrapalhe em nada da minha vida, eu não gosto desses balões. Eu vou lá
e construo estacas altas o suficiente para impedir essa passagem de balões.
Isso seria um abuso de poder. O abuso de direito se configura porque eu
tenho um direito, mas eu quero prejudicar o terceiro (dolo).
. Essa teoria desenvolve a TEORIA DO ABUSO DE DIREITO, que se divide
em três correntes doutrinárias:
- TEORIA SUBJETIVISTA: precisa de culpa (não adotada/minoritária)
- TEORIA OBJETIVISTA: não precisa de culpa (maioria)
- TEORIA ECLÉTICA: precisa tanto de culpa quandode fatores
objetivos (ex: desrespeito à boa fé); é a teoria que prevalece para o
professor
- A diferença entre o ato emulativo e o abuso de direito é que o abuso não
precisa de dolo, ou seja, da intenção de lesar, enquanto o emulativo precisa.
- O argumento para a corrente minoritária que acredita que o abuso de direito é
uma responsabilidade civil subjetiva é que: o caput do artigo 927 se refere a
responsabilidade subjetiva, enquanto o caput menciona o 186 e 187, logo, o
abuso de direito também seria uma responsabilidade subjetiva. Afinal, o
parágrafo único é objetivo e se o legislador quisesse que fosse objetivo,
colocaria o artigo do abuso de direito nele.
- Já o argumento da corrente majoritária, que acredita que o abuso de direito é
objetivo, é de que não se discute culpa. Afinal, nem sempre o sujeito terá a
intenção de lesar terceiros, mas a utilização de seu direito de forma excessiva
é capaz de lesá-los e esses terceiros não podem ficar desamparados diante
do dano causado.
6. DICOTOMIAS DA RESPONSABILIDADE CIVIL:
❖ CONTRATUAL X EXTRACONTRATUAL
- CONTRATUAL/NEGOCIAL: O dever de indenizar deriva de uma
obrigação previamente firmada entre as partes (prazo prescricional de
10 anos)
- EXTRACONTRATUAL: Quando não havia vínculo jurídico prévio
(prazo prescricional de 3 anos). Ex: eu bato no carro de Fulaninho e
me surge o dever de indenizá-lo.
❖ SUBJETIVA X OBJETIVA
- SUBJETIVA: exige a presença de culpa
- OBJETIVA: não exige a presença de culpa; a culpa é irrelevante
OBS: não confundir com culpa presumida. A responsabilidade objetiva
NÃO HÁ CULPA, enquanto a presumida há uma presunção de culpa,
invertendo-se o ônus da prova para que o suposto lesante comprove a
sua inexistência.
❖ OBRIGAÇÃO DE MEIO X OBRIGAÇÃO DE RESULTADO
- OBRIGAÇÃO DE MEIO: quando é prometido algo que gere um
determinado resultado mas surge algo que impeça a obtenção deste
resultado, ainda que não precise se responsabilizar por isso. Ex:
4
contrato um advogado e apesar de ele cumprir com o seu papel de me
defender, possa ser que ele não ganhe a causa
- OBRIGAÇÃO DE RESULTADO: o fim prometido só se exonera com o
objetivo alcançado. Ex: pago por um anestesista na minha cirurgia de
prótese e ele tem que ficar lá comigo até acabar a cirurgia.
❖ TEORIA DA CARGA DINÂMICA DO ÔNUS DA PROVA: o juiz pode inverter o
ônus da prova toda vez que achar que a outra parte pode provar melhor. Os
casos tem que ser:
- Previstos em lei
- Devido a impossibilidade da produção de prova
- A excessiva dificuldade da produção da prova
- Maior facilidade de obtenção da prova do fato
OBS: O ônus da prova é da vítima para provar o dano capaz de
reconhecer a RC.
7. CULPA:
● CONCEITO DOS IRMÃOS MAZEAUD:
- ‘’Culpa seria o erro de conduta’’.
- A culpa é o erro de conduta do indivíduo que não se comporta da
maneira normalmente esperada para evitar danos a terceiros
- Divide-se em:
❖ CULPA ABSTRATO: é a verificação da culpa através de uma
comparação de condutas.
- Se remove o agente do caso concreto e coloca no lugar
dele a pessoa média, se questionando se a pessoa
média agiria diferente.
❖ CULPA EM CONCRETO: seria provar que aquela pessoa não
teria tal atitude conforme os seus próprios comportamentos.
- Leva em conta o comportamento individualizado da
própria pessoa
● CONCEITO DE RENÉ SAVATIER:
- ‘’A culpa é a inobservância do direito objetivo de cuidado’’
❖ ELEMENTO SUBJETIVO: imputabilidade, ou seja, a condição
do agente ter discernimento da maneira em que ele está se
colocando
❖ ELEMENTO OBJETIVO: o dever violado perante a
inobservância de agir de forma adequada
● GRADAÇÃO DA CULPA: Artigo 944
- No período romano a culpa era dividida entre grave, leve ou levíssima.
O CC de 2002, no artigo 944, expandiu esse conceito.
❖ CULPA GRAVE: é a culpa que claramente agride o
comportamento esperado em sociedade e, embora não seja,
se aproxima do dolo. É a culpa que o homem médio não
cometeria.
5
❖ CULPA LEVE: é o erro de conduta que é significativo, que não
seria cometido por uma pessoa média daquela forma
❖ CULPA LEVÍSSIMA: até mesmo o homem médio cometeria.
Não configura responsabilidade civil subjetiva.
● CULPA EM SENTIDO ESTRITO: ato voluntário mas que não tem a intenção
de cometê-lo: negligência (a pessoa deixa de agir conforme o esperado),
imprudência (a pessoa age de forma que não é esperada) e imperícia (age
sem preparação ou conhecimento técnico que se espera para aquela
conduta)
● CULPA LATO SENSU: dolo + culpa stricto sensu
● CULPA IN ELIGENDO X CULPA IN VIGILANDO:
- Era uma diferença comum no código de 1916 e hoje não é mais. Era
considerada uma Responsabilidade Civil Indireta (ex: a
responsabilidade do empregador com o seu empregado)
❖ CULPA IN ELIGENDO: culpa pela escolha; não escolheu bem
o preposto
❖ CULPA IN VIGILANDO: culpa pela fiscalização (vigilância);
falta de cuidado por não fiscalizar o preposto
- Ex: uma empresa de ônibus e o motorista - o motorista atropela uma
pessoa. antigamente, conforme o código de 1916, para conseguir a
responsabilização, você teria que provar que o motorista era malucão
e atropelou a pessoa (culpa in vigilando) e que a empresa permitia
motoristas doidões (culpa in eligendo), assim, não havendo qualquer
verificação da conduta desses colaboradores. Hoje em dia não é mais
assim, não precisa provar a culpa in eligendo e in vigilando, basta que
prove a imprudência, negligência ou a imperícia, sem precisar provar
a culpa da empresa pela escolha do motorista lelé.
● CULPA PRESUMIDA:
- O ato, por si só, já presume a culpa. Ela pode ser relativa ou absoluta.
❖ CULPA RELATIVA: admite prova ao contrário
❖ CULPA ABSOLUTA (juris et de jure): não admite prova ao
contrário. Se é absoluta, é a mesma coisa de responsabilidade
civil.
- A culpa presumida gera a inversão do ônus da prova e cabe ao
agente provar que não agiu com culpa
● CULPA EM SENTIDO AMPLO: dolo
● CULPA EM SENTIDO ESTRITO: negligência, imprudência e imperícia
8. RESPONSABILIDADE OBJETIVA
- NÃO PRECISA DE CULPA PARA INDENIZAR.
- Critérios: risco, equidade (art. 928) e disposição legal (a lei fala que em uma
situação, se houver dano, haverá responsabilidade independente de culpa)
● TEORIA DO RISCO:
6
- Teoria do risco criado: não vai importar se a pessoa tirou proveito ou
não da atividade com risco, mas ela terá que indenizar independente
de culpa por conta do risco que foi criado. O foco não é a vantagem, é
a situação que foi criada.
- Teoria do risco extraordinário: quando a atividade é de um risco
absurdo, não precisa nem provar a culpa. Ex: a pessoa vai lidar com
material radioativo, ou com um vírus altamente prejudicial à saúde que
escapou de um laboratório
- Teoria do risco agravado: é extremamente aguda e dispensa culpa e
nexo causal; tem que ter norma expressa. Ex: a pessoa está em um
campo, trabalhando, e cai um raio que faz com que ela perca os
dedos do pé. Independente de culpa ou acidente extraordinário, a
pessoa tem direito ao INSS.
● TEORIA DO SEGURO:
- A técnica do seguro não destrói a responsabilidade civil.
- Alguns acreditam que teremos uma tendência de que o seguro vai
sempre cobrir tudo.
- Se todo mundo tiver seguro, perde o sentido da responsabilidade civil.
É utópico.
- O seguro vai estipular tetos sobre eventuais casos, por ex: x% para
batida de carro, y% danos, z% perdas, etc.
- O seguro não vai excluir a possibilidade de indenização complementar
ao segurado. Ex: em caso de acidente de trânsito, a família do
acidentado recebe o seguro DPVAT, podendo acionar o agente
causador do dano civilmente.
- Artigos 778 - 785 e 788.
9. PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL
- Com a teoria contemporânea a culpa passa a ser um mero elemento
acidental, uma vez que há a responsabilidade objetiva.
- Deve existir 4 elementos para que haja responsabilidade civil: conduta, dano,
nexo causal e nexo de imputação.
- Erosão dos filtros da responsabilidade civil: é a ideia de Anderson Schreiber
de que, se por exemplo, 8 amigos vão ao bosque e morre uma pessoa. Não
conseguem descobrir quem foi que matou:os 8 serão responsabilizados.
Para o legislador, é melhor que todos sejam responsabilizados do que que
ninguém seja responsabilizado e a família de quem morreu fique irressarcida.
10. CONDUTA
- Poderá recair sobre pessoa física ou pessoa jurídica
- Deve se questionar se a conduta é tal que se justifique o dever de reparação
- Pressupõe a existência concomitante dos seus pressupostos (um deles é a
conduta)
- Não precisa ser necessariamente danosa
7
● CONDUTA VOLUNTÁRIA: é a conduta humana
- É a voluntariedade que resulta da liberdade de escolha do agente imputável
(que tem discernimento e consciência daquilo que faz).
- A voluntariedade não significa que o indivíduo teve a intenção de causar o
dano, mas sim que possuía consciência do que estava fazendo
- É a consciência do ato
● CONDUTA COMISSIVA OU OMISSIVA:
- CONDUTA COMISSIVA (ou positiva): eu cometi uma conduta danosa; é a
ação, o fazer. Ex: um cara bêbado arremessa o carro contra o muro do
vizinho
- CONDUTA OMISSIVA (ou negativa): é uma abstenção; é quando alguém
deixa de agir quando juridicamente era esperada uma conduta. Até na
omissão há voluntariedade da conduta. Ex: omissão de socorro, que pode
ensejar em condenação penal e civil.
● RESPONSABILIDADE CIVIL INDIRETA X RESPONSABILIDADE CIVIL INDIRETA
❖ DIRETA: o agente do dano é o responsável pela reparação, ou seja, quem
causou o dano é quem vai indenizar. É a regra
❖ INDIRETA: uma pessoa por quem você é responsável causou o dano (arts
932 e 933)
- O agente responderá pela conduta de outrem
- Ato praticado por terceiro ou fato do animal e de coisa
- É uma responsabilização objetiva, pois não há culpa
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas
condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício
do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por
dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente
quantia.
- O ‘’também’’ sugere responsabilidade solidária.
- No artigo 928 diz que o incapaz responde em alguns casos, mas o 932, I, diz
que tanto os filhos quanto os pais respondem. Por isso, há uma antinomia. Irá
prevalecer a que for mais específica e restritiva, ou seja, o 928.
8
❖ ANALISANDO OS INCISOS do 932:
INCISO I: os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
- Responsabilidade sobre os filhos (incapazes): é subsidiária e não solidária entre os filhos
e pais
- O artigo 928 é claro em dizer que um filho menor de idade, na dependência de seus pais,
só vai responder com o patrimônio dele de forma subsidiária (como no caso de o filho ter
patrimônio, ex: ator mirim). O menor só vai arcar com patrimônio próprio se seus
responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes
- Se os pais são divorciados, ambos respondem solidariamente, se a guarda é
compartilhada. Se mesmo com o divórcio o pai não tiver a guarda, mesmo que tenha
visitas nos finais de semana, será responsável o pai que estiver com o filho no momento.
- Situações em que o responsável não tem obrigação de arcar: se o responsável está em
coma e o incapaz está com a avó, por exemplo. O pai em coma não tem
responsabilidade; ou se os responsáveis não têm patrimônio para arcar.
- Os pais não podem entrar com ação de regresso
INCISO II: o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas
condições;
- Mesma lógica do anterior.
- Caso tenham que pagar, podem depois entrar com ação de regresso (os pais não podem)
- O pródigo está excluído deste inciso, pois a sua incapacidade diz respeito ao seu
patrimônio = responsabilidade DIRETA.
INCISO III: o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício
do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
- O serviçal deverá ser retirado
- A conduta deverá ter ocorrido no exercício do trabalho ou em razão dele para que recaia a
responsabilidade indireta
- Recai, obviamente, a solidariedade
INCISO IV: os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por
dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
- O hotel só responde pelo seu hóspede se a situação ocorrer dentro do hotel ou do raio de
influência
- Um exemplo é o caso de um menor, hóspede de um hotel, que foi agredido por um outro
hóspede. O hotel poderia ser processado pela família do menino, pois tem
responsabilidade indireta já que o agressor era também um hóspede. O agressor e o
hotel respondem solidariamente
- Essa lógica se aplica também às escolas: se um menor bate no outro, a escola vai
responder e não haverá direito de regresso contra os pais. Leo entende que no momento
em que o menor está na escola, ele sai da responsabilidade dos pais e passa para a do
colégio.
INCISO V: os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente
quantia.
- No rigor técnico não seria responsabilidade indireta.
- Ex: se minha amiga traficante rouba uma jóia e me dá de presente, eu não vou arcar com
todo o prejuízo causado pelo roubo, mas terei que restituir o valor da jóia.
9
- Seria a restituição do que foi indevidamente recebido a fim de desfazer um
enriquecimento ilícito. Não é responsabilidade civil indireta.
● RESPONSABILIDADE CIVIL INDIRETA DECORRENTE DE COISAS
Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não
provar culpa da vítima ou força maior.
- Dano provocado diretamente por um animal = responsabilidade OBJETIVA
- A ideia de culpa é totalmente dispensada.
- Se aplica também ao detentor, que é, por exemplo, a pessoa que leva o cachorro
pra passear
- Se relaciona com a teoria do risco: quem se arrisca a ter um animal deve assumir
os riscos disso
- EXCLUDENTES DO 936:
- Culpa da vítima: a culpa é exclusivamente da vítima se ela, por exemplo,
se aproxima de um cachorro que ta preso e ele morde ela
- Força maior e caso fortuito: se cai um raio na coleira do animal (kkk) e ele
se solta e morde algum azarado
- Há quem defenda que fato de terceiro também poderia ser uma
excludente, por exemplo: se um terceiro solta meu cachorro que estava
preso e ele sai mordendo todo mundo, eu estou liberada da culpa.
Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se
esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.
- O prédio que precisa de manutenção, situação de uma fachada caindo
- Haveria a responsabilidade civil se houvesse a necessidade manifesta, ou seja,
a pessoa tá vendo que aquilo precisa de um reparo e mesmo assim
negligenciou o ato de reparar, que repercutiu no dano
- Responsabilidade subjetiva: negligência = culpa
Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas
que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
- É a hipótese de RESPONSABILIDADE PELA COISA CAÍDA; um objeto cai do
apartamento e atinge alguém que está passando embaixo
- Remete ao direito romano ‘’actio de effusis et dejectis’’
- A responsabilidade é do habitante do apartamento e não necessariamente do
dono
- Se relaciona com a ideia da erosão dos filtros da responsabilidade, pois, se não
tem como comprovar de qual apartamento foi, a vítima poderá mover uma ação
contra o condomínio. Inclusive, o condomínio terá direito de regresso para
processar como um todo os apartamentos em que poderia ter caído o objeto
(causalidade alternativa/responsabilidade anônima)
11. DANO
10
- Mesmo se tratando de erosão dos filtros da responsabilidade, é difícil que o
pressuposto dano seja mitigado.
- Leo entende que é impossível continuar afirmando que é possível ter
responsabilidadecivil sem dano.
- CONCEITO: ‘’Lesão a um interesse jurídico tutelado, patrimonial ou não, causado
por ação ou omissão do sujeito infrator’’ Pablo Stolze
● REQUISITOS DO DANO RESSARCÍVEL:
- A violação ao interesse jurídico, material ou moral
- Efetividade ou certeza deste dano - ele não pode ser especulativo
Se essa especulação um dia se concretiza, não incorrerá em prescrição
pela teoria do actio nata. Ex: levo uma porrada na cabeça e os estudos
mostram que isso pode me causar danos psiquiátricos 10 anos depois.
Teoricamente, haveria prescrição em 3 anos. Por essa teoria, o prazo
prescricional só iria começar a contar a partir do momento em que o dano
psiquiátrico se concretizasse.
- Subsistência do dano. Ex: eu dou um murro na parede da casa do vizinho
e abre uma broca. Eu mesma conserto ali e disfarço o dano, assim o dono
da parede não poderia me processar pela visão da responsabilidade civil.
- FORMAS DE REPARAR O DANO MATERIAL:
- REPOSIÇÃO NATURAL: o autor da conduta lesiva consegue
reparar o dano
- REPARAÇÃO EM PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA: o autor da conduta
lesiva paga um valor correspondente ao dano.
- EXISTEM 3 TIPOS DE DANO: dano material, dano moral e dano estético.
● DANO MATERIAL: Aquele que atinge o patrimônio do indivíduo; bens que possuem valor
economicamente aferível.
❖ DANO EMERGENTE: pode ser identificado pela teoria da diferença no momento
da lesão
- Ex: eu tenho um carro e Sicrano bate no fundo. O dano emergente é que
meu carro tinha um valor antes da batida e agora vai ter outro. Essa
diferença é o dano emergente. É verificado pela teoria da diferença (valor
antes do dano - valor depois do dano = extensão do dano)
11

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