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AULA-06-HISTÓRIA-DA-EDUCAÇÃO-1

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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO 
 
 
Olá, 
 
No Brasil, o regime republicano estava sob um sinal moderno! Eles tentaram 
mostrar que a monarquia representava um sistema obsoleto e que desde 1889 o 
país entrava na fase de evolução. A ideologia republicana sustentava que a 
educação era uma das ferramentas mais importantes para garantir o avanço da 
nação. Com isso, as ações iniciais dos governos republicanos tiveram muito mais a 
intenção de servir como propaganda do que de fato mudar o ambiente educacional 
imperial. 
No entanto, o alto índice de analfabetos e mesmo as novas demandas 
advindas da crescente urbanização e do incipiente desenvolvimento industrial do 
início do século XX estimularam a criação de movimentos de valorização da 
educação nacional em todo o país. Nessa aula, você verá como as primeiras 
décadas do século XX foram marcadas por várias iniciativas de reforma 
educacional, tanto no governo republicano quanto em vários Estados do país. 
Também foram apresentados ao povo os mais importantes projetos educacionais e 
importantes iniciativas da intelectualidade para propor um modelo educacional 
compatível com a modernidade instaurada no país à época. 
 
Bons estudos! 
AULA 6 – OS 
REPUBLICANOS, A 
EDUCAÇÃO E A ESCOLA 
 
 
 
Ao final dessa aula, você deve apresentar os seguintes aprendizados: 
 
• Compreender as mudanças culturais após a Proclamação da República; 
• Entender reformas na educação pública em vários estados; 
• Identificar os aspectos educacionais da república velha; 
• Principais avanços e impasses da educação no Brasil. 
 
6. AS MUDANÇAS DA ELITE RURAL 
A fragilidade institucional que se prosseguiu à Proclamação da República 
(Figura 1), em 15 de novembro de 1889, não mudou o domínio político e 
econômico da aristocracia rural do sudeste brasileiro. Embora tenha havido uma 
breve aliança entre a elite rural e as elites urbanas e militares, os governantes 
permaneceram os mesmos. 
 
Figura 1 – Proclamação da República 
 
Fonte: https://bityli.com/HP6ra 
 
Em relação à cultura, o país deu continuidade à política de transferência 
cultural e tomou como exemplo os Estados Unidos desde o início do século XX. 
A sociedade experimentou mudanças significativas após o desafio de absorver 
a antiga população escrava, a influência dos imigrantes, em alguns casos a 
terceira geração, levando ideias progressista e novos métodos de trabalho para 
o surgimento de movimentos próprios dos pobres, como o “Messianismo”. 
No entanto, as alterações sociais não foram acompanhadas por 
mudanças na noosfera. A visão de mundo dominante continuou a ser 
amplamente conservadora e caracterizada pelo catolicismo. Ainda que a 
Constituição de 1891 estabelecesse a separação entre Igreja e Estado, alguns 
intelectuais ainda se apegavam à ideologia da identidade católica nacional. 
(AZEVEDO, 1958). 
A situação era divergente. Apesar desse pensamento conservador 
cultivado, o país respirava uma atmosfera de modernização impulsionada por 
ideais liberais e invenções técnicas inovadoras importadas da Europa e dos 
EUA. No século XIX, já houve mudanças nos transportes do país, trem e barco 
a vapor, na comunicação, telégrafo e telefone. 
Tendo em vista as mudanças ocorridas no cotidiano das pessoas, 
principalmente nas capitais do país, pode-se dizer que a modernidade ao Brasil 
logo nas primeiras décadas do século XX. Nesse período, carros, aviação, 
jornalismo ilustrado, indústria fonográfica, cinema e rádio são exibidos em 
cidades como o Rio de Janeiro, a capital e importante representação nacional. 
(SEVCENKO, 1998, p. 522). 
Essas alterações técnicas também têm impacto na forma como a vida 
urbana é organizada. Isso pode abranger costumes sociais, estilos de arte, 
formas de retórica, ritmos de dança, regras de conduta, vestimentas e 
penteados. Sevcenko (1998, pp. 522, 523). Além dessas novas normas culturais 
e de lazer, podemos citar as mudanças ocorridas nos lares com a adoção de 
novos hábitos (consumo diário de café e tabagismo) e o ingresso de novos 
utensílios domésticos, como os eletrodomésticos. 
O símbolo maior dessa nova fase que o país queria implementar foram as 
reformas realizadas pelo presidente Rodrigues Alves na capital federal do Rio de 
Janeiro em 1904 -1905. Várias obras foram realizadas ao longo da chamada 
Avenida Central para "civilizar a cidade". 
6.1 A república velha e os anos iniciais 
O grande número de escolas primárias segregadas que existem em São 
Paulo inspirou um plano para combinar várias escolas em um edifício construído 
especificamente. Todo o sistema pedagógico foi desenvolvido e grandes prédios 
foram construídos em várias cidades para instituir o novo modelo de escola, o 
chamado Grupo Escolar, um local onde poderiam ser aplicadas as exigências da 
pedagogia moderna: os espaços funcionais da escola, que inclui ambientes 
como sala da direção, biblioteca, oficina, laboratórios, anfiteatro, secretaria, 
terraços e salas de aula arejadas. (DE BENCO, 2005). 
A ideia se alastrou pelo país. No começo do século XX, os estados de 
Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Paraíba e Santa 
Catarina e seguiram o exemplo de São Paulo e investiram na construção de 
prédios imponentes, principalmente em capitais escolares. Assim, a 
consolidação de escolas segregadas e a construção de prédios para o "Grupo 
Escolar" (Figura 2) fez-se uma prática dos governos estaduais republicanos para 
divulgar a entrada do país na modernidade educacional. 
Contudo, a implementação do Grupo Escolar no Brasil pode ser vista 
como um componente da estratégia dos Liberais Republicanos para promover a 
educação pública no Brasil, além de apoiar o novo governo. Conforme 
explicação de Souza (2006): 
 
A criação dos grupos escolares surge, portanto, no interior do projeto 
político republicano de reforma social e de difusão da educação 
popular – uma entre as várias medidas de reforma da instrução pública 
no Estado de São Paulo implementadas a partir de 1890. A 
implantação dessa nova modalidade escolar teve implicações 
profundas na Educação pública e na história da Educação brasileira. 
Introduziu e ajudou a introduzir uma série de modificações e inovações 
no ensino primário, auxiliou na produção de uma nova cultura escolar, 
repercutiu na cultura da sociedade mais ampla e encarnou vários 
sentidos simbólicos da educação no meio urbano, entre eles a 
consagração da República. Generalizou, ainda, no âmbito do Ensino 
Público, muitas práticas escolares em uso nas escolas particulares e 
circunscritas a um grupo social restrito – as elites intelectuais, políticas 
e econômicas. (SOUZA, 2006, p. 76, 77) 
 
O Grupo Escolar, para alguns então, pode ser incluído em um amplo 
projeto de educação pública que está sendo executado pelos governos 
republicanos em toda a República Velha para reformular a educação nacional. 
Sob outra perspectiva, Fernando Azevedo, em sua clássica obra sobre a 
“transmissão da cultura” brasileira, diz: “Do ponto de vista cultural e pedagógico, 
a República foi uma revolução que abortou e que, contentando-se com a 
mudança de regime, não teve o pensamento ou a decisão de realizar uma 
transformação radical no sistema de ensino. ” (Azevedo, 1958, p. 134). 
 
Figura 2: Grupo Escolar no Bairro Alto Alegre, (década 1950). 
 
Fonte: http://www.crmariocovas.sp.gov.br/exp_l.php?t=020 
 
 
Como conciliar o entusiasmo em torno dos grupos escolares com as 
palavras de Fernando de Azevedo? O problema enfrentado era de fato enorme. 
Segundo Nagle (2001, p. 1 9), em 1920 o Brasil tinha "uma cota de 80% de 
analfabetos". Com efeito, o autor distingue entre a "República idealizada", a 
"república teoricamente construída" e a "república possível", que se realizou sob 
a pressão das forças sociais da época. Isto é, apesar dos planos da república, 
no ano de 1920, a realidade da educação do país era desanimadora. 
O intuito era efetivamentetornar a escola primária a instituição mais 
significativa do sistema educacional brasileiro, considerando que era vista como 
a matriz onde se integram o humano e o nacional” Nagle (2001, p. 153). Oculto 
a essa euforia educacional, havia também um elemento político porque os 
liberais estavam interessados em uma alfabetização mais ampla da população 
enquanto lutavam pelo voto popular. O interesse econômico em ver o capitalismo 
brasileiro se desenvolver no Brasil e “a relação entre a capacidade produtiva e 
cultura técnica " estiveram presentes. (NAGLE, 2001, p. 153). 
Em resposta a essa mobilização social, a Associação Brasileira de 
Educação foi criada em 15 de outubro de 1924, no Rio de Janeiro, com a missão 
de "congregar educadores, professores, pessoas físicas e jurídicas interessadas 
no estudo e debate assuntos ligados à Educação e à Cultura”. ABE (2009). O 
trabalho da ABE é mais conhecido pelas " Conferências Nacionais de 
Educação”. A conquista da ABE tem sido significativa na organização de 
"Conferências Nacionais de Educação" desde 1927. Essa passagem pela velha 
república levou a várias iniciativas de reforma educacional. Pela constituição de 
1891, a competência administrativa do ensino primário era atribuída aos Estados 
e o ensino secundário era de competência da União. Vale ressaltar que, até 
então, não existia um órgão responsável pela centralização e coordenação das 
atividades educativas no país, os assuntos educativos ficavam sob a 
responsabilidade do Ministério dos Correios e Telégrafos. 
Deste modo, reformas na educação pública ocorreram em vários estados, 
com o processo de reforma em andamento em São Paulo sob a liderança de 
Sampaio Dória ( 1883-1964 ) , diretor geral de instrução do estado .Esta reforma 
foi baseada no princípio de democratizar a educação sob as ideologias 
nacionalistas .Como resultado , o aspecto mais notável da reforma de Sampaio 
Dória foi a implantação de uma educação popular após dois anos de 
escolarização básica .Por detrás desta iniciativa estava a decisão sobre o tema: 
“ensino primário incompleto para todos ou ensino integral para alguns”. 
(CARVALHO, 2003, p. 230). 
Perceba que os primeiros educadores profissionais brasileiros tiveram um 
papel importante na implementação de reformas na educação pública em vários 
estados. Sampaio Dória recomendou Lourenço Filho (1897-1970) em 1922 para 
realizar a reforma educacional no Ceará, e sua obra seguiu o padrão moderno 
de intervenção pública: a princípio promoveu um estudo minucioso da situação 
educacional do estado, reuniu os recursos disponíveis e superou lutou contra a 
resistência da população às mudanças. 
A batalha principal era mudar a forma de pensar das pessoas, incluindo 
as dos professores e da elite, bem como da população em geral. Anísio Teixeira 
(1900-1971), foi Diretor Geral de educação do governo da Bahia de 1924 a 1928, 
promoveu a reforma ensino baiano, em que foi rejeitada a ideia paulista de 
ensinar as primeiras palavras em apenas dois anos. 
Francisco Campos (1891-1968), Secretário do Interior a partir de 1926, 
promoveu uma significativa reforma educacional em Minas Gerais com foco na 
formação de professores. A partir de 1929, Carneiro Leão também mudou o 
sistema educacional de Pernambuco. Seu foco era a valorização do curso 
normal, e o fez introduzindo o campo da sociologia da educação nos currículos 
das escolas de formação de professores. As reformas educacionais no Distrito 
Federal implementadas entre 1922 e 1926 realizada por Carneiro Leão, e a 
reforma da educação no Rio Grande do Norte implementada por José Augusto 
entre 1925 e 1928 também são dignas de destaque. (CARVALHO, 2003, p. 230). 
6.2 A república velha e o ensino secundário 
Em relação ao ensino secundário, segundo Nagle (2001, p. 191), entre 
1890 e 1920, “aos poderes públicos interessava apenas manter instituições 
padrão que servissem de modelo para outras escolas secundárias do país”. O 
foco era a manutenção da qualidade e não a preocupação em ampliar o 
atendimento à população. 
Como resultado, a educação elitista dominada pelo setor privado 
continuou. Segundo as reformas do ensino médio implementadas pelo Governo 
da União, foram ao todo 05 (cinco) durante os 41 (quarenta e um) anos da 
República Velha: 
 
• Benjamin Constant (1890); 
• Epitácio Pessoa (1901); 
• Rivadavia Correia (1911); 
• Carlos Maximiliano (1915) e 
• João Luís Alves (1925). 
 
O balanço dessas reformas foi feito por Azevedo (1958): 
 
Se examinarmos as reformas do Ensino Secundário, no primeiro 
período republicano, verificaremos que, a não ser a de Benjamim 
Constant, nenhuma delas introduziu alteração substancial na sua 
estrutura interna nem procurou extirpar de nossos ginásios o seu 
caráter utilitário nem cuidou da formação do magistério secundário. 
Todas elas mostraram grande hesitação, além de absoluta ausência 
de espírito de continuidade, no estudo e nas soluções dos problemas 
fundamentais de organização do ensino. (AZEVEDO, 1958, p. 136): 
 
É importante notar que por trás dessa reforma educacional havia um 
movimento ideal chamado Escolanovismo, que também foi aceito pelos referidos 
reformadores educacionais. Em 1909, Carneiro Leão de Pernambuco publicou o 
livro “A Educação”, o pioneiro desse movimento no Brasil. 
Os três princípios principais do movimento eram democracia, 
industrialização e ciência. A tese principal era que, por meio do uso da educação, 
a sociedade poderia ser transformada e democratizada. Os princípios que 
devem nortear a educação segundo a Escola Nova são os princípios liberais que 
definem a singularidade da escola, laica, gratuita, obrigatória e sobretudo 
pública. (AZEVEDO, 1958). 
Pois bem, se você se lembra da mentalidade conservadora que prevalecia 
no Brasil durante a República Velha, compreenderá que esses pioneiros da 
Escola Nova suportaram forte oposição. Por outro lado, havia aqueles que 
defendiam o ideal católico de educação, que se caracterizava pelo sobrenatural, 
subordinando a educação à doutrina religiosa (católica), educação separada 
para meninos e meninas, educação privada e responsabilidade familiar pela 
educação. 
Esse "utopismo passadista" foi liderado por alguns intelectuais católicos, 
como 
• Jackson de Figueiredo Martins (1891-1928), que fundou o Centro 
Dom Vital no Rio de Janeiro em 1922 com a intenção de fomentar 
a pesquisa e lançar as bases para uma resposta católica para o 
liberalismo ascendente; 
• Alceu Amoroso Lima (1893-1983) é outro intelectual católico que 
se destacou na batalha contra os reformadores educacionais. 
Com no arcebispo do Rio de Janeiro, D. Sebastião Leme, batalhou 
pela melhoria dos privilégios católicos no Brasil, incluindo esforços 
para incluir na legislação nacional iniciativas de promoção do 
ensino religioso e privado (AZEVEDO, 1958). 
6.3 A república velha e o ensino superior 
Em relação ao ensino superior, durante a república, o número de 
faculdades aumentou por todo o país. Nos anos de 1891-1910 foram fundadas 
27 (vinte e seis) instituições de ensino superior, sendo 9 (nove) de odontologia, 
medicina, farmácia e obstetrícia, 8 (oito) faculdades de Direito, 4 (quatro) de 
engenharia, 3 (três) de agronomia e 3 (três) economia. Como resultado, o ensino 
superior ainda era administrado em instituições isoladas em todo o país. Na 
verdade, aconteceu que os positivistas tinham forte oposição à ideia de 
universidade. (CUNHA, 2003, pp. 158, 161). 
No entanto, alguns estados iniciaram a implantação de universidades no 
país, embora não tenham avançado: a primeira universidade do país foi criada 
em Manaus, no Amazonas, em 1909, durante o chamado ciclo da Borracha. Foi 
uma iniciativa privada que durou até 1926. Universidades também foram 
fundadas por grupos privados em São Paulo e em Curitiba no ano de 1911, 
embora tenha sido uma iniciativa privada, recebeu apoio do governo doestado. 
Ambas as tentativas também falharam. (CUNHA, 2003, p. 161, 162). 
Somente em 1920 conseguimos fundar a primeira universidade pública, a 
Universidade do Rio de Janeiro, que perdurou praticamente por iniciativa do 
governo federal. O princípio organizacional era "unificação de faculdades 
profissionais previamente existentes". Nesse caso, reuniram-se as Faculdades 
Federais de Medicina e Engenharia e a Faculdade Federal de Direito. O estado 
de Minas Gerais, que segue o mesmo princípio organizacional do governo 
federal, fundou a Universidade de Minas Gerais em 1927, em Belo Horizonte. 
6.4 A educação após a revolução de 1930 
Em geral, são conhecidas as circunstâncias que provocaram a queda da 
velha república com a revolução liberal de 1930. Por trás desse vitorioso 
movimento havia duas classes sociais – a burguesia industrial e a classe 
trabalhadora – que reafirmavam seu direito de participar da vida política de seu 
país. 
A primeira grande mudança na educação implementada pelo governo 
revolucionário de Getúlio Vargas (1883-1954) foi a criação do Ministério da 
Educação e Saúde em 1930. Este Ministério "veio a constituir-se, com a solidez 
e os progressos de sua organização, uno dos ministérios mais importantes do 
governo revolucionário", segundo Azevedo (1958, p. 169) Francisco Campos, 
educador mineiro, foi o primeiro a assumir o cargo de "Ministro da Educação e 
Saúde Pública". 
A IV Conferência Nacional de Educação foi realizada em 1931 e teve o 
patrocínio da ABE (Associação Brasileira de Educação). Na ocasião, o novo 
chefe de governo do Brasil pediu aos professores que elaborassem um 
documento que definisse "o sentido pedagógico da Revolução de 1930". Como 
resultado, um grupo de 26 (vinte e seis) professores e estudiosos publicaram, 
em 1932, um texto que ficou conhecido como Manifesto dos Pioneiros da 
Educação Nova. 
O Manifesto dos Pioneiros de 1932 foi uma continuação, uma continuação 
do debate por trás das reformas educacionais da década de 1920 e uma 
introdução à política de nacionalização da década de 1930. Ou seja, “o Manifesto 
significou o amálgama das ideias dos renovadores em um documento de força 
retórica e projeção política que garantiu as estratégias de reforma educacional 
para uma nova sociedade, administrando-a a partir de um projeto nacional. ” 
Mate (2002). O manifesto alimentava uma disputa ideológica já travada entre os 
reformadores educacionais, os Escolanovistas e os católicos conservadores, 
representantes do poderoso setor educacional privado. De acordo com 
Romanelli (1998, p. 143), os três principais pontos do manifesto de 1932 – a 
laicidade, a necessidade de o Estado desempenhar o papel de educador e a 
igualdade dos direitos educacionais entre os dois grupos de interesses – foram 
os que causaram a maior conflito entre os dois grupos de interesse. 
Apesar de começar com a frase " ao povo e ao governo “, o Manifesto dos 
Pioneiros de 1932 acabou por ser um apelo ao governo brasileiro, então regido 
por uma nova configuração política, para alterar efetivamente a situação 
educacional do país sistema. E as reformas prosseguiram sem demora. Por meio 
de uma série de decretos, Francisco Campos, ministro da Educação e Saúde 
Pública, realizou uma reforma abrangente que afetou o sistema educacional em 
todo o país. Dentre as reformas implementadas, destacam - se a criação do 
Conselho Nacional de Educação, órgão consultivo máximo da educação no 
Brasil, a organização do ensino superior e a adoção do Estatuto das 
Universidades Brasileiras, bem como a organização do ensino secundário e do 
comercial. (ROMANELLI, 1998) 
Como você viu antes, até o final da década de 1920, o ensino secundário 
era organizado em torno dos chamados "preparatórios" e exames de admissão 
ao ensino superior, o que impedia a seriação dos cursos secundários. Os 
currículos seriados foram finalmente implementados com a Reforma Francisco 
Campos, e a necessidade de frequência e de terminar o ensino médio antes de 
ingressar no ensino superior entrou em vigor. 
A declaração do Manifesto de 1932 e a Reforma Francisco Campos 
tiveram impacto e, entre 1932 e 1936, houve uma ascensão do ensino público 
no Brasil e um declínio do ensino privado. Como resultado dessa situação, os 
interesses dos vários grupos de interesse que lutavam pelo controle da educação 
nacional vieram à tona. 
Contudo, de maneira geral, o equilíbrio alcançado na educação desde a 
proclamação da república até o final da segunda guerra mundial é que, no 
sistema educacional de dois níveis, ainda prevaleciam as diferenças regionais 
nos sistemas escolares. Os padrões aumentaram, os mecanismos de 
transmissão cultural, representados neste caso pelos ideais da Escola Nova, 
continuaram a dominar, e a mentalidade católica conservadora de interesses 
privados continuou a influenciar a educação nacional (ROMANELLI,1998). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
ABE – Associação Brasileira de Educação, 2009. 
AZEVEDO, Fernando de. A cultura brasileira: a transmissão da cultura. Tomo 
terceiro. São Paulo: Melhoramentos, 1958. 
CARVALHO, Marta Maria Chagas de. Reformas da instrução pública. In: LOPES, 
Eliane Marta Teixeira, FARIA FILHO, Luciano Mendes de; VEIGA, Cynthia 
Greive (orga). 500 anos de educação no Brasil. 3 ed. Belo Horizonte: Autêntica, 
2003. 
CUNHA, Luiz Antonio. Educação e desenvolvimento social no Brasil. 9 ed. 
Rio de Janeiro: Francisco Alves, 2003. 
MATE, Cecília Hanna. O manifesto dos pioneiros de 32 como ampliação da 
política reformista. ANPED, GT História da Educação, 2000. 
NAGLE, Jorge. Educação e sociedade na primeira república. 2 ed. Rio de 
Janeiro: DP&A; 2001. 
ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da educação no brasil: 1930–1973. 
21 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998. 
SEVCENKO, Nicolau. A capital irradiante: técnica, ritmos e ritos do Rio. In: 
NOVAIS, fernando A; SEVCENKO, Nicolau (org.) História da vida privada no 
Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

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