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AD1 2022.2 Prezado/a aluno/a, os critérios de avaliação e as instruções de entrega da AD1 são os seguintes: ● Correção do português. ● Clareza e qualidade da argumentação (coesão/coerência). ● Referência aos textos da disciplina História e Filosofia, com obrigatoriedade de referência ao Módulo 4. ● Todos os textos de leitura obrigatória (postados na sala da disciplina) utilizados para desenvolver a AD1, quanto outros textos e autores/as, que te ajudem a resolver as questões, devem ser acompanhados de suas devidas referências (devem ser citados). Leia a cartilha de Plágio Acadêmico, postada na sala da nossa disciplina, antes de realizar a AD1. ● Os textos das respostas devem seguir os critérios de formatação da ABNT: espaçamento entre linhas 1,5, margens justificadas, fonte Arial ou Times New Roman nº 12, preferencialmente em formato PDF. ● Não esqueça de identificar sua avaliação com Capa, Nome, Matrícula e Polo. CONVITE AO PENSAMENTO Leia o Livro VII de A República, de Platão, onde o autor desenvolve a “Alegoria da Caverna”, principalmente as páginas 315 a 319, que está em anexo. E responda as questões abaixo (cada item vale, no máximo, 2,5 pontos): A) Sobre o autor: quem foi Platão, em que ano nasceu e onde viveu? (Aqui, é necessário citar a aula do Módulo 4 da disciplina). B) Contextualização da obra: em que contexto a obra A República, na qual está inserida a “Alegoria da Caverna”, foi produzida? Quais são as características dessa obra? (Aqui podem ser citados outros textos/artigos acadêmicos ou Módulos da disciplina que ajudem a compreender o contexto da obra). C) Compreensão: explicar, com as suas palavras, a “Alegoria da Caverna”. (Faça citações, se necessário). D) Reflexão: quais relações podemos produzir entre a “Alegoria da Caverna” e o nosso tempo presente? (Faça citações, se necessário). A) Platão (427-347 a.C.), nasceu em Atenas e era membro de uma das mais antigas e nobres famílias da polis. Seu nome era Arístocles, mas ficou conhecido desde jovem pelo apelido “Platão”, que em grego quer dizer “de ombros largos”, por ter um porte atlético, formado nas palestras (o nome grego para ginásio) atenienses. Fundou a Academia, sua escola filosófica nos jardins de seu amigo Academus (daí o nome “Academia”). Nesses jardins, Platão, seus companheiros e alunos se dedicaram à pesquisa da ciência, da política e do pensamento filosófico. A juventude de Platão se desenrolou em um momento crítico da história de Atenas, no qual a democracia ateniense se mostrava incapaz de dar conta dos problemas que assolavam a cidade. A Guerra do Peloponeso, que começou em 432 a.C., que envolveu quase todas as cidades da península grega foi uma grande crise, e Platão considerava que a democracia era incapaz de elaborar uma estratégia de longo prazo, assim como pensava que a assembléia popular não sabia organizar uma defesa e uma ofensiva eficazes. Com a morte de Péricles, em 429 a.C., a situação da polis se agravou e exército e frota atenienses sofreram vários reveses. Em 404 a.C., Atenas capitulou diante de Esparta e perdeu boa parte de seu império, de seu exército e de sua frota. Uma guarnição espartana tomou a cidade e demoliu suas muralhas. Muitos atenienses então – e, dentre eles, Platão –, consideraram o regime democrático precedente como o responsável pelo desastre ateniense. Esparta impôs a Atenas um governo oligárquico constituído por trinta magistrados (muitos deles parentes ou amigos de Platão), que ficou conhecido como Governo dos Trinta. Chegando à idade adulta, Platão via parentes e amigos colaborando com Esparta, visando seus próprios interesses e sendo chamados de “Trinta Tiranos”. Esta foi uma decepção muito grande para o jovem Platão, que o levou a consagrar sua vida à “reta filosofia”. Consagrar-se à reta filosofia seria, para Platão, opor-se a todos os desvios, principalmente a opiniões que pervertem a vida política e social. A primeira função do filósofo era, então, pensar a política do Estado e a formação dos cidadãos. Seria possível ensinar a virtude (em grego arete)? Essa foi a questão principal de um dos diálogos de Platão, o Menon. Fundou em 387 a.C. a sua escola filosófica. Como acreditava que o melhor dos dirigentes seria o filósofo, sua escola tinha o propósito declarado de formar um novo tipo de cidadão. Tanto para Platão como para Protágoras, então, o ser humano está lançado diante do mundo e não pode apoiar-se nele sem transformá-lo. Mas se para Protágoras o fundamento da justiça era o consenso social que vinha à luz, a partir do debate, Platão desejava fazer da justiça algo mais do que um consenso social e lingüístico. Ele desejou introduzir algo universal na linguagem. Buscou, portanto, o universal, a concordância em um conceito que daria consistência ao diálogo. Um verdadeiro diálogo não é um confronto de certezas, mas uma procura complexa do comum. Qual é o valor da palavra? Como a linguagem pode ser portadora de verdade? Como sair da opinião? Não basta, então, dizer o que nós consideramos belo; é preciso saber o que é o belo. Apoiando-se em Pitágoras, Platão acreditou na possibilidade de se chegar a proposições universais sobre as coisas. Seu ponto de partida, portanto, era o mesmo dos sofistas: o ser humano é lançado diante da natureza sem outro apoio senão o logos. Mas, para Platão, é possível decifrar a ordem do mundo, do kosmós, buscando um princípio de ordem e harmonia que regulasse as relações entre os diversos seres e definisse as proporções entre os elementos constitutivos tanto do kosmós quando da polis e do indivíduo: um certo kosmós próprio à constituição de cada ser é aquilo que, por sua presença, o torna bom. O uso filosófico da palavra remete à função que a palavra tem no conjunto da linguagem. Por exemplo: a palavra “beleza” põe em jogo tudo o que a linguagem exprime no movimento entre o sujeito e o objeto. Vejamos um exemplo do Hípias Maior (p. 287d): Sócrates – As coisas belas não são belas por efeito da beleza? Hípias – Sim, pela beleza. Sócrates – A beleza é uma coisa real? Hípias – Muito real. Não há problema nisso. Sócrates – Então, o que é a beleza? Hípias – Você está me perguntando que coisa é bela? Sócrates – Não exatamente, Hípias. Pergunto o que é o Belo. Hípias – Qual é a diferença? Sócrates – Você não vê nenhuma? Hípias – Não, nenhuma. Quando Sócrates pede a Hípias que lhe explique o que é a beleza, Hípias não consegue, pois, para ele, só existe a relação simples da palavra com a coisa. Só conhece a extensão do conceito e se limitaria a citar uma série de coisas belas. Mas fazer uma lista de coisas belas não é o mesmo que definir o que é a beleza. O esforço do pensamento filosófico consiste em pôr a palavra em relação com outras palavras, situando-a em uma rede de relações e não mais em relações simples com um único objeto. Em outras palavras, trata-se da passagem da extensão da palavra a sua compreensão. Platão, então, desenvolve os estudos da lógica. Ficamos marcados, segundo Platão, por aquele que suscitou esse mundo, presos em uma barreira – o pensamento do poeta – criada entre a imagem e o mundo. Isso não significa que Platão condenasse a arte poética em absoluto. Ao contrário, cita poetas com freqüência em seus diálogos e ele mesmo utiliza muitas vezes a linguagem no registro poético em seus textos, como é o caso da “Alegoria da Caverna”, que você conheceu na Aula 1, quando é preciso romper a barreira do uso lexicográfico das palavras, que aprisionam os indivíduos no mundo das aparências, ou seja, do senso comum. Em sua maturidade, Platão se dedicou a estudar questões relativas à teoria do conhecimento, retomando um problema com o qual trabalharam outros filósofos: como conhecer as coisas do mundo, se elas estão em constante transformação? Tratava-se, portanto, do problema da mutabilidade das coisas observadas no mundo sensível. Buscando resolvê-lo, Platão apoiou-se em sua teoria da alma e criou uma distinção clara entre o chamado mundo das idéias e o mundo dos sentidos. O ser humano deve abandonar a filodoxia (o amor àsopiniões) e abraçar a filosofia (o amor ao saber). O conhecimento é elaborado quando se rompe com as aparências sensíveis e se alcança as idéias das coisas. Decerto, para Platão, é necessário ter cuidado com o fascínio do sensível, para apreciar a harmonia do invisível. Mas também é necessário saber dosar as experiências: a aridez da razão pura destrói a harmonia, pois impede o equilíbrio das faculdades humanas. Platão propicia a reflexão filosófica que, por sua própria natureza, nunca é conclusiva e acabada (JASPERS, 1963, p. 286).