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1 1 UNIVERSIDADE ESTACIO DE SÁ CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL LUCAS PAULINO DA SILVA ANÁLISE DOS ADITIVOS CONTRATUAIS EM OBRAS PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE MARACANAÚ – CE FORTALEZA 2023 � LUCAS PAULINO DA SILVA ANÁLISE DOS ADITIVOS CONTRATUAIS EM OBRAS PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE MARACANAÚ – CE Trabalho de conclusão de curso apresentado à banca examinadora como requisito parcial à obtenção do título de graduado em Engenharia Civil. Área de concentração: Gerenciamento de projetos. Orientador: AGRADECIMENTOS 4 FORTALEZA 2023 � 3 � A Deus, por sempre guiar meus caminhos. Aos meus pais, Leodoro Paulino e Eliude , principais responsáveis por esta con- quista, meus maiores apoiadores e incentivadores em toda caminhada da vida. Sou grato a minha esposa Daiany Nogueira que nunca me recusou amor, apoio e incentivo. Obrigado, todo o amor do meu coração, por compartilhar os inúmeros momentos de ansiedade e estresse. Sem você ao meu lado o trabalho não seria concluído. Aos meus companheiros de trabalho, em especial Lucas Paulino, Arthur Torres e Rafael Martins que além de colegas de trabalho se tornaram grandes amigos. Ao meu orientador , por toda a paciência e orientação durante a construção desse trabalho, não só em aspectos técnicos, mas também pessoais. Aos professores participantes da banca examinadora por aceitarem o convite de agregar e engrandecer este trabalho. A todos os meus professores da graduação, que fizeram parte da minha vida acadêmica e contribuíram na minha formação profissional. A todos que de alguma forma, ao longo desta jornada, compartilharam conhecimentos e contribuições à minha vida pessoal e profissional e colaboraram para a realização e conclu- são deste trabalho. � Obras públicas são responsáveis por grande parte do gasto anual do poder público no Brasil e representam, na maioria das vezes, obras atrasadas e paradas para a população. Diante disso, faz-se necessária a adoção de medidas para a conclusão de tais obras dentro dos prazos estipu- lados. No entanto, algumas falhas - como erros de projetos, falhas de execução e falta de pa- gamento – prejudicam o planejamento e favorece a utilização de aditivos contratuais. Muitos aditivos são previstos por lei e são limitados, porém pode-se encontrar obras com percentual aditivado alto, implicando em prejuízos ao município. O objetivo desse trabalho consistiu em analisar o percentual do valor dos aditivos contratuais dos serviços e obras de engenharia no município de Maracanaú – CE, durante os anos de 2020 e 2021, através de um estudo de caso. Ao todo foram analisadas estatisticamente 33 obras. Evidenciou-se, através deste trabalho, que os percentuais de aditivos nas obras entregues nos dois anos foi de R$1.031.912,78, cor- respondendo a 5,07% do valor inicial dos contratos. Dentre as 33 obras analisadas, 45% não possuíram aditivos em seus contratos. Isso se deve, provavelmente, à instituição de um proje- to básico bem executado e orçamentos bem elaborados. Logo, o presente trabalho é de extre- ma importância para os administradores públicos, de forma a contribuir na valorização de projetos básicos bem definidos e concretizados, que não acarretem em despesas extras para o município. Palavras-chave: Obra Pública. Aditivo Contratual. Orçamento. � RESUMO 5 Public works are responsible for a large part of the government's annual expenditure in Brazil and represent, in most cases, delayed and stopped constructions for population. In view of this, it is necessary to adopt measures for the completion of such constructions within the stipulated deadlines. However, some failures - such as project errors, execution failures and lack of payment - hinder planning and favor use of contractual additives. Many additives are provided by law and are limited, but you can find constructions with a high percentage added, resulting in losses to the municipality. The objective of this study was to analyze the percent- age of value of contractual additives for engineering constructions and services in municipali- ty of Maracanaú-CE, during years 2018 and 2019, through a field research and a case study. In total, 33 constructions were statistically analyzed. Through this study, it was evident that percentage of additives in constructions delivered in two years was R$ 1,031,912.78, corre- sponding to 5.07% of initial value of contracts. Among 33 constructions analyzed, 45% had no amendments to their contracts. This is probably due to institution of a well-executed basic project and well-prepared budgets. Therefore, present work is extremely important for public administrators, to contribute to valuation of well-defined and implemented basic projects, which do not result in extra expenses for the municipality. Keywords: Public Construction. Contract Amendment. Budget. � Figura 1 – Fluxograma esquemático da metodologia implementada no estudo ........ 15 Figura 2 – Composição de custos para alvenaria estrutural ....................................... 18 Figura 3 – Curva de experiência ABC ou 80-20 ........................................................ 19 Figura 4 – Precisão do orçamento em função do estágio de desenvolvimento do projeto ....................................................................................................... 19 Figura 5 – Percentual de erro em relação ao estágio de desenvolvimento do projeto 20 Figura 6 – Conjunto de instruções empregadas na licitação e contratação de obras públicas ..................................................................................................... 21 Figura 7 – Fases do processo licitatório ..................................................................... 23 Figura 8 – Etapas do sistema de contratação de uma obra pública ............................ 24 Figura 9 – Impactos da alteração de projeto .............................................................. 25 Figura 10 – Limites estabelecidos para aditivos contratuais ....................................... 26 Figura 11 – Localização do município de Maracanaú-CE ........................................... 27 Figura 12 – Fluxograma do processo de licitação ........................................................ 28 Figura 13 – Exemplo de aditivo contratual de uma obra realizada em Maracanaú-CE 29 � Gráfico 1 – Gráfico 2 – Percentual de aditivos contratuais das obras de 2018 e 2019 ...................... Percentual de aditivos contratuais das obras de 2018 e 2019 dentro dos 35 limites estabelecidos pelo estudo estatístico ................................................ 36 Gráfico 3 – Distribuição dos valores dos aditivos no ano de 2018 ................................. 36 Gráfico 4 – Distribuição dos valores dos aditivos no ano de 2019 ................................. 37 Gráfico 5 – Percentual de obras aditivadas e não-aditivadas analisadas ......................... 37 � 6 ABSTRACT Quadro 1 – Principais tipos de irregularidades encontradas pelo TCU ....................... 12 Quadro 2 – Modalidades de licitação previstas no setor público ................................. 22 Quadro 3 – Obras realizadas no ano de 2018 no município de Maracanaú-CE .......... 30 Quadro 4 – Obras realizadas no ano de 2019 no município de Maracanaú-CE .......... 31 Quadro 5 – Percentuais de aditivos contratuais das obras realizadas no ano de 2018 33 Quadro 6 – Percentuais de aditivos contratuais das obras realizadas no ano de 2019 34 � BDI Benefícios e Despesas Indiretas CONFEA Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia CREA Conselho Regional de Engenharia e Agronomia FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística LDO Lei de Diretrizes Orçamentárias MPOG Ministério do Planejamento,Desenvolvimento e Gestão SEINFRA Secretaria de Infraestrutura do Estado do Ceará TCU Tribunal de Contas da União � SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 12 1.1 Justificativa 13 1.2 Objetivos 14 1.3 Metodologia 14 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 16 2.1 Projeto básico 16 2.2 Orçamento 17 2.3 Licitações públicas 20 2.4 Obras públicas 23 2.5 Aditivo contratual 25 2.6 Considerações finais 26 3 ESTUDO DE CASO 27 3.1 Coleta de dados 29 3.2 Aditivos contratuais 32 3.3 Considerações finais 38 4 CONCLUSÕES 39 REFERÊNCIAS 40 � 7 LISTA DE FIGURAS 1 INTRODUÇÃO De acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU), obra pública tem por definição toda construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação de bem público (TCU, 2013). As obras públicas no Brasil são alvos de grandes investimentos dos governos federais, estaduais e municipais. Porém, nem sempre a população enxerga como algo benéfico, devido ao histórico de atrasos, transtornos e superfaturamento que carregam. É possível observar em diversos locais a quantidade de obras inacabadas e abandonadas, o que reforça a ideia da população sobre o descaso do governo e das empreiteiras com as obras públicas. Desta forma, a fiscalização exerce um papel fundamental no cumprimento e execução destas obras. No entanto, devido à grande demanda das mesmas, não torna-se algo fácil de ser implementada e executada. Neste sentido, o TCU exerce um papel fundamental, sendo responsável por realizar auditorias em obras que recebem recursos federais. Devido ao grande número de obras no país, o TCU se ancora sob a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para selecionar as obras a serem fiscalizadas. As principais irregularidades encontradas pelo TCU em obras públicas estão descritas no quadro abaixo (Quadro 1). Quadro 1 – Principais tipos de irregularidades encontradas pelo TCU Fiscalizações de obras em 2008 Tipo de Irregularidade Grave Categoria "P" (IG-P) Sobrepreço Irregularidades graves concernentes ao aspecto ambiental Demais irregularidades graves no processo licitatório Superfaturamento Projeto básico/executivo deficiente ou inexistente Alterações indevidas de projetos e especificações Administração irregular de contratos Projeto básico/executivo deficiente ou inexistente com risco de dano ao erário Projeto básico/executivo deficiente ou inexistente ocasionando possível nulidade do processo licitatório ou do contrato Execução orçamentária irregular Fonte: TCU – Acordão nº 1469/2008 Segundo o TCU, as principais irregularidades encontradas são licitação irregular, superfaturamento, sobrepreço, falta de projeto básico e executivo, alterações indevidas do � projeto e problemas ambientais (TCU, 2013). Erros de identificação e, principalmente, de mudanças no projeto acarretam mudanças no orçamento, gerando um retrabalho desnecessário. Logo, cabe a empreiteira contratada realizar uma análise da viabilidade da obra, de forma a evitar prejuízo ou aditivos contratuais. Desse modo, torna-se necessário que os órgãos contratantes possuam uma equipe com experiência em elaboração e orçamento de projetos, a fim de evitar maior custo e perda de tempo. Segundo Losso (1995), durante a elaboração das planilhas orçamentárias dos órgãos contratantes, são necessários experiência técnica e maior cuidado por parte do profissional que as elabora, visto que trata-se de um referencial de custos da mais alta importância. Os aditivos contratuais geram para os cofres públicos um imenso prejuízo, uma vez que constituem gastos inesperados ao orçamento. Diante da necessidade de um empenho de crédito, um desequilíbrio econômico pode ser desencadeado, tanto por parte do governo, 8 LISTA DE GRÁFICOS 9 quanto da empreiteira contratada, acarretando atrasos na obra e transtornos para a população. De acordo com Gomes (2007), há duas principais causas para os atrasos em obras pú- blicas: projetos incompletos ou mal formulados. Ambos geram aditivos e atrasam, por parte do contratante, o pagamento das medições. Altounian (2012) reforça que um orçamento bem elaborado tem a intenção de minimi- zar ao máximo a ocorrência de aditivos contratuais. Por essa razão, afixam-se recomendações a fim de minimizar possíveis alterações no detalhamento do projeto executivo. 1.1 Justificativa Como foi visto anteriormente, os aditivos contratuais geram inúmeros transtornos, tan- to aos órgãos públicos, quanto à população de forma geral. Com o aumento de gastos oriun- dos dos aditivos, o governo entra em desconformidade financeira, necessitando retirar recur- sos de outra esfera governamental para suprir o acréscimo nas obras públicas. Além disso, a falta de disponibilidade imediata de recurso monetário acarreta em atra- sos na execução, pois muitas empreiteiras ingressam no ramo de obras públicas sem a menor estrutura financeira, ou seja, contando na maioria das vezes com o dinheiro que irá receber por medição para executar as próximas etapas da obra. O atraso proveniente dos aditivos, que por muitas vezes se faz necessário, possibilita que muitas delas abandonem os canteiros, ocasionando vários retrocessos nas etapas das obras que já foram concluídas. Logo, visando minimizar tais prejuízos, a análise dos aditivos con- tratuais torna-se indispensável para prover soluções e melhorias ao orçamento público. � Neste trabalho, foram realizadas análises dos aditivos contratuais no município de Ma- racanaú-CE. A análise destes aditivos permitirão um bom planejamento futuro com o uso des- tes dados, o que favorecerá uma redução de custo significativa para o governo. 1.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo geral Analisar o percentual do valor dos aditivos contratuais em obras públicas, no município de Maracanaú – CE, durante os anos de 2020 e 2021. 1.2.2 Objetivos específicos Como objetivos específicos tem-se: - Analisar as etapas de planejamento e orçamento das obras; - Identificar o impacto dos aditivos no orçamento do município; - Encontrar o percentual de aditivos no contrato; - Usar os dados coletados para se chegar aos valores gastos pelo município. 1.3 Metodologia Foram inicialmente feitos estudos bibliográficos, em textos técnicos, monografias, dis- sertações e artigos científicos. A presente pesquisa trata-se de um estudo de caso, caracterizado por uma investigação prática a qual analisa um objeto dentro do seu contexto da realidade (YIN, 2001). Neste tipo de pesquisa é levada em consideração a representatividade numérica, logo, é considerada um LISTA DE QUADROS 10 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS estudo quantitativo (GOLDENBERG, 1997). O caminho metodológico seguido até a conclusão do estudo encontra-se ilustrado na fi- gura 1, a seguir. � Figura 1 - Fluxograma esquemático da metodologia implementada no estudo Fonte: Elaborado pelo autor Os dados foram coletados na Secretaria de Infraestrutura (SEINFRA) do município de Maracanaú-CE. Foram analisadas as obras entregues no período de 2020 a 2021, comparan- do-se o valor licitado e o valor final da obra, a fim de investigar se houve algum aditivo ou supressão do valor. Todos os dados coletados foram organizados em arquivos que poderiam ser consultados em caso de necessidade. � 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Para compreender o que é proposto no tema, faz-se necessário uma fundamentação teórica dos principais pontos que o presente estudo irá abordar. Inicialmente, será introduzido sobre o projeto básico e sua importância para a obra pú- blica. Em seguida, abordar-se-á sobre orçamento de obra e Lei Orçamentária Anual, além de sua importância para o decorrer das etapas de execução. Licitações públicas e seus diferentes tipos, de acordo com a Lei brasileira 8.666/93, serão o terceiro assunto abordado. O quarto assunto constituirá uma introdução sobre obras públicas, classificando-as de acordo com sua responsabilidade e importância. A quinta parte desta seção será o ponto mais importante do trabalho, no qual será discutido sobre aditivoscontratuais, onde e quando po- demos utilizá-los, além de todos os retrocessos que ocasionam nas obras. Ao final do capítulo será feita uma breve consideração sobre todos os assuntos apresentados. 2.1 Projeto básico Na resolução 361 do CONFEA de 10 de dezembro de 1991, o projeto básico represen- ta um conjunto de elementos que compõem obras e serviços de um empreendimento, com características definidas, no intuito de estimar prazo e custo de execução (BRASIL, 1991; MOTTA, 2002). Tisaka (2009) esclarece que o projeto básico compreende a elaboração de desenho, es- pecificações técnicas de materiais e serviços, pré-orçamento, indicação dos métodos constru- tivos, critérios e normas para medição, pagamento dos serviços e cronogramas da obra. Segundo Altounian (2012), tal ferramenta é a peça-chave para a condução da licitação, uma vez que a legislação estabelece como um requisito obrigatório para o processo licitatório a existência desse documento. Falhas durante esta etapa trarão enormes dificuldades ao geren- ciamento das obras, principalmente sob os aspectos de prazo, custo e qualidade. O projeto básico é fundamental no processo licitatório de uma obra, além de cumprir 11 um papel importante na confecção do projeto executivo. Segundo Motta (2002), o que difere ambos os projetos, é que no projeto básico define-se a finalidade e as características do objeto licitado, cabendo ao projeto executivo o detalhamento da execução das obras. � 2.2 Orçamento É de grande importância para execução da obra um orçamento bem realizado, visan- do ao máximo a diminuição de prejuízos inesperados. De acordo com Mattos (2006), a pri- meira etapa de quem se dispõe a realizar um projeto é estimar quanto ele custará. Logo, a pre- ocupação com os custos deve ser precoce, ainda antes do início da obra, ou seja, na fase de orçamentação. Segundo o TCU (2013), o orçamento-base para um processo licitatório tem como principal objetivo servir de parâmetro para a administração pública fixar critérios de admissi- bilidade de preços (total e unitários) no edital. Tais critérios constituirão o principal parâmetro na avaliação de propostas das empresas que participam da fase externa da licitação. Na preparação do orçamento detalhado é preciso computar as despesas diretas e indi- retas e a remuneração da construtora. Além disso, deve-se estimar o custo direto da obra, o custo unitário dos serviços, levantar com precisão os quantitativos desses serviços e conhecer quais serviços necessários para a execução da obra e que estão contidos nos projetos, memori- ais descritivos e especificações técnicas. Em obras públicas, o orçamento torna-se primordial, pois as empresas buscam ao máximo diminuir valores, no intuito de possuir um preço competitivo, no entanto, sem deixar de lado o lucro (MATTOS, 2006). De modo geral, o orçamento é a determinação dos gastos indispensáveis para a realização de um projeto, gastos esses traduzidos em termos quantitati- vos e de acordo com o plano de execução estabelecido anteriormente (LIMMER, 1997). Mattos (2006) salienta que por ser a base da fixação do preço do projeto, a orçamen- tação torna-se uma das principais áreas no negócio da construção. Portanto, conclui-se que é um dos pilares para um processo licitatório, fornecendo maior controle e gestão sobre a obra, gerando transparência dos gastos e tornando-se objeto de contestação frente a outros docu- mentos (CARDOSO, 2011). Um elemento importante para a elaboração de um orçamento constitui o Benefícios e Despesas Indiretas (BDI), onde são anexados todos os gastos referente a obra. Segundo Tisa- ka (2006), a composição do BDI deverá conter todos os itens referentes ao custo direto da administração central, tributos federais e municipais, além de estimativa de lucro, custos fi- nanceiros e taxas de riscos por eventuais falhas de projeto. Para Dias (2003), o orçamento é composto pela soma dos custos direto e indireto, dos impostos, das despesas e do lucro previsto. Complementando, Xavier (2008) afirma que o � custo direto constitui os serviços a serem feitos na obra. Logo, engloba a mão de obra produ- tiva, salários e encargos sociais, equipamentos, segurança, despesa da obra com abastecimen- to, materiais, dentre outros. De acordo com a figura 2, pode-se analisar, por exemplo, a composição de custos pa- ra alvenaria estrutural em blocos de concreto. 41 Figura 2 – Composição de custos para alvenaria estrutural Fonte: SEINFRA (2020) Como mostra a figura 2, em toda a composição de preço estão inclusos insumos (ma- teriais, mão de obra e equipamentos, quando necessário) e seus devidos coeficientes e custos, além dos encargos sociais que incidem sobre a mão de obra, totalizando o valor final do servi- ço, que denomina-se, então, de custo unitário. Para Baeta (2012) uma ferramenta valiosa para categorização e busca de falhas em um orçamento é a curva ABC, representada na figura 3. Na classe A, 20% dos itens de uma obra compreendem, em média, a 80% do seu valor total. Ainda segundo o mesmo autor, na classe B, 30% dos itens a serem utilizados na obra correspondem a 15% do custo total, e na classe C, metade dos itens representam 5% do custo total. � Figura 3 – Curva de experiência ABC ou 80-20 Fonte: Baeta (2012) Orçamentos são passíveis de erros. Por esse motivo, há uma margem em que o orça- mento pode alocar-se, de acordo com o tipo de projeto apresentado (TCU, 2013). Como apre- sentado na figura 4 e 5, quanto maior o detalhamento do projeto, menor a margem de erro do orçamento. Figura 4 – Precisão do orçamento em função do estágio de desenvolvimento do projeto 41 Fonte: TCU (2013) � Figura 5 – Percentual de erro em relação ao estágio de desenvolvimento do projeto Fonte: Baeta (2012) Conforme visto na figura 5, o trecho 1 corresponde ao anteprojeto. Em sua previsão de custo, há uma margem de erro de 25% a 50%, positivo ou negativo. Assim, conclui-se que para a fase preliminar do estudo de viabilidade, a estimativa não torna-se eficiente. No trecho 2, observa-se um projeto mais elaborado, que pode ser considerado um projeto básico, o qual a margem de erro varia de 15% a 25%. Já o trecho 3 pode vir a ser definido como um projeto executivo, caracterizado por um maior detalhamento e fidelidade à previsão de custo, diminuindo a margem de erro a 10% e 15%. Na última e quarta etapa, tem-se o projeto completo, no entanto, não livre de percentual de erro, que ainda varia entre 5% a 10% (BAETA, 2012). 2.3 Licitações públicas Para o TCU (2013), licitações são procedimentos formais nos quais o poder público convoca, por meio de condições estabelecidas, empresas interessadas na apresentação de pro- postas para o oferecimento de bens e serviços. Estes procedimentos têm como amparo a Lei Federal nº8666/93, a qual permite que a administração pública licite, quando houver necessi- dade, a compra de bens, execução de obras, prestação de serviços, alienações e locações. Mattos (2006) declara que a licitação pública representa uma regra padrão, que deve ser seguida para qualquer aquisição ou venda do poder público. Tal ordem de atos a serem � 41 cumpridos pela administração pública e pelos licitantes proporciona igualdade aos interessa- dos e cumprimento de todos os princípios de eficiência. Santos et al. (2002) afirma que de acordo com o modelo brasileiro de administração pública, o processo licitatório é indispensável para a contratação de obras e serviços de enge- nharia. O mesmo deve ser gerido de acordo com a Lei 8.666/93, que dirige as normas e pro- cedimentos a serem seguidos nas contratações públicas. No entanto, deve-se tomar como refe- rência não somente esta lei, mas também atos dos Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia (CREAs), assim como outras leis e decretos (Figura 6). Figura 6 – Conjunto de instruções empregadas na licitação e contratação de obras públicas Fonte: Santos et al. (2002) Há seis modalidades de licitação previstasno setor público, cada uma com um proces- so licitatório diferente. São elas: Concorrência, Tomada de Preços, Carta Convite, Concurso, Leilão e Pregão. A escolha da modalidade é realizada de acordo com o valor estimado no con- trato, bem como de acordo com a complexidade do objeto (ALTOUNIAN, 2012). O quadro a seguir apresenta os tipos de licitação pública de acordo com os valores a serem licitados (Quadro 2). � Quadro 2 – Modalidades de licitação previstas no setor público MODALIDADES OBRAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA COMPRAS E SERVIÇOS Convite Até R$ 150.000,00 Até R$ 80.000,00 Tomada de preços Até R$ 1.500.000,00 Até R$ 650.000,00 Concorrência superior a R$ 1.500.000,00 superior a R$ 650.000,00 Leilão Para alienação de bens móveis inservíveis ou produtos apreendidos legalmente; para alienação de bens imóveis adquiridos por processos judiciais Concurso Para escolha e trabalho cientifico, tecnico ou artístico. Pregão Para contratação de bens ou serviços comuns. Fonte: Adaptado de Altounian (2012) 41 41 De acordo com o quadro 2, em obras com valor superior a R$ 1.500.000,00 utiliza-se o método de concorrência. Já para obras com valores entre R$ 1.500.000,00 e R$ 150.000,00, a licitação é realizada através da tomada de preços. O método de carta convite é utilizado para licitar valores inferiores a R$ 150.000,00 e os métodos de leilão, pregão e concurso são moda- lidades que não dependem do valor e sim do objeto a ser licitado. Jereissati (2011) afirma que é papel da administração pública elaborar um edital da li- citação abordando todos os requisitos necessários para a licitação, incluindo orçamento deta- lhado do projeto, projeto básico, critérios de preços, modalidade de execução, previsão dos recursos orçamentários para a obra e requisitos de habilitação para a empresa vencedora, tudo em conformidade com a Lei Nº 8.666/93. De forma geral, o processo licitatório é composto por três fases, que são as fases pre- liminar, interna e externa, conforme descrito na figura 7. � Figura 7 - Fases do processo licitatório Fonte: Adaptado do TCU (2013) A fase interna é desenvolvida pela administração pública até a publicação do edital ou entrega do convite. A fase externa inicia-se a começar da publicação do edital até o contrato do empreendimento. Já a fase preliminar consiste na etapa de desenvolvimento dos estudos de viabilidade do início da licitação. A fase contratual compreende da assinatura do contrato até o recebimento e a fase posterior à contratação vem logo após o recebimento da obra. Esta úl- tima, não menos importante que as outras, têm a função de manter o funcionamento do em- preendimento de forma prevista em projeto. 2.4 Obras públicas A Lei Federal nº 8.666/93, art. 6º, inciso I, define obra como “toda construção, refor- ma, fabricação, recuperação ou ampliação, realizada por execução direta ou indireta” (BRA- SIL, 1994). Segundo o TCU (2013), uma obra pública é realizada de forma direta quando o próprio órgão a realiza por seus meios. Já quando a contratação de terceiros é realizada por meio de processos licitatórios, a mesma é considerada indireta. Altounian (2012) afirma que para execução de uma obra pública, o cuidado deve ser redobrado, levando em consideração que o conjunto de leis, fiscalizações e normas ampliam consideravelmente. O controle das obras públicas na área contábil e jurídica é realizado pelo � 41 TCU, órgão que verifica o cumprimento do contrato firmado entre a empreiteira e o Estado. Tal fiscalização tem o intuito de averiguar se o dinheiro destinado a obra está sendo emprega- do corretamente e em favor da sociedade (TCU, 2013). Para Meirelles (2010), existem quatro modalidades de obras públicas: edifícios públi- cos (repartições públicas, hospitais e escolas entre outros); empreendimentos de utilidade pú- blica (rodovias, canais, aeroportos, portos, pontes, obras de saneamento, usinas de geração de energia e construções de interesse coletivo); equipamento administrativo (instalações e equi- pamentos para o serviço administrativo); e equipamento urbano (avenidas, estádios, praças e calçamentos, redes de energia elétrica, túneis, viadutos). As etapas a serem cumpridas por uma obra pública estão divididas e ilustradas na figu- ra 8. A fase interna corresponde do programa de necessidade até o projeto executivo, no sen- tido horário. Já a fase externa abrange a licitação. Na fase de execução, engloba-se todas as fases de contrato e entrega da obra e por fim, tem-se a fase de controle e manutenção. Figura 8 – Etapas do sistema de contratação de uma obra pública Fonte: Jereissati (2011) Nogueira (2008) relata que obras públicas de boa qualidade e funcionais são funda- mentais para o desenvolvimento do país. Sem as mesmas não haveria sistemas de água, ener- gia, vias públicas, saneamento e hospitais, por exemplo. Para o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) é preciso que o po- der de investimento do governo seja alocado em setores estratégicos e relevantes para o de- senvolvimento social, cultural, econômico e ambiental, a fim de maximizar os recursos e mi- � nimizar perdas (BRASIL, 2010). Logo, um bom uso do investimento deve ser primordial, visando sobretudo a necessidade da população, evitando gastos em obras desvantajosas para os cidadãos. 2.5 Aditivo contratual De acordo com Rolim (2001), mudanças quantitativas ou qualitativas alteram o valor contratual, modificando a quantidade de itens, porém, mantendo seus preços unitários. A esta alteração dá-se o nome de aditivo contratual. De forma geral, as alterações que aditam o con- trato englobam a inclusão de serviços e o reajuste de preços, que quando realizadas durante a execução da obra trazem muitos transtornos, resultando em alteração do prazo e do valor or- çado (JEREISSATI, 2015; SANTOS et al., 2014). Os impactos da alteração de projeto estão descritos na figura 9. 41 Figura 9 - Impactos da alteração de projeto Fonte: Altounian (2012) Para Gomes (2007), as duas principais causas para atrasos em obras públicas são atra- sos nos pagamentos de medições por parte do governo e projetos mal formulados. Segundo as normas do TCU (2013), contratos podem ser alterados ou aditados por diversos motivos. O que mais se destaca é a alteração do projeto para uma melhor adequação do empreendimento aos seus objetivos. Os aditivos podem ser de prazo ou de valor. Segundo o art. 57º da Lei 8.666/93, os prazos podem ser prorrogados desde de que as cláusulas contratuais sejam mantidas, podendo � ser modificados nas seguintes situações: alteração do projeto ou alguma especificação feita pela administração; interrupção da execução do contrato ou redução do ritmo por interesse da administração; atraso ou omissão de pagamento por parte da contratante; aumento das quanti- dades previstas em contrato, dentre outros (BRASIL, 1994). Portanto, em caso de alterações dos serviços contratados, o pagamento realizado por parte da administração só poderá ser executado após a realização do aditivo contratual. Caso contrário, o valor pago será considerado como antecipação do pagamento, como pode ser ob- servado na Lei Nº 8.666/93 evidenciado, no parágrafo 1º do art. 65 Os limites máximos estabelecidos para aditivos contratuais em obras, serviços ou compras ou reformas de edifício ou equipamento estão ilustrados na figura 10. Figura 10 - Limites estabelecidos para aditivos contratuais Fonte: Altounian (2012) Logo, pode-se inferir que aditivos contratuais são toda e qualquer alteração do contra- to original, sejam acréscimos ou supressões no valor do orçamento ou nos prazos de execu- ção, e constituem processos que, muitas vezes, ocasionam atrasos e retrocessos nas obras, requerendo cada vez mais um cuidado especial na elaboração do orçamento inicial. 2.6 Considerações finais Concretizados os estudos que concluíram a fundamentação teórica deste trabalho, foi realizada uma breve análisesobre projeto básico, orçamento, obra pública, licitação e aditivos 41 contratuais. � 3 ESTUDO DE CASO O município de Maracanaú-CE está localizado na região metropolitana de Fortaleza - CE, distando cerca de 20 km do Centro (Figura 11). Possui população estimada de 229.458 habitantes, área territorial de 105,071 km² (IBGE, 2020) e seu produto interno bruto (PIB) é de R$37.977,92 (IBGE, 2017), representando um importante polo industrial para o estado do Ceará. O município contém obras nos mais diversos setores, tais como educação, saúde, es- porte, lazer, infraestrutura, entre outros. Figura 11 - Localização do município de Maracanaú-CE Fonte: Google Maps (2020) O presente trabalho consiste em uma análise dos aditivos contratuais de um total de 47 obras realizadas no município, visando apenas os valores dos contratos e não os motivos pelos quais foram aditivados, tratando-se, assim, de uma pesquisa quantitativa. As informações ne- cessárias foram extraídas da SEINFRA de Maracanaú-CE mediante autorização e tais dados também encontram-se disponíveis no Portal da Transparência do município. Dois setores são responsáveis pelas obras do município, são estes: setor de orçamento e projeto e setor de fiscalização. O setor de orçamento e projeto tem um quadro de funcioná- rios formados por engenheiros, arquitetos e técnicos e configuram o setor de execução dos orçamentos e projetos das obras. � Alguns projetos são elaborados pelos próprios arquitetos do setor, desde que haja uma demanda e ela seja comprovada, como em construções ou reformas de escolas, postos de saú- de ou praças, que configuram projetos e orçamentos iniciados do “zero”, necessitando de um grande empenho da equipe responsável. Já outros projetos são padronizados e apenas reade- quados para a realidade do município, como nos casos de algumas obras do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE). Com os projetos e orçamentos prontos e caso haja verba e recursos, é dada continuida- de aos trâmites da licitação, como exemplificado no fluxograma abaixo (Figura 12). 41 Figura 12 – Fluxograma do processo de licitação Fonte: Elaborado pelo autor O setor de fiscalização possui um quadro de funcionários formado por engenheiros, técnicos e estagiários. As obras do município são divididas entre os engenheiros de modo que possam ser realizadas as fiscalizações. O setor de fiscalização tem papel muito importante de garantir que a empreiteira siga o projeto fielmente, além de acompanhar as medições e atestar que a solicitação da empresa foi executada. Nesse setor também são realizados os possíveis aditivos contratuais, mediante aprova- ção do fiscal responsável, caso seja observado alguma necessidade que não foi alocada em orçamento. Um modelo de aditivo contratual é retratado na figura 13, a seguir. � Figura 13 – Exemplo de aditivo contratual de uma obra realizada em Maracanaú-CE Fonte: Maracanaú/SEINFRA (2020) 3.1 Coleta de dados Para a análise deste trabalho, foram coletados dados referentes a 47 contratos de obras entregues entre o período de 2020 e 2021. Os dados analisados estão disponíveis no setor de fiscalização para futuras consultas. As informações foram analisadas tomando seu valor de contrato inicial e adicionando seus aditivos, caso existissem. Foram realizadas 32 construções e 15 reformas, o que implica diretamente com a análise dos resultados. Como já foi visto, reformas permitem até 50% de aditivo, já construção apenas 25%. Os quadros 3 e 4 demonstram as obras que foram analisadas neste estudo e os respec- tivos valores de contrato inicial e final, dos anos de 2020 e 2021. A análise dos valores inicial e final das obras demonstra que algumas obras sofreram alterações de valores devido aos adi- tivos contratuais. � Quadro 3 – Obras realizadas no ano de 2018 no município de Maracanaú-CE 41 2018 OBRA VALOR INICIAL DO CONTRATO VALOR FINAL DO CONTRATO Obra 1 R$ 420.852,77 R$ 494.579,62 Obra 2 R$ 490.723,22 R$ 494.985,81 Obra 3 R$ 149.268,12 R$ 168.723,01 Obra 4 R$ 260.307,40 R$ 258.812,59 Obra 5 R$ 894.474,17 R$ 927.940,92 Obra 6 R$ 228.954,49 R$ 228.954,49 Obra 7 R$ 206.970,49 R$ 206.970,49 Obra 8 R$ 251.349,78 R$ 236.862,68 Obra 9 R$ 845.270,64 R$ 845.270,64 Obra 10 R$ 727.170,91 R$ 586.559,22 Obra 11 R$ 347.603,93 R$ 501.953,13 Obra 12 R$ 1.334.150,92 R$ 1.397.573,66 Obra 13 R$ 108.349,67 R$ 162.480,11 Obra 14 R$ 45.614,32 R$ 40.038,96 Obra 15 R$ 45.685,25 R$ 40.060,10 Obra 16 R$ 42.816,35 R$ 37.382,55 Obra 17 R$ 48.326,28 R$ 42.691,99 Obra 18 R$ 45.058,60 R$ 39.593,98 Obra 19 R$ 45.913,23 R$ 40.256,34 Obra 20 R$ 47.401,63 R$ 41.884,24 Obra 21 R$ 651.699,23 R$ 651.699,23 Obra 22 R$ 443.263,11 R$ 452.562,69 TOTAL R$ 7.681.224,51 R$ 7.897.836,45 Fonte: Elaborado pelo autor � Quadro 4 – Obras realizadas no ano de 2019 no município de Maracanaú-CE 2019 OBRA VALOR INICIAL DO CONTRATO VALOR FINAL DO CONTRATO Obra 1 R$ 64.871,19 R$ 64.871,19 Obra 2 R$ 1.462.561,18 R$ 1.516.198,46 Obra 3 R$ 38.562,54 R$ 38.562,54 Obra 4 R$ 48.739,80 R$ 60.922,55 Obra 5 R$ 50.775,58 R$ 50.775,58 Obra 6 R$ 40.234,41 R$ 40.234,41 Obra 7 R$ 138.005,95 R$ 162.550,05 Obra 8 R$ 30.725,21 R$ 29.471,81 Obra 9 R$ 223.134,73 R$ 223.134,73 Obra 10 R$ 701.440,79 R$ 690.055,38 Obra 11 R$ 76.586,69 R$ 114.880,03 Obra 12 R$ 1.115.976,87 R$ 1.159.067,58 Obra 13 R$ 3.131.556,86 R$ 3.586.411,47 Obra 14 R$ 528.557,87 R$ 528.557,87 Obra 15 R$ 2.358.948,34 R$ 2.358.948,34 Obra 16 R$ 229.623,01 R$ 229.623,01 Obra 17 R$ 29.368,18 R$ 44.022,53 41 41 Obra 18 R$ 26.020,61 R$ 39.017,43 Obra 19 R$ 1.334.150,92 R$ 1.397.573,66 Obra 20 R$ 463.527,86 R$ 556.727,66 Obra 21 R$ 379.726,24 R$ 463.817,30 Obra 22 R$ 431.278,16 R$ 431.278,16 Obra 23 R$ 46.648,17 R$ 46.648,17 Obra 24 R$ 274.364,19 R$ 310.795,12 Obra 25 R$ 91.944,03 R$ 91.944,03 TOTAL R$ 13.317.329,38 R$ 14.236.089,06 Fonte: Elaborado pelo autor � 3.2 Aditivos contratuais Para a análise dos aditivos encontrados foi preciso realizar um estudo estatístico. Os valores iniciais foram subtraídos dos valores finais, de forma a obter o valor aditivado no con- trato. Em seguida, foram determinados os valores dos aditivos em porcentagem para cada obra e após, calculou-se uma média aritmética, a qual teve como resultado 6,28%. Posteriormente, foi preciso encontrar a variância e o desvio padrão para estabelecer um intervalo desejado, de modo a propiciar maior exatidão ao estudo. O valor obtido da vari- ância foi de 3,05% e desvio padrão foi 17,47%, calculados através das fórmulas: !"#$%& − '()*ã& = √#² O intervalo obtido através dos cálculos foi de -11,20% e 23,75% (Média – Desvio padrão e Média + Desvio-Padrão, respectivamente). Notou-se que apenas 33 das 47 obras estavam dentro do intervalo estabelecido. Ou seja, aproximadamente 30% estavam fora desse intervalo (n=14). No quadro 5, observa-se em destaque 10 obras de 2018 que foram excluídas da análise e no quadro 6, referente as obras de 2019, estão destacadas 4 obras que também não foram analisadas. Todas as outras obras que estiveram dentro do intervalo estabelecido foram consideradas na análise dos aditivos (Quadro 5 e 6). � Quadro 5 – Percentuais de aditivos contratuais das obras realizadas no ano de 2018 2018 OBRA VALOR INICIAL DO CONTRATO VALOR FINAL DO CONTRATO ADITIVO % Obra 1 R$ 420.852,77 R$ 494.579,62 17,52% Obra 2 R$ 490.723,22 R$ 494.985,81 0,87% Obra 3 R$ 149.268,12 R$ 168.723,01 13,03% Obra 4 R$ 260.307,40 R$ 258.812,59 -0,57% Obra 5 R$ 894.474,17 R$ 927.940,92 3,74% Obra 6 R$ 228.954,49 R$ 228.954,49 0,00% Obra 7 R$ 206.970,49 R$ 206.970,49 0,00% Obra 8 R$ 251.349,78 R$ 236.862,68 -5,76% 41 Obra 9 R$ 845.270,64 R$ 845.270,64 0,00% Obra 10 R$ 727.170,91 R$ 586.559,22 -19,34% Obra 11 R$ 347.603,93 R$ 501.953,13 44,40% Obra 12 R$ 1.334.150,92 R$ 1.397.573,66 4,75% Obra 13 R$ 108.349,67 R$ 162.480,11 49,96% Obra 14 R$ 45.614,32 R$ 40.038,96 -12,22% Obra 15 R$ 45.685,25 R$ 40.060,10 -12,31% Obra 16 R$ 42.816,35R$ 37.382,55 -12,69% Obra 17 R$ 48.326,28 R$ 42.691,99 -11,66% Obra 18 R$ 45.058,60 R$ 39.593,98 -12,13% Obra 19 R$ 45.913,23 R$ 40.256,34 -12,32% Obra 20 R$ 47.401,63 R$ 41.884,24 -11,64% Obra 21 R$ 651.699,23 R$ 651.699,23 0,00% Obra 22 R$ 443.263,11 R$ 452.562,69 2,10% TOTAL R$7.681.224,51 R$7.897.836,45 Lacunas em destaque representam obras com percentual de aditivos contratuais fora do intervalo estabelecido (-11,20% a 23,75%) Fonte: Elaborado pelo autor � Quadro 6 – Percentuais de aditivos contratuais das obras realizadas no ano de 2019 2019 OBRA VALOR INICIAL DO CONTRATO VALOR FINAL DO CONTRATO ADITIVO % Obra 1 R$ 64.871,19 R$ 64.871,19 0,00% Obra 2 R$ 1.462.561,18 R$ 1.516.198,46 3,67% Obra 3 R$ 38.562,54 R$ 38.562,54 0,00% Obra 4 R$ 48.739,80 R$ 60.922,55 25,00% Obra 5 R$ 50.775,58 R$ 50.775,58 0,00% Obra 6 R$ 40.234,41 R$ 40.234,41 0,00% Obra 7 R$ 138.005,95 R$ 162.550,05 17,78% Obra 8 R$ 30.725,21 R$ 29.471,81 -4,08% Obra 9 R$ 223.134,73 R$ 223.134,73 0,00% Obra 10 R$ 701.440,79 R$ 690.055,38 -1,62% Obra 11 R$ 76.586,69 R$ 114.880,03 50,00% Obra 12 R$ 1.115.976,87 R$ 1.159.067,58 3,86% Obra 13 R$ 3.131.556,86 R$ 3.586.411,47 14,52% Obra 14 R$ 528.557,87 R$ 528.557,87 0,00% Obra 15 R$ 2.358.948,34 R$ 2.358.948,34 0,00% Obra 16 R$ 229.623,01 R$ 229.623,01 0,00% Obra 17 R$ 29.368,18 R$ 44.022,53 49,90% Obra 18 R$ 26.020,61 R$ 39.017,43 49,95% Obra 19 R$ 1.334.150,92 R$ 1.397.573,66 4,75% Obra 20 R$ 463.527,86 R$ 556.727,66 20,11% Obra 21 R$ 379.726,24 R$ 463.817,30 22,15% Obra 22 R$ 431.278,16 R$ 431.278,16 0,00% Obra 23 R$ 46.648,17 R$ 46.648,17 0,00% Obra 24 R$ 274.364,19 R$ 310.795,12 13,28% Obra 25 R$ 91.944,03 R$ 91.944,03 0,00% TOTAL R$ 13.317.329,38 R$ 14.236.089,06 Lacunas em destaque representam obras com percentual de aditivos contratuais fora do intervalo estabelecido (-11,20% a 23,75%) Fonte: Elaborado pelo autor � 41 Considerando o total de obras, foi encontrado um valor de R$7.681.224,51 para as obras de 2018 e R$13.317.329,38 para as de 2019, totalizando um montante de R$20.998.553,89. Os valores finais de contrato encontrados foram de R$14.236.089,06 e R$7.897.836,45 para o ano de 2018 e 2019, respectivamente, totalizando R$22.133.925,51. Subtraindo os valores totais de início e fim do contrato tem-se que o valor de aditivos é de R$1.135.371,62, que corresponde a 5,12% do valor total inicial dos contratos (Gráfico 1). Gráfico 1 – Percentual de aditivos contratuais das obras de 2018 e 2019 Fonte: Elaborado pelo autor Como mencionado anteriormente, apenas 33 das 47 obras estavam dentro do intervalo estabelecido (-11,20% a 23,75%). Considerando apenas estas obras, obteve-se que o valor total inicial de contrato em 2018 foi de R$6.175.150,28 e em 2019 foi de R$ 13.136.614,10, totalizando um montante de R$19.311.764,48. Os valores finais de contrato, após os aditivos, foi de R$6.366.430,64 em 2018 e R$ 13.977.246,52, em 2019, totalizando R$20.343.677,16. Subtraindo os valores totais do início e fim dos contratos, tem-se que o valor aditivado foi de R$1.031.912,78, correspondendo a 5,07% do valor total inicial dos contratos (Gráfico 2). � Gráfico 2 – Percentual de aditivos contratuais das obras de 2018 e 2019 que estavam dentro dos limites estabelecidos pelo estudo estatístico Fonte: Elaborado pelo autor Analisando os valores dos aditivos através da média aritmética, encontrou-se o valor médio de R$30.350,38. O maior valor aditivado identificado foi de R$454.854,61 e o menor de R$14.487,10 negativo. Os gráficos 3 e 4 expressam a distribuição dos valores dos aditivos nos anos de 2018 e 2019, respectivamente. 41 Gráfico 3 - Distribuição dos valores dos aditivos no ano de 2018 Fonte: Elaborado pelo autor � Gráfico 4 - Distribuição dos valores dos aditivos no ano de 2019 Fonte: Elaborado pelo autor O estudo comprova que as obras estão em conformidade com a lei Nº 8.666/93, que permite que reformas contemplem até 50% de aditivos no seu contrato e até 25% em novas construções. Cerca de 55% das obras analisadas sofreram aditivo contratual, seja de acrésci- mo ou supressão (Gráfico 5). Esse valor corresponde a 18 das 33 obras que foram analisadas, evidenciando que a maioria obteve algum problema em seu processo. Gráfico 5 – Percentual de obras aditivadas e não-aditivadas analisadas Fonte: Elaborado pelo autor � 41 3.3 Considerações finais Neste capítulo, apresentou-se os dados e a análise dos aditivos contratuais do mu- nicípio de Maracanaú-CE entre os anos de 2018 e 2019, tornando possível acessar informa- ções concretas a respeito da variação de valores nos contratos e permitindo um futuro plane- jamento para a localidade. � 4 CONCLUSÕES Com a análise concluída, é possível chegar aos efeitos financeiros que os aditivos con- tratuais geram aos cofres públicos do município de Maracanaú-CE, mesmo estando dentro dos limites estabelecidos por lei. Os aditivos contratuais tornam-se ainda mais onerosos devido ao processo longo e demorado para sua aprovação, necessitando da apresentação de justificativas técnicas para atestar a necessidade do mesmo, o que demanda bastante tempo. Como foi apresentado anteriormente, 45% das obras não obtiveram aditivos em seus contratos. Isso se deve, provavelmente, à instituição de um projeto básico bem executado e ausente de alterações, orçamentos bem elaborados e inexistência de problemas inesperados durante a execução da obra. Outro fator que contribui para a redução de aditivos contratuais é a atuação do TCU, pois o município deverá mostrar de forma clara e coesa onde o valor foi empregado. Diante do exposto, conclui-se que o trabalho atendeu a seu objetivo geral, demostran- do e analisando os valores dos aditivos contratuais no município de Maracanaú-CE. Além disso, através da análise das etapas de planejamento e orçamento das obras realizadas no mu- nicípio, pode-se influir que os objetivos específicos também foram satisfatoriamente atingi- dos, uma vez que foram encontrados os percentuais de aditivos nos contratos, demonstrando os valores gastos e seus respectivos impactos financeiros para o município. Após a conclusão deste trabalho, sugere-se como recomendações para estudos futuros pesquisas que busquem uma visão mais abrangente e completa do assunto, visando: • Uma maior base de dados, de preferência abrangendo mais tempo e/ou maior quantidade de amostra; • A identificação de quais as causas mais comuns dos aditivos contratuais no município de Maracanaú-CE; • Quais as consequências econômicas geradas ao governo por meio dos aditivos contratuais. � REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALTOUNIAN, C. S. Obras públicas: licitação, contratação, fiscalização e utilização: (Le- gislação, decretos, jurisprudência e orientações normativas atualizadas até 30 dez. 2011). 3 ed. Belo Horizonte: Fórum, 2012. BAETA, A. P. Orçamento e Controle de Preços de Obras Públicas.1ª ed. São Paulo: Pini, 41 2012. BRASIL. Congresso Nacional. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Diário oficial da Uni- ão, p 8269, 1994. Disponível em: http://planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8666cons.htm. Aces- so em 09 mar 2020. 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