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PSICOPATOLOGIA unidade 2 
Unidade 2 - Funções psíquicas elementares e transtornos psicopatológicos 
Nesta unidade você verá: 
// funções psíquicas elementares 
// funções psíquicas superiores 
// semiologia médica e psicopatológica 
// transtornos psicopatológicos ou psiquiátricos 
1. Objetivos 
 
2. Funções psíquicas elementares 
 
3. Funções psíquicas superiores 
 
4. Semiologia médica e psicopatológica 
 
5. Transtornos psicopatológicos ou psiquiátricos 
 
OBJETIVOS DA UNIDADE 
Conhecer tanto as funções psíquicas elementares quanto as superiores, bem como os conceitos, tipos, 
alterações quantitativas e qualitativas e a inter-relação entre elas; 
Entender os conceitos dos transtornos das funções psíquicas elementares e superiores; 
Estudar as diversas classificações e definições dos transtornos psicopatológicos. 
TÓPICOS DE ESTUDO 
Funções psíquicas elementares 
// Alterações na consciência e na atenção 
// Alterações na orientação e nas vivências de espaço e tempo 
// Alterações na memória, na afetividade e na inteligência 
// Alterações na vontade e no agir 
Funções psíquicas superiores 
// Alterações na linguagem 
// Alterações no pensamento e no juízo de realidade 
 
Semiologia médica e psicopatológica 
// Semiologia médica 
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// Nosologia e semiologia psicopatológica 
Transtornos psicopatológicos ou psiquiátricos 
// Descrição dos transtornos psicopatológicos 
 
Funções psíquicas elementares 
De acordo com Dalgalarrondo (2019), o estudo das funções psíquicas elementares e de suas alterações é um 
procedimento artificial que permite maior aprofundamento nos fatos da vida psíquica normal e patológica, 
bem como na autonomia dos fenômenos. 
Estuda-se de forma autônoma as funções psíquicas elementares, como a consciência, a atenção e a 
memória. Entretanto, não existem funções isoladas nem alterações psicopatológicas compartimentalizadas; 
a pessoa adoece em sua totalidade. 
ALTERAÇÕES NA CONSCIÊNCIA E NA ATENÇÃO 
A palavra consciência vem do latim, cum scientia, que deriva da tradução da palavra grega syneidesis. Cum 
scientia significa “uma ciência acompanhada de outra ciência, ou uma relação cognoscitiva com” 
(CHENIAUX, 2015, p. 38). 
Para Cheniaux (2015), consciência é a capacidade de termos um caráter neurológico, o que nos permite 
captar informações do ambiente e orientar-nos adequadamente. Em outras palavras, trata-se da lucidez. O 
autor ainda afirma que podemos considerá-la como o processo de coordenação e síntese de toda a 
atividade psíquica. 
A psicologia a define como: 
a dimensão subjetiva da atividade psíquica do sujeito que se volta para a realidade. Na relação do Eu com o 
meio ambiente, a consciência é a capacidade do indivíduo de entrar em contato com a realidade, perceber e 
conhecer os seus objetos (DALGALARRONDO, 2019, p. 88). 
A consciência nos permite estabelecer contato com a realidade e acessar o conhecimento dos fenômenos 
internos e externos. Suas alterações fisiológicas normais decorrem do sono, sonho e cansaço físico e mental. 
Já as alterações patológicas se dividem em quantitativas e qualitativas. 
Nas alterações quantitativas, tanto o nível de consciência quanto a clareza e a forma como uma pessoa 
experimenta fenômenos psíquicos variam. Sua linguagem, pensamento e emoções podem se tornar pouco 
compreensíveis e suas percepções se confundem. Além disso, torna-se difícil se atentar a algo de maneira 
fixa e duradoura e, ainda, é possível perder a orientação temporal e espacial. 
As alterações patológicas quantitativas podem ocorrer em quadros neurológicos e psicopatológicos, com 
diminuição progressiva do nível de consciência e da vigilância. Em casos graves, é possível que a pessoa 
entre em coma profundo, sem resquício de atividade consciente. 
Podemos classificar os graus de rebaixamento da consciência em: 
Obnubilação - Diminuição ou rebaixamento da consciência. Seu grau de seriedade varia entre leve e 
moderado. No exame psíquico, o paciente aparenta estar desperto, mas a clareza em sua percepção 
diminui, sua compreensão se torna lenta e ele tem dificuldade em se concentrar. Além disso, não integra as 
informações sensoriais vindas do ambiente adequadamente; 
Sopor - Estado sob o qual há turvação da consciência. É necessário despertar o paciente com um estímulo 
enérgico e, às vezes, doloroso. Apesar de sonolento, o paciente pode reagir defensivamente de modo 
involuntário; e 
Coma - Maior grau de rebaixamento do nível de consciência, onde não há atividade voluntária consciente ou, 
sequer, indícios dela. Entretanto, há sinais neurológicos, como movimentos oculares errantes e tremor de 
pálpebras (nistagmo). 
Já no caso das alterações qualitativas, Dalgalarrondo (2019) aponta que as variações se relacionam à 
amplitude do campo de consciência. Em outras palavras, enquanto uma parte está normal, outra se altera. 
Alteração Qualitativa: 
Estado crepuscular – Presente na Epilepsia e na Histeria, trata-se do estreitamento do nível ou campo de 
consciência. A pessoa demostra falta de vinculação com o mundo exterior, não fala ou fala pouco e parece 
estar psiquicamente “ausente”. 
Estado segundo – Estado patológico transitório parecido com o estado crepuscular. Caracteriza se por uma 
atividade psicomotora coordenada, porém estranha à personalidade do sujeito acometido. É possível usar os 
termos “estado segundo” e “estado crepuscular” de forma indistinta, mas, geralmente, usa-se o primeiro 
termo para casos de natureza psicogenética e produzida por fatores emocionais, como choques emocionais 
intensos.Já o estado crepuscular possui causas orgânicas, intoxicações e traumatismos cranianos. 
Dissociação da consciência – Semelhante ao sono e desencadeada por situações significativas conscientes ou 
inconscientes, essa divisão do campo da consciência leva a perda da unidade psíquica. Ocorre em casos 
histéricos de tipo dissociativo. 
Transe – Estado de dissociação da consciência semelhante ao sonhar acordado. Entretanto, há atividade 
motora automática e estereotipada, acompanhada de suspensão parcial dos movimentos voluntários. Apesar 
de comum nos contextos religiosos e culturais, como no espiritismo kardecista, nas religiões afro-brasileiras e 
religiões evangélicas pentecostais e neopentecostais, não se deve confundir o transe espiritual com o 
psicopatológico. 
 
Cheniaux (2015) define a ideia de atenção como o direcionamento da consciência ou estado de concentração 
da atividade mental em relação a um determinado objeto ou assunto. 
Em termos simples, a atenção é a capacidade de se concentrar de forma espontânea ou ativa. Mais 
detalhadamente, trata-se do processo psicológico elementar, onde a atividade psíquica se concentra sobre um 
determinado estímulo, seja sensação, percepção, afeto ou desejo, de modo que os conceitos e elaborações 
das percepções e do pensamento se fixem, definam-se, selecionem-se e representem-se. 
Existem duas formas básicas de atenção: 
Voluntária 
–Deriva de um esforço intencional e consciente do indivíduo em relação a um estímulo ou objeto; e 
Espontânea (passiva ou involuntária) 
–Reação automática, não consciente e não intencional do indivíduo em relação aos estímulos; basicamente, 
são as características desses estímulos que a determinam. Por exemplo: alguns objetos despertam nossa 
atenção mais que outros. Essa é a tendência natural da atividade psíquica de se orientar para os estímulos 
sensoriais e sensitivos do ambiente. 
O grau de concentração da atenção sobre determinado objeto depende do interesse, estado de ânimo e 
condições gerais do psiquismo do indivíduo. O interesse e o pensamento dirigem a atenção, bem como a 
intensidade com a qual a pessoa a emprega. 
Para Dalgalarrondo (2019), as alterações da atenção interferem no processo de aprendizagem. Entretanto, 
elas tendem a ser secundárias e decorrem da perturbação de outras funções, das quais o funcionamento 
normal da atenção depende. Alguns exemplos dessas perturbações são: cansaço; estados tóxicos; e estados 
patológicos que determinam a incapacidade de concentrar a atenção. 
Alteração Qualitativa: 
Hipoprosexia – Rebaixamento da capacidade de concentração, o que aumenta a fadiga e enfraquece a 
atenção. Comum nos estados infecciosos, na embriaguez alcoólica, nas psicoses tóxicas, na esquizofrenia e nos 
estados depressivos. 
Aprosexia – total perda da capacidade de atenção, independentemente da intensidade dos estímulos 
utilizados para ativá-la. 
Hiperprosexia – Estado de atenção exagerada, com infatigabilidade e tendencia de obstinação indeterminada 
sobre objetos. 
No exame psíquico da concentração e da atenção, o profissional de saúde deve: 
Observar se o paciente está disperso ou atento e como ele se comporta em relação ao que acontece no 
ambiente; 
Descrever se o paciente responde às perguntas prontamente ou se é necessário repeti-las várias vezes; e 
Pedir ao paciente que realize operações aritméticas simples, como “2+2=?” ou que enumere os meses e dias 
da semana em ordem normal ou inversa, o que exigirá mais atenção. 
 ALTERAÇÕES NA ORIENTAÇÃO E NAS VIVÊNCIAS DE ESPAÇO E TEMPO 
O conceito de orientação se refere à capacidade do indivíduo de se situar em relação ao ambiente e a si 
mesmo. Essa função deriva da integração de outras funções psíquicas, como: percepção; atenção; memória; 
pensamento; inteligência; e afeto. 
Para Cheniaux (2015), ela resulta da atividade de apreensão (apercepção), que representa a capacidade de 
inter-relacionamento das percepções em dar sentido às informações perceptivas de um contexto. Por 
exemplo: quando vemos um extenso gramado na tela da TV com algumas marcações brancas, duas traves, 
uma bola e homens de uniformes correndo, entendemos que se trata de uma partida de futebol. 
Existem dois tipos de orientação: 
Autopsíquica 
Refere-se à própria pessoa. Consiste em elementos da consciência e do Eu. Permite a pessoa a capacidade de 
fornecer dados de sua identificação, saber quem é, qual é o seu nome, idade, nacionalidade, profissão, estado 
civil e outros dados; 
Alopsíquica 
Refere-se ao meio externo e se subdivide em: 
1. Temporal: permite ao indivíduo saber o dia da semana, do mês e ano em que se encontra. No 
desenvolvimento infantil, adquirimos esse tipo de orientação alopsíquica depois da espacial; 
2. Espacial: possibilita a pessoa saber onde se encontra. Por exemplo: no caso de uma internação, a 
pessoa sabe se está em um hospital e qual é o seu nome, bem como o nome da rua, do bairro e da 
cidade; 
3. Quanto às pessoas: permite reconhecê-las e identificá-las corretamente; e 
4. Situacional: orienta quanto aos motivos pelos quais estamos em determinado lugar e quanto à relação 
que temos com as pessoas do local. No caso de uma internação, o indivíduo sabe que está num 
hospital como paciente e que um médico o examinará. Este tipo de orientação se relaciona com os 
outros e com a orientação autopsíquica. 
Cheniaux (2015) afirma que os distúrbios de orientação podem ser parciais ou totais. Ainda, os 
efeitos sobre os diferentes tipos não ocorrem de maneira uniforme, uma vez que um tipo pode 
se alterar enquanto outro se preserva. Um bom exemplo de um distúrbio parcial se dá na 
orientação temporal: o paciente sabe dizer qual é o mês e o ano atuais, mas não é capaz de 
especificar o dia do mês ou da semana. Se o distúrbio fosse total, ele desconheceria todos os 
dados. A orientação no tempo é mais frágil e se altera mais precocemente do que a espacial, 
pois exige renovação constante. 
Também é possível dividir as alterações da orientação alopsíquica em: 
Quantitativas – É o caso das desorientações, que resultam do prejuízo da atividade de 
apercepção e, consequentemente, dificultam a capacidade do indivíduo em apreender as 
informações sensoperceptivas. Essas alterações produzem uma sensação de perplexidade e 
estranheza em relação ao mundo externo. 
 
Qualitativas - AS falsas orientações são um bom exemplo. Mas complexas, envolvem o rebaixamento do nível 
de consciência e a presença de distúrbios sensoperceptivos. 
Para examinar a orientação alopsíquica, basta solicitar ao paciente que diga a data do dia do atendimento ou 
que identifique o local da entrevista e as pessoas presentes. Se, durante a entrevista, seu comportamento 
indicar desorientação, não é preciso avaliá-lo. 
Na orientação temporal, espera-se que o paciente consiga ordenar cronologicamente as informações 
solicitadas; especialmente, as mais recentes. Um erro de um ou dois dias quanto à data é normal, mas um erro 
grosseiro ao informar a idade, por exemplo, significa uma desorientação no tempo. Conforme Cheniaux 
(2015), ao final da entrevista, pode-se pedir ao paciente que faça uma estimativa de quanto tempo se passou 
desde seu início. 
A avaliação mais precisa da orientação espacial envolve o questionamento ao paciente sobre o trajeto de casa 
até o hospital e vice-versa, considerando-se que ele conheça o local onde se encontra. Ressalta-se que uma 
desorientação espacial dentro da própria casa é mais grave do que em um local desconhecido, como a 
enfermaria de um hospital. 
Avalia-se a orientação do paciente sobre a situação e outras pessoas com base em seu comportamento, como, 
por exemplo, se ele entende o que ocorre ao seu redor, pela observação do seu relacionamento com os 
familiares e se os reconhece como tais. 
É importante detalhar as alterações mais comuns da orientação alopsíquica em alguns transtornos mentais: 
Demência 
A primeira orientação a se perder é a temporal.Com a progressão do quadro, os outros tipos sofrem 
gradualmente até que se chegue na autopsíquica. Falsas orientações podem ocorrer devido ao rebaixamento 
do nível de consciência e de apercepção. Já a desorientação se deve aos déficits intelectuais e de memória; 
Delirium 
Desorientação confusional e falsas orientações. A orientação alopsíquica pode se prejudicar, mas é possível 
que a autopsíquica se preserve; 
Esquizofrenia 
Nos quadros de esquizofrenia paranoide, com delírios de perseguição, falsas orientações delirantes podem 
ocorrer. Ou seja, uma orientação falsa, de natureza delirante, substitui a verdadeira, como no caso de o 
paciente desconhecer que se encontra no hospital e afirmar que está no céu. Ainda, a falsa orientação pode 
coexistir com a verdadeira, o que se denomina dupla orientação. Por exemplo: o paciente sabe que está no 
hospital, mas acredita estar no céu ao mesmo tempo; 
Depressão 
O paciente relata que o tempo passa vagarosamente e há desorientação apática; e 
Intoxicação por alucinógenos 
O uso de substâncias como o LSD, mescalina e outros alucinógenos pode alterar a sensação da passagem do 
tempo, que poderá parecer mais acelerada ou mais lenta. 
ALTERAÇÕES NA MEMÓRIA, NA AFETIVIDADE E NA INTELIGÊNCIA 
 
A memória é o processo pelo qual o indivíduo armazena as informações sobre o mundo. Ela produz a 
aprendizagem e se relaciona às experiências perceptivas e motoras, bem como às vivências internas, isto é, 
aos pensamentos e às emoções. Dessa maneira, conforme Cheniaux (2015), a preservação da capacidade 
mnêmica é fundamental tanto para a percepção (gnosia) quanto para a orientação do indivíduo. 
Figura 1. Fases do processo mnêmico. Fonte: CHENIAUX, 2015, p. 72. (Adaptado). 
A fase de fixação, também chamada de aquisição ou codificação, depende da preservação dos níveis de: 
consciência; atenção; sensopercepção; e capacidade de apreensão ou apercepção. As informações mais 
facilmente fixadas são as que despertam o interesse e possuem uma maior carga emocional. Elas têm um 
caráter de novidade, associam-se aos conhecimentos já adquiridos e usam mais de um canal sensorial ao 
mesmo tempo; por exemplo, a visão e a audição. 
A fase de conservação, conhecida como retenção ou armazenamento, refere-se à manutenção de informações 
fixadas, mesmo que elas ainda estejam em estado de latência. Para Cheniaux (2015), as informações 
conservadas sofrem um processo de desintegração ao longo do tempo, o que leva à sua perda; das recentes 
para as antigas, das complexas para as simples e das menos organizadas para as mais organizadas. 
A fase de evocação, denominada rememoração ou recuperação, significa o retorno espontâneo ou voluntário 
das informações armazenadas na consciência. Os fatores afetivos podem influenciar a evocação, como é o 
caso da angústia. Por isso, esquecemos o que nos desagrada mais facilmente. Porém, a evocação de uma ideia 
nunca é idêntica à imagem perceptiva fixada. Afinal, cada vez que evocamos uma imagem, a reconstruímos 
com alterações. 
A classificação das memórias se divide em: 
Sensorial, icônica, imediata ou de curtíssimo prazo 
São as que têm mais uma função da atenção do que da memória, pois duram menos de um segundo e 
permanecem ativas o quanto for necessário, para que a percepção ocorra. Elas são frágeis e possuem 
capacidade muitíssimo limitada; 
De curto prazo ou recente 
São as que possuem capacidade de armazenamento bem limitada e duram o período de segundos a alguns 
minutos. O conceito de memória “de trabalho” corresponde à memória de curto prazo e se refere ao 
armazenamento temporário de informações para a realização de tarefas cognitivas. Conforme Cheniaux 
(2015), esse tipo de memória é essencial para a fixação e evocação. Além disso, é necessária para as atividades 
cognitivas, como compreensão, raciocínio, tomada de decisões e planejamento de ações; 
De longo prazo ou remota 
São as que têm o objetivo de armazenar permanente as informações fixadas há alguns minutos, o que 
possibilita sua evocação por muitos anos ou, até, pela vida toda. A capacidade de armazenamento dessas 
memórias é enorme. Dividem-se em: 
• Explícitas: contêm informações sobre o mundo e são acessíveis à consciência. É possível evocá-las 
voluntariamente e expressá-las em palavras; e 
• Implícitas: referem-se à aprendizagem sobre “como fazer as coisas”. Resultam na melhora do 
desempenho de uma atividade que precisa de informações de experiências anteriores. São memórias 
automáticas e reflexas, impossíveis de se expressar em palavras. Além disso, independem da 
recuperação consciente das experiências que produziram tal aprendizagem. 
Cheniaux (2015) aponta as alterações quantitativas da memória. São elas: amnésia, hipomnésia 
e hipermnésia. Respectivamente, elas significam a abolição, a diminuição e o aumento da 
capacidade de memória. Já as alterações qualitativas resumem-se à alomnésia e à ilusão de 
memória, que ocorrem quando as recordações de um evento real se deturpam ou se distorcem 
involuntariamente. Essa alteração ocorre com frequência em casos de: delirium; demência; 
estados crepusculares; mania; e esquizofrenia. 
A paramnésia, também chamada de alucinação de memória, é uma recordação de algo que não 
ocorreu realmente. Ou seja, trata-se de uma falsa lembrança, mesmo que, para o paciente, 
pareça verdadeira. Em virtude dos processos delirantes, essa alteração é frequente na 
esquizofrenia. 
O popular déjà vu (já visto) ocorre quando o indivíduo tem a impressão de já ter vivenciado uma 
situação inteiramente nova. É o que acontece, por exemplo, quando visitamos um lugar pela 
primeira vez e temos a sensação de que já estivemos lá. Já no caso do jamais vu (nunca visto), 
ocorre o oposto: trata-se da ausência da sensação de familiaridade mesmo diante de uma 
situação vivenciada várias vezes no passado. Um exemplo clássico é o caso de alguém não 
reconhecer a própria mãe ou pai. Estes dois fenômenos podem ocorrer na epilepsia do lobo 
temporal, na esquizofrenia, em transtornos de ansiedade e, até mesmo, em pessoas sem 
transtornos. 
É possível avaliar a memória do paciente com um diálogo simples e com a coleta dos dados da 
anamnese. Afinal, essas situações permitem que se estime tanto a capacidade de evocação 
quanto a precisão de detalhes dos fatos da ordenação cronológica. 
 
A forma como o paciente lida com questões do cotidiano indica se há déficit mnêmico. Alguns cenários 
exemplares são: perda frequente de objetos; repetição de ideias ao longo de diálogos sem senso crítico; 
dificuldade em localizar o próprio leito na enfermaria ou em lembrar o nome do médico, no caso de pacientes 
internados; desorientação no tempo e no espaço; e falso reconhecimento de pessoas. 
É possível, ainda, testar a memória de fixação. Para isso, basta fazer uma apresentação de numerais, palavras 
ou sílabas desconexas ao paciente, seja de forma verbal ou visual. Ele deve repeti-los duas vezes seguidas. 
Entre as duas repetições, introduz-se uma atividade interferente, como solicitar a memorização de uma 
segunda série ou a realização de um teste de concentração. 
Cheniaux (2015) apresenta outros testes, como o da evocação de dados recentes (“quem é o presidente do 
Brasil?" ou “o que você comeu ontem no almoço?") ou a de dados remotos, como questões sobre informações 
autobiográficas, com respostas confirmadas por familiares ou pelos registros do prontuário. 
Para Dalgalarrondo (2019), a afetividade é um termo amplo que envolve diversas modalidades de vivências 
afetivas, como o humor, emoções e sentimentos. O autor define o conceito como “a qualidade e o tônus 
emocional que acompanha uma ideia ou representação mental” (DALGALARRONDO, 2019, p. 157). Em outras 
palavras, tratam-se dos componentes emocionais de uma ideia. O termo designa qualquer estado de humor, 
sentimento ou emoção. 
O Quadro 3 mostra as alterações psicopatológicas da afetividade mais frequentes nos quadrosde transtornos 
psiquiátricos. 
Alterações: 
Apatia – Rebaixamento da excitação afetiva. Apesar de ser característico dos quadros depressivos, ocorre de 
forma inespecífica em vários transtornos mentais. 
Hipomodulacão do afeto – Dificuldade ou incapacidade para a modulação de uma resposta afetiva coerente 
com a situação, o que leva a uma rigidez na relação do paciente com o ambiente. 
Inadequação do afeto ou paratimia – Reação incoerente dos afetos às situações e conteúdos ideativos. Revela 
desarmonia da vida psíquica e contradição entre as ideias e afetos. 
Pobreza de sentimentos e distanciamento afetivo – Comum nas demências e em alguns tipos de esquizofrenia, 
trata-se da diminuição das vivencias afetivas, com poucas capacidades de mudanças e variações afetivas. 
Embotamento afetivo e devastação afetiva – Frequente em casos de esquizofrenia, significa a ausência de 
qualquer tipo de experiencia afetiva. É possível constatá-la com base na postura e atitude do paciente. 
Sensação de falta de sentimento – Incapacidade de sentir emoções. O paciente percebe as emoções de forma 
clara e dolorosa e se refere a condição como um “vazio”. Pode ocorrer em casos depressivos graves. 
Labilidade afetiva e incontinência afetiva – Comum em esquizofrenias, referem-se a mudanças súbitas de 
humor e sentimentos, com oscilações inesperadas de um estado afetivo para outro. Na incontinência afetiva, o 
indivíduo não consegue conter suas reações afetivas. 
Dalgalarrondo (2019, p. 277) define inteligência como “o conjunto das habilidades cognitivas do indivíduo, a 
resultante, o vetor final dos diferentes processos intelectivos”. Ela envolve: capacidade de identificar e 
resolver problemas do cotidiano; reconhecimento adequado das situações vividas; e busca de soluções para 
responder os desafios da adaptação biológica, social e cultural. As alterações incluem casos de deficiência 
intelectual, anteriormente denominado retardo mental, que se classificam em nível leve, moderado e grave. 
Estas alterações dificultam o pensamento abstrato e incapacitam a pessoa de se planejar e prever as 
consequências das próprias ações. Além disso, falta flexibilidade cognitiva e há dificuldade tanto em aprender 
com os erros quanto em desenvolver estratégias cognitivas diferentes. Outros transtornos mentais associados 
à deficiência intelectual são: os de comportamento; de desenvolvimento global; autismo; e epilepsia. 
ALTERAÇÕES NA VONTADE E NO AGIR 
O conceito de conação se refere ao conjunto de atividades psíquicas direcionadas para a ação, vontade ou o 
ato de agir. Ele inclui as funções conativas, os impulsos e a vontade. 
Os impulsos, chamados de estados motivacionais ou pulsões, representam um estado interno e afetivo. Eles 
induzem o indivíduo a agir com o objetivo de satisfazer uma necessidade especialmente orgânica ou biológica. 
Entretanto, não se deve confundi-los com instintos, que consistem em “predisposições inatas à realização de 
comportamentos complexos e estereotipados, compartilhados pelos animais de uma mesma espécie e que 
servem à conservação da vida ou à perpetuação da espécie” (CHENIAUX, 2015, p. 155). 
Por vontade, entende-se o processo psicológico de escolha consciente entre diversas possibilidades de ação. É 
uma elaboração cognitiva, realizada a partir dos impulsos e influenciada por fatores intelectuais e 
socioculturais. 
O processo volitivo ou “da vontade” se divide em quatro fases: 
1. Intenção ou propósito 
–Intimamente relacionada aos impulsos, apresenta-se como uma tendência à ação; 
2. Deliberação ou análise 
–Ponderação consciente a respeito das alternativas de ação. Nesta fase, o indivíduo analisa os aspectos 
positivos e negativos de alguma atitude a se tomar, bem como possíveis implicações de cada uma; 
3. Decisão 
–Escolha de uma dessas alternativas; 
4. Execução 
–Fase referente à atividade psicomotora 
 
As alterações quantitativas da conação ou da vontade são: hipobulia e abulia. Respectivamente, significam a 
redução e a abolição da atividade conativa. Em ambos os casos, existe uma sensação de indisposição, 
desânimo ou falta de energia. Também é possível observar: diminuição ou perda de iniciativa; 
espontaneidade; interesse pelo mundo externo; dificuldade em transformar decisões em ações (indecisão); e 
inibição da psicomotricidade. Essas alterações acontecem frequentemente em casos de depressão e 
esquizofrenia, mas também podem aparecer em alguns cenários de demência ou quando há crônico uso de 
medicamentos neurolépticos. 
Alguns impulsos específicos enfraquecem na presença de distúrbios como a anorexia, que diminui ou, até 
mesmo, acaba com o apetite. Alterações na sede, na libido e no sono (insônia) também são debilitantes e 
ainda podem causar déficits nas tendências naturais à satisfação das necessidades biológicas. 
Já a hiperbulia se refere ao sentimento subjetivo de energia e disposição. Ela ocorre principalmente em 
transtornos maníacos. Nesses casos, a iniciativa, espontaneidade e o interesse do indivíduo em relação ao 
meio ambiente aumentam consideravelmente. Também é comum observar muita desinibição e um aumento 
da psicomotricidade do sujeito. 
Cheniaux (2015) relaciona a intensificação de impulsos específicos a um aumento patológico do apetite. É o 
caso da bulimia, por exemplo. Relacionada à hiperfagia (ingestão excessiva de alimentos) e à obesidade, essa 
intensificação é comum em: distúrbios hipotalâmicos; síndrome de abstinência do uso de anfetamina; casos de 
depressão; e alguns quadros de ansiedade. 
A hipersonia, também chamada de letargia, diz respeito ao sono excessivo e surge em casos depressão. Além 
disso, é um efeito colateral de medicamentos benzodiazepínicos, antipsicóticos e antidepressivos. Já o desejo 
sexual patologicamente aumentado é típico de casos de mania; para homens, chama-se satiríase e para 
mulheres, ninfomania. 
 
 
Atos impulsivos 
Para Cheniaux (2015), atos impulsivos são abruptos, incontroláveis e desprovidos de objetivo consciente. 
Nesses cenários, o indivíduo descarta as etapas de deliberação e decisão do processo volitivo e vai direto para 
a ação. Os atos ocorrem em função do aumento da impulsividade e do enfraquecimento, seja da inibição ou 
do refreamento. 
Não há planejamento de intenção, deliberação e decisão ao realizá-los; tratam-se de impulsos patológicos ou, 
ainda, de uma incapacidade de tolerar frustração. É importante destacar, aliás, que essas ações se tornam 
patológicas quando o observador não consegue compreendê-las. Alguns exemplos de comportamentos com 
essa característica são: heteroagressivos (direcionados a um objeto externo); autoagressivos (direcionado à 
própria pessoa); atos suicidas; e ataques de hiperingestão alimentar, como no caso de bulimia nervosa. 
É importante destacar que não se premedita comportamentos heteroagressivos impulsivos. Muitas vezes, não 
há motivação específica; eles simplesmente acontecem. Os casos mais graves podem resultar em homicídios. 
Figura 2. Heteroagressividade. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 21/08/2021. 
Atos compulsivos 
Esses atos se resumem a ações motoras complexas que envolvem outras mais simples ou, ainda, rituais 
complexos. Existe um sentimento de desconforto subjetivo e uma tentativa de resistir à ação, mas um intenso 
alívio após realizá-la, frequentemente associado a ideias obsessivas. 
Observando o comportamento do indivíduo, sua iniciativa, esponteinadade, interesse e capacidade de tomar 
decisões, é possível examinar psiquicamente a conação. O grau de cooperação do paciente na entrevista 
fornece elementos para que se identifique alterações. Um bom exemplo é o negativismo, isto é, a resistência 
não deliberada, imotivada ou incompreensível em atender solicitações externas. 
Funções psíquicas superiores 
Existem três funções desse tipo: linguagem, pensamento e juízo de realidade. Em sua forma verbal, a 
linguagem é uma atividade especificamente humana e a maiscaracterística de nossas atribuições mentais. 
Considerada como o principal instrumento de comunicação dos seres humanos, é fundamental na elaboração 
e expressão do pensamento. 
As funções da linguagem são: 
1. Função comunicativa 
Garante a socialização do indivíduo; 
2. Suporte ao pensamento 
Em sua forma evoluída, possibilita o pensamento lógico e abstrato; 
3. Instrumento de expressão 
Expõe os estados emocionais e as vivências tanto internas quanto externas do ser humano; 
4. Afirmação do Eu 
Auxilia na afirmação e instituição das oposições entre o Eu e o mundo, o “tu” ou os outros; e 
5. Dimensão artística ou lúdica 
Ajuda o indivíduo a elaborar e a expressar a estética, o dramático, o sublime e o terrível. Trata-se da linguagem 
poética e a literatura. 
A linguagem também é um sistema de signos arbitrários, como o sistema linguístico e as palavras. Estes 
adquirem significados específicos por conta de um sistema de convenções historicamente determinado. 
Portanto, linguagem é uma criação social dos indivíduos e dos grupos humanos. 
O pensamento se forma a partir de elementos sensoriais, os quais fundamentam o processo de pensar. Em 
outras palavras, tratam-se de imagens perceptivas e de sua representação mental ou ideal. De acordo com 
Dalgalarrondo (2019), o pensamento se constitui em conceito, juízo e raciocínio. Para o autor, as dimensões do 
processo de pensar englobam três aspectos do pensamento. São eles: 
Curso - Maneira como ele flui, ou seja, como sua velocidade e seu ritmo se dão ao longo do tempo; 
Forma - Estrutura básica, formada pelos diversos conteúdos e interesses do indivíduo; e 
Conteúdo - Temas, assuntos, crenças e preocupações, ou seja, o que fundamenta o pensamento. Por quanto 
mais temas o indivíduo se interessar, mais conteúdos terá. 
ALTERAÇÕES NA LINGUAGEM 
Essas alterações se relacionam a transtornos psiquiátricos primários. 
Logorreia 
A logorreia aumenta exageradamente a produção da linguagem verbal e a acelera. Essa aceleração se 
chama taquifasia, que se associa a quadros de mania e leva a um fluxo incessante de palavras e frases, o que 
pode resultar em perda da lógica no discurso. Já a loquacidade aumenta a fluência verbal, mas sem essa 
perda. 
Bradifasia 
A bradifasia é a alteração oposta à taquifasia. Ela leva o paciente a falar vagarosamente, com as palavras 
seguindo umas às outras lentamente e com dificuldade. Associa-se a quadros depressivos graves, estados 
demenciais e esquizofrenia crônica. 
Mutismo 
O mutismo diz respeito à falta de resposta verbal por parte do paciente que, mesmo capaz, não responde ao 
entrevistador. Existem vários fatores cruciais associados a essa condição, desde os neurobiológicos até os 
psicogênicos. Nos transtornos psiquiátricos, apresenta-se como uma forma de negativismo verbal. É possível 
observá-lo em casos de esquizofrenia catatônica e depressão grave. 
Existe uma vertente dessa alteração, chamada mutismo seletivo. Comum na infância, suas causas geralmente 
envolvem: dificuldades de relacionamento familiar; conflitos interpessoais; frustrações; medos; ansiedade 
social; e timidez intensa. 
EXPLICANDO 
É possível tratar essa condição com terapia cognitiva-comportamental. O mutismo seletivo se refere a um 
distúrbio de ansiedade na infância, cuja característica principal é a recusa em falar com algumas pessoas. 
Tanto a perseveração quanto a estereotipia verbal são condições em que há “repetição automática de 
palavras ou trechos de frases, de modo estereotipado, mecânico e sem sentido” (DALGALARRONDO, 2019, p. 
240). 
Por fim, têm-se a ecolalia: a repetição da última ou das últimas palavras ditas pelas pessoas do ambiente. Por 
exemplo, frente à pergunta “qual é o seu nome?”, o paciente fala: “nome, nome, nome”. É comum na 
esquizofrenia catatônica. 
 
ALTERAÇÕES NO PENSAMENTO E NO JUÍZO DE REALIDADE 
O processo de pensamento é a maneira como uma pessoa associa as ideias. Divide-se em modo lógico 
(coerente) e ilógico (incoerente). Algumas alterações psicopatológicas afetam a forma do pensamento. São 
elas: 
“Fuga” de ideias 
O indivíduo não consegue ter um pensamento lógico por muito tempo; 
Neologismo 
Criação de palavras inexistentes na linguagem com o objetivo de se referir às suas próprias ideias; 
Lentificação ou aceleração do pensamento 
Opostos relacionados ao ritmo do pensamento; e 
“Roubo” de pensamento 
Sensação de que seres ou entidades se apossam das suas ideias. 
Já as alterações referentes ao conteúdo do pensamento se relacionam às crenças, assuntos, temas, 
preocupações e obsessões da pessoa; são os chamados delírios. De forma geral, tratam-se de falsos juízos de 
realidade. Juízo, por sua vez, é a afirmação de uma relação entre dois conceitos. Sua função básica é formular 
uma relação entre um sujeito e um predicado. 
Cheniaux (2015) afirma que o delírio nada mais é do que uma alteração do processo de formação de juízos de 
realidade, pois são eles que nos permitem distinguir o que é real do que é fruto da imaginação. Vale a pena 
ressaltar que nem todos os juízos falsos são patológicos. É o caso do erro, por exemplo. O que diferencia os 
juízos dos delírios é a sua origem, seja ela: ignorância; julgamento apressado; ou premissas falsas. É possível 
corrigir um juízo falso com dados da realidade, mas não um delírio. Este se caracteriza pela certeza subjetiva e 
absoluta e mesmo fatos não são capazes de modificá-lo. 
Cheniaux (2015) divide os delírios em: ideias delirantes, que ocorrem na imaginação do indivíduo; e 
percepções delirantes, que são verdadeiras, mas a pessoa as interpreta de forma anormal. O Quadro 4 
classifica os delírios de acordo com os temas de seu conteúdo. 
Delírios: 
De referência – Forma mais comum. Em que a pessoa julga que tudo o que ocorre ao seu redor diz respeito a 
ela. Para esse indivíduo, tudo que ocorre se deve a ele e, mais, objetiva comunicar-lhe algum tipo de 
mensagem. Esse tipo de delírio tem conteúdo de perseguição e ameaça. 
De prejuízo – Pensamento recorrente de que tudo o que acontece com a pessoa objetiva prejudica-la, ofendê-
la ou constrange-la perante outros. 
De perseguição – Interpretação recorrente de que fatos inofensivos são sinais de ameaça ou perseguição. 
Começa com um sentimento sinistro de perseguição (tensão de delírio) e se transforma na interpretação 
concreta de algo persegue o indivíduo ou de que ele é uma vítima de complô. 
Erótico – o indivíduo se sente amado por alguém que conhece superficialmente. O fato dele não assumir esse 
outro por laços de família ou posição social justifica o delírio. É possível que ideias de perseguição 
acompanhem essa alteração, que é mais frequente em mulheres. 
De ciúmes ou de infidelidade – A pessoa se convence da infidelidade do parceiro mesmo sem provas reais ou 
indícios para tal. É mais comum em homens, que acusam suas parceiras de vida de serem “desregradas”. 
De grandeza ou de enormidade – O indivíduo superestima a si mesmo. Pode se sentir o “escolhido”, que 
realizará feitos fantásticos. 
De ruína ou niilista – A pessoa não vê nada em si além de sua impotência, nulidade ou perda. Vive em um 
mundo de desgraças e se sente condenada à miséria. Acredita que ele e sua família passarão fome e que o 
futuro somente lhe reserva sofrimentos e fracassos. Em casos extremos, o paciente acredita estar morto, que 
o mundo inteiro ruma à destruição, ou que todos já estão mortos. 
Místico ou religioso – O indivíduo afirma ser ou estar em comunhão permanente com Deus, Jesus, um santo 
poderoso, ou um demônio. O paciente sente que tem poderes místicos, uma missão importante ou que é 
portador de uma mensagem religiosa fundamental. 
Hipocondríaco – A pessoa acredita ter uma doença grave e incurável, está contaminada com um vírus mortal 
ou ainda, de que morrerá em breve em decorrência de um câncer, mesmo que não haja evidencias que assim 
indiquem. 
Semiologia médica e psicopatológica 
Para Dalgalarrondo (2019),a semiologia, em um sentido geral, é a ciência dos signos e não se restringe apenas 
à medicina, psiquiatria ou psicologia. O autor a entende como um campo de grande relevância seja para o 
estudo de: linguagem, no caso da semiótica linguística; música (semiologia musical); artes; e quaisquer outros 
campos de conhecimento e atividades humanas que estudam a interação e a comunicação entre duas pessoas 
por meio de um sistema de signos. 
SEMIOLOGIA MÉDICA 
 
Essa vertente da medicina estuda os sintomas e os sinais das enfermidades. Ao dominá-la, o profissional de 
saúde torna-se capaz de: identificar as alterações físicas e mentais; classificar os fenômenos; e estabelecer 
diagnósticos e intervenções terapêuticas adequadas a cada caso. A semiologia geral, por outro lado, não se 
relaciona a essa área, pois o signo transcende a esfera da linguagem. Afinal, ele inclui comportamentos não 
verbais, como gestos, atitudes e sinais matemáticos ou musicais. 
O signo é o elemento central da semiologia. Trata-se de um tipo de sinal ou um estímulo emitido pelos objetos 
do mundo. Portanto, tem significado. A fumaça sinaliza fogo, por exemplo, e as cores vermelho, amarelo e 
verde nos semáforos, mensagens que regulamentam o trânsito. 
Figura 3. Semáforo ou farol de trânsito. Fonte: WIKIMEDIA, 2007. Acesso em: 21/08/2021. 
Voltando à semiologia médica, enquanto a febre pode sinalizar uma infecção, a fala extremamente rápida e 
fluente pode indicar a aceleração do pensamento em alguns quadros maníacos. Os signos das dimensões 
médica e psicopatológica da semiologia indicam a existência de sofrimento mental, transtornos e patologias. 
De acordo com Dalgalarrondo (2019), os sinais comportamentais objetivos são os signos de maior interesse 
para a psicopatologia e o profissional de saúde pode verificá-los ao observar o paciente diretamente. Além 
disso, o autor afirma que é possível reconhecer os sintomas do indivíduo. Para isso, basta se atentar tanto ao 
que ele vive subjetivamente e relata quanto às suas queixas e narrativas, independente da forma como são 
experimentadas e comunicadas. 
Há outra definição de sintomas e sinais. Nesse caso, os objetivos, observados pelo examinador, diferenciam-se 
dos subjetivos, percebidos somente pelo paciente. Os dados elementares de doenças, provocados pelo 
examinador, são os sinais. É o caso do reflexo de Babinski no recém-nascido, por exemplo. Nesse exame, o 
profissional de saúde pressiona o espaço abaixo dos dedos do pé para que o reflexo se manifeste. 
Já o símbolo é diferente de um signo ou sinal. O elemento significante e o objeto ausente, ou seja, seu 
significado, distinguem-se em aparência e não possuem relação de contiguidade. Em outras palavras, não há 
relação direta entre eles. Há, porém, uma relação dada de forma convencional e arbitrária. Um bom exemplo 
é o conjunto de letras agrupadas “C-A-S-A” e o objeto “casa”: não existe semelhança visual ou qualquer outro 
tipo de relação além da estabelecida por convenção. 
O sentido e o valor de um símbolo dependerão somente das relações que ele mantém com elementos de 
outro sistema simbólico, uma vez que eles dependem da ausência ou presença de outros símbolos, cujos 
significados se aproximem ou sejam antagônicos ao primeiro. 
NOSOLOGIA E SEMIOLOGIA PSICOPATOLÓGICA 
 
Dado que a psicopatologia é a ciência que estuda as anormalidades psíquicas do ser humano, é possível 
diagnosticar as enfermidades por diversos meios. Segundo Dalgalarrondo (2019), o diagnóstico sindrômico 
parte da avaliação dos sinais e sintomas e os encaixa em um todo coerente. O objetivo é estabelecer, entre 
eles, um significado que revelará possíveis causas da doença em questão. 
Um dos pilares da medicina moderna é a nosologia, que trata das enfermidades em geral e as classifica do 
ponto de vista explicativo. Já a psicopatologia nosológica fenomenológica se baseia na descrição dos 
fenômenos psíquicos à medida que são observados e relatados. O principal objetivo da fenomenologia é 
descrever o que o indivíduo vive e relata sem nenhuma interpretação do profissional. Para Dalgalarrondo 
(2019), a semiologia psicopatológica estuda os sinais e sintomas dos transtornos mentais e se relaciona 
intimamente com a linguística. 
Sintomas médicos e psicopatológicos possuem dupla dimensão, pois atuam como signos. Quando relatados 
pelo paciente, por seu meio cultural ou pelo médico, passam a ser “símbolos linguísticos”. Ao receber 
determinado nome, o sintoma “ganha” o status de símbolo. Ou seja, torna-se um signo linguístico arbitrário. 
Ele faz parte de uma cultura e é preciso compreendê-lo no contexto de um sistema simbólico. 
EXEMPLIFICANDO 
É possível compreender a forma com que a psicopatologia interpreta o signo linguístico em universo cultural 
com base na maneira com que os pacientes descrevem a sensação de angústia. Os sintomas físicos se 
manifestam pela sensação de mãos geladas, tremores e aperto na garganta, o que indica disfunção do sistema 
nervoso autônomo. Alguns pacientes podem descrevê-los como uma “gastura”, por exemplo. O sentido e o 
valor de um símbolo dependerão somente das relações que ele mantém com elementos de outro sistema 
simbólico, uma vez que eles dependem da ausência ou presença de outros símbolos, cujos significados se 
aproximem ou sejam antagônicos ao primeiro. 
Transtornos psicopatológicos ou psiquiátricos 
Apesar de os sistemas de classificação de doenças, DSM-IV e CID-10, identificarem e descreverem os 
transtornos mentais específicos de forma clara, Dalgalarrondo (2019) afirma que a perspectiva sindrômica é 
muito útil para a avaliação diagnóstica. 
Os sinais e sintomas que ocorrem de forma recorrente em um indivíduo se chamam transtornos 
psicopatológicos. Causados por diversos fatores, é possível observá-los na prática clínica cotidiana. 
EXPLICANDO 
Identificar os transtornos psicopatológicos é a primeira etapa para orientar a observação psicopatológica dos 
sinais e dos sintomas dos pacientes. É necessário organizar e caracterizar os sinais e sintomas em situações 
clínicas, de modo que se formule hipóteses diagnósticas em relação aos transtornos mentais específicos, de 
acordo com os sistemas internacionais de diagnóstico e classificação (DSM-IV e CID-10). 
DESCRIÇÃO DOS TRANSTORNOS PSICOPATOLÓGICOS 
 
Dalgalarrondo (2019) classifica os transtornos psiquiátricos em 11 categorias, cada uma com características e 
aspectos centrais próprios. 
// Transtornos ansiosos 
Dividem-se em dois grandes grupos: 
• 1 Quadros em que a ansiedade é constante e permanente, como na ansiedade generalizada, livre e 
flutuante; e 
• 2 Quadros em que há cser_educacionals de ansiedade abruptas com variação de intensidade, como as 
cser_educacionals de pânico. Vale a pena ressaltar que, caso elas ocorram de modo repetitivo, 
denominam-se “transtorno de pânico 
 
// Transtornos depressivos 
 
O humor triste e a falta de energia mental, conhecida como desânimo, são os sinais e sintomas mais 
característicos desses transtornos. Entretanto, ainda existe uma multiplicidade de sintomas, relativos tanto à 
autovaloração quanto à vontade e psicomotricidade envolvidas. Em casos graves de depressão, podem 
aparecer sintomas psicóticos, como delírios e alucinações. Ainda, é possível observar alteração psicomotora 
marcante, como lentificação ou estupor. 
Estes transtornos são um problema de saúde pública. Afinal, dentre as condições de saúde mental alterada, a 
depressão é a principal causa de incapacidade. 
// Transtornos maníacos 
 
Na maioria dos casos, as funções psíquicas do paciente se aceleram intensamente, chamados de 
taquipsiquismos. São eles: falar em excesso ou em velocidade excessivamente rápida; irritabilidade; e euforia. 
Para Belmaker (2004 apud DALGALARRONDO, 2019), a alegria patológica (euforia) e a expansão do eu (elação) 
são os sintomas básicos da condição maníaca. 
Dentro dos transtornos maníacos, os subtipos bipolaresapresentam mais distinções em relação aos sintomas. 
Esses transtornos levam a episódios de mania e depressão durante um certo tempo, mas se alternam com 
períodos de remissão, sem sintomas mais intensos. Esses subtipos são: 
Transtorno bipolar tipo I 
–Episódios depressivos que variam de leves a graves, intercalados com fases de remissão e mania; 
Transtorno bipolar tipo II 
–Episódios depressivos que variam de leves a graves, intercalados com fases de remissão e hipomania; e 
Transtorno afetivo bipolar de tipo ciclador 
–Episódios depressivos que variam de leves a graves, intercalados com fases de remissão, mania e com 
períodos de tempo mais curtos entre eles. O paciente deve apresentar, no mínimo, quatro episódios de mania 
e depressão em um período de 12 meses. 
// Quadros neuróticos 
 
Esses quadros se dividem em transtornos fóbicos, obsessivos, histéricos e de conversão somática. 
De acordo com Dalgalarrondo (2019), o DSM-IV suprimiu o conceito de neurose e o substituiu por 
transtornos: de ansiedade generalizada; de pânico; de estresse pós-traumático; fóbicos; obsessivo-
compulsivos; dissociativos; conversivos; e de somatização. Na CID-10, por outro lado, o conceito permanece. 
Para o autor, a angústia se encontra no cerne da neurose e leva à vivência dos conflitos humanos 
fundamentais de maneira dolorosa e recorrente. 
// Transtornos de agitação e de estupor e lentificação psicomotora 
 
Tratam-se de transtornos de agitação psicomotora e de estupor e lentificação psicomotora. É possível 
observar: aceleração acentuada da esfera motora; aumento da excitabilidade; e agitação de andar de um 
lado para outro, gesticular muito ou inquietar-se constantemente. 
// Transtornos psicóticos 
 
 A principal forma de psicose é a esquizofrenia. Os sintomas dos quadros do espectro dessa e outras psicoses 
incluem: alucinações; delírios; pensamento desorganizado; e comportamentos bizarros, como fala e risos 
imotivados. O sintoma mais comum é a paranoia, como nas ideias delirantes e nas alucinações auditivas de 
conteúdo persecutório (perseguição). Ao contrário de outros quadros, como demência, delirium ou 
deficiência mental grave, esses casos apresentam uma profunda desorganização tanto da vida mental 
quanto do comportamento. 
// Transtornos relacionados ao consumo de alimentos 
 
Transtornos alimentares, como a anorexia nervosa, caracterizam-se pela perda de peso autoinduzida e pela 
abstenção da ingestão de alimentos que engordam. Ainda, é possível observar comportamentos específicos, 
como: autoindução de vômitos; exercícios físicos em excesso; e uso de anorexígenos ou diuréticos. 
Normalmente, o objetivo consiste em alcançar padrões de magreza e há um medo intenso e patológico de 
se sentir ou parecer gordo(a). 
Para Wadden (1995 apud DALGALARRONDO 2019), a distorção da imagem corporal é a principal 
característica da anorexia nervosa, pois, apesar de a pessoa estar muito magra, percebe-se como muito 
gorda. Esse transtorno, no caso do subtipo purgativo, envolve a ingestão compulsiva de alimentos, seguidos 
de vômitos e/ou outros métodos compensatórios. De acordo com o autor, a obesidade é um transtorno 
complexo, mais frequente em mulheres com baixo nível socioeconômico de sociedades industrializadas e 
urbanas e em culturas nas quais a atividade física não é predominante. Uma multiplicidade de fatores 
influencia na instalação e na manutenção dos transtornos alimentares, dos quais os principais são: 
genéticos; psicológicos; familiares; e socioculturais. 
// Transtornos relacionados a substâncias psicoativas 
 
Caracterizados pela relação particular que se desenvolve entre indivíduos e substâncias que agem 
especificamente sobre o psiquismo e o sistema nervoso central, os quadros desse tipo de transtorno são: 
Intoxicação 
– 
Condição específica que altera comportamentos, capacidade mental, nível de consciência e outros aspectos 
cognitivos. Além disso, substâncias psicoativas causam beligerância, agressividade e instabilidade de humor; 
 
 
Abuso 
–De acordo com a Organização Mundial da Saúde (1993 apud DALGALARRONDO, 2019), o uso nocivo de 
uma substância psicoativa se refere a um padrão que prejudica a saúde, tanto física, como é o caso da 
hepatite alcoólica e bronquite por tabagismo, quanto mental, como a depressão associada ao consumo de 
álcool; e 
Dependência 
–O termo “fissura” (craving, em inglês) se refere ao desejo incessante e intenso de usar uma substância. 
“Tolerância” diz respeito à diminuição do efeito dela após o uso repetido devido à necessidade do 
organismo de ingerir doses cada vez maiores para experimentar o mesmo efeito. 
Cada substância produz diferentes sinais e sintomas de abstinência. Entretanto, é comum observar: 
ansiedade; inquietação; náuseas; tremor; sudorese; convulsões; coma; e, em casos extremos, morte. 
// Parafilias 
 
De acordo com Brown (2019), os transtornos parafílicos são considerados como as fantasias, impulsos ou 
comportamentos recorrentes, intensos e excitantes sexualmente que levam ao sofrimento ou à 
incapacitação e que envolvem objetos inanimados, crianças ou outros adultos não consentidores, causando 
sofrimento e/ou humilhação de si mesmo ou do parceiro, com alto potencial de ocorrência de dano. 
O padrão de excitação sexual perturbado geralmente apresenta-se muito bem desenvolvido antes da 
puberdade. Pelo menos três processos estão envolvidos: 
Entende-se que a ansiedade ou traumas emocionais precoces podem interferir no desenvolvimento 
psicossexual adequado (BROWN, 2019); 
O padrão adequado de excitação é substituído por outro e, em alguns casos, por exposição precoce a 
experiências com alta carga sexual, reforçando experiências de prazer sexual; 
A excitação sexual adquire elementos simbólicos e condicionados, como no caso do fetiche, que é um objeto 
de excitação escolhido devido a uma associação à curiosidade, desejo e excitação sexual. 
Em geral, as parafilias são muito mais comuns entre os homens, sendo as mais comuns: 
Pedofilia; 
Voyeurismo; 
Exibicionismo; 
Transtorno masoquista sexual; 
Transtorno sadista sexual. 
Parafilias como a pedofilia e a necrofilia, além de todas que envolvam o não consentimento da outra parte 
envolvida, são ilegais e podem levar à prisão (BROWN, 2019). 
// Transtornos relativos ao sono 
 
De acordo com Tavares (2007 apud DALGALARRONDO, 2019), o padrão e a necessidade de sono variam 
bastante entre os indivíduos. Afinal, alguns se sentem descansados dormindo cinco horas por noite e outros 
precisam de mais de dez horas de sono para se sentirem ativos durante o dia. A Classificação Internacional 
dos Transtornos do Sono (ICSD-2) lista mais de 80 transtornos do sono. Entretanto, é possível organizá-los 
em três eixos: 
Insônias, hipersonias diurnas (excesso de sono) e movimentos anormais no decorrer do sono; 
Apneias do sono e outras alterações respiratórias e de sistemas funcionais durante o sono; e 
Parassonias (sonambulismo) e outras alterações do ritmo sono-vigília. 
 
// Transtornos neurocognitivos 
 
Os transtornos demenciais, confusionais agudos (delirium) e psico-orgânicos possuem uma etiologia orgânica 
identificável. É a psicopatologia que as estuda, pois suas manifestações clínicas se constituem, 
predominantemente, em sintomas mentais e comportamentais. 
 
Agora é a hora de sintetizar tudo o que aprendemos nessa unidade. Vamos lá?! 
SINTETIZANDO 
 
Conforme Dalgalarrondo (2019) demonstra, vimos que a psicopatologia estuda as funções psíquicas 
elementares e suas alterações a fim de compreender profundamente os processos que fazem parte da vida 
psíquica, tanto patológica quanto normal, bem como da autonomia e da inter-relação desses fenômenos no 
comportamento do indivíduo. Entende-se como elementares as seguintes funções psíquicas: consciência; 
atenção; orientação e vivência de espaço e tempo; e vontade e o ato de agir dos indivíduos, bem como suas 
respectivas alteraçõespatológicas, isto é, disfuncionais. 
A fim de organizar a apresentação das funções psíquicas, distinguimos as funções elementares das superiores, 
as quais incluem linguagem, pensamento e juízo de realidade. Além disso, analisamos detalhadamente suas 
respectivas alterações patológicas. 
Também abordamos a semiologia médica e psicopatológica. Com base nos ensinamentos de Dalgalarrondo 
(2019), definimos semiologia como a ciência que estuda os signos e símbolos. Ela não se restringe apenas à 
psiquiatria ou à psicologia; na verdade, ela é muito importante na área da linguagem semiótica linguística, nas 
artes e em qualquer área que estude comunicação por meio de um sistema de signos. 
Por fim, apresentamos os principais transtornos psicopatológicos ou psiquiátricos, com definições e descrições 
de cada uma. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
BROWN, G. R. Visão geral dos transtornos parafílicos. Manual MSD, Tennessee, jul. 2019. Disponível em: 
<https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/transtornos-psiqui%C3%A1tricos/sexualidade-disforia-de-
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