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11 Impedimento e Suspeição

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SUSPEIÇÃO E IMPEDIMENTO
Forma de defesa que pode ser alegada fora da contestação, visto que também pode ser levantada pelo réu. É incidente processual que versa sobre uma potencial violação à imparcialidade (pressuposto processual subjetivo do servidor de modo pessoal – diferindo da incompetência, que é do órgão jurisdicional). É potencial por se tratar se presunção de parcialidade, que pode ser absoluta (demonstrada por critério objetivo - impedimento) ou relativa (suspeição – demonstrada por critério subjetivo).
Art. 144 - Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo:
· Em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro do MP ou prestou depoimento como testemunha;
· De que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão;
· Quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado [ou advogado de escritório de que faça parte, mesmo que patrocinado por outro advogado do escritório - § 3º] ou membro do MP, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
· Quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
· Quando for sócio ou membro de direção ou administração de PJ parte no processo: se for membro de direção ou administração é provável que sejam seus atos os discutidos em juízo. Isto não se aplica se for mero acionista de S/A, sem poder de gestão;
· Quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes;
· Em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços;
· Em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório;
· Quando promover ação contra a parte ou seu advogado.
§ 1º No caso do inciso III, o impedimento só se verifica quando o advogado, defensor público ou membro do MP já integrava a causa antes do início da atividade judicante do juiz.
Os atos praticados pelo juiz impedido são nulos, devendo ser refeitos, cabendo ação rescisória (art. 966, II) ou a querela nulitatis, para anular sentença eventualmente proferida. Pode ser alegada em qualquer tempo ou reconhecida de oficio. 
Art. 145 - Há suspeição do juiz:
· Amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados;
· Que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou depois de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar meios para atender às despesas do litígio: isto não se aplica ao juiz que, na qualidade de doutrinado ou professor, manifesta-se em tese sobre questão jurídica, sem referência a uma situação concreta;
· Quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive;
· Interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes.
§ 1º - “Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessidade de declarar suas razões”, estas razões, se questionadas, poderão ter de ser apresentadas não no processo, mas no tribunal, visto que todo ato administrativo deve ser motivado. Art. 146 – Poderá ser alegada pela parte em até 15 dias depois de tomar conhecimento do fato que a gere, ou da distribuição do processo. 
Art. 147 - Quando 2 ou mais juízes forem parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até o 3º grau, o primeiro que conhecer do processo impede que o outro nele atue, caso em que o segundo se escusará, remetendo os autos ao seu substituto legal.
Art. 148 - Aplicam-se os motivos de impedimento e de suspeição ao membro do MP quando atue como fiscal da lei (I), aos auxiliares da justiça (II) e aos demais sujeitos imparciais do processo (III). § 1º A parte interessada deverá arguir o impedimento ou a suspeição, em petição fundamentada e devidamente instruída, na primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos. § 3o Nos tribunais, a arguição a que se refere o § 1o será disciplinada pelo regimento interno. § 4º Isto não se aplica à arguição de impedimento ou de suspeição de testemunha, que é regulado pelo 457, § 1º.
Procedimento
A alegação será direcionada ao juiz da causa, podendo envolver a solicitação de documentos ou produção de provas (art. 146). Se for verificada a parcialidade depois da sentença, esta alegação fará parte da apelação caso o tribunal seja competente para julgar ambas as questões, se não, primeiro será submetida à julgamento, por meio de petição própria, a alegação de impedimento ou suspeição. 
Poderá o juiz se afastar ou apresentar razões para isto não ser necessário (sem precisar de advogado, tendo ele mesmo capacidade postulatória), podendo pedir a produção de provas (§ 1º), situação que será decidida por juiz do tribunal (relator), visto que nesta situação, no incidente, ele é parte. Enquanto o incidente é decidido o poderá ficar suspenso (§ 2º) e outro juiz atuará no processo nas situações de urgência ou emergência (§ 3º). Tratando-se da parcialidade de membro do MP ou auxiliar da justiça, não haverá suspensão. 
Art. 146, § 5º - Acolhida a alegação, o tribunal condenará o juiz nas custas e remeterá os autos ao seu substituto legal, podendo o juiz recorrer da decisão. § 6º - Reconhecido o impedimento ou a suspeição, o tribunal fixará o momento a partir do qual o juiz não poderia ter atuado. § 7º - O tribunal decretará a nulidade dos atos do juiz, se praticados quando já presente o motivo de impedimento ou de suspeição.
Da decisão que declarar parcial membro do MP ou auxiliar da justiça não caberá recurso imediato, devendo o interessado recorrer na apelação (art. 1.009, § lº). Se o incidente for de competência de tribunal, o sistema recursal é o mesmo do incidente contra juiz. É possível cogitar, inclusive, a possibilidade de ação rescisória contra decisão que julgar o incidente de suspeição/impedimento, já que é uma decisão de mérito (do incidente) apta a produzir efeitos inclusive para fora do processo em que proferida.
Reconhecendo-se um vínculo que acarreta em suspeição que exista também em outros processos (como um juiz que mantenha relação intima com advogada), a decisão que o reconhece tem eficácia externa, afetando todos os processos em que estas pessoas atuem, devendo o juiz declarar seu impedimento ou suspeição, a não ser que a situação fática mude.
Também é possível a arguição de impedimento ou suspeição de tribunal, ou da maioria de seus membros, a exemplo dos julgamentos relativos à auxílio moradia dos juízes, sendo julgadas pelo STF se não logo reconhecidas pelo tribunal. Se o tribunal se reconhecer suspeito ou impedido, mesmo que independentemente de arguição pela parte interessada, remeterá os autos ao STF, para que julgue a causa (art. 102, I, “n”, CF).
Por fim, em razão da boa-fé processual, os arts. 144 e 145, em seus §§ 2º reputam ilícita a criação de fato superveniente a fim de caracterizar impedimento ou suspeição do juiz, provocando-as, caracterizando abuso de direito. Além disso, conforme art. 145, § 2º, II, será ilegítima a alegação de suspeição quando a parte que a alega houver praticado ato que signifique manifesta aceitação do arguido, vedando-se a venire contra factum proprium.

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