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Resenha Crítica - Livro "Aprender a viver" (Luc Ferry)

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Resenha Crítica de: 
“Aprender a Viver”
 
 A obra “Aprender a Viver: Filosofia para os 
novos tempos", lançada em 2006, de autoria 
do filósofo francês Luc Ferry, traz 
ensinamentos oriundos de um curso de verão 
que ele realizou para pais e filhos leigos em 
filosofia. Nesse sentido, Ferry apresenta e 
propõe reflexões importantes sobre o 
percurso histórico dessa ciência humana, 
desde a Grécia antiga, perpassando pela 
ética judaico-cristã, depois pela filosofia 
moderna, a pós-modernidade e então, até os 
dias de hoje. 
 
 O autor, embora com linguagem simples e 
acessível - o intuito é que os capítulos se 
apresentem como aulas contínuas -, suscita 
grandiosas discussões a respeito da 
humanidade contemporânea e coloca 
como cerne do discurso se sabemos viver de 
fato, isto é, se temos uma vida boa, pautada 
em liberdade e serenidade. 
 
 No livro, destacam-se, principalmente, as 
visões éticas de mundo em diferentes 
períodos da história. Sob esse viés, Luc Ferry 
critica o cristianismo por acreditar que essa 
concepção aprisiona o homem no sentido de 
viver a própria vida, e isso se dá porque 
fundamenta-se na dor e no sacrifício terrenos 
pela promessa de prazer e felicidade eternas. 
Dessa forma, limitado a seguir o que a religião 
prega, o homem não seria capaz de atingir 
suas potencialidades e viver o aqui e o agora, 
aguardando um futuro que talvez não virá. 
 
 Assim, o autor parte do pressuposto de que 
passado e futuro não importam mais, mas sim 
o momento presente, como podemos viver 
esse momento da melhor maneira possível 
para que não haja lamentos pelo que se foi e 
ansiedade por um destino incerto. E ainda 
sobre o futuro, é comum a visão positiva sobre 
ele, entretanto, nem sempre é o que ocorre. 
Por isso é fundamental que se aproveite a 
 
vida como ela se apresenta no momento 
presente e sem arrependimentos. 
 
 É importante mencionar que, Luc Ferry destina 
uma parte do livro para tratar a questão da 
morte, afirmando que existem duas visões 
sobre morte a partir do transcendente que 
devem ser criticadas: a primeira é a 
encontrada no budismo e no estoicismo, e 
duramente criticada pelo autor porque ele 
entende que não há como controlar a morte 
e ao termos noção dessa falta de controle é 
possível amenizar o sofrimento; já no 
cristianismo há a compreensão da 
imortalidade pessoal e o reencontro com a 
eternidade, então a morte é algo bom muitas 
vezes porque o físico morre mas a alma se 
eterniza. 
 
 Ainda sobre essa questão da morte, o autor 
traz que o ser humano é o único ser que 
compreende a própria finitude, e essa noção 
(e concretização) é extremamente dolorosa 
e desesperadora. Por isso é preciso aprender 
a viver para que os dias não sejam sem 
conhecimento, sem reflexão e sem 
profundidade, mas sim com intensidade e 
significância. Desse modo, a filosofia passa a 
ser um componente fundamental para uma 
boa vida já que promove reflexão e 
profundidade e, como consequência, uma 
vida muito melhor aproveitada. 
 
 Ademais, “Aprender a Viver” contempla 
questões como as regras de convivência com 
a moral foram sendo construídas, como 
paradigmas foram quebrados na história da 
humanidade. Também fala do surgimento da 
democracia, como o cristianismo afetou o 
pensamento ocidental, inclusive no 
Iluminismo. E ainda, discute o humanismo - 
que coloca o homem como o centro -, o 
existencialismo - no qual a existência precede 
By: Ewylle Farias 
a essência -, e o pensamento moderno com 
a significação das coisas. 
 
 A obra é de extrema relevância para a 
formação de estudantes por todas as 
questões apresentadas, não só no que se 
refere à filosofia, mas também às outras 
ciências humanas, como sociologia e história, 
afinal não é possível pensar que os 
acontecimentos ocorreram de forma 
separada. E o livro é muito preciso ao 
apresentar os fatos cronologicamente e 
destrinchar cada ponto. 
 
 Por fim, na obra fica claro que Luc Ferry é um 
exímio humanista. Ele acredita que a ética e 
a moral não possuem dimensão religiosa, mas 
que o ser humano por si mesmo pode 
efetivamente aprender a viver, caso se livre 
dessas amarras que o prendem, e a filosofia é 
fundamental nesse processo. Por meio dela o 
homem reflete e pensa criticamente sobre 
sua realidade para, por fim, transformá-la. 
 
 
Referência 
 
FERRY, L., Aprender a viver: filosofia para os novos 
tempos. 1.ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007.

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