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APG 18 - Pensamento e Juízo

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Pensamento e JuízoPensamento e Juízo
 Carla Bertelli – 5° Período
1 – Compreender os tipos de pensamento e as alterações do processo do pensar.
2 – Discutir sobre as alterações dos conceitos, dos juízos e do raciocínio.
3 – Compreender as definições psicológicas do juízo. 
4 – Discutir as alterações patológicas e não patológicas do juízo
Conceitos Fundamentais
Pensar – Significa ficar em suspenso, examinar, pesar, ponderar. O pensar está relacionado à antecipação de acontecimentos, ou seja, a constrição de modelos da realidade e simulação do seu funcionamento 
Atividades fundamentais do pensamento incluem: elaboração de conceitos, formação de juízo e de raciocínio 
Conceitos – Um conceito identifica os atributos ou qualidades mais gerais e essenciais de um objeto ou fenômeno. É expresso por uma palavra. Está relacionada a abstração e generalização. Por exemplo céu e azul são conceitos
Juízo – Estabelece uma relação entre dois ou mais conceitos. Consiste no ato da consciência de afirmar ou negar algum atributo ou qualidade a um objeto ou fenômeno. É composto por um sujeito, um verbo de ligação e um predicado. Por exemplo, o céu é azul 
Raciocínio – Representa uma operação mental que relaciona juízos, levando à formação de novos juízos ou conclusões. Por exemplo, Todo homem é mortal, Sócrates é um home, portanto Sócrates é Mortal. Um raciocínio pode ser indutivo (do particular para o geral), dedutivo (do geral para o particular) ou analógico (de um particular para outro particular)
Tipos de Pensamento
Pensamento Lógico – O que caracteriza o pensamento normal é ser regido pela lógica formal e orientar-se segundo a realidade e os princípios de racionalidade da cultura na qual o indivíduo se insere.
O pensamento lógico-formal (ou aristotélico) é constituído por três princípios:
· Princípio da identidade ou da não contradição: se A é A e B é B, logo A não pode ser B
· Princípio da causalidade: se A é causa de B, então B não pode ser ao mesmo tempo causa de A
· Princípio da relação da parte com o todo: se A é parte de B, então B não pode ser parte de A.
De acordo com a dialética hegeliana, a quantidade pode se transformar em qualidade; toda afirmação possui dentro de si mesma o principio de sua negação; e tudo é, ao mesmo tempo, causa e efeito de si mesmo. 
Pensamento Indutivo e Dedutivo – O pensamento ou método indutivo parte da observação dos fatos elementares, da experimentação e da comparação entre fenômenos para chegar a conclusões e concepções mais gerais, a hipóteses explicativas e classificações mais amplas. O pensamento ou método dedutivo parte de esquemas, axiomas, definições e teoremas constituídos, já bem arquitetados, para, por meio de demonstrações lógicas, assim deduzir a correção do pensamento. O método dedutivo presta-se mais às ciências matemáticas, à lógica formal, a conhecimentos teóricos. Já o método indutivo é mais utilizado nas ciências empíricas, baseadas na investigação de fatos e objetos do mundo real. 
Pensamento Intuitivo – Define-se intuição ou pensamento intuitivo a apreensão de uma realidade mais ou menos complexa de forma direta e imediata.  a intuição é uma forma de conhecimento, de apreensão direta da realidade vivida, oposta ao pensamento positivista, que abarca os elementos especializados da realidade. A intuição visa captar a interioridade das coisas, inclusive aquelas dimensões muito difíceis de serem expressas por palavras e pelo pensamento analítico.
Pensamento Crítico – Este é um modo de pensar no qual o indivíduo, em seu processo pensante, está atento às possíveis falhas em seu raciocínio, falhas decorrentes de tendências pré-fixadas, vieses sistemáticos e conclusões prematuras.
Deve haver um esforço nos projetos educacionais para que se desenvolva essa forma de pensar, ou seja, um pensamento que busque ser amplo e aprofundado, aberto a visões de mundo divergentes, sistemático no seu proceder analítico e curioso em relação a novas possibilidades
O pensamento crítico busca um estado de maturidade no qual se admita que há questões e problemas multifacetados, complexos, que aceite que há questões que comportam mais de duas respostas (mais que “sim” e “não”) e que exigem diferentes níveis e formas de análise e solução (Facione et al., 2000).
O Processo do Pensar – Curso, forma e conteúdo constituem os aspectos do pensamento. O curso refere-se à velocidade e ao ritmo do pensamento, à quantidade de ideias ao longo do tempo. A forma, por sua vez, está relacionada à estrutura do pensamento, à relação entre as ideias. Já o conteúdo diz respeito à temática do pensamento, às qualidades ou características das ideias.
O curso do pensamento é o modo como o pensamento flui, sua velocidade e seu ritmo ao longo do tempo. Já a forma do pensamento é sua estrutura básica, sua arquitetura, preenchida pelos mais diversos conteúdos e interesses do indivíduo. Por sua vez, o conteúdo do pensamento pode ser definido como aquilo que lhe dá substância, seus temas predominantes, o assunto em si. Há tantos conteúdos de pensamento quantos são os temas de interesse do ser humano.
Alterações Quantitativas do Pensamento (alterações do curso)
Alterações do Curso – Na aceleração do curso do pensamento (ou taquipsiquismo), o paciente fala mais rápido; há maior produtividade ideativa e maior velocidade no processo associativo. Isso ocorre na mania, na intoxicação por cocaína ou anfetamina e nos estados de ansiedade ou agitação psicomotora.
Alentecimento/lentificação do Curso – No alentecimento do curso do pensamento (ou retardo, ou inibição do pensamento, ou bradipsiquismo), o paciente fala mais devagar; há uma redução no número de ideias e representações, e inibição do processo associativo. Esse fenômeno é tipicamente observado na depressão, ocorrendo também na demência e no estupor (abolição da psicomotricidade) do delirium ou da esquizofrenia catatônica.
Interrupção do Curso – A interrupção do curso (ou bloqueio do pensamento) foi descrita por Bleuler, sendo considerada uma alteração quase exclusiva da esquizofrenia.
Abruptamente, e sem qualquer motivo aparente, o paciente interrompe a sua fala, deixando de completar uma ideia. Algumas vezes a interrupção se dá no meio de uma frase, ou mesmo de uma palavra. Após um intervalo, que varia entre alguns poucos minutos e várias horas, o paciente pode completar o pensamento interrompido ou, o que é mais frequente, inicia outro ciclo de pensamento, inteiramente diverso do anterior
Alterações Qualitativas do Pensamento 
Fuga das Ideias – A fuga de ideias – descrita por Wernicke, Aschafenburg e Lipmann – caracteriza-se pela variação rápida e incessante de tema, com preservação da coerência do relato e da lógica na associação de ideias. A tendência dominante do pensamento está enfraquecida e, consequentemente, há um progressivo afastamento da ideia-alvo. Alternativamente, pode-se considerar que diversas ideias-alvo se sucedem em um pequeno espaço de tempo. O pensamento é facilmente desviado por estímulos externos; e as associações muitas vezes se dão por assonância (rimas) ou aliteração (repetição de consoantes) das palavras. A fuga de ideias está quase sempre associada a logorreia e aceleração do curso do pensamento. Trata-se de manifestação típica da síndrome maníaca primária, sendo ainda observada na intoxicação por cocaína ou anfetamina, na embriaguez alcoólica, na sífilis cerebral etc.
Desagregação do Pensamento – A desagregação do pensamento caracteriza-se por uma perda do sentido lógico na associação de ideias. Há a formação de associações novas, que são incompreensíveis, irracionais e extravagantes. Como consequência, altera-se a sintaxe do discurso, que se torna incoerente, fragmentado e, muitas vezes, ininteligível. A desagregação do pensamento ocorre na esquizofrenia, no delirium, na demência avançada e, ocasionalmente, em casos de extrema agitação maníaca.
Prolixidade – caracteriza-se por um discurso repleto de detalhesirrelevantes, o que o torna tedioso; a ideia-alvo jamais é alcançada ou só o é tardiamente. Decorre de uma incapacidade de síntese, de distinguir o essencial do acessório.
Minuciosidade – minuciosidade caracteriza-se por um discurso com um número excessivo de detalhes relevantes. Estes são introduzidos para enriquecer a comunicação e, ansiosamente, para evitar quaisquer possíveis omissões. É encontrada no transtorno obsessivo-compulsivo e no transtorno da personalidade obsessiva (anancástica).
Perseveração – caracteriza-se por recorrência excessiva e inadequada no discurso do mesmo tema, ou dificuldade em abandonar determinado tema. Consiste em perda da flexibilidade do pensamento. Há fixação persistente de uma única ideia-alvo e empobrecimento dos processos associativos.
Concretismo – O concretismo (ou pensamento empobrecido) caracteriza-se por um discurso pobre em conceitos abstratos, em metáforas e analogias. Há uma intensa adesão ao nível sensorial e imediato da experiência. Ocorre na demência, no delirium, no retardo mental e na esquizofrenia
Ideias Delirantes – As ideias delirantes (ou delírios), assim como as ideias deliroides e as prevalentes, são consideradas pela maioria dos autores como alterações do conteúdo do pensamento.
Definições Psicológicas do Juízo
O ajuizar, isto é, produzir juízos, é uma atividade humana por excelência. Quando articulamos dois conceitos, duas ideias, como mesa e estudo, e afirmamos a proposição “está é uma mesa de estudo”, estamos formando juízos. Ajuizar quer dizer julgar. Todo juízo implica, certamente, um julgamento, que, por um lado, é subjetivo, individual e, por outro, social, produzido historicamente, em consonância com os determinantes socioculturais.
É preciso lembrar que as alterações do juízo de realidade são alterações do pensamento. Juízos falsos podem ser produzidos de inúmeras formas e podem ser ou não ser patológicos. Em psicopatologia, a primeira distinção essencial a se fazer é entre o erro simples, não determinado por processo mórbido (por transtornos mentais), e as diversas formas de juízos falsos determinados por transtornos mentais, sendo a principal delas o delírio.
Definição Clássica de Delírio – São ideias delirantes (ou delírios) são juízos patologicamente falsos, que possuem as seguintes características externas: acompanham-se de uma convicção extraordinária, não são suscetíveis à influência e possuem um conteúdo impossível.
Delírio com Juízo Falso – O delírio constitui uma alteração relacionada à formação de juízos. Através dos juízos, discernimos a verdade do erro. Através do juízo de realidade, distinguimos o que é real do que é fruto de nossa imaginação. Todavia, nem todos os juízos falsos são patológicos. O erro – que também constitui um juízo falso – distingue-se do delírio por originar-se na ignorância, no julgamento apressado ou em premissas falsas, e por ser passível de correção pelos dados da realidade. Além disso, há juízos que são considerados delirantes mesmo não sendo falsos. Pode-se afirmar que um juízo que coincide com a realidade é delirante quando há incoerência entre a crença e as evidências apresentadas para justificá-la. Por exemplo: o indivíduo que realmente está sendo traído descobre que a mulher lhe é infiel ao ouvir um cachorro latindo. Ou seja, o juízo é verdadeiro, mas o raciocínio foi patológico: chegou-se ao destino correto por um caminho errado.
Mecanismos Formadores (ou substância primordial) do Delírio
O delírio intuitivo corresponde à cognição delirante, é um fenômeno primário; sendo característico da esquizofrenia
O delírio imaginativo é secundário a uma atividade imaginativa patologicamente aumentada; é típico da antiga parafrenia. O delírio fantástico (ver adiante) tem como base uma exacerbação da atividade imaginativa.
O delírio catatímico é secundário a um distúrbio básico do humor; ocorre nas síndromes maníaca e depressiva. Por exemplo, por se sentir muito feliz e cheio de energia, o maníaco pensa que tem poderes paranormais; por estar muito triste e desanimado, o deprimido julga ser um grande pecador e estar sendo punido por Deus.
O delírio interpretativo é secundário a alterações patológicas da personalidade, que levam o indivíduo a atribuir a posteriori significados patológicos, em geral autorreferentes, a situações corriqueiras. A lógica é preservada, e o conteúdo é verossímil. É típico do transtorno delirante.
A seguinte situação configuraria um delírio interpretativo. Um indivíduo se aproxima de um grupo de pessoas que estão conversando, e elas param de falar quando ele chega. Ele então desenvolve a convicção de que estavam tramando alguma coisa contra ele, mesmo sem ter ouvido nada do que falavam.
O delírio sensorial é secundário a ilusões e alucinações; ocorre na esquizofrenia, na alucinose alcoólica etc. Por exemplo, o indivíduo passa a acreditar que vão matá-lo após ouvir uma voz que lhe diz exatamente isso.
O delírio oniroide é secundário às alterações sensoperceptivas e do pensamento observadas nos quadros de delirium, que, por definição, cursam com rebaixamento do nível de consciência.
O delírio mnêmico é secundário à atividade fabulatória de pacientes amnésicos ou demenciados. Por exemplo, o indivíduo falsamente se lembra de ter sido ameaçado por seu vizinho, e passa a acreditar que ele planeja matá-lo.
Referências 
CHENIAUX, Elie. Manual de Psicopatologia. Grupo GEN, 2020. 9788527737036. 
DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Grupo A, 2019. 9788582715062.
 
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