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LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO
Diferenciação
Inicialmente é necessário esclarecer alguns termos:
1. Vigência: eficácia temporal, período de atividade da norma, em que ela está em vigor;
2. Vigor: força obrigatória ou vinculante da lei. Ela pode continuar, para alguns casos, após o fim do período de vigência. Por exemplo: o código de 16, apesar de revogado em 2002, continuou a ser aplicado nos processos que já estavam em tramitação, havendo sua pós-atividade/ultra-atividade já que o novo código não pode retroagir, tem caráter prospectivo, continuando-se o vigor do código de 16 apesar de findada sua vigência;
3. Eficácia: produção de efeitos concretos. Ela pode se dar no aspecto:
3.1 Social: referente à sua aderência pela sociedade, à existência de um direito de fato;
3.2 Técnico: referente à sua atribuição de uma direção ao legislador, gerando uma expectativa de direito apesar de não gerar um direito de fato (geram eficácia técnica apesar de não gerarem eficácia social ou jurídica). A CF/88, por exemplo, determinou a elaboração de várias legislações especiais;
3.3 Jurídica: referente à produção de efeitos jurídicos. O CC de 2002, por exemplo, ao entrar em vigor produziu o efeito jurídico de revogar o anterior.
Processo legislativo
a) Fase Iniciativa (art. 61, 62 3 63):
1. Iniciativa: um projeto de lei pode ser apresentado, possuem o poder de iniciativa o presidente da república, qualquer membro do congresso (câmara e senado), o procurador geral da república, o STF, tribunais superiores, ou a população através da iniciativa popular. Isto seguindo os devidos requisitos e ressalvas.
a) Fase Constitutiva (art. 64, 65 e 66): o projeto é inicialmente analisado por comissões competentes determinadas por seu objeto para depois ser discutido e votado.
1. Deliberação/discussão: não expressa na CF, sempre começa na câmara, a não ser que seja proposta pelo senado, neste caso começa no próprio senado.
2. Votação/aprovação: a aprovação exige quóruns específicos, simples, absoluto ou qualificado.
3. Sanção: exclusiva do Presidente, Governadores e Prefeito. Na esfera federal, o presidente tem 15 dias para sancionar ou vetar o projeto. A sanção pode ser tácita (quando o prazo acaba e ele não se manifesta) ou expressa (quando ele concorda dentro do prazo). A partir dela a lei passa a existir, deixando de ser chamada de projeto. O veto pode ocorrer por inconstitucionalidade ou contrariedade ao interesse público e pode ser total ou parcial. Na hipótese de veto, o Congresso tem 30 dias para a sua apreciação. Para que o veto seja rejeitado é necessário o voto da maioria absoluta dos deputados e senadores. Vencido o prazo, sem deliberação, o projeto entrará na ordem do dia da sessão seguinte e em regime prioritário. 
b) Fase complementar (66 a 70, LINDB, art. 1º e §§; LC 95/98, art. 8º e §§; Lei 810/48):
1. Promulgação: é a declaração do chefe do executivo sobre a existência da lei, sobre sua inclusão no ordenamento. No caso de rejeição do veto presidencial, será o projeto encaminhado à presidência, para efeito de promulgação no prazo de quarenta e oito horas. Esta não ocorrendo, o ato competirá ao presidente do Senado Federal, que disporá de igual prazo. Se este não promulgar a lei, o ato deverá ser praticado pelo vice-presidente daquela Casa.
2. Publicação: no diário oficial, a partir de sua data contamos a vacatio legis. Apesar de não ser exigida para elaborar a lei (ela já está pronta após sancionada), é uma fase necessária para que se possa exigir seu cumprimento.
Vacatio legis
Art. 1º - É de 45 dias após a publicação, salvo disposição contrária, exceto para decretos e regulamentos que entram em vigor na data de sua publicação. A contagem do prazo considera a data da publicação e o último dia do prazo, entrando a lei em vigor no dia seguinte a seu fim. Assim, com o novo CC que foi publicado no dia 10 de janeiro de 2002, o primeiro dia do prazo foi 10 de janeiro e o último, sendo o prazo de um ano, 10 de janeiro do ano seguinte. Assim, o novo Código entrou em vigor no dia 11 de janeiro de 2003.
Atualmente, este prazo é único em todo o país, ou seja, a lei entra em vigor em todo o país ao mesmo tempo, mas já foi progressivo, de modo que a vigência se inicia-se primeiro no Distrito Federal e se estende aos estados mais distantes.
§ 1º do - Nos Estados estrangeiros a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois da publicação. 
§ 3º - Caso durante este período ocorra republicação do texto, para fins de correção, o prazo começara a ser contado novamente para os trechos alterados. § 4º - Correções a lei já em vigor, por sua vez, são consideradas lei nova (já que só a lei pode mudar a lei).
Quando a lei é parcialmente vetada, a parte não vetada é publicada normalmente, enquanto a atingida pelo veto só o é posteriormente, depois de rejeitada a recusa à sanção.
Revogação
A revogação de uma lei por outra só pode ocorrer se a revogadora for de igual ou superior grau hierárquico que a revogada, bem como devem se tratar de leis que emanem da mesma fonte. Pode ser:
· Absoluta (Ab-rogação): abrange todo o diploma legal. Por exemplo, o CC/02 revoga todo o de 16 (art. 2045 do CC/02).
· Parcial (Derrogação): abrange parte do diploma legal. Por exemplo, o CC/02 revoga apenas a parte primeira do Código Comercial de 1850 (art. 2045 do CC/02).
Também pode ser expressa (como a supracitada) ou tácita (a lei apenas trata do mesmo assunto de maneira diferente, constituindo uma antinomia, cuja solução revoga uma das leis; ou a lei é incompatível com a Constituição, de modo que perca seu fundamento, sendo revogada pela declaração da inconstitucionalidade pelo STF, cabendo ao Senado suspender-lhe a execução).
Antinomia 
São de segundo grau aquelas que exigem o uso de dois critérios de solução. Se o conflito se verificar entre uma norma especial-anterior e outra geral-posterior, prevalecerá o critério da especialidade, aplicando-se a primeira norma; e, se ocorrer entre norma superior-anterior e outra inferior-posterior, prevalecerá o hierárquico, aplicando-se também a primeira.
Podem ser, ainda, aparentes ou reais. Antinomia aparente é a que pode ser resolvida pelos critérios hierárquico, cronológico ou da especialidade. Antinomia real é o conflito que não pode ser resolvido dessa forma, sendo então usados os mecanismos destinados a suprir as lacunas da lei (LICC, arts. 4º e 5º). Ocorre, por exemplo, entre uma norma superior-geral e uma inferior-especial.
Represtinação
É a volta do vigor de uma lei pela revogação da que a revogou. No Brasil não ocorre salvo disposição em contrário (§ 3º do art. 2º). Pode acontecer também que a lei revogadora seja considerada inconstitucional, caso em que é como se ela nunca tivesse existido.
Meios de integração
São recursos usados em caso de lacuna da lei, de acordo com o art. 4º, analogia, costumes e princípios gerais de direito, aplicados nesta ordem.
Os princípios gerais do direito “são regras que se encontram na consciência dos povos e são universalmente aceitas, mesmo não escritas”. Muitas delas passaram a integrá-lo mas a maioria está implícito no sistema jurídico civil. Não se confundem com máximas jurídicas, adágios ou brocardos, que nada mais são do que fórmulas representativas de uma experiência secular, sem valor jurídico, mas pedagógico, apesar de as máximas as vezes expressarem os princípios. Além disso, de acordo com o art. 5º deve atender aos fins sociais a que a lei se dirige e às exigências do bem comum.
Proteção ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e à coisa julgada
O art. 6º dá estes conceitos:
1. Ato jurídico perfeito: já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou;
2. Direito adquirido: que já se incorporou ao patrimônio jurídico da pessoa, já foram cumpridas as condições previstas para isto;
3. Coisa julgada: eficácia que atribui à sentença a qualidade de imutável por terem se esgotado todos os recursos cabíveis ou não interposto nenhum recurso em 15 dias, ocorrendo o trânsito em julgado. Apesar de a sentença(como a dissolução de um casamento) não poder ser discutida ou mudar, seus efeitos podem ser mudados (podem casar de novo). Sua relativização pode ocorrer por:
3.1 Ação rescisória (art. 966 do CPC): nova ação com o objetivo de desfazer a coisa julgada possível de ser feita, até 2 anos após o trânsito em julgado, em caso de corrupção comprovada, disposição de novas provas, entre outros.
3.2 O STJ permitiu a nova análise de ações de paternidade anteriores à possibilidade de se fazer exames de DNA.
3.3 O STJ também permitiu a nova análise de ações relacionadas à indenização por conta de expropriação em que houve a corrupção do perito que estabeleceu o valor do terreno.

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