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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO – UFMA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA - CCET DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUIMICA – DEEQ 1 CURVA BINODAL CIDREIRA, A.C.M , MENDES, L.Y.P., RIBEIRO,W.R.A ,ROUMIE,J.P.R, REIS, C.S. FONSECA, W. S. Grupo A Universidade Federal do Maranhão, Centro de Ciências Exatas e Tecnologia, Departamento de Engenharia Química. E-mail para contato: anykrolyne@hotmail.com RESUMO – A curva binodal, é um mecanismo utilizado em processos de extração líquido-líquido, indicando a zona heterogênea que possibilita a realização da operação. O experimento teve como objetivo a construção da curva binodal para o sistema ternário água, ácido acético e acetato de etila. Foram utilizadas duas células, sendo a primeira com água e o agente titulante, o acetato de etila, e a segunda célula com acetato de etila, na qual a água foi o agente titulante. Para homogeneizar a fase heterogênea formada utilizou-se ácido acético em ambos os casos. Foram obtidas curvas binodais satisfatórias quando comparadas com os dados encontrados na literatura. Concluiu-se, a partir do aspecto da região de heterogeneidade, que o equilíbrio líquido-líquido do sistema estudado é do tipo 1, que os valores do método 1 se aproximaram mais do dados teóricos da célula 1 e que os dois métodos tiveram uma boa aproximação dos dados teóricos para célula 2 . A partir de dados da literatura, verificou-se que o aumento da temperatura reduz a área delimitada pela curva binodal. 1. INTRODUÇÃO A extração líquido-líquido é uma técnica que permite separar componentes de uma mistura líquida colocando-a em contato com um segundo líquido, no qual é imiscível ou só parcialmente miscível, e que é capaz de remover seletivamente, um ou mais compostos da mistura. Dessa forma, o melhor planejamento de uma extração líquido – líquido requer o conhecimento termodinâmico do sistema a ser trabalhado, isto é, como se apresenta o equilíbrio entre as fases e a dependência das condições impostas pela operação. Esse equilíbrio é representado por diagramas de fase triangulares ou diagramas ternários. A curva binodal separa a zona de miscibilidade parcial entre o diluente e o solvente (abaixo da curva), da zona de miscibilidade total (acima da curva). A Figura 1 mostra um sistema ternário de apenas uma área de miscibilidade parcial, no entanto, há outros sistemas com dois ou até três pares parcialmente miscíveis. De acordo com o número de pares ou áreas, a curva binodal é classificada em tipo I, tipo II e tipo III. Sistemas do tipo I são mais facilmente separados, mas com a variação da temperatura, é possível diminuir a quantidade de UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO – UFMA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA - CCET DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUIMICA – DEEQ 2 pares parcialmente miscíveis, ou seja, sistemas do tipo II ou III podem virar sistemas do tipo (TREYBAL, 1963). Figura 1 – Representação do diagrama ternário Em condições nas quais o sistema analisado apresenta duas fases heterogêneas, as composições das mesmas, correspondem aos pontos sobre a curva que formam as chamadas linhas de amarração, em equilíbrio. Na Figura 1, a linha PQ representa uma dessas linhas de amarração. Diante disso, o presente experimento tem por objetivo construir a curva binodal do sistema ternário composto por Água + Ácido acético + Acetato de etila em uma temperatura de 20 ºC, classificando o tipo de ELL atingido pelo sistema. 2. METODOLOGIA O experimento foi dividido em duas etapas, denominadas célula 1 e célula 2, ambos realizados a temperatura de 20 °C. Célula 1: Utilizou-se uma solução de acetado de etila, que foi titulado com 100 ml de água destilada, contida na célula. A solução foi agitada de maneira moderada ao longo do experimento até a formação de uma segunda fase, observada visualmente através de um cone opaco formado. Após 2 minutos de agitação mais intensa, observou-se que o cone ainda era visível, ou seja, ainda existia 2 fases. Dessa forma, foi coletado o volume de acetado adicionado a célula. Com isso feito, titulou-se o ácido acético na solução heterogênea, até que voltasse a ser uma solução homogênea, e também foi coletado o volume de ácido utilizado para tal feito. Admitindo que a temperatura foi mantida em 20 °C, repetiu-se o experimento até obter 9 pontos. Célula 2: O procedimento foi similar ao realizado na célula 1, modificando apenas que, a célula 2 continha uma solução de acetato de etila, que foi titulada com água. Nessa etapa, a formação da segunda fase foi observada através da formação de bolhas na célula. Após anotar o volume de água utilizado para tornar a solução heterogênea, titulou-se ácido acético até que a solução se tornasse homogênea. O volume de ácido também foi anotado. UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO – UFMA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA - CCET DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUIMICA – DEEQ 3 4. RESULTADOS 4.1. Diagrama Ternário Os volumes obtidos, nas células 1 e 2, dos componentes (água, ácido acético e acetato de etila) estão apresentados na Tabela 1a (Célula 1) e na Tabela 1b (Célula 2). Tabela 1a - Volumes obtidos na Célula 1 Água Ácido acético Acetato de etila 100 3,8 8 100 4,2 9,2 100 7,8 11 100 9 12 100 11,8 13 100 15,8 15,4 100 16,5 15,5 100 18 16,3 100 18,8 17,5 Tabela 1b - Volumes obtidos na Célula 2 Água Ácido acético Acetato de etila 2,8 6,2 100 5,6 8,2 100 8,5 12,7 100 12,6 15,4 100 14,2 17,2 100 16,3 18,2 100 17,7 20 100 20,6 25 100 25,5 27,4 100 A Tabela 2 abaixo contém algumas propriedades dos componentes envolvidos na mistura. Tabela 2 - Propriedades dos Componentes Densidade a 20°C (g/cm3) UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO – UFMA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA - CCET DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUIMICA – DEEQ 4 Água Ácido acético Acetato de etila 0,998 1,049 0,901 Massa Molar (g/mol) Água Ácido acético Acetato de etila 18,015 60,052 88,107 Os dados das Tabelas 1a,1b e 2 foram utilizados para as construções das Tabelas 3a e 3b, que contém as frações molares dos componentes em cada célula. Tabela 3a- Frações molares Célula 1 Água Ácido acético Acetato de etila 0,973947 0,01167 0,014383 0,970661 0,012855 0,016484 0,957029 0,023538 0,019433 0,9519 0,027014 0,021086 0,942325 0,035062 0,022613 0,92743 0,046205 0,026365 0,925378 0,048145 0,026477 0,920093 0,052222 0,027685 0,9161 0,054307 0,029594 A Tabela 4 contém os valores teóricos das frações molares no sistema ternário água, ácido acético e acetato de etila. Tabela 4 – Equilbrio líquido-líquido sistema água + ácido acético + acetato de etila a 20ºC (Sorensen e Arlt 1980) Água Ácido Acetato de Etila Célula 1 0,9633 0,0186 0,0181 0,9391 0,0368 0,0241 0,9263 0,0456 0,0281 0,8979 0,0636 0,0386 UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO – UFMA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA - CCET DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUIMICA – DEEQ 5 Célula 2 0,2004 0,0661 0,7334 0,2873 0,1085 0,6043 0,3333 0,1242 0,5425 0,4288 0,1439 0,4273 A partir dos dados das Tabelas 3a, 3b e 4, construiu-se a Figura 1, que contém o sistema ternário teórico e experimental, pela análise da figura é possível determinar que neste sistema o acetato de etila atua como solvente, a água como diluente e o ácido acético como soluto. Dois métodos foram utilizados para construir a curva experimental. No Método 1, a primeira fração de ácido acético considerada foi 0, sendo esta combinada com as primeiras frações obtidas de água e acetato de etila. Esse padrão se manteve, utilizando sempre o dado anterior da fração de ácido acético. Para o Método 2, cada dado foi relacionado com o seu correspondente, sendo o primeiro dado de fração molar de água relacionado com o primeiro dado de ácido acético e o primeiro dado de acetato. E assim seguiu-se normalmente. Figura 2- Diagrama ternário para o equilíbrio Ácido Acético, Acetato de Etila e Água a 20°C Percebe-se na Figura 2 que as curvas experimentais possuem desvios em relação à curva teórica. Logo, fez-se necessária uma análise quantitativamente de erros e desvios. Para isso, UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO – UFMA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA - CCET DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUIMICA – DEEQ 6 foram usadas as frações molares de acetato e ácido acético como parâmetros. As tabelas 5a e 5b mostram esses desvios para as células 1 e 2, respectivamente. Tais erros podem ser evidenciados pelo fato de a leitura dos volumes ter sido feita com a utilização do campo visual. Além disso, a subjetividade para julgar o aparecimento ou não de duas fases pode ter contribuído para tais desvios. A velocidade de agitação não constante é outro fato que influenciou tais resultados. Tabela 5b – Erros Percentuais Célula 2 Acetato (Experime ntal) Acetato(teó rico) Ácido acético (Experime ntal) Ácido acético (teórico) Erro% (ácido acético) Erro% (acetato) 0,79517094 9 0,7334 0,08421429 7 0,0661 27,40438 8,42254553 1 0,59615777 0,6043 0,12932978 8 0,1085 19,19796 1,34738201 3 0,51397023 3 0,5425 0,13520486 6 0,1242 8,860601 5,25894317 3 0,43468888 2 0,4273 0,14850537 2 0,1439 3,200397 1,72920253 6 5.2. Tipos de Equilíbrio Líquido-Líquido Na literatura, 4 tipos de equilibrio líquido-líquido são apresentados. O primeiro tipo (tipo 0) ocorre quando nenhum par dos líquidos é parcialmente miscível. No tipo 1 há formação de 1 par parcialmente miscível. Já no tipo 2 há a formação de 2 pares parcialmente miscíveis. E no tipo 3, há a formação de 3 pares parcialmente miscíveis (MACHADO 2007). A Figura 3 abaixo ilustra essas definições. Tabela 5a – Frações Molares para a Célula 1 Acetato (Experime ntal) Acetato (teórico) Ácido acético (Experime ntal) Ácido acético (teórico) Erro% (ácido acético) Erro% (acetato) 0,01943282 4 0,0181 0,02353810 4 0,0186 26,54894 7,36366870 8 0,02261320 7 0,0241 0,03506181 9 0,0368 4,723317 6,16926613 0,02636453 0,0281 0,04620512 0,0456 1,327023 6,17603042 UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO – UFMA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA - CCET DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUIMICA – DEEQ 7 Figura 3- Tipos de equilíbrio Líquido-líquido. (a) Tipo 0; (b) Tipo 1; (c) e (d) Tipo 2 e (e) Tipo 3. Figura 4- - Curva binodal tipo 2 para sistema água+ácido acético+querosene 5.3. Influência da Temperatura Segundo Treybal (1968) a região de heterogeneidade diminui com o aumento da UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO – UFMA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA - CCET DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUIMICA – DEEQ 8 temperatura. Um grande aumento da temperatura pode fazer com que a mistura atinja um ponto crítico, onde os componentes se tornam completamente miscíveis entre si. Diante disso, podemos afirmar que a curva do sistema ternário em análise compreenderia uma área de miscibilidade maior caso o experimento fosse conduzido a 60 graus Celsius. 5.4. Problema Proposto Figura 4- Resolução do problema proposto. Considerando uma mistura de 100 ml de Água e Acetato de Etila de composição molar 50% água e 50% de acetato de etila foi determinado que este ponto se localiza na região heterogênea, logo traçando uma reta até a curva binodal é possível determinar qual o volume de ácido acético necessário para tornar essa mistura equimolar homogênea. Logo com base nos dois métodos utilizados e na curva teórica foi determinado um ponto de composição 0.4228 Água, 0,4228 Aceto de etila e 0.1544 ácido acético equivalente à adição de 14 á 19 ml de ácido acético considerando o erro associado ás curvas experimentais e a teórica. 6. CONCLUSÃO Foi possível construir o diagrama ternário para o sistema água-acetato de etila- ácido acético e obter a curva binodal através do experimento. Diante dos resultados obtidos, pode-se dizer que se trata de um equilíbrio líquido-líquido do tipo 1, onde há a formação de um par parcialmente miscível. Nesse sistema o acetato de etila atua como solvente, a água como diluente e o ácido acético como soluto. A comparação feita entre os dados experimentais e teóricos para a célula 1 mostrou que UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO – UFMA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA - CCET DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUIMICA – DEEQ 9 o método 1, que leva em consideração o ponto em que se observa heterogeneidade do sistema, se aproximou mais dos dados teóricos. Já para a célula 2 os dois métodos foram eficientes e tiveram boa aproximação dos dados teóricos. 7. REFERÊNCIAS TREYBAL, Robert E. Liquid Extraction, 2nd ed, McGraw-Hill, 1963. MADURO, R.M. Equilíbrio líquido – líquido em sistemas nicotina + água + extratante. Tese de mestrado, FEQ / UMICAMP, Campinas, 2005. FIGUEROA, J. E J. Roteiro Experimental: Construção da curva binodal para o sistema ternário água, ácido acético e acetato de etila. São Luís: Universidade Federal do Maranhão, 2019