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Direito Penal - 6º semestre - CONCURSO DE PESSOAS (fonte do material: doutrina Penal Masson)

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1
CO���R�� �E P����AS
CONCEITO: É a elaboração empreendida por duas ou mais pessoas para a
realização de um crime ou de uma contravenção penal.
REQUISITOS: Depende de 5 requisitos
1) PLURALIDADE DOS AGENTES CULPÁVEIS: depende de pelo menos 2
pessoas e consequentemente, de ao menos 2 condutas penalmente
relevantes.
Essas condutas podem ser:
A) PRINCIPAIS - No caso de coautoria
B) UMA PRINCIPAL E OUTRA ACESSÓRIA - Praticadas pelo autor e pelo
partícipe (devem ser dotados de culpabilidade)
➔ a teoria do concurso de pessoas desenvolveu-se para solucionar os
problemas envolvendo crimes unissubjetivos ou de concurso eventual (=
em regra cometidos por uma pessoa, mas que admite o concurso de
agentes).
- Nesse crime a culpabilidade dos envolvidos é fundamental, sob pena
de caracterizar autoria mediata.
➔ crimes plurissubjetivos, plurilaterais ou de concurso necessário: exige a
realização de conduta por dois ou mais agentes. A culpabilidade de todos os
coautores ou partícipes é prescindível. exemplo: crime de rixa e o crime de
associação criminosa - O crime estará caracterizado quando existir ali no
meio, pessoas sem culpabilidade, desde que algum dos envolvidos seja
culpável.
➔ crimes eventualmente plurissubjetivos: geralmente são praticados por
apenas uma pessoa, mas que têm a pena aumentada quando praticado em
concurso. Um dos envolvidos precisa ter capacidade de culpa. ex: furto
praticado por um menor de idade na companhia de um adolescente.
2
★ Nesses dois últimos, há um concurso impróprio ou concurso aparente de
pessoas, porque para o concurso de pessoas não basta a mera pluralidade
de agentes. Todos precisam ser culpáveis! Quanto o fato tiver sido
cometido por 2 pessoas e apenas uma delas for imputável, responderá
sozinho pelo delito cometido.
2) RELEVÂNCIA CAUSAL DAS CONDUTAS PARA A PRODUÇÃO DO
RESULTADO: a conduta deve ser relevante, pois sem ela a infração penal
não teria ocorrido como ocorreu. A conduta precisa influir no resultado.
Depende de uma contribuição prévia ou concomitante à execução, ou seja,
anterior à consumação.
3) VÍNCULO SUBJETIVO: todos os agentes estão ligados entre si por um
vínculo de ordem subjetiva, um nexo psicológico.
➔ Princípio da convergência: Os agentes precisam revelar vontade
homogênea, visando a produção de um mesmo resultado.
➔ Não depende do prévio ajuste entre os envolvidos. Basta a ciência por
parte de um agente para concorrer com a conduta de outrem.
➔ É consciente e voluntária cooperação
➔ é suficiente a atuação consciente do partícipe no sentido de contribuir
para a conduta do autor, ainda que desconheça a colaboração.
4) UNIDADE DE INFRAÇÃO PENAL PARA TODOS OS AGENTES:
Art. 29, CP - “Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a
este cominadas, na medida de sua culpabilidade”.
➔ Regra: Teoria unitária/monista - quem concorre para um crime, por ele
responde. ex: se 10 pessoas esfaqueiam alguém, tem-se 1 crime de
homicídio, mesmo que existam 10 coautores.
➔ Exceção: Teoria pluralista - se separam as condutas, com a criação de tipos
penais diversos para os agentes que buscam um mesmo resultado. ex:
aborto praticado por terceiro com o consentimento da gestante; corrupção
passiva e ativa, etc.
5) EXISTÊNCIA DE FATO PUNÍVEL: depende da punibilidade de um crime,
que requer, no mínimo, o início da execução.
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição
expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser
tentado.
3
AUTORIA:
TEORIAS:
A) TEORIA SUBJETIVA OU UNITÁRIA: não diferencia o autor do partícipe. Seu
fundamento repousa na teoria da equivalência dos antecedentes, pois
qualquer colaboração para o resultado, independente de seu grau, a ele deu
causa.
B) TEORIA EXTENSIVA: também não diferencia o autor do partícipe, mas é
mais suave porque admite causas de diminuição da pena para estabelecer
diversos graus de autoria.
C) TEORIA OBJETIVA OU DUALISTA: distinção entre autor e partícipe. Se
subdivide-se em outras três:
1. teoria objetivo-formal: autor é quem realiza o núcleo (verbo) do tipo penal, ou
seja, a conduta criminosa descrita pelo preceito primário da norma
incriminadora. E o partícipe é quem, de qualquer modo, concorre para o crime,
sem praticar o núcleo do tipo. (É a teoria adotada, mas deve ser
complementada pela teoria da autoria mediata).
ex: quem efetua disparos de revólver em alguém, matando-o, é autor do crime de
homicídio. E aquele que empresta arma de fogo para essa finalidade é partícipe
de tal crime.
2. teoria objetivo-material: autor é quem presta a contribuição objetiva mais
importante para a produção do resultado, e não necessariamente aquele que
realiza no núcleo do tipo penal. Partícipe é quem concorre de forma menos
relevante.
3. teoria do domínio do fato: criada por Hans Welzel - ocupa posição
intermediária entre as teorias objetiva e subjetiva.
Autor é quem possui controle sobre o domínio final do fato, quem domina o trâmite
do crime e decide sobre sua prática, suspensão, interrupção e condições.
➔ O conceito de autor compreende:
A) autor propriamente dito: pratica o núcleo do tipo penal.
B) autor intelectual: aquele que planeja mentalmente a empreitada criminosa.
ex: o líder de uma organização criminosa, que dentro do presídio, determina
a prática de crime por seus seguidores.
4
C) autor mediato: se vale de um inculpável ou de pessoa que atue sem dolo ou
culpa para cometer a conduta criminosa.
D) coautores: o núcleo do tipo penal é realizado por dois ou mais agentes.
➔ Essa teoria também admite a figura do Partícipe.
PARTÍCIPE: No campo da teoria do domínio do fato, é quem de qualquer modo
concorre para o crime, desde que não realize o núcleo do tipo penal nem possua o
controle final do fato. É um simples concorrente acessório. Só possui o domínio da
vontade da própria conduta.
➔ a teoria do domínio do fato só tem aplicação no campo dos crimes dolosos.
Não se encaixa nos crimes culposos, pois não se pode conceber o controle
final de um fato não desejado pelo autor de sua conduta.
➔ é indispensável a individualização da conduta de todos os envolvidos na
empreitada criminosa, com a demonstração do dolo de cada um deles.
PUNIBILIDADE NO CONCURSO DE PESSOAS: Todos os que concorrem para um
crime, por ele respondem. Há pluralidade de agentes e unidade do crime. ex: quatro
indivíduos cometeram, em concurso, um crime de homicídio simples (CP, art. 121,
caput). Estarão sujeitos às penas de 6 a 20 anos de reclusão.
➔ A identidade do crime não importa em identidade de penas.
➔ Responderão na medida de sua culpabilidade (art. 29). As penas vão ser
individualizadas no caso concreto.
➔ Um reincidente e portador de antecedentes sofrerá uma reprimenda mais
elevada do que imposta a um réu primário, sem antecedentes criminais.
➔ Um autor não necessariamente vai ser punido mais gravemente do que um
partícipe. O fator decisivo é o caso concreto, levando em conta a
culpabilidade do agente. ex: autor intelectual, que sem a sua ideia, o crime
não ocorreria.
COOPERAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA: Art. 29- § 2º - Se algum dos
concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste;
essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o
resultado mais grave.
*concorrente: engloba tanto autor como partícipe.
1ª PARTE: Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave,
ser-lhe-á aplicada a pena deste;
5
Dois ou mais agravantes cometeram dois ou mais crimes. Em relação a algum deles
- o mais grave - entretanto, não estavam ligados pelo vínculo subjetivo, isto é, não
tinham unidade de propósitos quanto à produção do resultado.
➔ ex: A e B combinam a prática do furto de um automóvel que estava
estacionado em via pública. Chegam ao local, e quando tentavam abrir a
porta do veículo, surge seu proprietário. A foge, mas B, que trazia consigo um
revólver, circunstância que não havia comunicado seu comparsa, atira na
vítima, matando-o. Nesse caso, A responde apenas pela tentativa defurto e
B pelo latrocínio consumado.
- O vínculo subjetivo só existia perante o crime consumado.
2ª PARTE: essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido
previsível o resultado mais grave.
➔ O agente continua a responder somente pelo crime menos grave, embora
com a pena aumentada até a metade.
➔ ex: Mesma situação anterior, mas A sabia que B andava sempre com arma e
já tinha matado diversas pessoas. Se não concorreu para o resultado mais
grave, pois não quis dele participar, responde pela tentativa de furto, com a
pena aumentada da metade, em face da previsibilidade do latrocínio.
➔ Essa previsibilidade deve ser auferida com base na figura do homem médio,
ou seja, quando sua previsão era possível a um ser humano dotado de
prudência razoável e inteligência comum.
MODALIDADES DE CONCURSO DE PESSOAS:
a) COAUTORIA: existência de 2 ou mais autores unidos entre si pela busca do
mesmo resultado. ex: A e B, efetuam disparos de arma de fogo contra C,
causando sua morte.
1) COAUTORIA PARCIAL: diversos agentes praticam resultados
diversos, que somados, produzem o resultado almejado. EX: A segura
a vítima e B a esfaqueia, acarretando a sua morte.
2) COAUTORIA DIRETA: os agentes realizam atos iguais. EX: A e B
golpeiam C com uma faca, matando-o.
➔ COAUTORIA EM CRIMES PRÓPRIOS: são aqueles que o tipo penal exige
uma situação de fato ou de direito por parte do sujeito ativo. Apenas quem
reúne as condições especiais previstas em lei, pode praticá-lo. ex: Peculato.
Pode haver SIM coautoria.
ex: 2 funcionários públicos subtraem bens pertencentes à ADM Pública.
(Também pode ser a situação de um funcionário público + um não funcionário
público. Ambos respondem por peculato).
6
➔ COAUTORIA EM CRIMES DE MÃO PRÓPRIA: somente podem ser
praticados pelo sujeito expressamente indicado pelo tipo penal. ex: falso
testemunho.
É incompatível com a coautoria.
Exceção: crimes de falsa perícia praticado em concurso por dois ou mais
peritos (crime de mão própria cometido em coautoria).
➔ EXECUTOR DE RESERVA: É o agente que acompanha, presencialmente, a
execução da conduta típica, ficando à disposição caso seja necessário
intervir.
- Se intervir: Coautor
- Não intervir: Partícipe
ex: A munido de uma faca, B com um revólver. Quando C passa, A parte para
matá-lo e fica de tocaia.
★ COAUTORIA SUCESSIVA: conduta iniciada em autoria única, se consuma
com a colaboração de outra pessoa, mas sem prévio e determinado ajuste.
EX: Um dos agentes golpeou a vítima com socos e pontapés na cabeça,
jogando-a no chão, e mais adiante seu companheiro, atinge-a outra vez na
cabeça com uma espingarda. Respondem ambos, em coautoria sucessiva,
pelo resultado de lesões corporais graves.
★ COAUTORIA EM CRIMES OMISSIVOS: há duas posições:
1) É possível: sejam eles próprios ou impróprios.
● Cezar Roberto Bitencourt filia-se a essa corrente: ex → duas pessoas
podem, caminhando pela rua, deparar-se com outra, ferida, em busca
de ajuda. Associadas, uma conhecendo a conduta da outra e até
havendo incentivo recíproco, resolvem ir embora. São coautoras do
crime de omissão de socorro.
2) Não é possível: Não admite a coautoria em crimes omissivos, qualquer que
seja a sua natureza.
★ AUTORIA MEDIATA: o CP não disciplina isso expressamente. É uma
construção doutrinária. O sujeito se utiliza de uma pessoa inculpável que atua
sem dolo ou culpa. Há dois sujeitos nessa relação:
1. autor mediado → quem ordena a prática do crime;
2. autor imediato → executa a conduta criminosa.
7
exemplo: A desejando matar sua esposa, entrega arma de fogo para B (criança de
pouca idade), dizendo-lhe, que se apertar o gatilho na cabeça da mulher, lhe dará
balas.
→ A pessoa que atua sem discernimento é apenas instrumento do crime.
→ Inexiste vínculo subjetivo (requisito para a configuração do concurso de
pessoas).
→ Não há, portanto, concurso de pessoas!
OBS - ATENÇÃO: nada impede que haja coautoria mediata e participação na
autoria mediata.
★ → Coautoria mediata - ex: A e B, pedem para C (inimputável), que mate
alguém.
★ → Participação na autoria mediata: A induz B (ambos inimputáveis), a pedir
a C, menor de idade, a morte de outra pessoa.
O CP prevê 5 situações que pode ocorrer a autoria mediata:
- menoridade, embriaguez ou doença mental
- coação moral irresistível
- obediência hierárquica
- erro de tipo escusável, provocado por terceiro
- erro de proibição escusável, provocado por terceiro
★ AUTORIA MEDIATA E CRIMES CULPOSOS: É incompatível com os crimes
culposos, porque, nesses crimes, o resultado naturalístico é
involuntariamente produzido pelo agente. Não se pode conceber a utilização
de um inculpável ou de pessoa sem dolo ou culpa para funcionar como
instrumento do crime se o agente não quer que o resultado acontece. Autoria
mediata só pode ser crime doloso.
★ AUTORIA MEDIATA, CRIMES PRÓPRIOS E DE MÃO PRÓPRIA:
→ Crimes próprios = Sim, pode ter autoria mediata, desde que o autor
mediato detenha todas as qualidades ou condições pessoais reclamadas
pelo tipo penal. (ex: peculato).
→ Autoria mediata = Incompatível com os crimes de mão própria, porque a
conduta só pode ser praticada pela pessoa diretamente indicada no tipo
penal. Não pode ter sua execução delegada a outrem (ex: crime de falso
testemunho).
**Pode haver exceções no caso concreto, exemplo, testemunha que foi
coagida a prestar falso testemunho para beneficiar o autor da ação. Somente
será punido o autor da coação, sendo este, um caso de autoria mediata.
8
★ AUTORIA POR DETERMINAÇÃO: quem se vale de outro, que não realiza
conduta punível, por ausência de dolo, em um crime de mão própria, ou
ainda o sujeito que não reúne as condições legalmente exigidas para a
prática de um crime próprio, quando se utiliza de quem possui tais qualidades
e se comporta de forma atípica, acobertado por uma causa de exclusão da
ilicitude ou da culpabilidade.
- Deve ser imputado ao autor da determinação o resultado produzido,
pois a ele de qualquer modo concorreu.
- ex: pode ser autor aquele que, sem ser funcionário, vale-se de um
funcionário público para cometer um delito de corrupção passiva,
quando o funcionário age em erro de tipo, por exemplo.
★ AUTORIA DE ESCRITÓRIO: o agente que transmite a ordem a ser
executada por outro autor direto, dotado de culpabilidade e possível de ser
substituído a qualquer momento por outra pessoa, no âmbito de uma
organização ilícita de poder.
- ex: líder do PCC ou do Comando Vermelho, dá ordens a serem seguidas por
seus comandados. É ele o autor de escritório, com poder hierárquico sobre
seus “soldados”.
- Muito comum nos grupos terroristas.
- caracterizado pela fungibilidade de seus membros (se a pessoa determinada
não cumpre a ordem, outro a cumprirá).
★ TEORIA DO DOMÍNIO DA ORGANIZAÇÃO: teoria apresentada por Claus
Roxin (penalista alemão). Amplia o alcance da autoria mediata, para legitimar
a responsabilização do autor direto do crime, bem como do seu mandante,
quando presente uma relação de subordinação entre eles, no âmbito de uma
estrutura organizada de poder ilícito.
★ AUTORIA POR CONVICÇÃO: quando o agente tem conhecimento da norma
penal, mas decide transgredi-la por questões de consciência política, religiosa
filosófica ou de qualquer outra natureza.
- ex: mãe de uma criança que por motivos religiosos impede a transfusão de
sangue capaz de salvar a vida do seu filho, acarretando responsabilização
por crime de homicídio, em face da omissão penalmente relevante.
b) PARTICIPAÇÃO
➔ O sujeito não realiza diretamente o núcleo do tipo penal, mas de qualquer
modo concorre para o crime. Qual tipo de colaboração, relacionada à prática
9
do verbo contido na descrição da conduta criminosa. ex: é partícipe de um
homicídio aquele que, ciente do propósito criminoso do autor, empresta uma
arma municiada para ser utilizada na execução do delito.
ESPÉCIES:
A) MORAL: induz ou instiga terceira pessoa a cometer uma infração penal. ex: A
narra para B sua inimizade com C, induzindo a matar o desafeto.
→ O induzimento e a instigação devem ser relacionados à práticade um
crime determinado e direcionado a pessoa ou pessoas determinadas.
B) MATERIAL: sujeito presta auxílio ao autor da infração penal. Consiste em
facilitar, viabilizar materialmente a execução. ex: leva o autor ao local da
emboscada com a finalidade de assegurar a prática de um crime de
homicídio. O partícipe que presta auxílio é chamado de cúmplice.
→ O auxílio pode ser atos preparatórios ou executórios, mas nunca após a
consumação, salvo se ajustado previamente.
PUNIÇÃO DO PARTÍCIPE - TEORIAS DA ACESSORIEDADE:
Casos de impunibilidade
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição
expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser
tentado.
➔ Para a punição do partícipe, portanto, deve ser iniciada a execução do crime
pelo autor. Exige-se, pelo menos, a figura da tentativa.
TEORIAS (essas são as mais utilizadas, mas o CP não adotou expressamente
nenhuma dessas teorias).
*Em provas de concurso prefere-se a da acessoriedade máxima:
a) acessoriedade limitada: é suficiente para a punição do partícipe que o autor
tenha praticado fato ilícito e típico.
exemplo: A contrata B (inimputável) para matar C. O contratado cumpre sua
missão. Estaria presente o concurso de pessoas.
B =AUTOR
A =PARTÍCIPE.
Problema: essa posição não resolve os problemas da autoria mediata. No exemplo,
A e B não tem vínculo subjetivo.
b) acessoriedade máxima: para a punição do partícipe, precisa do fato típico e
ilícito praticado por um agente culpável.
10
exemplo: A contrata B (imputável), para dar cabo a vida de C, o que se concretiza.
B = AUTOR DO CRIME
A = PARTÍCIPE
ACESSORIEDADE LIMITADA → Fato típico + ilícito
ACESSORIEDADE MÁXIMA → Fato típico + ilícito + praticado por
agente culpável
★ PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA: Art. 29, § 1º - Se a
participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um
sexto a um terço.
→ Se provado que a participação do réu foi de menor importância, o
magistrado deve diminuir a pena. Magistrado apenas tem discricionariedade no
montante da redução.
→ A diminuição da pena relaciona-se a sua participação , isto é, ao
comportamento adotado pelo sujeito, e não a sua pessoa (se tem antecedentes ou
não).
→ Não é possível haver diminuição da pena ao coautor, porque tem papel
decisivo no deslinde da infração penal.
→ Esse dispositivo legal não se aplica ao autor intelectual, embora seja
partícipe, pois, se arquitetou o crime, evidentemente a sua participação não é de
menor importância.
★ PARTICIPAÇÃO IMPUNÍVEL: Art. 31 - O ajuste, a determinação ou
instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são
puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.
A imputabilidade não deve ser prevista ao agente, mas ao fato.
- Ajuste: acordo traçado entre duas ou mais pessoas;
- Determinação: foi decidido por alguém, almejando uma finalidade específica;
- Instigação: reforço para realização de algo a que uma pessoa já estava
determinada a fazer.
- Auxílio: colaboração material prestada a alguém para atingir um objetivo.
Obs: Todos devem se dirigir a uma pessoa ou pessoas determinadas.
Essa regra decorre do caráter acessório da participação: o comportamento
do partícipe só adquire relevância penal se o autor (conduta principal) iniciar a
execução do crime. E para fazê-lo, deve ingressar na esfera da tentativa (art. 14, II).
exemplo: Não é punível o simples ato de contratar pistoleiro profissional para matar
11
alguém. A conduta do partícipe (encomendar a morte) somente será punível se o
contratado praticar atos de execução de homicídio.
SALVO DISPOSIÇÃO EM CONTRÁRIO: em situações taxativamente
previstas em lei, é possível a punição do ajuste, da determinação, da
instigação e do auxílio como crime autônomo. ex: crime de associação
criminosa (art. 288, CP).
★ PARTICIPAÇÃO POR OMISSÃO: É possível, desde que o omitente, além de
poder agir no caso concreto, tivesse ainda o dever agir de impedir o resultado
(art. 13, §2º).exemplo: é partícipe do furto o policial militar que presencia
subtração de bens de uma pessoa e não faz nada porque estava fumando
cigarro e não queria apagá-lo.
★ CONIVÊNCIA: é participação negativa. O sujeito não está vinculado a
conduta criminosa e não possui o dever de agir para impedir o resultado.
exemplo: transeunte assiste o roubo de uma pessoa desconhecida e nada
faz.
★ PARTICIPAÇÃO SUCESSIVA: um mesmo sujeito é instigado, induzido ou
auxiliado por duas ou mais pessoas, cada qual desconhecendo o
comportamento alheio, para executar uma infração penal. ex: A sugere a B a
prática de roubo para quitar suas dívidas bancárias. Depois de refletir e sem
contar a origem, consulta C que o estimula a agir. B pratica o roubo.
A e C serão partícipes no crime, pois para ele concorreram.
→ A participação sucessiva deve ter sido capaz de influir no processo
criminoso. Será inócua se for posterior.
★ PARTICIPAÇÃO EM CADEIA/PARTICIPAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO:
A induz B → a instigar C a emprestar arma de fogo a → D para que mate → E
(devedor e desafeto de todos).
A, B e C respondem pelo homicídio, na condição de partícipes, pois concorreram
para o crime que teve D como autor.
★ PARTICIPAÇÃO EM AÇÃO ALHEIA (de terceira pessoa): com elemento
subjetivo distinto, quando a lei cria para a situação dois crimes diferentes,
mas ligados um ao outro.
- Aquele que colabora para a conduta alheia responde por crime culposo
- Autor, que age com consciência e vontade, por crime doloso.
São dois crimes autônomos, embora dependentes entre si. Exemplo: um
funcionário público que esquece aberta a janela do seu gabinete. Aproveitando
12
disso, um particular que passava pela rua ingressa na repartição pública e de lá
subtraiu um computador, pertencente ao Estado. Funcionário público responde por
peculato culposo e o particular por furto.
→ Não há concurso de pessoas, em face da ausência do liame subjetivo.
CIRCUNSTÂNCIAS INCOMUNICÁVEIS - ART. 30, CP
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter
pessoal, salvo quando elementares do crime
São as que se não se estendem, não se transmitem aos coautores ou partícipes de
uma infração penal, pois se referem exclusivamente a determinado agente.
ELEMENTARES X CIRCUNSTÂNCIAS
- Elementares: dados fundamentais de uma conduta criminosa. No homicídio
simples, as elementares são “matar” e “alguém”.
- Circunstâncias: são os fatores que agregam ao tipo fundamental, para o fim
de aumentar ou diminuir a pena. Ex: “motivo torpe”.
Excluindo-se uma elementar, o fato se torna atípico. A exclusão de uma
circunstância tem o condão de apenas aumentar ou diminuir a pena de uma infração
penal.
ESPÉCIES DE ELEMENTARES E CIRCUNSTÂNCIAS:
A) PESSOAL: se relacionam a pessoa do agente e não ao fato por ele
praticado. ex: condição de funcionário público, no peculato.
B) OBJETIVO: diz respeito ao fato, a infração penal cometida.
CONDIÇÕES DE CARÁTER PESSOAL: São as qualidades, os aspectos subjetivos
inerentes a determinado indivíduo. É o caso da reincidência e da condição de menor
de 21 anos.
REGRAS DO ART. 30
1. As circunstâncias e as condições de caráter pessoal não se
comunicam. exemplo: A ao chegar na sua casa, constata que sua filha foi
estuprada por B. Por motivo de relevante valor moral, contrata C, pistoleiro
profissional, para matar o estuprador.
A responde por homicídio privilegiado e C por homicídio qualidade por motivo
torpe. O relevante valor moral é circunstância pessoal exclusiva de A e
jamais se transfere a C, por mais que C não concorde com o estupro.
2. Comunicam-se as circunstâncias qualificadoras de caráter real, ou
objetivas: A contrata B para matar C. B informa A que fará uso de meio cruel
e A concorda. Ambos respondem pelo crime do art. 121, §2º, III, CP.
13
Se, todavia, A não tivesse ciência, somente B teria imputada a qualificadora.
3. Comunicam-se as elementares, sejam objetivas ou subjetivas: exige-se
que as elementares tenham entrado no âmbito do conhecimento de todos os
agentes, para afastar a responsabilidadepenal objetiva. exemplo: A
funcionário público, convida B, para em concurso subtraírem um computador
que se encontra na repartição pública em que trabalha. Ambos respondem
por peculato-furto ou peculato impróprio, pois a elementar “funcionário
público” transmite-se para B.
Entretanto, se B não conhecesse a condição funcional de A, responderia
somente por furto, evitando a responsabilidade penal objetiva.
ELEMENTARES PERSONALÍSSIMAS E A QUESTÃO DO ESTADO PUERPERAL
NO INFANTICÍDIO: Nélson Hungria sustenta que todos os terceiros que concorrem
para um infanticídio por ele também respondem. Seja qual for a natureza da
elementar, é necessário que se estendem a todos os coautores e partícipes.
(Posição atualmente pacífica).
EXCESSO NO MANDATO CRIMINAL: Alguém (partícipe) delibera sobre a prática
de uma infração penal e transmite a outrem (autor) a tarefa de executá-lo. Pode
ocorrer falta de coincidência entre a vontade do partícipe e o comportamento do
autor.
Atualmente a questão deve ser solucionada com base cooperação dolosamente
distinta e à comunicabilidade das elementares e circunstâncias desde que tenham
ingressado na esfera de conhecimento de todos os agentes.
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na
medida de sua culpabilidade.
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a
pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o
resultado mais grave.
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo
quando elementares do crime.
QUESTÕES DIVERSAS:
- Autoria colateral (coautoria imprópria): quando duas ou mais pessoas intervém
na execução de um crime, buscando igual resultado, embora cada um deles ignore a
conduta alheia. ex: A e B se escondem atrás de uma arma, cada uma portando uma
arma distinta e ambos atiram contra C. O exame necroscópico revela que os
disparos que mataram C foram originados de A. Logo, não há concurso de pessoas
14
por ausência de vínculo subjetivo entre A e B. Portanto, cabe um responde pelo
crime que lhe deu causa. A por homicídio consumado e B por tentativa de homicídio.
- Autoria incerta: quando mais de uma pessoas é indicada como autora do crime,
mas não se apura com precisão qual foi a conduta que efetivamente produziu o
resultado. Como não há concurso de pessoas, ambos devem responder por
tentativa de homicídio.E por não saber quem de fato provocou a morte da vítima,
não se pode responsabilizar qualquer um deles pelo homicídio consumado,
aplicando-se o princípio do in dubio pro reu.
- Autoria desconhecida: não se sabe quem foi seu autor. Não há provas do
responsável pelo delito. (Nesse ponto se diferencia da autoria incerta, pois nela
conhecem-se os envolvidos em um crime, mas não se pode afirmar com precisão
quem deu causa).
CONCURSO DE PESSOAS E CRIMES DE AUTORIA COLETIVA: Como os crimes de
violência praticados por torcidas organizadas nos estádios de futebol; rebeliões em
presídios; invasões de propriedades rurais, etc.
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que:
I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes;
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
III - ter o agente:
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.
Ou seja, quem provoca o tumulto tem a pena agravada, enquanto os que agem sobre o
fluxo da multidão, se não a iniciou, merece o abrandamento da punição.
A integração a multidão criminosa é por si só suficiente para demonstrar o vínculo subjetivo
entre os agentes, caracterizando o concurso de pessoas. Para Mirabete, todos respondem
pelo resultado produzido.
→ Denúncia geral: Tem-se entendido que nos crimes de autoria coletiva, apesar de não
descrever minuciosamente as atuações individuais dos acusados, existe um liame entre o
seu agir e a suposta prática delituosa. A Jurisprudência do STJ vem admitindo,
excepcionalmente, em crimes de autoria coletiva, que o titular da ação penal descreve os
fatos de forma geral.
CONCURSO DE PESSOAS E CRIMES CULPOSOS: Crime culposo é aquele que o
agente, deixando de observar o dever objetivo de cuidado, por imprudência, negligência ou
imperícia, realiza voluntariamente uma conduta que produz um resultado indesejado.
A) COAUTORIA: Admitida no concurso de pessoas. ex: quando duas ou mais pessoas
agem por imprudência.
15
B) PARTICIPAÇÃO: Rejeita a possibilidade de participação em crimes culposos. Não
existe diferença entre autores e partícipes nos crimes culposos, todos são autores.
TE���A ��R�� �A P���
→ PE��: AS���T�� �ER���
SANÇÃO PENAL: É a resposta estatal, no exercício do ius puniendi e após o
devido processo legal, ao responsável pela prática de um crime ou de uma
contravenção penal. Espécies:
1. Penas: precisa de culpabilidade do agente. P/ os imputáveis aos
semi-imputáveis, sem periculosidade.
2. Medidas de segurança: tem como pressuposto a periculosidade. P/ os
inimputáveis e aos semi-imputáveis dotados de periculosidade. No lugar da
punição, haverá “especial tratamento curativo”.
3. Reparação do dano causado à vítima. exemplo: composição dos danos civis
nos crimes de menor potencial ofensivo (art. 74, p.u. da Lei 9. 009/95).
CONCEITO: reação que uma comunidade politicamente organizada opõe a um fato
que viola o que está definido na lei como crime. É a reação contra o crime. Era
violenta e impulsiva nos primeiros tempos, mas ela vai se disciplinando com o
progresso das relações humanas.
→ É a espécie de sanção penal consistente na privação ou restrição de
determinados bens jurídicos do condenado, aplicada pelo Estado em decorrência do
cometimento de uma infração penal, com a finalidade de castigar seu responsável,
readaptá-lo em ao convívio em comunidade e, evitar a prática de novos crimes e
contravenções penais (MASSON, Cleber).
PRINCÍPIOS:
A) PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL OU DA ESTRITA LEGALIDADE: Nulla
poena sine lege → somente a lei pode cominar a pena.
Art. 1º, CP - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.
Art. 5º, XXXIX, CF - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
legal;
B) PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE: nulla poena sine praevia lege → a lei que
comina a pena deve ser anterior ao fato que se pretende punir.
16
Art. 5º, XXXIX, CF - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
legal;
C) PR. DA PERSONALIDADE, INTRANSMISSIBILIDADE,
INTRANSCENDÊNCIA OU RESPONSABILIDADE PESSOAL: a pena não
pode ultrapassar a pessoa do condenado. É possível, porém, que a
obrigação de reparar o dano, sejam estendidos aos seus sucessores e contra
eles executadas até o limite do valor do patrimônio transferido.
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles
executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
D) INDERROGABILIDADE OU INEVITABILIDADE: Se presentes todos os
requisitos necessários para a condenação, não pode deixar de ser aplicada e
integralmente cumprida. É, contudo, mitigada por alguns institutos penais,
como por exemplo, a prescrição.
E) INTERVENÇÃO MÍNIMA: a pena é legítima nos casos estritamente
necessários para a tutela de um bem jurídico penalmente reconhecido.
F) HUMANIDADE OU HUMANIZAÇÃO DAS PENAS: a pena deve respeitar os
direitos fundamentais do condenado.
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
G) PROPORCIONALIDADE: a resposta penal precisa ser justa e suficiente para
reprovação do ilícito e para prevenir novas infrações penais. Deve existir
correspondência entre o ilícito cometido e o grau da sanção penal imposta,
levando-se em contao aspecto subjetivo do condenado.
H) INDIVIDUALIZAÇÃO: leva em conta os aspectos subjetivos e objetivos do
crime.
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TEORIAS E FINALIDADES:
TEORIA FINALIDADE DA PENA
ABSOLUTA Finalidade da pena é retributiva.
A pena desponta como a retribuição
estatal justa ao mal injusto provocado
pelo condenado. Chamada de absoluta
porque esgota-se em si mesma, ou
seja, independe de qualquer finalidade
prática. Pune-se simplesmente como
retribuição a prática do ilícito penal. A
pena é um castigo.
RELATIVA Fins da pena são estritamente
preventivos. Isto é, evitar a prática de
novas infrações penais. É irrelevante a
imposição do castigo ao condenado.
Busca-se diminuir a violência e evitá-la.
Preocupa-se também com a
ressocialização.
MISTA OU UNIFICADORA Dupla finalidade: retributiva e
preventiva. Foi a teoria acolhida pelo
Art. 59, CP.
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade,
aos antecedentes, à conduta social, à
personalidade do agente, aos motivos, às
circunstâncias e conseqüências do crime,
bem como ao comportamento da vítima,
estabelecerá, conforme seja necessário e
suficiente para reprovação e prevenção
do crime.
TEORIA AGNÓSTICA Descrença nas finalidades da pena e do
poder punitivo do Estado. Única função
da pena seria a neutralização do
condenado.
FUNÇÃO SOCIAL DA PENA: a pena deve atender os anseios da sociedade,
consistentes na tutela de bens jurídicos indispensáveis para a manutenção e o
18
desenvolvimento do indivíduo e da coletividade, combatendo a impunidade e
recuperando os condenados para o convívio social.
FUNDAMENTOS DA PENA (objetivos que se busca alcançar com a sua
aplicação):
a) Retribuição: o crime deve ter a pena que merece
b) Reparação: conferir algum tipo de recompensa à vítima do delito, com
assistência e reparação do dano.
c) Denúncia: reprovação social à prática do crime ou contravenção penal.
d) Incapacitação: priva-se a liberdade do condenado, retirando-o do convívio
social para a proteção das pessoas de bem.
e) Reabilitação: a pena precisa restaurar o criminoso, tornando-o útil em
sociedade. Funciona como meio educativo, de reinserção social, e não
punitivo.
f) Dissuasão: busca convencer as pessoas em geral, e também o condenado,
de que o crime é uma tarefa desvantajosa e inadequada.
COMINAÇÃO DAS PENAS:
Art. 53 - As penas privativas de liberdade têm seus limites estabelecidos na sanção
correspondente a cada tipo legal de crime.
Exemplo: o art. 155 prevê, para o furto simples, o limite mínimo de 1 e máximo de 4 anos de
reclusão.
Modalidades de cominação em nosso sistema penal:
1) Isoladamente: cominação de uma única pena. exemplo: Art. 121, CP.
“Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos.”
2) Cumulativamente: o tipo penal prevê duas espécies de penas.
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
3) Paralelamente: 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casamento: Pena -
reclusão, de dois a seis anos. § 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai
casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é punido com
reclusão ou detenção, de um a três anos.
4) Alternativamente: a lei coloca à disposição do magistrado a aplicação única de duas
espécies de pena. Há duas opções, mas o julgador somente pode aplicar uma delas.
ex: art. 140, caput, CP, com penas de detenção ou multa.
CLASSIFICAÇÃO DAS PENAS:
1) Quanto ao bem jurídico do condenado atingido pela reação estatal (pena)
A pena pode ser dividida em cinco espécies:
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1. Pena privativa de liberdade: retira do condenado o seu direito de locomoção, por
prisão de tempo determinado. Não se admite privação perpétua de liberdade. (Art.
5º, XLVII - não haverá penas:b) de caráter perpétuo;)
A prisão de tempo determinado pode atingir no máximo 40 anos para os crimes (Art. 75, CP.
O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40
(quarenta) anos) ou de 5 anos para Contravenções Penais (LCP, Art. 10).
2. Pena restritiva de direitos: limita um ou mais direitos do condenado.
Art. 43. As penas restritivas de direitos são:
I - prestação pecuniária;
II - perda de bens e valores;
III - limitação de fim de semana.
IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;
V - interdição temporária de direitos;
VI - limitação de fim de semana.
3. Pena de multa: incide sobre o patrimônio do condenado.
4. Pena restritiva de liberdade: restringe o direito de locomoção do condenado, sem
privá-lo da liberdade, ou seja, sem submetê-lo à prisão.
Art. 5º. XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade; → ou seja, a CF permite a pena restritiva de liberdade.
Exemplo: proibir o condenado por crime sexual de aproximar-se da residência da vítima.
5. Pena corporal: viola a integridade física do condenado. ex: açoite, mutilação. São
vedadas pela CF. → Art. 5. XLVII - não haverá penas: e) cruéis;
2) Quanto ao critério constitucional
PERMITIDAS: XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as
seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
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d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
PENAS PROIBIDAS: XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
3) Quanto ao critério adotado pelo Código Penal:
Art. 32 - As penas são:
I - privativas de liberdade;
II - restritivas de direitos;
III - de multa.
21
→ PE�� �R��A��V� �E ��B���AD�
CONCEITO: É a modalidade de sanção penal que retira do condenado o seu direito
de locomoção, em razão da prisão por tempo indeterminado.
→ ART. 33
ESPÉCIES:
- Crimes → Reclusão e detenção
- Contravenções penais → Prisão simples
REGIMES PENITENCIÁRIOS:
- Fechado: pena privativa de liberdade executada em estabelecimento de segurança
máxima ou média;
- Semiaberto: executada em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar;
- Aberto: executada em casas de albergado ou estabelecimento adequado.
FIXAÇÃO DO REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DA PENA PRIVATIVA DE
LIBERDADE:
Três fatores sempre devem ser levados em conta na escolha do regime inicial de
cumprimento da pena privativa de liberdade:
- reincidência
- quantidade de pena
- circunstâncias judiciais
É o juiz sentenciante que fixa qual o regime inicial de cumprimento de pena privativa:
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do
agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da
vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;(Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;(Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se
cabível.
Na hipótese de concurso de crimes, leva-se em conta o total das penas impostas, somada
ou exasperadas de determinado percentual. Mas, se durante a execução penal surgirem
outras condenações criminais transitadas em julgado, o juízo da execução deverá somar o
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art59
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art59
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art59
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art59
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art59
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art5922
restante da pena objeto da execução com as novas penas, estabelecendo, em seguida, o
regime de cumprimento total das reprimendas.
REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE E CRIMES
HEDIONDOS: (Tráfico de drogas, tortura e terrorismo) → a CF determina que a pena
privativa de liberdade seja inicialmente cumprida em regime fechado, independentemente
da quantidade e do perfil subjetivo do réu (primariedade, reincidência e circunstâncias
judiciais). A Lei de Crimes Hediondos não reserva ao magistrado discricionariedade para a
fixação do regime prisional.
→ Todavia, o STF declarou inconstitucional para os crimes de drogas e de terrorismo (mas
reputa como constitucional para o crime de tortura), devido aos princípios da
individualização da pena e da proporcionalidade.
TRÁFICO DE DROGAS PRIVILEGIADO E A LEI DOS CRIMES HEDIONDOS:
Está tipificado pela Lei 11.342/2006 e existe a possibilidade da pena ser diminuída de ⅙ a ⅔,
desde que estejam presentes os 4 requisitos cumulativos:
1. primariedade
2. bons antecedentes
3. não se dedicar a atividades criminosas
4. não integrar organizações criminosas.
→ O STF decidiu que o crime de tráfico privilegiado não tem natureza de crime hediondo.
COMPETÊNCIA PARA EXECUÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE: juízo das
execuções penais (art. 1º).
→ SÚMULA 192, STJ: Compete ao Juízo das Execuções Penais do Estado a execução das
penas impostas a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos
a estabelecimentos sujeitos à administração estadual.
→ As decisões proferidas pelo juízo da execução comportam o recurso de agravo (segue
rito arts. 581 e seguintes do CPP). É de 5 dias a interposição do agravo (Súmula 700 do
STF).
→ PE�� �� RE���SÃO
➔ Deve ser inicialmente cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto.
➔ Critérios para determinação do regime:
a) REINCIDENTE: inicia em regime fechado, independentemente da quantidade
de pena aplicada.
→ SÚMULA 269, STJ: É admissível a adoção do regime prisional
semi-aberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se
favoráveis as circunstâncias judiciais. (Essa súmula ameniza a regra).
b) PRIMÁRIO: Pena < inferior a 8 anos = começa a cumprir no regime fechado
23
c) PRIMÁRIO: Pena > superior a 4 anos e < não exceda a 8. = poderá começar
a cumprir em regime semi-aberto.
d) PRIMÁRIO: Pena inferior ou igual <= a 4 anos poderá, desde o início,
cumprir em regime aberto.
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o
mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência
a regime mais rigoroso:
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime
fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8
(oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá,
desde o início, cumpri-la em regime aberto.
§ 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância
dos critérios previstos no art. 59 deste Código; → Nada impede, por exemplo, a fixação do regime
fechado a condenado primário condenado a 5 anos de reclusão, se as circunstâncias judiciais
do art. 59, caput, lhe forem desfavoráveis.
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade
do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao
comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e
prevenção do crime:
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se
cabível.
§ 4o O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do
cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do
ilícito praticado, com os acréscimos legais.
SÚMULA 718, STF: A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui
motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena
aplicada.
SÚMULA 719, STF: A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada
permitir exige motivação idônea.
→ Ou seja, para aplicar regime mais severo, o magistrado necessita fundamentar exaustivamente a
sua escolha.
24
→ PE�� �� DE���ÇÃO
➔ Deve ser cumprida inicialmente em regime semiaberto ou aberto (art. 33, caput).
➔ Não se admite o início do cumprimento em regime fechado, mas pode ocorrer a
regressão para esse regime.
CRITÉRIOS PARA FIXAÇÃO DO REGIME INICIAL:
A) Condenado REINCIDENTE: inicia no regime semiaberto, seja qual for a quantidade
de pena aplicada;
B) Primário com pena superior a 4 anos →deverá cumprir no regime semiaberto;
C) Primário com pena igual ou inferior a 4 anos → poderá desde o início cumprir no
regime aberto.
→ PE�� �� P�I�ÃO S���L��
➔ Cabível apenas para as contravenções penais, em estabelecimento especial ou
seção especial de prisão comum, em regime semiaberto ou aberto.
➔ O condenado fica sempre separado dos condenados à pena de reclusão ou de
detenção (LCP, art. 6º, caput e §1º).
➔ Não há regime fechado, seja inicialmente ou em decorrência de regressão.
➔ O trabalho é facultativo, se a pena aplicada não excede a 15 dias.
→ RE���SÃO X ����NÇÃO
RECLUSÃO DETENÇÃO
- Inicialmente pode ser cumprida em
regime fechado, semiaberto ou
aberto
- Inicialmente somente nos regimes
semiaberto e aberto
- Aplicação cumulativa de pena:
executa a de reclusão primeiro.
←
- Pode ter como efeito a incapacidade
para o exercício do poder familiar,
da tutela ou da curatela nos crimes
dolosos cometidos contra outra
pessoa que também seja titular do
mesmo poder familiar.
- Esse efeito não ocorre.
- Acarreta na internação em caso de
imposição de medida de segurança-
- Pode haver interceptação de
comunicações telefônicas de
qualquer natureza
- O juiz pode aplicar o tratamento
ambulatorial
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PENA BASE APLICADA E O REGIME MAIS RIGOROSO:
Pergunta: quando a pena-base for fixada no mínimo legal, é possível a
aplicação de regime prisional inicial mais severo do que o admitido pela
quantidade de pena?
→ A determinação do regime inicial além da reincidência e quantidade de pena
aplicada, também depende das circunstâncias judiciais que incidem no cálculo da
pena base. Formaram-se 2 opiniões sobre o assunto:
1. Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime
prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com
base apenas na gravidade abstrata do delito (Súmula 440/STJ).
2. O cálculo da pena-base no piso legal, não induz, obrigatoriamente, a fixação
do regime prisional mais suave, uma vez que as circunstâncias do art. 59,
devem ser analisadas em dois momentos distintos: dosimetria de pena
inicialmente, e em seguida, para determinação do regime prisional.
IMPOSSIBILIDADE DE MODIFICAÇÃO, PELO JUÍZO DA EXECUÇÃO, DO
REGIME PRISIONAL EQUIVOCADAMENTE FIXADO NA DECISÃO
CONDENATÓRIA: Em respeito a coisa julgada e pela inadmissibilidade de revisão
criminal contra o réu. Exemplo: se o juízo da condenação fixar ao autor do latrocínio,
condenado a 20 anos de reclusão o regime prisional aberto (embora seja correto o
fechado), em decorrência da pena imposta e da decisão transitada em julgado, o
juízo da execução não pode mais fazer nada.
OBRIGATORIEDADE DE PRÉVIA EXECUÇÃO DAS PENAS MAIS GRAVES: A
execução penal tem início com a expedição da guia de recolhimento. As penas mais
graves devem ser executadas previamente as penas menos graves. ex: se o réu
possui mais de uma condenação, e se uma delas for consequência da prática de
crime hediondo ou equiparado, deve ser a pena resultante dessa condenação
executada em primeiro lugar.→ P�O�R���ÃO D� ���IM� ���SI����:
O Brasil adotou o SISTEMA PROGRESSIVO OU INGLÊS (Art. 33, §2º e o Art. 112, caput da LEP).
Entretanto, esse sistema não foi integralmente acolhido, pois existem algumas modificações.
1. NO REGIME FECHADO o condenado fica sujeito ao trabalho no período diurno e a
isolamento durante o período noturno.
Art. 34 - O condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, a exame criminológico
de classificação para individualização da execução.
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§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento durante o
repouso noturno.
§ 2º - O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na conformidade das aptidões
ou ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com a execução da pena.
§ 3º - O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou obras públicas.
SE CUMPRIDO OS REQUISITOS LEGAIS, O REEDUCANDO PASSA AO REGIME SEMIABERTO.
2. SEMIABERTO
Art. 35 - § 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em colônia
agrícola, industrial ou estabelecimento similar.
→ É possível o alojamento do condenado em compartimento coletivo (LEP, Art.92, caput).
SE CUMPRIDO OS REQUISITOS LEGAIS, O REEDUCANDO PASSA AO REGIME ABERTO.
3. ABERTO:
Art. 36 - O regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado.
§ 1º - O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, freqüentar
curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e
nos dias de folga.
● A progressão do regime prisional integra a individualização da pena e busca preparar o
condenado para sua reinserção na sociedade.
Esse benefício depende de dois requisitos cumulativos:
1) OBJETIVO: Cumprimento de parte da pena no regime anterior (A regra era o cumprimento
de ⅙ da pena em cada um dos regimes prisionais, independente da natureza do crime e das
condições pessoais do agente - primário ou reincidente-). Agora existem diversas escalas de
valores, variando de 16 a 70% do cumprimento de pena do regime anterior.
% NATUREZA DO CRIME CONDIÇÃO DO AGENTE
16% Sem violência à pessoa ou
grave ameaça
Primário
20% Sem violência à pessoa ou
grave ameaça
Reincidente (É suficiente a
presença de 2 condenações
por quaisquer crimes ou grave
ameaça. ex: furto e
estelionato).
25% Com violência à pessoa ou
grave ameaça
Primário
30% Com violência à pessoa ou Reincidente em crime
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grave ameaça cometido com violência à
pessoa ou grave ameaça. ex:
roubo e extorsão. → Não se
exige reincidência específica.
(IV)
40% Crime hediondo ou equiparado
sem resultado morte
Primário
50% a) crime hediondo ou
equiparado com
resultado morte
b) Comando de
organização criminosa
estruturada para a
prática de crime
hediondo ou
equiparado
c) Constituição de milícia
privada
a) Primário
b) Primário ou reincidente
c) Primário ou reincidente
60% Crime hediondo ou equiparado
sem resultado morte.
Reincidente em Crime
hediondo ou equiparado sem
resultado morte.
Exemplo: Condenação anterior
por estupro e condeção
posterior por tráfico de drogas.
A lei não reclama duplicidade
de condenações definidas pelo
mesmo delito. (VII)
70% Crime hediondo ou equiparado
com resultado morte.
Reincidente em Crime
hediondo ou equiparado com
resultado morte.
OBSERVAÇÕES:
IV → Se o agente cometeu um crime com violência à pessoa ou grave ameaça (ex: roubo), e é
reincidente em delito sem violência à pessoa ou grave ameaça (ex: furto), o montante exigido para a
progressão será de 25%. Como ele não é reincidente em crime cometido com violência e diante da
lacuna da lei, deve incidir o percentual mais favorável.
VII → Se o agente cometeu um crime hediondo ou equiparado, e é reincidente em crime diverso, a
progressão dependerá do cumprimento de 40% da pena (como ele não é reincidente na prática de
crime hediondo ou equiparado - brecha na lei).
obs: Os novos percentuais só podem ser aplicados para os fatos praticados após a entrada
em vigor da Lei do Pacote Anticrime.
→ Ou seja, se a execução da pena foi iniciada no regime fechado, para a segunda progressão, do
regime semiaberto para o aberto, deve ser cumprido o percentual cabível do restante da pena (o % já
pago ao Estado não pode mais servir como parâmetro para o cálculo do período legalmente exigido).
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→ TERMO INICIAL PARA A SEGUNDA PROGRESSÃO DO REGIME: Data em que o condenado
efetivamente preencheu os requisitos do art. 112, I a VIII da LEP e não a data que ele ingressou no
regime anterior.
- Nas condenações superiores a 40 anos, o % de cumprimento de pena deve ser calculado
sobre o total da pena imposta, pois se destina apenas ao efetivo cumprimento da pena
privativa de liberdade. → Súmula 715 STF: A pena unificada para atender ao limite de trinta
anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a
concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de
execução.
2) SUBJETIVO: é o mérito.Esse requisito deve ser demonstrado pelo condenado no curso da
execução. Essa análise deve ser feita pelo magistrado no caso concreto, de forma
fundamentada.
Art. 112, § 1º Em todos os casos, o apenado só terá direito à progressão de regime se ostentar boa
conduta carcerária, comprovada pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam
a progressão.
- Se forem aplicadas ao condenado, cumulativamente, penas privativas de liberdade e de
multa, o inadimplemento voluntário desta impede a progressão do regime prisional.
➔ PROGRESSÃO ESPECIAL PARA MULHER GESTANTE OU QUE FOR
MÃE OU RESPONSÁVEL POR CRIANÇAS OU PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA:
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência
para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos:
§ 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com
deficiência, os requisitos para progressão de regime são, cumulativamente:
I - não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;
II - não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente;
III - ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime anterior;
IV - ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do
estabelecimento;
V - não ter integrado organização criminosa.
§ 4º O cometimento de novo crime doloso ou falta grave implicará a revogação do benefício
previsto no § 3º deste artigo.
29
§ 5º Não se considera hediondo ou equiparado, para os fins deste artigo, o crime de tráfico de
drogas previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006.
§ 6º O cometimento de falta grave durante a execução da pena privativa de liberdade
interrompe o prazo para a obtenção da progressão no regime de cumprimento da pena, caso em que
o reinício da contagem do requisito objetivo terá como base a pena remanescente.
§ 4º O cometimento de novo crime doloso ou falta grave implicará a revogação do benefício
previsto no § 3º deste artigo.
→ Qualquer que seja o estágio da gravidez, deve ser provada por exame pericial
(ultrassonografia ou meio equivalente). Pode ser posterior ou anterior ou início do
cumprimento da pena. Nada impede que a mulher, já presa em virtude de
condenação definitiva, venha propositalmente a engravidar durante uma visita
íntima, com a finalidade de ser beneficiada pela progressão especial.
→ o art. 2º, §2º da Lei 8.072/1190, que admitia a progressão especial para mulher
gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência
nos crimes hediondos ou equiparados, foi expressamente revogado pelo art. 19 do
pacote anticrime.
Art. 19. Fica revogado o § 2º do art. 2º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990.
PROIBIÇÃO DA REGRESSÃO “POR SALTOS”: O sistema progressivo acolhido
pelo direito brasileiro, é incompatível com a progressão por saltos, que consiste na
passagem direta do regime fechado para o aberto. Não se pode pular o estágio no
regime semiaberto,em atenção à necessidade de recuperação gradativa do
condenado para o retorno à sociedade.
→ Súmula 491 - É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime
prisional. (Súmula 491, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 08/08/2012, DJe
13/08/2012)
→ Somente se admite essa passagem em hipóteses teratológicas. ex: condenado
depois de ter cumprido ⅙ da pena no regime fechado e conseguido progressão para
o semiaberto, não obtém vaga nesse regime, permanecendo mais ⅙ no regime
fechado. Ou seja, será possível por ineficiência do Estado, o salto para o regime
aberto.
PROGRESSÃO E CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto.
A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a
regime fechado.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11343.htm#art33%C2%A74
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8072.htm#art2%C2%A72.
https://scon.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp?livre=(sumula%20adj1%20%27491%27).sub.#TIT1TEMA0
https://scon.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp?livre=(sumula%20adj1%20%27491%27).sub.#TIT1TEMA0
https://scon.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp?livre=(sumula%20adj1%20%27491%27).sub.#TIT1TEMA0
30
§ 4o O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do
cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do
produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais.
PROGRESSÃO E CRIMES HEDIONDOS OU EQUIPARADOS (tráfico de drogas, tortura
e terrorismo):
SÚMULA 698 STF: Não se estende aos demais crimes hediondos a admissibilidade de
progressão no regime de execução da pena aplicada ao crime de tortura (obs:
entendimento mudou).
- Mas no ano de 2006, no julgamento do HC 82.959, o STF alterou seu entendimento
e declarou a inconstitucionalidade da regra do art. 2, §1º da Lei 8.072/1990 que, ao
instituir um regime-padrão, violava o princípio constitucional da individualização da
pena.
- Em março de 2007 entrou em vigor a Lei 11.464/2007, alterando a redação do art. 2,
§1º da Lei 8.072/1990, para estabelecer que a pena por crime hediondo ou
equiparado seria cumprida inicialmente em regime fechado. → A pena privativa de
liberdade começa obrigatoriamente no regime fechado, mas era possível a
progressão ao semiaberto, e posteriormente ao aberto.
- A progressão ocorreria após o cumprimento de ⅖ da pena para o primário e ⅗, se
reincidente.
- mas no julgamento do HC 111.840/ES, o STJ declarou a inconstitucionalidade desse
artigo (art. 2, §1º da Lei 8.072/1990 ), por ofensa ao princípio de individualização da
pena.
- Por isso, o magistrado tem liberdade para estabelecer no caso concreto, o regime
prisional adequado, levando em conta os dados do agente e do fato criminoso. Além
disso, com as progressões de % do pacote anticrime, os condenados por crimes
hediondos ou equiparados passaram a depender de percentuais diferenciados para
obter a progressão do regime prisional.
REQUISITO TEMPORAL PARA PROGRESSÃO EM CASO DE EXECUÇÃO CONJUNTA
POR CRIME HEDIONDO (OU EQUIPARADO) E CRIME COMUM: É preciso calcular no
tocante ao crime hediondo ou equiparado, o % correspondente para, somando-se ao
restante da pena imposta, aferir se já foi cumprido o % corresponde ao delito não hediondo,
em relação ao total da pena aplicada.
→ Essa medida é favorável ao condenado, pois leva em conta a totalidade da pena, o
menor % para fins de progressão, desde que respeitado o montante exigido para o crime
hediondo em relação à parte da pena correspondente a tal delito.
→ exemplo: João (primário), foi condenado a 10 ano de reclusão, por estupro (crime
hediondo), e a mais 14 anos, por dois roubos com emprego de arma branca, em concurso
material, totalizando a pena de 24 anos.Se presente o mérito, a progressão será possível
após 6 anos do início da execução da pena (pois ele terá cumprido ao menos 40% do crime
hediondo), ou seja, 4 anos, bem como 25% do total da pena.
31
PROGRESSÃO E NOVA CONDENAÇÃO: A superveniência da conduta criminal impede a
progressão do regime prisional, ainda que já deferida pelo juízo da execução, quando a
nova pena tiver que ser cumprida em regime mais rigoroso. exemplo: se ao condenado já
havia sido concedida a transferência para o regime semiaberto, mas surgiu nova pena a ser
cumprida no regime fechado, estará inviabilizada a progressão.
PROCESSAMENTO DO PEDIDO DE REGRESSÃO: O pedido de progressão é
endereçado ao juízo da execução.
Art. 112, § 2º A decisão do juiz que determinar a progressão de regime será sempre motivada e
precedida de manifestação do Ministério Público e do defensor, procedimento que também será
adotado na concessão de livramento condicional, indulto e comutação de penas, respeitados os
prazos previstos nas normas vigentes.
→ o mérito (“boa conduta carcerária”) é constatado pelo diretor do estabelecimento. Sua prova é feita
por simples atestado de boa conduta carcerária, emitido pelo diretor do estabelecimento prisional.
PROGRESSÃO E PRÁTICA DE FALTA GRAVE:
Art. 112, § 6º O cometimento de falta grave durante a execução da pena privativa de liberdade
interrompe o prazo para a obtenção da progressão no regime de cumprimento da pena, caso em que
o reinício da contagem do requisito objetivo terá como base a pena remanescente.
➔ Ou seja a contagem do tempo para a progressão do regime prisional é
zerada se o preso comete falta grave.
➔ O condenado precisa cumprir o % legalmente previsto, iniciando-se a
contagem a partir da falta grave.
➔ SÚMULA 534 STJ: A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo
para a progressão de regime de cumprimento de pena, o qual se reinicia a
partir do cometimento dessa infração.
➔ Com base na pena remanescente e não na totalidade dela.
➔ segue o princípio de que “pena cumprida é pena extinta”.
➔ Nesse novo período aquisitivo não bastará o cumprimento do percentual
exigido, mas também dependerá do mérito do condenado.
PROGRESSÃO E HABEAS CORPUS: Em face da necessidade de produção de
provas para aferição do mérito do condenado, não é possível postular a progressão
do regime prisional por meio da via do HC.
PROGRESSÃO E ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA: O condenado por organização
criminosa não poderá progredir de regime de cumprimento de pena, se existirem
elementos de prova indicando a manutenção do agrupamento ilícito.
PROGRESSÃO E COLABORAÇÃO PREMIADA: Na hipótese de colaboração
premiada posterior à sentença condenatória transitada em julgado, a Lei do Crime
Organizado autoriza a progressão do regime prisional mesmo se ausente o requisito
32
objetivo (ou seja, ainda que o condenado ainda não tenha cumprido o % de pena
exigido). O requisito subjetivo (mérito), não é dispensado.
PROGRESSÃO CONDENADO ESTRANGEIRO: É possível - art. 54, §3º da Lei de
Migração.
PROGRESSÃO - UNIDADES MILITARES: O benefício de progressão é aplicável
aos militares, independentemente do local de cumprimento da pena privativa de
liberdade.
PROGRESSÃO - CUMPRIMENTO EM PENITENCIÁRIA FEDERAL DE
SEGURANÇA MÁXIMA: Obsta a progressão de regime prisional, em face da
ausência do requisito subjetivo legalmente exigido (mérito).
PROGRESSÃO - CUSTÓDIA CAUTELAR: Ou seja, se o acusado foi preso
preventivamente, o termo inicial para contagem do % do cumprimento de pena
necessário para a progressão do regime é a data do cumprimento do mandado de
prisão preventiva e não a data da publicação da sentença condenatória.
→ RE���S�ÃO
É a transferência do condenado para o regime prisional mais severo do que aquele
em que se encontra. ex: o preso está no semiaberto e é removido para o regime
fechado.
Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma
regressiva, com a transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando
o condenado:
I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave; → Relação de
faltas graves está prevista no art. 50 da LEP. Praticada a falta grave , deverá
ser instaurado o procedimento administrativo para a sua apuração.
Art. 50. Comete falta graveo condenado à pena privativa de liberdade que:
I - incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina;
II - fugir;
III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade física de
outrem;
IV - provocar acidente de trabalho;
V - descumprir, no regime aberto, as condições impostas;
33
VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei.
VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que
permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo.
VIII - recusar submeter-se ao procedimento de identificação do perfil genético.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao preso
provisório.
→ SÚMULA 533 STJ: Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no
âmbito da execução penal, é imprescindível a instauração de procedimento
administrativo pelo diretor do estabelecimento prisional, assegurado o direito de
defesa, a ser realizado por advogado constituído ou defensor público nomeado.
→ CRIME DOLOSO: basta a prática do crime doloso.
Súmula 526 STJ: “O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de
fato definido como crime doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito em
julgado de sentença penal condenatória no processo penal instaurado para
apuração do fato.” - Em respeito ao princ. da ampla defesa, deve ser ouvido o
condenado previamente a decisão judicial (art. 118, §2º).
→ Nessas duas hipóteses do inciso I, exige-se a instauração de procedimento
administrativo disciplinar, a ser acompanhado pelo defensor.
II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante
da pena em execução, torne incabível o regime (artigo 111). → exemplo: réu que
condenado a 6 anos de reclusão, iniciou o cumprimento de pena no regime
semiaberto, e logo em seguida a ele sobreveio, em razão de outro crime,
condenação a nova pena, de 4 anos de reclusão. Somando-se as penas, resulta em
10 anos, sendo obrigatória a regressão para o regime fechado.
Art. 111. Quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo
processo ou em processos distintos, a determinação do regime de cumprimento
será feita pelo resultado da soma ou unificação das penas, observada, quando for
o caso, a detração ou remição.
Parágrafo único. Sobrevindo condenação no curso da execução, somar-se-á
a pena ao restante da que está sendo cumprida, para determinação do regime.
obs: os incisos I e II do art. 118 são aplicáveis às penas privativas de liberdade
cumpridas em qualquer regime (fechado, semiaberto ou aberto). O §1º só tem
incidência para o regime aberto.
34
§ 1° O condenado será transferido do regime aberto se, além das
hipóteses referidas nos incisos anteriores, frustrar os fins da execução ou não
pagar, podendo, a multa cumulativamente imposta. →
§ 2º Nas hipóteses do inciso I e do parágrafo anterior, deverá ser ouvido
previamente o condenado.
➔ REGRESSÃO POR SALTOS: É possível a passagem direta do regime
aberto para o fechado. Art. 118, caput: “A execução da pena privativa de
liberdade ficará sujeita à forma regressiva, com a transferência para qualquer dos
regimes mais rigorosos”.
➔ REGRESSÃO A REGIME MAIS GRAVE DO QUE O FIXADO NA
SENTENÇA CONDENATÓRIA: a mudança da situação de fato no curso da
execução, permite ao juiz da execução a adoção de medidas necessárias, de
modo a adaptar a decisão à nova realidade. Dessa forma, a regra do art. 118,
I, LEP, não é obstáculo à alteração do regime de cumprimento de pena
privativa de liberdade para regime mais gravoso do que aquele fixado na
sentença condenatória, desde que verificado os pressupostos lá previstos.
➔ REGRESSÃO CAUTELAR: existe omissão legislativa sobre esse assunto,
mas entende-se que é possível a regressão cautelar. Isto é, a suspensão
judicial do regime semiaberto ou aberto, até que, em obediência ao art. 118,
§2º da LEP, o condenado seja ouvido e possa defender-se.
Para o STJ: com a suspensão cautelar o condenado é recolhido para o
regime fechado, até decisão judicial definitiva. Se o condenado tiver
explicações idôneas, o magistrado restabelecerá o regime prisional anterior;
caso contrário, a regressão para o regime fechado será considerada
definitiva.
→ EX���ÇÃO P����SÓRI� (O� �N�E��P��A)
É o cumprimento da pena antes do trânsito em julgado da condenação. Não há
pena definitiva.
a) EXECUÇÃO PROVISÓRIA DO RÉU PRESO: Se o acusado foi condenado
em 1ª instância ou pelo Tribunal, e encontra-se preso preventivamente nos
termos do art. 311 CPP, admite-se a execução antecipada da pena (esse
instituto é benéfico ao réu, pois lhe permite pleitear a progressão do regime
prisional e outros benefícios antes do trânsito em julgado da decisão judicial
proferida).
- A execução provisória tem como pressuposto inafastável o trânsito em
julgado para a acusação em relação à pena aplicada.
- Também é cabível quando a pena tiver sido fixada no patamar máximo
legalmente previsto (nesse caso, a pena determinada na decisão
35
contra qual a defesa recorreu não poderá ser aumentada - proibição
da reformatio in pejus). Portanto, a situação do réu não pode ser
agravada em situação de recurso.
Exemplo: “A” foi preso em flagrante pela prática de roubo em concurso de pessoas.
Decretou-se a preventiva e ele permaneceu preso cautelarmente durante toda a
ação penal. Depois de um ano foi proferida sentença, resultando em condenação a
6 anos de reclusão, em regime inicialmente fechado. O MP, intimado da sentença,
não recorreu. Veja: “A” já estava preso há 1 ano, isto é, já cumpriu ⅙ da pena
imposta. Ou seja, está presente o requisito objetivo da progressão. Se comprovado
o seu mérito, poderá progredir para o regime semiaberto, sendo desnecessário
aguardar o trânsito em julgado da condenação.
Por outro lado, se a execução tiver recorrido, será inviável a execução provisória,
pois a pena pode ser aumentada no julgamento do recurso.
- Aqueles que não admitem a execução provisória amparam-se no princípio da
presunção da não culpabilidade, alegando que o acusado deve ser tratado
como inocente até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
- Juízo competente: juízo da execução (art. 65 e 66).
- SÚMULA 716 STF: Admite-se a progressão de regime de cumprimento da
pena ou a aplicação imediata de regime menos severo nela determinada,
antes do trânsito em julgado da sentença condenatória.
b) EXECUÇÃO PROVISÓRIA DO RÉU SOLTO: No dia 7 de novembro de 2019,
ao apreciar as Ações Declaratórias de Constitucionalidade 43, 44 e 54, o
Plenário do STF novamente modificou os rumos da jurisprudência. A maioria
dos Ministros do STF concluiu pela legitimidade do cumprimento de pena
após o trânsito em julgado da condenação (princípio da presunção da não
culpabilidade - art. 5º, LVII), salvo na hipótese de decretação de prisão
preventiva do acusado, na forma determinada pelos arts. 311 e seguintes do
CPP.
- Apesar disso, Cleber Masson é favorável a execução provisória do réu
solto, porque nenhum direito fundamental é absoluto e cuida-se de
princípio e não de regra.
➔ EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA E DESAFORAMENTO: No trâmite de
ação penal atinente a crime de competência do Tribunal do Júri, com
posterior condenação pelo Conselho de sentença, a qual vem a ser
confirmada pela instância superior, em grau de recurso, a execução
provisória da pena será promovida pelo juízo da comarca em que o feito foi
desaforado.
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Exemplo: se João praticou um homicídio qualificado na cidade de Cravinhos,
interior de São Paulo, e encontra-se preso preventivamente aguardando o
julgamento pelo Tribunal do júri, que vem a ocorrer, com a condenação, em
Ribeirão Preto, em razão do desaforamento, eventual execução provisória
será promovida pelo juízo de Cravinhos.
➔ EXECUÇÃO PROVISÓRIA E PRISÃO ESPECIAL: SÚMULA 717- NÃO IMPEDE
A PROGRESSÃO DE REGIME DE EXECUÇÃO DA PENA, FIXADA EM SENTENÇA
NÃO TRANSITADA EM JULGADO, O FATO DE O RÉU SE ENCONTRAR EM PRISÃO
ESPECIAL.
➔ EXECUÇÃO PROVISÓRIA E TRIBUNAL DO JÚRI: Art. 492. Em seguida, o
presidenteproferirá sentença que: e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á
à prisão em que se encontra, se presentes os requisitos da prisão preventiva, ou, no caso de
condenação a uma pena igual ou superior a 15 (quinze) anos de reclusão, determinará a
execução provisória das penas, com expedição do mandado de prisão, se for o caso, sem
prejuízo do conhecimento de recursos que vierem a ser interpostos;
→ Esse artigo autoriza a execução provisória da pena, ao estabelecer que o juiz
presidente do Tribunal do Júri proferirá sentença com os dizeres do art. 492.
→ A�T��I��ÇÕES �� ��ÍDA
Consistente em benefícios aplicáveis aos condenados inseridos nos regimes
fechado ou semiaberto. Dividem-se em:
a) Permissão de saída
- com fulcro na dignidade do condenado;
Art. 120. Os condenados que cumprem pena em regime fechado ou
semi-aberto e os presos provisórios poderão obter permissão para sair do
estabelecimento, mediante escolta, quando ocorrer um dos seguintes fatos:
I - falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente,
descendente ou irmão;
II - necessidade de tratamento médico (parágrafo único do artigo 14).
Parágrafo único. A permissão de saída será concedida pelo diretor do
estabelecimento onde se encontra o preso. → É possível a concessão pelo juízo da
execução, se o pedido for recusado injustificadamente pela autoridade
administrativa.
Art. 121. A permanência do preso fora do estabelecimento terá a duração
necessária à finalidade da saída.
b) Saída Temporária
- endereçada a reinserção social do preso.
37
- sem vigilância direta
Art. 122. Os condenados que cumprem pena em regime semi-aberto poderão obter
autorização para saída temporária do estabelecimento, sem vigilância direta, nos seguintes
casos:
I - visita à família;
II - freqüência a curso supletivo profissionalizante, bem como de instrução do 2º grau
ou superior, na Comarca do Juízo da Execução;
III - participação em atividades que concorram para o retorno ao convívio social.
§ 1º A ausência de vigilância direta não impede a utilização de equipamento de monitoração
eletrônica pelo condenado, quando assim determinar o juiz da execução.
§ 2º Não terá direito à saída temporária a que se refere o caput deste artigo o condenado que
cumpre pena por praticar crime hediondo com resultado morte. → exemplo: homicídio qualificado e
do latrocínio, desde que consumados.
- Esse benefício não pode ser aplicado ao preso provisório, por dois motivos:
1. não é condenado
2. não cumpre pena privativa de liberdade em regime semiaberto
Art. 123. A autorização será concedida por ato motivado do Juiz da execução,
ouvidos o Ministério Público e a administração penitenciária e dependerá da
satisfação dos seguintes requisitos:
I - comportamento adequado;
II - cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena, se o condenado for
primário, e 1/4 (um quarto), se reincidente; → o período já descontado no regime
fechado, será computado para fins de saída temporária. (Súmula 40 do STJ).
III - compatibilidade do benefício com os objetivos da pena.
Art. 124. A autorização será concedida por prazo não superior a 7 (sete) dias,
podendo ser renovada por mais 4 (quatro) vezes durante o ano.
§ 1o Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao beneficiário as seguintes
condições, entre outras que entender compatíveis com as circunstâncias do caso e a
situação pessoal do condenado:
I - fornecimento do endereço onde reside a família a ser visitada ou onde poderá ser
encontrado durante o gozo do benefício;
II - recolhimento à residência visitada, no período noturno;
III - proibição de frequentar bares, casas noturnas e estabelecimentos congêneres.
38
§ 2o Quando se tratar de frequência a curso profissionalizante, de instrução de ensino
médio ou superior, o tempo de saída será o necessário para o cumprimento das atividades
discentes.
§ 3o Nos demais casos, as autorizações de saída somente poderão ser concedidas
com prazo mínimo de 45 (quarenta e cinco) dias de intervalo entre uma e outra.
Art. 125. O benefício será automaticamente revogado quando o condenado praticar
fato definido como crime doloso, for punido por falta grave, desatender as condições
impostas na autorização ou revelar baixo grau de aproveitamento do curso.
Parágrafo único. A recuperação do direito à saída temporária dependerá da absolvição
no processo penal, do cancelamento da punição disciplinar ou da demonstração do
merecimento do condenado.
➔ SAÍDA TEMPORÁRIA E MONITORAÇÃO ELETRÔNICA:
Art. 146-B. O juiz poderá definir a fiscalização por meio da monitoração eletrônica quando:
II - autorizar a saída temporária no regime semiaberto;
- Este é um recurso excepcional, que não pode ser utilizado como regra. O juiz deverá
fundamentar sua decisão, pois a regra é a saída temporária sem a vigilância direta.
➔ SAÍDAS TEMPORÁRIAS AUTOMATIZADAS: o STF admite as “saídas
temporárias automatizadas”, nas situações em que o juízo da execução
elabora um calendário anual para a concessão do benefício ao condenado,
dispensando-se a repetição do procedimento em cada oportunidade.
→ RE���S �� �EG��� �EC����
- Local de cumprimento: Penitenciária - art. 87 LEP (Art. 87. A penitenciária
destina-se ao condenado à pena de reclusão, em regime fechado.).
Art. 88. O condenado será alojado em cela individual que conterá dormitório, aparelho
sanitário e lavatório.
Parágrafo único. São requisitos básicos da unidade celular:
a) salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e
condicionamento térmico adequado à existência humana;
b) área mínima de 6,00m2 (seis metros quadrados).
Art. 90. A penitenciária de homens será construída, em local afastado do centro
urbano, à distância que não restrinja a visitação. → A Cadeia Pública destina-se
exclusivamente ao recolhimento de presos provisórios (LEP, art. 102 e art. 300, CPP).
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- No início do cumprimento da pena o condenado será submetido a exame
criminológico de classificação para individualização da execução.
- O condenado fica sujeito a:
→ período diurno: trabalho
→ período noturno: isolamento (período de silêncio)
- O trabalho será comum dentro do estabelecimento (CP, art. 34, §§1º e 2º) .
Esse trabalho é obrigatório (art. 31, caput, LEP).
Art. 31. O condenado à pena privativa de liberdade está obrigado ao trabalho na
medida de suas aptidões e capacidade.
Art. 32. Na atribuição do trabalho deverão ser levadas em conta a habilitação, a
condição pessoal e as necessidades futuras do preso, bem como as oportunidades
oferecidas pelo mercado.
§ 1º Deverá ser limitado, tanto quanto possível, o artesanato sem expressão
econômica, salvo nas regiões de turismo.
§ 2º Os maiores de 60 (sessenta) anos poderão solicitar ocupação adequada à
sua idade.
§ 3º Os doentes ou deficientes físicos somente exercerão atividades
apropriadas ao seu estado.
- CP admite trabalho externo em serviços ou obras públicas
Art. 34, § 3º - O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou
obras públicas.
Art. 36. O trabalho externo será admissível para os presos em regime fechado
somente em serviço ou obras públicas realizadas por órgãos da Administração Direta ou
Indireta, ou entidades privadas, desde que tomadas as cautelas contra a fuga e em favor da
disciplina.
§ 1º O limite máximo do número de presos será de 10% (dez por cento) do total de
empregados na obra.
§ 2º Caberá ao órgão da administração, à entidade ou à empresa empreiteira a
remuneração desse trabalho.
§ 3º A prestação de trabalho à entidade privada depende do consentimento expresso
do preso.
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Art. 37. A prestação de trabalho externo, a ser autorizada pela direção do
estabelecimento, dependerá de aptidão, disciplina e responsabilidade, além do
cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena.
Parágrafo único. Revogar-se-á a autorização de trabalho externo ao preso que vier a
praticar fato definido como crime, for punido por falta grave, ou tiver comportamento
contrário aos requisitos estabelecidos neste artigo.
- É admissível o trabalho externo do condenado

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