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Davillanne Valentim Bacterioses Medicina Veterinária BOTULISMO Definição: Intoxicação altamente fatal, causada por toxinas de Clostridium botulinum, a qual acomete bovinos, ovinos, caprinos, equinos e asinininos, e menos frequentemente carnívoros e suínos. Caracteriza-se por causar paralisia flácida parcial ou completa dos músculos de locomoção e deglutição. • Mecanismo de ação: Bloqueio da liberação da acetilcolina • Causas: Osteofagia e deficiência de ferro, além de animais ingerindo cama de frango. Etiologia: C. botulinum é uma bactéria gram-positiva, em formato de bacilos, produtora de endósporos, anaeróbica ou aerotolerante. Ela possui sete toxinas (A – G) reconhecidas até o momento, sendo as dos tipos C e D predominante em animais. São encontradas no solo, água e trato digestivo dos animais. Transmissão: Animais em confinamento contaminados por via fecal oral, carcaças em decomposição contaminando água, alimentos e o solo. Patogenia: As toxinas ingeridas pelo animal, são rapidamente absorvidas pelo trato gastrointestinal e atingem as junções neuromusculares de terminações nervosas periféricas Sinais Clínicos: incoordenação motora posterior e anterior, cabeça; seguida de dificuldade de apreensão, mastigação e deglutição. • Diminuição dos reflexos pupilares com midríase • Perda do tônus do esfíncter • Constipação intestinal • Retenção urinária Diagnóstico: Sinais clínicos associados à epidemiologia e necropsia "branca" (sem alterações na necropsia de animais mortos) • Soroneutralização em camundongos • Fixação em Elisa Tratamento: Deve-se avaliar a relação custo x benefício Soro hiper imune + suporte Medidas profiláticas: evitar o contato dos animais com as fontes de toxina manejo ambiental • Oferecer mineral como complementação alimentar • Remoção das carcaças e ossos das pastagens • Realizar vacina corretamente • Controle de roedores • Não utilizar cama de frango TÉTANO Definição: Enfermidade toxinfecciosa, não contagiosa, altamente letal que acomete todos os mamíferos, sendo desencadeada por neurotoxina tetanospasmina, produzida por Clostridium tetani. Principal manifestação resultantes da ação da tetanospasmina são paralisia espástica e hiperestesia. Mais comum em ovinos, devido a castração, umbigos mal higienizados e feridas de tosquias. Sendo os equinos os animais suscetíveis ao tétano. • Mecanismo de ação: Etiologia: Tetanospasmina, é produzida durante o crescimento vegetativo do C.tetani. Bactéria em formato bacilar e gram-positiva, anaeróbica estrita e desprovida de cápsula, forma esporos na presença de oxigênio. C.tetani pertencente à microbiota intestinal normal de equinos, ruminantes, cães, gatos, aves e, também, da espécie humana. O solo é contaminada constantemente por fezes animais o que torna o ambiente o maior reservatório de esporos de C.tetani. Patogenia: A infecção ocorre, geralmente, por contaminação de ferimentos (causado por objetos perfurocortantes) ou feridas cirúrgicas (de castrações, descornas, caudectomias e casqueamento) com terra, fezes e outras sujidades que contenham esporos de C.tetani. As bactérias piogenicas estabelecem áreas de necrose com consequente anaerobiose, ambiente ideal, pela ausência de oxigênio, para que esporos de C.tetani passem da forma esporulada para a vegetativa, multiplicando-se nesse local e levando, assim, à produção de tetanospasmina (toxina tetânica) e tetanolisina (insignificante). Sinais Clínicos: Característico da doença --: Rigidez muscular por paralisia espástica e hiperestesia • Trismo mandibular • Marcha trôpega • Prolapso de terceira pálpebra • Cauda em bandeira • Orelhas eretas • Timpanismo Animais que evoluem para decúbito raramente se recuperam. Diagnóstico: Fundamenta-se essencialmente, em sinais e sintomas clínicos da enfermidade. Necropsia não indicada por não relevar lesões macroscópicas. • Bioensaio em camundongos Tratamento: Neutralizar a toxina circulante, cessar a sua produção e promover o relaxamento muscular do animal • Penicilina associada a soro antitetânico e acepromazina • Identificação do local da lesão com desbridamento e higienização do local • Suporte Profilaxia: • Vacinação • Cuidados sanitários na execução de práticas de manejo CARBÚNCULO SINTOMÁTICO “Manqueira” Definição: Enfermidade aguda, infecciosa, não contagiosa, de caráter endógeno e altamente letal, causada por Clostridium chauvoei. Acomete bovinos jovens de 6 meses a 3 anos, em bom estado nutricional Caracteriza-se pela formação de edema gasoso em grandes grupos musculares que crepitam à palpação. • Infecção via oral Toxinas α (alfa) – ação hemolítica, necrosante e letal β (beta) – desoxirribonuclease: capaz de produzir morte celular γ (gama) – hialuronidade: facilita a difusão da bactéria no tecido conjuntivo δ (delta) - neuraminidade ou sialidase Condição essencial – ausência do oxigênio Sinais Clínicos: Achado patognômico: Edema com crepitação na musculatura • Anorexia • Depressão • Claudicação • Aumento da sensibilidade • Inchaço Diagnóstico: Associação de sinais clínicos e epidemiológicos • Confirmação Necropsia: Musculatura crepitante, edema hemorragia e necrose Tratamento: Sem eficácia ↑ Altas doses de penicilina Profilaxia: • Vacinação • Controle ambiental • Descarte das carcarças Gangrena Gasosa “Edema maligno” Definição: Infecção devastadora causada por microrganismos da espécie Clostridium, que também é denominada mionecrose por Clostridium. Etiologia: Enfermidade causada especificamente pelo C. perfringes do tipo A e C, C. septicum, C.novyi (letal), C. chauvoei e C. sordelli – Isoladamente ou de maneira associada. Afeta bovinos, ovinos, equinos e suínos de qualquer idade. Estão presentes nos animais e no ambiente, tendo acesso pela pele e mucosas lesionadas Fatores predisponentes: castrações, vacinações, injeções, mordeduras, tosquia, auxílio a parto com as mãos sujas e uso de instrumentos não esterilizados. Características diferenciais: Alta invasividade dos agentes e a intensa produção de gás. Patogenia: Sinais Clínicos: ÓBITO RÁPIDO ( 1 A 3 DIAS) • Febre • Anorexia • Taquicardia • Depressão • ↑ Volume áreas mais baixas – principalmente membros posteriores – acumulo de gás e transudato (ventre e regiões inferiores) • Subcutâneo edematoso ou crepitante • Claudicação severa • Pele: edema e cianose Diagnóstico: Associação de sinais clínicos e epidemiológicos Confirmação Necropsia: Musculatura crepitante, edema hemorragia e necrose Tratamento: • Desbridamento tecidual necrótico • ↑ Altas doses de penicilina Profilaxia: • Vacinação • Controle ambiental • Descarte das carcaças Lesão tecidual Contaminação por Clostridium Proliferação (Anaerobiose) Germinação Infeccção Fermentação dos carboidratos Formação do dióxido de carbono Produção de Toxinas Necrose Hemoglobinúria Bacilar Definição: Enfermidade causada pelo Clostridium haemolyticum, uma toxemia de manifestação aguda e superaguda, fatal para bovinos, mas que raramente acomete ovinos, caprinos, equinos e suínos. • Necrose Hepática (Fígado) Principal porta de entrada: Umbigo em neonatos Animais em boa condição corporal Precedida de lesões hepáticas Contaminações ambiental – alimentos, fezes e carcarças Sinais Clínicos: • Depressão • Hemoglobinúria • Icterícia • Anorexia • Dor abdominal Diagnóstico: Associação de sinais clínicos e epidemiológicos • Confirmação Necropsia: Musculatura crepitante, edema hemorragia e necrose Diferencial: Babesia (hemólise intravascular) e Anaplasmose (extravascular) Tratamento: Altas doses de penicilina Profilaxia: • Controle ambiental • Vacinação • Boas condições demanejo C. hemolytium Toxinas Beta e C Necrose + Lise dos Eritrócitos Hemólise Parasitismo por Fasciola hepática Lesões Condições para Anaerobiose Germina ção Toxinas Hemólis e Liberação de Hemoglobina ENTEROTEXIMA “Doença do Rim Pulposo” Definição: Enfermidades ocasionados por absorção, pelo trato gastrointestinal, de toxinas produzidas por Clostridium perfringens (C. perfringens). Etiologia: A bactéria C. perfringens é gram-positiva, e produz toxinas letais (α, β, ε, ι), de maior ação patogênica, que servem de base para classificar o agente nos tipos A, B, C, D, E. A doença do “rim pulposo” é ocasionada pela bactéria C. perfringens tipo, que produz principalmente a toxina ε. Epidemiologia: Acomete bovinos, ovinos e caprinos de todas as idades, possui baixa morbidade, porém alta letalidade. Fatore predisponentes: alteração da dieta, excesso de pastagem, dietas com muitos concentrados e pouca fibra, ou alimentação com excesso de grãos. Transmissão: A bactéria C. perfringens é comensal do TGI, possui caráter oportunista, ou seja, a instalação da infecção se dá por aspectos que favoreçam o desequilíbrio e multiplicação dos agentes. OBSERVAÇÃO: A toxina ε é ativada quando entra em contato com enzima proteolíticas e causa necrose altamente letal, o curso clínico nesse caso é agudo e não são observados sinais clínicos, sendo o animal levado a morte súbita. Sinais clínicos: Geralmente os animais acometidos vem a óbito antes de notar-se sinais clínicos, mas evidencia-se a presença de incoordenação motora, dificuldade de locomoção, bem como manifestações respiratórias: dispneia, depressão e eliminação de espuma pelas narinas. Diagnostico: É fundamentado na anamnese, sinais clínicos associados com a epidemiologia local. Os animais geralmente morrem subitamente em boas condições físicas. Achados de necropsia – rins congestos amolecidos com aspecto autolicados (Rim pulposo) Tratamento: Recomenda-se o uso de altas doses de penicilina Prevenção: Bom manejo nutricional em associação com a vacinação do rebanho MORMO Definição: Enfermidade infectocontagiosa piogranulomatosa, de caráter agudo. Caraterizada por lesões respiratórias, linfáticas e cutâneas em equídeos, causada por bactéria Burkholdearia mallei. Acomete equídeos, possuindo alta morbidade e alta letalidade. • Zoonose grave (ocupacional): Homem é um hospedeiro acidental Etiologia: Causado por uma bactéria intracelular facultativa, encapsulada, que mantém viável no interior dos fagócitos, capaz de produzir endotoxinas. Transmissão: Via de infecção é a oral, disseminada pela via digestiva. Sendo transmitido por fômites (forragens, bebedouros e calhas) • Idade é um fator relevante – maior prevalência em idosos, debilitados, más condições de manejo e estresse Sinais clínicos inespecíficos: • Hipetermia • Apatia • Caquexia • Colonização do pulmão: Pneumonia piogranulomatosa, dispneia, secreção mucopurulenta com surgimento de estrias de sangue • Forma cutâneo-linfática: Surgimento de nódulos rígidos “colar de pérolas” Diagnóstico diferencial: Garrotilho - Sem registro de transplacentária - Transmissão por ingestão • Forma aguda - Respiratória: hipertermia, redução do apetite, dispneia evolutiva, emaciação, ulceração de septo nasal • Forma crônica – Não são distintas e podem apresentar todas as formas simultaneamente. o Cutânea – Abcessos cutâneos o Nasal – Descarga nasal serosa o Pulmonar – Pneumonia lobar com abscedação cavernosa com desenvolvimento de pleurite fibrinosa Diagnóstico: Anamnese associada a epidemiologia e sinais clínicos Teste de maleína (Somente veterinária) • Identificação da bactéria. Fixação em Elisa Métodos moleculares e sorologicos - diferencial: Garrotilho Exame confirmatório: WESTER BLOTTING – Labotório agropecuária caso de prova de triagem apresente resultando positivo. NÃO HÁ VACINA! // NÃO HÁ TRATAMENTO! // NOTIFICAÇÃO OBRIGATÓRIA!! Animal deve ser eutanasiado – restrita a profissionais do serviço de defesa sanitária Medidas de Controle: • Interdição de propriedades com animais positivos • Eutanásia de animais positivos • Incineração das carcaças • Descontaminação das instalações de utensílios • Abolir uso de cochos coletivos • Uso de equipamentos de proteção na manipulação dos animais • Transito de animais (GTA) – apresentação do comprovante do exame negativo para mormo e sem sinais clínicos o Validade de 60 dias apartir da coleta da amostra BRUCELOSE Definição: Infecção generalizada e crônica causada pela bactéria do gênero Brucella spp. Considerada uma zoonose (contato com animais infectados ou alimentos contaminados). PNCEBT: Doença zoonótica causada pela bactéria Brucella abortus, caracteriza por infertilidade e aborto no final da gestação nas espécies bovina e bubalina. Etiologia: Cocobacilo gram-negativo, intracelular facultativo – sobrevive no interior de macrófagos. • Brucella canis – cães (Alta prevalência em humanos) • Brucella ovis – ovinos o NOTIFICAÇÃO MENSAL • Brucella suis – suínos o NOTIFICAÇÃO IMEDIATA • Brucella melitensis – mais virulenta em humanos o NOTIFICAÇÃO IMEDIATA Patogenia: Porta de entrada: Oral, respiratória, conjutiva, ocular, genital, pele lesada Penetraçã o nas mucosas Multip licação Reposta imunológ ica Fagocitose Linfonodos Regionais Via linfátic a ou sanguí nea Órgãos Manife stações BACTERIOSES DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS | GARROTILHO DAVILLANNE VALENTIM | ESTUDANTE DE VETERINÁRIA 1 GARROTILHO Sinonímia Adenite Equina Definição É uma enfermidade infectocontagiosa aguda, sendo específica de equídeos. É caracterizada por linfadenite e infecção do trato superior causada pela bactéria β - hemolítica Streptococcus equi (S. equi), pertencente ao grupo C de Lancefield. Acomete animais de todas as idades, embora com mais prevalência em animais jovens. Por quê Garrotilho? O termo “garrotilho” vem do espanhol e significa angina grave que produz a morte por sufocação, o termo foi incorporado ao português e refere-se a cavalos afetados, mas não tratados, e que parecem estar sendo estrangulados por garrote devido ao aumento dos linfonodos retrofaríngeos e submandibulares que obstruem a faringe. Etiologia e Histórico: São causadas por bactérias da família Streptococcaceae gram-positivas. O garrotilho figura entre as doenças mais frequentes na criação de equídeos em todo o mundo. Vale ressaltar que equinos, muares e asininos são suscetíveis. • Acomete equídeos de entre 1 e 5 anos, com predomínio em animais com cerca de 1 ano de idade, o que coincide com a faixa etária do desmame dos potros • Morbidade é alta, podendo acometer 10 a 30% dos animais do plantel, chegando a 100% em surtos • Letalidade é baixa ocorrendo em até 10% dos animais não tratados e/ou com diagnostico tardio, e em 1 a 2% dos casos, mesmo que tenham tido o tratamento adequado, em virtude de desenvolvimento de complicações. • Prejuízos econômicos estão relacionados com a interrupção das atividades dos animais, bem como gastos com tratamento, além da morte ocasional de animais. BACTERIOSES DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS | GARROTILHO DAVILLANNE VALENTIM | ESTUDANTE DE VETERINÁRIA 2 Transmissão A transmissão ocorre por via aerógena / via oral, sendo as fontes de infecção equídeos doentes ou portadores que eliminam a bactéria pelo trato respiratório superior. A transmissão pode ocorrer de maneira direta e indireta. • Forma direta: ocorre pelo contato entre animais, cavalos que estão incubando a doença que apresentam sinais clínicos, mas estão se recuperando e por portadores. • Forma indireta: Através de fômites, secreções nasais e os conteúdos dos linfonodos e abscessos contaminam água, ração, pasto e utensílios de maneira geral (corda,sela, arreio, cabresto etc.) O agente permanece, na população, em equinos portadores: animais convalescentes ou aparentemente recuperados – podendo ser transmitido por secreção nasal. Vale lembrar que estresse, transporte, excesso de trabalho, viroses e parasitoses aumentam a suscetibilidade dos animais e podem desencadear a enfermidade em animais com infecção latente Resistência O vírus no ambiente pode se manter viável por até 3 meses, sob abrigo da luz solar direta, a até 2 meses na vegetação. Os estábulos permanecem contaminados. Patogenia Após o ingresso no equídeo suscetível por via oral ou nasal, a bactéria adere às células da mucosa nasal e bucal e em seguida se multiplica, invadindo a mucosa nasofaríngea causando faringite aguda e rinite. Poucas horas após a infecção da cavidade oronasal, o microrganismo é levado para os linfonodos regionais (retrofaríngeo e submandibulares), nos quais se multiplica no meio extracelular. A progressão viral ocorre através da presença do vírus nos linfonodos regionais, que determina quimiotaxia de neutrófilos, aumento da permeabilidade vascular loca, edema e formação de abcessos com acúmulo de grande coleção purulenta, que pode ser eliminada, em alguns animais, após a abscedação dos linfonodos, causando obstrução local por compressão. BACTERIOSES DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS | GARROTILHO DAVILLANNE VALENTIM | ESTUDANTE DE VETERINÁRIA 3 Sete a 14 dias após, fistulam, drenando na faringe, na bolsa gutural ou no exterior, liberando secreção purulenta e contaminando o ambiente por semanas. Sinais Clínicos O período de incubação é variável entre 1 e 3 semanas. Classicamente, os principais sinais clínicos incluem início abrupto de febre (39 a 41ºC), linfadenopatia (submandibular e retrofaríngea) com dor à palpação, descarga nasal (inicialmente serosa, que passa à mucopurulenta e purulenta em alguns dias), inapetência, tosse produtiva bem como dificuldade respiratória e deglutição. Em geral, o curso clínico da doença perdura 2 a 4 semanas, com recuperação espontânea da maioria dos animais, com ou sem supuração dos abcessos. Complicações do Garrotilho As principais complicações são o garrotilho bastardo, púrpura hemorrágica, empiema da bolsa gutural e pneumonia aspirativa. Vale ressaltar que os casos complicados tendem a cronicidade ou à evolução fatal. • Garrotilho bastardo, espúrio ou metastático é a disseminação sistêmica do microrganismo (S. equi) dos linfonodos para diferentes órgãos, provocando abcessos. Maior frequência de disseminação nos pulmões, mesentério, fígado, baço, rins e cérebro tendo risco de ruptura e infecção generalizada. Nesses casos os animais podem desenvolver quadros de pneumonia, artrite, tendinite, nefrite, celulite, panoftalmite, linfadenite mesentérica, encefalite e miocardite. Sugere-se que esteja relacionada a virulência da linhagem, suscetibilidade e higidez do animal, fatores genéticos e instituição tardia ou inadequada de tratamento. • Púrpura hemorrágica é o desenvolvimento de uma reação imunomediada. Sugere- se que seja secundária a uma reação exacerbada de equídeos infectados com linhagens virulentas do microrganismo (S. equi), levando ao acúmulo de complexos imunes na parede dos vasos sanguíneos. Clinicamente, os animais com esta complicação apresentam dificuldade respiratória, taquicardia, edema (cabeça, membros e abdome), petéquias e equimoses em mucosas, conjuntivas e serosas de órgãos, evoluindo para morte ocasional. Em casos graves, os BACTERIOSES DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS | GARROTILHO DAVILLANNE VALENTIM | ESTUDANTE DE VETERINÁRIA 4 animais podem manifestar, também cólicas por vasculite no trato digestório, além de desprendimento da pele acima dos casos. Acomete, frequentemente, animais convalescentes e, raramente, animais vacinados. • Empiema da bolsa gutural é o resultado da ruptura do linfonodo retrofaríngeo, com disseminação do microrganismo (S. equi) para a bolsa gutural caracteriza um caso grave de empiema (acúmulo de secreções purulentas) com tendência a cronicidade da infecção. Os equídeos com empiema da bolsa gutural apresentam secreção nasal purulenta profusa(purulenta) e perda de peso. Com a evolução do quadro podem ocorrer a formação de fístulas e abscedação externa do conteúdo da bolsa gutural, com eliminação expressiva de secreção purulenta em vários pontos fistulados abaixo da base das orelhas. • Pneumonia aspirativa • Outras complicações clínicas - Sistema Nervoso Central: é rara, e resulta em encefalite, manifestada clinicamente por hiperestesia, apoio da cabeça em obstáculos, andar em círculos, tremores, excitação, ataxia, rigidez da nuca, incoordenação e paralisia dos membros. - Hemiplegia laríngea: compressão ou lesão do nervo laríngeo com agravamento da dificuldade respiratória - Miosites com atrofia muscular na região glútea, quadros de glomerulonefrite e miocardite. - Casos clínicos mamários incluem sinais de edema, hiperemia e sensibilidade à palpação das mamas, bem como leite de coloração e aspecto alterados (presença de pus e grumos). Diagnostico É fundamentado em achados clínico-epidemiológicos e apoiado em exames subsidiários (demonstração do agente em esfregaços de exsudato nasal). A confirmação é realizada pelo isolamento do S. equi subesp. equi obtido de material purulento coletado de linfonodos, secreção nasal e bolsa gutural, das lesões ou órgãos afetados. BACTERIOSES DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS | GARROTILHO DAVILLANNE VALENTIM | ESTUDANTE DE VETERINÁRIA 5 A PCR tem sido adotada em programas de controle e profilaxia do garrotilho em propriedades endêmicas, no controle de surtos ou em criatórios de animais de elite. A técnica apresenta boa sensibilidade e elevada especificidade, auxiliando a detecção em animais assintomáticos. Porém, recomenda-se seu uso simultâneo com o cultivo microbiológico convencional, pois esta pode resultar positiva mesmo na ausência de bactérias viáveis. Tratamento A abordagem terapêutica do garrotilho depende dos sinais clínicos e do estágio ou da gravidade da doença. Além disso, a alocação dos animais em ambiente isolado, com disponibilidade de alimento de boa qualidade, fácil acesso a água e, possibilidade de descanso em geral, é suficiente para a recuperação dos animais. Na vigência de surtos de garrotilho, indica-se o tratamento antimicrobiano imediato, a penicilina é, historicamente, o antimicrobiano de escolha para tratamento. No entanto, têm se notado a eficácia do fármaco está cada diz mais reduzida, em virtude da pressão seletiva para linhagens do S. equi resistentes. Portanto, deve-se saber que as cepas de S. equi são sensíveis às penicilinas, sulfonamidas e clorafenicol, sendo resistentes a estreptomicinas, tetraciclinas e gentamicina. Nos animais que apresentam os sintomas clínicos precoces sugestivos do garrotilho, o tratamento é direcionado para bloquear a abscedação dos linfonodos que pode ser feita através da administração de Penicilina G, na dosagem de 15.000 UI/Kg IM, com intervalo de 12 em 12 horas. Quando os animais apresentam a abscedação dos linfonodos, os esforços são voltados para a maturação e drenagem dos abscessos, e autores orientam para utilização de compressas quentes, para que os linfonodos fiquem flutuantes e haja a ruptura espontânea, ou mesmo para facilitar sua drenagem. Avaliar uso de antibioticoterapia parenteral – interrupção do desenvolvimento do abscesso, ao invés de acelerar sua maturação se febre prolongada, anorexia, depressão e letargia persistirem, ela passa a ser necessária. BACTERIOSES DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS | GARROTILHO DAVILLANNE VALENTIM | ESTUDANTE DE VETERINÁRIA 6 Após a drenagem deve-se fazer limpeza no local com iodo para evitar infecções secundárias. A terapia de apoio constitui-se de fluidoterapia, alimentação por sonda nasogástrica e se necessário a traqueostomia. Para animais que foram expostos ao agente,mas que ainda não apresentem os sinais devido ao tempo de incubação da doença pode haver a recomendação de penicilina na dosagem de 90.000UI/Kg PV IV, com intervalos de 48 horas, durante 21 dias. Os animais que apresentam complicações decorrentes do garrotilho devem ter o tratamento direcionado ao cuidado dos problemas específicos. A antibioticoterapia com penicilina é apropriada para a abscedação metastática tanto do abdômen quanto do tórax. Animais que apresentam púrpura hemorrágica, além da antimicrobianos também se deve utilizar corticoesteróides e reposição hidroeletrolítica e energética. Profilaxia e Controle Controle do fluxo de equídeos, cuidados sanitários na aquisição de animais, adoção de quarentenários, isolamento e tratamento de animais doentes, cuidados na formação de lotes de animais no pós-desmame, higiene e desinfecção de instalações e utensílios de manejo dos animais, exames clínicos e laboratoriais periódicos nos equídeos do plantel e adoção de profilaxia vacinal em propriedades endêmicas. Vacinas Diferentes vacinas estão disponíveis para a profilaxia da doença como imunógenos por via parenteral e intranasal, utilizando bactérias inativadas, atenuadas ou vacinas de subunidades. Vale ressaltar que, as vacinas inativadas não conferem proteção total aos animais, pois não induzem o estimulo antigênico adequado de imunidade local da nasofaringe, reconhecida como a principal porta de entrada do microrganismo. Em potros, a vacinação deve ocorrer após os 4 meses de idade, até lá a imunidade passiva por ingestão de colostro perdura. Controles e surtos Animais acometidos devem ser isolados e tratados até a remissão completa dos sinais clínicos. Todos os animais do plantel que não tiveram contato com os doentes devem ser revacinados.
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