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17 Penas Privativas de Liberdade e Regimes

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PENAS E REGIMES
As penas privativas de liberdade podem ser de reclusão e detenção:
Detenção
Aplicada em delitos de menor gravidade. Será cumprida em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado, ocorrendo a regressão de regime (art. 33)
Reclusão
Será cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto (art. 33). 
Diferenças
- Espécies de medidas de segurança
· Reclusão: será sempre detentiva; 
· Detenção: poderá ser convertida em tratamento ambulatorial (art. 97).
- Incapacidade para exercício de pátrio poder, tutela ou curatela
Só ocorre nos crimes punidos com reclusão praticados pelos pais, tutores ou curadores contra os respectivos filhos, tutelados ou curatelados, após ação própria no juízo competente (família e sucessões ou da criança, infância e juventude).
- Prioridade na ordem de execução
Executa-se primeiro a reclusão e depois a detenção ou prisão simples (arts. 69 e 76).
Regimes - art. 33, § 1º
A pena é executada nos seguintes locais, conforme for o regime:
Fechado – “a”
Penitenciária, estabelecimento de segurança máxima ou média. 
Art. 34 – “O condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, a exame criminológico de classificação para individualização da execução”.
§ 1º - “O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento durante o repouso noturno”.
§ 2º - O condenado está obrigado ao trabalho “em comum dentro do estabelecimento, na conformidade das aptidões ou ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com a execução da pena”. 
§ 3º - “O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou obras públicas”. Art. 37, CPP – Ela precisa ser autorizada pela direção do estabelecimento, dependendo de aptidão, disciplina e responsabilidade, além do cumprimento mínimo de 1/6 da pena. Único – “Revogar-se-á a autorização de trabalho externo ao preso que vier a praticar fato definido como crime, for punido por falta grave, ou tiver comportamento contrário aos requisitos estabelecidos neste artigo”.
Possibilitou o STJ, HC 459294, T5 a fixação de regime fechado a pena inferior a 4 anos, que sinaliza o aberto, diante de circunstância judicial negativa, que recomenda este regime, “ainda que realizado o desconto do quantum da pena do período que o paciente se manteve em custódia preventiva, [...] tanto que a pena-base foi fixada acima do mínimo legal”.
Semi-aberto – “b”
Colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. 
Art. 35 - O condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, a exame criminológico de classificação para individualização da execução.
§ 1º - “O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar”. Não há previsão para o isolamento durante o repouso noturno.
§ 2º - “O trabalho externo é admissível” desde o início de seu cumprimento, podendo ser fixado:
· Pelo juiz da condenação: na sentença, visto que o art. 35 CP não faz qualquer outra exigência;
· Pelo juiz da execução: também desde início do cumprimento da pena;
· Pela Direção do Estabelecimento Penitenciário: neste caso exige-se o cumprimento de 1/6 da pena e aptidão, disciplina e responsabilidade do apenado (art. 37 LEP). Esta hipótese costuma ocorrer quando os pedidos direcionados ao judiciário foram negados.
O trabalho pode ser feito inclusive na iniciativa privada, ao contrário do que ocorre no regime fechado. Ele pode ser o penúltimo estágio de preparação para o retorno do apenado ao convívio social, sendo seguido do livramento condicional, ou progressão para o regime aberto, dependendo das circunstâncias.
[...] “bem como a frequência a cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de 2º grau ou superior”, que servem para a remição da pena e para a progressão de regimes.
A necessidade do cumprimento de 1/6 da pena no semiaberto diante apenas de:
· Progressão do fechado ao semiaberto: em razão de o indivíduo, que estava acostumado com o regime fechado, necessitar dessa fase para adaptação ao novo regime. Ainda assim, dependendo das circunstâncias, satisfazendo os requisitos subjetivos, poderá receber, de imediato, o trabalho externo, pelo Juiz da Execução, pois já cumpriu mais 1/6 da pena no regime anterior. Não sendo concedido pelo magistrado, desde o início, poderá ser concedido pela direção do estabelecimento penitenciário após o cumprimento de 1/6 de pena, se não satisfizer os requisitos para a progressão ou enquanto aguardar essa decisão;
· Regressão do aberto ao semiaberto, ou tendo sido revogado o trabalho concedido no semiaberto: esta revogação pode ocorrer se o preso praticar fato definido como crime, for punido por falta grave, ou tiver comportamento contrário aos requisitos estabelecidos no artigo 37, LEP (art. 37, único, LEP). Ressalta-se que o trabalho externo referido no art. 37 LEP é concedido pelo estabelecimento prisional, após o cumprimento de 1/6 da pena, pois se a autoridade judicial fizer esta exigência, estará usurpando a autoridade do estabelecimento, conforme entendimento do STJ, visto que ela não consta dentre os requisitos previstos no art. 35 CP. Assim, o cumprimento de 1/6 da pena é exigido apenas para a progressão de regime (art. 112 LEP). 
Aberto – “c”
Casa de albergado ou estabelecimento adequado. Baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do apenado (art. 36). § 1º - O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido [nos locais mencionados] durante o período noturno e nos dias de folga. § 2º - O condenado será transferido do regime aberto, se praticar fato definido como crime doloso, se frustrar os fins da execução ou se, podendo, não pagar a multa cumulativamente aplicada
No site do DEPEN, não consta nenhum estabelecimento do tipo, de modo que o sujeito acabe cumprindo-o em casa, comparecendo com certa regularidade ao Patronato e fórum, onde é verificado o cumprimento do disposto na sentença, como a obrigação de trabalhar.
O Regime Disciplinar Diferenciado é mera sanção aplicada a:
- Prática de fato previsto como crime doloso, que constitui falta grave, quando ocasione subversão da ordem ou disciplina internas - art. 52 LEP
Tratam-se de requisitos cumulativos.
Para Bitencourt, trata-se de medida cautelar e como tal, para sua aplicação, o juiz deve considerar os princípios orientadores das medidas cautelares, quais sejam, o fumus boni juris e o periculum in mora. Além disso, para o autor, para se caracterizar subversão da ordem ou disciplina internas é necessário que a situação tenha ocasionado no interior do estabelecimento prisional, profunda alteração da ordem ou disciplina, de molde a substituir os monitores, coordenadores e guardas penitenciários, a ponto de os detentos estarem obtendo o controle da penitenciária.
- Presos apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade - § 1º
Tratam-se de duas situações diferentes, não cumulativas.
É difícil a definição de preso de alto risco para a ordem e segurança do estabelecimento ou sociedade, não podendo esta característica ser aplicada a quem pratica delito ou falta grave, previsão que já consta no caput, não havendo motivo para ser repetida.
Ademais, para Bitencourt, a previsão do § 1º não pode dispor de modo diferente do caput sem fazê-lo expressamente, logo não é possível que outros presos ingressem diretamente no regime disciplinar diferenciado sem já se encontrarem em algum estabelecimento prisional.
Então, para o autor, a única interpretação possível é estender a previsão do caput, conjugando-a com a do § 1º, de modo que quando da prática do fato definido como crime doloso, no interior da penitenciária, não decorrer a “subversão da ordem ou disciplina internas” (caput), mas se constatar que prisioneiros envolvidos, nesse fato, “apresentem alto risco para a ordem e a segurança” do estabelecimento penal (§ 1º).
- Condenado sob o qual recaia fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquertítulo, em organizações criminosas, quadrilha ou bando - § 2º
Para Bittencourt trata-se de hipótese perigosa por basear-se em presunções e suspeitas, especialmente diante do contexto brasileiro de abusos do poder denunciar.
Caracteriza-se por:
I. Duração máxima de 360 dias, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de mesma espécie, até o limite de 1/6 da pena aplicada;
II. Recolhimento em cela individual;
III. Visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, com duração de duas horas;
IV. O preso terá direito à saída da cela por 2 horas diárias para banho de sol. 
Bitencourt critica este regime, dispondo que foi resultante de alteração legislativa que buscou suprimir benefícios penitenciários, piorando o quadro legislativo para adequá-lo à má realidade do sistema prisional, livrando o estado das criticas em razão da discrepância entre a realidade e o que exigia a LEP. O regime, para o autor, gerando a discriminação, adota o direito penal do autor, ressuscitado pelo direito penal do inimigo de Jakobs, visto que considera para sua aplicação características do autor, sua personalidade, caráter ou conduta social, ou seja, o que ele é e não o que faz, ao praticar atos que ocasionem subversão da ordem ou disciplina internas (art. 52, caput), apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade (§ 1º) ou sobre o qual recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título, em organizações criminosas, quadrilha ou bando (§ 2º).
Não é possível a progressão per salto (pular do fechado pro aberto), mas é possível a regressão per salto (pular do aberto pro fechado).
Fixação do regime
Feita pelo juiz da condenação, porém de maneira provisória, podendo ser revista pelo da execução (art. 66, III, b, LEP).
Art. 33, § 2º - “As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva [geralmente após o cumprimento de 1/6 da pena e, para os crimes hediondos ou equiparados, após o cumprimento de 2/5 para não-reincidentes e 3/5 para reincidentes], segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso”. Assim, o regime inicial é fixado de acordo com a pena atribuída e o sujeito ser reincidente ou não:
a) Maior que 8 anos, reincidente ou não: regime fechado.
Este regime só é aplicado à pena de reclusão e obrigatoriamente será aplicado a ela, não havendo a possibilidade de aplicação de regime mais benéfico, mesmo que diante de circunstancias judiciais favoráveis.
b) Maior que 4 e menor que 8 anos, não reincidente: regime semi-aberto.
- Detenção
Tratando-se de detenção, não apenas o condenado não reincidente a pena entre 4 e 8 anos estará submetido a este regime, como dispõe expressamente o texto legal.
O reincidente ou condenado a mais de 4 anos (inclusive mais que 8), também, obrigatoriamente, terá de cumprir a pena em regime semi-aberto, em razão da impossibilidade de faze-lo no aberto (em decorrência da pena maior que o permitido ou reincidência) e no fechado (pela vedação legal). 
O mesmo se aplica aos autores de contravenção penal.
- Reclusão
Tratando-se de reclusão, não necessariamente o condenado não reincidente a pena entre 4 e 8 anos estará submetido a este regime, como dispõe expressamente o texto legal. 
Ele também poderá iniciar no semi-aberto ou fechado, conforme sugerirem as circunstancias judiciais presentes. Isto ocorre pois a quantidade de pena (que indicaria o semi-aberto), não é o único critério para determinação do regime, devendo ser analisados os elementos do art. 59, como permite o art. 33, § 3º, como será visto a seguir.
Além disso, ao contrário do que inicialmente indica o texto legal, é possível a atribuição do semi-aberto ao reincidente condenado á reclusão diante da análise das circunstâncias judiciais (o que, como visto, é a única opção para a detenção, já que nela não há a possibilidade de início do fechado). Assim dispõe a súm. 269 STJ que “é admissível a adoção do semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a 4 anos [o que indicaria o regime fechado] se favoráveis as circunstâncias judiciais”, de modo que, se desfavorável uma circunstância, será fixado o mais gravoso. Entretanto, dispôs o STJ (HC 459204, T5 – 4 e EDcl no REsp 1713882, T6) pela impossibilidade disto.
c) Igual ou menor que 4 anos, não reincidente: regime aberto.
O condenado à 4 anos ou menos, não reincidente:
· Detenção: poderá iniciar no semiaberto ou aberto, de acordo com os elementos do art. 59;
· Reclusão: poderá iniciar também no fechado, com base nos mesmos parâmetros.
Caso a pena seja igual ou menor a 4 anos mas o sujeito seja reincidente:
· Detenção: aplicar-se-á o semi-aberto, na impossibilidade do fechado, como já visto, não havendo possibilidade de aplicação do aberto diante de circunstancias judiciais favoráveis, como ocorre com o condenado a pena entre 4 e 8 anos, que, se reincidente, pode iniciar no semi-aberto em razão da sum. 269 STJ supracitada;
· Reclusão: uma vez que o dispositivo não exige a aplicação do semi-aberto, pode ser aplicado este ou o fechado, o que será determinado pelas circunstancias do art. 59 presentes.
Assim, a não reincidência, só favorece o regime inicial:
1. Detenção: quando a pena for de até 4 anos, possibilitando a adoção do aberto, pois, caso contrário (reincidente ou pena superior a 4 anos), aplicar-se-á o semi-aberto;
2. Reclusão: quando:
2.1 A pena for de até 4 anos, possibilitando a aplicação do aberto;
2.2 A pena for de 4 a 8 anos, possibilitando a aplicação do semiaberto.
Isto ocorre pois assim dispõe o § 3º: “A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos critérios previstos no art. 59”. Dessa forma, é possível que o condenado, mesmo que não reincidente, tenha de cumprir pena em regime mais gravoso do que o tamanho desta indicaria caso presentes circunstancias judiciais que assim autorizem.
Diante disso, a súm. 719 STF exige motivação idônea para a fixação de regime mais, sendo que, conforme súm. 718 “a opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada”. No mesmo sentido dispunha a súm. 440 STJ que “fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito”. 
Por exemplo, o STJ, no HC 452881, T 5 – 3, permitiu que uma pena de 7 anos e 4 meses de reclusão, que indicaria o semi-aberto por ser menor de 8 anos, diante de prática de crime com “grave ameaça com emprego de arma de fogo, no interior de transporte coletivo onde havia vários passageiros [...] colocando em risco a vida de diversas pessoas e infligindo temor desnecessário, o que [...] demonstra uma maior reprovabilidade na conduta [...]”.
Súm. Vinculante 56 - “A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso [...]”, devendo o sujeito é deixado no regime menos severo.
Progressão e regressão
Decorrem do mérito ou demérito do condenado em sua conduta carcerária, valorado pelo seu comportamento, se bom ou ruim (arts. 33, § 2º, CP e 112 LEP). 
Progressão
De um regime mais rigoroso para um menos rigoroso, cumpridos os seguintes requisitos:
- Materiais
· Bom comportamento do condenado: demonstrando, fazendo presumir que está preparado para cumprir a pena em regime menos rigoroso, sem prejudicar sua finalidade. Pode ser comprovado pelo chamado “atestado de conduta carcerária”, caso o recluso nele ostente um “bom comportamento carcerário”.
· Cumprimento de, ao menos, 1/6 da pena no regime anterior (art. 112 LEP): assim, não é possível a progressão per salto (pular do fechado pro aberto), o que pode ocorrer na regressão, visto que o art. 118 LEP permite a transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos. O legislador não estabeleceu se esse percentual deve ser considerado sobrea pena aplicada ou o restante de pena a ser cumprida, havendo quem considere esta última opção, visto que mais benéfica ao réu pois, assim, o período a ser cumprido seria menor que caso adotada a primeira interpretação;
· Exercício de trabalho ou possibilidade de fazê-lo imediatamente: especialmente exigido pelo art. 114 LEP para o regime aberto;
· Reparação do dano ou devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais: quando se tratar de crime contra a administração pública (art. 33, § 4º). Para Bitencourt, porém, entende que a interpretação literal deste texto viola a individualização da pena por impedir a progressão. Assim, deveria ser interpretado nos termos do art. 83, IV, CP, que, para obtenção do livramento condicional, estabelece a obrigação de reparar o dano, “salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo”.
- Formais
Neste âmbito, a Lei 10.792/03 exclui o parecer da Comissão Técnica de Classificação e o exame criminológico introduzido pela reforma de 84 e cria o regime disciplinar diferenciado. No entanto, como tais institutos continuam mantidos nos arts. 7º e 8º LEP, para a individualização do início da execução da pena merecem ser considerados:
· Parecer da Comissão Técnica de Classificação: 
Antes encarregada de elaborar um programa individualizador e acompanhar a execução das penas privativas de liberdade, competindo-lhe propor à VEP as progressões, regressões e conversões, emitindo os respectivos pareceres (art. 6º LEP), funções que não mais lhe cabem em razão dos dois itens aqui em análise do art. 112 LEP (que aponta os requisitos para a progressão). Nos pareceres (que, como pericia, não vinculam o magistrado), aferia o mérito do condenado e a probabilidade de sua adaptação em regime menos rigoroso.
· Exame criminológico: 
Pesquisa dos antecedentes pessoais, familiares, sociais, psíquicos, psicológicos do condenado, para a obtenção de dados que possam revelar a sua personalidade. Não mais sendo requisito para a progressão, atualmente ele é realizado após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Conforme a Exposição de Motivos, assim determina a LEP “em homenagem ao princípio da presunção de inocência”, presente no art. 5º, LVII.
Além disso, exige-se que o apenado esteja trabalhando ou demonstre possibilidade de vir a fazê-lo imediatamente e apresente, pelos seus antecedentes e pelo resultado dos exames a que se submeteu, fundados indícios de que se ajustará com autodisciplina e senso de responsabilidade ao novo regime (art. 114 LEP).
- Crimes hediondos
Para a progressão de regime nestes o tempo cumprido que se exige é maior, o que não viola a individualização da pena visto que à lei ordinária (como CP, LEP e a lei dos crimes hediondos) cabe estabelecer os parâmetros para a individualização da pena, prevista pela CF, desde que nos limites por ela impostos, independentemente de quais sejam, tendo, então, esta competência legislativa.
A lei 9.455/97, que tipificou o crime de tortura, permitiu a progressão de regime, até então vedada para os crimes hediondos (cuja pena deveria ser cumprida em regime fechado). Diante da dúvida sobre a possibilidade de aplicação analógica deste dispositivo aos demais crimes hediondos, contrariando entendimento doutrinário que entendia pela sua aplicabilidade, inclusive retroativa, visto que mais benéfico para o apenado, dispôs a Sum. 698 STF: Não se estende aos demais crimes hediondos a admissibilidade de progressão no regime de execução da pena aplicada ao crime de tortura.
Porém, a disposição do art. 2º, § 1º da lei dos crimes hediondos, que previa o cumprimento de pena apenas em regime fechado foi declarada inconstitucional: Súm. Vinculante 26 – “Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º, lei 8.072/90 [Crimes Hediondos], sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico”. Isto ocorre pois tal disposição viola o principio da individualização da pena.
Deste modo, considerou o STJ, AgRg no HC 450277, T6 – 1 que cabe ao juiz definir o regime inicial de cumprimento, podendo o sujeito iniciar sua pena em regime semi-aberto, limitando-se a interferência do legislativo na atividade do judiciário (de individualização e fixação da pena). Assim dispôs que “tratando-se de réu primário, com circunstâncias judiciais favoráveis, que levaram a fixação da pena-base no mínimo legal, e diante do quantum da pena final, igual a 8 anos, de rigor a fixação do regime prisional semiaberto”.
Com isto, tal discussão foi sanada e a Sum. Vinculante 26 foi revogada. 
- Progressão antes do transito em julgado da decisão condenatória
Sum. 716 STF – “Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória”.
Decorre do cenário anterior, no qual as prisões cautelares/processuais não respeitavam seus limites temporais e o réu tinha de cumpri-las em regime mais gravoso que o que lhe viria a ser atribuído na condenação, bem como o réu, por vezes, acreditava que não poderia progredir de regime na fase recursal e desistia do recurso.
Sum. 717 STF - “Não impede a progressão de regime de execução da pena, fixada em sentença transitada em julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial”.
Regressão
De um regime menos rigoroso para um mais rigoroso. Através dela, junto da preocupação com a recuperação do condenado, direito individual, que autoriza a progressão, caso o condenado demonstre incompatibilidade com o regime em que está, trazendo prejuízos à defesa social e aos fins da pena, estes também são considerados.
- Obrigatória – art. 118 LEP
Sempre que o apenado praticar fato definido como crime doloso ou falta grave (I), sendo estas (art. 50 LEP):
1. Incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina;
1. Fugir;
1. Possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade física de outrem;
1. Provocar acidente de trabalho;
1. Descumprir, no regime aberto, as condições impostas;
1. Inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei.
1. Tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo.
Também deve ser aplicada quando sofre condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução, torna incabível o regime atual (II). 
- Facultativa – art. 36, § 2º, CP e art. 118, § 1º, LEP
Quando, estando no regime aberto, o apenado frustra os fins da pena ou se, podendo, não paga a multa.
Em qualquer das hipóteses, obrigatória ou facultativa, o condenado deve ser ouvido previamente (art. 118, § 2º, LEP).
É possível a regressão per salto (pular do aberto pro fechado).
Disposições especiais
§ 4º - “O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais”, além do cumprimento de 1/6 da pena e do bom comportamento.
No caso de delação premiada pela Lei de Lavagem de Capitais, a pena poderá ser reduzida e cumprida em regime aberto ou semi-aberto, a ser negociado com base na vantagem trazida pela delação, independentemente de seu tamanho.
Detração
Por meio dela é possível descontar, na pena ou medida de segurança, o tempo de prisão ou internação cumprido antes da condenação, que, a partir da lei 12.736/12, passou a também ser computado para efeitos de fixar o regime inicial de cumprimento de pena, já na sentença condenatória. Ademais, este diploma acrescenta o § 2º ao art. 387 CPP, que determina que “o tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no Brasil ou no estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime inicialde pena privativa de liberdade”.
Assim já dispunha o art. 42, CP: Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo de:
· Prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro;
· Prisão administrativa: que Bitencourt ainda entende por existente nas hipóteses de prisão nos quartéis militares, por indisciplina, bem como a prisão do extraditando enquanto aguarda a tramitação do processo perante, apesar de revogado o art. 319 CPP, que a disciplinava, visto que ainda constante do art. 387, § 2º, supracitado;
· Internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no art. 41, quais sejam hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento adequado.
Há entendimento que deve ser admitida a detração também das penas restritivas de direitos, como limitação de fim de semana e prestação de serviços à comunidade. Para Bitencourt, o mesmo se aplica às interdições temporárias de direitos. Também há entendimento que admite a detração por prisão ocorrida em outro processo, sem nexo processual, desde que por crime cometido anteriormente.
A competência para deliberar sobre a detração, que era da VEP, com o art. 1º da referida lei, passou ao juiz da condenação, de modo que a pena final fixada na sentença já terá computado a detração penal, para todos os efeitos, inclusive para a prescrição. Contudo, a competência para conhecer e julgar toda e qualquer prisão detratável, “cumprida” após a sentença condenatória, será da VEP.
Para Bitencourt, o resultado da detração, encontrado já na sentença, deve ser considerado também para o cálculo da prescrição da pretensão punitiva (que varia conforme o tamanho da pena), pois, afinal, será fixado o restante da pena a cumprir. Essa interpretação analógica encontra respaldo na previsão do art. 113 CP, o qual determina para hipótese de evasão do condenado ou de revogação de livramento condicional que a prescrição deve ser considerada pelo tempo que resta de pena.
Remição
Remir significa resgatar, abater, descontar, pelo trabalho ou estudo realizado dentro do sistema prisional (podendo ambos ser contabilizados se feitos em horários distintos – art. 126, § 3º, LEP), parte do tempo de pena a cumprir. Remição refere-se a desobrigação, resgate, e não se confunde com remissão com, que tem o significado de perdão. Ela ocorre da seguinte forma (art. 126, § 1º):
I. “1 dia de pena a cada 12 horas de frequência escolar - atividade de ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação profissional - divididas, no mínimo, em 3 dias”. A divisão das 12 horas de estudo pelos 3 dias não precisa ser aritmética, pode ser mais horas em um dia, menos em outro, desde que as doze horas sejam divididas em 3 dias, correspondendo, na média, a 4 horas por dia. O tempo remido em função das horas de estudo será acrescido de 1/3 no caso de conclusão do ensino fundamental, médio ou superior durante o cumprimento da pena, estimulando-o a concluir os estudos, desde que certificada pelo órgão competente do sistema de educação (art. 126, § 5º), que pode ser a própria unidade de ensino, sendo desnecessário que o MEC forneça essa comprovação. A remição pelo estudo, trazida por alteração legal posterior, já era aplicada ao regime fechado e semi-aberto pela sum. 341.
II. “1 dia de pena a cada 3 dias de trabalho”.
A remição pelo estudo aplica-se também ao cumprimento de pena em regime aberto e fruição de liberdade condicional (art. 126, § 6º), ao contrário da remição pelo trabalho, que continua limitada ao cumprimento de pena nos regimes fechado e semiaberto (art. 126, caput), visto que o trabalho é pressuposto para o ingresso no regime aberto, conforme entendeu o STJ no HC 189.914/RS135. Bitencourt é contrário a esta interpretação, entendendo que viola o principio da isonomia e dificulta a ressocialização do apenado em regime aberto, ao desestimular que estude. 
Ao condenado será comunicada a relação de seus dias remidos (art. 129, § 3º); ante a ausência de previsão legal do período dessa comunicação, entende-se Bitencourt, que essa comunicação deve ser anual, visto que assegurado apenado a declaração anual do restante de sanção a cumprir (art. 41, XVI, LEP).
A remição é considerada tempo de pena cumprido, para todos os efeitos (art. 128), e não somente para indulto e livramento condicional, afastando a discussão sobre ser pena cumprida ou desconto de pena a cumprir.
A doutrina sustenta que a remição deve ser concedida mesmo sem a realização do trabalho aos condenados que manifestaram interesse nele, se este não ocorrer porque o estado não ofereceu as condições necessárias, por considerá-lo um direito do condenado. 
O preso provisório (cautelarmente), que não está obrigado ao trabalho, se trabalhar ou estudar também poderá remir parte de sua futura condenação (art. 126, § 7º).
Revogar
A prática de falta grave, que antes revogava todo o tempo remido, a partir da lei 12.433/11 poderá revogar, no máximo, até 1/3 da pena remida (art. 127, § 8º), permitindo-se ao juiz uma avaliação pormenorizada e discricionária em cada caso, de acordo com a gravidade da falta. A revogação incidirá sobre o total da pena remida, somando-se a remida pelo trabalho com a remida pelo estudo. Tratando-se de norma material (visto que interfere no quantum da pena_ mais benéfica, retroage.
Prescrição de falta grave praticada após 5 anos de remição
Entende Bitencourt que como as penas são, regra geral, muito longas, se faz necessário estabelecer limite temporal para essa perda dos dias remidos, sugerindo que e adote, por analogia, a previsão do art. 64, I, CP, qual seja, que não se aplica a perda dos dias remidos se a falta grave for praticada há mais de 5 anos após conquistada a remição. Em outros termos, remição conquistada há mais de 5 anos incorpora-se aos direitos públicos subjetivos do detento, e não pode mais lhe ser subtraída, nem mesmo por eventual falta grave, ocorrendo uma preclusão ou decadência do direito do estado de aplicar a punição ao detento para suprimir-lhe um direito conquistado há mais de 5 anos. Entende o autor que a revogação de remição conquistada nos últimos 5 anos, nos termos legais (isto é, até um terço), já representa uma severa punição, violando o princípio da proporcionalidade.

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