Prévia do material em texto
ÉTICA E CIDADANIA Unidade 4 Unidade 4 - Resoluções orientadoras da atuação em psicologia Nesta unidade você verá: // código de ética profissional do psicólogo // produção de documentos e especialidades em psicologia Objetivos Código de ética profissional do psicólogo Produção de documentos e especialidades em psicologia 1/3 Objetivos UNIDADE 4. Resoluções orientadoras da atuação em psicologia Mariana de Arruda Soares OBJETIVOS DA UNIDADE • Explanar sobre os princípios fundamentais do código de ética profissional do psicólogo; • Discutir sobre as responsabilidades fundamentais do psicólogo; • Identificar as especialidades que compete a psicologia; • Descrever sobre as normas de produção de documentos psicológicos. TÓPICOS DE ESTUDO Código de ética profissional do psicólogo // Princípios do código // Responsabilidades fundamentais do psicólogo Produção de documentos e especialidades em psicologia // Resolução sobre as especialidades em psicologia // Resoluções sobre a produção de documentos psicológicos 2/3 Código de ética profissional do psicólogo Desenvolvido pelo XIII plenário do Conselho Federal de Psicologia (CFP) em agosto de 2005 e aprovado pela Resolução CFP nº 010/2005, o Código de Ética Profissional do Psicólogo passou a vigorar no dia 27 de agosto daquele ano, com efeito de cumprimento obrigatório por todos profissionais. Vale ressaltar que este é o terceiro instrumento da profissão. PRINCÍPIOS DO CÓDIGO As profissões se caracterizam por saberes éticos, teóricos e técnicos específicos que ordenam as atribuições e práticas dos profissionais da categoria no atendimento das demandas sociais. Um código de ética profissional estabelece os padrões esperados de cada profissional quanto às suas práticas por meio dos preceitos preconizados pela profissão e das demandas e condições éticas presente na sociedade. O objetivo de tal documento é orientar a categoria e estimular a autorreflexão de cada profissional quanto à postura. O instrumento também estabelece condições de responsabilização pessoal e, coletivamente, sobre condutas e possíveis consequências dos psicólogos no exercício da profissão. Vale salientar que não se pode entender o código de ética do psicólogo como um simples compilado de normas; trata-se de um instrumento que assegura o padrão de condutas que deve ser respeitado por todos da categoria, constituindo-se como um instrumento composto por princípios que fundamentam a conduta de cada profissional nos diversos contextos de atuação. Um código de ética profissional estabelece os padrões esperados de cada profissional quanto às suas práticas por meio dos preceitos preconizados pela profissão e das demandas e condições éticas presente na sociedade. O objetivo de tal documento é orientar a categoria e estimular a autorreflexão de cada profissional quanto à postura. O instrumento também estabelece condições de responsabilização pessoal e, coletivamente, sobre condutas e possíveis consequências dos psicólogos no exercício da profissão. Vale salientar que não se pode entender o código de ética do psicólogo como um simples compilado de normas; trata-se de um instrumento que assegura o padrão de condutas que deve ser respeitado por todos da categoria, constituindo-se como um instrumento composto por princípios que fundamentam a conduta de cada profissional nos diversos contextos de atuação. Todo código de ética possui uma determinação histórica, isto é, embasa-se em preceitos. No caso da psicologia, ele se fundamenta nos princípios estabelecidos na declaração universal dos direitos humanos, de 1948, e considera os valores sociais e saberes da psicologia. Há que se reconhecer o caráter social do código de ética. Afinal, trata-se de um instrumento que compreende tanto ao contexto social do tempo em que foi produzido quanto ao desenvolvimento do campo da psicologia e à necessidade dos profissionais e entidades representantes de possuir um documento que atendesse a evolução do contexto institucional legal do país. Ele não possui normas fixas. Portanto, faz-se necessário uma reflexão contínua de adequação que acompanhe as mudanças pelas quais nossa sociedade passa ao longo do tempo. Seu processo de construção, que viu a contribuição de profissionais e membros gerais da população, deu-se por meio de discussões sobre ética, compromisso e responsabilidade. Na elaboração do código, buscou-se valorizar os princípios fundamentais da psicologia em relação a Sociedade, psicologia, entidades representativas da profissão e no campo científico. Além disso, ele visa a abrir espaços de discussão dos limites, interesses e direitos do psicólogo e sua relação tanto com a sociedade quanto com os demais profissionais e usuários do serviço. Essa instituição levou em consideração a inserção do psicólogo nos múltiplos contextos de práticas e entendeu que eles podem promover desafios e dilemas de atuação. O compromisso social da profissão foi considerado durante a formulação do código de ética do psicólogo de modo que este seja um instrumento capaz de: mostrar à sociedade os deveres e responsabilidades do profissional; estabelecer diretrizes para a formação e atuação em psicologia; e ampliar e fortalecer o significado social da profissão. Os princípios fundamentais do psicólogo, constantes no código de ética profissional, relacionam-se à promoção do respeito, liberdade, dignidade, igualdade e integridade ao ser humano durante a atuação em psicologia. Ao psicólogo cabe o cuidado com a saúde e promoção de qualidade de vida aos indivíduos e grupos de modo a eliminar, no âmbito de sua prática profissional, qualquer situação de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. O profissional deve se manter atualizado às dinâmicas sociais relacionadas à realidade política, social, econômica e cultural, de modo que possa atuar com responsabilidade. Ademais, deve aprimorar suas capacidades constantemente, zelando pelo reconhecimento científico da psicologia e contribuindo para que a população tenha acesso informativo sobre os conhecimentos pertinentes aos serviços e aos padrões éticos da psicologia. Uma de suas responsabilidades é o zelo pelo respeito à profissão, rejeitando qualquer situação em que a psicologia seja desrespeitada. O psicólogo deve considerar as relações hierárquicas e de poder nos âmbitos em que atua, bem como posicionar-se de modo crítico e de acordo com as condições dispostas no código de ética. RESPONSABILIDADES FUNDAMENTAIS DO PSICÓLOGO Existem deveres éticos fundamentais no âmbito da atuação do profissional, independentemente do contexto no ele se insere. Desse modo, é preciso que ele reflita sobre os deveres éticos durante todas as situações e condutas relacionadas ao exercício profissional. São deveres fundamentais do psicólogo: • Conhecer o conteúdo do código de ética profissional que rege sua profissão de modo a divulgar, cumprir e fazer cumprir suas diretrizes; • Estar comprometido com a profissão em todos os contextos de trabalho, respeitando seu regime ético; • Ser coerente com suas habilidades e conhecimentos de modo a assumir atividades às quais esteja qualificado pessoal, teórica e tecnicamente para atuar; • Observar se as condições de trabalho são dignas e apropriadas para sua prática. Em outras palavras, se as condições físicas dos espaços de atuação condizem com os princípios e diretrizes éticas; • Garantir respeito ao sigilo, autonomia e dignidade humana perante as práticas ofertadas. Entretanto, deve-se reconhecer outras funções igualmente importantes para este profissional. Por exemplo, é imprescindível que o psicólogo se apresente para o trabalho em situações de calamidade pública ou de emergência, mesmo sem remuneração. Esse preceito está de acordo com o humanismo preconizado na declaração universal dos direitos humanos. Outro ponto importante diz respeitoao acordo de prestação de serviço. É preciso pautá-lo no respeito, ou seja, considerando as condições existentes e com valores de custo justo. Fornecer informações concernentes ao atendimento e aos resultados à pessoa atendida e, caso necessário, ao seu responsável também. Quando solicitado a informar os resultados decorrentes da prestação de serviços, o psicólogo deve transmitir apenas o necessário para o processo de tomada de decisão do usuário e beneficiário; não se permite informar detalhes além, tendo em vista o caráter de sigilo na qual se pauta a atuação do psicólogo. O psicólogo também deverá fornecer, quando solicitado, encaminhamentos e documentos relativos aos serviços prestados aos usuários, tendo em vista a garantia da continuidade do cuidado. No tocante aos materiais privativos do psicólogo, como testes, inventários e protocolos, ele deve zelar para que a aquisição, doação, empréstimo, comercialização, guarda e divulgação sejam feitas conforme os princípios do código de ética. É de suma importa basear-se no respeito, consideração e solidariedade ao trabalho dos psicólogos e demais profissionais, bem como prestar colaboração sempre que possível e dentro dos princípios éticos. Quando o profissional inicial não puder dar continuidade ao atendimento, deve sugerir serviços de outros, repassando ao substituto todas as informações necessárias. Ainda, ao constatar falta de ética e consideração aos preceitos constantes no código ou nas demais regulamentações e legislações, bem como transgressão ou exercício ilegal ou irregular da psicologia, o profissional deve levar o fato ou situação ao conhecimento das instâncias competentes a categoria profissional: Conselho Federal de Psicologia ou respectivo Conselho Regional de Psicologia de abrangência do seu território de atuação. Ao psicólogo, ficam proibidas algumas condutas, tendo em vista os princípios éticos. Essas vedações dizem respeito a qualquer prática do exercício profissional que envolva conivência com situações de: negligência; exploração; violência; discriminação; crueldade; ou opressão a qualquer ser humano. Ainda, o profissional é proibido de induzir pessoas a convicções, sejam elas de ordem política, moral, filosófica, ideológica, religiosa ou, até mesmo, preconceituosa, independentemente do contexto de seu exercício profissional. É vedada ao psicólogo a utilização dos conhecimentos da psicologia em caráter de castigo, violência ou tortura. Ele não poderá atuar em instituições, serviços ou se associar e fazer parcerias profissionais com pessoas ou organizações que favoreçam ou pratiquem o exercício ilegal da psicologia ou de qualquer outra profissão. O caráter de responsabilidade do psicólogo também perpassa pela observância de seus pares, ou seja, dos demais profissionais. Assim, cabe a ele a intolerância para com as práticas que envolvam faltas éticas, violação de direitos, crimes ou contravenções. Caso essas situações ocorram, é seu dever informar à instância competente da profissão, para que elas procedam conforme as regulamentações estabelecidas oficialmente. Quanto à produção ou emissão de documentos psicológicos, o psicólogo deve se respaldar técnica e cientificamente para tal feito, não sendo possível: interferir na fidedignidade ou validade dos documentos; alterar resultados; ou fazer declarações falsas. Na prestação de serviços, o profissional não pode se vincular a serviços que não regulados oficialmente ou que ofereçam práticas cujo meio, procedimentos ou técnicas não estejam regulamentados ou reconhecidos pela profissão. EXEMPLIFICANDO A direção de uma instituição que oferta atendimento para pessoas usuárias de substâncias psicoativas emite um comunicado à equipe multiprofissional informando que passará a ofertar um método de castigo aos beneficiários que recaírem ao uso de substâncias psicoativas. Considerando esse caso, a partir desse momento, o psicólogo atuante na equipe multiprofissional deve se recusar a atuar na instituição, bem como informar aos órgãos oficiais competentes sobre o início da promoção das práticas de castigo, consideradas inadmissíveis. No exercício profissional e nos casos que envolvem perícia, avaliação ou parecer, o psicólogo não pode intervir nas situações onde haja vínculos, sejam eles interpessoais, pessoais, profissionais, atuais ou anteriores com a pessoa atendida, familiar ou terceiro. Afinal, esses vínculos podem interferir negativamente nos objetivos do serviço prestado, bem como afetar a qualidade do trabalho ou a fidelidade aos resultados da avaliação. Na relação com a pessoa atendida, o psicólogo não pode prolongar desnecessariamente a prestação de serviços, desviar ou induzir pessoas e organizações a recorrerem a seus serviços, sob qualquer justificativa, visando benefício próprio. Além disso, ele também não pode prestar serviços para organizações concorrentes, dado que tais situações podem resultar no acesso de informações privilegiadas, suscitando prejuízos para as partes envolvidas. Em nenhuma hipótese o psicólogo pode receber valores, vantagens ou benefícios, sob qualquer modalidade de pagamento ou concessão de benefício, por encaminhamento de serviços. EXEMPLIFICANDO Não se pode estabelecer nenhum meio de encaminhamento de pacientes para outro profissional ou instituição baseado em remuneração, porcentagens, vantagens ou comissões por pessoa encaminhada. Quanto à exposição nos meios de comunicação, o psicólogo não pode expor dados referentes aos serviços prestados, resultados de tratamento ou de avaliação psicológica. Afinal, a divulgação pública desses procedimentos remete à quebra de sigilo e outra série de fatores, inclusive de constrangimento a pessoa envolvida. Considerando os princípios éticos da congruência, o psicólogo deve analisar a política, missão e normas da empresa, instituição ou serviço ao qual presta atendimento, dado a observância de que, caso os princípios do serviço de atuação não sejam compatíveis com as regulamentações, o psicólogo deve se recusar a atuar. Sobre a remuneração pelo trabalho prestado, deve-se: considerar um preço justo; estipular o valor de acordo com o serviço; e comunicar ao paciente antes do início do tratamento. Em todos os casos e independentemente do valor acordado, deve-se preservar a qualidade da prestação de serviço. Ao participar de greves ou paralisações, o psicólogo deve informar previamente aos usuários do serviço afetado, bem como garantir a permanência do atendimento às demandas emergenciais. Tratando-se do relacionamento com profissionais de outras categorias, é importante que o psicólogo encaminhe demandas quando elas extrapolam seu campo de atuação. Ele deve só disponibilizar informações pertinentes ao bom desenvolvimento do tratamento, assegurando a responsabilidade do sigilo. Vale a pena ressaltar que, ao receber tais informações, o outro profissional deve resguardar a garantia do sigilo. Ainda, os profissionais ou serviços aos quais se encaminhem as demandas devem estar oficialmente habilitados e qualificados. Destaca-se quatro ocasiões em que um psicólogo deve intervir nos serviços de outro: 1. Casos caracterizados por risco ou emergência: é importante que o profissional que realizar o atendimento emergencial informe sobre o atendimento ao primeiro o mais breve possível; 2. Casos em que o profissional de referência solicite; 3. Casos em que os serviços pelo profissional de referência estiverem interrompidos, suspensos ou finalizados, seja por ele ou pelo paciente; 4. Casos em que o atendimento seja ofertado por equipe multiprofissional. Em situações que exigem atendimentos psicológicos não eventuais, a menores de idade ou interdito, necessita-se autorização de um responsável legal. Na inexistência de um, deve-se informar o atendimento às autoridades competentes, como o Ministério Público e o Conselho Tutelar. Se forem necessários encaminhamentos, o psicólogodeverá garanti-lo, tendo em vista o princípio da integralidade. Vale salientar que ele deve comunicar aos responsáveis ou autoridades o conteúdo estritamente essencial para a garantia do cuidado, resguardado o sigilo das demais informações. Durante sua atuação, o princípio mais importante a se observar é o da garantia do sigilo. É dever do psicólogo respeitar a intimidade e confidencialidade das informações prestadas pelo paciente, grupos ou organizações. Entretanto, em casos que configuram conflitos entre o dever do sigilo e os princípios éticos, o profissional pode decidir sobre a quebra do princípio, visando o menor prejuízo possível; deve prestar informações estritamente necessárias, apenas. Isso também vale para ocasiões em que seja solicitado ao psicólogo depor em juízo. Quanto à observação ou registro documental sobre as práticas realizadas durante o exercício profissional, o psicólogo deve observar as normas existentes no código de ética profissional da categoria. Além disso, deve informar o paciente, grupo ou instituição sobre os meios de registro das atividades em que participar. Já nas atividades em equipe multiprofissional, o psicólogo deve registrar apenas o que for necessário ao alcance dos objetivos do tratamento. Nos casos em que haja interrupção do exercício profissional, é importante garantir o destino seguro e confidencial dos arquivos referentes à prática. Ademais, nas situações que envolvam demissão, exoneração ou aposentadoria, o psicólogo deve lacrar ou garantir o repasse dos materiais ao substituto, tento em vista a garantia da promoção do cuidado. Se houver extinção do serviço de atuação, o profissional deve informar ao respectivo Conselho Regional de Psicologia, que dará providências quanto ao destino dos materiais e arquivos, garantindo a segurança e confidencialidade. Caso o psicólogo participe na produção de conhecimentos científicos e tecnológicos, deve avaliar os riscos e benefícios de todos os procedimentos do estudo, bem como garantir que, na divulgação dos resultados, observe-se a preservação da identidade dos participantes envolvidos. Utilizará o termo de consentimento livre e esclarecido, que garante a participação voluntária e o anonimato dos envolvidos, bem como o livre acesso aos resultados decorrentes das atividades, caso eles desejam. Os psicólogos no exercício da docência ou supervisores, devem exigir que os estudantes observem o disposto no código de ética profissional do psicólogo. Torna-se fundamental que eles zelem pelos instrumentos e técnicas psicológicas, cuidando para que não haja divulgação, empréstimo ou comercialização desses, fato que acarretaria na facilitação da disseminação de conhecimentos psicológicos a leigos ou a promoção de exercício ilegal da psicologia. Só se deve zelar pela disseminação do conhecimento científico e do papel social da psicologia ao participar de eventos públicos, na imprensa ou acadêmicos. Na promoção de seus serviços, o psicólogo deve informar nome completo, número de registro no respectivo Conselho Regional de Psicologia (CRP). Além disso, deve divulgar apenas títulos ou qualificações profissionais que possua e que sejam reconhecidas e regulamentadas pela psicologia. Em nenhuma hipótese utilizará o preço dos serviços como forma de propaganda ou autopromoção em detrimento de outros profissionais, bem como não garantirá previsão de resultados ou sensacionalismo ou fará referências a atribuições características de outras categorias profissionais. Quanto às consequências de faltas éticas ou transgressões, serão caracterizadas como infração disciplinar, podendo o psicólogo sofrer penalidades legais ou regimentares de advertência, multa, censura pública, suspensão do exercício profissional até 30 dias, podendo caracterizar a cassação do exercício profissional, essas duas últimas penalidades são de competência de decisões ad referendum do Conselho Federal de Psicologia. Quadro 4. Possíveis penalidades do exercício profissional do psicólogo de acordo com o código de ética profissional. Caso haja necessidade de alteração do disposto no código de ética profissional do psicólogo, considerar-se-á o disposto pelo Conselho Federal de Psicologia, pela categoria profissional. Ainda, é preciso consultar os Conselhos Regionais de Psicologia. 3/3 Produção de documentos e especialidades em psicologia A psicologia é uma categoria profissional que perpassa por diversos âmbitos. Torna-se essencial, portanto, que os psicólogos construam conhecimentos específicos e focados nas demandas que se apresentam nos diversos contextos. Assim, se apresentam as especialidades. A produção de documentos essenciais durante o exercício profissional do psicólogo é uma atribuição da psicologia. Esses documentos resultam da atuação profissional no contexto de: • Avaliação psicológica; • Atuação multiprofissional; • Perícias; • Atendimentos individuais ou compartilhados; • Visitas domiciliares. É de essencial importância que o psicólogo conheça as resoluções que tratam sobre as características e especificidades da elaboração e emissão desses instrumentos. RESOLUÇÃO SOBRE AS ESPECIALIDADES EM PSICOLOGIA A resolução CFP nº 013/2007 instituiu tanto o título de especialista em psicologia quanto as normas e procedimentos desse registro. O profissional recebe o título pode aprovado, mediante análise documental, no prazo máximo de 60 dias pelo CFP e respectivos CRPs. Note, porém, que ele só é conferido ao psicólogo que esteja no pleno gozo de seus direitos profissionais e devidamente inscrito no Conselho de Classe há pelo menos dois anos. Após a concessão de título de especialista, o respectivo CRP registrará a especialidade na carteira de identidade profissional do psicólogo. EXPLICANDO Entende-se por “estar em pleno gozo dos direitos profissionais” o psicólogo que: estiver com os pagamentos das anuidades do conselho de classe devidamente regulamentadas; não estiver com inscrição cancelada no conselho de classe; não estiver em penalidade de suspensão, cassação ou inadimplente em relação a pena de multa; e não estiver em processo ético disciplinar estabelecido pelos conselhos da respectiva categoria profissional. O profissional que desejar título de especialista pode utilizar como requisito: período de experiência profissional por vínculo empregatício ou como profissional autônomo na área pretendida, com no mínimo dois anos de atuação e aprovação no exame teórico e prático promovido pelo CFP; e conclusão de cursos regulares de especialização em instituições regulamentadas pelo Ministério da Educação e credenciada ao CFP ou por pessoa jurídica habilitada para esta finalidade, ao qual o núcleo formador esteja credenciado ao CFP. Ressalta-se que, nesses dois últimos casos, a instituição ou núcleo formador deve ter pelo menos uma turma com curso já concluído. O psicólogo pode manter até duas especialidades, mas ambos os casos exigem documentação comprobatória para concessão do título. Vale salientar que o título de especialista ao psicólogo é conferido como ordem de maior dedicação do profissional na referida área de especialidade e não pode ser considerada como requisito condicional ao exercício da profissão. EXPLICANDO Para o exercício profissional, os requisitos mínimos exigidos ao psicólogo são: graduação completa no curso de formação superior em psicologia realizado por instituição formadora oficialmente regulamentada; e registro no conselho de classe profissional da referida categoria. O título de especialista é conferido como qualificação profissional adicional de formação. O CFP institui 11 especialidades em psicologia e cada uma possui definições e atribuições específicas. Vale salientar que o órgão pode criar novas especialidades sempre que houver justificativas sociais e científicas. O psicólogo especialista em psicologia escolar/educacional atua no âmbito da educação formal,realizando pesquisas, diagnóstico e intervenção de prevenção ou correção individual ou em grupo. Para tanto, leva em consideração as características do entorno envolvido no processo de ensino aprendizagem: corpos discente e docente; currículo; normas da instituição; material didático; e demais elementos do sistema. O psicólogo também participa na elaboração, implantação, avaliação e reformulação de currículos, projetos pedagógicos, políticas e desenvolvimento de procedimentos educacionais. Além disso, promove um clima educacional funcional, visando ao alcance dos objetivos educacionais. Ainda, este especialista auxilia na orientação de programas direcionados ao ensino do indivíduo com necessidades especiais e atua de modo interdisciplinar, com vistas à promoção da integralidade no cuidado nas demandas relacionadas ao desenvolvimento humano, nos processos de orientação profissional, adaptação do indivíduo ao contexto do trabalho, relações interpessoais e à integração família-comunidade-escola. Por fim, ele atua em pesquisas e estudos e utiliza, em sua prática, instrumentos e testes psicológicos adequados e fidedignos a fim de fornecer subsídios para planejamento, ajustes, orientações, monitoramento e avaliação dos programas e atividades, visando à efetividade no âmbito escolar/educacional. O psicólogo especialista em psicologia organizacional e do trabalho atua em atividades, análise e desenvolvimento tanto do contexto organizacional quanto das ações humanas nas organizações, assim como no desenvolvimento das relações em equipe. Quanto à saúde do trabalhador, o especialista intervém no desenvolvimento, análise, diagnóstico e orientações dessas demandas a fim de promover a prevenção, promoção e reabilitação da saúde dos indivíduos. Ele orienta a respeito dos aspectos psicossociais que impactam a saúde e segurança do trabalho, promovendo, assim, melhores condições ao trabalhador. Além disso, realiza estudos, pesquisas e consultoria, utilizando métodos e técnicas da psicologia aplicada ao trabalho, como entrevistas, testes, provas e dinâmicas de grupo. Seu objetivo central é subsidiar atividades de planejamento e desenvolvimento de ações destinadas a equacionar relações de trabalho, produtividade, aspectos motivacionais, estímulo à criatividade e realização pessoal dos indivíduos e grupos inseridos nas organizações a fim de promover a qualidade de vida no trabalho. Ressalta-se que este especialista participa dos processos de admissão, promoção, desligamento, demissões e preparação para aposentadoria auxiliando no processo de adaptação. Finalmente, ele também acompanha a elaboração da política de recursos humanos e atua na resolução de: conflitos organizacionais e de condições de trabalho; treinamentos; análise de ocupações e profissiográficas; e acompanhamento de avaliação de desempenho de pessoal, atuando em equipes multiprofissionais. O psicólogo especialista em psicologia de trânsito atua no campo dos processos psicológicos, psicossociais e psicofísicos relacionados aos problemas de trânsito e seus impactos no campo afetivo, cognitivo e comportamental tanto dos indivíduos quanto grupos. Ele intervém na análise, diagnóstico e cuidado dessas demandas. Além disso, elabora e implanta ações de engenharia e operação de tráfego, bem como atua no desenvolvimento de ações socioeducativas com pedestres, condutores e instituições relacionadas ao trânsito e dos diferentes níveis de ensino. Em seu âmbito de atuação, o psicólogo do trânsito participa individualmente ou como integrante de equipes multiprofissionais no planejamento e desenvolvimento de pesquisas científicas com o objetivo de promover o desenvolvimento e implementação de políticas ou programas nos campos da segurança no trânsito, as quais podem ser estendidas para as áreas intersetoriais como saúde e educação. As referidas ações devem considerar os fatores que influenciam os riscos no trânsito de modo a sugerirem condições de evitar ou diminuir suas incidências. Ainda, este especialista realiza processos avaliativos em candidatos à carteira nacional de habilitação, bem como elabora e emite documentos psicológicos resultantes dos processos. Os documentos psicológicos nesse âmbito se referem a relatórios psicológicos, pareceres psicológicos e laudos psicológicos. Vale salientar que o especialista participa de estudos e pesquisas científicas acerca do entendimento dos efeitos de substâncias psicoativas e seus efeitos psicológicos no comportamento e cognição do indivíduo no contexto do trânsito. Finalmente, ressalta-se que esse profissional pode prestar consultoria ou assessoria sobre trânsito e transporte aos serviços ou instituições públicas ou privadas. No contexto judiciário, surge a figura do psicólogo especialista em psicologia jurídica. Dentre suas atribuições, destaca-se a participação no planejamento e execução de políticas relacionadas a: cidadania; prevenção de violência; e promoção e garantia dos direitos humanos. Além disso, fundamentado nos saberes da psicologia, ele auxilia a formulação de leis. Este especialista intervém nas condições de personalidade do indivíduo, sejam elas cognitivas ou emocionais, no tocante ao conteúdo de processos jurídicos relevantes. Nesses casos, o psicólogo especialista utiliza métodos e técnicas da psicologia a fim de coletar dados e compreender fatores psicológicos. Seu objetivo é fornecer subsídios de colaboração às demandas existentes nos processos judiciais em suas diferentes varas, bem como em programas socioeducativos e de prevenção à violência. O resultado dessas intervenções resulta em documentos específicos, como relatórios psicológicos, laudos e pareceres psicológicos. É possível descrever as atividades desenvolvidas por este especialista como: orientações psicológicas; encaminhamentos, quando necessário, de demandas ou de casos para demais serviços ou setores; atividades educativas; assessoria ou consultoria aos demais profissionais do judiciário sobre assuntos relacionados à psicologia; participação em audiências, colaborando no esclarecimento de aspectos psicológicos. Finalmente, destaca-se que ele realiza pesquisas e estudos sobre assuntos pertinentes ao campo do direito e relacionados à área da psicologia. Na área da psicologia do esporte, a competitividade e a busca constante por superação de limites físicos e de desempenho são constantes. Nesse sentido, o psicólogo especialista no esporte realiza intervenções com atletas, treinadores e demais indivíduos a fim de alcançar esses objetivos. O especialista auxilia no favorecimento de condições psíquicas aos indivíduos para que eles maximizem seu desempenho e otimizem sua performance na execução de atividades esportivas, garantida a manutenção e promoção da saúde mental. Além disso, intervém-se com foco no comportamento e cognição dos indivíduos por meio do diagnóstico psíquico. Para tanto, utiliza-se: métodos e técnicas interventivas; atendimentos individuais ou em grupo, seja de modo particular ou atrelado a equipes multiprofissionais; promoção de atividades educativas; promoção de saúde e qualidade de vida. O especialista também auxilia os processos de reabilitação e orientação psicológica dos indivíduos, bem como de seus pais ou responsáveis. Ademais, participa de treinamentos e orientação quanto a categorias ou modalidades esportivas aos atletas. Em outras palavras, ele tem efeito significativo nos aspectos relacionados à carreira esportiva dos indivíduos, em seu desenvolvimento e nas relações, tanto interpessoais quanto sociais. Finalmente, colabora no bom desenvolvimento das relações interpessoais das equipes nos ambientes esportivos. O psicólogo especialista em posologia clínica atua na promoção de saúde de indivíduos e grupos de modo a compreender as demandas emergentes nos casos. Por meio de métodos e técnicas da psicologia, ele intervém de tal maneira que garante ao indivíduouma conscientização dos aspectos referentes ao seu processo de adoecimento e colaboração no tratamento terapêutico. Portanto, o especialista objetiva uma reestruturação da dinâmica de percepção do indivíduo a respeito das situações ao ponto de obter uma evolução positiva em seu quadro de saúde. Aqui, cabe um ponto de atenção: é preciso considerar a história de vida dos indivíduos e compreender a influência dos determinantes sociais que impactam na situação de sofrimento emergente na clínica psicológica, objetivando intervir na promoção, diagnóstico, reabilitação e manutenção da saúde mental das pessoas. No contexto clínico, o especialista deve: observar o comportamento do indivíduo; compreender suas demandas; efetuar o diagnóstico psíquico; e atuar em demandas de sofrimento mental, cser_educacional ou quadros psicopatológicos por meio de entrevistas, avaliação psicológica e técnicas de reestruturação cognitiva, entre outros métodos psicológicos. Ainda, é possível realizar: psicoterapia individual, de casal, infantil ou familiar; orientação de pais; aconselhamento psicológico; e psicoterapia lúdica. O especialista também pode atuar em equipes multiprofissionais, principalmente no âmbito da saúde, em serviços hospitalares ou ambulatoriais. O contexto hospitalar também faz parte das especialidades em psicologia. O psicólogo especialista em psicologia hospitalar atua tanto na modalidade individualizada ou em equipes multiprofissionais na perspectiva interdisciplinar. No nível secundário, o faz por meio da atuação ambulatorial e, no terciário, em hospitais de alta complexidade. Além disso, participa de estudos e pesquisas científicas em centros específicos ou nas instalações hospitalares e pode exercer a docência em instituições de ensino superior. Este especialista desenvolve atividades e intervenções aos pacientes, acompanhantes, familiares e profissionais da equipe. Seu principal objetivo é a promoção de saúde mental, emocional e bem-estar, bem como uma harmonia nas relações interpessoais inerentes ao processo de trabalho. Suas atividades possuem efeito significativo sobre saúde mental, reações emocionais de instabilidade relacionadas ao processo de adoecimento, de internação hospitalar, procedimentos e exames invasivos, procedimentos cirúrgicos, prognósticos desfavoráveis, entre outras situações desencadeadoras de alterações psíquicas e aparecimento de sofrimento mental. Dentre elas, destaca-se: escuta terapêutica; acolhimento; orientações; avaliação; e acompanhamento de intercorrências. O especialista também atua no processo relacional entre médico/paciente, paciente/família, e paciente/paciente, mantendo em mente a promoção de harmonia nas interações relacionais. A atuação psicológica hospitalar pode ser desenvolvida na modalidade de atendimento psicoterapêutico ambulatorial, individual ou em grupos, atividades de promoção de educação em saúde em grupo nos diferentes setores e enfermarias de modo individualizado ou em equipes multiprofissionais, avaliação diagnóstica, consultoria e assessoria para assuntos referente aos saberes da psicologia. O psicólogo especialista em psicopedagogia foca nos processos de aprendizagem e processamento cognitivo. É possível entender a dinâmica cognitiva do indivíduo por meio de: métodos psicológicos observacionais; entrevistas; aplicação de testes; inventários; técnicas; psicodiagnóstico; e acompanhamento psicopedagógico. É importante considerar durante o processo avaliativo, as condições de vida, de saúde, genéticas, familiares e sociais. A partir dessa análise, reconhece-se que o especialista se baseia em dados e resultados capazes de promoverem um processo de aprendizado adaptativo e efetivo ao ensino proposto, o que favorece a construção de conhecimentos do indivíduo. A integração do aluno ao contexto escolar e na relação de seus pares, professores e demais colaboradores do âmbito escolar pode apresentar dinâmicas instáveis; em outras palavras, pode ser tanto harmônica quanto fragilizada e promotora de alterações emocionais nos indivíduos. Diante dessa premissa, há que se considerar uma atribuição do especialista: a capacidade de promover uma dinâmica relacional favorável ao processo de ensino aprendizagem. Cabe ao profissional identificar problemáticas relacionadas ao contexto familiar, socioeconômico e cultural ao qual o indivíduo pertence, bem como observar dinâmicas do ensino, interações relacionais, indicadores de aprendizagem e de ensino, índices de evasão e reprovação escolar a fim de intervir em tais demandas. Ainda, ele pode executar programas, projetos pedagógicos, oficinas relacionais, rodas de diálogos, instrumentais de avaliação de satisfação para todos que compõem o contexto escolar. A psicomotricidade se relaciona com a noção de espaço, coordenação motora, ritmo e equilíbrio. O indivíduo que possui alguma alteração que causa prejuízos funcionais ou laborais relacionados a esses aspectos, necessita de intervenção. O psicólogo especialista em psicomotricidade atua justamente nessa perspectiva por meio da prevenção, promoção e reabilitação da saúde, atrelado ao desenvolvimento motor. Considera-se a promoção da autonomia como principal objetivo da psicomotricidade. O especialista também planeja projetos e programas de desenvolvimento psicomotor, intervenções clínicas no contexto da saúde e educação, avaliação e elaboração de parecer técnico em clínicas de reabilitação psicomotora. Além disso, realiza assessoria, consultoria e auditoria nos assuntos relacionados à psicomotricidade e atua no desenvolvimento esportivo, no auxílio em atividades preparatórias para práticas esportivas. Tais intervenções focam nos aspectos cognitivos, afetivos e emocionais com vistas à promoção de desempenho e saúde mental. Ele atua com indivíduos em todas faixas etárias, desde bebês e crianças, na promoção de seu desenvolvimento psicomotor ou que estejam acometidos por comprometimento motor ou atrasos no desenvolvimento global, até indivíduos que apresentem necessidades especiais ou deficiências, sensoriais, motoras, físicas, da percepção, cognitivas e relacionais. Ele também orienta e acolhe os familiares com vistas ao manejo de atividades que estimulem o desenvolvimento da motricidade e na observação de possíveis adversidades. A psicologia social perpassa por um contexto ampliado de condições, relacionadas diretamente à saúde mental dos indivíduos. Nesse sentido, o psicólogo especialista em psicologia social deve ter esse entendimento e sempre considerar a influência dos determinantes sociais de saúde no processo de promoção do sofrimento e patologias mentais em seu exercício profissional. Este especialista busca compreender os impactos sociais e culturais na dimensão subjetiva dos indivíduos. Essa análise se dá por meio de perspectivas teóricas específicas da psicologia, cuja finalidade é a de problematizar os aspectos relacionados ao surgimento do sofrimento mental e propor intervenções capazes de intervir de modo efetivo nesses aspectos e promover saúde. Este profissional atua em diversos setores da sociedade civil, como saúde, educação, justiça e assistência social. Seu objetivo é planejar e executar intervenções, projetos, programas e políticas, estudos e pesquisas científicas relacionadas ao fatores sociais e impactos no comportamento humano com foco em possibilitar a promoção de saúde mental ao indivíduo em seu contexto social. Por fim, a ciência da neuropsicologia estuda as implicações entre a relação do sistema nervoso e o comportamento humano. O psicólogo especialista em neuropsicologia atua por meio de intervenções neuropsicológicas de diagnóstico das funções psíquicas e suas implicações na personalidade, comportamento, cognição e sistema nervoso e funcionamento cerebral humano. Ele realiza acompanhamento e tratamento neuropsicológico em indivíduos de todas as faixas etárias, utilizando-se de conhecimentose técnicas das neurociências com metodologias específicas e instrumentos padronizados, considerando particularidades de cada caso. As funções avaliadas por este especialista são: atenção; percepção; memória; linguagem; raciocínio; aprendizagem; processamento da informação neuronal; e funções motoras. Por meio de intervenções, emite-se laudos psicológicos em suas finalidades propostas a depender de cada demanda. O profissional atua particularmente ou em equipes multiprofissionais, objetivando a coleta de dados para entendimento das demandas, elaboração de diagnósticos neuropsicológicos, com vistas ao tratamento, reabilitação, prevenção ou promoção de desenvolvimento neuropsíquico. Ainda, destaca-se que as intervenções neuropsicológicas auxiliam no fornecimento de dados para hipóteses diagnósticas, processo de tomada de decisões para as escolhas de tratamento medicamentoso, cirúrgico e de reabilitação, bem como, por meio de estudos e pesquisas científicas, auxilia na produção de materiais interventivos na área. RESOLUÇÕES SOBRE A PRODUÇÃO DE DOCUMENTOS PSICOLÓGICOS A produção de documentos psicológicos é uma constante no exercício profissional do psicólogo. Pensando em uma uniformização da estrutura e finalidade de tais instrumentos, o Conselho Federal de Psicologia instituiu a Resolução CFP nº 06/2019 para dispor sobre o assunto. Compreende-se a atuação em psicologia como de ordem ampla; ela perpassa por diferentes contextos. Para produzir documentos psicológicos de modo uniforme, é preciso considerar os princípios éticos que norteiam a prática profissional da categoria, bem como a utilização de métodos, técnicas e instrumentos concernentes à ciência psicológica. Os psicólogos devem estar cientes do que preconiza a Resolução CFP nº 06/2019, visto que a não observância dessas disposições pode acarretar em falta ético-disciplinar, cabendo penalidades. Estes documentos psicológicos são a comunicação oficial escrita decorrente da prestação de serviços do profissional do psicólogo. As modalidades de documentos psicológicos podem ou não decorrer de um processo de avaliação psicológica. No entanto, todos devem ter finalidades específicas, as quais devem ser observadas. Além disso, é condição primeira que exista uma solicitação para elaboração do documento advinda: do próprio paciente; dos responsáveis, em casos de menores de idade ou interditos; por solicitação de outro profissional ou de equipe multidisciplinar; ou de autoridades, as quais geralmente fazem parte do poder judiciário. Outra condição necessária à elaboração de documentos psicológicos se refere à autorização prévia do paciente: esta precisa estar ciente não só dos procedimentos aos quais se submeterá, mas também do objetivo do trabalho. Além disso, deverá ter uma devolutiva ao final das intervenções e ter acesso ao documento produzido pela atividade do profissional; tal devolutiva perpassa pelo paciente e também para a pessoa que solicitou o atendimento. Por exemplo: se um psiquiatra solicitar um parecer psicológico para um paciente, ao final das intervenções, o psicólogo realizará uma entrevista devolutiva dos resultados identificados tanto para o paciente como para o psiquiatra que solicitou o serviço. Torna-se obrigatório, portanto, que o psicólogo mantenha protocolo de entrega do documento, em que conste assinatura de quem o receber. A produção de documentos psicológicos exige uma estrutura padronizada, que não pode ser considerada estática, mas que deve seguir um modelo uniforme de estrutura. A linguagem utilizada no corpo do texto deve ser condizente com a escrita gramatical formal, sendo produzida de modo coeso e coerente, claro, objetivo e impessoal. Em outras palavras, o psicólogo deve produzir o texto na terceira pessoa do discurso. Considera-se a exposição do discurso literal do paciente como desnecessária e vetada, tendo em vista as condições éticas da garantia do sigilo. Outro ponto importante a considerar se refere à pessoa a quem se destina o documento; profissionais de outras categorias podem não ter conhecimento sobre determinados termos técnicos privativos da psicologia. Nesses casos, é necessário descrevê-los breve e sucintamente a fim de evitar interpretações errôneas por parte de quem receber os instrumentos. Durante a elaboração do documento psicológico, o profissional deve considerar todas as premissas éticas estabelecidas no código de ética profissional do psicólogo, bem como embasar suas intervenções nos saberes teóricos da psicologia e na utilização de métodos e técnicas científicos da profissão. Também é importante observar as condições de desenvolvimento, história de vida, contexto familiar e social nas quais o indivíduo se insere, tendo em vista que essas condições exercem impacto na saúde mental das pessoas. O Quadro 6 descreve as finalidades de cada documento psicológico. A declaração psicológica, documento mais sucinto que existe na área, destina-se a fins de comprovação de atendimento. Nela, consta: nome da pessoa atendida; acompanhante, quando for o caso; data; horário; e local onde se realizou a intervenção. Pode ser emitida também para informar sobre período de acompanhamento, isto é, para alegar o tempo decorrido que o psicólogo presta serviços a uma determinada pessoa ou instituição. São vetadas a descrição de sintomas ou estado psicológico do paciente. O relatório possui duas modalidades: Psicológico –Produzido em particular pelo psicólogo; Multiprofissional –Produzido em conjunto com profissionais de outras categorias, mas que constituem uma mesma equipe. Em ambas as modalidades, o documento expõe dados sobre a condição psicológica do paciente, considerando seu histórico de vida, condições socais e contexto no qual se insere. Ele também deve apresentar resultados dos métodos e técnicas utilizados. Ressalta-se que não se pode descrever o discurso do paciente de modo literal, salvo quando tal descrição se justifique tecnicamente. Nessa modalidade de documento, embasados nos resultados dos procedimentos realizados, o profissional pode recomendar intervenções, encaminhamentos e sugestões terapêuticas. As particularidades referentes ao relatório multiprofissional, se referem à descrição do nome e categoria de todos os profissionais que participaram das intervenções. Além disso, destaca-se que os procedimentos realizados pelo psicólogo devem vir em um subtópico separado das demais categorias e, na parte da análise, recomenda-se que os profissionais façam em separado, identificando o nome e a categoria profissional. O parecer psicológico requer uma solicitação prévia. Ele se destina a esclarecer uma dúvida ou problemática que interferem na decisão do solicitante. É, portanto, uma resposta a uma consulta. O autor do parecer precisa ter um conhecimento amplo sobre a demanda solicitada e, ao final da análise, deve emitir parecer indicativo ou conclusivo da demanda. Vale salientar que o parecer psicológico não resulta de intervenções psicológicas, mas destina-se a esclarecimento pontual de uma questão. Os documentos resultantes de um processo de avaliação psicológica são: LAUDO PSICOLÓGICO Deve apresentar os procedimentos e conclusões decorrentes das intervenções avaliativas da demanda solicitada. Ademais, é importante que conste no documento: descrição das intervenções; diagnóstico; prognóstico; hipótese diagnóstica; evolução do caso; orientação ou sugestão de projeto terapêutico; e encaminhamentos necessários quando a demanda exigir. ATESTADO PSICOLÓGICO Destina-se a alegar a condição mental do paciente, ratificando incapacidades e aptidões. Pode ser utilizado com fins comprovativos e justificativos ou para solicitar afastamentos ou dispensas laborais. O documento deve restringir-se à informação solicitada, limitando-se a descrever o fato constatado. Além disso, é importante padronizá-lo em texto corrido, evitando espaços em branco quepossam dar margem para riscos de alteração ou adulteração das descrições. Nos documentos psicológicos, o profissional deve destacar ao final do texto que o documento não pode ser utilizado para fins diferentes do estabelecido. Além disso, deve também ressaltar a responsabilidade de resguardar o sigilo a que receber o instrumento e enfatizar que se trata de um documento extrajudicial. Toda e qualquer modalidade de documentos psicológicos deve ser encerrada com: indicação do local; data de emissão; carimbo que conste nome completo e número de inscrição profissional dos profissionais; enumeração de todas as laudas, rubricadas da primeira até a penúltima; e assinatura do profissional na última página. O Quadro 7 descreve a estrutura de cada documento psicológico. Os documentos emitidos pelo psicólogo e o material utilizado nas intervenções devem ser guardados pelo prazo mínimo de cinco anos, o qual poderá ser ampliado nos casos previstos em lei. A guarda dos documentos e dos materiais das referidas intervenções são de responsabilidade do psicólogo e da instituição onde se prestou os serviços. Além disso, a validade das descrições e resultados existentes nos documentos psicológicos devem considerar: a normatização vigente na área em que o profissional atua; a finalidade e objetivos dos procedimentos utilizados; as conclusões expostas; a natureza dinâmica da subjetividade psíquica do indivíduo; a dinâmica do trabalho realizado; e a necessidade de atualização contínua das informações. Não há um prazo de validade estática para todos os casos. Nesse sentido, prevalecem, para esta determinação, o entendimento da natureza do que se avalia, a dinamicidade dos fenômenos psicológicos e os determinantes e condicionantes sociais que exercem influência na saúde das pessoas. Agora é a hora de sintetizar tudo o que aprendemos nessa unidade. Vamos lá?! SINTETIZANDO O código de ética profissional do psicólogo dispõe sobre os fundamentos que embasam eticamente a atuação do psicólogo e descreve os princípios e normas fundamentais das posturas e condutas consideradas como positivas no tocante ao exercício profissional do psicólogo nos diferentes âmbitos. O referido instrumento tem como finalidade dispor sobre os deveres do psicólogo que visam a garantir a promoção de uma atuação responsável, dinâmica e comprometida com as demandas individuais e sociais. Também são esplanadas as vedações do exercício profissional do psicólogo, bem como as possíveis penalidades as quais podem vigorar em casos de faltas éticas e disciplinares. Considerando que o campo de atuação da psicologia contempla todo o contexto social, o Conselho Federal de Psicologia estabeleceu, em resolução, as competências, atribuições e condições necessárias aos títulos e modalidades de especialidades da categoria profissional, sendo essas: psicologia escolar/educacional; psicologia organizacional e do trabalho; psicologia de trânsito; psicologia jurídica; psicologia do esporte; psicologia clínica; psicologia hospitalar; psicopedagogia; psicomotricidade; psicologia social; e neuropsicologia. A atuação em psicologia requer o registro por escrito dos serviços prestados. Desse modo, objetivando tanto uma padronização quanto especificidades da produção de documentos psicológicos, o Conselho Federal de Psicologia estabeleceu, em resolução, sobre os princípios fundamentais na elaboração de documentos psicológicos: modalidades; conceito; finalidade; estrutura; guarda e condições de guarda; destino; prazo de validade do conteúdo dos documentos psicológicos, quais sejam; declaração; atestado psicológico; relatório psicológico e multiprofissional; laudo psicológico; e parecer psicológico. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Conselho Federal de Psicologia. Resolução nº 010/2005. Código de ética profissional do psicólogo, 2005. Disponível em: <https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/codigo-de-etica-psicologia.pdf>. Acesso em: 23 out. 2021. BRASIL. Conselho Federal de Psicologia. Resolução nº 013/2007. Institui a consolidação das resoluções relativas ao título profissional de especialista em psicologia e dispõe sobre normas e procedimentos para seu registro. Disponível em: <https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2008/08/Resolucao_CFP_nx_013-2007.pdf>. Acesso em: 23 out. 2021. BRASIL. Conselho Federal de Psicologia. Resolução nº 06/2019. Orientações sobre elaboração de documentos escritos produzidos pelo psicólogo no exercício profissional. Disponível em: <https://site.cfp.org.br/wp- content/uploads/2019/09/Resolu%C3%A7%C3%A3o-CFP-n-06-2019-comentada.pdf>. Acesso em: 23 out. 2021. ONU – Organização das Nações Unidas. Declaração universal dos direitos humanos. Resolução 217 A (III). Assembleia geral das Nações Unidas, Paris, 10 dez. 1948. Disponível em: <https://www.ohchr.org/EN/UDHR/Documents/UDHR_Translations/por.pdf>. Acesso em: 20 out. 2021. https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/codigo-de-etica-psicologia.pdf https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2008/08/Resolucao_CFP_nx_013-2007.pdf https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2019/09/Resolu%C3%A7%C3%A3o-CFP-n-06-2019-comentada.pdf https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2019/09/Resolu%C3%A7%C3%A3o-CFP-n-06-2019-comentada.pdf https://www.ohchr.org/EN/UDHR/Documents/UDHR_Translations/por.pdf