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Educação de Surdos no Brasil: História e Língua de Sinais

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KÁTIA GOMES FERREIRA MONTEIRO
CURSO: 2° LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS
DISCIPLINA: LIBRAS
TEMA: A EDUCAÇÃO DE SURDOS NO BRASIL
OS SURDOS NA ANTIGUIDADE
Durante os séculos X a IX a.C, as leis permitiam que os recém-nascidos com sinais de deficiência ou algum tipo de má formação fossem lançados ao monte Taigeto ou eram deixadas nas estradas para morrerem. Com o comércio em expansão, os deficientes passaram a ser um problema para a sociedade, pois sem instrução não conseguiriam ser inseridos no mercado de trabalho.
 As crianças surdas eram consideradas irracionais, obrigadas a fazerem os piores trabalhos, viviam sozinhos, abandonados e eram considerados pela lei da época como imbecis. Não tinham direitos e, muitas vezes, eram sacrificados. 
Posteriormente, durante a Idade Média a Igreja condena o infanticídio, fornecendo a ideia de atribuir a causas sobrenaturais as "anormalidades" que apresentavam as pessoas. É importante salientar que até o início da Idade Moderna não existia notícias sobre vivências educacionais com crianças surdas. 
O surdo era visto como um ser primitivo e irracional não educável e não cidadão; como doentes privados de instrução e alfabetização. Assim começou a história dos surdos de maneira triste, muda e dolorosa. 
Em 1712-1789 surgiu na França o Abade Michel de L'Epée a primeira escola para crianças surdas, onde utilizou-se a língua de sinais, uma combinação dos sinais com a gramática francesa, com o objetivo de ensinar a ler, escrever, transmitir a cultura e dar acesso à educação (SACKS, 1990). 
O método de L'Epée teve sucesso e obteve os resultados espetaculares na história da surdez. Em 1791, a sua escola transforma-se no Instituto Nacional de Surdos e Mudos de Paris, dirigida pelo seu seguidor o gramático Sicard. (SACKS, 1990). 
Então surge na Alemanha em 1950, a primeira escola pública baseada no método oral e tinha nove alunos apenas. No século XIX, os Estados Unidos se destacam na educação de surdos utilizando a ASL (Língua de Sinais Americana), com a influência da língua de sinais francesa trazida por Laurent Cler, um professor francês surdo, discípulo do Abad Sicard, seguidor de L'Epée fundando junto com Thomas Gallandet, a primeira escola americana para surdos e em 1864 transformando no ano de 1864 a única Universidade para surdos no mundo. 
Assim sendo, a partir de 1880 e até a década de 70, em todo o mundo a educação dos surdos foi seguindo e se conformando com a orientação oralista decidida no Congresso de Milão. 
Devido ao avanço tecnológico, surgem as próteses auditivas e os aparelhos de ampliação, possibilitando ao surdo à aprendizagem da fala através de treinamento auditivo.
OS SURDOS NO BRASIL
No território brasileiro, uma língua de sinais passou a ser difundida a partir do segundo império. O educador francês Hernest Huet era surdo e foi quem introduziu essa metodologia no país, quando fundou o Imperial Instituto Nacional de Surdos-Mudos, por meio da Lei nº 839, de 26 de setembro de 1857, no estado do Rio de Janeiro, com apoio do imperador D. Pedro II. 
Inicialmente o Instituto trabalhava com crianças surdas somente do sexo masculino. Por meio da Lei nº 3.198, de 6 de julho, cem anos após a sua fundação, a instituição tornou-se o Instituto Nacional de Educação dos Surdos (INES) que, no início, utilizava a língua de sinais, entretanto, no ano de 1911 passou a utilizar o oralismo puro que consiste em efetivar a comunicação por meio do entendimento dos movimentos normais dos lábios. 
Nos anos 1950, aconteceram várias inovações em benefício à surdez. Surgiram as primeiras escolas normais e jardins de infância para crianças surdas. Consequentemente depois, iniciou-se um movimento pelo resgate da língua de sinais, de forma bimodal (dois modos de linguagens). 
No ano de 1970, já havia tratamento para bebês surdos e em 1980, o INES intensificou o trabalho de pesquisas sobre a Língua Brasileira de Sinais e sobre a educação dos indivíduos surdos, e criou o primeiro curso de especialização na área da surdez para os profissionais da educação. 
O Bilinguismo passou então a ser difundido e, atualmente, o INES é um centro de referência com um atendimento diversificado para atender os surdos no território nacional brasileiro.
A ORIGEM DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS
Até o século XV os surdos eram considerados como ineducáveis. A partir do século XVI, com mudanças acontecendo na Europa, essa ideia foi sendo desconsiderada. Iniciou-se a luta pela educação dos surdos, na qual ficou marcada a atuação de um surdo francês, chamado Eduard Huet.
 Em 1857, Huet veio ao Brasil a convite de D. Pedro II para fundar a primeira escola para surdos do Brasil, chamada de Imperial Instituto de Surdos Mudos. 
A Libras foi criada, então, junto com o INES, a partir de uma mistura entre a Língua Francesa de Sinais e de gestos já utilizados pelos surdos no Brasil. Ela foi ganhando espaço, porém, em 1880 sofreu uma derrota. 
Um congresso em Milão proibiu o uso da língua de sinais no mundo, acreditando que a leitura labial era a melhor forma de comunicação para a comunidade surda.
 Com a persistência do uso e uma crescente busca por legitimidade da língua de sinais, a Libras voltou a ser aceita. No entanto, a luta pelo reconhecimento da língua não parou. 
Em 1993 iniciou-se uma nova luta, com um projeto de lei que buscava regulamentar o idioma no país. Quase dez anos depois, no ano de 2002, a Língua Brasileira de Sinais foi reconhecida como uma língua no Brasil.
O BILINGUISMO COMO PROPOSTA EDUCACIONAL PARA OS SURDOS
A abordagem educacional por meio do bilinguismo tem por objetivo capacitar o indivíduo surdo para a utilização de duas línguas: a língua de sinais e a língua da comunidade ouvinte. 
O português é utilizado na modalidade escrita, sendo a segunda língua, e a educação dos surdos passa a ser bilíngue. 
Diante dessa perspectiva, Quadros diz que: “Quando me refiro ao bilinguismo, não estou estabelecendo uma dicotomia, mas sim reconhecendo as línguas envolvidas no cotidiano dos surdos, ou seja, a Língua Brasileira de Sinais e o Português no contexto mais comum do Brasil. ” (2000, p.54). 
O ideal, é que a criança adquira primeiro a língua de sinais e, depois a língua portuguesa para que facilite o seu aprendizado, uma vez que o aprendiz da segunda língua utiliza a primeira como estratégia da aprendizagem. 
Sob essa perspectiva, Lerner (2002) afirma que o desafio que a escola enfrenta hoje é conseguir que todos os seus alunos cheguem a ser membros plenos da comunidade de leitores e escritores. 
O bilinguismo permite que, dada a relação entre a criança e o adulto, esta possa construir uma imagem positiva de si mesma como sujeito surdo, sem perder a possibilidade de integração numa comunidade de ouvintes. 
A proposta bilíngue possibilita ao leitor surdo fazer uso das duas línguas, escolhendo a qual irá utilizar em cada situação.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõem sobre a Língua Brasileira de Sinais Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000.
BRASIL. Lei 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõem sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências.
 
BUENO, J. G. Crianças com necessidades educativas especiais, política educacional e a formação de professores: generalistas ou especialistas. Revista Brasileira de Educação Especial, vol. 3. n. 5, 7-25, 1999.
KANNER, Léo. A history of the care and study of the mentally retarded. Springfield, Illinois: Charles C. Thomas Publisher. 1964.
LERNER, D. Ler e escrever na escola. O real, o possível e o necessário. Porto Alegre. Artmed. 2002.
MAZOTTI, T. B. Produção escolar. Caderno educativo. Jul. Dez, 1989.
QUADROS, R.M. de. Alfabetização e o ensino da língua de sinais. Textura, Canoas n3 p.54,2004.
QUADROS, R.M. de. Ideias para ensinar português para alunos surdos. Brasília: MEC, SEESP, 2006.
SACKS, O. Vendo Vozes: uma Jornada pelo Mundo dos Surdos. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 1990.
VYGOTSKY, L. S.A FormaçãoSocial da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

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