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Capítulo IV: Os Tecidos Urbanos ▪ Arquiteto e urbanista francês, nascido em 1940; ▪ Professor da Escola de Arquitetura de Versalhes, onde funda o Laboratório de Pesquisa História Arquitetônica e Urbana, Sociedades (LADRHAUS); ▪ Como Diretor científico do LADRHAUS, criou uma corrente de pesquisa sobre a cidade e as formas urbanas na intersecção da arquitetura, desenvolvendo análises sobre as cidades francesas, o Egito e as cidades brasileiras; ▪ Concebeu e realizou vários projetos urbanos tanto para novos bairros quanto para a modificação de bairros de habitação social quanto para o desenvolvimento dos novos centros. 2 ▪ Panerai busca com o livro, reconhecer a cidade, reconhecendo suas diferenças; ▪ Pois o intenso processo de urbanização das cidades após a segunda metade do século XX, mudou a paisagem urbana fugindo da lógica das cidades tradicionais; ▪ Assim, a análise urbana tem também o intuito de contribuir para a compreensão da cidade contemporânea; ▪ Panerai busca compreender as cidades através da soma: ▪ Da abordagem histórica; ▪ Da geografia; ▪ Do trabalho cartográfico; ▪ Da análise arquitetônica; ▪ Dos sistemas construtivos; ▪ Dos modos de vida. ▪ Pois tudo isto reforça a importância do desenho permitindo compreender e representar o fenômeno urbano. 3 ▪ Segundo Panerai, tecido urbano pode ser entendido como um esqueleto que organiza e mantem forte relação entre os elementos que o constitui, além de ter a capacidade de se adaptar , modificar e se transformar; ▪ O tecido urbano é constituído pela superposição de três conjuntos: ▪ A rede de vias; ▪ Os parcelamentos fundiários (lotes); ▪ As edificações. 4 O Tecido Urbano: o Cairo, centro antigo. ▪ A compreensão do tecido urbano deve ser concebida através da identificação de cada um desses elementos e pelo estudo de sua lógica e suas relações, indo além da relação entre a tipologia dos edifícios e a forma urbana, estudando suas variações; ▪ E conforme Panerai, os espaços públicos mais preponderantes atraem a implantação de monumentos; 5 Foto da Praça da Mãe Preta, com o Monumento na Rua Belo Horizonte, Três Rios (RJ). ▪ Conforme Panerai, entende-se como o espaço público sendo compreendido como a totalidade das vias: ruas, vielas, avenidas, praças, passeios e esplanadas, cais, pontes, rios, canais, margens e praias; ▪ Esse conjunto organiza-se em rede a fim de conceder a distribuição e a circulação; ▪ A rede é contínua e dotadas de hierarquias, ou seja, uma rua principal organiza uma porção do território urbano maior que uma viela ou rua local; ▪ Os jardins públicos constituem um caso particular e ambíguo. Pois ora são resultado do tratamento paisagístico de parte desse espaço público, ora são jardins privados. 6 As diferentes escalas do tecido: Cairo, centro antigo. ▪ O desenho desse grande esqueleto que engloba as vias mais importantes de um bairro pode ser estudado a partir: ▪ Das relações entre o traçado das vias e o elementos geográficos: relevo, tipo de solo, zonas inundáveis; ▪ Do papel das vias no conjunto urbano e regional; ▪ Da lógica geométrica dos traçados; ▪ Características como a largura das vias, as distâncias entre cruzamentos, os afastamentos entre ruas paralelas conferem propriedades ao tecido urbano de uma cidade. 7 Mapas das vias em traço constante: Léon (Espanha). ▪ Segundo Panerai, os recortes fundiários não se limitam aos edifícios, mas também compreende jardins, pátios, quintais, terrenos baldios e canteiros de obra; ▪ Tal elemento não é constituído por unidades homogêneas ou por quarteirões preestabelecidos; ▪ A relação entre rua e parcelas (lotes) é fundamental para a existência do tecido urbano, pois a rua conduz de um ponto a outro, de um bairro a outro ao mesmo tempo que dá acesso a outras ruas, além de estarem associados por lotes de um lado e de outro. 8 Barcelona e os resquícios do parcelamento rural no interior. ▪ A parcela (lotes) não é um terreno a ser ocupado de qualquer maneira, mas sim uma unidade de solo urbano organizada a partir da rua; ▪ As edificações podem estar no alinhamento do lote ou recuadas, podem ser geminadas ou isoladas, altas ou baixas, mas têm sempre a rua como referência; ▪ Tal submissão do construído ao espaço público tem duas consequências: ▪ Permitir que haja solidariedade entre edifícios, mesmo quando estes sejam de épocas ou tipos diferentes; ▪ Criar características diferenciadas no interior da parcela, que ocorrem em todos os lotes edificados. 9 ▪ A observação de uma porção de território urbano revela um ajuntamento de parcelas servidas por vias; ▪ Ao analisar uma planta cadastral é possível identificar as “famílias” de lotes, que são agrupados e com dimensões próximas: como a largura que dá para a via e profundidade que condicionam o edificado; ▪ Para uma análise mais detalhada algumas questões podem ser observadas, como: ▪ Existe apenas um ou numerosas famílias de parcelas? ▪ Os agrupamentos de parcelas semelhantes estão distribuídos pelo tecido ou estão ligados a determinadas vias, e quais? ▪ As diferenças dimensionais entre as famílias são pequenas ou grandes? 10 ▪ O parcelamento conserva a memória de estados anteriores do território, a marca de antigos usos do solo e de determinados limites. ▪ No Rio de Janeiro, por exemplo, a partir do ponto em que a topografia se torna excessivamente acentuada para as técnicas urbanísticas oficiais, as encostas são preteridas às favelas; ▪ Ou seja, onde as leis e diretrizes não são aplicadas nas edificações e na elaboração de espaços de públicos e/ou de convivência; 11 ▪ As parcelas fundiárias correspondem também aos elementos que combinados caracterizam e identificam um determinado tecido urbano, porem há elementos que seguem lógicas próprias, como o lote de esquina e o limite do fundo presente nos lotes; ▪ Mesmo quando dimensionados semelhantemente aos seus adjacentes, os lotes de esquina possuem propriedades diferentes como, o posicionamento de duas fachadas para a rua, sua viabilidade de compor uma série de soluções, podendo citar a divisão do lote de esquina pelo lado da rua secundária; maior versatilidade de projetos, e também nas condições de iluminação e ventilação desses, a condição de adoção de um parcelamento enviesado ou radial para assegurar a esquina e outros. 12 Tecido Urbano de San Bartolomeo em Veneza. Séc. XVI ▪ Diante do conceito da arquitetura, vista como um produto a ser produzido e oferecido para atender a demanda do homem, a cidade inteira pode ser vista como arquitetura, obras de artes, e artefatos. ▪ E é através de materiais como mapas e plantas cadastrais, que podemos observar essa imagem, é possível distinguir as espessuras das paredes, os acessos e corredores, o desenho dos pisos e até mesmo a projeção de abóbadas, comparar e identificar dimensões e padrões, e os modos de composição dos espaços públicos e privados, revelando também as estruturas monumentais de uma cidade em comunicação com o espaço público, assim como outros elementos urbanísticos. 13 ▪ A planta é essencial no que tange à representação da forma da cidade, mas a leitura que ele exerce pode impedir a percepção da dimensão vertical; ▪ A análise urbana deve proporcionar os meios para apreender e representar a topografia ou relevo. As curvas de níveis fornece uma base, mas nem sempre está disponível ou é confiável; ▪ E quando a mesma existe, é necessário interpretá-la, ou seja, é preciso selecionar as informações mais imprescindíveis, com propósito de relacioná-las com os desenhos viários e parcelares. 14 O Perfil e a Cidade. Cortes Transversais de Edimburgo. ▪ Partindo da topografia, podemos pensar em soluções técnicas da engenharia que facilitam sua utilização, quer valorizem ou negligencie os acidentes naturais, quer organizem o relevo com vistas à comodidade, à segurança ou à defesa; ▪ Os edifícios também introduzem a dimensão vertical, fato que não pode ser ignorado no estudo da estrutura urbana. Logo, uma planta indicando alturas,com valores cada vez maiores conforme se aumenta o número de pavimentos, revela lógicas de volumetria que se superpõem ao parcelamento. 15 Perfil da Casa de Vidro da Lina Bo Bardi, evidenciando às vistas e a terceira dimensão. ▪ A Carta de Atenas, produto da produção modernista de como se pensar a cidade, mostra a dissolução do tecido urbano, a perda de coesão entre suas partes, a autonomia do edifício e sobretudo, do sistema viário; ▪ Panerai, identifica que, nas cidades modernistas, as relações entre: A rede de vias; os parcelamentos fundiários e as edificações apresentam traços característicos; ▪ Pois um dos termos da relação vias/lotes construídos foi suprimido e a análise do tecido fica pautada à restrição de confronto do sistema viário/edificações reforçada por uma ordenação arquitetônica rígida; ▪ Assim, ao valorizar-se a escala rodoviarista; zoneamentos urbanos e a verticalização dos edifícios, perde-se a escala pedestriana, alterando bruscamente, a relação entre via/lote evidenciada por Panerai até o momento. 16 17 ▪PANERAI, P. Os Tecidos Urbanos. In: _____. Análise Urbana. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2006. Cap. IV. p. 77 – 97. 18 ▪ Faculdade Redentor – Paraíba do Sul; ▪ Disciplina: Morfologia Urbana; ▪ Período: 5º; ▪ Curso: Arquitetura e Urbanismo; ▪ Professor: Guilherme Meirelles; ▪ Alunos: ▪ Ana Beatriz Letícia Queiroga ▪ Fabrícia Teixeira Lilian Arruda ▪ Guilherme Laureano Rodrigo Martins ▪ Larissa Campos 19
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