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9 Contratos Administrativos


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DIREITO 
ADMINISTRATI
VO 
CONTRATOS 
ADMINISTRATIVOS 
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1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
 
1.1. CONCEITO 
 
É aquele celebrado pela Administração Pública e regido predominantemente 
pelo Direito Público, possuindo, por característica, a relação de verticalidade. 
 
CONTRATO ADMINISTRATIVO CONTRATO DA ADMINISTRAÇÃO 
Regido por normas de Direito Público 
(prerrogativas especiais) 
Regido por normas de Direito Privado 
(sem prerrogativas especiais) 
Relação Vertical Relação Horizontal 
Cláusulas Exorbitantes Relação de igualdade 
 
• É possível a presença de cláusulas exorbitantes não só nos contratos 
administrativos propriamente ditos, como também nos contratos da 
administração em que são regidos predominantemente pelo direito privado: 
 
§ 3º Aplica-se o disposto nos arts. 55 e 58 a 61 desta Lei e demais normas gerais, no 
que couber: 
I - aos contratos de seguro, de financiamento, de locação em que o Poder Público seja 
locatário, e aos demais cujo conteúdo seja regido, predominantemente, por norma de 
direito privado; 
 
 
1.2. CARACTERÍSTICAS 
 
a) Presença da Administração Pública como Poder Público 
 
É a relação de verticalidade, fundamentada nas cláusulas exorbitantes, que 
possibilitam privilégios que o particular não possui. 
 
 
b) Obediência à forma prescrita em lei 
 
A regra é que seja na forma escrita, mas, excepcionalmente, poderá haver 
contrato verbal em caso de pequenas compras (valor de até R$ 4 mil) de 
pronto pagamento, realizadas sob o regime de adiantamento. 
 
• De acordo com o TCU, o contrato deverá obrigatoriamente possuir um 
termo de contrato quando for celebrado nas modalidades de concorrência 
ou tomada de preços, quando houver dispensa ou inexigibilidade dessas 
modalidades ou quando houver obrigação contratual futura; 
 
 
c) Presença de cláusulas exorbitantes 
 
São as cláusulas contratuais que estabelecem privilégios para a 
Administração. 
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d) Finalidade Pública 
 
A grande finalidade da administração pública é o interesse público, porém o 
interesse público não é estático, mudando com o tempo. Daí surge a 
característica da mutabilidade para melhor atender a coletividade. 
 
 
e) Publicação 
 
É uma condição indispensável para sua eficácia, devendo se dar de forma 
resumida na imprensa oficial, ficando sob responsabilidade da Administração, 
até o 5º dia útil do mês seguinte ao de sua assinatura, para ocorrer no prazo 
de 20 dias daquela data (produzir os efeitos), independentemente do valor, 
ainda que seja gratuito. 
 
 
f) Natureza de contrato de adesão 
 
Todo contrato administrativo possui natureza de contrato de adesão, pois a 
adesão caracteriza a pequena autonomia de vontade de uma das partes. No 
contrato administrativo, a administração dá a outra parte um contrato pré-
fabricado onde as normas são estabelecidas de forma unilateral. O acordo 
de vontades é reduzido a um “aceitar” o “não aceitar’. O licitante poderá aderir 
ou não ao contrato, com uma taxa baixíssima de negociação. 
 
 
g) Natureza intuitu persona (personalíssimo) 
 
A regra é que não cabe subcontratação, mas, excepcionalmente, poderá 
ocorrer, sempre na forma parcial, desde que haja previsão no contrato e 
autorização da Administração. 
 
 
h) Mutabilidade 
 
É possibilidade de mudança do contrato administrativo para que seja 
adaptado à finalidade pública momentânea, existente naquele determinado 
momento, podendo ser quantitativa ou qualitativa. 
 
• Segundo Di Pietro, a mutabilidade também é um requisito para a prestação 
adequada do serviço público, pelos mesmos motivos; 
 
 
 
 
 
 
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2. CLÁUSULAS EXORBITANTES 
 
2.1. Exigência de garantia contratual 
 
É uma prerrogativa da Administração Pública, podendo ser exigida (ato 
discricionário), desde que prevista no edital. 
 
• A garantia pode ser realizada pelo contratado por qualquer dos 4 meios 
admitidos (caução em dinheiro, títulos da dívida pública, fiança bancária ou 
seguro garantia); 
 
• O percentual da garantia é de até 5% do valor do contrato, salvo se a 
contratação for de grande vulto em que o valor da garantia será de até 10%; 
 
• No final do contrato, a garantia é restituída ao contratado após as devidas 
correções monetárias; 
 
• Essa garantia não se confunde com a garantia do licitante na fase de 
habilitação no pregão, que é de 1%; 
 
 
2.2. Alteração unilateral dos contratos 
 
É uma prerrogativa da Administração Pública para melhor atender à finalidade 
pública, podendo ocorrer de forma qualificativa (modificação no projeto) ou 
quantitativa (modificação no valor contratual). 
 
Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas 
justificativas, nos seguintes casos: 
I - unilateralmente pela Administração: 
a) quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor 
adequação técnica aos seus objetivos; 
b) quando necessária a modificação do valor contratual em decorrência de acréscimo 
ou diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos por esta Lei; 
 
 
• A alteração unilateral afeta somente cláusulas regulamentares ou de serviço, 
não sendo cabível nas cláusulas financeiras; 
 
• Em regra, o percentual do valor do contrato pode aumentar ou diminuir em 
25% do valor do contrato, mas, excepcionalmente, em caso de reforma de 
edifícios ou de equipamento, o acréscimo pode ser até 50%; 
 
• A redução pode ser superior ao patamar legal, desde que seja bilateral; 
 
• O aumento não pode ultrapassar o patamar legal, ainda que seja bilateral; 
 
 
2.3. Rescisão unilateral dos contratos 
 
É uma prerrogativa da Administração Pública, podendo ser judicial, amigável ou 
unilateral (vacilo do contratado). 
 
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• Em caso de interesse público superveniente, caso fortuito ou força maior, o 
contrato poderá ser rescindido mesmo sem culpa do particular; 
 
 CAUSAS PASSÍVEIS DE ENSEJAR RESCISÃO UNILATERAL 
1 Não cumprimento das cláusulas. 
2 Cumprimento irregular das cláusulas. 
3 Lentidão no cumprimento das cláusulas. 
4 Atraso injustificado no início da obra, serviço ou fornecimento. 
5 Paralização de obra sem justa causa/prévia comunicação. 
6 Realização de atividades não previstas no contrato. 
7 Desatendimento de determinações oriundas de fiscalização. 
8 Cometimento reiterado de faltas na execução. 
9 Decretação de falência, dissolução de sociedade ou morte do contratado. 
10 Alteração social ou finalidade da empresa, que prejudique o contrato. 
11 Razões de interesse público de alta relevância e amplo conhecimento. 
12 Caso fortuito e força maior. 
 
 
2.4. Manutenção do equilíbrio financeiro do contrato 
 
Segundo Bandeira de Mello, é a relação de igualdade formada, de um lado, pelas 
obrigações assumidas pelo contratante no momento do ajuste e, de outro, pela 
compensação econômica que lhe corresponderá. A equação econômico-
financeiro é inatingível. 
 
 
2.5. Fiscalização, acompanhamento e ocupação temporária 
 
Para garantir que o serviço não seja interrompido, a administração poderá 
ocupar provisoriamente a execução do contrato para gerir e tentar administrar a 
situação. 
 
Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por esta Lei confere à 
Administração, em relação a eles, a prerrogativa de: 
V - nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente bens móveis, imóveis, 
pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato, na hipótese da necessidade de 
acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo contratado, bem como na 
hipótese de rescisão do contrato administrativo. 
 
 
Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por um 
representante da Administração especialmente designado, permitida a contratação de 
terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição. 
 
• Trata-se do preposto, que é o representante da contratada responsável por 
acompanhara execução do contrato; 
 
 
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Art. 70. O contratado é responsável pelos danos causados diretamente à Administração 
ou a terceiros, decorrentes de sua culpa ou dolo na execução do contrato, não excluindo 
ou reduzindo essa responsabilidade a fiscalização ou o acompanhamento pelo órgão 
interessado. 
 
• A responsabilidade do contratado é subjetiva, dependendo da comprovação 
de dolo ou culpa. 
 
 
2.6. Restrições ao uso da “excepctio non adimpleti contractus” 
 
O particular não pode interromper a execução do contrato em caso de 
inadimplemento da Administração, em virtude do princípio da continuidade do 
serviço público. 
 
• Em regra, a suspensão da execução do contrato por inadimplemento da 
Administração só poderá ocorrer quando o tempo de inadimplência for 
superior a 90 dias. Excepcionalmente, em caso de calamidade pública, grave 
perturbação da ordem interna ou guerra, o contrato não poderá ser 
rescindido, ainda que a inadimplência seja superior a 90 dias; 
 
Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato: 
XV - o atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos devidos pela 
Administração decorrentes de obras, serviços ou fornecimento, ou parcelas destes, já 
recebidos ou executados, salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da 
ordem interna ou guerra, assegurado ao contratado o direito de optar pela suspensão 
do cumprimento de suas obrigações até que seja normalizada a situação; 
 
• A Administração Pública pode tanto suspender a execução do contrato 
imediatamente quanto rescindi-lo unilateralmente, em caso de 
inadimplemento do contratado, sem prejuízo das sanções cabíveis. 
 
 
2.7. Anulação 
 
• Decorre do princípio da autotutela, podendo a própria Administração 
proceder de ofício; 
 
 
2.8. Aplicação direta de penalidades 
 
Em decorrência da prerrogativa da autoexecutoriedade, a Administração pode 
aplicar sanções de forma imediata. 
 
POR ATRASO NA EXECUÇÃO DO CONTRATO 
1 Multa de mora (cumulativa com as demais penalidades) 
POR INEXECUÇÃO TOTAL OU PARCIAL 
1 Advertência 
2 Multa (cumulativa com as demais penalidades) 
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3 Suspensão temporária para contratar com o poder público. 
4 Declaração de inidoneidade para contratar com o poder público. 
 
• A suspensão temporária é aplicada àquele que, culposamente ou por falta 
leve, prejudicou a execução do contrato, impedindo apenas no órgão que 
aplicou a penalidade; 
 
• A declaração de inidoneidade é aplicada àquele que, dolosamente ou por 
falta grave, prejudicou a execução do contrato, sendo ato de competência de 
Ministro de Estado ou Secretário; 
 
• Após 2 anos, as empresas declaradas inidôneas poderão solicitar reabilitação, 
desde que regularizem suas obrigações