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DIREITO ADMINISTRATIVO ATOS ADMINISTRATIVOS 2 1. CONCEITO Manifestação unilateral de vontade da Administração Pública, sob regime de direito público, que pode ser praticada pelo próprio Estado ou por quem o represente, com a finalidade de atender o interesse público, sujeitando-se, ainda, ao controle judicial. ATO DA ADMINISTRAÇÃO Direito Privado Direito Público Ato jurídico Ato administrativo Bilateral Unilateral • Ato da administração é um conceito mais amplo, pois engloba tanto o ato administrativo como os atos e contratos do direito privado; • Todo ato praticado no desempenho da função administrativa é um ato da administração; • Fato administrativo e fato da administração não integram o conceito de ato administrativo e são produzidos independentemente de qualquer manifestação de vontade; Fato administrativo Fato da administração Produz efeito jurídico Não produz efeito jurídico • O silêncio ou a omissão da Administração, ainda que possa gerar efeitos jurídicos, não pode ser considerado um ato administrativo, pois inexiste a manifestação de vontade; • O silêncio administrativo, para que possa gerar efeitos jurídicos, deve ser previsto em lei; 2. ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO P Presunção de legitimidade Presente em todos os atos A Autoexecutoriedade Presente em alguns atos T Tipicidade Presente em todos os atos I Imperatividade Presente em alguns atos 2.1. PRESUNÇÃO DE LEGALIDADE / LEGITIMIDADE É a presunção de que todo ato administrativo está em conformidade com a lei, implicando a inversão do ônus da prova, ou seja, quem alega deve provocar meios para comprovar algo. • Embora seja um atributo relativo - juris tantum -, visto que se admite prova em contrário, todo ato administrativo editado por autoridade pública competente possui presunção imediata de legalidade; 3 • É um atributo de todos os atos da administração, inclusivo os de direito privado; • Presunção de Veracidade é a presunção de que o ato administrativo é verdadeiro; • A presunção de legalidade é a conformidade do ato com a lei e a presunção de legitimidade é a conformidade do ato com a lei e os princípios gerais do direito; • De acordo com esse atributo, o ato gera efeitos imediatamente, ainda que eivado de vícios ou defeitos aparentes. A única exceção à presunção de legalidade é a ocorrência de ordem manifestamente ilegal imposta ao servidor público por seu superior hierárquico; 2.2. AUTOEXECUTORIEDADE É a capacidade de executar os atos, direta e indiretamente, sem necessidade de apreciação pelo Poder Judiciário, mas nada impede que o ato seja apreciado posteriormente. • Atributo típico dos atos do poder de polícia; • Não está presente em todos os atos administrativos, sendo possível apenas quando houver expressa previsão em lei ou em condições de urgência; • Os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade são limitadores do atributo da autoexecutoriedade; AUTOEXECUTORIEDADE EXECUTORIEDADE EXIGIBILIDADE Uso de meios diretos Uso de meios indiretos Ex.: Interdição/Destruição Ex.: Multa/Notificação OBS: Segundo Di Pietro, a multa não possui o atributo da autoexecutoriedade, pois conta apenas com o fator da aplicação (exigibilidade) e não com o fator de cobrança (executoriedade). 2.3. TIPICIDADE Os atos administrativos devem estar previamente definidos em lei para que possam produzir seus efeitos. • A tipicidade impede a prática de atos totalmente discricionários, pois a lei, ainda que preveja uma margem de conveniência e oportunidade, deve estabelecer os limites de atuação do agente público; 4 2.4. IMPERATIVIDADE / COERCIBILIDADE Atributo que possibilita à administração impor sua vontade aos particulares, independentemente da aquiescência deles (unilateralmente). • Decorre do poder extroverso do Estado, estando ligado diretamente ao princípio da supremacia do interesse público; • Não está presente em todos os atos administrativos, fazendo-se presente apenas nos atos que impõem obrigações/restrições; 3. ELEMENTOS / REQUISITOS / PRESSUPOSTOS São condições cumulativas exigidas pela lei para que os atos sejam válidos e, uma vez constatada qualquer irregularidade, esta será considerada um vício. • Os elementos podem ser essenciais (condição de validade), acidentais ou acessórios (podem ou não estar presentes); • Os elementos acidentais (termo, condição e modo) integram o objeto e existem apenas nos atos discricionários; ELEMENTOS ESSENCIAIS CO Competência Vinculados FI Finalidade FO Forma MO Motivo Vinculado ou Discricionário OB Objeto *Requisitos estabelecidos na lei 4.717/65 (Lei de Ação Popular) 3.1. COMPETÊNCIA / SUJEITO É o poder que a lei confere ao agente para o desempenho específico das atribuições do cargo. • Elemento que deve ocorrer sempre de forma expressa, ou seja, não há presunção de competência administrativa; • A lei não é a única fonte formal da competência, podendo ser definida diretamente na Constituição – fonte primária – ou em normas infralegais (regimentos, resoluções etc.) – fonte secundária; • O vício na competência do ato é sanável, ou seja, cabe convalidação; 5 Lei 9.784/99, art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos. • Irrenunciável (não pode abrir mão), intransferível (não pode ser transferida), imodificável (não pode alterar), imprescritível (não se perde com o tempo) e improrrogável (não passa a ser de outrem); Lei 9.784/99, art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial. Delegação Avocação Horizontal ou vertical Apenas vertical • A Delegação só ocorrerá em razões de ordem TJ TSE (Técnica, Jurídica, Territorial, Social e Econômica; Lei 9.784/99, art. 13. Não podem ser objeto de delegação: I - a edição de atos de caráter normativo; II - a decisão de recursos administrativos; III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade. • Delegação e Avocação são possíveis, exceto quando a lei impedir, sendo os impedimentos: competência exclusiva, edição de ato normativo e decisão de recurso administrativo; • As competências de ordem política também são indelegáveis, salvo se expressamente autorizado pela Constituição – Doutrina; Lei 9.784/99, art. 14, § 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante. • A Delegação é sempre parcial e por prazo determinado, revogável a qualquer tempo; Lei 9.784/99, art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior. • A avocação é uma medida de caráter excepcional, que exige motivação e relação de subordinação; • Não é possível a avocação quando se tratar de competência exclusiva de subordinado; 6 ABUSO DE PODER EXCESSO DE PODER DESVIO DE PODER Vício na competência Vício na finalidade Convalidação Anulação • Excesso de poder ocorre quando o administrador extrapola a sua competência, agindo fora ou além de suas atribuições; • Desvio de poder ocorre quando o administrador pratica ato com outra finalidade que não o interesse público ou aquela definida em lei; VÍCIOS DE INCOMPETÊNCIA Excesso de poder Ato inválido Ex.: Ato praticado com abuso de poder Usurpação de função Ato inexistente Ex.: Pessoaque pratica atos fingindo ser servidor Funcionário de fato Ato válido, salvo má-fé Ex.: Servidor investido ilegalmente VÍCIOS DE INCAPACIDADE Impedimento Situação Objetiva (presunção absoluta) Ex.: interesse direto na matéria Suspeição Situação Subjetiva (presunção relativa) Ex.: amizade íntima com alguma parte 3.2. FINALIDADE É a exigência de que o agente público pratique os atos buscando o interesse público, sendo invariável em qualquer espécie de ato. • Elemento sempre vinculado; • A finalidade genérica/mediata é sempre o interesse público, mas a específica/imediata depende de cada ato; • Tredestinação é uma finalidade direcionada diversa daquela definida anteriormente, podendo ser lícita ou ilícita; • O vício na finalidade é chamado de desvio de poder ou de finalidade e, uma vez ocorrido, o ato será nulo, não cabendo a convalidação; ABUSO DE PODER EXCESSO DE PODER DESVIO DE PODER Vício na competência Vício na finalidade Convalidação Anulação 7 3.3. FORMA Consiste no modo de exteriorização, ou seja, é a base física que torna possível o conhecimento do ato administrativo pelo destinatário. • Em regra, será escrita (princípio da solenidade das formas), mas pode ser também verbal, sonoro ou simbólico; • Quando a forma for essencial ao ato, o vício será insanável, sendo obrigatória a anulação. Nos demais casos, o vício é passível de convalidação; • A motivação é encontrada na forma do ato e consiste na sua fundamentação, por escrito e, quando obrigatória e não observada, implica a nulidade do ato; Lei 9.784/99, art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir. • A forma exigida para determinado ato deve ser a estritamente necessária, desprezando-se procedimentos meramente protelatórios (formalismo moderado); § 1o Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em vernáculo, com a data e o local de sua realização e a assinatura da autoridade responsável. • É elemento vinculado, mas a doutrina moderna tem o reconhecido como discricionário quando a lei não exigir determinada forma para o ato; 3.4. MOTIVO É o pressuposto de fato (situação) e de direito (dispositivo legal) que justifica a prática do ato administrativo, ou seja, a razão que determina a sua prática. • Elemento vinculado ou discricionário, a depender do caso; • Motivo é a realidade objetiva externa ao agente (acontecimento) e móvel é a realidade subjetiva (intenção); • Todo ato deve ter motivo, mas nem todo ato tem motivação; • Ocorre vício no motivo quando este é inexistente, falso, ilegítimo ou juridicamente inadequado, não sendo cabível convalidação; MOTIVO MOTIVAÇÃO É a situação que autoriza o ato É a justificativa do motivo Elemento do ato Integra a forma do ato 8 3.5. OBJETO / CONTEÚDO Trata-se do direito (resultado jurídico) gerado pelo ato administrativo. • Elemento vinculado ou discricionário; • O vício no objeto acarreta a anulação, não sendo cabível convalidação; DICA SOBRE OS ELEMENTOS COMPETÊNCIA QUEM? FINALIDADE PARA QUÊ? FORMA COMO? MOTIVO POR QUE? OBJETO O QUÊ? 4. MOTIVAÇÃO É a situação de fato (exposição do motivo) que autoriza a prática do ato. Lei 9.784/90, art. 50 - Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública; IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; V - decidam recursos administrativos; VI - decorram de reexame de ofício; VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo. • Como regra, todo ato deve ter motivação e o rol citado na lei é exemplificativo (doutrina moderna); • Todo ato deve ter um motivo, mas nem todo ato precisa de motivação; Ex.: Nomeação e exoneração de cargo em comissão; • A motivação integra o elemento forma do ato administrativo; • A motivação pode ser expressa (por meio de parecer) ou aliunde (por meio de referências); • De acordo com a teoria dos motivos determinantes, o agente público fica vinculado aos motivos expostos, sob pena de nulidade do ato administrativo; • Essa teoria não transforma o ato discricionário em ato vinculado, apenas vincula o administrador ao motivo determinado no ato; 9 5. MÉRITO ADMINISTRATIVO É a possibilidade de o administrador valorar o motivo e escolher o objeto do ato, conforme sua oportunidade e conveniência. • Só existe mérito em ato discricionário, pois não há margem de liberdade em ato vinculado; • O controle de mérito existe somente por meio da revogação, pois é inerente à autotutela administrativa; CF, art. 5º, XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; • O Poder Judiciário não analisa o mérito do ato administrativo, salvo em caso de manifesta ilegalidade; • O Poder Judiciário só analisa mérito de seus próprios atos, quando desempenha funções atípicas; 6. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS 6.1. Quanto ao grau de liberdade Vinculado Conduta sem margem de escolha. Ex.: licença maternidade, aposentadoria etc. Discricionário Conduta com margem de liberdade. Ex.: licença para capacitação. • Nos atos vinculados, todos os elementos são estabelecidos por lei, não havendo, dessa forma, margem de liberdade para o administrador em nenhum dos requisitos; • Nos atos discricionários, somente há margem de liberdade quanto ao mérito do ato (motivo e objeto), pois os elementos competência, finalidade e forma são, em regra, sempre vinculados; • O fato limitador dos atos discricionários não é o mérito, mas a lei; • O mérito administrativo também pode estar presente quando a lei apresenta conceitos jurídicos indeterminados, os quais ficam a cargo do administrador resolver sobre a melhor forma de aplicação (ex.: conduta escandalosa); 6.2. Quanto à exequibilidade Perfeito Todas as etapas do ciclo de formação foram concluídas. Ex.: portaria de demissão devidamente motivada e publicada. 10 Eficaz Apto a produzir efeito, independentemente de outra situação. Ex.: concessão de aposentadoria. Pendente Ato perfeito, mas seu efeito depende de alguma situação. Ex.: homologação no resultado de concurso de remoção. Consumado Todos os efeitos já foram produzidos. Ex.: férias já gozadas pelo servidor. • Ato perfeito é aquele que, após a conclusão de todas as etapas de formação, já está em plena produção de efeitos; • O ato válido não se confunde com o ato perfeito, pois este atributo refere-se à formação do ato em si e aquele, à conformidade do ato com a lei e os princípios. Dessa forma, é possível que um ato seja perfeito, mas seja inválido em decorrência de algum vicio; • O ato eficaz é caracterizado por não depender de nenhuma condição para produzir seus efeitos (termo, aprovação, homologação etc.); 6.3. Quanto aos efeitos Constitutivo Cria uma nova situação jurídica para o destinatário. Ex.: licença, autorização etc. Extintivo Extingue uma situação jurídica de um destinatário. Ex.: cassação de autorização, demissão etc. Modificativo Altera situação jurídica existente. Ex.: alteração em horário de funcionamento. Declaratório Atesta um fato ou reconhece um direito. Ex.: certidão, atestado etc. • O ato constitutivo cria uma situação jurídica, podendo ser um novo direito ou uma nova obrigação; • O ato extintivopõe fim a um ato anteriormente constitutivo; • O ato modificativo, embora altere uma situação jurídica, não suprime direito ou obrigação, pois essa é função do ato extintivo; • O ato declaratório tem a finalidade de possibilitar o exercício de algum direito, por meio da comprovação de algum fato; 6.4. Quanto aos requisitos de validade Valido Praticado em conformidade com a lei (sem vícios). Nulo Praticado com vicio insanável em seus elementos. Anulável Praticado com vicio sanável em seus elementos. Inexistente Praticado com a mera aparência de regularidade. 11 • O ato válido respeita todos os requisitos, sendo formado em total conformidade com a lei; • Ato nulo é aquele praticado com vício insanável em algum dos requisitos essenciais, não admitindo a convalidação (deve ser anulado); • O ato anulável apresenta vicio sanável (competência, desde que não seja exclusiva e forma, desde que não seja essencial), ou seja, admite a convalidação, não havendo a necessidade de anulação; • O ato inexistente é praticado com aparência de legalidade, mas possui algum vicio que torna impossível sua produção de efeitos (ex.: usurpação de função pública); • Segundo a teoria da aparência, o ato praticado por quem foi investido na função pública de forma irregular é considerado válido e eficaz perante terceiros de boa-fé (função de fato). • O ato nulo se difere do ato inexistente no que tange à produção de efeito, pois somente neste último não há manutenção de efeitos nem mesmo diante de boa-fé do administrado. O ato inexistente também não observa prazo decadencial para sua invalidação; 6.5. Quanto ao destinatário Geral Atinge pessoas indeterminadas que se encontrem numa mesma situação. Ex.: regulamento, portaria, circular etc. Individual Atinge pessoa ou grupo de pessoas determinadas. Ex.: nomeação, tombamento, licença etc. • Os atos gerais possuem finalidade normativa, sendo dotados de generalidade e abstração; • Os atos individuais são aqueles que produzem efeitos jurídicos no caso concreto, destinando-se a pessoas específicas; • O ato individual pode ter 1 (singular) ou vários destinatários (plúrimo), contanto que sejam certos e determinados; • A revogação de um ato individual só pode ocorrer se não houver gerado direito adquirido ao destinatário; • Os atos gerais prevalecem sobre os atos individuais; 6.6. Quanto à formação de vontade Simples Decorre da manifestação de 1 único órgão (singular ou colegiado). Ex.: Análise de pedido de férias do superior hierárquico. Composto Decorre da união de 1 ato principal ratificado com 1 ato secundário. Ex.: Homologação do procedimento licitatório. 12 Complexo Decorre da união de 2 ou mais vontades para a formação de 1 único ato. Ex.: Aposentadoria de servidor (Administração + Tribunal de Contas) - STF. • No ato complexo, há 1 ato decorrente de 2 vontades. No ato composto, há 2 atos (principal e secundário) decorrente de 1 vontade; • O ato complexo só é considerado perfeito com a manifestação de todos os órgãos que devem contribuir para sua formação; • O fato de ser praticado por um órgão colegiado não o faz necessariamente um ato complexo; 6.7. Quanto às prerrogativas De império O administrador está em posição de supremacia. Ex.: interdição, desapropriação, apreensão etc. De gestão O administrador se encontra em posição de igualdade. Ex.: alienação/aquisição de bens. De expediente Atos relacionados ao andamento do serviço rotineiro. Ex.: encaminhamento de documento. • O ato de império é decorrente da supremacia do interesse público, sendo praticado pelo Estado para impor, de forma unilateral, obrigações ou restrições aos administrados; • Ato de gestão é aquele praticado sem imposição sobre os administrados, presente normalmente na administração de bens e serviços; • O ato de expediente está relacionado às atividades de rotina interna da administração, não possuindo qualquer conteúdo decisório; 6.8. Quanto ao alcance Interno Praticado na atividade interna da Administração. Ex.: portaria de remoção de servidor. Externo Praticado na atividade externa da Administração. Ex.: edital de licitação. • O ato interno atinge somente os agentes e órgãos da entidade que o editou; • O ato externo atinge os administrados em geral e até mesmo os próprios servidores; 13 7. ESPÉCIES DE ATO ADMINISTRATIVO N Normativo O Ordinatório N Negocial E Enunciativo P Punitivo 7.1. NORMATIVOS São aqueles que possuem efeitos gerais e abstratos, atingindo aqueles em situação jurídica idêntica (poder regulamentar). Ex.: decreto, regimento, resolução, instrução normativa etc. • Embora possuam característica normativa, não podem inovar no ordenamento jurídico, pois somente as leis emanadas do Legislativo possuem essa prerrogativa; • Os atos regulamentares e as leis em geral têm efeitos gerais e abstratos, ou seja, não diferem por sua natureza normativa, mas pela originalidade com que criam situações jurídicas novas (somente a lei pode inovar); • São atos em sentido formal, visto que, em sentido material, são verdadeiras normas jurídicas; • Não podem ser impugnados diretamente por recurso administrativo ou ação judicial, mas por ação direta de inconstitucionalidade – ADI; • Os decretos podem ser gerais (possuindo caráter normativo e traçando regras gerais – fiel execução) ou individuais (não possuindo caráter normativo, pois estabelecem situações para destinatários específicos – ausência de efeitos gerais); • Os regulamentos se diferenciam dos regimentos no que se refere ao âmbito, visto que este diz respeito a situações internas (poder hierárquico) e aqueles, a situações externas (particulares); • Instruções normativas são atos expedidos pelos Ministros de Estado para execução de leis, decretos ou regulamentos; • Resoluções são atos normativos expedidos por autoridades administrativas de alto escalão praticados no exercício de determinada competência específica; 14 7.2. ORDINATÓRIOS São aqueles que possuem efeitos internos, direcionados a servidores públicos, que objetivam disciplinar o funcionamento da Administração. Ex.: circular, ofício, portaria, aviso, despacho, ordem de serviço, instrução. • Possuem fundamento no Poder Hierárquico, alcançando, dessa forma, somente servidores subordinados à autoridade que emanou o ato; • Todo ato ordinatório deve ser praticado em conformidade com o ato normativo que trata da matéria, visto que são hierarquicamente inferiores a este; 7.3. NEGOCIAIS São aqueles em que a vontade da Administração coincide com o interesse do administrado. Ex.: licença, autorização, permissão, visto, homologação etc. • É necessária a anuência prévia da Administração, que irá dispor sobre a atribuição de direitos ou vantagens; • Embora tratem de interesses recíprocos, não são atos bilaterais, visto que a própria Administração decide os efeitos jurídicos que serão gerados; • Imperatividade, coercitividade e autoexecutoriedade não estão presentes, já que os efeitos gerados são de interesse do particular; • Diferentemente dos atos normativos, que geram efeitos gerais e abstratos, os atos negociais geram efeitos concretos e individuais; • Os atos negociais podem ser vinculados (gera direito subjetivo se o particular atender aos requisitos da lei) ou discricionários (não gera direito subjetivo se o particular atender aos requisitos, podendo a Administração, ainda assim, negá-lo); • Os atos negociais são também divididos em definitivos (gera direito adquirido, podendo ser desfeito apenas por anulação – ilegalidade na origem – ou cassação – ilegalidade na execução) ou precários (não geram direito adquirido,podendo ser revogado a qualquer tempo); • Antes de iniciada a obra, a licença para construir pode ser revogada por conveniência da Administração, sem que valha o argumento do direito adquirido, sem prejuízo de eventual indenização ao particular – STF; Licença Vinculado e definitivo / gera direito subjetivo Autorização Discricionário e precário / serviço público e uso de bem público Permissão Discricionário e precário / uso de bem público 15 7.4. ENUNCIATIVOS São aqueles que servem para atestar ou certificar uma situação preexistente (certidão/atestado) ou emitir uma opinião para um ato de caráter decisório (parecer). Ex.: certidão, atestado, parecer, apostila. • São considerados atos administrativos apenas em sentido formal, pois não constituem manifestação de vontade da Administração, sendo, portanto, atos da Administração; • A certidão é uma cópia fiel de informação registrada em algum acervo ou banco de dados da Administração, sendo realizada a interesse do requerente; • Atestado é um ato enunciativo mediante o qual a Administração declara uma situação de que tem conhecimento em razão de atividade específica; • Parecer é uma manifestação técnica e opinativa emitida por órgão especializado que trata da matéria; • O parecer pode ser obrigatório (a Administração deve solicitar, mas não está obrigada, em regra, a segui-lo) ou facultativo (a Administração pode ou não o solicitar); • Se o parecer for vinculante, a Administração é obrigada tanto a solicitá-lo quanto a acatá-lo (ex.: parecer de junta médica em aposentadoria por invalidez); • Apostila é um ato utilizado para corrigir, atualizar ou complementar dados de um ato ou contrato administrativo; 7.5. PUNITIVOS São aqueles que impõem sanções administrativas àqueles que descumprem normais legais ou administrativas (poder hierárquico/poder disciplinar). • Podem ser de ordem interna (por meio do poder disciplinar, a Administração aplica sanções a seus servidores) ou externa (por meio do poder de polícia, a Administração aplica sanções aos particulares); Ex.: advertência, suspensão e demissão (ordem interna). Ex.: multa, interdição de atividade, destruição de mercadoria (ordem externa). 16 8. FORMAS DE EXTINÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO 8.1. ANULAÇÃO Também conhecida como invalidação, é um desfazimento volitivo, que decorre de ilegalidade ou de ilegitimidade. • A Administração deve anular os seus atos que contenham vícios insanáveis, mas pode anular ou convalidar os atos com vícios sanáveis que não acarretem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros; • A anulação pode ser feita tanto pelo Poder Judiciário (inafastabilidade jurisdicional) quanto pela própria Administração (autotutela); Súmula 473/STF - A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. • A anulação, revogação ou cassação de qualquer ato que possa acarretar prejuízo ao particular deve ser precedida de procedimento administrativo que assegure o contraditório e a ampla defesa, ainda que a ilegalidade seja nítida – STF; • O Poder Judiciário só anula atos mediante provocação, mas a Administração anula de ofício e mediante provocação; • Possui efeitos retroativos – ex tunc –, desconstituindo todos os efeitos já produzidos pelo ato; • Não há respeito a direito adquirido, salvo boa-fé (decadência de 5 anos); Lei 9.784/99, art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em 5 anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. • Há limitação temporal (5 anos), mas não há limitação material (incide sobre qualquer tipo de ato); • De acordo com o princípio da simetria das formas, a anulação é um ato administrativo que deve respeitar a forma do ato original; • A natureza é de ato vinculado (uma vez identificado o vício, deve ser anulado); • Vício na execução não gera anulação, mas cassação; 17 8.2. REVOGAÇÃO É um desfazimento volitivo, que decorre da retirada do ato por razões de conveniência e oportunidade. • É o controle de mérito, que incide apenas em atos discricionários, sendo ela própria um ato discricionário; • Pode ser feita apenas pela própria Administração que praticou o ato, não podendo o Poder Judiciário, no exercício da função jurisdicional, avaliar o mérito administrativo; • O Poder Judiciário somente poderá revogar atos administrativos quando forem próprios e estiver atuando atipicamente (funções administrativas); • Pode ocorrer de ofício (autotutela) ou mediante provocação da própria Administração; • Possui efeitos prospectivos – ex nunc –, devendo respeitar os direitos adquiridos; • Em regra, a revogação não gera para a Administração o dever de indenizar, exceto se afetar o direito de alguém; • A revogação de ato administrativo que já gerou efeitos concretos exige regular processo administrativo – STF; • Não possui limitação temporal (pode ser feita a qualquer tempo), mas há limitação material (há atos que não podem ser revogados); ATOS IRREVOGÁVEIS (LIMITAÇÃO MATERIAL) Atos Vinculados Não há conveniência e oportunidade. Atos Ordinatórios Praticados no exercício da atividade administrativa. Atos Enunciativos Atestam uma situação num determinado momento. Atos Complexos A vontade de um órgão não pode desfazer a do outro. Atos Consumados Os efeitos do direito já exauriram. Atos de Direito Adquirido Ato que gera direito adquirido é ato vinculado. REVOGAÇÃO ANULAÇÃO Limitação Material Sim Não Limitação Temporal Não Sim 8.3. CASSAÇÃO É a extinção do ato (desfazimento volitivo) que se originou com legalidade, mas foi violado na sua execução. Ex.: Autorização para construir um comércio, mas foi construído local destinado a jogos de azar. 18 8.4. CADUCIDADE Ocorre quando uma nova legislação passa a não permitir uma situação anteriormente consentida. Ex.: Lei B entra em vigor posteriormente alterando os efeitos da Lei A. 8.5. CONTRAPOSIÇÃO Ocorre quando um novo ato se contrapõe aos efeitos de um ato anterior, de forma que ficam com efeitos opostos. Ex.: Nomeação de um servidor e, posteriormente, sua exoneração. 8.6. RENÚNCIA Ocorre quando o próprio beneficiário abre mão de uma vantagem que estava a produzir efeitos a seu favor. Ex.: Servidor inativo que abre mão da aposentadoria para voltar ao exercício do cargo. 8.7. CONVALIDAÇÃO / SANATÓRIA É a forma de consertar um ato com vício sanável e não pode causar lesão ao interesse público ou a terceiros. TIPOS DE CONVALIDAÇÃO Ratificação Supre o vício na competência do ato Reforma Mantém a parte válida do ato e retira a inválida Conversão Retira a parte inválida do ato e novo ato válido de outra categoria Lei 9.784/99, art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração. • Segundo a teoria monista ou unitária, o ato administrativo que apresentar qualquer vício deverá ser anulado, sem exceções; • Segundo a teoria dualista, há vícios sanáveis (ato anulável/nulidade relativa), mediante a correção retroativa (convalidação), e insanáveis (ato nulo/nulidade absoluta); • É um ato discricionário e só pode ocorrer quando o vício afeta os requisitos competência não exclusiva e forma não essencial; 19 • É um controle de legalidade, podendo incidir sobre ato vinculadoou discricionário, uma vez que abrange somente os vícios sanáveis (competência e forma); • Possui efeitos retroativos – ex tunc –, não desconstituindo os efeitos já produzidos pelo ato anteriormente viciado; • Apesar de ser um controle de legalidade em que, geralmente, caberia apreciação judicial, somente a própria Administração pode convalidar o ato; • Em regra, a convalidação é ato da própria Administração, porém, em casos excepcionais, pode ser praticada por um particular; • Convalidação tácita é a convalidação não intencional, feita de forma automática quando um ato ilegal favorável ao administrado não é anulado dentro do prazo decadencial de 5 anos (vício sanado pela passagem do tempo);
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