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Manual de Psicologia Organizacional Universidade Católica de Moçambique Centro de Ensino á Distância Direitos de autor Todos os direitos dos autores deste módulo estão reservados. A reprodução, a locação, a fotocópia e venda deste manual, sem autorização prévia da UCM-CED, são passíveis a procedimentos judiciais. Elaborado por: Inocêncio dos Santos Vilimo Universidade Católica de Moçambique Centro de Ensino à Distância 825018440 23311718 Moçambique Fax: 23326406 E-mail: eddistsofala@ucm.ac.mz Agradecimentos Meus agradecimentos endereço a todos aqueles que fizeram parte deste projecto, especialmente á coordenação do Curso de Administração Pública, pela oportunidade que me foi concedida para partilha de experiências neste domínio. Ao Centro de Ensino à Distância um agradecimento particular pelo financiamento a elaboração deste Módulo, sem o qual não seria possível a viabilização do mesmo. Por fim, endereço meus agradecimentos á equipa de revisão dos diferentes conteúdos propostos neste módulo. . Universidade Católica de Moçambique i Índice Visão geral .................................................................................................................... 1 Objectivos da Disciplina ................................................................................................ 1 Como está estruturado este módulo................................................................................ 2 Ícones de actividade ...................................................................................................... 3 UNIDADE 01 ............................................................................................................... 5 Introdução ao estudo da Psicologia Organizacional ....................................................... 5 Introdução ............................................................................................................ 5 Breve introdução á Psicologia Organizacional ............................................................... 5 O CAMPO DE ACÇÃO DA PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL .............................. 6 1.3 Aplicação da Psicologia nas Organizações ............................................................... 7 1.4 ORIGEM DA PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL ............................................. 10 UNIDADE 02 …..……………………………………...………………………………………. 13 2. O INDIVÍDUO NA ORGANIZAÇÃO .................................................................... 13 Introdução .......................................................................................................... 13 2.1. MOTIVAÇÃO...................................................................................................... 14 A Teoria da Hierarquia das necessidades ..................................................................... 14 2.3. Percepção ............................................................................................................. 24 2.4 APRENDIZAGEM ................................................................................................ 29 UNIDADE 03 ............................................................................................................. 35 O Grupo nas Organizações …………………………………………………………………….. 35 Introdução .......................................................................................................... 35 3.1. Instituições,Organizações e Grupos ...................................................................... 36 3.2 A Importância do Estudo dos Grupos na Psicologia ............................................... 37 3.3 A DINÂMICA DOS GRUPOS .............................................................................. 37 3.4 GRUPOS OPERATIVOS ...................................................................................... 40 3.5 O PROCESSO GRUPAL ...................................................................................... 41 3.6 LIDERANÇA ........................................................................................................ 43 UNIDADE 04 ............................................................................................................. 49 Organizações Enquanto Sistemas................................................................................. 49 Introdução .......................................................................................................... 49 Universidade Católica de Moçambique ii 4.1 Origens .................................................................................................................. 50 4.2 As Grandes Figuras ............................................................................................... 53 4.3 O Homem funcional .............................................................................................. 55 4.4 Conflito de Papéis .................................................................................................. 57 UNIDADE 05 ............................................................................................................. 59 A Teoria Geral dos Sistemas e a Organização .............................................................. 59 Introdução .......................................................................................................... 59 5.1. Pressupostos básicos ........................................................................................... 60 UNIDADE 06 ............................................................................................................. 63 Recrutamento e Selecção ............................................................................................. 63 Introdução .......................................................................................................... 63 6.1 Recrutamento ........................................................................................................ 64 6.2 Selecção ............................................................................................................... 67 6.3 O Assessment Center ............................................................................................. 69 UNIDADE 07 ............................................................................................................. 71 Treinamento Pessoal .................................................................................................... 71 Introdução .......................................................................................................... 71 7.1 Treinamento .......................................................................................................... 72 7.2 Técnicas de Treinamento ....................................................................................... 73 UNIDADE 08 ………………………………………...………………………………………... 73 Processo Tomada da Decisão ....................................................................................... 76 Introdução .......................................................................................................... 76 8.1 Tomadas de Decisão .............................................................................................. 77 8.2 Elementos do Processo de Tomadas de Decisão ..................................................... 81 8.3Modelos de Tomada de Decisão ............................................................................ 83 8.4 Sistemas de Informações Gerenciais nas Tomadas de Decisão ............................... 87 UNIDADE 09 ............................................................................................................. 89 Avaliação do Desempenho .......................................................................................... 89 Introdução .......................................................................................................... 89 Universidade Católica de Moçambique iii 9.1 Avaliação do desempenho ..................................................................................... 90 9.2 Comparação do Descritivo da Função com o Desempenho doTrabalhador ............. 93 9.3 Vantages da Avaliação do Desempenho ................................................................. 94 UNIDADE 10 ............................................................................................................. 96 Perspectivas Actuais da Psicologia das Organizações .................................................. 96 Introdução .......................................................................................................... 96 10.1. Mudanças Organizacionais e Transformação da Área de Recursos Humanos ...... 97 10.2 Tendências da Actual Gestão de Pessoas ............................................................ 101 10.3 Aprendizagem Organizacional ........................................................................... 108 REFERENCIA BIBLIOGRAFICA ........................................................................... 110 Visão geral Objectivos da Disciplina Ao terminar o estudo da Psicologia Organizacional, o aluno deve ser capaz de: Delimitar a especificidade conceptual, epistemológica e metodológica da Psicologia nas e das Organizações, no quadro das Ciências Sociais e Humanas e Ciências da Organização; Desenvolver competências teóricas de compreensão do desenvolvimento e evolução das etapas fundamentais da investigação e intervenção em Psicologia das Organizações. -Adquirir conhecimentos básicos sobre os fundamentos, principais conceitos, modelos e teorias explicativas da actividade e comportamento dos indivíduos e grupos enquanto actores organizacionais; Desenvolver competências de identificação e compreensão da especificidade dos principais processos psico-sociais e organizacionais em Psicologia das Organizações, nos níveis de análise e de intervenção (individual, grupal e organizacional); Objectivos Como está estruturado este módulo Todos os módulos dos cursos produzidos por UCM - CED encontram-se estruturados da seguinte maneira: Páginas introdutórias Um índice completo. Uma visão geral detalhada do módulo, resumindo os aspectos- chave que você precisa conhecer para completar o estudo. Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu estudo. Conteúdo do módulo O módulo está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo actividades de aprendizagem. Outros recursos Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista de recursos adicionais para você explorar. Estes recursos que inclui livros, artigos ou sites na internet podem serem encontrados na página de referencias bibliográficas. Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação Tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de três ou quatro unidades. Sempre que necessário, inclui-se na apresentação dos conteúdos algumas actividades auxiliares que irão lhe ajudar a perceber a exposição dos restantes conteúdos. Comentários e sugestões Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários sobre a estrutura e o conteúdo do módulo. Os seus comentários serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este módulo. Ícones de actividade Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. Unidade 01 Introdução ao estudo da Psicologia Organizacional Introdução Nesta unidade vamos nos dedicar ao estudo da Psicologia Organizacional enquanto Ciencia, seu campo de intervenção, o caminho percorrido para sua autonomização, a aplicação da Psicologia nas Organizações. Objectivos No fim desta unidade o estudante ser capaz de: Identificar o campo de actuação da Psicologia Organizacional; Identificar os domínios de aplicação da Psicologia dentro das Organizações. Breve introdução á Psicologia Organizacional Allan Cohen e Stephen Fink, citados por Camargo, em seu livro Comportamento Organizacional, afirmaram que: Estamos no meio a uma revolução no contexto de gestão das organizações. As velhas regras quanto ao tratamento a ser dado às pessoas, à organização do trabalho e às formas de liderar estão sendo ultrapassados (COHEN e FINIK , 2003,p.V). A nova realidade de mudança exige dos administradores que se interessem pela ciência que estuda o comportamento e a subjectividade. Estamos precisando, afirma Camargo, buscar novas formas de fazer as coisas funcionarem melhor, mais rápido, porém, sem perder a finalidade maior da Psicologia, que é criar condições para o Desenvolvimento Humano. As organizações precisam acelerar os ajustes para a nova tecnologia, a nova concorrência, as novas regulamentações e reivindicações dos trabalhadores e tantas outras mudanças do cenário público e privado. Os gerentes precisam trabalhar de modo rápido e inteligente e também distanciar- se do ritmo acelerado, adoptando postura reflexiva para análise constante do cenário do mercado local e global. Todos esses ajustes passam pelas pessoas. O homem e suas competências, suas habilidades, suas resistências à mudança, seus processos de adaptação, suas estratégias de aprendizagem, seus pensamentos, suas tensões, suas emoções etc. Por todos esses factores é uma época muito propícia para estudar Psicologia Organizacional. Assim, começaremos por apresentar o campo de acção da Psicologia Organizacional e exemplos de sua aplicação. Depois passaremos a recuperar os momentos históricos importantes que marcaram a construção da disciplina como um campo de pesquisa e aplicação. O CAMPO DE ACÇÃO DA PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL A Psicologia Organizacional tem três grandes áreas de preocupações, segundo Camargo: o trabalho, a organização e a gestão de pessoas. Trabalho: este é o foco principal de preocupação da Psicologia Organizacional. O trabalho como meio para a realização das pessoas e como meio para a produção. Pelo trabalho o homem produz objectos e serviços ao mesmo tempo em que realiza trocas sociais. O trabalho também está presente em todos os momentos da vida dos indivíduos. O trabalho cumpre muitas funções na vida das pessoas. Ele é meio de sobrevivência, meio de realização pessoal, meio de adoecimento, de construção de identidade, enfim, um meio de socialização. Organização: Como é essa organização, como ela se estrutura para dar conta de sua missão? Qual modelo de gestão de pessoas utiliza? Qual a cultura da organização? São algumas das perguntas feitas pelos profissionais da área. Isto porque o comportamento das pessoas depende, entre outros factores, dos padrões culturais do meio onde vivem. Assim, para auxiliar na criação de novos modos de relacionamento no trabalho, o administrador precisa ampliar seus conhecimentos sobre o comportamento e a subjectividade em contextos de trabalho. Gestão de pessoas: esta área da Psicologia Organizacionalpreocupa-se com a maneira pela qual uma organização se constitui para gerir e orientar o comportamento humano no trabalho. É o que hoje se chama de gestão de pessoas, ou seja, as estratégias, as políticas e as práticas ou os processos de como lidar com as pessoas. Assim, podemos afirmar que o objectivo da acção da Psicologia Organizacional implica em oferecer contribuições ao administrador para que possa promover e assegurar um ambiente saudável e produtivo que contemple as necessidades tanto do trabalhador quanto da organização. 1.3 Aplicação da Psicologia nas Organizações A Psicologia dentro das Organizações tem varias aplicações, dentre elas podemos destacar: Nos processos de treinamento; Na eficácia de liderança e tomada de decisão; Na avaliação de desempenho; No planeamento do trabalho; Nos programas de motivação, aprendizagem e satisfação no trabalho; No desenvolvimento do trabalho em grupo; Nos programas de mudança comportamental; Na administração das situações de stress profissional e outras situações de impacto na saúde dos trabalhadores; Na melhoria do processo de comunicação; e Nas pesquisas de cultura e ambiente organizacional. Processos de treinamento: conjunto de actividades que tem por objectivo explorar o potencial de aprendizagem e a capacidade produtiva das pessoas, visando mudanças de comportamentos e atitudes bem como a aquisição de novas habilidades e conhecimentos. Essa actividade tem como meta maximizar o desempenho profissional e motivacional do ser humano para melhorar os resultados e o clima organizacional. Exemplos de processos de treinamento são: palestras, seminários, cursos, estágios, programas de actividades monitoradas, dinâmicas de grupo. Eficácia de liderança e tomada de decisão: a tomada de decisão são as acções do dia a dia que dêem resultados satisfatórios para a organização. Tomar decisões depende de análises eficientes do dia a dia profissional. Os diferentes cenários e situações de conflitos no mundo administrativo e dos negócios não conhecem receitas básicas e padronizadas, mas sim nos remetem a diagnosticar as melhores soluções e alternativas para o processo decisório. Assim, necessitamos de métodos para identificação e definição do problema e geração de alternativas de soluções. Exemplos de actividades são os programas de identificação e desenvolvimento de lideranças e os treinamentos com foco no conhecimento das estratégias de tomadas de decisão. Avaliação de desempenho: corresponde a uma análise sistemática do desempenho do profissional em função das actividades que realiza, das metas estabelecidas, dos resultados alcançados e do seu potencial de desenvolvimento. O objectivo final da Avaliação de Desempenho é contribuir para o desenvolvimento das pessoas na organização. Exemplos de acções são: os planeamentos de trabalho, os planeamentos de carreira, reestruturação de cargos e salários, redistribuição de funções. Planeamento do trabalho: o foco com o planeamento do trabalho, no campo da Psicologia, é voltado prioritariamente para um conjunto de preocupações relacionadas à saúde do trabalhador. Insere-se, especialmente, naquele conjunto de estratégias que visam prevenir problemas de saúde, como por exemplo, os de saúde mental e psicossomáticos, as lesões por esforços repetitivos, os acidentes de trabalho. Programas de motivação, aprendizagem e satisfação no trabalho: a satisfação no trabalho está directamente relacionada a saúde do trabalhador, ao prazer ou à felicidade no trabalho e a insatisfação está na origem do desprazer ou do sofrimento no trabalho. A título de reflexão sobre acções que promovam satisfação no trabalho e saúde dos trabalhadores, sugerimos avaliação e mudanças na concepção e organização do trabalho que sejam direccionadas para os aspectos psicossociais do trabalho. Acções que promovem mudanças precisam considerar, por exemplo: Implementar a autonomia e o controle no trabalho exercidos pelos trabalhadores, com aumento das participações individual e colectiva em processos decisórios; Enriquecimento do trabalho e aumento do conhecimento e das habilidades a partir do envolvimento dos trabalhadores em todo o processo de trabalho; Possibilidade de desenvolvimento da carreira e de segurança no emprego; e melhorias das condições do ambiente físico de trabalho (ruído, temperatura, iluminação). Consideramos, hoje em dia, que toda a mudança no trabalho deve ser feita de modo que elas correspondam às necessidades, expectativas e desejos dos trabalhadores (quando não puderem atendê-los, que sejam muito bem expostos os motivos) e que sejam compatíveis com as características e as exigências das tarefas. Programas de mudança comportamental: são os programas que visam mudanças do comportamento que acontecem reforçando sistematicamente cada passo sucessivo que move o indivíduo mais para perto da resposta desejada. Podemos destacar como exemplos de programa de mudança comportamental os programas de modelagem para conseguir hábitos de vida saudáveis. Administração das situações de stress profissional e outras situações de impacto na saúde dos trabalhadores: estudos de Psicologia tem demonstrado que é cada vez mais evidente que a organização do trabalho e o modelo de gestão concentram os principais factores psicossociais relativos ao ambiente de trabalho presentes no adoecimento dos trabalhadores em todos os sectores. Portanto, enfrentar preventivamente os factores de stress no trabalho é desenvolver acções estritamente humanas nas relações de trabalho. Esses estudos indicam alguns princípios que norteiam as necessárias mudanças na organização do trabalho e gestão na saúde, tais como: Fortalecimento do trabalho em equipe multi profissional, fomentando à transversalidade; Compromisso com a democratização das relações de trabalho; e Valorização dos profissionais da rede, estimulando processos de educação permanente (RIOS, 2008). A Psicologia Organizacional refere-se ao estudo do comportamento e da subjectividade das pessoas no contexto das organizações. Sendo uma área de especialização da Psicologia, utiliza seus conhecimentos teóricos e metodológicos. Os psicólogos organizacionais são frequentemente empregados nas empresas, na indústria e nos órgãos governamentais, principalmente actuando em três áreas: Psicologia dos factores humanos: refere-se a melhoria do design da função das máquinas e do ambiente de trabalho. Psicologia de recursos humanos: relacionada ao recrutamento, teste, treinamento, adequação e avaliação de funcionários. Psicologia organizacional: faz referência ao estilo gestão, motivação de trabalhadores, satisfação no trabalho, desenvolvimento de programas de qualidade de vida e pesquisas (HUFFMAN, 2003). 1.4 ORIGEM DA PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL A Psicologia Organizacional surge no final do século XIX influenciada pela procura de racionalização do trabalho no processo de fabricação no sector industrial. O marco é o trabalho de Frederick Winslow Taylor (1980), pioneiro da administração científica, que estabeleceu critérios para o planeamento na situação do trabalho como objectivo de aumentar a produção. Taylor julgou resolver de forma definitiva os problemas de produção. Sua suposição era que se o trabalhador desempenhasse correctamente suas funções a empresa teria mais lucros. Para aumentara eficiência no trabalho e assim aumentar os lucros, ele formulou os seguintes princípios: Planear os métodos de trabalho para aumentar a eficiência; Seleccionar os melhores trabalhadores e treiná-los para que se adaptem aos novos métodos; e Desenvolver um clima de cooperação entre os encarregados (gerentes) e trabalhadores, e estimular a cooperação entre a administração e trabalhadores, criando assim um ambiente melhor de trabalho.A Psicologia, para atender os objectivos da administração científica, passou a ser utilizada como ferramenta para análise do trabalho com o objectivo de descobrir o melhor modo de fazer as coisas para planejar os métodos de trabalho, seleccionar e treinar os trabalhadores. A análise do trabalho, também chamada de análise de cargo, é o procedimento utilizado para descrever tanto os diferentes tipos de trabalho quanto as características humanas necessárias para o desenvolvimento das actividades. Isto implica em fazermos uma descrição detalhada das tarefas envolvidas em um cargo, determinarmos a relação deste cargo com outros, além de averiguamos o conhecimento, habilidades e capacidades necessários para que uma pessoa tenha bom desempenho no cargo (ROBBINS, 1999). Para compreendermos melhor o que é uma análise de cargo vamos decompor o trabalho de um policial. Podemos começar? Supondo que uma das principais tarefas de um policial é prender suspeitos, podemos dividi-la em acções específicas, tais como: Ir à casa do suspeito para fazer a prisão; Bater à porta e identificar-se; Algemar o suspeito; Informar o suspeito de seus direitos; Colocar o suspeito no carro; Levar o suspeito à Polícia; e Fazer o relatório depois de prender o suspeito. Observe que para cada função o policial precisa realizar uma série de tarefas e cada tarefa pode ser ainda subdividida em actividades, certo? Podemos identificar neste exemplo que a função principal é prender suspeitos. Uma das tarefas é ir à casa do suspeito e prendê-lo. E que uma actividade seria algemar o suspeito. Ainda podemos relacionar uma série de acções específicas envolvidas nessa actividade, tais como: liberar as algemas da cintura; colocá-las na mão direita; abri-las com a mão esquerda; colocá-las no pulso do suspeito; e fechá-las (SPECTOR, 2002).Assim, sob a influência dos princípios da administração científica de Taylor é que se desenvolveram os trabalhos de selecção de trabalhadores e planeamento das situações de trabalho, tendo sempre como objectivo a eficiência no trabalho e o aumento de produtividade. Neste cenário a Psicologia, que estuda o comportamento das pessoas, passou a ser vista pelo empresário como uma ciência “útil”à adaptação do trabalhador ao trabalho. Assim, as grandes empresas passaram a construir laboratórios para seleccionar e treinar trabalhadores. Um marco foi o laboratório criado por Hugo Münsterberg. Ele construiu uma simulação de bonde real com o objectivo de melhorar o desempenho dos motoristas de bonde. Hoje esses espaços de treinamento, para simulações de tarefas de trabalho, são muito utilizados, principalmente para treinar profissionais em actividades que exigem competências de risco, como o caso de piloto de avião, por exemplo. Pois bem, além de Taylor, outra influência importante do campo da Engenharia para a Psicologia foram os trabalhos de Frank e Lilian Gilbert, que contribuíram com o estudo dos tempos e movimentos, envolvendo a medição e a sincronização das acções executadas pelas pessoas durante as tarefas, com o objectivo de desenvolver uma maneira mais eficiente de trabalhar, e dando origem às pesquisas no campo do factor humano no trabalho, que estuda como melhor projectar a tecnologia para as pessoas (SPECTOR, 2002). --------------------------------------------------------------------------------- Actividades de Aprendizagem 1.A Psicologia das Organizações estuda o comportamento humano enquanto membro de uma organização. a) Apresente (2) conceitos de Psicologia Organizacional. b) Quais foram os factores determinantes para a autonomização desse campo de saber? 2.Qual o papel de um psicólogo numa organização? 3.Que tipo de relação estabelece entre a Psicologia Organizacional e a Teoria Geral de Administração Publica enquanto domínios de saber.? Unidade 02 2. O INDIVÍDUO NA ORGANIZAÇÃO Introdução Nesta unidade vamos nos dedicar a compreensão da importância do capital humano numa Organização, o papel da Motivação, Percepção e a Aprendizagem, como factores fundamentais para o compreender o comportamento dos indivíduos nas Organizações. Objectivos No fim desta unidade deves ser capaz de: Interpretar correctamente as diferentes teorias motivacionais; Compreender a importância da Percepção Humana dentro das Organizações; Interpretar os Modelos comportamental de Skinner e cognitivo de Vigostk bem como a relação que possuem com a vida das Organizações. 2.1. MOTIVAÇÃO Antes de tudo, é importante destacarmos que é a motivação a responsável pela intensidade, direcção e persistência dos esforços de uma pessoa para o alcance de determinadas metas. Em segundo lugar precisamos lembrar ainda que todo comportamento humano é gerado por algo que o motiva. Como o próprio termo sugere, motivação significa motivo para a acção. Segundo Paul Spector (2002), motivação é um estado interior que conduz uma pessoa a assumir determinados tipos de comportamentos. Motivação envolve direcção, intensidade e persistência de um comportamento, ou seja: Direcção: escolha de comportamentos específicos entre uma série de comportamentos possíveis. Por exemplo: um trabalhador pode decidir ir trabalhar, em vez de telefonar alegando que está doente e ficar assistindo televisão; Intensidade: esforço que uma pessoa gasta na realização de uma tarefa. Por exemplo: um trabalhador que precisa fazer um levantamento do stock pode empenhar um grande esforço para realizar a tarefa em pouco tempo e correctamente, ou não querer se esforçar, fazendo a empreitada vagarosamente; e Persistência: empenho contínuo e engajado no desempenho de determinado tipo de comportamento ao longo do tempo. A Teoria da Hierarquia das necessidades A Teoria da Hierarquia, formulada por Abraham Maslow, pressupõe que “Se você planea ser qualquer coisa menos do que aquilo que você é capaz, provavelmente você será infeliz todos os dias de sua vida.”, ou seja, todos nós temos muitas necessidades que competem entre si para serem satisfeitas. Por exemplo, neste momento sua necessidade de sono pode estar competindo com sua necessidade de continuar estudando. Também, nem todas as necessidades são igualmente importantes. Os motivos se diferem em prioridade e força relativa sendo que as necessidades mais prementes (tais como fome e sede) devem ser satisfeitas antes de o indivíduo voltar sua atenção para necessidades superiores, tais como auto - realização. Segundo Maslow, dentro de cada ser humano existe uma hierarquia de cinco necessidades. São elas: Fisiológicas: fome, sede, sexo e outras necessidades corporais necessárias à manutenção do equilíbrio do organismo. Protecção: sentir-se seguro e protegido, procurar prazer e evitar danos físicos e emocionais. Sociais: interagir afectivamente com outras pessoas, ser aceito, dar e receber atenção. Estima: duas versões: externa (o desejo de ter o respeito dos outros, a necessidade de status, reconhecimento, atenção, apreciação) e interna (auto - respeito, incluindo sentimentos como confiança, competência, capacidade de realização, independência e liberdade). Auto - realização: necessidade de desenvolver competências e realizar o seu potencial. Cada um dessas necessidades ocupa uma hierarquia para atingirmos a auto - realização, ou seja, a pessoa move-se para o topo da pirâmide. Veja a figura a seguir: De acordo com Maslow, à medida que cada necessidade é atendida, a próxima aparece. A teoria sugere que, embora nenhuma necessidade humana seja satisfeita em sua totalidade, uma necessidade satisfeita extingue a motivação. As necessidades fisiológicas e as de protecção e segurança são consideradas de nível baixo; as sociais e as relacionadas à estima e à auto - realização são de nível alto. A diferenciaçãoentre os níveis parte da premissa de que as necessidades de nível baixo são satisfeitas externamente, no contexto do trabalho (por meio dos salários e da estabilidade no emprego). Porém, é importante lembrarmos, refere Camargo, que os críticos a essa teoria argumentam que alguns aspectos da teoria não foram amplamente pesquisados. As pessoas algumas vezes buscam a satisfação de necessidades superiores mesmo quando as inferiores na hierarquização foram satisfeitas. Sobre as criticas à teoria da hierarquia das necessidades, Huffman (2003, p. 431) destacou que: Em algumas sociedades não industrializadas, por exemplo, as pessoas podem ser submetidas à fome, a doenças graves e à vida em áreas devastadas pela guerra (os dois primeiros degraus na teoria de Maslow), e mesmo assim, procuram manter os vínculos sociais fortes e a auto - estima elevada. Durante o período de escassez de alimento e de guerra na Somália, muitos pais sacrificaram suas próprias vidas para conseguir levar os filhos famintos a centros de distribuição de alimento localizados a centenas de milhas de distância; uma vez nos centros, os pais frequentemente se reuniam em grupos para partilhar os suprimentos limitados. A lembrança de casos de pessoas em contexto de guerra e em situações limites nos faz reflectir se a teoria de Maslow é adequada a todas as situações. Alguns exemplos evidenciam que, embora satisfazendo as nossas necessidades básicas primeiramente, quando possível, se as circunstâncias permitirem apenas satisfação parcial, ainda assim continuaremos a buscar as necessidades sociais, de estima e auto - realização. Neste cenário podemos mencionar ainda as manifestações de solidariedade em momentos de crise como as guerras, por exemplo, onde as pessoas são capazes de se colocarem em perigo de perderem a própria vida para salvarem outras vidas ou para defenderem ideais. A Teoria X e a Teoria Y A teoria de McGregor, doutor em Psicologia Social, propôs duas visões do ser humano: uma negativa, chamada de Teoria X, e outra positiva, chamada de Teoria Y. McGregor, depois de observar como os executivos tratavam seus funcionários, concluiu que essas práticas revelavam a visão que eles tinham da natureza dos seres humanos. Na Teoria X, os executivos supõem que os trabalhadores (e as pessoas em geral): Preferem ser dirigidos; Não estão interessados em assumir responsabilidades; Desejam, acima de tudo, segurança; e São motivados pelo dinheiro, e pela ameaça de punição. Observamos que os administradores que concordam com as suposições da Teoria X procuram estruturar, controlar e supervisionar estritamente os seus empregados. Eles acham que o controle externo é apropriado para tratar com pessoas nas quais não se pode confiar e que são irresponsáveis e imaturas. Já na teoria Y, os executivos supõem que os trabalhadores: Não são preguiçosos e irresponsáveis por natureza; Podem auto dirigir-se e serem criativos no trabalho, se forem adequadamente motivados; Não são resistentes às necessidades da empresa; Têm motivação básica e padrões de comportamento adequados e capacidades para assumir responsabilidades; e Aceitam responsabilidades e também as procuram. Os executivos que concordam com esta visão defendem que a função essencial do administrador é a de desencadear esse potencial nas pessoas, ou seja, “uma pessoa correctamente motivada pode atingir melhor os seus próprios objectivos dirigindo seus próprios esforços para a realização dos objectivos da empresa”,afirmou McGregor (HERSEY; BLANCHARD, 1986, p. 61). O tipo de administrador Y procura, com sua atitude democrática, ajudar os empregados a amadurecer, expondo-os a um controle externo progressivamente menor e deixando-os assumir cada vez mais o autocontrole. McGregor acreditava que em um ambiente flexível os empregados conseguem obter a satisfação das necessidades sociais, de estima e de auto-realização, tantas vezes negligenciadas nas organizações. Teoria dos Dois Factoresfg Com base na afirmação de Frederick Herzberg o comportamento humano no trabalho é orientado por dois grupos de factores: Factores Higiénicos (extrínsecos): são os definidos pelo contexto que envolve o empregado e que fogem ao seu controle. São exemplos deles: Salários e Benefícios. Tipo de Chefia. Políticas e Directrizes Organizacionais. Segundo a teoria de Herzberg, quando os factores higiénicos são óptimos eles apenas evitam a insatisfação, não elevando a satisfação ou, se a elevam, não a mantém continuadamente. Por outro lado, quando são péssimos, provocam a insatisfação. Factores Motivacionais (intrínsecos): referem-se ao cargo e à natureza da tarefa desempenhada, sendo, portanto, controláveis pelo indivíduo e que devem levar ao reconhecimento e à valorização profissional, culminando com a auto-realização. Esses factores (profundos e estáveis), quando óptimos, levam à satisfação, mas quando precários, bloqueiam a satisfação. Observe agora a relação entre os factores higiénicos e os motivacionais conforme descrição do Quadro a seguir: Factores Higiénicos Factores Motivacionais Afectam a Insatisfação do Trabalho: - Qualidade da supervisão - Remuneração - Políticas da organização - Condições físicas do trabalho - Relacionamento com os colegas - Segurança no emprego Afectam a satisfação com o trabalho - Oportunidade de promoção - Oportunidade de crescimento pessoal - Reconhecimento - Responsabilidade - Realização Herzberg propõe o enriquecimento de tarefas como elemento para se alcançar a satisfação no cargo. Este enriquecimento pode ser tanto vertical (aumento do grau de dificuldade do trabalho) ou lateral (diversificação de atribuições). Contudo, se você for pesquisar encontrará também críticas à Teoria dos Dois Factores, dirigidas à tensão gerada pelo efeito vertical e ao possível sentimento de exploração que pode surgir do efeito lateral. Contudo, o sucesso na implementação de acções dessa natureza dependerá das particularidades de cada organização e das pessoas que dela fizerem parte. Contudo os estudos de Heizberg não obtiveram comprovação, ainda que tenham sido de grande valia para o desenvolvimento de técnicas para a administração comportamental. O aumento do grau de dificuldade do trabalho e a diversificação de atribuições para permitir que os trabalhadores tenham maior responsabilidade, planejem e controle seus trabalhos, foram atribuídos às descobertas e recomendações de Herzberg (ROBBINS,1999, p. 112). Teoria das Necessidades David McClelland identificou factores nas pessoas que demonstram predisposição para lutar por sucesso. Para ele os níveis de desempenho elevado e de sucesso dos executivos estão correlacionados com uma grande necessidade de realização. Continuou suas pesquisas na tradição de Maslow, no entanto considerou que as necessidades podem ser aprendidas. Com base na pesquisa que ele realizou em diferentes países sua teoria é actualmente o fundamento para os estudos sobre o comportamento empreendedor. McClelland tomou como eixo de sua teoria a necessidade e diante desta visão identificou três delas: Necessidade de realização (NR): busca pela excelência. Indica a extensão a que uma pessoa quer executar tarefas difíceis e lutar pelo sucesso. Quer obter sucesso e necessita receber frequentemente aprovação positiva. Gosta de trabalhar sozinha ou com outros empreendedores elevados. Necessidade de associação (NA): o desejo de relacionamentos interpessoais próximos e amigáveis. Querem ser admirados e aceitos por outros, e unem a importância a uma interacção pessoal. Tendem a conformar-se às normas de seu grupo de trabalho. Procuram fazer e manter relacionamentos com uma quantidade elevada de confiança e de compreensão mútua. Preferem a cooperação sobrea competição. Necessidade de poder (NP): necessidade elevada para o poder pessoal, querem dirigir e influenciar outras pessoas. Refere-se também a status, prestígio e posição de influência na sociedade. McClelland sustenta ainda que diferentes indivíduos têm diversos níveis de cada necessidade, mas nunca a inexistência de qualquer delas, em especial o da realização (motivação pelo êxito),aprendido inicialmente na infância. Esses motivos têm relação íntima com a resolução de problemas. Sendo assim, podemos dizer que quando o indivíduo obtém sucesso, utiliza-se de determinado meio (motivo) e tenderá a repeti- lo para a solução de outros problemas. A repetição do comportamento eficaz é o que caracterizará o estilo da pessoa. Teoria do Fluxo e Trabalho Qualificado Um dos estudos recentes – e que faz sucesso no mundo empresarial – é um livro de Mihaly Csikszentmihalyi. Em sua teoria, ele rejeita a tese de que o homem é motivado pelo acúmulo de riqueza material ou de objectos. Criou a teoria do“fluxo”. Camargo define fluxo como sendo o estado de grande concentração que ocorre quando as pessoas se dedicam a tarefas desafiadoras e orientadas a metas adequadas às suas aptidões e talentos. (VECCHIO, 2008). O estado de “fluxo” um estado de harmonia produtiva. A actividade em si e o sentimento experimentado são recompensa mais forte que dinheiro ou fama. O fluxo é alcançado quando várias das condições são encontradas em uma actividade. Veja a relação a seguir: Objectivos claros: tanto as expectativas, quanto as regras. Concentração: a pessoa se concentra na actividade em questão, não fazendo mais nada em paralelo. Perda da auto - percepção: a pessoa deixa de se preocupar consigo mesma. Percepção distorcida do tempo: parece que o tempo flui mais rápido. Respostas rápidas: a pessoa tem feedback imediato e permanente dos seus sucessos ou fracassos. Equilíbrio entre os desafios e as habilidades: nem muito fácil, nem muito difícil. Sentimento de controle: a pessoa se sente no controle do que está fazendo. Recompensa intrínseca: a actividade é por si só, recompensadora, não havendo necessidade de recompensas externas. Talvez a questão mais importante seja o equilíbrio entre os desafios e as habilidades. Um desafio muito maior que as habilidades das pessoas leva à ansiedade. Já um desafio baixo, para pessoas com muitas habilidades, leva ao tédio. Mihaly parte da análise de que no mundo actual as pessoas estão muito stressadas com a vida, ou muito aprisionadas ao consumo e sem esperança de desfrutar de um lazer para poder usufruir o “fluxo”, o que torna a vida sem sentido e sem gratificações. A descoberta do “fluxo” é fundamental para despertar o potencial criativo latente no interior de todo indivíduo, acredita o autor. Sempre que a pessoa escolhe realizar uma tarefa bem definida, que seja desafiadora e esteja ao alcance de sua capacidade conhecida, ela obterá uma experiência gratificante – e isso chamamos de “fluxo”. De acordo com Mihaly, o conceito de “fluxo” possui aplicações organizacionais desde que os líderes ou gestores capacitem seus colaboradores a unir o trabalho ao entusiasmo sincero: atendendo ao mesmo tempo às necessidades sociais, obterão maior produtividade e mais lucros (VECCHIO, 2008). Teoria das Características das Funções A identificação de factores de motivação no trabalho foi objecto de pesquisa de Hackman e Oldham. Eles criaram o chamado modelo das características da função. Entendemos aqui função como sendo uma actividade específica de cargo assumido em uma instituição ou o próprio cargo; uma profissão; um ofício. Hackman e Oldman (apud CUNHA,2004) chegaram à conclusão de que são cinco as características do trabalho que contribuem para fazer da função uma fonte de motivação: Variedade: uma função será tanto menos variada quanto mais consistente numa repetição rotineira de actividades; esta característica refere-se ao grau de exigência no que diz respeito ao uso de competências, actividades e conhecimentos diversificados. Identidade: o grau em que a função requer a execução de um trabalho identificável com principio e fim, e que origina um resultado visível. Um exemplo de uma função com elevado grau de identidade é o trabalho do artesão que produz uma peça na sua totalidade; e por tê-la produzido do principio ao fim é que lhe confere esse nível de identificação com ele próprio. Significado: diz respeito ao impacto do trabalho nas vidas dos outros, seja de dentro ou de fora de uma organização; quanto maior o impacto maior o significado do trabalho. Autonomia: o nível de independência no planeamento do trabalho e na respectiva forma de organização. Por exemplo, o nível de autonomia de um empregado do McDonald’s é limitado pela existência de um conjunto muito preciso e detalhado de procedimentos. Feedback: refere-se em quantidade e qualidade à informação sobre o progresso do individuo na execução da tarefa e os níveis de desempenho alcançados. Podemos afirmar que pessoas com maior necessidade de crescimento respondem mais positivamente à presença das cinco características do modelo e obtêm níveis de produtividade mais elevados. Outra variável importante faz referência à capacidade da pessoa em responder às exigências do trabalho, e o grau de satisfação com o contexto em que trabalham. De fato, pessoas com capacidades inferiores ao requerido para o correcto desempenho da tarefa, por muito motivadas que estejam não conseguem alcançar os níveis de desempenho pretendidos. Assim como, se estas estiverem insatisfeitas com o salário, respondem de forma mais negativa às características da função. Por exemplo, em um ambiente de descontentamento com salários ou de insegurança de emprego, a probabilidade de sucesso de intervenções deste género é menor, porque os funcionários estão mais preocupados com os factores higiénicos que os motivadores, no sentido dado por Frederick Herzberg, que você estudou anteriormente (CUNHA, 2004). Teoria Sócio - Histórica A Psicologia Sócio - Histórica está interessada em compreender os motivos das actividades das pessoas concretas. Dirige criticas às teorias que não consideram a dimensão da sociedade e da cultura. Segundo Baró (2001), uma forma concreta de compreendermos o carácter social do ser humano seria analisando as necessidades dos grupos e pessoas não como um dado prévio, universal e hierarquizado fisiologicamente, como na teoria de Maslow e seguidores, mas como uma construção histórica. Cada grupo, cada homem, a partir de um mínimo de exigências para a conservação da vida, vai elaborando sua estrutura de necessidades como produto de sua actividade concreta em uma cultura determinada. Ao actuar assim e não de outra maneira, ao optar por esse tipo de actividade e não por outra, ao escolher esse estilo particular de vida, surgem as necessidades. Para entendermos historicamente os motivos do comportamento humano observemos o esquema abaixo: Neste aspecto a pessoa é vista como pertencente a um grupo e uma posição na sociedade da qual é um representante, sem deixar de ser também uma pessoa singular. Os autores sócio -históricos afirmam que os interesses e exigências do grupo tomam carne e voz, consciente ou inconscientemente, na pessoa. Assim, a pessoa se descobre uma forma particular de um grupo social, ela é portadora da cultura do grupo que pertence, e, principalmente, do grupo com o qual se identifica. A Teoria Sócio - Histórica considera que o social está constituído pelo mundo de regras e significações que as pessoas estruturam através das relações com outras pessoas significativas do seu grupo. Por exemplo, no caso da criança, a outra pessoa significativa no seu grupo familiar geralmente é a mãe ou, na sua ausência, quem cuida da criança e faz a mediação com o mundo.Entre os jovens, o outro significativo pode ser outro jovem mais experiente ou aquele que assume um papel de liderança no grupo. Portanto, o mundo de regras e significações é assumido pelas pessoas (a criança, o jovem etc.) como parte fundamental de sua identidade pessoal e de sua existência. Nessa perspectiva podemos verificar que o motivo que mobiliza o comportamento das pessoas não é determinado unicamente pelas necessidades internas e biológicas como nas teorias homeostáticas. Já que a pessoa se encontra enraizada em um determinado grupo social, cujos interesses foram desenvolvidos historicamente em relação com outras pessoas e grupos, o que irá mobilizar seu comportamento será o resultado da configuração dos motivos pessoais e interpessoais desse grupo social. Para finalizar é importante lembrarmos - nos das ideias de Silvia Lane (2001), que apontam para a tradição biológica da Psicologia como um dos maiores obstáculos para o estudo do comportamento social dos indivíduos. Ou seja, isso não significa a negação do biológico, mas a concepção que decorre desta tradição, onde o ser humano é visto como possuidor de uma existência abstracta, única, isolada de tudo e de todos. 2.3. Percepção Este tema é um dos desafios mais importantes e abrangentes enfrentados pelas organizações, pois envolve a adaptação às diferenças entre as pessoas, ou seja, à diversidade entre os trabalhadores. Assim, podemos afirmar que a diversidade envolve a presença de características humanas individuais que tornam as pessoas umas diferentes das outras. Muitas organizações refere Camargo, já vêm incentivando seus gerentes para lidarem com essa diversidade. Essas diferenças incluem sexo, raça, etnia, idade, capacidade física etc. Aqui temos um desafio, avança a autora, o de administrarmos a diversidade entre os trabalhadores de uma forma a respeitarmos as perspectivas e contribuições individuais. Em meio aos factores que explicam as diferenças entre as pessoas, os estudos de Psicologia apontam a percepção. Até porque o comportamento das pessoas é também determinado por sua percepção da realidade. Portanto, tratar a diversidade na organização é considerar que as pessoas são diferentes porque percebem o mundo de forma singular. A existência de ilusões perceptivas sugere que o que percebemos (em nossos órgãos sensoriais) nem sempre é o que compreendemos (em nossa mente). Nossa mente deve captar a informação sensorial disponível e transformá-la, de algum modo, para criar representações mentais de objectos, propriedades e relações espaciais de nosso ambiente. O que é então percepção? Segundo Stephen Robbins (2004, p.24), a percepção diz respeito ao “Processo pelo qual indivíduos organizam e interpretam suas impressões sensoriais a fim de dar sentido ao seu ambiente”. Com base nesta afirmação e considerando que as pessoas são quem organizam a leitura do mundo, podemos concluir que o que uma pessoa percebe pode ser substancialmente diferente do que outra pessoa percebe. E, assim o que percebemos pode ser também diferente da realidade objectiva. Ou melhor, nunca é a cópia fotográfica da realidade. A percepção é influenciada por vários factores que podem distorcê-la ou moldá-la. Estes factores podem estar em quem percebe, no objecto percebido, de onde ele é visto ou no contexto da situação em que a percepção ocorre. O comportamento das pessoas é também determinado por sua percepção da realidade e não na realidade em si. O que importa para o comportamento é como o mundo é percebido pelas pessoas. Logo, perceber envolve dar significado ao mundo. “O mundo como é percebido é o mundo importante para o comportamento”, conclui ainda Stephen Robbins (2004, p.25). Como podemos explicar que uma pessoa pode olhar para a mesma coisa que outra e as duas perceberem de forma diferente essa mesma coisa? Quando uma pessoa observa algo e tenta interpretar o que está percebendo, é fortemente influenciada por suas próprias características pessoais, tais como: Atitudes: como o indivíduo está habituado a responder às situações; Motivações: quais são as suas necessidades insatisfeitas; Interesses: o foco de atenção é direccionado por seus interesses; Experiências: direccionam a atenção e podem até anular o interesse, pois há a tendência a habituar-se ao já conhecido; e Expectativas: podem induzir o indivíduo a ver o que quer ver. A teoria na Psicologia que começou a compreender o homem como um ser que organiza activamente a realidade é a Gestalt, palavra de origem alemã e surgiu em 1523 de uma tradução da Bíblia, significando “o que é colocado diante dos olhos, exposto aos olhares”. Hoje a palavra Gestalt é adoptada no mundo inteiro, significando um processo de dar forma ou configuração. As interpretações decorrentes das pesquisas dos gestaltistas atentam para a importância dos eventos no interior da mente humana e chamam a atenção dos psicólogos para a necessidade do conhecimento das actividades mentais e não apenas a descrição das mudanças no comportamento exteriormente observado. A Teoria da Gestalt é a escola da Psicologia que terá grande influência no campo dos estudos cognitivos. Este campo compreende os estudos de como as pessoas percebem, aprendem, recordam e processam as informações. Percepção e significado pessoal Geralmente observamos os factos, as pessoas, os acidentes, os casos amorosos e as brigas da mesma forma. Nossa tendência é darmos ênfase aos aspectos da realidade que estão de acordo com nossos valores e crenças. Quando observamos pessoas, tentamos encontrar explicações do motivo de seus comportamentos. Nossa percepção e julgamento das acções de um indivíduo, portanto, serão significativamente influenciados pelas suposições que fazemos sobre o estado de espírito dele (ROBBINS, 1999,p.62). No nosso dia a dia, na relação com as pessoas, fazemos suposições sobre o estado emocional, sobre a moral, sobre os pensamentos e estados internos delas. O julgamento e a suposição que fazemos sobre uma pessoa vão influenciar a nossa comunicação com ela. Por exemplo, quando acho uma pessoa simpática sinalizo, por meio de gestos corporais e expressões faciais, que estou disponível para iniciar comunicação com ela. Percepção das pessoas Fritz Heider, psicólogo austríaco, fez um interessante estudo sobre a forma como as pessoas percebem as relações interpessoais. Seguindo os princípios da Gestalt, Heider afirmou que as pessoas tendem a perceber seu meio de forma organizada, como um todo estruturado. Igualmente ocorre com o caso da percepção dos objectos físicos: a pessoa busca a consistência e tende a perceber determinadas características como se fossem propriedade permanente dos objectos. Os estudos sobre percepção da Escola da Gestalt mostraram que determinadas características dos objetos, como a cor e o tamanho, se percebem como propriedades estáveis do objeto, mesmo quando ocorrem mudanças das condições de iluminação e de distância. De acordo com Heider, no caso da percepção de pessoas não só percebemos como invariáveis suas características físicas, mas também os outros traços, como as crenças, as capacidades, a personalidade etc. Assim podemos afirmar que existe uma diferença fundamental entre percepção de objectos físicos e percepção das pessoas, que consiste em se perceber como causa de suas próprias ações, ou seja, é o que chamamos de causalidade. Portanto, a causalidade é uma forma de organização cognitiva que surge quando se percebe o meio social, composto por pessoas e suas ações. A pessoa e suas ações constituem uma unidade perceptiva, em que a primeira é causa e as segundas são efeitos. Uma das principais conclusões de Heider é ter observado que a pessoa, ao perceber o meio social, vai mais além dos dados de conduta que observa e tenta encontrar as relações que podem ajudara explicar os acontecimentos. Mas como podemos explicar o comportamento das outras pessoas? Para definirmos o comportamento alheio geralmente observamos a conduta de factores internos (a personalidade, a capacidade, as atitudes etc.) ou de factores externos (a situação, ao azar etc.). Contudo é importante você observar que nem sempre nossa percepção corresponde à realidade. Conheça agora exemplo de tipos de atribuição que podem levar ao fracasso na análise do comportamento. O fracasso na análise do comportamento pode ser atribuído à falta de habilidade, uma característica pessoal, ou à suposição de que a tarefa a realizar implica uma grande dificuldade, uma condição do meio. Não existe uma atribuição predominante para explicarmos o fracasso da análise, pois tudo dependerá de outros factores como, por exemplo, a informação sobre o êxito ou o fracasso de outras pessoas e a tendência a atribuir as consequências das acções à pessoa. As pessoas, de diferentes sociedades, sentem, pensam, percebem e interpretam a realidade e as experiências de sua própria vida de maneira diversa. Pesquisas na área de Psicologia Social que comparam, em vários aspectos, o desempenho de pessoas de culturas diferentes confirmam a hipótese de que a cultura organiza tanto a forma quanto o conteúdo dos processos psicológicos, como a percepção, por exemplo. Actualmente temos muitas pesquisas que demonstram como as experiências de determinada cultura podem influenciar o modo de processar a informação visual, percepção olfativa, constância de tamanho, percepção espacial, memória e todos os outros processos psicológicos. Quais são as implicações desse estudo, para o administrador público? Partindo do princípio, no qual os estudos sobre percepção levantam questões importantes para os processos de mudança das organizações, é importante destacarmos a necessidade de o administrador considerar em sua análises e decisões o facto de como as pessoas (tanto os trabalhadores quanto os clientes) percebem e significam a realidade, isto porque são factores determinantes do comportamento humano. O administrador precisa estar ciente de que a forma de perceber, assim também como a forma de pensar, de agir e sentir dos trabalhadores são compartilhadas nas organizações, logo configuram, em seu conjunto, uma cultura da organização. E toda mudança na organização deve considerar essa cultura. De acordo com esta percepção podemos afirmar que para a implantação de mudanças ou de pequenas transformações é fundamental a mudança cultural*, vista como um desafio para as organizações já que requer um primeiro passo na direcção da criação de novos valores, atitudes e crenças. No entanto, uma mudança de cultura através da incorporação de novos valores, nova qualificação e manutenção de comportamentos passa necessariamente pela percepção das pessoas que são os agentes dessas mudanças. É um círculo que evidencia a complexidade dos processos de mudança. *Cultura – conjunto de saberes, valores, preferências e comportamentos de determinada civilização, país ou sociedade. Fonte: Camargo (2009) 2.4 APRENDIZAGEM Podemos perceber claramente, a velocidade com que o conhecimento humano tem evoluído. De acordo com Mariotti (1999, p. 23), “o conhecimento aumenta cada vez mais, em cada vez menos tempo, e um maior número de pessoas precisa aprender cada vez mais, em cada vez menos tempo”. A necessidade da aprendizagem continuada tem motivado a ampliação dos espaços de aprendizagem para fora da escola e da inclusão da organização como o local onde acontece grande parte do ensino e do aprendizado voltados para a qualificação para o trabalho. Nestes novos tempos de incertezas para as organizações poderem acompanhar as rápidas mudanças é necessário que preparem programas de aprendizagem continuada. O objectivo desses programas é desenvolver ao máximo o capital intelectual da organização, para que ele possa ser usado de forma a entregar aos clientes produtos e serviços com a máxima qualidade, propiciar o melhor retorno do investimento para a organização e criar condições de realização pessoal para os trabalhadores. Tomando como princípio a aprendizagem, podemos afirmar que as organizações têm desenvolvido uma postura mais flexível onde o erro passa a ser enfrentado como experiência positiva e oportunidade para aprender. A palavra de ordem hoje nas organizações é “aprender a aprender”. Definirmos aprendizagem envolve diversas correntes e formas de pensar. No campo da administração as discussões sobre aprendizagem têm circulado em torno de dois modelos diferentes de compreensão do processo de aprender: o modelo comportamental e o modelo cognitivo. Modelo Comportamental Segundo a Teoria Comportamental, nem todo comportamento animal é aprendido. Alguns comportamentos são inatos ou congénitos: são os reflexos ou instintos. Isto quer dizer que todos os animais são “programados” para exibir certos comportamentos inatos e determinado momento de sua maturação. Assim podemos afirmar que comportamento inato aparece quando algum tipo de estímulo dispara o comportamento. Um exemplo de comportamento reflexo é quando um mosquito aproxima-se de seus olhos: automaticamente você fecha os olhos ou faz algum impedimento com a mão para que ele saia. Outra situação seria quando tocamos em algo quente rapidamente puxamos nossa mão, ou ainda quando o recém-nascido sente um leve toque na bochecha e vira a cabeça procurando com a boca o bico do peito que o amamenta. Os reflexos são respostas involuntárias, não aprendidas, de uma parte do corpo a um estímulo externo e que não requerem comando do cérebro. Os reflexos possibilitam aos animais responderem automaticamente a estímulos ambientais, o que é necessário para sua sobrevivência. Contudo segundo os pesquisadores, adeptos da Teoria Comportamental, há uma única forma de aprendermos que implica numa associação entre estímulos externos e resposta. Essa associação é chamada de condicionamento ou reflexo condicionado. Outro estudo que ajudou a explicar esses comportamentos foi o realizado por Pavlov, em 1904, que conduziu um experimento em laboratório demonstrando que um estímulo neutro poderia ser transformado em estímulo condicionado pelo aprendizado. Por exemplo, ao tocarmos um sino (estímulo neutro) e oferecer carne por repetidas vezes a um cão (estímulo não - condicionado), este salivava. Depois de certo tempo, ao tocar o sino, mesmo na ausência da recompensa, o cão ainda salivava. O barulho do sino passou a ser um estímulo condicionado ao alimento e a salivação se tornou uma resposta condicionada. Skinner é outro teórico que desenvolve estudos sobre aprendizagem, estabeleceu que todo comportamento é influenciado por seus resultados, havendo um estímulo reforçador. Este pode ser positivo quando fortalece o tipo de comportamento (recompensa), ou negativo quando tende a inibir certo comportamento (punição). Skinner construiu uma teoria sobre o comportamento humano que foi denominada de Teoria Comportamental ou Behaviorismo. A aprendizagem, para os comportamentalistas, se realiza sempre que a actividade de um organismo produz uma mudança relativamente permanente em seu comportamento (DAVIDOFF, 1983). Os administradores e gerentes como enfatiza Camargo, falam muito do “poder do pensamento positivo”, muitas vezes estão mais preocupados em controlar e punir seus funcionários do que recompensar. A recompensa, em geral, funciona melhor que punições. A punição gera comportamento de fuga ou evitação. Modelo cognitivo Cognição na abordagem de Camargo, é o acto ou processo de conhecer, que envolve atenção, percepção, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem. Trabalha com representações e com o processamento de informações pelo indivíduo. A PsicologiaCognitiva trata do modo como as pessoas percebem, aprendem, recordam e pensam sobre a informação. Diferentes autores e teorias contribuíram para a construção do modelo cognitivo de aprendizagem. Uma contribuição relacionada à aprendizagem no contexto das organizações é a importância do social na aquisição dos conhecimentos, destacada por Vygotsky na Teoria Histórico-Cultural. Esta teoria enfatiza o social como fundamental para a aquisição dos conhecimentos, seja ele proporcionado pelo simples convívio em um ambiente educacional formal (como a escola, por exemplo), seja pelo fazer junto uma actividade (no ambiente de trabalho, por exemplo), seja na forma pela qual o professor transmite seus conhecimentos aos alunos, ou ainda, seja na forma que o aprendiz observa o trabalho do colega mais experiente. A aprendizagem (na família, na escola ou na organização) toma a dimensão social. Somos primeiro sociais e depois nos individualizamos, segundo abordagem do autor. Para Vygotsky o sujeito é activo, ou seja, ele age sobre o meio. Para esse autor, não existe uma “natureza humana”, a “essência humana”, mas sim um sujeito que é social em essência, não podendo ser separado ou compreendido fora do âmbito social. Nessa perspectiva, o sujeito produtor de conhecimento não é um mero receptáculo que absorve e contempla o real. Para Vygotsky, a formação se dá numa relação dialéctica entre o sujeito e a sociedade a seu redor – ou seja, o homem modifica o ambiente e o ambiente modifica o homem Figura: Constituição do Homem Fonte: Camargo (2009) Qual a relação dessas abordagens com as organizações? A aprendizagem nas organizações, chama a atenção para o processo voltado para a troca de ideias entre os integrantes da equipe de trabalho, baseado no diálogo, na participação colectiva, dando oportunidades aos trabalhadores a exposição de suas ideias e contribuindo, dessa forma, para a aprendizagem colectiva. Logo, as actividades de aprendizagem realizadas desta maneira priorizam a aquisição do conhecimento como um processo cognitivo e não mecânico. Os programas de aprendizagem nas Organizações de hoje, devem servir de catalisador para o permanente diálogo e nunca transformar em programas de treinamento, onde os conhecimentos são transmitidos de forma unilateral. A contribuição de Peter Senge é um exemplo da aplicação dos estudos de aprendizagem do modelo cognitivo para o campo da Administração. Os seres humanos aprendem realmente quando há mudanças fundamentais na sua maneira de ver o mundo e alterações significativas de suas capacidades. E ter mais informações não provoca estas alterações. Talvez muito, muito raramente [...]. As pessoas aprendem no dia a dia, ao longo do tempo (SENGE, 1992). Figura: Organizações que aprendem Fonte: Senge (1992) Partindo dos estudos de Senge, Daniel Kim (apud FLEURY; OLIVEIRA JUNIOR, 2002) analisou a passagem da aprendizagem individual para a aprendizagem colectiva. O autor divide o processo de aprendizagem em dois níveis, tais como: Aprendizagem operacional: que consiste na aquisição e no desenvolvimento de habilidades físicas para produzir acções (know-how). Aprendizagem conceitual: ocorre com a aquisição e desenvolvimento da capacidade para articular conhecimentos sobre uma experiência (know-why). Embora o conhecimento operacional seja essencial para o funcionamento de qualquer organização, cada vez mais precisa estar associado ao conhecimento conceptual. Os dois processos devem acontecer em todos os níveis da organização. A velha concepção taylorista, que separa os trabalhadores que detêm o conhecimento apenas operacional dos que detêm o conhecimento conceptual, deve ser mudada, ou seja, não deve haver fronteiras entre os quadros operacionais e os trabalhadores pertencentes ao quadro conceptual. Que factor levar em conta ao recrutar um colaborador: competências, capacidades ou talento? Senge acredita que a coisa mais importante quando se contrata alguém é sua capacidade de assumir compromissos na vida privada, a maturidade pessoal e a capacidade de aprender. Precisamos analisar se: a actividade a ser desenvolvida representa alguma coisa que seja realmente importante para a vida da pessoa ou se ela está apenas procurando um emprego? Ou ainda, a pessoa deseja realmente contribuir para melhorar o mundo? Ela tem capacidade de servir aos outros ou de servir a um propósito mais elevado? Estas ideias não têm nada de novo, pelo contrário, são bem antigas. Senger deixa claro que contrataria as pessoas com maior grau de maturidade, se pudesse escolher, pois são estas as mais capazes de aprender. Actividades de Aprendizagem 1.As teorias valem o que valem e nesta unidade o caro estudante teve contacto com as diferentes teorias motivacionais. a) Apresenta uma semelhança entre as teorias motivacionais apresentadas e uma diferença fundamental entre elas. b) A Teoria de Abraham Maslow parece ser a que teve uma suporte em termos de abordagem bem como maior numero de seguidores. Aonde reside na sua opinião o elemento de convergência na teoria de hierarquia de necessidades deste teórico. Unidade 03 O Grupo nas Organizações Introdução Nesta unidade vamos abordar a dinâmica dos grupos como uma corrente que influenciou decisivamente as abordagens em Psicologia das Organizações, o processo grupal e as concepções sobre o factor liderança no domínio da institucionalização. Objectivos No fim desta unidade o estudante deve ser capaz de: Diferenciar Organizações e Instituições; Conhecer o conceito Dinamica de Grupos de Lewin; Interpretar as teorias de liderança e aferir sobre sua aplicabilidade nas Organizações. 3.1. INSTITUIÇÕES,ORGANIZAÇÕES E GRUPOS A instituição é um valor ou regra social reproduzida no quotidiano com estatuto de verdade, que serve como guia básico de comportamento e de padrão ético para as pessoas, em geral. A instituição é o que mais se reproduz e o que menos se percebe nas relações sociais. Atravessa, de forma invisível, todo tipo de organização social e toda a relação de grupos sociais. Só recorremos claramente a estas regras quando, por qualquer motivo, são quebradas ou desobedecidas. Se a instituição é o corpo de regras e valores, a base concreta da sociedade é a organização. As organizações, entendidas aqui de forma substantiva, representam o aparato que reproduz o quadro de instituições no cotidiano da sociedade. A organização pode ser um complexo organizacional — um Ministério, como, por exemplo, o Ministério da Saúde; uma Igreja, como a Católica; uma grande empresa,como a Volkswagen do Brasil; ou pode estar reduzida a um pequeno estabelecimento, como uma creche de uma entidade filantrópica. As instituições sociais serão mantidas e reproduzidas nas organizações. Portanto, a organização é o pólo prático das instituições. O elemento que completa a dinâmica de construção social da realidade é o grupo — o lugar onde a instituição se realiza. Se a instituição constitui o campo dos valores e das regras (portanto, um campo abstrato), e se a organização é a forma de materialização destas regras através da produção social, o grupo, por sua vez, realiza as regras e promove os valores. O grupo é o sujeito que reproduz e que, em outras oportunidades, reformula tais regras. É também o sujeito responsável pela produção dentro das organizações e pela singularidade — ora controlado, submetido de forma acrítica a essas regras e valores, ora sujeito da transformação, da rebeldia, da produção do novo. 3.2 A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DOS GRUPOS NA PSICOLOGIA Quando falamos em grupos, estamos abordando um tema que, de certa forma, é o tema fundante da Psicologia Social. Os primeiros estudos sobre os grupos foram realizados nofinal do século 19 pela então denominada Psicologia das Massas ou Psicologia das Multidões. Um dos primeiros pesquisadores deste assunto foi Gustav Le Bon, autor de um conhecido tratado intitulado “Psicologia das Massas” (Psicologie des Foules, no francês). Pode-se dizer que, de uma certa maneira, os pesquisadores do final do século 19 foram influenciados pela Revolução Francesa2 e, mais precisamente, pelo impacto que causou nos pensadores do século 18 (como foi o caso de Hegel). Os pesquisadores se perguntavam o que teria sido capaz de mobilizar tamanho contingente humano, como o que fora mobilizado durante essa revolução. 3.3 A DINÂMICA DOS GRUPOS Exemplos mais detalhados da teoria dos grupos elaborada por Lewin e levada adiante por seus colaboradores podem ser encontrados no compêndio escrito por Cartwright e Zander, editado pela primeira vez em 1953, nos Estados Unidos. Os dois volumes trazem uma síntese de tudo o que foi produzido sobre dinâmica de grupo a partir dos estudos iniciais de Kurt Lewin. Exemplos de temas abordados: coesão do grupo (condições necessárias para a sua manutenção); pressões e padrão do grupo (argumentos reais ou imaginários, manifestos ou velados que seus membros utilizam para garantir a fidelidade dos demais aos objetivos do grupo e ao padrão de conduta estabelecido); motivos individuais e objetivos do grupo (elementos que garantem fidelidade e que estão relacionados com a escolha que cada indivíduo faz ao decidir participar de um grupo); liderança e realização do grupo (força de convencimento — carisma — exercida por um ou mais indivíduos sobre os outros e o tipo de atividade exercida pelo grupo); e, por fim, as propriedades estruturais dos grupos (padrões de comunicação, desempenho de papéis, relações de poder etc.). Como já foi dito anteriormente, as pessoas vivem, em nossa sociedade, em campos institucionalizados. Geralmente moram com suas famílias, vão à escola, ao emprego, à igreja, ao clube; convivem com grupos informais, como o grupo de amigos da rua, do bar, do centro acadêmico ou grêmio estudantil etc. Em alguns casos, a institucionalização nos obriga a conviver com pessoas que não escolhemos. Quando conhecemos nossa primeira classe no ensino médio ou na universidade, descobrimos que vamos conviver com um grupo de 20, 30 ou 40 pessoas com as quais — como geralmente acontece — não tínhamos nenhum contato. A essa forma de convívio que independe da nossa escolha chamamos de solidariedade mecânica. A afiliação a um grupo independe da nossa vontade no que diz respeito à escolha dos seus integrantes. A solidariedade orgânica é a forma de convívio na qual nos afiliamos a um grupo porque escolhemos nossos pares. É o caso do grupo de amigos que se reúne nos finais de semana para jogar futebol ou que decide formar uma banda. A afinidade pessoal é levada em consideração para a escolha do grupo. Nos grupos em que predomina a solidariedade mecânica, geralmente formam-se subgrupos que se caracterizam pela solidariedade orgânica, como é o caso das “panelinhas” em sala de aula ou do grupo de amigos em uma fábrica ou escritório. No campo teórico até aqui mencionado, pode-se definir o grupo como um todo dinâmico (o que significa dizer que ele é mais que a simples soma de seus membros), e que a mudança no estado de qualquer subparte modifica o estado do grupo como um todo. O grupo se caracteriza pela reunião de um número de pessoas (que pode variar bastante) com um determinado objetivo, compartilhado por todos os seus membros, que podem desempenhar diferentes papéis para a execução desse objetivo. Quando um grupo se estabelece (uma “panelinha” na sala de aula, um grupo religioso ou uma gangue de adolescentes), os fenômenos grupais anteriormente mencionados passam a atuar sobre as pessoas individualmente e sobre o grupo, ao que chamamos de processo grupal. A coesão é a forma encontrada pelos grupos para que seus membros sigam as regras estabelecidas. Quando alguém começa a participar de um novo grupo, terá seu comportamento avaliado para verificação do grau de adesão. Os membrosmais antigos já não sofrem esse tipo de avaliação e se, eventualmente, quebram algumaregra (que não seja muito importante), não são cobrados por isso. Ocorreque, no caso dos membros mais antigos, é conhecido o grau deaderência ao grupo e sabe-se que eles não jogam contra a manutençãodo grupo. Esta “certeza” da fidelidade dos membros é o que chamamosde coesão grupal. Os grupos, de acordo com suas características,apresentam maior ou menor coesão grupal.Uma torcidaorganizada de futebol, como as do Flamengo, Corinthians, AtléticoMineiro ou Grêmio (para citar algumas), exigirá de seus membros umgrau de fidelidade bem forte porque necessita de um grau de coesão altopara manter o grupo. Já um grupo de jovens que participam de reuniõesreligiosas nos finais de semana numa igreja católica, precisaria dealguma coesão para manter o grupo, mas não em alto grau. Grupos combaixo grau de coesão tendem a se dissolver, como geralmente acontececom associações de pais em colégios. Além de reunirem-seeventualmente, poucos membros participam das reuniões (por isso,carinhosamente chamamos o grupo de “grupo dos que vêm”).É possível notar que, de certa forma, os outros elementos, comopressões e padrão do grupo, motivos individuais e objetivos do grupo, jáestão presentes na definição da coesão. A fidelidade ao grupodependerá do tipo de pressão exercida pelo grupo em relação aosnovatos e aos outros membros visando manter a concepção central, ouseja, os objetivos que levaram à sua fundação. Os motivos individuaissão importantes para a adesão ao grupo. Alguém que pretenda ingressarnum grupo jovem de góticos (jovens que costumam andar cora roupasescuras, visitar cemitérios, ouvir música do gênero gótico etc.) está sedispondo, individualmente, a mudar o seu modo de ser. Outro aspectoque envolve a individualidade é a resposta que o grupo dá às diferençasindividuais. Elas serão admitidas desde que não interfiram nos objetivoscentrais do grupo, na sua idéia central ou nas suas característicasbásicas. O participante de uma torcida organizada não pode querermudar de time (virar a casaca) e argumentar que se trata de umaquestão individual. Seria, evidentemente, excluído do grupo. Mas poderiair ao jogo sem a camisa do clube, argumentando não ter tido tempo de passar em casa e se preparar. Os objetivos do grupo irão sempreprevalecer aos motivos individuais, mas dependendo desse objetivo, asdiferenças individuais poderão ser admitidas. Quanto mais o grupo precisar garantir sua coesão, mais ele impedirá manifestações individuaisque não estejam claramente de acordo com seus objetivos. A questão da liderança pode representar um capítulo à parte na discussão sobre a teoria dos grupos. Foi entre 1935 e 1946 que Kurt Lewin desenvolveu uma teoria consistente, que avaliava o clima grupal e a influência das lideranças na produção da atmosfera dos grupos. Lewin argumentava que o clima democrático, autoritário ou o laissez-faire dependiam da vocação do grupo e do estabelecimento de lideranças queos viabilizassem. Assim, um grupo com vocação autoritária (entenda-se:um grupo cujos membros acreditassem nesta forma deorganização na sua relação grupal) necessitaria de um líder autoritário.Um grupo democrático exigiria uma liderança democrática e um gruposem preocupações com sua organização, ou não teria liderança, ou teriaum líder que não lhe daria direção (seria um estilo anárquico, no sentidomais geral do termo). O importante desta classificação feita por Lewin foia descoberta de que os grupos democráticos são, a longo prazo, os maiseficientes. Já os autoritários têm uma eficiência imediata, na medida emque são muito centralizados e dependem praticamente de seu líder. Mas são pouco produtivos, pois funcionam a partir da demandado líder, eseus membros são, geralmente, cumpridores de tarefas. Os grupos democráticos exigem maior participação de todos os membros, quedividem a responsabilidade da realização da tarefa cora sua liderança.Este tipo de grupo pode tornar- se mais competente ainda quando sua liderança for emergente, isto é, quando se desenvolver de acordo com oobjetivo ou tarefa proposta pelo grupo. Muitos foram os autores que sucederam Lewin na discussão daestrutura e do funcionamento dos grupos. Neste livro, você tomouconhecimento das diversas formas que podemos definir a Psicologia. O mesmo ocorre com a definição de grupo, do qual teremos uma visão deacordo com a teoria em pauta. Seria muito extenso e cansativo relatar aqui toda a história das definições de grupo no campo da Psicologia. Mas algumas são muito importantes para quem quiser se aprofundar nesse assunto, como a de Jacob Moreno (Psicodrama), a de Didier Anzieu(vale conferir sua discussão sobre grupos), e a de W. Bion (visão psicanalítica). 3.4 GRUPOS OPERATIVOS Mais recentemente, o francês Pichon-Rivière, radicado na Argentina, desenvolveu uma abordagem de trabalho em grupo (a qual denominou “Grupos Operativos”) baseado tanto na tradição legada porLewin quanto nos conhecimentos psicanalíticos. De acordo com opsicólogo Saidon, estudioso da obra de Pichon-Rivière,o grupo operativo se caracteriza por estar centrado, de forma explícita, em umatarefa que pode ser o aprendizado, a cura (no caso da psicoterapia), odiagnóstico de dificuldades etc. Sob essa tarefa, existe outra implícita subjacenteà primeira, que aponta para a ruptura das estereotipias que dificultam oaprendizado e a comunicação.“Na verdade, o grupo operativo configura-se como um modo deintervenção, organização e resolução de problemas grupais, baseado emuma teoria consistente, desenvolvida por Pichon-Rivière e conhecidacomo Teoria do Vínculo. Tal abordagem transformou-se num poderosoinstrumento de intervenção em situações organizacionais e é muitousada hoje em dia. Através de sua aplicação, é possível acompanhardeterminado grupo durante a realização de tarefas concretas e avaliar ocampo de fantasias e simbolismos encobertos nas relações pessoais e organizacionais dos seus diferentes membros. 3.5 O PROCESSO GRUPAL O desenvolvimento de uma Psicologia Social Crítica, a partir de1970, levou tanto Silvia Lane quanto Martin-Baró5, cada um a seu modo,a desenvolver uma consistente crítica aos modelos teóricos existentes.Tal crítica procura resguardar aspectos funcionais da dinâmica dosgrupos — no que concordam com Lewin. No entanto, Lane e Baróquestionam os autores cognitivistas (os seguidores de Lewin) pelamaneira estática como enquadram o grupo. Da mesma forma,consideram positivo o enquadramento psicanalítico, o qual leva em contaa dinâmica interna dos grupos, criticando, contudo, a visão anistórica destes teóricos. A teoria de Pichon-Rivière também sofrerá algumas críticas. O fundamental nesta visão é considerar que não existe grupo abstracto mas, sim, um processo grupal que se reconfigura a cada momento. Silvia Lane detecta categorias de produção grupal, que define como: 1. Categoria de produção — a produção das satisfações de necessidades do grupo está diretamente relacionada com a produção das relações grupais. O processo grupal caracteriza-se como actividade produtiva de carácter histórico. 2. Categoria de dominação — os grupos tendem a reproduzir as formas sociais de dominação. Mesmo um grupo de características democráticas tende a reproduzir certas hierarquias comuns ao modo de produção dominante (no nosso caso, o modo de produção capitalista). 3. Categoria grupo-sujeito (de acordo com Lourau) — trata-se do nívelde resistência à mudança apresentada pelo grupo. Grupos com menor resistência à autocrítica e, portanto, com capacidade decrescimento através da mudança, são considerados grupos-sujeitos. Os grupos que se submetem cegamente às normas institucionais eapresentam muita dificuldade para a mudança são os grupos-sujeitados. A categoria de produção pode ser entendida como a influência subjectiva da dinâmica do grupo no seu produto final, na realização de seus objectivos. Mas é também o resultado da influência das relações concretas possíveis numa determinada sociedade. Um grupo que se organiza para formar um conjunto de rap estará, necessariamente, submetido às condições históricas do momento de sua organização. Por exemplo, o grupo certamente terá, como objectivo, algum ganho financeiro, já que é um imperativo do tipo de sociedade em que vivemos (a sociedade capitalista) a comercialização da produção social. Este factor interfere na dinâmica do grupo, que terá de discutir a forma de cobrir as suas despesas e a divisão do lucro. Quem compõe a música, ou quem tem maior prestígio entre os fãs, deve ganhar mais que os outros ou esse lucro será dividido igualmente entre todos? Conforme a decisão, poderá surgir um tipo de hierarquia no grupo. A base da produção da hierarquia não precisa ser pecuniária, podendo advir do prestígio de alguns membros do grupo. O vocalista pode exigir algumas regalias, como ter sua foto em destaque, e isso também será factor de hierarquização. Com isso, queremos dizer que a construção das lideranças e do clima democrático ou autoritário depende da condição histórica e concreta dotipo de produção do grupo e de como ela se insere no contexto social.Um grupo de rap terá algumas opções, mas o grupo formado noescritório de uma empresa multinacional terá uma ordem de organização determinada pelos objetivos ligados à produção daquela empresa. E aqui já entramos na segunda categoria descrita por Lane: a dominação. A hierarquização dos grupos de forma mais verticalizada ou horizontalizada dependerá de como estão inseridos no sistema produtivo. De acordo com a maneira como a sociedade define seu sistema produtivo, ela estabelece valores sociais que, de uma maneira geral, serão reproduzidos pelos grupos, estejam eles mais ou menos directamente ligados ao sistema produtivo. Assim, quando se trata do trabalho numa fábrica, o grupo tenderá a ser bastante verticalizado (director, gerente, chefe, encarregado e operários) e esta verticalização poderá ser transferida, como valor, para o grupo familiar do operário (o pai, a mãe, o filho mais velho e os mais novos). Entretanto, existe a possibilidade de o grupo (ou alguns de seus membros) exercer a negação deste processo de imposição social (na realidade, é isso que cria uma dinâmica social mais rica e variada).Chegamos à terceira categoria: grupo-sujeito. O grupo-sujeito é aqueleque critica as formas autoritárias de organização e procura estabeleceruma contranorma. Isto somente é possível quando o grupo consegueesclarecer a base de dominação social, historicamente determinada, eencontra formas de organização alternativas (como é o caso das formas autogestionárias de organização grupal). 3.6 LIDERANÇA Liderança é a capacidade de influenciar um grupo em direção ao alcance de objetivos. E a origemda influência pode ser formal ou surgir naturalmente no interior de um grupo. O líder formal é aquele conferido por cargo reconhecidona sociedade. Podemos destacar como exemplos, juízes, prefeitose governadores. Essas posições deixam subentendido certo grau de autoridade: uma pessoa pode ser reconhecida como líder apenas em função do cargo que ocupa (ROBBINS, 2004). E o administrador é um líder, então? Administrador é um cargo reconhecido, no entanto, nem todos são líderes. O fato de o administrador ter uma posição que lhe assegura algum poder não lhe confere automaticamente o lugar de líder. Ele só se tornará um líder reconhecido se tiver capacidade de influenciar pessoas fora da estrutura formal da organização. Nos grupos podemos identificar líderes informais,ou seja, as pessoas que surgem naturalmente nos grupos. Só temos líderes se tivermos seguidores. Para desenhar o perfil de um líder precisamos investigar quais são as expectativas que os seguidores têm dos líderes. De que é feito um bom líder? Quem pode ser líder? Qualquer pessoa pode liderar? Podemos formar líderes? Para responder a essas questões vamos abordar a seguir pontos de vista de pesquisadores através de teorias. TEORIAS DE LIDERANÇA Vamos apresentar duas teorias que representam as tendências contemporâneas mais usadas no campo da Administração: Teoria do Traço; e Teoria dos Estilos de Liderança. Teoria do Traço A Teoria do Traço parte do principio de que os líderes possuem características de personalidade que os auxiliam em seu papel. Por muito tempo essa foi a abordagem mais comum no estudo da liderança. Muitos pesquisadores das ciências sociais procuram encontrar qualidades comuns a todos os líderes. Listas para buscar o perfil de líder foram pesquisadas exaustivamente em várias culturas. Qualidades como agressividade, sabedoria, carisma e coragem foram pesquisadas e teorias foram construídas. A que foi mais difundida é a Teoria do Traço, que acreditava que o indivíduo já nasce líder. Supunha-se que a influência exercida pelos líderes sobre outras pessoas dependia de características físicas (aparência, estatura, força física), habilidades intelectuais (inteligência acima da média, conhecimentos, habilidade de comunicação) e aspectos da personalidade (moderação, autoconfiança, ajustamento pessoal, introversão x extroversão, sensibilidade interpessoal e controle emocional). Robbins (2004), citado por Camargo diz que os esforços de pesquisa para isolar traços de liderança resultaram em vários becos sem saída. Por exemplo, adianta o autor, um levantamento feito em 20 estudos diferentes identificou cerca de 80 traços de liderança, porém apenas cinco desses traços eram comuns a quatro ou mais investigações. No entanto, enfatiza, a teoria dos traços não conseguiu chegar às características de líderes tão diferentes como Nelson Mandela, Hitler, Pelé e Padre Cícero. Contudo outra forma de interpretarmos os resultados implica em, por exemplo, identificarmos seis traços em que líderes podem ser diferenciados de não líderes: ambição e energia, desejo de liderar, honestidade e integridade, autoconfiança, inteligência e conhecimento. Pesquisas demonstram que pessoas flexíveis em ajustar seu comportamento a situações diferentes têm mais probabilidade de se tornarem líderes. A conclusão é que alguns traços aumentam a probabilidade de sucesso como líder, mas nenhum dos traços garante sucesso em todas as culturas. Teoria dos Estilos de Liderança A Teoria dos Estilos de Liderança defende que as pessoas podem ser preparadas para exercer o papel de líder. Essa teoria surgiu com o movimento humanista na administração que se voltou para as relações interpessoais. Ela se contrapõe à teoria clássica focada no desempenho de tarefas para aumento de produção. Com esta mesma proposta tivemos a Teoria das Relações Humanas que começou no final da década de 1920, nos Estados Unidos da América, substituindo a Teoria da Administração Científica, de Taylor. O objectivo é usar o líder para conseguir de forma cooperativa que os liderados (trabalhadores) desenvolvam suas tarefas de produção e, ao mesmo tempo, que criem oportunidade ao desenvolvimento pessoal. Os conflitos dessas duas teorias deram origem à caracterização de dois estilos de liderança: Autocrático: orientado para a produção, na Teoria da Administração Científica, onde o líder (o administrador) diz para seus liderados (os trabalhadores) o que devem fazer e como fazê-lo. Democrático: preocupado com as relações interpessoais, na Teoria das Relações Humanas. Aqui o líder (o administrador) compartilha suas responsabilidades de liderança, envolvendo os liderados (trabalhadores) no planeamento e na execução das tarefas. Segundo Hersey e Blanchard (1986), as diferenças dos dois estilos de comportamento de líder baseiam-se nas concepções que os líderes têm a respeito da fonte do seu poder e da natureza humana. No estilo autocrático a base é de que o poder do líder decorre da posição que ocupa e que a grande maioria das pessoas são preguiçosas e irresponsáveis e precisam ser comandadas. Enquanto no estilo democrático supõe que o poder do líder é conferido pelo grupo e que as pessoas podem dirigir-se a si mesmas e são criativas no trabalho, desde que adequadamente motivadas. Há uma variedade de estilos de comportamento que se situam entre esses dois extremos. Podemos descrever essa variedade na forma de um continuum que vai desde o comportamento autoritário ou centralizado no chefe, num extremo, até o comportamento democrático, descentralizado e compartilhado, no outro. Quando os liderados confiam em seus líderes ficam vulneráveis as ações do líder. Administradores, que edificam sua liderança democraticamente, aprendem a construir relações de confiança. Na visão dos autores, o futuro Administrador Público, para a construição de relações de confiança no trabalho é necessário que desenvolva as atitudes a seguir: Mantenha-se aberto às novas informações e deixe sempre claro os critérios segundo os quais as decisões são tomadas; Dê créditos aos trabalhadores que merecem e seja objeCtivo e imparcial em suas avaliações. É necessário que considere, antes de tomar decisões importantes, como os outros vão percebê-las; Diga a verdade. As pessoas geralmente preferem ouvir o que não querem a descobrir que aquele que os lidera mentiu; Demonstre consistência. As pessoas confiam em quem tem comportamento previsível. Para conseguir você precisa ter valores e convicções consistentes que oriente suas decisões; Cumpra suas promessas. A confiança é um processo construído com base em sua história de promessas cumpridas; e Demonstre competência. Ganhe a admiração e o respeito dos outros demonstrando capacidade técnica e profissional. Desenvolva, também, sua capacidade de comunicação e suas habilidades interpessoais. No estilo autocrático a base é de que o poder do líder decorre da posição que ocupa e que a grande maioria das pessoas são preguiçosas e irresponsáveis e precisam ser comandadas. Enquanto no estilo democrático supõe que o poder do líder é conferido pelo grupo e que as pessoas podem dirigir-se a si mesmas e são criativas no trabalho, desde que adequadamente motivadas. Há uma variedade de estilos de comportamento que se situam entre esses dois extremos. Podemos descrever essa variedade na forma de um continuum que vai desde o comportamento autoritário ou centralizado no chefe, num extremo, até o comportamento democrático, descentralizado e compartilhado, no outro. Não faltam teorias para entendermos a questão da liderança. Apesar da confiança parecer apenas um atributo associado à liderança ela é a expectativa positiva de que outra pessoa não agirá de maneira oportunista, ou seja, por palavras, acções ou decisões (ROBBINS, 2004, p. 151). Quando os liderados confiam em seus líderes ficam vulneráveis as acções do líder. Administradores, que edificam sua liderança democraticamente, aprendem a construir relações de confiança. Para você, futuro Administrador Público, construir relações de confiança no trabalho é necessário que desenvolva as atitudes listadas a seguir: Mantenha-se aberto às novas informações e deixe sempre claro os critérios segundo os quais as decisões são tomadas; Dê créditos aos trabalhadores que merecem e seja objectivo e imparcial em suas avaliações. É necessário que você considere, antes de tomar decisões importantes, como os outros vão percebê-las; Diga a verdade. As pessoas geralmente preferem ouvir o que nãoquerem a descobrir que aquele que os lidera mentiu; Demonstre consistência. As pessoas confiam em quem tem comportamento previsível. Para conseguir você precisa ter valores e convicções consistentes que orientemos suas decisões; Cumpra suas promessas. A confiança é um processo construído com base em sua história de promessas cumpridas; e Demonstre competência. Ganhe a admiração e o respeito dos outros demonstrando capacidade técnica e profissional. Desenvolva, também, sua capacidade de comunicação e suas habilidades interpessoal. Actividades de Aprendizagem 1.Qual a contribuição que o estudo da Dinamica dos Grupos propostos por Kurt Lewin trouxe para Psicologia das Organizações? 2. Só temos líderes se tivermos seguidores. Para desenhar o perfil de um líder precisamos investigar quais são as expectativas que os seguidores têm dos líderes. Fundamente. Unidade 04 Organizações Enquanto Sistemas Introdução Nesta unidade abordar-se-á a questão das Organizações como Sistemas complexos, a funcionalidade humana nas Organizações, a problemática de conflito de papéis dentro das Organizações. A importância da Teoria Geral dos Sistemas de Bertalanffy. Objectivos No fim desta unidade o estudante deve ser capaz de: Compreender a complexidade de funcionalidade dos grandes Sistemas Organizacionais; Interpretar correctamente a Teoria Geral dos Sistemas de Bertalanffy; Identificar a conflitualidade de papéis como processo decisivo na cultura organizacional. 4.1 Origens Com base nesta constatação, alguns cientistas orientaram suas preocupações para o desenvolvimento de uma teoria geral dos sistemas, que encerrasse as semelhanças, sem prejuízo das diferenças. Nesse particular, salienta-se a obra do biólogo alemão Ludwig von Bertalanffy que concebeu o modelo do sistema aberto, entendido como um complexo de elementos em interação e em intercâmbio com o ambiente. Em seu livro General System Theory (Teoria Geral dos Sistemas), esse autor apresenta a teoria e tece considerações a respeito de suas potencialidades na Física, na Biologia e nas Ciências Sociais. No mesmo livro, von Bertalanffy lança os pressupostos e orientações básicos de sua teoria geral dos sistemas, como segue: Há uma tendência para a integração nas várias ciências naturais e sociais; Tal integração parece orientar-se para uma teoria dos sistemas; Essa teoria pode ser um meio importante de delimitar os campos não-físicos do conhecimento científico, especialmente nas ciências sociais; Desenvolvendo princípios unificadores que atravessam verticalmente os universos particulares das diversas ciências, essa teoria aproxima-nos do objectivo da unidade da ciência; O que pode levar a uma integração muito necessária na educação científica. O modelo de sistema aberto tem revelado enormes potencialidades, quer pela sua abrangência, quer pela sua flexibilidade. Embora o impacto da teoria geral dos sistemas venha sendo grande na sociologia, o estágio em que se encontrava a teoria sociológica por ocasião dos primeiros contatos com a nova abordagem fez com que se iniciasse um processo simbiótico, cujo desenvolvimento é difícil prever. Para o estudo da aplicação do modelo do sistema aberto ao “mundo dos negócios”, a percepção desse processo simbiótico é fundamental, já que se apresenta na maior parte dos trabalhos nessa linha. Este método não nasceu na Sociologia, embora tenha atingido, nessa área do conhecimento, elevado nível de divulgação. Sociólogos como Spencer e Durkheim, já apresentavam em suas formulações numerosos exemplos de teorização funcionalista, o que demonstra que já existiam na Sociologia precondições para a importação do funcionalismo. Foi a obra de Parsons, contudo, que chegou à teoria das organizações, marcando-a profundamente e determinando seu desenvolvimento futuro. Alguns estudiosos da teoria sociológica chamam-na de micro- abordagem parsoniana de acionismo social e sua macro-abordagem de imperativismo funcional. O primeiro está voltado para a explicação da acção, enquanto unidade, através de variáveis-padrão; já o segundo para a explicação do sistema social, através de imperativos funcionais. Ambos estão preocupados com o problema da seleção ou estabilização de escolhas, procurando identificar os processos sociais internos e externos que por ela se responsabilizam. Para o acionismo social, a resposta está na socialização como processo interno e na diferenciação de papéis e no controle social como processos externos. Para o imperativismo funcional, a resposta está na diferenciação estrutural como processo interno e na especificação normativa e nas transações com o ambiente como processos externos. Processo de escolha de meios e fins possíveis para a ação, baseando-se na suposição de que o comportamento humano envolve, necessariamente, processos volitivos, não importando que o ator seja indivíduo, coletivo ou sistema cultural. Os meios empregados não podem ser concebidos como escolhidos randomicamente ou como completamente dependentes das condições da acção, mas sempre como sujeitos à influência de um "factor selectivo independente determinado", que precisa ser conhecido para a compreensão de um curso de ação concreto. Dessa formulação depreende-se que os termos fator seletivo independente determinado ou simplesmente norma e situação são básicos para a compreensão da análise parsoniana da escolha humana e, portanto, da ação social. No que se refere a duas normas específicas, a racionalidade econômica e a integração valorativa, entretanto, Parsons afirma que são propriedades emergentes da ação que somente podem ser observadas quando uma pluralidade de ações é tratada como um sistema integrado. De acordo com Parsons e Shills, em dada situação, o autor confronta-se com uma série de escolhas que precisa fazer antes que a situação faça sentido para ele. O pressuposto é o de que os objectivos da situação não interagem com a estrutura cognitiva do ator de modo a determinar automaticamente o significado da situação. Em suma, o que Parsons e Shills sugerem é que qualquer necessidade de personalidade ou qualquer expectativa de papel da estrutura social envolve uma combinação de valores das cinco variáveis-padrão. A evolução do pensamento parsoniano do accionismo social para o imperativismo funcional é paralela ao declínio do voluntarismo nesse mesmo pensamento. Seu pressuposto é o de que todo sistema social enfrenta quatro imperativos funcionais, aos quais não pode deixar de satisfazer. Tais imperativos são o da manutenção, satisfeito pêlos valores sociais e subsistemas culturais, o de integração, satisfeito pelas normas sociais e subsistemas sociais, o do alcance de metas, satisfeito pelas coletividades sociais e subsistemas políticos e o da adaptabilidade, satisfeito pelos papéis sociais e subsistema econômico. Todo e qualquer sistema social deve ser estudado em termos de manutenção, alcance de metas, adaptabilidade e integração, ou melhor, em termos dos meios que utiliza para satisfazer esses imperativos funcionais. Tal afirmação implica a observação de que o funcionalismo é altamente abrangente, pretendendo explicar através de um grande aparato conceitual toda a enorme variedade de sistemas sociais existentes. No que se refere à análise organizacional, teorizações funcionalistas estão já presentes nas obras de vários estruturalistas como Merton, Gouldner e Etzioni. 4.2 As Grandes Figuras Entre os pioneiros no esforço de desenvolver uma análise organizacional sistêmica está, o Instituto de Relações Humanas de Tavistock, na Inglaterra, onde se destacam Trist e Rice. À Trist é creditada aidentificação de dois subsistemas da organização: o técnico e o social; o primeiro compreendendo as demandas da tarefa, a implantação física e o equipamento existente, sendo portanto responsável pela eficiência potencial da organização e, o segundo, pelas relações sociais daqueles encarregados da execução da tarefa, que transformam a eficiência potencial em eficiência real. Rice preocupa-se mais com as transações da organização com seu ambiente. Qualquer empresa, como um sistema aberto, pode ser definida por suas importações e exportações. A grande mensagem de Tavistock é que a organização eficiente precisa levar em conta tanto as importações que o subsistema social faz do ambiente, isto é, valores e aspirações, como também as importações que faz do subsistema técnico, ou seja, matérias-primas, equipamentos, etc. Um esquema conceitual de maior complexidade é proposto pelo sociólogo George Homans, embora aplicável às organizações complexas, pretende aplicar-se principalmente aos pequenos grupos. Para Homans, o ambiente em que existe um sistema social é diferenciado, e tal diferenciação define actividades e interacções aos participantes do sistema. O conjunto dessas actividades e interações impostas pelo ambiente, quer físico, cultural ou tecnológico, ele chama sistema externo. As variáveis básicas desse esquema conceitual são atividades, interações e sentimentos. Tais variáveis são apresentadas como interdependentes, ou seja, qualquer modificação em qualquer delas irá produzir transformações nas demais. Quanto mais elevado for o grau de interação de duas ou mais pessoas, mais positivos serão os sentimentos que nutrirão umas com as outras e vice-versa. Homans conclui que, além das atividades e interacções impostas pelo ambiente, há actividades e interações geradas pelo próprio sistema. Ao conjunto dessas actividades e interacção ele chama sistema interno. Sistema interno e sistema externo não são apenas dependentes entre si; a interdependência inclui também o ambiente. Os elementos da complexidade de uma organização para Homans são: Ambiente físico e social: grupos maiores, onde os participantes do grupo fazem parte ou mantêm contatos; Os materiais, ferramentas e técnicas com os quais o grupo atua sobre o ambiente; O sistema externo, isto é, as relações entre os membros do grupo, necessárias à sua acção no ambiente; O sistema interno, isto é, as relações sociais que se desenvolvem a partir do sistema externo e reagem a ele; As normas do grupo. Todos esses elementos são interdependentes e qualquer mudança em um deles acarretará transformações nos demais. Estudiosos da Universidade de Michigan, sugerem que a organização pode ser vista como um sistema de interligação de grupos. Os grupos são ligados por indivíduos em posições-chave, que pertencem ao mesmo tempo a dois ou mais grupos. A organização relaciona-se com o seu ambiente através desses indivíduos que desempenham o papel de elos de ligação. Esse ambiente não é algo impessoal, mas um conjunto de outros sistemas. Sistemas que compõem o ambiente de uma dada organização. Primeiro os sistemas de larga escala, sistema industrial ou a sociedade global; em segundo, os sistemas do mesmo nível, organizações concorrentes, fornecedoras ou consumidoras, em terceiro, as subestruturas, grupos formais e informais. O sucesso de uma organização depende do esforço coordenado de seus membros e tal esforço implica a compreensão de suas características organizacionais. A principal mensagem é que a organização eficiente deve estar alerta às relações internas e externas. O livro Stress Organizacional considera válido estes estudos, mas sugere que não se distinguiu claramente os grupos psicológicos dos elos de ligação. O livro declara mais interessante a utilização do conceito de conjunto de papéis do que de grupo. Existem conjuntos de papéis, os quais apresentarão determinadas estruturas. A organização pode, pois, ser pensada em termos de um sistema de conjuntos de papéis que se sobrepõem e se ligam, saindo alguns dos limites da própria organização. Portanto as organizações devem se libertar do dilema indivíduo-estrutura; em termos gerais, poderíamos afirmar que a estrutura de uma organização difere em natureza daquela dos sistemas físicos e biológicos, sendo inseparável de seu funcionamento. 4.3 O Homem funcional De acordo com a abordagem sistêmica, a organização é vista em termos de comportamentos inter-relacionados. Há uma tendência muito grande a enfatizar mais os papéis que as pessoas desempenham do que as próprias pessoas, entendendo-se papel como um conjunto de atividade associadas a um ponto específico do espaço organizacional, que se pode chamar cargo. A organização acaba por ser entendida como um sistema de conjunto de papéis mediante os quais as pessoas se mantêm inter-relacionadas. No interior de um conjunto de papéis, um indivíduo exerce determinadas ações para relacionar-se com os demais, essas ações compõem o comportamento do papel. Além disso, cada participante de um conjunto de papéis mantém determinadas expectativas quanto ao papel dos demais e procura enviar àqueles, suas expectativas. Da mesma forma, cada participante percebe e interpreta tais expectativas no sentido de alterar ou reforçar o seu comportamento do papel. Por sua vez, esse comportamento irá alterar ou reforçar as expectativas do papel dos demais. Esse esquema não é fechado e nele intervêm variáveis que compõem o contexto no qual está inserido. Tais variáveis são de três classes: organizacionais, de personalidade e interpessoais. Assim, a posição que o indivíduo ocupa na hierarquia, a maior ou menor flexibilidade de sua personalidade e as relações interpessoais que mantém são de enorme importância para o processo. De outra forma, podemos concluir que todos os aspectos de comportamento de um indivíduo são relevantes para o desempenho de um papel. No livro Psicologia Social das Organizações, é sugerido que um dos grandes entraves à identificação do homem com a organização é sua "inclusão parcial", isto é, a organização não quer o homem integral, mas apenas os aspectos que considera relevantes para a tarefa a ser executada, sendo tais aspectos geralmente definidos de forma muito estreita. Um método comum utilizado pelas organizações para evitar a manifestação de aspectos individuais considerados irrelevantes é a descrição precisa de uma única maneira certa de executar uma tarefa e o controle por supervisão cerrada. A esse respeito, muitas pesquisas realizadas nas duas últimas décadas têm revelado que trabalhadores livres para estabelecer seu próprio ritmo de trabalho tendem a ser mais produtivos. É evidente que a liberdade por si só não garante a produtividade; tudo depende de como essa liberdade é oferecida. A evidência das pesquisas realizadas nessa área é a de que administradores bem sucedidos geralmente estabelecem metas e objetivos amplos, impondo poucas direções específicas. Trabalhos empíricos interessantes nesse sentido são os de Kahn (1958), Katz e Kahn (1951) e Mann e Dent (1954). Conclusões gerais de autores como Katz e Kahn tornam claro o fato de que administradores bem sucedidos, utilizando um padrão realmente democrático de liderança, com muita participação dos subordinados obtêm desses um alto grau de envolvimento e de interesses pelo trabalho, além de maior responsabilidade. Meltzer, em 1956, estudando o comportamento de cientistas, chegou a conclusões muito semelhantes. O sucesso do cientista no desempenho de seu papel parece estar diretamente relacionado aos recursos de que dispõe para seu trabalho e com a liberdade de que desfruta. Importante, porém, é não imaginar que a liberdade está relacionada apenas com o trabalho tradicionalmente definido como intelectual ou artístico. Pode ser bem verdadeiro que osespecialistas que compõem o departamento de criação de uma agência de propaganda ou o departamento de pesquisa e desenvolvimento de um laboratório necessitem mais de liberdade do que o pessoal burocrático. Entretanto, se quisermos promover a identificação com a organização, o interesse pelo trabalho e a iniciativa, devemos estender a liberdade a todos, embora sempre levando em conta a natureza das actividades a serem desempenhadas. Além disso, para que a liberdade haja realmente como factor de maior produtividade, duas outras variáveis, porém, devem ser consideradas: a interação e o estímulo. Para que o indivíduo livre seja produtivo, deve fazer parte de um sistema social ativo. A interação motiva o indivíduo, já que ele passa a conhecer as expectativas que os outros têm de seu papel. O estímulo, por sua vez, lhe dá a medida de como o seu comportamento está atendendo às expectativas e incita a alterá-lo ou a prosseguir. Se estivermos apresentando liberdade e interação como variáveis interdependentes, é evidente que entendemos liberdade de uma forma ampla. Existe uma concepção mais estreita de liberdade, incompatível com a interação social. É verdade que, para interagir, os homens são obrigados a fazer concessões; e é do processo de interação que retiram suas satisfações, inclusive a noção de liberdade. O importante é que o indivíduo se sintam livres. 4.4 Conflito de Papéis As expectativas de papel são em grande parte determinadas por um contexto organizacional mais amplo. Estrutura organizacional, especialização funcional, divisão de trabalho e o sistema formal de recompensas determinam grandemente o que uma pessoa deve fazer. As propensões pessoais a agir de certo modo, os motivos, valores, a sensibilidade, as angústias e os hábitos individuais afetam o sistema de papeis de várias formas. A forma como uma pessoa se comporta no sistema de papéis irá afetar o seu futuro comportamento, no sentido de alterá-lo ou reforçá-lo, mas também afetará a sua própria personalidade e as suas relações com os demais. Assim, relações interpessoais passadas e presentes afetarão relações interpessoais futuras. Em função das variáveis internas e externas intervenientes é natural o surgimento dos conflitos, que podem ser genericamente chamados de conflitos de papéis. Em primeiro lugar há o conflito interno que ocorre quando as expectativas do papel de um participante e do conjunto são incompatíveis entre si. Em segundo lugar há o conflito que ocorre quando as expectativas de dois ou mais participantes do conjunto são incompatíveis. Em terceiro lugar, temos o caso das expectativas de um papel serem incompatíveis com as expectativas de outro desempenhado pela mesma pessoa e, ainda, o conflito interno que ocorre quando as expectativas de uma pessoa se chocam com as expectativas do conjunto de papéis no qual está inserida. Finalmente, há o caso em que as expectativas não são incompatíveis, mas a pessoa não é capaz de satisfazer as expectativas próprias e dos demais no tempo e nos padrões de qualidade exigidos. A origem e conseqüências dos conflitos de papéis podem ser resumidas na afirmação de que expectativas contraditórias de papéis provocam pressões opostas de papéis, que geralmente afetam a experiência emocional de uma pessoa, intensificando os conflitos internos, aumentando a tensão associada a vários aspectos do trabalho, reduzindo a satisfação com o trabalho e dominando a confiança nos superiores e na organização como um todo. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Actividades de Aprendizagem 1. Para Tavistock uma organização eficiente precisa levar em conta tanto as importações que o subsistema social faz do ambiente, isto é, valores e aspirações, como também as importações que faz do subsistema técnico, ou seja, matérias-primas, equipamentos, etc. a) Comente. b) O que torna na sua opinião uma organização eficiente? 2.Faça uma analise critica sobre o móbil da conflitualidade de papeis nas organizações. Unidade 05 A Teoria Geral dos Sistemas e a Organização Introdução Na Quinta unidade deste Manual o estudante poderá compreender de forma particular a Teoria Geral de Sistemas e a relação com a Organização. Compreenderá na essência a Tipologia dos Sistemas Abertos como modelos de Organizações contemporâneas, com características peculiares. Objectivos No fim desta unidade o estudante deve ser capaz de: Identificar a Organização como Sistema; Identificar a Organização como Subsistema; Interpretar correctamente os Subsistemas Adminstrativos legislativos e o de Tomada de decisões. 5.1. Pressupostos básicos O pressuposto básico desse modelo é o de que a organização é um sistema aberto. Ela apresenta as seguintes características: Importação de Energia A organização recebe insumos do ambiente, matéria-prima, mão-de-obra, etc. Processamento A organização processa esses insumos, com vistas a transformá-los em produtos, entendendo- se como tal: produtos acabados, mão-de-obra treinada, serviços etc. Exportação de energia A organização coloca seus produtos no ambiente. Ciclos de eventos A energia colocada no ambiente retorna à organização para a repetição de seus ciclos de eventos. O método básico para identificar uma estrutura organizacional é seguir a cadeia de eventos desde a importação até o retorno da energia. Entropia negativa Processo pelo qual todas as formas organizadas tendem à homogeneização e, finalmente, à morte. A organização, através da reposição qualitativa de energia pode resistir ao processo entrópico. Informação como insumo, controle por retroalimentação e processo de codificação. Os insumos recebidos pela organização podem ser também informativos, possibilitando a esta o conhecimento do ambiente e do seu próprio funcionamento em relação a ele. O processo de codificação permite receber apenas as informações para as quais está adaptada e a correção dos possíveis desvios. Estado estável e homeóstase (propriedade auto-reguladora de um sistema ou organismo que permite manter o estado de equilíbrio de suas variáveis essenciais ou de seu meio ambiente) dinâmica Para impedir o processo entrópico, a organização procura manter uma relação constante entre exportação e importação de energia, mantendo dessa forma o seu caráter organizacional. Entretanto, na tentativa de se adaptar, a organização procura absorver novas funções, ou mesmo subsistemas. Tal processo de expansão faz com que ela assuma seqüencialmente estados estáveis de níveis diferentes. Diferenciação Em função da entropia negativa a organização tende à multiplicação e à elaboração de funções, determinando a multiplicação de papéis e diferenciação interna. Equifinalidade Não existe uma única maneira certa da organização atingir um estado estável. Tal estado pode ser atingido a partir de condições iniciais e através de meios diferentes. Como sistema aberto, a organização apresenta ainda limites, isto é: barreiras entre o sistema e o ambiente, que definem sua esfera de ação, e um determinado grau de abertura, que dá uma idéia da sua receptividade a insumos. Ocorre ainda que organizações são uma classe de sistemas sociais, que constituem uma classe de sistemas abertos. A empresa apresenta um subsistema de produção, relacionado à transformação de insumos em produtos, cujos ciclos de atividades compõem suas principais funções; subsistemas de suportes, que procuram e colocam energia no ambiente e tratam da manutenção do bom relacionamento com outras estruturas desse ambiente; subsistemas de manutenção, que se responsabilizam pela realização do processamento, isto é, que tratamda ligação das pessoas ao sistema, através de recompensas e punições; subsistemas adaptativos, que sentem mudanças ambientais relevantes e traduzem-nas para a organização e, finalmente, subsistemas administrativos, que são compostos por actividades organizadas para o controle, a coordenação e a direção dos vários subsistemas. Os dois principais subsistemas administrativos são as estruturas regulares (legislativas) e as de tomada de decisões. A organização se distingue, porém, dos demais sistemas sociais pelo seu alto nível de planejamento. Em função disso, ela utiliza também um alto nível de controle, que inclui pressões ambientais e valores e expectativas compartilhadas, mas especialmente a aplicação de regras, cuja violação implica penalidades. Normas são expectativas gerais de caráter reivindicativo para todos aqueles que desempenham papéis em um sistema. Papéis, normas e valores compõem as bases da integração do sistema. Identificados papéis, normas e valores como principais componentes de um sistema social, torna-se possível o entendimento da organização em termos de três subsistemas que abrangem todos os que foram mencionados. Tais subsistemas seriam: técnico, social e cultural. O primeiro compreenderia as tarefas e suas demandas e os papéis a ela associados. O segundo, as normas e as relações sociais a empresa associadas e, finalmente, as expectativas sociais mais amplas trazidas pelos insumos humanos que desempenham papéis no subsistema técnico. Pelo critério funcional, as organizações podem ser classificadas, levando-se em conta sua função genotípica, ou seja, a função que exerce como subsistema de sociedade global. Distinguem quatro tipos de organizações: Organizações econômicas ou produtivas, relacionadas com o fornecimento de mercadorias e serviços. Organizações de manutenção, relacionadas com a socialização e o treinamento das pessoas que irão desempenhar papéis em outras organizações. Organizações adaptativas, relacionadas com a criação de conhecimentos e com o desenvolvimento de novas soluções para problemas. Organizações político-administrativas relacionadas com a coordenação e o controle de recursos humanos e materiais. Por essa tipologia, uma organização possa ser entendida como um sistema, ela também o poderá ser como um subsistema. O que se define como sistema depende em grande parte do interesse do analista, porém, a interpretação de uma estrutura social como sistema em relação a outras como supersistema e subsistema depende de que o sistema tenha um grau de autonomia maior do que os subsistemas e menor do que o supersistema. ------------------------------------------------------------------------------------------------------ Actividades de Aprendizagem 1. Qual a essência da Teoria Geral dos Sistemas? Fale da contribuição que essa teoria deu para as abordagens contemporraneas das organizações. 2. De exemplo de Organizações com Sistemas Abertos. Unidade 06 Recrutamento e Selecção Introdução O estudante nesta unidade vai poder compreender os processos de recrutamento e selecção do pessoal, processos que ocorrem de forma natural no dia-a-dia das Organizações. O recrutamento como procedimento de envolvimento de capital humano necessário ás organizações e selecção como procedimento de procura de qualidade humana para as organizações. Objectivos No fim desta unidade o estudante deve ser capaz de: Identificar o Recrutamento como procedimento de atracção de pessoal qualificado para as organizações; Identificar a selecção como procedimento de escolha de potenciais candidatos às organizações; Aferir sobre a importância das empresas de Consultoria nos processos de recrutamento e selecção do pessoal; Compreender o fenómeno Assessment Center no contexto organizacional 6.1 RECRUTAMENTO De um modo genérico, poder-se-á dizer que o Recrutamento é um conjunto de procedimentos que visa atrair candidatos potencialmente qualificados e capazes de ocupar cargos dentro da organização. Pode-se ainda dizer que Recrutamento é um conjunto de actividades desenhadas para atrair um conjunto de candidatos qualificados para uma organização. 2.1 Objectivos do Recrutamento: Determinar as necessidades presentes e futuras de recrutamento em conjunção com o planeamento de RH e a análise do trabalho; Aumentar o leque de candidatos qualificados com um custo mínimo para a organização; Aumentar a taxa de sucesso do subsequente processo de selecção reduzindo o número de candidatos sub-qualificados; Diminuir a probabilidade dos seleccionados virem a deixar a organização, por terem recebido informação suficiente sobre esta; Ir ao encontro das responsabilidades legais e sociais da organização; Aumentar a eficácia individual e organizacional no curto e longo prazo; Avaliar a eficácia das várias técnicas e locais para recrutar todo o tipo de candidatos. Tipos de recrutamento Interno Externo ´ Misto Características dos tipos de recrutamento Interno: Quando há um determinado lugar vago na empresa esta procura preenche-lo com pessoal já pertencente à própria empresa. Externo: Quando há um determinado lugar vago na Empresa esta procura preenche-lo com pessoal estranho, ou seja com candidatos externos à organização. Misto: Procura fazer face às desvantagens do recrutamento interno e externo. Combinação das duas opções. Vantagens e desvantagens do Recrutamento Interno Vantagens e Desvantagens Recrutamento Externo Recrutamento Misto Aborda fontes internas e externas de RH; Preferido pela maioria das empresas. Pode ser efectuado de três formas: Recrutamento externo, seguido de interno; Inicialmente recrutamento interno, seguido de externo; Recrutamento externo e interno simultaneamente. Fontes de Recrutamento Interno Transferência Reconversão Promoção Externo Recrutamento Académico Centro de Emprego Informal Head-Hunting Anuncio Candidaturas Espontâneas Arquivos dos “Curriculum Vitae” Recrutamento On-Line Empresas Especializadas Principais Vantagens da utilização das empresas de consultoria Todo o atendimento, bem como a triagem dos candidatos é feita pela empresa de consultoria, evitando perca de tempo com esta actividade e conservando sigilo que muitas vezes se torna importante. Poderá ser mais rápido se a empresa de consultadoria já tiver alguns desses profissionais em carteira. Os factores custo e tempo são extremamente importantes na escolha da fonte de recrutamento. Normalmente quanto maior for a limitação do tempo (quanto maior for a urgência), tanto maior será o custo da técnica de recrutamento a ser aplicada. 6.2 Selecção O recrutamento termina a partir do momento em que se decide não aceitar mais candidatos para o lugar, iniciando-se então o processo de Selecção, que pode ser definida como: O processo de escolher o melhor candidato para o cargo, pode ainda dizer-se que Selecção é o processo pelo qual uma organização escolhe, de uma lista de candidatos, a pessoa que melhor alcança os critérios de selecção para a posição disponível, considerando as actuais condições do mercado. Técnicas de Selecção Método Biográfico Curriculum Vitae (C.V) constitui um resumo biográfico do percurso do candidato Carta de Apresentação (C.A) é um documento pessoal que permite ao avaliador identificar capacidades e aptidões através da analise da expressão escrita Este método não implica a presença do candidato e permite ter uma ideia do percurso profissional do candidato. Permite a redução do número de candidatos Método dos Testes Este método refere-se a um conjunto de provas com objectivo de conhecer melhoras competências, os conhecimentos e o potencial dos candidatos e podem se: Psicológicos Conhecimento Personalidade Simulação Psicológicos: Estas avaliações têm como função analisar o comportamento humano efectuando uma análise precisa relativa as aptidões gerais e específicas dos candidatos. Consideradas relevantes para o desempenho da função a que se candidata. Conhecimento: Através da aplicação de provas orais, escritas os avaliadores têm condições de avaliar grau de conhecimentos gerais (cultura, línguas e informações genéricas), os conhecimentos técnicos (contabilidade, informática, vendas, etc.) e, ainda, o nível de capacidades específicas (desenho, condução,dactilografia, etc.) Personalidade: Estes são testes que visam efectuar uma síntese geral sobre o perfil do candidato no que diz respeito a traço de personalidade, carácter, temperamento, equilíbrio emocional, interesses, motivações, etc. Simulação: Baseia-se na simulação de situações o mais real possível, que se pretende estudar e analisar, onde o candidato assume um papel (role-playing). Entrevista A entrevista constitui a técnica de selecção mais utilizada pelas empresas: É através deste contacto pessoal que se desenvolve um conhecimento mais profundo do candidato (da sua postura, comportamento, etc); Permite fazer alguns esclarecimentos acerca do curriculum; Este é o passo final que permite distinguir candidatos, esclarecer duvidas. As Entrevistas podem ser classificados quanto ao Método e Forma. Método: Múltipla Painel Grupo Individual Directiva: ou estruturada (o entrevistador conduz o diálogo com base num plano rígido de questões). Semi-Directiva: ou semi-estruturada (existem temas previamente seleccionados, mas os intervenientes assumem papeis activos, permitindo introduzir alguma dinâmica). Não Directiva:o u não estruturada (não existe um plano de entrevista rígida entrevistado expõe as suas opiniões de forma livre e aberta, desenvolvendo-setemas á ao longo do diálogo). Forma: Directiva Semi-Directiva Não Directiva Múltipla : Vários entrevistadores avaliando um entrevistado Painel : Segue o mesmo padrão da múltipla, porém cada entrevistador avalia uma característica específica do entrevistado Grupo : 2 a 3 entrevistadores avaliando 6 a 12 entrevistados Individual : 1 entrevistador avaliando 1 entrevistado 6.3 O Assessment Center O Assessment Center consiste numa análise de comportamentos baseada na observação de profissionais ao realizarem determinadas actividades. Tem como objectivo obter uma visão mais precisa dos comportamentos dos profissionais avaliados em relação aos seus actuais ou futuros cargos: Sobretudo para quadros superiores; Permite identificar as características mais fortes e mais fracas dos candidatos; A participação pode ser considerada como formação, porque estimula as competências avaliadas no exercício; Não é muito utilizado devido ao custo elevado relacionado com o seu desenvolvimento e implementação. A figura a seguir mostra como ocorre os testes de selecção Actividade de Aprendizagem 1.Fale dos principais constrangimentos do recrutamento externo do pessoal às organizações. 2.Qual a importância pratica da entrevista no processo de selecção de pessoas às organizações. 3.Porque os empregadores quando pretendem recrutar pessoas para preencher o seu quadro de pessoal preferem optar por pessoas com experiencia na vaga a preencher? Unidade 07 Treinamento Pessoal Introdução Nesta unidade o estimado estudante poderá se familiarizar com o processo de Treinamento do Pessoal dentro das Organizações e os fenómenos que lhe são subjacentes essencialmente as técnicas de Treinamento, aprofundada por CHIAVENATO Objectivos No fim desta unidade o estudante deve ser capaz de: Definir o Processo de Treinamento do Pessoal nas Organizações; Identificar as técnicas de Treinamento segundo a visão de CHIAVENATO. 7.1 Treinamento Treinamento é um processo de transmissão de conhecimentos específicos relacionados ao trabalho, aplicado de maneira sistemática e organizada, onde as pessoas aprendem conhecimentos sobre atitudes, habilidades e maneiras de comportamento, para a realização dos objectivos da empresa. Também é o acto de aumentar o conhecimento para desenvolver habilidades especializadas. O treinamento é um investimento empresarial que tem por finalidade ajudar a alcançar os objectivos da empresa capacitando uma equipe e trabalho através de conhecimentos e aprimorando as habilidades individuais para reduzir ou eliminar erros de desempenho para que se possa atingir a maior lucratividade para a empresa. Assim, o treinamento não é despesa e sim um investimento precioso e necessário, pois os retornos são altamente compensatórios para a organização (CHIAVENATO, 1999). Os principais objectivos do treinamento são: preparar os trabalhadores para exercerem as diversas tarefas da organização, através da transmissão de informações e com o desenvolvimento das habilidades. criar oportunidades para o desenvolvimento pessoal, tanto para os cargos que o trabalhador ocupa como para os que possivelmente poderá ocupar. Mudar as atitudes dos trabalhadores, para que convivam em harmonia, fazendo com que fiquem motivados e que sejam mais aptos a compreenderem as técnicas vindas da supervisão e gerência (CHIAVENATO, 1999). O treinamento é realizado de uma maneira em que de um lado está o instructor e do outro o aprendiz. Os aprendizes são os empregado de qualquer nível hierárquico da empresa que estejam necessitando aprender, ou melhorar seus conhecimentos sobre alguma atividade de trabalho. Os instrutores são as pessoas de qualquer nível hierárquicos da empresa que podem ser experientes ou especializados em alguma atividade ou trabalho, que transmitem seus conhecimentos de forma organizada e clara para os aprendizes. Então, os instrutores e os aprendizes podem ser os auxiliares, os chefes, os encarregados, gerentes de treinamento ou até mesmo os gerentes da empresa (FAYOL, 1994). As técnicas educacionais de treinamento servem para serem utilizadas no programa de treinamento para optimizar a aprendizagem, ou seja, para alcançar uma maior aprendizagem com um menor dispêndio de esforço, tempo e dinheiro. Depois de uma determinada natureza das habilidades, conhecimento ou comportamento terminal desejados com o resultado do treinamento, o próximo passo é escolher as técnicas que vão ser usadas no programa de treinamento. Essas técnicas podem ser classificadas quanto ao uso, tempo e local de aplicação (KOOTZ, 1994). 7.2 Técnicas de Treinamento As Técnicas orientadas para o conteúdo são formuladas para a transmissão de informações de conhecimentos como o uso da técnica de leitura, dos recursos audiovisuais, instrução programada e instrução assistida por computador (CHIAVENATO, 1999). Técnicas orientadas para o processo são formuladas para mudar atitudes, desenvolver consciência de si e de outros e desenvolver habilidades inter-pessoais. São as que fazem a integração entre os treinandos para fazer a mudança de comportamento ou atitude, é mais do que simplesmente transmitir conhecimentos cognitivos. Alguns processo são utilizados para desenvolver intra-visão inter-pessoal que é a consciência de si e de outros para mudar as atitudes e desenvolver relações humanas como a liderança. Entre as técnicas orientadas para o processo estão o role-playing, o treinamento da sensitividade, o treinamento de grupos-T, e etc (CHIAVENATO, 1999). Técnicas mistas são as técnicas que não só transmite informações, como também procuram mudar atitudes e comportamentos. São usadas não apenas para transmissão de conhecimentosubstantivos ou conteúdo, mas também para alcançar objetivos estabelecidos para as técnicas mais orientadas. Das técnicas mistas, as que se sobressaem são os métodos de conferência, estudos de casos, simulações e jogos e várias técnicas on the job (CHIAVENATO, 1999). Segundo Kootz, (1994) o treinamento de indução ou de integração à empresa procura adaptar o novo empregado à empresa e ao ambiente social de onde irá trabalhar.É possível a empresa obter vantagens com a introdução correta do empregado ao novo trabalho devido a essas vantagens: Redução do tempo perdido do empregado, pois ao ingressar na empresa, o empregadorecebe todas as informações que ele necessita sobre a empresa, como as normas, regulamentos, procedimentos e sobre o cargo que irá ocupar, de maneira que sua adaptação seja a mais rápida possível. Redução das demissões de umas ou ações corretivas que possam efetuar- se, devido ao conhecimento dos regulamentos da empresa e a conseqüências e penalidades providas de sua violação. Cabe ao supervisor explicar o novo empregado sua real posição na empresa, antes que ele seja informado erroneamente a este respeito. - Fornecimento de uma arma segura ao novo empregado para que possa vencer o medo do desconhecido, que atinge todos os que se vêem diante de uma nova situação quepoderá dificultar o alcance de sua produção ideal. Dentro de uma empresa haverá em todos os momentos alguém sendo treinado em alguma coisa. Mas para que o treinamento se torne eficiente, deverá ser um processo que obedeça a uma programação geral que interesse aos empregados e a empresa (KOOTZ, 1994). O treinamento depois do ingresso no cargo pode ser dividido em dois aspectos: Treinamento no local de trabalho, ou seja, em serviço; e Treinamento fora do local de trabalho (KOOTZ, 1994). O treinamento no local de trabalho é desenvolvido durante a execução das tarefas da produção, ou seja, no próprio local de trabalho, já o treinamento fora do local de trabalho é feito em uma sala ou local preparado para essa actividade (FAYOL, 1994). De acordo com Chiavenato (1999), o treinamento no local de trabalho propicia mais aprendizado, pois o empregado aprende enquanto trabalha, não requer acomodações ou equipamentos especiais é o ensinamento mais comum aos empregados. As modalidades do treinamento no trabalho são: Admissão de aprendizes a serem treinados em certos cargos; Treinamento em tarefas; Rodízio de cargos; Enriquecimento do cargo, etc. O treinamento fora do local de trabalho nem sempre é tão direcionado ao trabalho, sendo este usado para suplementar o treinamento em serviço. Assim, a maior vantagem que o treinamento fora do local de trabalho traz é que o treinando dedica uma atenção maior ao treinamento, enquanto no outro treinamento isso não é possível porque o empregado está envolvido nas tarefas da produção (CHIAVENATO, 1999). As principais técnicas de treinamento fora do trabalho são: Aulas expositivas, filmes e televisão; estudos de caso, discussão em grupo, dramatização, simulação, Instrução programada (KOOTZ, 1994). ----------------------------------------------------------------------------------------------------- Actividades de Aprendizagem 1.Até que medida a aplicação rigorosa das técnicas de treinamento do pessoal segundo o pensamento de CHIAVENATO se afigura como o garante da qualidade técnica dos Membros de uma Organização? 2.Faça uma análise critica das instituições publicas do nosso país no domínio de treinamento e desenvolvimento profissional dos funcionários. Unidade 08 Processo Tomada da Decisão Introdução Na oitava unidade deste Manual será abordado o Processo de Tomada de decisão nas Organizações e a gestão da informação; será dada particular relevância aos elementos a tomar em consideração nas tomadas de decisões, bem como os modelos a adoptar no ciclo decisorial. Objectivos No fim desta unidade o estudante deve ser capaz de: - Analisar a informação no processo de tomadas de decisão; - Analisar a importância dos sistemas de informações gerenciais nas tomadas de decisões. 8.1 Tomadas de Decisão O processo decisório nas organizações é um tema bastante abrangente e são numerosas as publicações na literatura. Vários autores propõem estudos estabelecendo modelos de tomadas de decisão, sendo que tais modelos prevêem diferentes fases para o processo decisório, para que os tomadores de decisão possam fazer a escolha mais adequada para a organização. O cenário em que as organizações estão inseridas se modifica constantemente, exercendo nelas toda a sua influência. Diante disto, faz-se necessário permanente alerta por parte dos administradores, para perceberem o que os ambientes interno e externo da organização indicam em relação às ameaças e oportunidades, pois as escolhas devem ser feitas com base na realidade organizacional. De acordo com Stoner e Freeman (1995 apud JAMIL, 2006), o processo decisório envolve a identificação de um problema específico e a escolha de uma ação para resolvê-lo ou aproveitar uma oportunidade. Da mesma maneira, Drucker (2001) defende a necessidade da atenção por parte do gestor em relação a sua percepção do que ocorre no mundo. Segundo o autor, este procedimento influenciará a forma como a organização poderá ser vista e será determinante para a tomada de decisão. A tomada de decisão, segundo Oliveira (2004), é a conversão das informações analisadas em ação. Os desafios impostos levam os administradores a buscar informações que espelhem fielmente a real situação das organizações, para que o processo decisório seja efetuado de forma eficaz, para alcançar os resultados pretendidos. Neste sentido, entende-se que as decisões precisam ser tomadas de forma ágil e correta, pois o desempenho das organizações depende da qualidade de seu gerenciamento. Constantemente, os administradores deparam-se com um determinado número de opções de decisão e, dentre estas, devem ser escolhidas aquelas que levem a organização a atingir seus resultados. Assim sendo, Mañas (2002) defende a tomada de decisão de forma consciente de um curso de ação, entre as alternativas disponíveis, na busca do resultado que se deseja alcançar. O processo decisório nas organizações, portanto, converte-se na essência da habilidade gerencial, em que a responsabilidade do gestor é decidir a melhor alternativa para cada momento em que se encontra a organização, de modo a garantir os resultados esperados. A afirmação de Drucker (1966 apud JAMIL, 2006, p. 8) corrobora o supracitado: “O que define o gerente é justamente esperar-se dele, por virtude da formação e do conhecimento, que tomem decisões com significativo impacto sobre toda a organização, seu desempenho e resultados.” Factores tais como a globalização, o avanço tecnológico, o desenvolvimento das telecomunicações e a diminuição do tempo de processamento das informações, fazem com que o ambiente organizacional fique cada vez mais complexo, levando os administradores a reavaliarem constantemente o processo decisório. Deles é exigida visão sistêmica e cautela nas tomadas de decisão. Deste modo, pode-se afirmar que o processo de tomada de decisão envolve riscos para os administradores. Existem factores que influenciam directa ou indirectamente no processo decisório. Um desses fatores é a incerteza, bem como a quantidade insuficiente de informações necessárias ao processo decisório. Andrade (2000) define risco como uma estimativa do grau de incerteza que se tem em relação à realização de resultados futuros almejados. Assim sendo, o risco sobrevém quando da incerteza de se prever os resultados. O processo de tomada de decisão é sempre desafiador para os administradorese exige deles diferentes habilidades. Solino e El-Aouar (2006) destacam a relevância das habilidades dos membros da organização, no sentido de escolher a melhor maneira de enfrentar a dinâmica dos mercados, evidenciando o incentivo à criatividade e ao talento, a partir da delegação de responsabilidades de tomadas de decisão a todos os níveis organizacionais, de forma que o desenvolvimento dessas habilidades resulte em vantagem competitiva. Os autores afirmam que, para desenvolver tais habilidades, os administradores assumem determinados tipos de comportamentos, ligados a suas funções, sendo que a função de decisão é ligada ao papel decisório, cuja ênfase reside na capacidade analítica de identificação e solução de problemas. Outro autor que discute a questão das habilidades gerenciais é Mintzberg (1973 apud MAXIMIANO, 1995, p. 83). Este autor afirma que a tomada de decisão sob condições de incerteza, constitui-se em uma das habilidades mais importantes para um gerente. Assim sendo, o tomador de decisão assume um papel fundamental nas organizações, pois o processo decisório deve levar a organização à otimização de seus recursos, redução dos custos, elevação de desempenho e ganhos de resultados. As medidas adotadas pelo gestor adquirem relevância em todas as etapas do processo decisório, para que possa haver sintonia entre os objetivos pretendidos e os resultados alcançados pela organização. O processo de tomada de decisão, portanto, não se constitui em tarefa fácil para o administrador, que tem que levar em conta as várias nuanças do complexo ambiente organizacional. As decisões são classificadas por Simon (1965 apud OLIVEIRA, 2004, p. 148) em: decisões programadas e decisões não-programadas. As decisões programadas são caracterizadas por serem repetitivas, rotineiras e estruturadas – decisões automatizadas por uma seqüência de procedimentos, não necessitando da intervenção do decisor – além de serem permanentes, servindo de norteamento para a definição das metas, objetivos, políticas e procedimentos organizacionais. As decisões não-programadas são caracterizadas pela novidade, além de serem desestruturadas – decisões não automatizadas, que dependem de solução do decisor. A característica da novidade se apresenta porque não existem referencias anteriores para a resolução do problema ou em razão de sua complexidade, ou porque, para sua resolução, torna-se necessária a implementação de medidas específicas. Essas classificações evidenciam as características do processo de tomada de decisão e permitem a programação do que deverá ser feito durante esse processo. No processo decisório, a qualidade da decisão é fator fundamental, porque afeta o futuro da organização. Conforme Maximiano (1995), a racionalidade do gestor é necessária nas tomadas de decisão, mas deverá estar em consonância com as informações advindas do diagnóstico do problema, bem como da análise e avaliação das alternativas, no sentido de evitar problemas superiores aos que deram origem ao processo decisório. Desta maneira, a capacidade de compreensão e de escolha do administrador são desafiadas a todo instante a tornarem-se objetivas, pela necessidade da decisão racional diante do cenário de incertezas no qual estão inseridas as organizações. A percepção da realidade organizacional é essencial para que o administrador possa realizar a escolha de uma ou mais alternativas que melhor se adéqüem a esta realidade e levem ao encontro dos objetivos organizacionais. Sendo assim, uma decisão de qualidade está pautada no uso adequado da informação no processo decisório, de modo a traçar as alternativas e escolher a opção que leve a resultados positivos para a organização. A decisão acertada é, portanto, o factor mais importante do processo decisório, e deve ser embasada pela análise e uso adequado da informação. Segundo Stoner e Freeman (1995), a decisão é pautada pela opção ou selecção, dentre várias alternativas de cursos de acção, daquela que mais se adéqüe à organização. Para Drucker (1998 apud DAVENPORT; PRUSAK, 1998, p. 19), informação é definida como “[...] dados dotados de relevância e propósito.” Deste modo, a informação torna-se relevante quando passa a ter valor agregado. Esse valor agregado é o que confere importância à informação, fazendo-a constituir-se em subsídio essencial para a tomada de decisão. Assim, a informação passa a ser produto qualificado, quando recebe tratamento einterpretação, para que possa gerar impacto nas pessoas que dela se utilizam. Porter (1986) defende que, no ambiente competitivo, um dos factores que determina o diferencial das empresas é a forma como a informação é utilizada. Desta maneira, a estreita sintonia entre a informação e as escolhas dos administradores favorecerá o processo decisório. Mostra-se a seguir a visualização da interação da informação com o processo decisório. Figura 1 - Interação da Informação com o Processo Decisório A Figura 1 visibiliza a interligação existente entre a informação dotada de relevância e as tomadas de decisão nas organizações, sendo que a primeira assume grande importância ao subsidiar o processo decisório. Deste modo, a informação, reconhecida como um dos principais patrimônios da organização é o dado trabalhado que permite ao gestor a tomada de decisões (OLIVEIRA, 2004). Possuindo valor agregado, a informação constitui-se em ferramenta de suporte às decisões organizacionais. 8.2 Elementos do Processo de Tomadas de Decisão Para Chiavenato (2004, p. 255), são vários os elementos que compõem o processo decisório. O autor destaca os principais: O estado da natureza: condições de incerteza, risco, ou certeza que existem no ambiente decisorial que o tomador de decisão deve enfrentar; O tomador de decisão: indivíduo ou grupo que escolhe entre as várias alternativas; Os objectivos: fins que o decisor almeja alcançar com as suas acções; Preferências: critérios que o decisor utiliza para determinar sua opção; Situação: os aspectos ambientais que envolvem o tomador de decisão, às vezes não controláveis, fora do alcance de seu conhecimento ou compreensão que influenciam na sua escolha; Estratégia: curso de ação que o decisor escolhe no sentido de atingir os objetivos da melhor forma, sendo esta dependente dos recursos disponíveis; Resultado: conseqüência de uma estratégia. Dentre os elementos que compõem o processo de tomadas de decisão, alguns influenciam directamente na escolha dos administradores, e trazem conseqüências directas para os demais. O estado da natureza, os objectivos e a situação irão determinar as alternativas possíveis para a escolha da estratégia que melhor definirá a tomada de decisão. E, finalmente, os resultados serão conseqüências da estratégia estabelecida para alcançá-los. Segundo Oliveira (2004), no processo decisório, é estabelecida orientação em relação à alternativa escolhida, necessitando, desse modo, de uma racionalidade objetiva dos administradores. O autor classifica o processo decisório em fases, a saber: Identificação do problema: consiste em identificar o cenário em que a organização se encontra; Análise do problema a partir da consolidação das informações sobre o problema, devendo o mesmo ser tratado como um sistema, considerando as ameaças e oportunidades; Estabelecimento de soluções e alternativas para a resolução do problema; Análise e comparação das soluções alternativas através do levantamento das vantagens e desvantagens de cada alternativa; Selecção de alternativas mais adequadas, conforme critérios preestabelecidos, mediante o conhecimento das vantagens e desvantagens dessas alternativas; Implantação da alternativa selecionada, incluindo o devido treinamento das pessoas envolvidas; Avaliação da alternativa selecionada,através de critérios aceitos pela organização, em que a tal alternativa deverá fornecer resultados a serem avaliados. (OLIVEIRA, 2004, p. 147). O autor destaca que o sucesso do processo decisório depende da escolha correta durante essas fases. Deste modo, evidencia-se a importância da teoria da decisão, que define o modo pelo qual deverá passar o processo decisório na busca da decisão adequada para a resolução do problema, bem como a definição do futuro da organização. 8.3 Modelos de Tomada de Decisão Os modelos de tomadas de decisão, no seu início, tratavam o processo decisório como uma questão racional, em que as organizações deveriam, tão somente baseadas na racionalidade, adaptar-se aos cenários em que estavam inseridas. Posteriormente, tais modelos e sua racionalidade passaram a ser questionados, sendo propostos modelos mais flexíveis e adaptáveis à realidade organizacional, que permitiram aos tomadores de decisão fazerem a melhor escolha diante dos limites de conhecimento do problema a ser resolvido no processo decisório, tais como falta de informações. Modelo Racional O Modelo racional baseia-se na teoria microeconômica neoclássica, em que a racionalidade é fator fundamental para a tomada de decisão. Trata a informação objetivamente e evidencia a lógica no processo decisório, em que o tomador de decisão não pode deixar envolver-se por otimismo ou pessimismo (BERNSTEIN, 1997). Assim sendo, observa-se que as tomadas de decisão de modo racional levam os gestores a enxergar a organização de forma sistêmica, a considerar o cenário em que se insere a organização, sua cultura, bem como uma gama de alternativas possíveis, de modo a ponderar as conseqüências que podem vir a ocorrer, antes de tomarem suas decisões. Para Baron (1994 apud DACORSO, 2000), as tomadas de decisão de forma racional decorrem da utilização de métodos que levam o administrador à escolha da melhor solução para alcançar os objetivos pretendidos, sem que, necessariamente, deva existir ausência de erros. O autor entende que, apesar da utilização da racionalidade, o administrador poderá fazer suas escolhas baseado em crenças que, anteriormente, foram concebidas de modo irracional. Deste modo, considera-se que a racionalidade do processo decisório nasce conforme a escolha do administrador, a partir de alternativas viáveis. O processo de escolha racional, entretanto, demonstra as limitações do ser humano que conduz o tomador de decisão a não mais fazer escolhas que o levem à rigorosidade nos resultados, mais a resultados aceitáveis, dentro das metas organizacionais. Modelo Carnegie O Modelo Carnegie ou Modelo da Racionalidade Limitada, preconizado por Simon, trata da impossibilidade do administrador ter acesso a todas as possibilidades de acção, de modo a conseguir avaliar todas as alternativas, visto que é impossível, fisicamente, ter acesso e processar todas as informações referentes à decisão a ser tomada (AIDAR, 2006). Nessa perspectiva, a organização é vista como uma aliança entre os diversos interesses que a envolvem, em que o processo decisório advém de acordos entre os decisores, conforme suas preferências. As informações, bem como as alternativas, estão disponibilizadas de maneira limitada, sendo que as soluções são escolhidas através do processo de estabelecimento de regras, conforme os interesses e objetivos dos envolvidos nesse processo. Assim, a escolha da decisão se faz a partir da opção considerada satisfatória para a organização (RASKIN, 2006). Desta maneira, percebe-se nesse modelo que, apesar do administrador desejar agir com racionalidade nas organizações, suas ações são limitadas pela reduzida gama de informações necessárias para o processo decisorial. Tampouco possui a capacidade de processamento necessária para assimilar todas as informações no devido momento, sendo também limitado pelas várias interposições causadas entre as partes que irão determinar a escolha. Modelo Incrementalista O Modelo Incremental de Lindblom e Quinn retrata as impossibilidades do racionalismo e a necessidade de focalização das informações. Nesse modelo, não existe apenas uma decisão correta, mas uma série de tentativas selecionadas por análises e avaliações, em que as ações são tratadas de maneira flexível, até atingir o grau almejado (GIRÃO; VILLAS BOAS FILHO; SILVA JUNIOR, 2006). Entende-se que no processo de tomadas de decisão, as acções diferem das anteriormente utilizadas, de forma a corrigir ou evitar erros pelas sucessivas mudanças incrementais, levando a organização a um novo curso de acção. Durante o processo, o curso de ação e os objetivos organizacionais podem mudar, todavia, essas mudanças, segundo Raskin (2006), serão efectuadas de forma amena, de maneira tal que a ação corretiva possa ser tomada, no momento da percepção do erro. Nesse modelo, os administradores não dispõem de informação nem de previsão, entretanto, escolhem cursos de acção alternativos, que diferem incrementalmente dos aplicados no passado. Esta precaução se faz presente no sentido de diminuir as chances de possíveis erros (RASKIN, 2006). Assim sendo, os administradores não se restringem a delimitar objectivos e avaliar as alternativas para alcançá-los, ao contrário, passam a escolhê-las após confrontá-las, visando alcançar os resultados desejados. Deste modo, a decisão mais adequada é gerada a partir de um consenso e visa a garantir a conformidade entre as partes interessadas. Modelo Desestruturado O Modelo Desestruturado foi proposto por Mintzberg, que denominou as decisões não- programadas de decisões estratégicas desestruturadas. Segundo esse modelo, no início do processo decisório, o administrador possui pouco conhecimento do problema, das alternativas e das possíveis soluções. Nesse modelo, o processo decisório é caracterizado como dinâmico e com interferências. (CORNÉLIO, 1999). Esse modelo se aplica quando o nível de incerteza é alto. O processo decisório não é linear e desenvolve-se de forma desestruturada e não previsível. Ao se depararem com quaisquer dificuldades, as organizações reavaliam as alternativas, voltando atrás até que seja possível tomar a decisão final. Esse modelo é caracterizado como desestruturado, em função das constantes mudanças (RASKIN, 2006). Conforme Mintzberg (1995), nesse modelo, as fases que compõem o processo decisório são: Identificação, Desenvolvimento e Selecção. Na fase de Identificação, é efectuado o reconhecimento da situação e o diagnóstico; na fase do Desenvolvimento, existem as rotinas e pesquisa de soluções alternativas e de delineamento ou projeto da solução; e a fase da Seleção pode ser dividida em três etapas: pré-seleção; avaliação/escolha; autorização. Segundo o autor citado, ao final das três fases da tomada de decisão surgem as rotinas de apoio ao processo decisório: rotina de controle, que conduz o processo; rotina de comunicação, que fornece informações e elabora relatórios; e rotina de políticas, que permite ao tomador de decisão procurar uma solução própria em um ambiente cheio de influências. Nesse modelo, ao se depararem com obstáculos, os gestores reavaliam as alternativas e voltam atrás, se necessário, iniciando novamente o processo. São várias as etapas percorridas em um processo não linear, em que os decisores utilizam-se da intuição até alcançar a melhor decisão, o que demanda um bom período de tempo. Modelo da Lata de Lixo O Modelo da Lata de Lixo ou decisão por omissão, de Cohen, March e Olsen, leva em conta a decisão tomada sem a devida consistência. O gestor não procura identificar e analisar o problema para, então, delinear as alternativas possíveis de solução (DACORSO, 2000). Conforme March e Olsen (1976, apud ZANELA, 1999), esse modelo trata do processo decisório em ambientes altamente ambíguos, denominados"anarquias organizadas". Essa ambigüidade aparece de três maneiras: Preferências problemáticas: os tomadores de decisão, às vezes, possuem preferências inconsistentes e mal definidas, sendo suscetíveis a descobrir suas metas e entender suas prioridades através da acção; As pessoas possuem apenas uma leve compreensão dos fins e dos meios. Os participantes da organização ganham conhecimento por tentativa e erro, mas sem um claro entendimento de causas subjacentes; Anarquias organizadas (as organizações) têm a característica de leve participação. Os tomadores de decisão vêm e vão através do processo. Entende-se que a decisão ocorre por escolhas, procurando por problemas; procurando por escolhas; soluções, procurando por problemas para responder; e decisores, procurando por alguma coisa para decidir. Neste sentido, as soluções são anteriores aos problemas. Na lata de lixo estão os problemas disponíveis, sendo que os indivíduos vão à lata de lixo procurar problemas para serem resolvidos. Percebe-se, nesse modelo, uma fragmentação da visão e estratégia global da empresa numa série de escolhas parciais, separadas no plano temporal, com os subsistemas obedecendo a diferentes calendários. Diante do exposto, compreende-se que, embora os modelos de tomadas de decisão sejam diferentes entre si, todos eles convergem para as etapas que deverão ser seguidas na resolução de cada problema organizacional. Possuem, todavia, características próprias em relação ao processo decisório, pois cada um delibera sua própria ordem nas fases do processo. 8.4 Sistemas de Informações Gerenciais nas Tomadas de Decisão Observa-se a necessidade de que o processo de tomadas de decisão seja baseado em sistemas de informações gerenciais, pois tais sistemas, dentro de um processo decisório estruturado e disciplinado e com as adequadas informações gerenciais, levam à segurança que o administrador precisa para escolher qual a melhor decisão para a organização (MELO, 2006). Como a informação gerencial permite ao administrador tomar uma decisão, essas informações, segundo Cassarro (2006), apresentam uma variedade do que chama de “atributos técnicos”, que são por ele definidos conforme sua importância: custo de sua oportunidade versus benefício que ela proporciona; oportunidade; correção; relevância ou significado; comparação e tendência. Custo de sua oportunidade versus o benefício que ela proporciona: a organização tem um determinado custo para que a informação chegue até o tomador de decisão. Neste caso, se o benefício obtido com a decisão decorrente desta informação for igual ou menor a seu custo, é constatada que esta não se faz necessária para a organização; Oportunidade: a decisão terá um valor máximo se for tomada dentro de um certo momento; preservará algum valor por algum tempo e, finalmente, não terá nenhum valor, mas apenas custo; Correcção: as informações gerenciais não têm a necessidade de serem exatas, pois, para que isto ocorra, demandam um certo tempo para serem geradas; basta serem corretas e disponíveis no momento certo, para refletir a realidade; Relevância ou significado: as informações possuem graus de importância para as tomadas de decisão. O administrador utiliza as informações mais apropriadas, vindo a admitir uma margem de risco no processo decisório; Comparação e tendência: necessidade de comparação entre o desempenho real, o orçado e sua variação, e se possível indicar a tendência do ocorrido, para que se possa encontrar a origem do desvio e corrigi-lo. O autor enfatiza a importância da utilização, pelos administradores, dos sistemas de informação gerencial, que permitem o correto comando, controle e coordenação do ciclo gerencial. Observa-se que o processo decisório é, em si, um processo que envolve não apenas factores objectivos, mas também fatores subjectivos que, de certa forma, estão dentro dos factores objectivos. Esse processo abarca distintas variáveis que irão influenciar na escolha da melhor decisão ou da decisão mais adequada, a partir análises e ponderações necessárias a esse processo. ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Actividades de Aprendizagem Numa dada empresa madereira, um grupo de trabalhadores não marcam presença nos seus postos de trabalho, com alguma regularidade, quando o fazem, não apresentam os índices habituais de motivação, outras tantas vezes, os trabalhadores criam pequenos grupos, murmuram a actual situação laboral. Em causa está o atraso no pagamento dos seus subsídios por um lado e por outro grande parte deles não possuem meios de trabalho como luvas, botas, macacões e outros. Nesses grupos, há quem se apresenta naturalmente como líder, com capacidade para influenciar os outros e já se fale em fazer greve. a) Diante deste cenário, quais os procedimento que os gestores desta empresa devem ter em conta? Tenha em consideração os conhecimentos que adquiriu sobre o processo de tomada de decisão. Unidade 09 Avaliação do Desempenho Introdução Nesta unidade a abordagem estará centrada no Processo de Avaliação do Desempenho das pessoas nas Organizações, bem como todos os elementos técnicos e metodologicoos que as Organizações modernas adoptam para aferir, medir, classificar ou julgar de forma citeriosa os membros de uma Organização. Objectivos No fim desta unidade o estudante deve ser capaz de: Identificar o processo de Avaliação de Desempenho como o ponto mais alto de gestão de pessoas nas organizações; Compreender o processo de Avaliação não apenas como mecanismo para julgar o desempenho de pessoas nas organizações como também como via para autosuperação. 9.1 Avaliação do desempenho Avaliar consiste em medir alguma coisa e implica sempre estabelecer uma comparação: comparar uma característica, execução ou resultado, com um determinado padrão. Também ao avaliar os resultados de um colaborador estamos a compará-los com os resultados inicialmente previstos ou alcançados por outros. A noção de que os resultados são bons ou maus só é possível se houver um termo de comparação. A avaliação é uma dos mais importantes actos de gestão. De que serve a um gestor definir objectivos, estabelecer planos, coordenar meios técnicos e humanos, se não tiver a noção de que os resultados obtidos estão aquém, correspondem ou excedem, os objectivos ou metas estabelecidos? A avaliação de desempenho é um questionário padronizado que visa classificar o desempenho do avaliado (com base em critérios quantificáveis, comentários qualitativos e as áreas prioritárias a melhorar). Em regra a avaliação é feita pelo superior hierárquico e/ou pelo próprio avaliado. A aplicação de uma gestão previsional do pessoal supõe a existência de um sistema de avaliação que permita reunir as informações necessárias para construir os diferentes programas (promoção, remuneração, formação) e que estabeleça as decisões respeitantes às carreiras dos colaboradores da empresa. A avaliação de desempenho é o sistema que serve aos superiores e aos restantes colaboradores, para reflectirem conjuntamente acerca dos resultados e em novos planos de acção. O sistema de avaliação torna-se um utensílio de direcção e de comunicação. Esta ferramenta orienta a acção dos organizadores e dos directores em três variáveis: Acção sobre as capacidades e as competências individuais. A avaliação faz surgir lacunas sobre as quais é possível agir através da formação do trabalhador e elevação do seu nível de intervenção de forma a responder às exigências da sua tarefa. Acção sobre a organização das tarefas. As carências em termos de organização dos postos de trabalho, da definição das tarefas e as insuficiências dos modos operatórios, limitama produtividade dos esforços realizados. A avaliação de desempenho pode ressaltar as melhorias a introduzir na organização do trabalho de modo a fazer crescer a eficácia do posto de trabalho. Acção sobre o esforço através de uma acção sobre as recompensas. A avaliação de desempenho condiciona a concessão das recompensas (promoção, distinção, aumentos remuneratórios). Objectivos da Avaliação de Desempenho Os objectivos da Avaliação de Desempenho, devem ser delineados, de forma a orientar e responsabilizar os colaboradores da empresa, para os resultados da sua função. Assim, reconhece-se o desempenho efectivamente demonstrado. Os objectivos devem ser definidos pela empresa e devem incluir prazos estimados, indicadores e metas a atingir. Características da Avaliação de Desempenho A avaliação de desempenho possui três características, que observadas, actuam como catalizadores do desenvolvimento organizacional. Assim, a avaliação de desempenho terá de ser: Sistemática: porque requer uma observação orientada e continuada do desempenho profissional dos indivíduos; Periódica: na medida em que implica a definição de períodos regulares de observação; Estandardizada e Qualificada: porque obedece a um conjunto de critérios e procedimentos, estabelecidos tecnicamente, e concretizados na utilização de uma ficha e de um manual de avaliação. Torna-se aqui necessário afirmar que o sistema de avaliação deve assentar na adequação do homem ao posto de trabalho e não sobre o homem em si mesmo. Deve favorecer medidas correctivas a curto prazo e orientações de carreira. Deve permitir um reforço da eficácia da empresa. Para se montar um sistema de avaliação de desempenho são necessárias escolhas prévias, como: Periodicidade da avaliação; anual Nível; indivíduo Avaliador; superior hierárquico Conteúdo; resultados Forma; questionário formalizado O valor demonstrado pelo indivíduo é mais complexo e difícil de definir. Este valor pode ser entendido de duas maneiras: Em termos de eficácia, corresponde aos resultados atingidos no desempenho da sua função; Em termos de eficiência, corresponde as características pessoais, competências ou comportamentos, evidenciados no exercício da sua função. A escolha da vertente que se pretende avaliar depende do ponto de vista adoptado pela organização, o qual, por sua vez, é condicionado pelas contingências do meio externo, pelo grau de desenvolvimento da organização e pelas políticas e estratégias que definiu. No entanto, a apreciação do valor demonstrado pelo indivíduo é sempre feita com referência ao seu posto de trabalho, ou seja, às responsabilidades e tarefas da função que desempenha. Dessa forma, é indispensável que o avaliador conheça com total objectividade, quais as tarefas e responsabilidades da função, e quais as competências exigidas para ser desempenhada com eficácia e eficiência. Só conhecendo o que o avaliado faz, como faz e para que faz, é possível ao avaliador determinar o valor do desempenho do indivíduo. Contudo, se o desempenho do trabalhador, numa primeira fase, é determinado em relação a um objectivo que na prática se poderá considerar físico – a função – já numa segunda fase, ele deve ser determinado em relação aos outros trabalhadores. Assim, a avaliação de desempenho consiste em duas comparações sucessivas: uma, do descritivo da função com o desempenho do trabalhador; outra do desempenho do indivíduo avaliado com o desempenho dos restantes colaboradores. A Avaliação de Desempenho pretende avaliar competências em três distinções: 1. Competências Cognitivas – Domínio do Saber-Saber, que são os conhecimentos que se possui; 2. Competências Relacionais – Domínio do Saber-Estar, que são as atitudes e o relacionamento inter-pessoal; 3. Competências Técnicas – Domínio do Saber-Fazer, que são as aptidões e as habilidades técnicas. Uma função poderá ter em si, tarefas que reúnam as três competências referenciadas, sendo assim importante a destrinça de cada uma delas nas diversas funções a serem desempenhadas pelos colaboradores. 9.2 Comparação do Descritivo da Função com o Desempenho doTrabalhador Ao verificar se o trabalhador executa a tarefas descritas na função, pode-se observar duas alternativas: Se executa – determina-se o valor do desempenho; Se não executa – é necessário averiguar porquê. Para se determinar o valor de qualquer coisa é necessário que essa coisa exista e/ou aconteça. Na avaliação de desempenho, se se verifica que uma determinada tarefa ou responsabilidade não ocorre, naturalmente que o avaliador não poderá proceder à apreciação de algo que não existe. Assim, se uma tarefa ou responsabilidade não ocorre, pode ser por: Já não há razão para existir devido à evolução natural da função, à introdução de novas tecnologias ou a inovação de procedimentos; Alguém que não é o avaliado está a executar a tarefa ou assumir a responsabilidade, por deficiente distribuição de tarefas, negligência do avaliado, etc.…; Não tem repercussões directas no fluxo do trabalho, o que não quer dizer que não haja repercussões indirectas na qualidade do produto/serviço final para que a tarefa concorre. A resposta a estas questões pode proporcionar ao avaliador um conjunto de informações valiosas para melhorar a eficiência do sistema organizacional. Os desempenhos dos indivíduos que têm funções com tarefas e responsabilidades idênticas, avaliadas pelos mesmos critérios, podem ser directamente comparados. A comparação dos desempenhos na totalidade dos indivíduos que integram a organização, só é possível com a a aplicação de técnicas específicas, designadamente estatísticas, que permitem traduzir todos os resultados numa mesma escala. 9.3 Vantages da Avaliação do Desempenho Os desempenhos dos indivíduos que têm funções com tarefas e responsabilidades idênticas, avaliadas pelos mesmos critérios, podem ser directamente comparados. A comparação dos desempenhos na totalidade dos indivíduos que integram a organização, só é possível com a aplicação de técnicas específicas, designadamente estatísticas, que permitem traduzir todos os resultados numa mesma escala. --------------------------------------------------------------------------------- Actividades de Aprendizagem 1.Faça uma descrição da essência da Avaliação estandartizada, as vantagens e desvantagens desta forma de avaliação no contexto da Psicologia Organizações. 2.Porque avaliar? Será que as pessoas nas organizações aceitam naturalmente que outras avaliem constantemente o seu desempenho. Comente. 3.Fale das implicações de uma Avaliação que coloca os indivíduos dentro de escalas numéricas no contexto organizacional. Unidade 10 Perspectivas Actuais da Psicologia das Organizações Introdução No decorrer deste unidade o estudante terá oportunidade de conhecer as novas tendências em Psicologia das Organização, as abordagens actuais, a questão das tecnologias de informação e comunicação, como determinantes nesse paradigma. As perspectivas de actuais de gestão dos Recursos Humanos, associado a questão de gestão do conhecimento, como factor decisivo para o sucesso das organizações de hoje. Objectivos No fim desta unidade o estudante deve ser capaz de: Compreender as tendências actuais de abordagem na gestão de pessoas nas organizações; Identificar a importância das tecnologias na gestão da estrutura organizacional; Compreender o papel da aprendizagem como factor determinante na gestão das organizações modernas; Aferir que as organizações de hoje não funcionam de forma isolada, estão portanto intimamente ligados ao ambiente externo e as tecnologias. 10.1.MUDANÇAS ORGANIZACIONAIS E TRANSFORMAÇÃO DA ÁREA DE RECURSOS HUMANOS Como nos ensina Wood Jr (2000, p. 239) o tema mudança na organização do trabalho não é novo, mas ganhou contornos diferentes nos últimos anos. O aumento na instabilidade ambiental e, particularmente, o acirramento da competição colocou a questão da mudança como central para a sobrevivência das organizações. O foco passa a ser mudar para criar uma performance competitiva. Pode-se dizer que a partir da década de 90, o ambiente empresarial ficou marcado pela busca incessante da competitividade com o objetivo de sobrevivência e crescimento em um ambiente caracterizado por grande desenvolvimento tecnológico e mudança econômica. Isto fez surgir organizações com características que privilegiam a capacidade de aprendizagem tão necessária à nova realidade. Torna-se imperativo que a área de recursos humanos da empresa esteja alinhada à estratégia empresarial, assim as organizações foram resgatando seu papel humano, a fim de torná-los peças-chave do processo e é com esse cenário que as organizações devem ter a visão que o capital Humano é e sempre será seu grande diferencial. Assim surgem novos conceitos de recursos humanos, como a Gestão de Pessoas. Desde modo o setor que era apenas um mero departamento burocrático que cuidava da folha de pagamento e da contratação do pessoal envolvendo apenas atividades de ordem administrativa, passa a ser caracterizado pela participação, capacitação, envolvimento e desenvolvimento do bem mais precioso de uma organização que é seu capital humano. A gestão de pessoas é uma área muito sensível à mentalidade que predomina nas organizações. Ela é contingencial e situacional, pois depende de vários aspectos como a cultura que existe em cada organização, a estrutura organizacional adotada, as características do contexto ambiental, o negocio da organização, a tecnologia utilizada, os processos internos e uma infinidade de outras variáveis importantes. (Chiavenato 1999, p. 6) Os avanços observados nas últimas décadas têm levado as organizações a buscarem novas formas de gestão com o intuito de melhorar o desempenho, alcançar resultados e atingir sua missão para o pleno atendimento das necessidades organizacionais. Nota-se também que o sucesso das organizações modernas depende, e muito, do investimento nas pessoas, com a identificação, aproveitamento e desenvolvimento do capital intelectual. Observa-se que existe um grande esforço no sentido de mudar do antigo modelo burocrático para um modelo de gestão gerencial e estratégico, que em muitos casos grandes avanços aconteceram, como por exemplo, a introdução de novas técnicas orçamentárias, descentralização administrativa de alguns setores, redução de hierarquias, implementação de instrumentos de avaliação de desempenho organizacional. Como cita Teixeira et al (2005, p. 40) o novo mundo dos negócios é condicionado por uma série de variáveis que atuam sobre as organizações num acelerado ritmo de velocidade. Assim por sua objetividade e por sua maior pertinência, destacam-se, por seu impacto elevado: a sociedade do conhecimento, a sociedade da informação e a hipercompetitividade. Na Sociedade do Conhecimento cada vez mais se sobressai o capital humano que, para usar uma linguagem patrimonial, expressa o valor do conhecimento e outros bens intangíveis. Deste modo, no mundo dos negócios, o conhecimento passa a construir um forte diferencial competitivo nas organizações. Assim de acordo com Teixeira et al apud Davenport e Pruzak (2005, p. 20), "ao contrario dos ativos materiais que diminuem à medida que são usados, os ativos do conhecimento é compartilhado com o doador, ao mesmo tempo que enriquece o recebedor. Por fim podemos dizer que nesta sociedade, gradativamente o trabalho manual vai se transformando em trabalho de natureza intelectual, com isso as empresas estão deixando de ser apenas mão-de-obra para ser ativas em conhecimento. Na sociedade da informação a cada dia se fortalece a dimensão digital, assim as empresas estão enfatizando estratégias de competitividade como o e-businnes e a gestão de pessoas, a e-GP. Assim a e-GP de forma simples pode ser entendida como uma ferramenta que utilizando meios digitais e tecnologias de rede, agiliza e otimiza os serviços dos clientes, gerentes e colaboradores. Destarte a e-GP implica basicamente na substituição de processos burocráticos por tecnologias que incluem um eficaz sistema de informações de gestão de pessoas, sendo assim a gestão de pessoas abandona a abordagem de isolamento do antigo departamento pessoal e passa a atuar de forma interativa e on-line com os parceiros das demais unidades organizacionais da empresa. Nos nossos dias atuais, a questão para empresas não é mais apenas ser competitiva. O contexto empresarial desde o inicio do século XXI é caracterizado por uma competitividade mais acirrada, que podemos chamar de hipercompetitividade, apresentando características como a dinamicidade, complexidade e incerteza em níveis intensos. As mudanças no comportamento dos consumidores, o surgimento de novos mercados, a ameaça de novos concorrentes, os efeitos da globalização e os avanços do mundo da Internet passaram a afetar o padrão de competição das empresas. Nesse cenário, a mudança é a única estratégia permanente na gestão da empresa e conseqüentemente na gestão de pessoas. "O mundo dos negócios está dando lugar a profundas modificações na natureza do trabalho e nas relações entre empresas e colaboradores, configurando uma nova situação que gera importantes implicações para a gestão de pessoas. Essa situação reflete um novo mundo do trabalho, caracterizado pela crescente convivência do emprego clássico com um novo tipo de emprego; pela gradual desconfiguração do cargo em sua forma tradicional; por uma base tecnológica mais sofisticada; pela migração do emprego; por novas formas de flexibilização do trabalho; pela exigência de um novo tipo de profissional; pela crescente convivência do poder formal com outros tipos de poder". (Teixeira et al 2005, p. 42-43) O que se pode observar é que a área de gestão de pessoas tem evoluído para acompanhar as constantes mudanças no modelo empresarial e mesmo mundial. O que vem ajudando no desenvolvimento e no conhecimento da área de Gestão Estratégica de Pessoas é a visão sistêmica e holística sobre os processos organizacionais e as pessoas na relação de trabalho. De acordo com Wood Jr (2000, p. 248) a forma sistêmica de pensar, aplicada aos processos organizacionais contribui fortemente para compreender os fenômenos de mudança. Significa, portanto, uma aproximação frutuosa entre teoria e prática. Assim sendo o pensamento sistêmico visa auxiliar para que as pessoas possam enxergar as coisas como parte de um todo e não como peças isoladas, bem como, criar e mudar a realidade, de acordo com a necessidade. Pois é um complexo de conhecimentos e ferramentas desenvolvidos ao longo do tempo, que servem como uma base de referência conceitual, que irá auxiliar na percepção do mundo como uma rede de relacionamentos integrada. As organizações que se sobressaem são aquelas abertas às mudanças rápidas, adaptáveis e flexíveis, e que possuem o propósito de se sobressair, ou seja, de serem mais competitivas. Para tal, as empresas necessitam obter das pessoas o comprometimento, desenvolver a capacidade dos grupos a aprenderem continuamente em todos os níveis da empresa, ou seja, de modo sistêmico e integrado. O pensamento ou visão sistêmica é uma ferramenta de gestão empresarial que busca integrar todos os subsistemas ou departamentos da empresa, buscando a interação dos sectores, fazendo com que a atividade fim ou a missão da empresa sejam atingidas no menor espaço de tempo e com o menor custo possível. A real vantagem competitiva no mercado não está somente representadano financeiro ou nos altos investimentos em tecnologia, entre outros exemplos que poderíamos citar, mas sim nas pessoas que compõem a organização, que movimentam tudo isto no dia-a- dia. Nos dias de hoje com a velocidade das mudanças, como a globalização, muitas empresas tiveram a necessidade urgente de buscar novos paradigmas de gestão, e o conhecimento torna-se a principal vantagem competitiva da organização. De acordo com Lacombe (2006, p. 341) saber como administrar o conhecimento é critico para o êxito e mesmo para a sobrevivência do negócio da empresa e a maior parte do conhecimento das organizações está na mente das pessoas que a compõe. Quebrar os velhos paradigmas para entender a empresa e as pessoas como gestoras e colaboradoras está se tornando ponto crucial na organização bem como entender o novo conceito de gestão de pessoas. Assim a forma mais segura de conseguir a tão desejada vantagem competitiva é por meio da correta administração dos seus recursos humanos. 10.2 Tendências da Actual Gestão de Pessoas Segundo Lacombe (2006, p. 335) a desburocratização tende a diminuir a importância dos que realizam trabalhos repetitivos e a aumentar a dos que criam, dos que lidam com os clientes, dos que efetuam atividades que agregam valor aos produtos ou serviços. Acarreta, portanto, exigências maiores em relação à qualificação das pessoas. A desburocratização ou o acto de reduzir ou eliminar a burocracia e desagregar as racionalidades formais estabelecidas tem como principal vantagem o ganho na agilidade dos processos, deste modo o RH pode desprender mais tempo em coisas realmente importantes para a organização do que ficar atrelado apenas as formalidades. O RH "clássico" está com os seus dias contados, sendo que muitas empresas já se livraram da burocracia e operam em processos on-line, deliberando maior autonomia aos seus profissionais, por meio de programas de conscientização da importância do trabalho e do comprometimento individual com as metas corporativas. A prática das funções "tradicionais" de recursos humanos pelo RH dá lugar à descentralização, o que traz agilidade à empresa. Essas funções são executadas com o RH por meio do seu assessoramento quanto às melhores acções, tornando cada colaborador uma célula autônoma e cada área uma unidade de negócios. Acompanhando os constantes desafios propostos pelo mundo moderno, surge nas organizações proativas, juntamente com a desburocratização, um novo conceito de gestão de recursos humanos: a consultoria interna. A globalização da economia e a crescente competitividade do mercado vêm ocasionando uma verdadeira revolução na área de Recursos Humanos. No processo de consultoria interna de RH, os gerentes de linha atuam como elo de ligação entre os funcionários e a empresa de um modo geral. A idéia-base da consultoria interna de RH é tornar os consultores integrados ao business da empresa e os gerentes de linha como gestores de recursos humanos, de modo que cada um desenvolva-se, no seu papel, e agregue valor à organização. A racionalização das funções burocráticas da administração de pessoal (informatização ou terceirização) é um dos pontos-chave na consultoria interna, para destituir tanto o consultor quanto o gerente de linha de tais tarefas. Outra tendência, mesmo se tratando de um tema controvertido na área de recursos humanos, é a reengenharia que pode ser definida como uma estratégia de mudanças que visam tornar a empresa mais competitiva, através da adopção de medidas que alteram todas as operações e processos, como também em alguns casos, a própria estratégia empresarial. Ocorre a substituição dos processos manualizados por informatizados, e eles são integrados numa única cadeia. Processos que não se adequem às mudanças são substituídos ou até eliminados. A estrutura organizacional baseada em funções e com vários departamentos e níveis hierárquicos é substituída por um modelo mais ágil e menos burocrático. Lacombe (2006, p. 335) afirma que essa reestruturação nos processos tende a exigir maior qualificação das pessoas, pois elas devem executar atividades variadas e quase sempre complexas. Quase sempre haverá também mudança na cultura da empresa, com necessidade de reformular os valores prioritários e, em alguns casos, de trocar algumas pessoas e conseqüentemente haverá maior valorização das atividades que agregam valor ao produto ou serviço. Mas durante esse processo de implantação pode haver uma redução do pessoal e isso cria sérios problemas em termos de lealdade, identificação com a empresa e comprometimento e além da probabilidade de um demitido ir trabalhar para uma empresa concorrente e transferir para ela os conhecimentos adquiridos na empresa. Por fim o downsizing que segundo Lacombe (2006, p. 336) cria para as empresas os mesmo problemas que a reengenharia, com a diferença de que neste caso, o objetivo não é a reformulação dos processos, mas o corte de pessoal para diminuir o número de níveis hierárquicos e tentar obter maior flexibilidade. Este enxugamento de pessoal visa diminuir a burocracia utilizando a racionalização e a reestruturação que proporciona aumentar o valor acrescentado pela gerência e ao mesmo tempo diminuir os custos dela, alcançando maior produtividade. Esta optimização nos processos e diminuição dos custos já é sentida imediatamente a curto prazo, mas a longo prazo a empresa deve estar alerta para não ter perda de produtividade devido à falta de comprometimento que as pessoas tem em relação à empresa. Mas em qualquer reformulação de pessoal segundo Lacombe (2006, p. 336) é preciso considerar seus reflexos sobre os recursos humanos, especialmente sobre os sobreviventes do processo. Os problemas com o moral do pessoal e os prováveis reflexos na produtividade e na qualidade podem ter um custo maior do que a redução proporcional pela diminuição na folha de pagamento. Assim, muitas vezes, estas preocupações refletem apenas o impacto econômico, ignorando o aspecto psicológico levam as empresas a problemas que não são quantificáveis que podem fazer com que muitas delas retornem ao marco zero. Gestão por competências A gestão por competências é uma nova tendência da gestão de pessoas. Esta "nova" forma de gestão, na prática, desenvolve as seguintes atividades, como foi observado por Balceiro e Ávila apud Fleury e Fleury (2001, p.65): Captação de pessoas, visando adequar as competências necessárias às estratégias de negócio formuladas, as empresas buscam por pessoas que tenham um nível educacional elevado e, para tal, se valem de programas de trainees, por exemplo, considerados fundamentais para atrair novos talentos; Desenvolvimento de competências, visto que as empresas contam ainda com a possibilidade de desenvolver as competências essenciais dos indivíduos, através das mais diversas práticas, visando adequá-las às necessidades organizacionais; e Remuneração por competência, que é uma prática utilizada por empresas preocupadas em resguardar parte do conhecimento tácito de seus colaboradores e mantê-los nas organizações, e vem servindo para que empresas implantem novas formas de remuneração de seus empregados, dentre elas: participação nos resultados, remuneração variável e remuneração baseada nas competências desenvolvidas. De acordo com Silva (2005, p.27) as organizações proativas estão fazendo surgir um novo conceito: o de Gestão de pessoas através do sistema de Competências, uma tendência que está mudando rapidamente a maneira de se administrar pessoas e processos. A gestão de pessoas vem sendo redesenhada a partir de novos elementos, tal como a abordagem das estruturas organizacionais, da qual emerge, mais explicitamente, a necessidade de uma política voltada para a crescente importância das Competências no contexto organizacional. Desta forma a gestão por competênciastem ganhado cada vez mais espaço no ambiente corporativo. Ela pode ser feita a partir de um modelo que irá depender das características próprias de cada organização, mapeamento as competências organizacionais e profissionais de modo a identificar e estabelecer uma direta relação entre as competências individuais e a estratégia organizacional. A estratégia organizacional desempenha importante papel na definição do modelo e sistema de gestão por competências. Para realizar sua estratégia, a empresa mobiliza competências organizacionais, que constituem seu diferencial competitivo e vão determinar as competências individuais requeridas pela organização. O sistema de mensuração é desenvolvido como o objetivo de conhecer o que o colaborador possui em relação a conhecimentos, habilidades e atitudes (C.H.A) que possam estar correlacionadas ao plano estratégico da organização. Conhecimentos, Habilidades e Atitudes (C.H.A.) abrangem o profissional em todos os aspectos de sua actuação. Quando a empresa consegue entender quais elementos necessita para atingir suas metas, ela tem em mãos uma poderosa ferramenta para promover a melhoria de seus colaboradores, em função destas competências. Dessa forma, as competências agregam valores econômicos e sociais a indivíduos e organizações, na medida em que aliam os objetivos das empresas ao reconhecimento social sobre a capacidade das pessoas no exercício de suas atividades. Assim de acordo com Soares (2009) algumas fontes bibliográficas classificam a competências em dimensões, estas que são decorrentes de aplicações conjuntas. Para especificar melhor seguem as seguintes dimensões: Dimensão do Conhecimento O conhecimento é derivado da informação, que por sua vez é oriunda da junção de dados. Dados são formados da série de fatos ou eventos. O conhecimento vem do conhecer, saber, aprimorar, tornar claro aquilo que ainda não se conhece, ou que deseja conhecer mais afundo. Nas organizações a valorização do conhecimento deve ser estratégia fundamental para a execução das atividades. Tal dimensão permite que o conhecimento adquirido através de experiências e ou estudos diversos enriqueçam os procedimentos das organizações, embasem o trabalho através de informações. Dimensão da Habilidade A habilidade por sua vez está relacionada ao saber como fazer algo ou à capacidade de fazer de forma produtiva o conhecimento, praticar o que se conhece, o que significa instaurar tais conhecimentos e utilizá-los de forma produtiva na ação e execução. Todo conhecimento que temos é aperfeiçoado com a Habilidade. Com tal dimensão as pessoas podem buscar através de experiências anteriores técnicas apropriadas para solucionar determinadas situações. Nas empresas também deve haver um estímulo as habilidades das pessoas. Valorizar as acções de forma a encontrar soluções para o cotidiano organizacional e estimular que estas habilidades estejam interligadas ao conhecimento das pessoas. Dimensão da Atitude A atitude é o querer fazer, arriscar, se comprometer. A terceira dimensão, compete às pessoas das organizações relacionar os sentimentos de aceitação e rejeição dos próprios indivíduos, dos objetos ou situações. Tal dimensão está pontualmente ligada aos aspectos sociais e afetivos relacionados ao trabalho, comportamentos que temos diante de situações do nosso cotidiano e das tarefas que desenvolvemos no nosso dia-a- dia e estes aspectos podem afetar o comportamento das pessoas em relação a determinados eventos e decisões O sucesso na implementação deste tipo de gestão depende de uma metodologia de estudo de processos, aliada a um mapeamento das competências que estes exigem. Só assim é possível definir as competências que cada funcionário (ou grupo destes) necessita, estabelecendo critérios claros para avaliação, promoções e bonificações, além de treinamentos específicos, que visem melhorar a performance individual. Assim as organizações abordam a gestão por competência como fator estratégico e capaz de subsidiar variáveis e indicadores organizacionais. É importante salientar que a Gestão de Pessoas não ocorre apenas nos Departamentos de Recursos Humanos das organizações. Esta actividade deve ser vista pelos gestores das diversas unidades da companhia como parte do seu trabalho que, se realizado corretamente, permite a empresa atingir seus objetivos estratégicos com maior efetividade. Deve-se também sempre ter o cuidado para que o modelo adoptado por cada empresa tenha interligação com os subsistemas de gestão de RH, áreas funcionais e cargos que serão contemplados, uma vez que o não alinhamento com estes factores tornará inviável tal implantação. Gestão do conhecimento Segundo Lacombe (2006, p. 342) a gestão do conhecimento tornou-se ímpeto nos últimos anos em razão do aumento da importância do conhecimento como vantagem competitiva das organizações. Num mundo quase sem fronteiras, em que a mão-de- obra não qualificada está cada vez mais disponível e os recursos naturais dependem apenas de recursos financeiros para serem adquiridos num mercado global, o conhecimento passou a fazer a diferença para os países e organizações. Com o crescimento da importância da Gestão do Conhecimento, as empresas passam a se preocupar com o que sabem, o que precisam saber e, não menos importante, o que a concorrência sabe. Passa a ser cada vez mais importante identificar o impacto e a consistência do conhecimento no setor específico de empresa. Torna-se fundamental criar condições e apoiar o desenvolvimento e a comunicação desse conhecimento. A empresa passa a perceber a importância de transformar seu conhecimento em um ativo a serviço da organização, ao invés de apenas propriedade de indivíduos ou grupos internos. Na abordagem da Gestão do Conhecimento, o RH tem um papel fundamental e precisa urgentemente assumir um posicionamento ativo. Trata-se de uma mudança dentro de uma mudança. O contexto histórico mudou com a sociedade industrial da produção em massa e consumo em massa para, mais recentemente, a customização em massa. O ambiente competitivo da empresa mudou com a globalização dos mercados, a inovação tecnológica e suas múltiplas facetas e conseqüências. O enfoque do papel das pessoas na organização – e sobre o valor do seu conhecimento – mudou, demandando novas tecnologias de gestão. Outro factor que contribuiu para a gestão do conhecimento ganhar tanta atenção foi à facilidade de ordenar, armazenar, recuperar e disseminar informações proporcionadas pelas redes de computadores e softwares de gerenciamento dessas redes, com custos relativamente baixos. (Lacombe 2006, p. 342) Por trás do aumento da importância da gestão do conhecimento há um facto simples: uma quantidade enorme de conhecimento da organização não lhe pertence, e sim aos indivíduos que a compõe. Muitas vezes, quando alguém deixa a empresa, sua experiência desaparece com ele. (Lacombe apud Garvin 2006. p 342) Assim Lacombe (2006, p. 342) afirma que cada pessoas que sai leva consigo parte do conhecimento empresarial, que deveria estar registrado em algum lugar. Cada pessoa que entra deve possuir algum tipo de conhecimento que possa ser útil. No entanto, não podemos armazenar, numa rede de computadores, todos os conhecimentos que todas as pessoas da empresa possuem, não só pelo trabalho que daria, mas porque boa parte desse conhecimento não deve ser conhecimento útil para a organização. Desta forma o mapeamento de informações é essencial na Gestão do Conhecimento, pois sugere a busca de informações imprescindíveis e necessárias em diversos meios e lugares, assim facilitando o enquadramento das mesmas nas estratégias da empresa, permitindo aumento da produção intelectual. Segundo Oliveira (2009) apud Melo apud Murray, (2003, p. 35), "A Gestão do Conhecimento é uma estratégia que transforma bens intelectuais da organização– informações registradas e o talento de seus membros – em maior produtividade, novos valores e aumento de competitividade". Oliveira (2009) apud Melo, ainda explicita a fala de outro autor, dizendo: Gestão do Conhecimento é "uma visão, baseada no conhecimento dos processos de negócio da organização, para alavancar a capacidade de processamento de informações avançadas e tecnologias de comunicação, via translação da informação em ação por meio da criatividade e inovação dos seres humanos, para afetar a competência da organização e sua sobrevivência [sem grifo do original] em um crescente de imprevisibilidade" (Melo apud Malhotra, 2003, p.35). Assim de acordo Oliveira (2009), conclui-se que a Gestão do Conhecimento é um meio de estímulo onde as pessoas que trabalham nas organizações possam produzir informações e também as usufruírem. Com isso, o conhecimento se torna ferramenta essencial e indispensável ao crescimento das empresas e das pessoas. Mas dentro da área de recursos humanos, a gestão do conhecimento oferece uma ameaça e uma oportunidade. Como relata Teixeira Filho (2009) a ameaça é aquela que paira sobre todos na organização: é a ameaça da extinção para aqueles que não se adaptarem a esses tempos ultra-competitivos. Mas a oportunidade que se abre é a da retomada da valorização do papel do ser humano nas organizações, e com ela a importância da sua gestão. Afinal, o Conhecimento é indissociável da pessoa. 10.3 Aprendizagem Organizacional Segundo Santos et al (2009) o tema central da Gestão do Conhecimento é aproveitar os recursos que já existem na organização para que as pessoas procurem, encontrem e empreguem as melhores práticas em vez de tentar criar algo que já havia sido criado. Cuida de agregar valor às informações, filtrando, resumindo e sintetizando-as e, dessa forma, desenvolvendo um perfil de utilização pessoal que ajuda a chegar ao tipo de informação necessário para passar à ação. Através da aprendizagem contínua, a organização exercita a sua competência e inteligência coletiva para responder ao seu ambiente interno (objetivos, metas, resultados) e externo (estratégia). Nas "organizações que aprendem as pessoas expandem continuamente sua capacidade de criar resultados que elas realmente desejam, onde maneiras novas e expansivas de pensar são encorajadas, onde a aspiração coletiva é livre, e onde as pessoas estão constantemente aprendendo a aprender coletivamente" (Senge, 1999, p. 21). Numa economia baseada no conhecimento, a educação de pessoas se faz necessária para ampliar condições técnicas de trabalho e proporcionar maior rapidez na solução de problemas. De acordo com Lacombe (2006, p. 345) as organizações que aprendem são organizações com capacidade para criar, adquirir e transferir conhecimentos, bem como para modificar seu comportamento para refletir novos conhecimentos e discernimento. De acordo com Wey (2007) o RH pode contribuir positivamente através da adoção de iniciativas tais como: programas de sugestões, liderança participativa, aprendizado em equipe, times de empoderamento, grupos multidisciplinares de trabalho, sistemas de recompensa que não incentivem competição individual, e também em inovações tais como a criação de manuais de "lições aprendidas". Segundo Santos et al (2009) a organização que aprende possui a capacidade de, continuamente, criar o futuro que realmente deseja. Para isto, reflete sobre o desempenho atual e os fatores que o geram, pensa sobre os diversos futuros possíveis e qual entre eles é o desejado, e planeja e implementa as ações para se mover da situação atual para a desejada. …………………………………………………………………………………………… Actividades de Aprendizagem 1.Faça uma análise critica entre a Gestão clássica de Recursos Humanos e a actual Gestão de pessoas inserida num contexto onde a tecnologia de informação e comunicação, domina a estrutura das organizações. Faça um paralelismo com a questão de Burocracia e Descentralização. 2.Fale da Perspectiva Sistemica no contexto Organizacional e o papel que esta visão teórica representa na compreensão das organizações. 3.Distinga Gestao do Conhecimento da Gestão de competências. REFERENCIA BIBLIOGRAFICA BOCK, A.; al. Psicologias: uma introdução ao estudo da Psicologia. 7ª ed. São Paulo:Saraiva, 2001. BRILMAN, Jean; «As melhores práticas de gestão no centro do desempenho», Editora Sílabo, Lisboa 2000; págs. 377-392; BARANGER, P.; e tal, «Gestão», Editora Sílabo, Lisboa 1993; págs. 370- 375; CAMARA, Pedro B. Humanator: Recursos Humanos E Sucesso Empresarial. DOM QUIXOTE. Lisboa.2007 FIORELLI, J.O . Psicologia para administradores: integrando teoria e prática. ed. São Paulo: Atlas, 2001. GOULART, I. B & SAMPAIO, J. R. Psicologia do trabalho e gestão de recursos humanos: estudos contemporâneos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1998 CHIAVENATO, Idalberto “Recursos Humanos” Editora Atlas S.A, Edição Compacto 8ª Edição. São Paulo 1998 Internet: http://www.psicologia.com.pt acessado no dia 10 de Março de 2012 http://www.pmelink.pt acessado no dia 10 de Março de 2012