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2023/1 Isabella Rocha Baihense @isabellabaihense.psi Clínica Psicanalítica Resumo 1 Bim Texto: NEVES,T.I., OLIVEIRA, H.M. Considerações sobre a formação do analista: ética, saber e transmissão. Cad. Psicanál.-CPRJ, Rio de Janeiro, v. 35, n. 28, p. 91-110, jan./jun. 2013. Considerações sobre a formação do analista FALA DA PROFESSORA: A psicanálise não é uma abordagem terapêutica, embora ela possa ser uma forma de abordar terapeuticamente o sujeito. Fazer falar diminui a angústia e faz com que o sujeito se sinta melhor, porém isso não basta para a psicanálise. Se sentir melhor é uma consequência. O sujeito vai, em uma análise, mudar de posição com relação ao mundo (também) mas principalmente com relação à como ele se satisfaz. A psicanálise é uma ética. No artigo "Considerações sobre a formação do analista: ética, saber e transmissão", os autores não afirmam que a psicanálise não é uma abordagem terapêutica, mas sim que ela não se limita a isso. De acordo com os autores, a psicanálise é mais do que uma abordagem clínica, ela é uma ética, ou seja, um conjunto de valores, princípios e regras que orientam a atuação do analista e que têm implicações para além do âmbito da terapia. A ética psicanalítica envolve, por exemplo, o compromisso com a busca da verdade do sujeito, a confidencialidade, a neutralidade do analista e a preocupação com a formação continuada. Os autores argumentam que a psicanálise é uma prática que se estende além do contexto clínico e que tem implicações para a cultura e a sociedade como um todo. Portanto, a psicanálise é uma abordagem terapêutica, mas também é uma ética que orienta a prática profissional e tem implicações mais amplas na vida dos sujeitos e na sociedade. A finalidade da análise é permitir que o sujeito possa se conhecer melhor, compreender suas angústias e sofrimentos, bem como suas motivações e desejos inconscientes. A psicanálise foi criada por Sigmund Freud com o objetivo de investigar e tratar os conflitos psíquicos que geram sofrimento e sintomas nas pessoas. Ao longo do processo analítico, o paciente é convidado a falar livremente sobre sua vida, seus sonhos e suas fantasias, enquanto o analista escuta e interpreta o que é dito, buscando ajudar o paciente a elaborar seus conflitos internos e promover mudanças em sua vida. Em resumo, a psicanálise é uma abordagem terapêutica que busca compreender as dinâmicas inconscientes que influenciam o comportamento humano e ajudar o paciente a lidar com seus conflitos e emoções. Em Sobre o início do tratamento (1913/1969), Freud afirma ser impossível a prática clínica psicanalítica pautada em uma mecanização técnica. Esta impossibilidade ocorre em função da consideração de que um sintoma é produzido devido a uma condição psíquica específica, a qual implica, necessariamente, um posicionamento do sujeito. Representantes do ICS: sonhos, xistes, sintomas. 2023/1 Isabella Rocha Baihense @isabellabaihense.psi Material de trabalho (como temos acesso aos representantes do ICS/pulsões): através da fala O ICS é formado a partir do conceito de recalque. Segundo a teoria psicanalítica proposta por Sigmund Freud, o inconsciente é formado através do processo de recalque, que consiste na exclusão de um conteúdo psíquico (um pensamento, uma emoção, um desejo) da consciência. O recalque ocorre quando um conteúdo psíquico é incompatível com as normas e valores morais internalizados pelo indivíduo, ou quando é ameaçador para sua integridade psicológica. Em vez de lidar conscientemente com esse conteúdo, a mente o “empurra” para o inconsciente, onde ele continua a exercer sua influência de forma oculta e muitas vezes disfuncional. De acordo com a teoria psicanalítica, o recalque é um mecanismo de defesa que protege o indivíduo do sofrimento psíquico, mas ao mesmo tempo, cria o terreno fértil para o surgimento de sintomas, conflitos internos e comportamentos disfuncionais. Dessa forma, podemos dizer que o inconsciente é formado através do processo de recalque, que exclui da consciência conteúdos psíquicos que são incompatíveis com a autoimagem e as normas morais do indivíduo, mas que continuam a exercer influência sobre seu comportamento e emoções. Para a psicanálise, o sintoma é algo a ser investigado; vai dizer sobre o modo de satisfação do sujeito. O sintoma é entendido como um fenômeno que revela algo sobre o funcionamento psíquico do sujeito. Sintomas são expressões disfarçadas de conflitos e desejos inconscientes que não encontraram um modo satisfatório de expressão na vida do indivíduo. Esses conflitos têm origem na vida pulsional do sujeito, ou seja, nos seus impulsos e desejos mais primitivos e instintivos. As pulsões, de acordo com a teoria psicanalítica, são forças biológicas que impulsionam o comportamento do indivíduo em direção à satisfação de necessidades corporais, como a fome, a sede, o desejo sexual, entre outras. No entanto, essas necessidades não podem ser satisfeitas de forma ilimitada e imediata na vida social, pois existem normas e valores que regulam o comportamento humano. Assim, a pulsão é submetida a um processo de repressão e recalque, que faz com que ela seja excluída da consciência e encontre formas disfarçadas de expressão no sintoma. Ou seja, o sintoma é uma forma de satisfação da pulsão que foi reprimida e recalca pela mente inconsciente. Dessa forma, podemos dizer que o sintoma é um modo de satisfação da pulsão porque ele representa uma tentativa do sujeito de encontrar uma saída para os seus conflitos internos, que se originam nas necessidades pulsionais que não podem ser satisfeitas diretamente na vida social. O sintoma é uma forma disfarçada de satisfazer essas necessidades, mesmo que isso ocorra de maneira inconsciente e muitas vezes disfuncional. A pulsão não se satisfaz de uma única maneira -> importante lembrar disso. Há uma tendência à repetição e essa repetição não está relacionada ao princípio do prazer, mas sim pela pulsão de morte (para alguma coisa que está para além do princípio do prazer). 2023/1 Isabella Rocha Baihense @isabellabaihense.psi Ao investigar os sintomas, o analista busca compreender a lógica interna que governa o seu aparecimento e funcionamento, ou seja, o modo como o sujeito encontra satisfação através deles. Por exemplo, um sintoma como a ansiedade pode ser compreendido como uma forma disfarçada de lidar com conflitos emocionais internos que não encontraram uma expressão consciente ou adequada na vida do indivíduo. A psicanálise entende que os sintomas são fenômenos complexos que expressam as dinâmicas internas do sujeito, e que a sua investigação é fundamental para a compreensão dos processos psíquicos inconscientes que governam o seu comportamento e emoções. Por isso, o sintoma é visto como algo a ser investigado na psicanálise, pois ele pode fornecer importantes pistas sobre o funcionamento do psiquismo humano. Pilares da Psicanálise: 1. “Autoanálise”! Um analista tem que fazer análise. 2. Estudo! É necessário se juntar com mais pessoas para estudar (para sempre, enquanto estiver praticando). A formação em psicanálise é pra sempre. 3. Supervisão! Todo analista submete sua própria prática ao outro. O objetivo puro e único da análise não é sua eficácia, como teorias atuais que buscam o utilitarismo do ser humano, pois isso é uma consequência da análise. O objetivo da psicanálise é a compreensão profunda do funcionamento psíquico do sujeito e a transformação dos padrões inconscientes que geram seus sintomas e sofrimento. A eficácia da análise é uma consequência do trabalho psicanalítico, e não o objetivo principal. Ao se concentrar na compreensão e transformação dos processos psíquicos inconscientes que geram os sintomas e sofrimentos do sujeito, a análise pode levar a mudanças significativas em sua vida emocionale relacional, que se refletem em uma maior sensação de bem-estar e realização pessoal. Em contraposição, as teorias utilitaristas que buscam a eficácia imediata e a resolução rápida de problemas podem não levar em conta a complexidade e a profundidade dos processos psíquicos envolvidos no sofrimento humano, e acabam tratando apenas os sintomas superficiais sem resolver as causas mais profundas do problema. Para a psicanálise, a eficácia é uma consequência natural do processo de transformação psíquica, e não o objetivo principal da análise. A psicanálise não busca apenas aliviar sintomas ou tratar doenças, mas sim promover um processo de autoconhecimento e mudança psíquica duradoura, que possa trazer maior qualidade de vida e bem-estar emocional para o indivíduo. Esse processo requer tempo, dedicação e disposição para explorar aspectos profundos da mente e do comportamento, o que pode levar a resultados eficazes em longo prazo. A psicanálise define-se e orienta seu campo de ação em função de sua ética e não de uma técnica exterior ao seu discurso. Ao se orientar por essa ética, a psicanálise busca entender a complexidade e a singularidade de cada paciente, evitando uma abordagem superficial e padronizada. 2023/1 Isabella Rocha Baihense @isabellabaihense.psi Dessa forma, a psicanálise não se baseia em uma técnica ou método específico, mas sim em um processo de reflexão e diálogo constante entre o analista e o paciente, que leva em conta as particularidades e nuances de cada caso. Em suma, para a psicanálise, a ética é o fundamento de sua prática clínica e orienta sua atuação, enquanto a técnica é apenas um meio para alcançar os objetivos éticos da análise. “Nenhum psicanalista avança além do quanto permitem seus próprios complexos e resistências internas; e, em consequência, requeremos que ele dava iniciar sua atividade por uma autoanálise e leva-la, de modo contínuo, cada vez mais profundamente, enquanto esteja realizando suas observações sobre seus pacientes. Qualquer um que falhe em produzir resultados numa autoanálise desse tipo deve desistir imediatamente, de qualquer ideia de tornar-se capaz de tratar pacientes pela análise” (FREUD, 1910/1969ª, p.130). -> Sintoma é um modo de satisfação da pulsão -> Pulsão: conceito fronteiriço entre corpo e mente que diz respeito a libido. -> Pulsão do ego e pulsão sexual -> Pulsão sexual (pulsão de vida): direcionada ao princípio do prazer. Em alguma medida, tbm é de morte. -> Pulsão de morte: A principal característica é a tendência ao retorno do estado anterior das coisas. Tendência maior: repetição. Nem tudo é direcionado para o princípio do prazer, também pode ser direcionado à situações desprazerosas por conta da tendência de repetição da pulsão de morte. Freud observou que há uma tendência de todo humano à uma repetição em determinadas situações, mesmo que profundamente desprazerosas (assistir o mesmo filme, ouvir a mesma música, for da). Característica de excesso de gozo. -> Gozo: expressão utilizada por Lacan referente à experiência de satisfação inerente às pulsões. -> Borda (lugares que dividem o que é interno e externo entre o nosso corpo): boca, ouvido, nariz, ânus, olho, etc; zona erógena. -> Desejo: tentativa de retorno alucinatório ou persecutivo a uma experiência anterior de satisfação (uma experiência que não pode ser apreendida novamente). *Enquanto o desejo é da ordem da falta, o gozo é da ordem do excesso. A técnica da psicanalise não é uma técnica utilitarista para se obter coisas e nem a promoção do bem estar (isso é uma consequência e não o objetivo). A psicanálise se debruça sob a diminuição das resistências. Resistências: o conjunto das reações de um analisando cujas manifestações, no contexto do tratamento, criam obstáculos ao desenrolar da análise. A resistência é uma defesa do paciente contra as lembranças, desejos e emoções que ele não consegue lidar conscientemente. Essas resistências podem se manifestar de 2023/1 Isabella Rocha Baihense @isabellabaihense.psi várias formas, como a dificuldade em falar sobre determinados assuntos, o esquecimento de eventos importantes (recalque), o silêncio ou a evasão de questões importantes. A psicanálise entende que essas resistências são parte do processo terapêutico, uma vez que ajudam o paciente a proteger-se dos conteúdos inconscientes que podem ser difíceis ou dolorosos de enfrentar. No entanto, essas resistências também impedem o progresso da análise, uma vez que dificultam a tomada de consciência desses conteúdos inconscientes e, consequentemente, a transformação dos padrões psíquicos que geram os sintomas e o sofrimento do paciente. Assim, a psicanálise busca trabalhar com as resistências do paciente, ajudando-o a compreender o que o impede de falar sobre determinados assuntos ou de enfrentar determinadas emoções. O objetivo é criar um ambiente seguro e acolhedor em que o paciente possa expressar livremente suas emoções e pensamentos, diminuindo gradualmente suas defesas e permitindo o acesso à conteúdos inconscientes reprimidos. Ao diminuir as resistências, a psicanálise pode ajudar o paciente a compreender e transformar seus padrões psíquicos, permitindo uma maior liberdade e realização pessoal. Por isso, a diminuição das resistências é considerada um aspecto essencial do processo terapêutico psicanalítico. - O desejo analista não é o mesmo desejo médico de curar. - A única técnica que a psicanálise usa é a associação livre. O desejo do analista é fundamentalmente um desejo ético. Esse desejo é direcionado para a escuta do paciente, para a compreensão das suas questões mais profundas e para a construção de uma relação terapêutica baseada na confiança e no acolhimento. O analista não busca impor seus próprios valores ou objetivos ao paciente, mas sim ajudá-lo a descobrir e explorar suas próprias necessidades e desejos. Para isso, o analista deve se colocar em um lugar de escuta e empatia, sem julgamentos ou preconceitos. Além disso, o desejo do analista é voltado para a formação ética do paciente, incentivando-o a tomar consciência dos seus valores e responsabilidades em relação aos outros e ao mundo. Nesse sentido, a psicanálise não se limita a uma abordagem terapêutica individual, mas também tem implicações sociais e políticas. Assim, o desejo do analista na psicanálise é orientado para a construção de uma relação terapêutica ética, em que o paciente possa se desenvolver em sua plenitude, respeitando seus próprios valores e os valores do outro. Mal estar para Freud: a gente tem que lidar com mal estar para viver; não pode tudo. É preciso sofrer a castração (abrir mão de algumas coisas; não poder satisfazer todos os nossos impulsos o tempo todo). Lidar com o mal estar é um processo que faz parte da nossa constituição psíquica. O sintoma é um modo de satisfação da pulsão e uma forma de compromisso entre impulsos inconscientes e as exigências da realidade. Ele é entendido como um resultado das tentativas do psiquismo em satisfazer as pulsões 2023/1 Isabella Rocha Baihense @isabellabaihense.psi instintivas, que são desejos inerentes ao sujeito, e as restrições impostas pelo mundo exterior, tais como as normas sociais, morais e culturais. O sintoma pode ser entendido como um modo de satisfação da pulsão na medida em que representa uma tentativa do psiquismo em encontrar uma saída para a tensão gerada pela impossibilidade de realizar o desejo de forma direta. O sintoma é uma espécie de substituto do objeto de desejo, uma forma disfarçada de satisfazer as pulsões, mas que ao mesmo tempo compromete o sujeito, uma vez que limita suas possibilidades de realização. Assim, podemos dizer que o sintoma é uma expressão da dinâmica psíquica do sujeito e tem uma função adaptativa, permitindo que ele lide com as exigências do mundo exterior e as demandas internas do inconsciente.A análise do sintoma, portanto, é fundamental na psicanálise, pois permite entender as forças que o originaram e, consequentemente, desvelar os conflitos e as resistências que impedem o desenvolvimento pleno do sujeito. - Intoxicação, intoxicação crônica e sintoma. A noção de mal estar está intimamente ligada a noção de recalcamento; Esses conteúdos reprimidos não desaparecem completamente da mente, mas ficam latentes no inconsciente, podendo retornar de maneira disfarçada, como sintomas ou lapsos, por exemplo. O mal-estar, por sua vez, é uma sensação de desconforto, insatisfação e angústia que pode ser experimentada pelo sujeito diante da presença desses conteúdos inconscientes reprimidos. Essa sensação de mal-estar pode se manifestar de diversas formas, como ansiedade, angústia, depressão, entre outras. Portanto, podemos dizer que a noção de mal-estar e a noção de recalcamento estão intimamente ligadas, já que o mal-estar é uma consequência da existência de conteúdos reprimidos no inconsciente. Esses conteúdos reprimidos podem gerar um conflito psíquico, causando desconforto e insatisfação no sujeito. Na análise, lidamos com o sujeito do inconsciente e entendemos que o sintoma é um modo de satisfação. Quando a gente demanda do outro, a gente demanda que o outro responda algo que corresponde a minha própria falta -> introdução ao narcisismo Freud – preocupação em expor a técnica, acompanhada de precauções: - questão do sintoma - entrevistas preliminares - questão do diagnóstico - questão do tempo Não tem autoanálise pq a análise não é feita sem um analista, porém a análise é auto pois só existe um sujeito. O analista não ocupa o lugar do sujeito, ele só ocupa o lugar do desejo do analista e não do analisante. O desejo do analista é um desejo direcionado 2023/1 Isabella Rocha Baihense @isabellabaihense.psi a psicanálise, que faz com que ele vá estudar, por exemplo. O analista precisa suportar a falta; a posição do “não saber” -> não tenho saber pré-definido. Desejo é uma noção orientadora; ética. Não é atingível totalmente e não tem a ver só com querer as coisas. Demandar vai muito para além da satisfação das nossas necessidades. -> bebê não mama só para encher a barriga e nem a gente come só pra satisfazer a fome. Nossas demandas estão além ou a quem do nosso desejo; a gente nunca chega lá. A castração tem a ver com a falta – na clínica neurótica (quem lida com a falta é o sujeito neurótico). O tempo que orienta a análise lacaniana é o tempo do inconsciente (o tempo não é cronológico). Pela escuta, o analista identifica o tempo do inconsciente do analisado. Tempo é um recurso da análise. A ética da Psicanálise seria aquela contraria a ilusão filosófica da ética para todos, ou seja, universalidade de costumes, pois somente há de existir ética de um a um. *Ética não é universal, é individual na psicanálise.
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