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BOLETIM DE DIFUSÃO TECNOLÓGICA 
TE NDÊ N CIAS T E C N O L Ó G I C A S 
1 
 
 
‘ 
SUMÁRIO 
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................... 2 
AUTORES ................................................................................................................................................... 3 
INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................... 4 
A FEIRA DA HANNOVER .................................................................................................................. 6 
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL .............................................................................................................. 8 
DESIGN DE ESTRUTURAS LEVES ............................................................................................. 14 
PLÁSTICOS E MATERIAIS INOVADORES ............................................................................ 20 
ECONOMIA CIRCULAR .................................................................................................................. 26 
FUTURO DO TRABALHO ............................................................................................................... 31 
LOGÍSTICA 4.0 ...................................................................................................................................... 34 
ENERGIA DIGITAL EFICIENTE.................................................................................................... 43 
HIDROGÊNIO VERDE E CÉLULAS DE COMBUSTÍVEL .............................................. 49 
CIBERSEGURANÇA .......................................................................................................................... 58 
PLATAFORMAS DIGITAIS.............................................................................................................. 62 
ELETROMOBILIDADE ..................................................................................................................... 68 
TECNOLOGIAS DE AR COMPRIMIDO .................................................................................. 74 
AUTOMAÇÃO DE PROCESSOS .................................................................................................. 81 
ROBÓTICA .............................................................................................................................................. 86 
GÊMEOS DIGITAIS .............................................................................................................................. 91 
INDÚSTRIA 4.0 ..................................................................................................................................... 97 
MANUTENÇÃO PREDITIVA ....................................................................................................... 105 
5G INDUSTRIAL ................................................................................................................................... 113 
MINISTÉRIO ALEMÃO DE EDUCAÇÃO E PESQUISA ................................................. 118 
MISSÃO SENAI .................................................................................................................................... 123 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................... 126 
 
 
 
2 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
O Boletim de Difusão Tecnológica é uma ação realizada pelo Núcleo de 
Inteligência e Vigilância Tecnológica do Serviço Nacional de Aprendizagem 
Industrial de São Paulo (SENAI-SP) e tem o objetivo de proporcionar às 
empresas paulistas a oportunidade de acompanhar as principais tendências 
tecnológicas no Brasil e no mundo por meio de benchmarking, reuniões 
com grandes instituições e missões internacionais com destino aos maiores 
polos de tecnologias mundiais. 
O ano de 2022 foi marcado por um gradual retorno às atividades presenciais 
após a crise sanitária da covid-19, e o evento, seguindo boas práticas de 
saúde, ocorreu de forma híbrida. 
O SENAI São Paulo acompanhou intensivamente o evento com equipes 
remotas e presenciais, trazendo como resultado conteúdos sobre inovação, 
tecnologia e novos negócios, que nortearão a criação das indústrias do 
futuro. 
Aproveite este boletim para conhecer as oportunidades e tendências 
tecnológicas apresentadas por expositores de todo o mundo. 
 
Boa leitura! 
 
 
3 
 
 
AUTORES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AUTORES 
Núcleo de Inteligência e Vigilância Tecnológica 
Bruno Henrique Huffenbaecher Marques de Oliveira 
Daniele Caroline Lima da Silva 
Regis Reis 
Tulio Henrique de Oliveira Silva 
 
Autores 
Eduardo dos Santos Pereira 
Eduardo Henrique Santos da Silva 
Erica Janaína Rodrigues de Almeida 
Guilherme de Souza Dias 
Henrique Almeida Nogueira 
João Rodrigues Neto 
José Martinho Leal Neto 
Lucas Eduardo Gomes 
Luís Henrique Mendes de Oliveira 
Marcelo Borges de Moura 
Matias Fernandes Silva Lopes 
Taiana She Mir Mui 
Valter Sampaio Sena 
Victor Pereira Bernardes 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
Caro(a) leitor(a), você está recebendo o Boletim de Difusão Tecnológica Hannover 
2022, editado e distribuído gratuitamente pelo SENAI São Paulo. Este boletim 
tem como objetivo disseminar, entre os representantes da indústria, 
especialistas, docentes e técnicos do SENAI São Paulo, informações sobre 
tecnologias que ainda têm baixo grau de difusão no mercado brasileiro e que 
podem contribuir para o desenvolvimento das empresas nacionais. 
A visita orientada a feiras tecnológicas setoriais visa monitorar as tendências 
tecnológicas identificadas pelo Modelo SENAI de Prospecção, bem como 
possíveis avanços nessas tendências e em outras tecnologias que poderão 
impactar os diversos setores da indústria nacional. Como uma feira tecnológica 
de importância mundial na exposição de inovações para o setor de serviços 
industriais, produtos, máquinas e equipamentos, a Hannover Messe propicia 
uma visão atualizada de novos conceitos, novas tecnologias e suas respectivas 
aplicações em toda a cadeia de valor industrial. 
O conteúdo deste documento é distribuído em temáticas centrais, exposto de 
maneira simples e objetiva, contendo não apenas o descritivo das tecnologias 
apresentadas no evento, mas discussões a partir das diferentes perspectivas dos 
principais líderes dos segmentos industriais, além de opiniões de especialistas do 
SENAI São Paulo. 
Serão abordados tópicos como Indústria 4.0, inteligência artificial, energia digital, 
robótica, aplicações do 5G, hidrogênio verde, produção livre de carbono e 
mobilidade do futuro. 
Sabemos que a tecnologia está em constante mudança e evolução, e que todos 
nós fazemos parte dessa transformação. Por isso, mais do que apenas apresentar 
determinada tecnologia ou desenvolvimento, nosso objetivo é proporcionar ao 
leitor uma imersão no evento, difundindo tendências para o futuro e 
provocações. 
Adicionalmente, complementamos as análises classificando os temas com base 
em seu nível de maturidade, utilizando como referência o indicador TRL, sigla 
para Technology Readiness Level (em português, nível de prontidão tecnológica). 
Criado pela NASA e utilizado por diversas organizações, o índice, que varia de 1 a 
9, indica quão pronta determinada tecnologia está para aplicação final. 
Espera-se que este boletim auxilie os representantes do meio produtivo no 
processo de aquisição e uso das tecnologias, bem como na tomada de decisões 
estratégicas para suas empresas.
6 
 
 
A FEIRA HANNOVER 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A FEIRA DA HANNOVER 
Entre os dias 30 de maio a 02 de junho de 2022, aconteceu a Hannover Messe, o maior 
eventode tecnologia do mundo e palco em que o conceito de indústria 4.0 tomou forma. 
Após a edição de 2020 ter sido cancelada em razão da pandemia da covid-19 e a de 2021 ter 
encarado o pdesafio de ocorrer 100% na modalidade virtual, neste ano, com o avanço da 
vacinação, presenciamos o evento no formato híbrido. Utilizando-se das vantagens de 
ambas as modalidades, neste ano foi possível confirmar a tendência constatada no evento 
anterior: a feira do futuro é híbrida e isso em nada atrapalhará a inovação, a inspiração e o 
networking. 
A feira de Hannover surgiu em 1947, em meio aos abalos do pós-guerra, com o intuito de 
reerguer a indústria alemã e hoje reúne anualmente as tecnologias e os modelos de 
negócio que impactam mundialmente o setor industrial. A feira é tradicionalmente 
realizada no centro de exposições Deutsche Messe AG Hannover, na cidade de Hannover, 
localizada no noroeste da Alemanha. 
Durante os dias de evento, os 10 pavilhões da Hannover 
Messe receberam mais de 2500 expositores e 75 mil 
visitantes, que puderam acompanhar demonstrações 
em stands, painéis de debates e apresentações tanto 
presenciais como virtuais. Os conteúdos foram 
disponibilizados em inglês e alemão com tradução 
simultânea nos eventos principais. Além disso, a 
plataforma online permitiu a interação entre visitantes e 
palestrantes durante e após o evento. 
A plataforma também contou com páginas para os 
expositores disponibilizarem informações de contato e 
conteúdos digitais de seus produtos. Havia ferramentas 
para auxiliar o visitante a encontrar empresas, eventos e 
produtos de seu interesse, inclusive com um serviço de 
matchmaking, para uma prospecção mais eficiente e 
assertiva. 
 
 
7 
 
 
 
A FEIRA HANNOVER 
Uma das novidades foi a disponibilização de um aplicativo 
mobile com o mapa 3D do evento para que os visitantes 
pudessem se localizar com mais facilidade. O aplicativo 
também continha uma lista com todos os expositores e as 
conferências, de modo a facilitar o planejamento e a interação 
com os variados tópicos e temas abordados no evento. 
Todos os anos há um país em destaque na Hannover Messe e, 
com o lema “Portugal Makes Sense”, Portugal foi o país 
parceiro oficial deste ano, apresentando clusters de excelência 
tecnológica nas áreas de equipamentos mecânicos, 
mobilidade, aeronáutica, têxtil, materiais poliméricos, 
moldagem, tecnologias de produção e energias renováveis. 
Além de Portugal, houve espaços dedicados a vários outros 
países nos pavilhões, nos quais empresas apresentaram suas 
soluções para o público. O Brasil não participou com a 
exposição de empresas nessa edição, porém, esteve presente 
com uma área de negócios organizada pela CNI. 
A pluralidade do evento surpreendeu os visitantes. Mais do que 
uma feira para reunir diversas tecnologias do setor industrial, a 
Hannover Messe tem o papel fundamental de conectar 
pessoas e negócios, demonstrando como o futuro da indústria 
acontecerá. 
Clique aqui e confira mais informações no site oficial da feira. 
Clique aqui e assista ao vídeo promocional da Hannover 
Messe 2022. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.hannovermesse.de/en/
https://www.youtube.com/watch?v=g_NA3fy6OFE
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INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL 
TRL 7-9 
A inteligência artificial (também chamada de 
IA, artificial intelligence ou AI) e o aprendizado 
de máquina (machine learning ou ML) são 
áreas crescentes da tecnologia e têm 
transformado a sociedade em diversos 
aspectos. As aplicações de IA de uso geral, 
como recomendações de produto, tradução 
de texto, chatbots etc., já são comuns no dia a 
dia. Além de permitir avanços na robótica 
industrial, a IA tem sido amplamente usada 
para a detecção de anomalias, como falhas em 
motores, ou de defeitos em produtos e 
componentes, bem como no processo de manutenção preditiva, que visa evitar falhas por 
meio de previsões. 
Com o uso desta tecnologia é possível aumentar a qualidade dos produtos mediante 
inspeção automatizada, aperfeiçoar os processos de automação para identificação e 
separação de produtos, auxiliar na construção de gêmeos digitais e prever resultados ou 
falhas em equipamentos. 
A Covision Quality, empresa de aprendizagem de máquina e visão computacional, propôs 
uma discussão acerca do uso da inteligência artificial para automação de inspeção visual 
de qualidade (artificial intelligence for automating visual quality inspection). A discussão 
se pautou no fato da não escalabilidade do controle de qualidade baseado em inspeção 
visual humana, visto que, para analisar uma peça pequena, uma pessoa leva de 3 a 5 
segundos. Além disso, o trabalho humano tem custo elevado e um erro médio de 
aproximadamente 30%. 
Contudo, é sugerido que antes de inicializar a implantação de sistemas de inspeção usando 
inteligência artificial, sejam levantados os casos de uso relevantes, além de buscar a 
máxima qualidade nos dados a serem utilizados no processo de treinamento do sistema. 
Na etapa seguinte, é preciso testar diversos modelos e analisar, por exemplo, se é mais viável 
treinar um modelo de forma local ou contratar um Software como um Serviço (SaaS – 
Software as a Service). Foi comentado também que existe uma demora média de 2 a 6 
semanas para iniciar um sistema de inspeção de qualidade baseado em inteligência 
artificial, dependo do tipo de solução e do tamanho da equipe de trabalho. 
“O aprendizado de máquina permite fazer previsões com base em grandes 
quantidades de dados. Este ramo da inteligência artificial é construído com base no 
reconhecimento de padrões e tem a capacidade de extrair conhecimento da 
experiência de forma independente. Por isso, a tecnologia encontrou seu lugar nos 
processos industriais.” 
9 
 
 
 
A Amazon apresentou diversas soluções na área de inteligência artificial. Entre elas, com 
aplicação direta na indústria, destaca-se novamente o Amazon Monitron, um equipamento 
dotado de sensor de temperatura e vibração para o monitoramento de equipamentos e 
processos. Esse equipamento utiliza aprendizagem de máquina para detectar condições 
anormais em equipamentos industriais e habilitar a manutenção preditiva. É formado por 
um conjunto de sensores sem fio acoplados a motores e equipamentos, além de uma 
central que recebe os dados coletados. 
Os sensores utilizam o bluetooth de baixo consumo de energia, que tem capacidade de 
funcionar sem intervenção por até três anos. A central recebe os dados, realiza o pré-
processamento e envia as informações para um sistema de computação em nuvem. O 
sistema também conta com uma aplicação para tablets e smartphones, que permite o 
acompanhamento dos resultados em tempo real. 
 
Figura 1 – Amazon Monitron. 
Outro destaque foi a Flanders Make, um centro de pesquisa estratégico para a indústria de 
manufatura localizado na região flamenga da Bélgica. Com o objetivo de contribuir com o 
desenvolvimento tecnológico de veículos, máquinas e fábricas, o centro apresentou um 
sistema de classificação e separação de peças metálicas estampadas, baseado em visão 
computacional bidimensional. As imagens coletadas por uma câmera passam por uma 
rede neural, a qual classifica e determina a posição de peças sobre a mesa. A informação é 
repassada a um braço robótico que se encarrega de coletar e armazenar as peças. Além de 
ganho em velocidade de separação de itens, tem-se a redução de falhas devido a fatores 
humanos. A grande vantagem apresentada está na capacidade de treinar o sistema para 
reconhecer peças distintas, mesmo em ambientes mais complexos que envolvam, por 
exemplo, variações na iluminação, cores e até sobreposição de peças diferentes. 
10 
 
 
 
 
Figura 2 – Visão computacional para classificação e separação de peça. 
A Siemens, por sua vez, vem inserindo constantemente novas funções aos seus 
controladores, com o intuito de atender às mais altas demandas de empresas que estão 
visando à digitalização de processos industriais. 
Os controladores SIMATIC oferecem maisdo que apenas um hardware para controlar todos 
os tipos de máquinas e plantas, apresentam funcionalidades para a integração de 
tecnologias futuras (como IA e Edge). Assim, esses controladores se tornam base ideal para 
soluções inovadoras e parte essencial de abordagem de uma automação totalmente 
integrada. 
O uso da IA torna as máquinas flexíveis, ou seja, podem ser treinadas e ajustadas de maneira 
dinâmica. Devido a essa flexibilidade, os controladores atendem a diversas aplicações, das 
mais simples às mais complexas. 
Isso permite, por exemplo, que uma esteira de separação de produtos de diferentes 
processos seja configurada mais rapidamente, reduzindo a necessidade de intervenção na 
produção para a inclusão de itens fora do catálogo. 
Por que as empresas investiriam em 10 máquinas para embalar 10 tipos diferentes de 
produtos se podem adquirir uma ferramenta que acomoda diferentes embalagens e 
tamanhos e que se ajusta automaticamente ao formato do produto? 
Além disso, existem muitas outras vantagens e possíveis aplicações para essa tecnologia. 
Tomemos novamente como exemplo uma indústria de embalagens, na qual garrafas 
passam rapidamente por uma esteira transportadora. Um sistema convencional é treinado 
para detectar falhas específicas; se ocorrer uma situação que fuja do padrão configurado, 
esse sistema falhará na detecção. Utilizando um recurso de IA associado a uma câmera 
treinada com redes neurais para reconhecer milhares de imagens com diversas 
combinações de falha possíveis, o sistema será capaz de descobrir as regras por conta 
própria. 
11 
 
 
 
 
Figura 3 – Aplicação dos controladores SIMATIC que usam a IA para torna tornar a máquina mais 
flexível e dinâmica. 
Analisar detalhadamente todos os movimentos realizados por operadores em um galpão 
logístico pode ser uma tarefa extremamente complexa e certamente demandará muito 
tempo. Monitorar os tipos de movimento realizados e exata quantidade em que ocorrem 
são tarefas praticamente impossíveis de serem realizadas de modo manual. 
A startup Motion-Miners trouxe uma solução que monitora automaticamente os 
movimentos executados pelos operadores e os classifica por meio de inteligência artificial, 
conforme os requisitos e as especificidades do negócio. Sensores instalados nas roupas dos 
operadores coletam dados de movimentos, que são posteriormente analisados pela 
plataforma desenvolvida pela empresa. 
 
Figura 4 – Fluxo dos dados coletados pela solução da Motion-Miners. 
12 
 
 
 
Como resultados são fornecidas avaliações ergonômicas e apresentadas informações 
relacionadas aos processos executados, tornando a produção muito mais transparente, o 
que facilita a identificação de pontos de otimização. 
 
Figura 5 – Tecnologia vestível, com sensores integrados às roupas. 
Comentário dos especialistas 
“Nesta edição do evento, foi possível observar que ainda existem grandes dificuldades na 
implementação de sistemas de Inteligência Artificial na Indústria, como a falta de 
padronização e metodologia específica para a realidade fabril, ao passo que ficaram 
evidentes as estratégias dos grandes centros de pesquisas e multinacionais de consolidar 
parcerias para alcançar soluções e desenvolvimentos concretos. Uma outra área que se 
mostrou presente e atual foi o desenvolvimento de sensores de baixo custo e baixo 
consumo energético para coletar dados de plantas fabris para monitoramento e realização 
de manutenção preditiva. Por fim, a grande promessa para os próximos anos está ligada ao 
uso de sistemas autônomos, como veículos inteligentes para o transporte de carga e 
pessoas e robôs colaborativos, que utilizam como base sistemas de inteligência artificial.” 
Eduardo Pereira 
 
“O setor da qualidade tem um grande ganho de performance com a aplicação de IA. Muitos 
eventos e empresas apontaram a identificação de peças defeituosas em linhas de produção 
por meio de inspeção visual como um dos principais casos de aplicação dessa tecnologia. 
Para viabilizar esse processo, no entanto, é necessário incluir dispositivos capazes de 
capturar imagens das linhas de produção e projetar dispositivos e recursos para remover as 
peças identificadas como defeituosas, e isso pode ser feito em diversas etapas do processo 
produtivo para identificar falhas com antecedência, reduzindo o tempo de resposta no 
processo. Além disso, pode ser integrado a ferramentas de qualidade existentes, que, em 
13 
 
 
 
vez de avaliar amostras de lotes, passariam a avaliar praticamente a nível de produto 
individual.” 
Lucas Eduardo Gomes 
 
“Aplicações de IA estão cada vez mais diversas, e nos fornecendo informações que jamais 
imaginaríamos ter. Com a captação e interpretação de dados detalhados dos movimentos 
realizados por um operador, podemos fazer análises muito mais complexas do que se 
simplesmente estivéssemos observando seus movimentos. Entender não só como o 
trabalho está sendo executado por diferentes operadores, mas compreender os impactos 
ergonômicos neles, permite-nos elaborar processos mais eficientes, adequar melhor os 
ambientes e identificar pontos que só seriam notados no futuro, quando os efeitos de uma 
atividade executada incorretamente ao longo do tempo fossem agravados. 
Vale ressaltar que uma coleta de dados tão precisa como essa traz implicações éticas e 
legais, portanto, algumas questões se impõem: Qual seria o limite entre extrair informações 
para otimizar o processo e invadir a privacidade do operador? Por mais que tecnologias 
como essa possam elevar o patamar produtivo, não podemos nos esquecer de que também 
é nossa responsabilidade impor limites e criar barreiras para que efeitos indesejados não 
aconteçam e causem efeitos reversos aos desejados.” 
Bruno Huffenbaecher 
 
14 
 
 
 
DESIGN DE ESTRUTURAS LEVES 
TRL 4-9 
A engenharia leve visa à otimização da 
geometria sem afetar a rigidez do produto, 
além de reduzir tempo, custo e emissões de 
carbono. A redução de peso é um dos 
principais objetivos para se diminuir o custo do 
produto e os impactos ambientais. As 
ferramentas de prototipagem virtual são 
amplamente aplicadas para estudar novas 
soluções, contudo, é necessária uma 
abordagem integrada, envolvendo simulações 
e análise do ciclo de vida, para realizar a 
otimização e a tomada de decisões. 
Existem basicamente dois meios para se obter 
redução do peso nas peças ou estruturas: 
substituição dos materiais tradicionais por materiais alternativos leves ou otimização do 
design. 
Soluções com design de baixo peso construídos a partir de materiais leves oferecem um 
enorme potencial de melhorar o desempenho de produtos, peças ou estruturas. A 
otimização e modelagem adequadas do design são cruciais para explorar plenamente esse 
potencial. O design de baixo peso está diretamente alinhado aos objetivos de eficiência, 
sustentabilidade, desempenho e qualidade. 
Pesquisadores do Instituto Fraunhofer LBF desenvolveram uma caixa para baterias leve e 
econômica feita de materiais à base de polímeros e compósitos. A estrutura da carcaça 
consiste em um núcleo de espuma e camadas de polímeros termoplásticos reforçados com 
fibras de carbono. Em comparação com as caixas convencionais de alumínio, o peso foi 
reduzido em 40%. 
“O design leve pertence às principais tecnologias do futuro. Ele pode economizar 
recursos, reduzir as emissões de CO2 e aumentar o desempenho e a lucratividade dos 
produtos em muitos setores da indústria. Na Hannover Messe, especialistas em 
construção leve demonstraram soluções abrangentes de materiais e tecnologia para 
construção leve inovadora – tanto para montagem quanto para formação e 
conceituação.” 
 
 
 
 
 
 
15 
 
 
 
 
Figura 6 – Caixa para baterias desenvolvida pelo Instituto Fraunhofer LBF. 
Vários métodos de simulação foram desenvolvidos para prever o comportamento dos 
componentes durante a fabricação. A ideia do desenvolvimento dessa caixa está vinculada 
à redução de peso, ao aumento deresistência mecânica, à resistência à temperatura e à 
corrosão. Apesar da aplicação de compósitos, o custo de manufatura da caixa acabou sendo 
baixo, devido ao processo de fabricação que foi especialmente desenvolvido para esse fim, 
sendo, portanto, muito eficiente. Atualmente, os níveis de segurança e confiabilidade da 
caixa estão sendo testados em laboratório na escala de TRL 4. 
A empresa Necto Matrix Module apresentou um design de estrutura de chapas estampadas 
baseado no modelo biônico de ossos de pássaros, o modelo foi nomeado de Necto. 
Inicialmente, esse design foi utilizado para aplicações no mercado fotovoltaico. Em 
comparação com as habituais molduras de alumínio utilizadas, o Necto é mais econômico, 
tem uma estrutura mais rígida, plana e estável. Além disso, há também uma redução de 
peso de aproximadamente 60%. 
Após diversos a etapa laboratorial, a empresa está atualmente em testes de campo em 
cooperação com vários fabricantes de módulos solares interessados em utilizar esse design 
de painel. Um outro exemplo de aplicação foi no capô de um carro esportivo, em que uma 
estrutura híbrida de Necto em chapas de alumínio com uma camada de material 
compósito foram utilizados. O mais interessante é que o design Necto pode ser aplicado 
em diferentes tipos de materiais metálicos e no design de estruturas planas e redondas, 
tanto que está em teste em caminhões-tanque. 
16 
 
 
 
 
Figura 7 – Design da estrutura Necto estampada, baseado no modelo biônico de ossos de pássaros. 
 
 
Figura 8 – Chapas estampadas com o design Necto nos formatos plano e redondo. 
A empresa Foldcore trouxe o lançamento de um compósito do tipo sanduíche, 
demominado Fire Away, que promete, além do baixo peso, proteção de até 1000 °C. O Fire 
Away é composto de um sanduíche de compósitos com folhas de mica e geopolímero, 
sendo a estrutura central formada por camadas dobradas de mica, como um origami, e 
preenchidas com espuma de geopolímero. Além de tornar paredes, portas e tetos à prova 
de fogo, pode ser usado como isolador térmico ou elétrico. O Fire Away já se encontra 
disponível no mercado e são feitos sob demanda do cliente. 
A empresa Eisenhuth apresentou soluções para otimização de design com simulações e 
prototipação com impressão 3D. Nesse caso, são necessárias análises para melhorar o 
design já existente de peças ou moldes, removendo material onde for desnecessário. A 
empresa oferece serviços de design e otimização para manufatura de moldes e 
ferramentas. 
17 
 
 
 
 
Figura 9 – Design de uma peça otimizada pela empresa Eisenhuth. 
A empresa CG Rail trouxe para a Lightcon, evento que ocorreu paralelamente à Hannover 
Messe, o primeiro trem fabricado com materiais compósitos do mundo. A empresa 
desenvolveu cabines, chassis e o corpo do trem, e algumas dessas estruturas com até 90% 
de polímeros reforçados com fibras de carbono. Em razão disso, houve uma redução do 
peso em cerca de 50% quando comparado aos trens que utilizam estruturas metálicas 
convencionais. 
Os quatro primeiros protótipos foram desenvolvidos e já estão em demonstração e uso na 
Ásia. A estrutura e o design dos chassis do trem ganharam o Prémio Europeu de Inovação 
2020 da European Railway Clusters Initiative (ERCI). Essa iniciativa permite, além da 
redução do peso, economia de insumos e alta performance do sistema do transporte 
público. Além da substituição do material, houve alterações e otimização do design das 
estruturas, uma vez que houve redução de partes individuais e integração do corpo. Para 
se chegar nesses resultados a empresa afirmou que foram necessários diversos estudos 
para manufaturar e montar as grandes estruturas de compósitos. Esse know-how adquirido 
poderá ser aplicado em outros tipos de veículos, tais como caminhões e ônibus. 
18 
 
 
 
 
Figura 10 – Chassi de trem produzido com material compósito pela CG Rail. 
A empresa Bionic Mesh Design trouxe inovação em serviços oferecidos para a engenharia 
leve. A empresa conta com um time de engenheiros para realizar projetos de otimização 
estrutural, retopologia (processo de reconstrução da malha de um modelo 3D), integração 
CAD, análise e validação estrutural com simulação de elementos finitos e licenças de 
softwares para customização, otimização e design. 
 
Figura 11 – Etapas de otimização estrutural apresentadas pela Bionic Mesh Design. 
A empresa Advanced Mechanical Engineering GmbH apresentou um estudo de caso da 
otimização estrutural de um transdutor de força para rodas de carro, com o objetivo de 
adquirir dados reais da carga do veículo. A peça foi otimizada e manufaturada aditivamente 
pelo método de fusão seletiva a laser. Com a otimização do modelo, houve redução das 
partes do conjunto e diminuição do peso em cerca de 35%, uma vez que as peças foram 
integradas. Atualmente, um protótipo foi colocado no carro da Kistler para realização de 
testes de validação funcional. 
19 
 
 
 
 
Figura 12 – Otimização de peça promovida pela Advanced Mechanical Engineering. 
Comentário da especialista 
“A engenharia leve ou engenharia de baixo peso ainda é pouco difundida no Brasil. Talvez 
pelo fato de ainda estar associada aos custos adicionais e/ou por utilizar materiais leves, que 
são consideravelmente mais caros que os materiais convencionais. Por outro lado, existe a 
otimização, que necessita de softwares e pessoas qualificadas para modelar e minimizar o 
peso da peça, maximizar a rigidez, potencializar a utilização dos materiais e aprimorar os 
processos de manufatura que são alternativas rentáveis e que devem ser exploradas. 
Designs precisam ser criados e modelados objetivando mudanças e variações nos limites 
de carregamentos, tolerâncias de manufatura e heterogeneidade dos materiais. Com a 
otimização de design, obtém-se baixo peso e evita-se o desperdício de matérias primas e 
insumos, além de uma diminuição das emissões de CO2. Simulações e otimizações de 
design na engenharia precisam ser mais desenvolvidas e apresentadas no Brasil, visto que 
são pouco difundidos os softwares existentes no mercado.” 
Taiana Mui 
 
20 
 
 
 
PLÁSTICOS E MATERIAIS INOVADORES 
TRL 3-9 
A área de materiais é transversal e apresenta 
grande potencial de inovação que permeia 
diversas áreas. O projeto de desenvolvimento 
de um produto tem como passos iniciais a 
escolha do material a ser empregado e deve 
estar de acordo com os requisitos e objetivos 
do cliente. Os materiais inovadores estão 
intimamente ligados à alta tecnologia de 
processamento, com o intuito de garantir 
propriedades mecânicas, diminuição de peso 
e sustentabilidade dos processos. 
A empresa GBneuhaus apresentou soluções 
de nanorrevestimentos funcionais para 
metais, polímeros e vidros que podem ser aplicados nas indústrias automotiva, aeronáutica 
e civil e até na medicina. Basicamente, são acrescidos filmes de sol gel (200 nm até 1,5 µm) 
visando fornecer propriedades superficiais aos materiais. Dentre as linhas apresentadas as 
principais foram: I) revestimento hidrofóbico que torna a superfície antiaderente contra 
líquido e sujidades. II) revestimento hidrofílico que cria um efeito antiembaçante e evita 
interferências ópticas na superfície. III) revestimento antimicróbico (SANPURE®) que é 
resistente a abrasões e riscos, reduzindo a contaminação de patógenos e, por ter efeito 
germicida, impedindo a formação de novos vírus e bactérias. 
Um estudo de caso realizado pela Eurovir, em 2020, mostrou que o SANPURE® eliminou 
90% dos vírus no substrato após apenas uma hora. E, após 8 horas, a carga de vírus foi 
reduzida em 99,99%. Esse revestimento foi aplicado em hospitais e ambientes para evitar a 
contaminação por covid-19, sendo utilizado em superfícies de maçanetas, telas 
touchscreens, teclados, barras de apoio em escadarias, entre outros. Todas as soluções 
apresentadas estão disponíveis no mercado. 
“A preocupação com a sustentabilidade ambiental tem cada vez mais guiado o 
futuro das empresas, quebuscam constantemente desenvolver novos materiais mais 
baratos de produzir, mais eficientes, com menor impacto ambiental e que produzam 
baixa emissão de gás carbônico. Neste ano, empresas apresentaram soluções que 
alinharam tecnologia e sustentabilidade.” 
21 
 
 
 
 
Figura 13 – Superfície hidrofóbica GBneuhaus. 
A empresa 9TLabs apresentou um estudo de caso sobre o desenvolvimento de uma peça 
em compósito para um exoesqueleto em parceria com o Centre de Développement des 
Composites du Québec (CDCQ) e a empresa Mawashi, ambos localizados no Canadá, 
mostrando a capacidade de imprimir pré-formas e remodelá-las numa forma curva 
durante o processo de pós-consolidação do compósito, visando substituir ligas de titânio, 
que são comumente aplicadas em exoesqueletos. Com esse estudo, chegaram à conclusão 
de que a peça impressa em compósito era 56% mais leve que uma peça impressa em 
titânio. 
O custo da impressão também foi consideravelmente menor que o de uma impressão 
metálica em cerca de 75%. Esses resultados mostram que a substituição de materiais 
metálicos por compósitos, nesse caso, reduziria tanto o custo quanto o peso do 
exoesqueleto, que é um atributo muito importante para o bem-estar das pessoas que vão 
usufruir dessa tecnologia. A fabricação de compósitos por manufatura aditiva pela 
tecnologia aditiva de fusão criada pela 9TLabs já se encontra no mercado e pretende 
superar as limitações na fabricação em larga escala de compósitos com fibras contínuas 
por meio da manufatura aditiva. 
 
Figura 14 – Processo de impressão da 9TLabs e peça desenvolvida em compósito para o 
exoesqueleto. 
 
22 
 
 
 
A KIST+Escherich apresentou uma nova tecnologia rápida e confiável de conexão de metais 
e termoplásticos, chamada de hyJOIN, que ocorre por meio de um processo térmico direto 
de junção de peças. O diferencial dessa tecnologia é que não há a necessidade de material 
adicional para realizar a união de metais e polímeros, tornando a hyJOIN uma alternativa à 
união adesiva ou juntas mecânicas. Pode ser empregada em uma ampla gama de 
aplicações nas indústrias de eletrônicos, bens de consumo, automobilística, embalagens e 
tecnologias médicas. O equipamento hyJOIN foi lançado no fim de 2021 e já se encontra 
disponível no mercado. 
 
Figura 15 – Equipamento desenvolvido pela empresa KIST+Escherich para junção térmica de metais 
e termoplásticos. 
A CompPair Technologies apresentou um compósito regenerativo e sustentável, a 
tecnologia HealTech, que tem o objetivo de melhorar a eficiência operacional, reduzir os 
custos de manutenção e prolongar a vida útil dos compósitos. É uma inovação no campo 
dos compósitos autocurativos capaz de auxiliar fabricantes e consumidores na preservação 
do planeta. 
O compósito HealTech permite a reparação de compósitos danificados em até 1 minuto, in-
situ, sem qualquer material adicional ou etapa de processamento e está disponível como 
pré-impregnado com diferentes fibras e arquiteturas. O produto visa a uma redução de 99% 
do tempo de reparação e já se encontra em implementação em mais de 25 empresas. 
23 
 
 
 
 
Figura 16 – Benefícios da tecnologia Healtech para materiais compósitos. 
A empresa igus trouxe à feira de Hannover a inovação de uma bicicleta robusta, durável, de 
baixo peso e composta de mais de 90% de plástico reciclado, a chamada igus bike. Essa 
bicicleta não enferruja nem requer lubrificantes, pois utiliza rolamentos de plástico xiros, 
que proporciona uma operação seca de baixo atrito por meio da tecnologia igus de 
lubrificantes sólidos. Além disso, a igus criou também uma plataforma para oferecer 
serviços às empresas que estejam interessadas em substituir partes de suas produções de 
peças de bicicletas. A igus bike será lançada até o fim de 2022. 
 
Figura 17 – Igus Bike, bicicleta composta de plástico reciclado. 
24 
 
 
 
A empresa Nanofract, uma spin-off da Universidade de Magdeburg, trouxe inovação para a 
produção de pós e filamentos para a manufatura aditiva. Um exemplo, é o filamento de 
metal-cerâmica para impressão 3D, em que o metal é revestido com partículas de cerâmica 
e extrudado. As propriedades do metal e da cerâmica são combinadas umas com as outras, 
resultando em um material mais leve e com alta resistência à abrasão. Com a mesma 
técnica, plásticos podem ser combinados com outras partículas, adicionando ao material 
propriedades condutivas ou magnéticas. Na escala TRL, encontra-se no nível 3. 
A tecnologia PolyJet de impressão aditiva, ainda que seja novidade no mercado, tem se 
mostrado mais acessível e com maior aplicabilidade. Desenvolvida pela Stratasys, a 
tecnologia auxilia designers e projetistas a criarem modelos realísticos de seus produtos, 
facilitando a visualização de conceitos e detalhes precisos dos objetos. Permite que 
diferentes materiais e cores sejam utilizados no processo de impressão, validando mais 
assertivamente o produto e reduzindo seu tempo de desenvolvimento. 
 
 
Figura 18 – Modelo de braço humano impresso a partir da tecnologia PolyJet. 
25 
 
 
 
 
Outra tecnologia que se destacou foi a 3DFashion, também da Stratasys, que promete 
revolucionar a indústria de moda. Ela permite impressão direta sobre objetos e tecidos, em 
diferentes cores e materiais, expandindo as possibilidades de design que antes eram 
limitadas aos métodos convencionais de fabricação. 
 
Figura 19 – 3DFashion, tecnologia direct-to-textile da Stratasys. 
 
Comentário da especialista 
“Na feira de Hannover foi possível verificar as tendências de materiais inovadores, leves, 
resistentes e sustentáveis. Os nanomateriais e revestimentos estão em alta e são as apostas 
para os próximos anos, visando aprimorar características e propriedades dos materiais já 
existentes. Além disso, foi possível perceber a preocupação das empresas com o 
desenvolvimento de materiais que utilizam fontes naturais e renováveis, tais como 
compósitos de fibras naturais e bioplásticos. O Brasil, um país com diversas fontes naturais 
disponíveis, pode se beneficiar com essas tendências mundiais.” 
Taiana Mui 
 
26 
 
 
 
ECONOMIA CIRCULAR 
TRL 5-9 
 
Não há como fugir de temas como a redução 
dos impactos causados pelos gases de efeito 
estufa. O processo de descarbonização da 
atmosfera faz toda a sociedade, e em especial 
o setor industrial, deparar-se com a 
necessidade de reduzir a pegada de carbono e 
consequentemente os níveis de emissão de 
CO2. Uma regra prática para a neutralidade 
climática é que uma empresa precisa evitar a 
emissão de gases de efeito estufa em sua 
cadeia de valor e fornecimento de energia. 
Inclusive, é preciso reduzir emissões 
prejudiciais ao meio ambiente como resultado 
de processos ou outras atividades comerciais, 
incluindo todos os tipos de atividade humana 
(por exemplo, viagens de negócios, eventos etc.). 
Mudar para uma produção neutra em carbono também vale a pena do ponto de vista da 
eficiência de custos e para isso é necessário investimento. Tais investimentos são 
compensados após alguns anos, pois a implementação dessas tecnologias permite o 
aumento da eficiência dos processos, o que é convertido em gastos significativamente 
menores, principalmente no consumo de energia. 
Durante a feira, a Siemens apresentou a SiGREEN, plataforma com abordagem inovadora 
para descarbonização eficiente ao longo da cadeia produtiva. Essa solução fornece 
informações monitoráveis e dinâmicas de pegadas de carbono, o que serve de base para o 
gerenciamento de emissões relacionados ao produto em escala industrial. Além disso, 
fornece base necessária para o gerenciamento de emissões de CO2, preservando a 
soberania dos dados de todos os participantes da cadeia de suprimentos. A comunicação 
ponto a ponto, cuja confiabilidade é garantida por meio de chaves criptográficas, permite 
que as empresas identifiquem com eficiência e segurança o potencial de melhoria e 
reduzam as emissões mais rapidamente. 
“O maior desafio do nossotempo é a mudança climática; para combatê-lo, o mundo 
deve fazer enormes esforços. Além da geração de energia renovável, é preciso 
aumentar a eficiência e conservar os recursos naturais.” 
27 
 
 
 
 
Figura 20 – Plataforma Sigreen. 
A Atos, em parceria com a BASF, apresentou a calculadora de pegada de carbono, uma 
ferramenta capaz de determinar automaticamente a pegada de carbono de produtos 
químicos, permitindo monitorá-la para que seja possível reduzi-la. Para isso, a BASF 
disponibiliza a solução digitalmente, bem como a metodologia para o cálculo da pegada 
de carbono do produto (PCF) de produtos químicos. Como parceira, a empresa selecionou 
a Atos para o desenvolvimento de uma plataforma de software baseada nessa metodologia, 
para disponibilizar a abordagem de cálculo de PCF à indústria. 
 
Figura 21 – Representação esquemática da PCF-visual Atos. 
No tópico de fornecimento de energia, a Siemens apresentou o SIVACON S8 plus, que é um 
quadro de distribuição de baixa-tensão responsável por distribuir energia de maneira 
segura, por meio da utilização de dados inteligentes e realização de gerenciamento de 
processos. Ele está preparado para os desafios da digitalização devido a aspectos de 
recursos especiais e ao design modular, que visa garantir confiança, segurança e 
flexibilidade. Os dados do SIVACON S8 plus ficam disponíveis o tempo todo para uma 
automação de alto nível, bem como para o gerenciamento de energia e sistemas de 
análises baseados em nuvem. A partir desses dados é possível realizar a otimização de 
processos, a manutenção preditiva, além de economizar custos, devido à transparência 
energética, e intensificar a disponibilidade do quadro de distribuição. 
28 
 
 
 
 
Figura 22 – Módulo SIVACON S8 plus. 
A empresa Salzgitter apresentou o programa SALCOS, que promete produzir aço com baixo 
teor de CO2. Trata-se de um projeto central da transformação industrial para processos de 
produção de baixo ou até mesmo nenhum CO2. Só a conversão da metalurgia em Salzgitter 
reduziria as emissões alemãs de CO2 em 8 milhões de toneladas por ano, o equivalente a 1% 
do total. O aço verde apresenta baixo teor de CO2, o que permite aos clientes da empresa 
atingirem as suas metas de sustentabilidade e produzam produtos neutros para o clima. O 
aço verde produzido com SALCOS tem uma pegada de carbono reduzida em mais de 95%. 
 
Figura 23 – Representação esquemática do Salzgitter SALCOS. 
Uma tecnologia que envolve sustentabilidade e economia circular foi exposta pela 
Circularise, que desenvolveu um sistema de software que ajuda fornecedores de produtos 
29 
 
 
 
químicos, plásticos, materiais de baterias, metais e de outras indústrias a rastrear materiais 
e compartilhar a sua pegada ambiental sem arriscar seus dados confidenciais. É uma 
tendência de mercado que clientes e empresas busquem entender de onde vêm seus 
produtos, do que são feitos, para onde vão e quais são os seus impactos ambientais. Ao 
encontro dessa situação, eles também querem saber como prolongar a vida útil desses 
produtos e como podem reutilizá-los, criando, assim, o que definimos como economia 
circular. 
Entretanto, o levantamento de todos esses dados para obter uma visão completa da cadeia 
de valor traz preocupações em relação à confiança, privacidade e confidencialidade devido 
aos dados disponíveis sobre materiais estarem restringidos por propriedade intelectual, não 
acessíveis ou incompletos. 
Assim, a Circularise ajuda marcas e fabricantes de equipamentos a acessar as próprias 
emissões de carbono e outros dados provenientes dos fornecedores para melhorar a 
sustentabilidade e a conformidade e atender aos requisitos regulatórios e à demanda dos 
clientes, oferecendo alto nível de privacidade e confidencialidade, com uma tecnologia 
smart questioning, que está em processo de obtenção de patente. 
 
Figura 24 – Representação esquemática do software Circularise. 
Comentário dos especialistas 
“De acordo com o relatório do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima (2018) para a 
Presidência da República ‘Brasil Carbono zero em 2060’, espera-se uma redução dos gases 
de efeito estufa de 37% em 2025, sinalizando uma redução de 43% em 2030 no nível 
absoluto de emissões em relação a 2005. Para atingir esses objetivos, o parque industrial 
brasileiro precisa de engajamento na implementação de ferramentas que auxiliem na 
redução da emissão de CO2; logo, temas como sustentabilidade e economia circular 
precisam ser amplamente debatidos. Durante a Hannover Messe 2022, esses temas foram 
discutidos e ferramentas de mapeamento e cálculo de pegadas de carbono foram 
apresentadas, de modo a auxiliar as indústrias na descarbonização de processos produtivos. 
30 
 
 
 
Modelos eficientes de fornecimento de energia também auxiliam no sucesso dessas 
tecnologias, pois permitem a redução de gastos energéticos e consequentemente levam 
essas indústrias à redução na emissão de CO2. Como o público está cada vez mais 
interessado na proteção do clima, o compromisso também está aumentando cada vez mais 
a competitividade corporativa. A proteção do clima será, portanto, decisiva para o 
marketing corporativo do futuro e será valiosa a longo prazo. A demanda de energia pode 
ser suprida por meio de eletricidade verde, que cresce de maneira exponencial, e não há 
como negar o futuro. As emissões inevitáveis são compensadas pela implementação de 
projetos verdes ou outras medidas. Diante disso, o investimento em projetos climáticos 
certificados é uma boa opção. Sustentabilidade e economia circular caminham juntas no 
atual cenário mundial, e princípios como preservar os ambientes naturais, reutilizar e 
reaproveitar ao máximo o que produzimos nunca foram tão discutidos. As indústrias 
precisam estar antenadas às tecnologias que envolvem esses conceitos para, assim, 
manterem-se competitivas no mercado.” 
Erica Almeida 
 
“As indústrias têm buscado um maior número de alternativas sustentáveis para reduzir os 
impactos ambientais decorrentes do modelo operacional vigente ao longo das últimas 
décadas. O tema nunca esteve tão presente, e o evento refletiu isso apostando em soluções 
diversas com um olhar para ações de sustentabilidade e economia circular. A cadeia 
produtiva tem buscado parcerias com olhares para os conceitos de Life Cycle Management 
(LCM), que representa a história de um produto desde sua ideação até o descarte ou 
reaproveitamento. Nesse pilar, além da prática da engenharia reversa, a Hannover trouxe 
empresas com soluções que conectam produtos antes descartados a oportuniddes de 
novos negócios.” 
Tulio Silva 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
 
 
FUTURO DO TRABALHO 
 
 
O tema “futuro do trabalho” visa identificar 
novos perfis profissionais e habilidades 
humanas, também conhecidas como human 
skills ou people skills, que são oportunizadas 
com o surgimento de novas tecnologias e 
modelos de negócios nas indústrias de 
transformação e nos demais setores. É de 
fundamental importância compreender as 
demandas das empresas que inovam e 
implementam novas tecnologias, para que, 
com base no entendimento das necessidades 
e expectativas desses players, ser possível criar 
e capacitar os perfis dos profissionais do 
futuro, contemplando suas capacidades 
técnicas, sociais e organizacionais que atendem às demandas interpostas. 
O SENAI-SP, em missão à Hannover Messe, identificou e mapeou as demandas das 
principais empresas e lideranças que ditam as tendências tecnológicas mundiais. O 
programa “Futuro do Trabalho” abordou esse tema contemplando, além de pessoas, 
aspectos como recrutamento e educação continuada. As oficinas, sessões de coaching e 
visitas guiadas focaram principalmente em carreiras nos campos STEM (Ciência, 
Tecnologia, Engenharia e Matemática). 
A crescente tendência de utilização de plataformas e sistemas em nuvem evidenciam a 
demanda já conhecida por profissionais de TI. Por meio de discussões com representantes 
da IBM e Siemens,destacou-se que indústrias demandarão profissionais capazes de realizar 
as integrações necessárias entre os processos produtivos das empresas para as análises de 
informações que direcionarão as tomadas de decisão. Destacaram-se principalmente dois 
perfis: 
• desenvolvedor de sistemas – responsável pelas integrações de tecnologias 
habilitadoras nos processos produtivos; 
• gestor de informação – considerado pelos players um dos perfis profissionais mais 
estratégicos a serem utilizados pelas empresas, atuando na organização de dados e 
na gestão estratégica das informações produzidas, visando potencializar os 
resultados das empresas. 
“A mudança da forma de trabalho com o advento das novas e disruptivas tecnologias 
já é fato. Não haverá falta de oferta de vagas, mas os cargos e as skills serão 
diferentes. Novas profissões estão surgindo e, assim como aconteceu nas três últimas 
revoluções industriais, precisamos nos preparar para a quarta transição social e 
econômica que está ocorrendo.” 
 
32 
 
 
 
Em visita ao stand da Google, identificou-se que estão sendo realizados investimentos 
massivos para a implantação de tecnologias de blockchain e as ações relacionadas à LGPD 
e cibersegurança em diversos países da Europa, com previsão de expansão para os países 
das Américas, principalmente para os da América do Sul. Dentre os perfis apresentados, 
destacam-se: 
• advogado 4.0 – profissional que apoiará as empresas com os assuntos envolvendo 
o blockchain; 
• especialista em blockchain; 
• Data Protection Officer (DPO) – profissional que apoiará as empresas em assuntos 
envolvendo a LGPD; 
• designer de experiência de usuário – profissional que visa entender e traduzir as 
necessidades dos usuários para as soluções desenvolvidas. 
• especialista em cibersegurança. 
O intenso movimento de adoção de tecnologias de IoT (internet das coisas) também foi 
tema de discussão por representantes da Tosibox, Weidmüller e Siemens. Essa tecnologia 
proporcionou crescimento e desenvolvimento de ecossistemas de troca de dados entre 
empresas, em prol do desenvolvimento dessas tecnologias. Com isso, entende-se que 
profissionais que dominem os conhecimentos de tecnologias IoT estarão presentes em 
indústrias de todos os portes, com expectativa de ampla absorção desse perfil nos próximos 
três anos. 
Soluções de softwares para a realização da gestão de ativos têm se mostrado como 
diferencial competitivo e até mesmo solução para reduções de custos das empresas. Fica 
evidente que profissionais que trabalharão na interpretação, no tratamento e na 
manipulação de dados, como cientistas de dados e gestores de informação, serão ainda 
mais requisitados pelas empresas. 
O setor energético também passa por mudanças frente às novas tecnologias disponíveis. 
Para extrair todo o potencial tecnológico, perfis como técnico em comissionamento e 
gestor de serviços energéticos fazem-se necessários para as indústrias energéticas do 
futuro. 
O hidrogênio verde, um dos temas mais abordados na Hannover Messe, faz surgir a 
necessidade de atuar com tecnologias relacionadas a ele, por exemplo, células de 
combustíveis. Empresas como NPROXX e Cummis e o instituto Fraunhofer apresentaram 
o biotecnologista e o biotecnólogo como profissionais essenciais para essa transição 
tecnológica. 
Muitas empresas abordaram a importância de implementar políticas de sustentabilidade e 
de reduções de desperdícios ao longo da cadeia de valor. Segundo elas, a produção de 
carbono neutro combinada com a inserção de energias renováveis está impactando 
positivamente os resultados de grandes empresas. Destacaram, ainda, que políticas 
públicas atreladas às políticas empresariais tendem a maximizar os resultados obtidos. 
Sendo assim, a formação do profissional do futuro necessitará contemplar os temas de ESG 
(governança ambiental, social e corporativa). 
33 
 
 
 
Comentário do especialista 
“Observa-se, a partir das informações coletadas nas empresas de vanguarda tecnológica 
participantes da Hannover Messe, que grande percentual dos profissionais que estão no 
mercado de trabalho necessitará de requalificação em cenário projetado de cinco anos para 
atender às habilidades e capacidades técnicas, destacando-se: 
• autogestão; 
• pensamento crítico; 
• aprendizagem ativa – termo muito difundido e discutido no 19th Women Power 
Career Congress, visando à formação continuada de mulheres; 
• resiliência – grande necessidade dos profissionais que atuam em empresas 
nacionais; 
• tolerância ao estresse – segundo as empresas, o cenário pandêmico acelerou a 
necessidade de se trabalhar esse tema como habilidades nos profissionais no futuro; 
• flexibilidade; 
• inteligência emocional. 
Notou-se, ainda, que empresas de tecnologia, como a Google, estão investindo em 
hardwares e softwares para atender ao conforto dos profissionais para trabalho em home 
office, pois, segundo os expositores, há tendência de aumento desse regime de trabalho, 
que atualmente tem 40% de aderência das empresas de grande, médio e até pequeno 
porte”. 
Valter Sena 
 
 
 
34 
 
 
 
LOGÍSTICA 4.0 
 
TRL 6-9 
 
Aplicações tecnológicas desenvolvidas para o 
uso em logística indoor e outdoor contribuem 
significativamente na redução dos custos 
operacionais, pois possibilitam uma 
diminuição do lead time de entrega, além de 
permitirem que a operação ocorra de modo 
enxuto. Adicionalmente, a utilização de uma 
automatização flexível possibilita o aumento 
da capacidade produtiva e o aprimoramento 
dos níveis de serviços em atendimento ao 
mercado atual, podendo, ainda, vislumbrar um 
olhar para novos mercados, sejam eles 
nacionais ou internacionais. 
A partir desse ponto de vista, é possível compreender a importância da automação logística, 
uma vez que ela aprimora a velocidade nas operações e pode ser considerada um fator de 
alta relevância. Entretanto, apesar da importância da automação, fatores como 
assertividade, segurança e gestão de operação ainda têm enorme importância e não 
devem ser negligenciados. 
Ressalta-se que a automação logística se apresenta como uma ferramenta de suporte, 
permitindo uma operação ágil com uma gestão eficiente, além de fornecer dados que 
poderão ser utilizados para a tomada de decisões estratégicas. 
Estudos realizados pela Diaven constataram que drones praticam escaneamento de 
etiquetas RFID 40 vezes mais rápido que o ser humano, além de possibilitar a leitura de 
etiquetas a metros de distância com erro médio de menos de 15 cm. Todo esse potencial se 
intensifica com o avanço e integração de tecnologias habilitadoras, como 5G, IA e machine 
learning. Essas tecnologias integradas e em plena execução permitirão operações remotas 
de drones para realizar o gerenciamento de armazéns, além de aprimorar as aplicações 
atuais, como o monitoramento de segurança de área, a verificação de vazamentos e danos 
e o gerenciamento do inventário do armazém. 
“Tendência para a cadeias de suprimentos automatizadas digitalmente, a logística 
4.0 é a chave para o futuro. A digitalização está fornecendo às empresas novas 
formas de networking e automatização de suas cadeias de suprimentos, extraindo 
mais valor delas. Os ingredientes essenciais são paletes e contentores inteligentes, 
sistemas de gestão de armazéns e sistemas de transporte sem condutor.” 
 
 
 
35 
 
 
 
 
Figura 25 – Drone com scanner RFID. 
Atualmente, o avanço da inteligência artificial já permite que os drones sejam preparados 
para identificar diferentes cenários. Estima-se que nos próximos 5 anos, com o 
aprimoramento da tecnologia dos drones intralogísticos, além do monitoramento, serão 
realizadas tarefas relacionadas à correção e ao reposicionamento dos itens em estoque. 
Contudo, para esta última solução ainda há limitações referentes ao agarramento da carga 
e seu respectivo peso. 
Mesmo com as limitações e os obstáculos apresentados, os ganhos que as soluções de 
armazéns com drones promovem são altamentesignificativos e sustentáveis. Por terem 
alta customização e infraestrutura de baixo custo, a implantação torna-se bastante viável, 
permitindo mais eficiência operacional e financeira. 
O Instituto de Tecnologia de Karlsruher (KIT) apresentou a solução FlexConveyor. Trata-se 
de um transportador contínuo flexível que não requer um computador mestre ou qualquer 
outra infraestrutura central. O sistema é composto de módulos quadrados idênticos, cada 
um equipado com sensores, sistema de acionamento, leitor RFID e uma unidade de 
computador. Os módulos também têm dois motores que podem ser utilizados para acionar 
três eixos de movimentos, dois para transporte da mercadoria e um para elevação. A 
configuração e as alterações no layout são rápidas e fáceis, conectando-se via plug and 
play. Após serem conectados manualmente, os módulos geram arquivos de topologia 
independentes entre si para coordenar as unidades de transporte e movimentá-las para o 
destino especificado. Em caso de interrupção do segmento, o sistema encontra 
automaticamente rotas substitutas. 
 
36 
 
 
 
 
Figura 26 – Esteiras flexíveis desenvolvidas pelo KIT. 
O mercado consumidor necessita de uma grande da variedade de produtos com ciclos de 
vida cada vez mais curtos. Esse fato gera um grande impacto na logística dentro das 
indústrias. Com isso, criou-se uma demanda no mercado para o desenvolvimento de 
soluções logísticas para atender à customização em massa. A utilização de AGVs ou AMRs 
oferece muita flexibilidade, contudo, pode causar um rendimento significativamente 
menor se comparado com a utilização de esteiras contínuas. Entretanto, a desvantagem da 
utilização de esteiras diz respeito ao processo de instalação de tais sistemas, que pode gerar 
custos significativos. Adicionalmente, mudanças no processo produtivo requerem uma 
dispendiosa reconfiguração do sistema de esteiras, algo que é muito mais flexível com a 
utilização de AGVs e AMRs. 
O KIT também procurou desenvolver alternativas possíveis que superassem algumas das 
limitações apresentadas pelas soluções aéreas, criando uma malha de sensores instalada 
nas estruturas de armazenagem com o objetivo de coletar dados em tempo real. 
 
Figura 27 – Representação da malha de sensores. 
37 
 
 
 
A Hänel Rotomat® apresentou seu VSS (sistema de armazenamento vertical) como uma 
solução moderna que objetiva automatizar a intralogística e o manuseio de materiais, 
desde a entrada de mercadorias até a montagem final. O sistema permite o 
armazenamento de produtos, peças de reposição e ferramentas que chegam à área de 
recebimento e são segmentados em caixas. A torre é capaz de armazenar até 300 posições 
e um AMR (autonomous mobile robot) movimenta os produtos até a torre de 
armazenamento, realizando a estocagem deles. A caixa armazenada pode ser conduzida 
por meio de um sistema de transporte ou permanecer na estrutura como um estoque em 
processo. 
 
Figura 28 – Sistema de armazenamento vertical. 
Geralmente, em estruturas convencionais de armazenagem (porta-palete, push back, flow 
rack etc.), existem duas principais características a serem ajustadas de acordo com sua 
operação: utilização cúbica versus seletividade. As soluções convencionais tendem a tratar 
esses dois atributos de maneira inversamente proporcional. Contudo, a solução VSS visa ao 
favorecimento de ambos os atributos, afinal, possui tanto a verticalização de seus estoques, 
favorecendo a utilização cúbica, como também habilita uma boa seletividade graças à 
automação, o que permite a seleção de qualquer item sem a necessidade de perda de 
tempo com o reposicionamento para o alcance do produto desejado. 
A OMRON, uma das empresas líderes mundiais na área de automação, apresentou o robô 
móvel HD-1500. O robô tem carga útil de até 1.500 quilos e permite o transporte de itens 
maiores e mais pesados, até o tamanho de paletes – cargas que normalmente são 
preferidas para serem transportadas com empilhadeiras. Além disso, apresenta um sistema 
capaz de controlar até 100 robôs móveis e selecionar automaticamente a melhor rota, 
mesmo sem fitas magnéticas de piso ou outros auxílios de trajeto, evitando com segurança 
pessoas e obstáculos em seu caminho. A bateria do HD-1500 precisa de apenas 36 minutos 
38 
 
 
 
para uma carga completa e, com carga plena, pode lidar com um turno completo de 
trabalho. 
 
Figura 29 – AMR alimentando um sistema de produção. 
 
Figura 30 – AMR movimentando um robô colaborativo. 
A Bosch apresentou uma solução em produção modular própria para recarga de AMRs 
utilizando o piso como infraestrutura de recarga, em que a empresa poderá reconfigurar o 
arranjo físico produtivo durante a noite (ou período sem atuação). As máquinas são movidas 
por AMRs e abastecidas com energia transmitida por meio do chão, ao passo que as 
passarelas e áreas de logística são reajustadas automaticamente. 
Essa movimentação conta com auxílio de sensores, LEDs e outros componentes, não 
necessitando de marcações fixas no piso. Além disso, a energia necessária para o 
acionamento dos equipamentos é transmitida diretamente através do chão, sendo 
possível, atualmente, trabalhar com até três quilowatts de energia. Tal estratégia 
economiza longas distâncias de cabeamento. 
39 
 
 
 
 
Figura 31 – Fábrica do futuro modelo, com com piso utilizado como condutor para recarga de AMRs. 
Equipamentos como AGVs e AMRs evidenciam uma consolidação no mercado, além de 
apresentarem preços acessíveis até mesmo para indústrias de pequeno porte e, de modo 
geral, podem ser implantados e operados em uma ampla variedade de cenários sem exigir 
a reconstrução do espaço de trabalho, principalmente no caso de AMRs. 
Como obstáculo à implantação desses sistemas, no entanto, ressalte-se que ainda estão 
atrelados a interfaces proprietárias. Assim, é importante ressaltar a flexibilidade exigida 
pelos fluxos produtivos que necessitam de conexão a interfaces e padrões abertos, de modo 
a evitar o vínculo com um único fornecedor. 
A MIP Technology apresentou uma solução de identificação magnética como alternativa 
aos códigos legíveis opticamente e às etiquetas RFID. A etiqueta de identificação é aplicada 
sob uma camada protetora não magnética e integrada ao produto por soldagem, 
vulcanização ou injeção. A resistência térmica e química dos suportes é uma vantagem 
particular em aplicações industriais, pois significa que os equipamentos de produção 
podem ser identificados e registrados de maneira segura e confiável. O ID armazenado 
magneticamente é resistente a temperaturas de até 400 °C e pode ser encapsulado em 
todos os materiais não ferromagnéticos, como aço inoxidável, latão, alumínio ou polímeros. 
 
Figura 32 – Solução em rastreabilidade: etiquetas com gravação de tags em placas magnéticas. 
40 
 
 
 
Quanto ao fluxo de materiais e logística, o Instituto Fraunhofer demonstrou o “dispositivo 
blockchain”, um protótipo que tem o intuito de monitorar bens sensíveis à temperatura, 
como alimentos, medicamentos ou vacinas, ao longo de cadeias de suprimentos globais. 
Com esse dispositivo IoT habilitado para blockchain, é possível obter dados em tempo real 
e realizar o controle autônomo de cadeias de suprimentos. A solução apresenta uma 
integração horizontal e vertical de processos financeiros e de produtos, utilizando, para isso, 
sensores que documentam e monitoram toda a rede de transporte. 
 
Figura 33 – Dispositivo blockchain desenvolvido pelo Fraunhofer IML. 
As empresas Bosch e AWS desenvolveram uma plataforma de serviços digitais com 
objetivo de agilizar as operações logísticas em toda cadeia de suprimentos. Essa plataforma 
permite a visualização das oportunidades de digitalização em empresas que atuam na área 
de transporte e logística, sem a necessidade de altos índices de investimentos em TI. É 
possível oferecer suporte a serviços que envolvem utilização da capacidade de frotas de 
veículos, monitoramento de fluxos e processamentode pedidos, garantindo transparência, 
segurança e rastreabilidade para as empresas envolvidas. 
 
Figura 34 – Imagem representativa da digitalização nos transportes. 
41 
 
 
 
A Microsoft apresentou diversas soluções que integram a cadeia de suprimentos. Uma 
delas é o Cloud for Manufacturing, um “metaverso industrial” que integra o virtual e real 
por meio das tecnologias habilitadoras da indústria 4.0, tais como IoT, IA, gêmeos digitais, 
realidade mista e sistemas autônomos. Foi apresentado o exemplo da empresa Kawasaki 
Heavy Industries, que demonstrou a aplicação de gêmeo digital aplicado em mudanças de 
armazenamento, o que possibilitou o aprimoramento da produtividade de armazéns frente 
à escassez de mão de obra. Essa solução pode ser integrada a soluções de cloud da 
Microsoft, como o Dynamics 365. 
 
Figura 35 – Realidade mista aplicada em soluções de digitalização da cadeia de suprimentos. 
A empresa também apresentou o Luminate Control Tower, uma plataforma de logística de 
cadeia de suprimentos alimentada por IA criada no Microsoft Azure. Essa plataforma atua 
desde a hospedagem e processamento de dados até a visualização dos resultados. 
O Luminate Tower Control além de analisar possibilidades de interrupções na operação da 
rede logística, também apresenta oportunidades ainda não exploradas para a garantia de 
uma operação mais eficiente. Para isso, leva em consideração diversas variáveis, como 
tendências de vendas anteriores, análises de concorrentes e análises críticas dos impactos 
econômicos gerados por diversos fatores, como festivais locais, epidemias, inconveniências 
logísticas ou até mesmo desastres naturais. 
 
42 
 
 
 
 
Figura 36 – Painel de indicadores para auxílio na tomada de decisões. 
Comentário do especialista 
“Como principais tecnologias referentes ao tema, foram observadas as seguintes: drones, 
sorters, shuttle, realidade virtual/aumentada, RFID e data matrix, AMRs e 5G. 
No que se refere às soluções aderentes à automação logística, verificou-se que as 
tecnologias apresentadas não são, necessariamente, novidades para o mercado atual, mas 
representam uma consolidação delas como parte inerente do dia a dia das empresas. Um 
exemplo a ser citado foi a utilização de drones para logística por meio de soluções indoor e 
outdoor. 
Foi possível analisar cases de drones sendo explorados por suas capacidades aéreas, que os 
permitem alcançar pontos de difícil acesso com grande facilidade, tornando essa 
tecnologia valiosa para um ambiente de armazenagem, por exemplo. A fácil mobilidade 
integrada a outras tecnologias (como scanners RFID, Sensores, IA e Machine Learning) 
permitem que o drone possa ser pilotado remotamente ou de maneira autônoma, com 
rotas pré-determinadas pelo armazém e com baixa intervenção humana. Essa prática 
permite substituir parcial ou integralmente o gerenciamento e inventário de estoques de 
maneira manual. 
É importante ressaltar que para extrair o máximo de potencial dessas tecnologias, elas 
deverão estar integradas ao sistema de gerenciamento de armazéns (WMS) utilizado pela 
empresa. Assim sendo, podemos entender que cada vez mais haverá a necessidade de 
códigos abertos e protocolos de fácil integração para adoção dessas tecnologias, contudo, 
ainda existem obstáculos para que sejam implementadas. Os centros logísticos de 
armazenamento apresentam complexidades referentes à estrutura, ao mix de produtos, a 
tamanhos distintos de embalagens, entre outras; além disso, essa tecnologia também 
enfrentará alguns problemas que os armazéns que já operam de modo tradicional 
enfrentam, ou seja, erros cometidos por humanos como entrada de produtos com 
codificações erradas ou mal inseridas. Consequentemente, haverá inconsistência de 
inventário, bem como possíveis erros de entrega.” 
Guilherme Dias 
43 
 
 
 
ENERGIA DIGITAL EFICIENTE 
TRL 6-8 
 
Com o avanço das tecnologias e o maior 
consumo energético proveniente da 
automação de processos, a energia passou a 
ser um insumo menos disponível e mais caro, 
seja ela proveniente de recursos hídricos ou 
fósseis. Soma-se a isso questões de mudanças 
climáticas e diretrizes dos acordos da ONU que 
demandam uso racional e otimizado de 
recursos como água, óleos, gás e o próprio 
consumo energético. 
A energia elétrica, por exemplo, na maioria das 
indústrias, costuma figurar entre os 4 maiores 
custos operacionais. Desse modo, uma 
indústria que deseja se manter competitiva deve realizar a gestão de energia e investir em 
projetos que busquem maior eficiência energética. 
Atualmente, a gestão de energia é um tema ainda pouco disseminado nas indústrias. 
Dados como Índice de Desempenho Energético (IDE) e Linha de Base Energética (LBE) 
raramente são tratados por gestores industriais e muitas vezes não são conhecidos. 
Projetos de eficiência energética costumam ser implementados de maneira discreta, ou 
seja, não há um processo de continuidade e melhoria no aproveitamento energético, o que 
torna o consumo ineficiente. Para que uma empresa possa usufruir dos resultados providos 
por uma gestão energética eficiente, é preciso estabelecer diretrizes e controles que 
ocorram de modo não pontual, situação que frequentemente não ocorre em razão da falta 
de disponibilidade de equipes mantenedoras ou mesmo de desconhecimento de métodos 
práticos de gestão energética. 
A digitalização da gestão e da eficiência energética pode resolver esses problemas 
captando, gerando e analisando dados de maneira automática e propondo possíveis ações 
de melhoria aos mantenedores da indústria. 
Um exemplo de digitalização da gestão é o uso de multimedidores de energia que, com 
recursos de internet das coisas e inteligência artificial, podem gerar economias expressivas 
com poucos investimentos de capital (CAPEX). 
“Para operar instalações neutras em termos de clima, a indústria precisa de soluções 
de economia de energia e baixas emissões. Os expositores apresentaram uma ampla 
gama de produtos e tecnologias – desde geradores de eletricidade e calor até 
energias renováveis, eficiência energética e recursos para tecnologia de energia, gás 
e água para edifícios.” 
 
 
 
44 
 
 
 
De modo geral, novas ferramentas digitais, como análise de big data (dados de consumo, 
horários, dias, demanda, produção), inteligência artificial (algoritmos especialmente 
desenvolvidos para otimizar o consumo), conectividade (redes industriais, wi-fi, 5G), IOT 
(dispositivos que se conectam à internet para a troca de informações e atuação nas 
instalações), entre outras, podem contribuir também com a economia de energia nas 
indústrias. 
Todas essas possibilidades de aplicação de tais ferramentas compõem o que chamamos de 
digital energy, smart energy ou energia 4.0, sendo esses conceitos fundamentais para o 
aumento da competitividade e da sustentabilidade industrial. 
A empresa DecisionBrain e a Iniciativa Alemã para a Eficiência Energética na Indústria 
(DENEFF) apresentaram uma solução para o reaproveitamento de gases residuais dos 
altos-fornos na siderúrgica Hüttenwerke Krupp Mannesmann GmbH, um subproduto das 
aciarias. Os gases emitidos podem conter hidrogênio e metano, sendo possível a sua 
queima em caldeiras para a geração de vapor, que por sua vez pode ser usado para a 
produção de energia elétrica e é capaz também de gerar calor para preaquecimento do ar 
soprado em fornos (e em outros processos que requerem aquecimento). Caso não sejam 
reaproveitados, esses gases deverão ser queimados em flares, desperdiçando uma possível 
fonte energética. 
A quantidade de gás combustível residual dos altos-fornos é pequena, e o poder calorífico 
que eles apresentam é médio; ainda assim, houve contribuição no desempenho global da 
eficiência energética da planta fabril. 
Com o objetivo de utilizar multimedidores de energia para a realização da gestão e predição 
do consumo energético, a empresa alemã Janitza apresentou uma linha de 
multimedidores portáteis, simples deinstalar e com grande possibilidade de conexão 
wireless. Esses dispositivos podem ser instalados em qualquer máquina com até 1.000 V de 
tensão de alimentação. Medindo grandezas elétricas com diversos tipos de sensor, eles 
podem enviar dados diretamente para uma plataforma on-line que disponibiliza os dados 
em um aplicativo proprietário ou pode ser feita a integração com diversos ERPs. No caso 
apresentado, foi demonstrada a aplicação dos multimedidores portáteis para o 
monitoramento de injetoras de plástico na empresa Cebi, localizada em Luxemburgo. Os 
equipamentos possibilitaram a realização do benchmark de desempenho energético entre 
as diversas injetoras em operação, priorizando a carga de trabalho nas máquinas mais 
eficientes. 
45 
 
 
 
 
Figura 37 – Software de gestão de energia e análise de rede (à esquerda) e multimedidor de 
qualidade de energia (à direita). 
As tecnologias de conectividade existentes na indústria 4.0 também já estão presentes na 
área energética. Fazendo uso da conectividade para a gestão do consumo energético em 
edificações, empresas como Schneider, Siemens Energy e Wago apresentaram suas 
respectivas soluções de conectividade para medidores de energia. Os equipamentos de 
medição de consumo que tradicionalmente só estavam presentes na entrada de energia 
das concessionárias de distribuição agora podem estar presentes em: salas, dispositivos de 
aquecimento e refrigeração, máquinas, entre outros. Tal realização se torna possível graças 
ao uso de multimedidores portáteis e integráveis em redes sem fio wi-fi, protocolos IIoT e 
redes wireless mesh. Dispositivos baratos e conectáveis estão possibilitando às edificações 
e indústrias uma nova dimensão na gestão de insumos energéticos que antes não eram 
monitorados e gerenciados. 
O uso desses medidores de baixo custo e conectáveis, aliados a softwares de gestão, insere 
os insumos energéticos na lista de KPIs a serem monitorados e tratados nas edificações e 
indústrias, aumentando a competitividade e sustentabilidade das empresas. 
46 
 
 
 
 
Figura 38 – Sistema de controle de motores inteligente, com predição de falha e conectividade IoT. 
O etap da empresa Schneider, software de gestão e gerenciamento de energia, é capaz de 
digitalizar a infraestrutura de energia, proteção, qualidade de energia e manobra. 
Aplicações de automação da matriz energética da indústria, como o etap, promovem o 
aumento da resiliência a falhas e o monitoramento de parâmetros diversos. O case 
apresentado foi o uso do software em plantas da empresa Dow para apuração, em tempo 
real, do consumo e da determinação do IDE das unidades fabris, permitindo o diagnóstico 
antecipado de falhas, o excesso de consumo, a discrepância de consumo versus produção 
e a correta apuração dos valores de energia no produto. Vale ressaltar que softwares desse 
tipo já apresentam análise conforme conceitos da família de normas ISO 50.000. 
47 
 
 
 
 
Figura 39 – Software etap para gestão e controle smart energy de instalações elétricas industriais 
baseado em sistema SCADA. 
O gêmeo digital apresentado pela empresa Energy Advice é composto de uma família de 
sensores e softwares de engenharia e análises estatísticas com modelamento matemático 
que, para otimizar o consumo de energia, abrange gestão de caldeiras, secadores, 
refrigeração, aquecimento, instalações elétricas e ventilação. Esses sistemas 
computacionais aplicados a processos industriais são capazes de coletar uma grande 
quantidade de dados de funcionamento desses sistemas e analisá-los usando algoritmos 
de IA, para determinar os pontos ótimos de operação e se comunicar com outros controles 
de produção para aplicação conceitos de eficiência energética, aumentando a 
produtividade e consumindo menos. 
Um caso apresentado foi o controle de caldeiras realizado na empresa AB Grigeo, em uma 
caldeira de biomassa com 18 MW. Foi modelado um sistema para a gestão de combustão 
da caldeira. A empresa AB Grigeo informou que houve redução do consumo de biomassa 
e aumento significativo da gestão e do conhecimento da operação ótima da caldeira, com 
isso, a tomada de decisão pelos operadores se tornou mais segura é rápida quando apoiada 
pelo uso do software. 
Comentário do especialista 
“Além das tecnologias tradicionalmente conhecidas na indústria 4.0 como IoT, aplicações 
de IA, conectividade, big data e cibersegurança, podemos destacar também o conceito 
energia 4.0, uma vez que surgem usos de infraestrutura de medição avançada (AMI), 
automação segundo a IEC 61.850, rede RF mesh e software EMS (em português, sistema de 
gerenciamento de energia). 
48 
 
 
 
A digitalização das instalações elétricas industriais está muito apoiada na utilização de 
softwares, que fazem todo o monitoramento e a gestão das instalações por meio de dados 
de consumo, demanda, produção e fator de serviço, atuando de maneira automática na 
instalação por meio de inteligência artificial e algoritmos específicos para sistemas 
energéticos. Outra vantagem da aplicação da energia 4.0 é que os conceitos da ISO 50.000 
já vêm preconizados nessas ferramentas digitais. 
Dessa maneira, as condições para aplicação do conceito de energia 4.0 na indústria 
brasileira já existem, inclusive com muitos fornecedores dessas tecnologias no Brasil, 
sobretudo quanto a fornecedores de hardware e software.” 
Luís Mendes 
 
 
 
49 
 
 
 
HIDROGÊNIO VERDE E CÉLULAS DE COMBUSTÍVEL 
TRL 6-8 
 
Atualmente existe em todo o mundo a 
necessidade de diminuir, ou mesmo extinguir, 
o uso de combustíveis fósseis. Seja em razão 
de mudanças climáticas, escassez desses 
insumos ou custos elevados, seja por 
compromissos assumidos por governos e 
empresas quanto à descarbonização. 
Assim, buscam-se novas fontes de energia e 
combustíveis renováveis que possam suportar 
essa transição energética rumo a uma 
economia com baixa ou nenhuma emissão de 
carbono. 
Um dos combustíveis mais promissores como 
fonte energética com baixa emissão de carbono é o hidrogênio. Normalmente encontrado 
em forma de gás, o hidrogênio, ou simplesmente H2, é o sétimo elemento mais abundante 
em nosso planeta e o mais abundante no universo. A partir dele, pode-se obter energia 
elétrica, pois se trata de uma fonte de calor com zero emissão de carbono. No futuro, o H2 
poderá ser fundido em reatores do tipo tokamak para a obtenção de uma energia térmica 
abundante, limpa e sustentável. 
Quando combinamos o hidrogênio e oxigênio no interior das células combustíveis para 
obter energia elétrica, o resultado é apenas água e zero emissão de gases de efeito estufa. 
O mesmo acontece quando é realizada a combustão do hidrogênio, ou seja, quando o 
hidrogênio reage com o oxigênio liberando calor: o único resíduo desse processo será água. 
Por isso, esse gás é tão fundamental para a transição energética e para uma economia net 
zero (economia com zero emissão de carbono). 
Porém, há um problema na obtenção do hidrogênio, pois, apesar de abundante, ele é 
encontrado sempre ligado a outros elementos, em especial ao oxigênio, na forma de água. 
Nesse caso, é necessário energia elétrica para separá-los, realizando a chamada eletrólise. 
A boa notícia é que é possível usar a energia elétrica proveniente de fontes solares e eólicas 
para realizar a eletrólise da água e, assim, separar os dois elementos. 
Dessa maneira, o hidrogênio verde se torna protagonista na transição energética, tendo um 
enorme destaque nas discussões atuais acerca dos processos de obtenção de energia 
limpa. 
“Todos os anos na Hannover Messe, a comunidade internacional de hidrogênio se 
reúne para discutir novas oportunidades e aplicações. Com mais de 200 expositores, é 
a principal feira de hidrogênio e células de combustíveis no mundo, onde são 
discutidas as aplicações para a indústria, bem como para a mobilidade.” 
50 
 
 
 
O uso do H2 como fonte energética já é realidade, principalmente como fonte de energia 
elétrica para a eletromobilidade

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