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UNIDADE 2 AVA MÉTODOS E TÉCNICAS DA PESQUISA PSICOLOGICA

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UNIDADE 2
MÉTODOS E TÉCNICAS DA PESQUISA
PSICOLÓGICA PRINCÍPIOS DA
PSICOMETRIA E ESTATÍSTICA.
1 Análise de Conteúdo
A análise de conteúdo é uma das partes fundamentais na realização de uma
pesquisa. Para realizar uma pesquisa científica, o pesquisador passa por diversas
etapas desde a construção do seu projeto até o término do mesmo. A realização de
uma pesquisa científica se dá por etapas, e uma dessas etapas é a de coletas de
dados, uma fase que requer muita atenção do pesquisador, pois, se não for
realizada adequadamente, poderá comprometer toda a pesquisa. Após a coleta de
dados, será feita a análise de conteúdo, ou análise de dados, que tem como
objetivo a organização dos dados. Essa fase precisa de toda a atenção e cuidado
do pesquisador, pois é necessária a escolha de um método (pesquisa
qualitativa/quantitativa), mas a escolha desse método depende dos dados que
foram coletados e do objetivo do estudo, proporcionando, assim, uma riqueza de
dados para a pesquisa.
De acordo com Chizzotti (2001, p. 98),
“A análise de conteúdo é um método de tratamento e análise de informações,
colhidas por meio de técnicas de coleta de dados, consubstanciadas em um
documento. A técnica se aplica à análise de textos escritos ou de qualquer
comunicação (oral, visual, gestual) reduzida a um texto ou documento.”
Figura 1 - Etapas para realização da Pesquisa Fonte: Elaborada pelo autor (2020).
#PraCegoVer: A imagem mostra um mapa mental, explicando as etapas para realização
de uma pesquisa científica.
Para Gil (2002, p. 89),
“ O grande volume de material produzido pelos meios de comunicação e a
necessidade de interpretá-lo determinou o aparecimento da análise de
conteúdo. Essa técnica possibilita a descrição do conteúdo manifesto e
latente das comunicações. A análise de conteúdo desenvolve-se em três
fases. A primeira é a pré-análise, onde se procede à escolha dos documentos,
à formulação de hipóteses e à preparação do material para análise. A segunda
é a exploração do material, que envolve a escolha das unidades, a
enumeração e a classificação. A terceira etapa, por fim, é constituída pelo
tratamento, inferência e interpretação dos dados (Bardin, s. d.). A análise de
conteúdo pode ser quantitativa ou qualitativa.”
Fique de olho
No livro “Como Elaborar um Projeto de Pesquisa”, Antonio Carlos Gil faz um
apanhado dos principais métodos e técnicas para elaboração do projeto de
pesquisa, confira Gil (2002) na lista de referências.
Durante a análise, o pesquisador segue diferentes etapas de análise do conteúdo.
As etapas na análise de conteúdos são organizadas em três fases:
a primeira, pré-análise;
a segunda, exploração do material;
e a terceira, tratamento dos resultados, inferência e interpretação.
Na pré-análise, o pesquisador está na fase de organização, fazendo as escolhas do
documento, formulando hipóteses, objetivos e elaborando indicadores. Está primeira
fase possui três missões:
● a escolha dos documentos a serem submetidos à análise,
● a formulação de hipóteses e dos objetivos,
● e a elaboração de indicadores que fundamentem a interpretação final.
Na fase de exploração de materiais, o ponto crucial é a análise de conteúdos. Esta
fase é longa e consiste essencialmente de operações de codificações, enumeração,
em função de regras previamente formuladas. Por fim, na fase de tratamento dos
resultados, inferência e interpretação estão contidas todas as informações
fornecidas pela análise. Os resultados são submetidos a provas estatísticas, assim
como a testes de validação. Nela o pesquisador tem a sua disposição os
resultados significativos, pode então propor inferências e adiantar interpretações a
propósito dos objetivos previstos (BARDIN, 1977, p. 95 - 101).
Fique de olho
No livro “Análise de Conteúdo”, Laurence Bardin faz um apanhado de todas
as técnicas utilizadas na análise de conteúdo para a realização de um trabalho
científico, confira Bardin (1977) na lista de referencias.
Figura 2 - Desenvolvimento de uma análise de conteúdos Fonte: Elaborada pelo autor (2020).
#PraCegoVer: A imagem mostra um mapa mental explicando as etapas para
realização de uma análise de conteúdo.
Após ser realizada a coleta de dados, o pesquisador precisa escolher a melhor
forma de armazenar os seus dados. Seja de maneira escrita, fazendo um esboço de
todo material adquirido, ou, no computador, armazenando todos os dados coletados.
Como forma de facilitar a vida do pesquisador, muitas empresas desenvolveram
softwares para ajudar no armazenamento dos dados e na análise dos mesmos.
Segundo Luna (1998, p. 738),
“Um armazenamento adequado, por exemplo em banco de dados
computadorizado, facilitará a análise após o término da fase de colheita dos
dados. Recomenda-se que seja feito um esforço de antecipação de como os
dados deverão ser analisados.”
Sabendo que todos os dados coletados e analisados deverão responder às
perguntas iniciais da pesquisa, caso não seja possível fazê-lo, o pesquisador terá
que recomeçar a sua pesquisa, ou poderá reformular a pergunta inicial, de
acordo com o tema pesquisado.
Por fim, para iniciar qualquer tipo de pesquisa, é necessário que o pesquisador faça
um plano de intenção. No plano de intenção, estão incluídos a escolha do tema (de
um tema delimitado), a definição de uma pergunta de pesquisa, definição de
hipóteses, a justificativa e, por fim, o objetivo da pesquisa. Ao escolher que tipo de
pesquisa se deseja fazer, é preciso escolher um tema com que esteja familiarizado
ou que chame a sua atenção para que a pesquisa não se torne algo maçante e
cansativo. A análise de conteúdo tem suas etapas e, para te ajudar na realização
da pesquisa, disponibilizamos alguns exemplos a seguir:
● Defina o tema para a sua pesquisa
A escolha do tema é algo bastante simples, esse tema é a palavra geral
para a sua pesquisa.
Ex.: Suicídio, essa palavra será usada como base para a pesquisa.
Agora é a sua vez.
● Defina o tema delimitado do seu projeto
Vamos delimitar a nossa pesquisa? Agora escolha o tema que estará no
topo da sua pesquisa.
Ex. Dando continuidade ao exemplo anterior, o tema delimitado seria:
Um cuidado chamado pós-venção
● Defina a pergunta de pesquisa/problema
Agora chegou a hora de definir a pergunta para sua pesquisa.
Seguindo o mesmo exemplo anterior, a pergunta do problema da
pesquisa seria: Como analisar os impactos gerados à saúde psíquica,
decorrentes da tentativa/realização do suicídio, tanto para quem
sobreviveu a uma tentativa, quanto para familiares, amigos ou pessoas
mais próximas de quem se matou?
● Hipóteses
Após ter feito a definição da pergunta/problema, você terá que levantar
uma hipótese para responder a sua pergunta.
Ex.: O termo suicídio ainda é um tabu. Com o decorrer do tempo, a
necessidade de dar visibilidade ao tema tem sido de grande
importância. Não é noticiar meios como o suicídio se realiza, mas poder
debatê-lo como uma questão de saúde pública. Entretanto, e a família,
amigos e pessoas mais próximas de uma pessoa que já cometeu
suicídio, como ficam nesse contexto? Sabemos que cerca de seis a dez
pessoas são afetadas quando acontece o suicídio de uma pessoa
próxima. Por isso, os serviços de saúde devem se preocupar em
oferecer espaços com grupos de pessoas que passaram pelo luto, para
que elas possam falar. Não é só chegar na família, amigos e pessoas
mais próximas e dizer “procurem um serviço”, mas oferecer um
encaminhamento qualificado para que não aja novos casos.
● Justificativa
Agora, você, como pesquisador, terá que escrever uma justificativa,
explicando o porquê da escolha do tema.
Ex.: O interesse por esse assunto surgiu mediante a leitura do livro
“Suicídio e os desafios para psicologia” do Conselho Federal de
Psicologia. Tendo destaque a segunda parte do livro que fala sobre
“Suicídio: o luto dos sobreviventes”. Apesar de encontrar alguns
artigos na internet sobre relatos de sobreviventes, gostaria de me deter
ao sobrevivente e ao cuidado com ele, que é chamado de pósvenção.
Isso porque sabemos que para problemas complexos não existemsoluções simples. A compreensão da experiência de quem perdeu
alguém é bastante importante. O suicídio tem um grande impacto na
qualidade de vida dos familiares, amigos ou pessoas mais próximas a
quem se matou, tornando isso um problema de saúde pública. Os
sobreviventes não ficam apenas afetados por emoções como: a culpa,
tristeza, raiva, ansiedade, vergonha, medo, mas também sofrem outras
emoções intensas como: depressão, isolamento, não aceitação,
dificuldades para estabelecer novas relações, queda na produtividade,
sensação de desamparo, aumento do uso de drogas e
tentativa/realização de suicídio.
● Objetivo
E, por fim, defina o objetivo da pesquisa. O que você irá fazer para obter
o resultado final da pesquisa.
Ex.: Analisar e descrever a importância do olhar mais humanizado e de
ações de saúde, como a pós-venção, para o sobrevivente do suicídio, se
referindo tanto a quem sobreviveu a uma tentativa, quanto a familiares,
amigos ou pessoas mais próximas a quem se matou.
Fique de olho
Para iniciar a pesquisa, é preciso delimitar bem o tema que será
investigado, os armazenamentos desses dados podem ser feitos com a
utilização de softwares gratuitos disponíveis, tanto para computador,
quanto para celular. O MANDELEY é um software de armazenamento
usado para gerenciar e compartilhar trabalhos de pesquisa e gerar
bibliografias para artigos acadêmicos. O pesquisador também pode
adicionar documentos diretamente do seu navegador com apenas
alguns cliques, bem como importar qualquer documento da área de
trabalho.
Neste momento, após essa breve explicação sobre o conteúdo, acredita-se que seja
possível que você consiga ampliar a perspectiva e aprofundar mais alguns conceitos
sobre a análise de conteúdo, elucidando assim possíveis questões que ainda possam
não estar esclarecidas.
2 Princípios da Psicometria e Estatística
A psicometria é um campo científico da Psicologia, que busca observar o
comportamento humano. O termo psicometria é a junção de psico: relativo à psicologia,
aos fenômenos psicológicos; e metria: relativo a medidas, processos e técnicas de
mensuração. A mesma investiga a manifestação dos fenômenos psicológicos,
produzindo assim, um conhecimento técnico e científico. Segundo Pasquali (2009, p.
992), “A psicometria fundamenta-se na teoria da medida em ciências para explicar o
sentido que têm as respostas dadas pelos sujeitos a uma série de tarefas e propor
técnicas de medida dos processos mentais”.
Para o pesquisador, a psicometria é um campo de observação de maior precisão para
medir o comportamento humano. É uma maneira de explicar o sentido de o sujeito ter
certas respostas para determinadas situações. Como, por exemplo, entender o porquê
de algumas pessoas terem comportamento de fuga em um assalto e outras terem o
comportamento de enfrentamento. No entanto, a psicometria vai muito além das
observações, por exemplo, uma prova com o mesmo nível de dificuldade para todos os
alunos e valores diferentes para cada questão: se dois alunos têm a mesma quantidade
de questões acertadas, isso quer dizer que eles terão a mesma nota? Não. Isso também
é psicometria. É uma mensuração do comportamento. Com o decorrer da discussão,
você irá entender melhor a questão do que é mensuração.
Figura 3 - Psicometria
Fonte: Pressmaster, shutterstock, 2020
#PraCegoVer: A imagem mostra o tronco e as mãos de três pessoas sentadas uma
ao lado da outra, elas têm canetas nas mãos e escrevem em um papel apoiado em
uma mesa. À frente de cada uma delas, há um copo transparente com água.
Erthal (2009, p. 20) explica que:
“ Medir significa atribuir magnitudes a certa propriedade de um objeto ou classe de
objetos, de acordo com certas regras preestabelecidas e com a ajuda do sistema
numérico, de forma a que sua validade possa ser provada empiricamente. [...] Assim,
o processo de mensuração é sempre quantitativo. ”
Falando um pouco sobre a avaliação psicológica, ela é dividida em métodos
qualitativos e quantitativos.
Figura 4 - Mapa mental sobre avaliação psicológica .
Fonte: Elaborada pelo autor (2020).
#PraCegoVer: A imagem mostra um mapa mental explicando sobre a avaliação
psicológica.
No mapa mental descrito acima, há um resumo de que a psicometria é o termo
técnico para testagem psicológica e não é avaliação psicológica, mas expressa
um conjunto de técnicas que permitem a mensuração dos comportamentos. A
psicometria é uma das partes da avaliação psicológica, isso não quer dizer que a
avaliação psicológica não funciona sem a psicometria, mas a psicometria não
funciona sem a avaliação psicológica. Isso porque é através da avaliação
psicológica que o pesquisador vai identificar as necessidades da sua pesquisa, bem
como utilizar-se da testagem psicológica para ter mais base científica.
Segundo o Conselho Federal de Psicologia (2013, p. 13),
“ A avaliação psicológica é um processo técnico e científico realizado com
pessoas ou grupos de pessoas que, de acordo com cada área de
conhecimento, requer metodologias específicas. Ela é dinâmica e constitui-se
em fonte de informações de caráter explicativo sobre os fenômenos
psicológicos, com a finalidade de subsidiar os trabalhos nos diferentes
campos de atuação do psicólogo, dentre eles, saúde, educação, trabalho e
outros setores em que ela se fizer necessária. ”
A psicometria é de grande importância na área da pesquisa. Imagine uma pesquisa
que está tentando desenvolver um novo teste. Essa pesquisa gera dados que são
quantificados e que podem ser reproduzidos, ou seja, essa mesma pesquisa pode
ser reproduzida por outros pesquisadores, proporcionando novas descobertas para
o campo que está sendo investigado. Voltando para a ideia do desenvolvimento do
teste, se o pesquisador tem o teste aprovado pelo SATEPSI ele passa a ter uma
validade; quando o teste perde a validade, o pesquisador, ou novos pesquisadores
podem reproduzir a pesquisa, pois existe um banco de dados que permite a análise
quantitativa dos dados, fazendo com que o teste que perdeu a validade seja
revalidado. Entretanto, lembre-se de que a psicometria tem as suas limitações, a
quantificação dos dados está ligada tanto à parte teórica, quanto à parte prática da
pesquisa. Caso algum dado esteja incorreto, ou a pesquisa não tenha sido feita
adequadamente, o pesquisador acabará tendo prejuízo e terá que refazer a
pesquisa.
De acordo com Hutz et al. (2015, p. 24 e 25),
“ A quantificação e a psicometria também são importantes no que diz
respeito à comunicação entre profissionais. Os resultados de uma testagem
psicológica, geralmente, produzem escores que localizam um indivíduo em
relação a seu grupo de referência. Dessa forma, facilitam o entendimento
entre os psicólogos e outros profissionais acerca das forças e fraquezas de
dado paciente. [...] assim, a quantificação em psicologia não tem como alvo o
ser humano em sua totalidade, mas somente características específicas
suas. Avaliar algumas propriedades não implica reduzir, e sim delimitar uma
área de interesse no estudo das diferenças individuais, o que ajuda a
entender quão única é uma pessoa. ”
Existem dois modelos de mensuração: a TCT (teoria clássica dos testes) e a TRI
(teoria de resposta ao item). A TCT é um modelo amplo e simples e os
pesquisadores podem calcular o resultado sem precisar ser especialista. Lembre-se
que a TRI não veio para substituir a TCT, as duas teorias podem funcionar em
conjunto. Claro que a TRI trouxe algumas vantagens, a avaliação passou a focar
na habilidade de cada indivíduo que está sendo avaliado. Houve a elaboração de
vários testes para o mesmo exame, com níveis de dificuldades iguais para todos. No
entanto, se os dois modelos funcionarem em conjunto, os instrumentos de
mensuração serão cada vez mais precisos.
De acordo com Pasquali (2009, p. 993),
“ A TCT se preocupa em explicar o resultado final total, isto é, a soma das
respostas dadas a uma série de itens, expressa no chamado escore total (T).
Por exemplo, o T em um teste de 30 itens de aptidão seria a soma dos itens
corretamente acertados. Se fordado 1 para um item acertado e 0 para um
errado, e o sujeito acertou 20 itens e errou 10, seu escore T seria de 20. A
TCT, então, se pergunta o que significa este 20 para o sujeito.”
Já a TRI envolve modelos matemáticos e nela é mais importante a probabilidade de
acertos que o indivíduo terá, dependendo do nível do seu domínio. Por exemplo: o
ENEM tem se utilizado da TRI na correção de suas provas. Ou seja, a soma das
notas dos candidatos não é referente às questões corretas, significando que nem
sempre os candidatos que acertaram a mesma quantidade de questões terão as
mesmas notas. Cada questão e cada matéria tem o seu peso. Ainda pensando na
questão da prova, se o aluno acertar as questões difíceis e errar as fáceis, de
acordo com a TRI, pode ser considerado que o aluno “chutou” as questões. Ou seja,
a discriminação faz com que se distinga o indivíduo que tem habilidades e
conhecimento do outro que não tem.
Pasquali (2009, p. 993) ainda afirma que:
“ A TRI, por outro lado, não está interessada no escore total em um teste; ela
se interessa especificamente por cada um dos 30 itens e quer saber qual é a
probabilidade e quais são os fatores que afetam esta probabilidade de cada
item individualmente ser acertado ou errado (em testes de aptidão) ou de ser
aceito ou rejeitado (em testes de preferência: personalidade, interesses,
atitudes). Dessa forma, a TCT tem interesse em produzir testes de qualidade,
enquanto a TRI se interessa por produzir tarefas (itens) de qualidade. ”
Na área de observação do comportamento humano, a medição
desempenha um papel fundamental na investigação. A medida é dividida
em quatros funções:
★ quantificação,
★ comunicação,
★ padronização,
★ e objetividade.
Figura 5 - Mapa mental sobre funções de medidas.
Fonte: Elaborada pelo autor (2020)
#PraCegoVer: A imagem mostra um mapa mental explicando as etapas das
funções de medidas.
Na funções de medidas, a quantificação, segundo Erthal (2009, p. 24) pode ser
definida da seguinte forma:
“ Entende-se que a medida permite uma descrição precisa do
fenômeno. Considerando-se que tudo que existe, existe em certa
quantidade, uma descrição que inclua uma referência à magnitude
com que o fenômeno se mostra é uma descrição mais completa e
precisa, pois permite, inclusive, compará-lo com outros. ”
Ainda segundo Erthal (2009, p. 24), a comunicação é um
complemento da quantificação, pois não há comunicação precisa
sem quantificação do objeto a ser estudado. A padronização é o
processo de fixação das normas do teste, para que este possa ser
usado de forma uniforme e inequívoca, ou seja, é a forma como o
psicólogo irá fazer a aplicação do teste, seguindo as orientações das
regras que vêm com o teste, a avaliação do mesmo e, por fim, a
interpretação com o intuito de dar respaldo àquilo que já foi visto pelo
psicólogo, ou adicionar novas informações ao que está sendo
investigado. Finalmente, a objetividade é a função que permite
classificações com menor ambiguidade. Utilizam-se numerais para
objetivar características que são diferentes, mas similares. Ou seja, o
pesquisador pode escolher, pode fazer várias escolhas para iniciar a
sua pesquisa, contanto que ele delimite a área de pesquisa. A função
da objetividade é essa. Se o pesquisador não delimita a sua área de
pesquisa, a pesquisa pode ficar mais ampla, trazendo assim
ambiguidade. Como por exemplo: decide-se fazer uma pesquisa com
grávidas. É nesse momento que o pesquisador precisa delimitar a sua
pesquisa, pois a expressão grávidas é muito ampla. Quando o mesmo
delimita a pesquisa para grávidas de 14 à 17 anos de idade, a sua
pesquisa passa a ser mais objetiva, porque ao invés de estar
pesquisado todas as grávidas, o mesmo só estará pesquisando
grávidas na faixa de idade de 14 à 17 anos de idade. Limitando, assim,
a ambiguidade na sua pesquisa, deixando-a mais objetiva.
Fique de olho
No livro “Manual de Psicometria”, Tereza Cristina Erthal faz um
apanhado de todas as técnicas utilizadas na psicometria. Confira na
lista de referências Erthal (2009).
3 Entrevista: característica e estrutura
A entrevista é uma conversa entre duas pessoas: o entrevistador e o
entrevistado, com o intuito de coleta de informações e pode ser utilizada por
jornalistas, recrutadores, psicólogos e etc. Para a psicologia, a entrevista é uma
técnica científica, na qual o psicólogo tem que estar com o roteiro norteador para
melhor conduzi-la. Segundo Macedo e Carrasco (2005), a entrevista é um
importante e fundamental recurso que o psicólogo utiliza em seu trabalho. É muito
comum associarmos a entrevista à clínica psicológica, porém, do mesmo modo que
não é um instrumento exclusivo do trabalho do psicólogo, a entrevista também não
limita sua aplicabilidade a uma área de atuação deste profissional. Ela se faz
presente como recurso na escola, no hospital, nas empresas, no campo
jurídico, no campo esportivo, além da própria clínica, onde também poderá ser
usada de diferentes formas.
O aspecto formal das entrevistas é:
★ estruturada,
★ semiestruturada,
★ e não estruturada.
A entrevista estruturada é um modelo de entrevista que tem um roteiro
estabelecido, que permanece igual para todos os entrevistados. Como, por
exemplo: entrevistas realizadas pelo IBGE.
Na entrevista semiestruturada, há um roteiro norteador, mas caso o entrevistador
queira fazer determinadas perguntas relacionadas a um assunto que teve interesse,
o mesmo pode ir explorando. É uma entrevista que deixa o entrevistado falar
livremente e o entrevistador intervém de maneira sutil. Como, por exemplo:
entrevista de seleção, que é uma forma de avaliar se o candidato se encaixa
perfeitamente na vaga. Quando as empresas se utilizam de seleção por
competência, o entrevistador já tem todas as informações do cargo e o que a
pessoa precisa ter para ocupar aquele cargo, por exemplo: no cargo para professor
do ensino infantil, o profissional precisa ser proativo, habilidoso, atencioso, ter uma
boa comunicação, organizado e pontual. Essas são as características que a pessoa
que vai ocupar a vaga precisa ter. Na entrevista, o entrevistador tem que estar com
um questionário semiestruturado para fazer perguntas ao candidato com o intuito de
saber se aquela pessoa tem as características solicitadas para o preenchimento da
vaga. Ter um questionário norteador permite ao entrevistador fazer as perguntas
certas ao entrevistado e fazer uma investigação mais detalhada. Entretanto,
lembre-se de não perder o foco. Caso o entrevistado esteja mudando o rumo da
entrevista, o questionário ajuda o entrevistador a voltar para o assunto específico da
entrevista.
Já a entrevista não estruturada tem como objetivo a coleta de dados, permitindo
que o entrevistado tenha uma certa liberdade, para que o entrevistador tenha uma
visão geral do que está sendo pesquisado. Como, por exemplo: entrevista no
ambiente clínico.
Existem alguns tipos de entrevistas psicológicas, no processo de psicodiagnóstico, a
primeira é a Entrevista Inicial. De acordo com Hutz et al. (2016), a entrevista inicial
também é um momento importante para a coleta de informações relacionadas ao
paciente que serão significativas para o delineamento de um plano de avaliação.
Figura 6 - Etapas da entrevista psicológica
Fonte: Elaborada pelo autor (2020)
#PraCegoVer: A imagem mostra um mapa mental explicando as etapas da
entrevista inicial.
A entrevista de anamnese, segundo Macedo e Carrasco (2005), pode ser
realizada com o próprio paciente ou com aqueles que puderem trazer mais
informações sobre sua história de vida. Dependendo do caso, podem ser realizadas
entrevistas apenas com os pais e, ainda, com um ou outro separadamente. É
importante deixar claro que, no psicodiagnóstico, todas as entrevistas podem ser
consideradas, de alguma forma, anamnese. Isso porque os dados referentes à
história de vida do paciente são coletados desde a entrevista inicial até a entrevista
de devolução.
Figura 7 - Entrevista de anamnese
Fonte: Adam Gregor, Shutterstock, 2020
#PraCegoVer: A imagem mostra duas mulheres,uma sentada de frente e outra de
costas, há uma mesa entre elas, e ao fundo há uma janela de vidro. A mulher que
está de frente para a câmera segura um folder azul em uma mão e uma caneta na
outra.
Na entrevista devolutiva, Cunha (2007, p. 51)
“ Afirma que tem por finalidade comunicar ao sujeito o resultado da
avaliação. Em muitos casos, essa atividade é integrada em uma
mesma sessão, ao final da entrevista. Em outras situações,
principalmente quando as atividades de avaliação se estendem por
mais de uma sessão, é útil destacar a entrevista de devolução do
restante do processo. Outro objetivo importante da entrevista de
devolução é permitir ao sujeito expressar seus pensamentos e
sentimentos em relação às conclusões e recomendações do avaliador.
”
4 Aplicação e Avaliação dos Testes
A avaliação psicológica possui uma grande importância para o psicólogo, pois se
trata de um processo técnico e científico realizado com pessoas ou grupos de
pessoas que, de acordo com cada área de conhecimento, requer metodologias
específicas. Ela é dinâmica e constitui-se em fonte de informações de caráter
explicativo sobre os fenômenos psicológicos, com a finalidade de subsidiar os
trabalhos nos diferentes campos de atuação do psicólogo, dentre eles: saúde,
educação, trabalho e outros setores em que ela se fizer necessária. Trata-se de
um estudo que requer um planejamento prévio e cuidadoso, de acordo com a
demanda e os fins para os quais a avaliação se destina (CFP, 2013). Dessa forma,
só o psicólogo é habilitado para exercer tal função. O CFP (Conselho Federal de
Psicologia), vendo a necessidade de proteger a classe profissional, desenvolveu o
SATEPSI (Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos), no ano de 2003, com o
objetivo de qualificar e divulgar informações sobre os instrumentos utilizados
pelos psicológos. Criando assim, uma cartilha de avaliação psicológica, visando a
melhorar a qualidade dos serviços psicológicos para a sociedade brasileira.
Segundo o Presidente em exercício do CFP, Aluízio Lopes de Brito, a criação da
cartilha visa a oferecer um conjunto de informações para o psicólogo sobre os
limites e as possibilidades dos métodos de avaliação psicológicas aplicados no
Brasil (CFP, 2013).
Figura 8 - A evolução do tema ao longo dos anos Fonte: Elaborada pelo autor (2020)
#PraCegoVer: A imagem mostra uma linha do tempo desde a criação do SATEPSI
e todas as modificações sofridas por ele no decorrer dos anos.
Os testes psicológicos devem ser utilizados apenas por psicólogos, segundo a
resolução CFP nº 009/2018, o psicólogo só deve fazer a aplicação do teste se o
mesmo for aprovado pelo CFP (Conselho Federal de Psicologia), por isso o
profissional deve estar periodicamente consultando o site do SATEPSI para obter
informações sobre os testes. A escolha do teste é de inteira responsabilidade do
psicólogo, cabe ao mesmo fazer uma investigação para determinar que teste será
usado. O teste irá servir como um complemento para a investigação que está sendo
realizada, o teste não é um rótulo para o paciente/cliente. O psicólogo só poderá
realizar a compra de algum teste psicológico se estiver com a sua carteira do CRP
(Conselho Regional de Psicologia); ao realizar a compra, o teste vem com:
❖ um manual de instruções para a aplicação,
❖ manual de correção,
❖ crivo,
❖ e algumas folhas do teste.
O teste nunca deve ser corrigido só em olhar, se existe material para a correção do
mesmo, utilize-o. Caso o psicólogo queira comprar mais, o mesmo só precisa
comprar a folha do teste. Na hora da aplicação, o local tem que está em perfeitas
condições, como por exemplo: a luz, os sons, a climatização, dentre outros. Ao
finalizar a aplicação, armazene os testes em um local seguro. O teste não deve ser
corrigido na frente do paciente/cliente, ou entre ao mesmo no final da correção. É
um documento, que precisa de todo o cuidado. A única coisa que deve ser entregue
ao paciente/cliente é uma declaração, atestado psicológico, relatório (psicológico e
multiprofissional), laudo e parecer (CFP nº 06/2019). Lembre-se de que testagem
psicológica é diferente de avaliação psicológica: a testagem é uma parte da AV
que é um processo mais amplo, buscando gerar mais conhecimento sobre a pessoa
que está sendo avaliada. O art. 7º da resolução 006/2019 explica que, na
elaboração de documento psicológico, a (o) psicóloga (o) baseará suas informações
na observância do Código de Ética Profissional do Psicólogo, além de outros
dispositivos de Resoluções específicas.
Existem algumas categorias para escolha do teste, por exemplo, existem testes
relacionados a avaliação do trânsito, inteligência, memória, personalidade,
atenção, neuropsicológicos, organizacional, entre outros. Ao fazer a aplicação,
alguns testes têm, em sua folha, uma fase de treino, como:
★ Atenção Concentrada (AC),
★ Atenção Dividida (AD),
★ Atenção Alternada (AA),
★ e o palográfico, entre outros.
Para saber se a pessoa em que está sendo aplicado o teste entendeu todas as
instruções, é muito importante que o psicólogo esteja atento ao tempo que é
determinado para realização de cada teste. Todos os testes vêm com o informativo
da faixa etária, então, ao realizar a escolha do teste, verifique se o mesmo serve
para aquele tipo de faixa etária.
Enfim, é sempre recomendável que o pesquisador esteja sempre atento a sua
pesquisa. Seguir cada etapa para a realização da mesma é estritamente necessário.
Não se esqueça de manter a sua pesquisa atualizada e sempre anote no seu banco
de dados cada passo, para que não se perca o foco determinado para a pesquisa.
Fique de olho
Na Resolução do Exercício Profissional nº 6, de 29 de março de 2019, o Conselho
Federal de Psicologia instituiu regras para a elaboração de documentos escritos por
psicólogos. Consulte-as em CFP (2019).
É ISSO AÍ!
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
● analisar o conteúdo da pesquisa;
● desenvolver uma entrevista;
● Aplicar e avaliar os testes para determinados tipos de pesquisa.
REFERÊNCIAS
BARDIN, L. Análise de Conteúdo. 70. ed. São Paulo: Presses Universitaires de
France, 1977.
CHIZZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e sociais. 5. ed. São Paulo:
Cortez, 2001.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Cartilha Avaliação Psicológica.
Brasília: Conselho Federal de Psicologia, 2013.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução CFP 009/2018. Brasília, D. F,
2018.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução CFP 006/2019. Brasília, D. F,
2019.
CUNHA, J. A. et al. Psicodiagnóstico – V. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.
ERTHAL, T. C. Manual de Psicometria. 8. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,
2009.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
HUTZ, C. S. et al. Psicometria. Porto Alegre: Artmed, 2015.
HUTZ, C. S.et al. Psicodiagnóstico. Porto Alegre: Artmed, 2016.
LUNA, F. B. Seqüência Básica na Elaboração de Protocolos de Pesquisa. Arq Bras
Cardiol. Vol. 71, 1998.
PASQUALI, L. Psicometria. Rev Esc Enferm USP, 2009.
MACEDO, M. M. K.; CARRASCO, L. K. (Org.). (Con)textos de Entrevista: Olhares
diversos sobre a interação humana. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005.

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