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Gestão associativista e cooperativista

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GESTÃO ASSOCIATIVISTA
E COOPERATIVISTA
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44
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1.
1 
© 2018 POR EDITORA E DISTRIBUIDORA EDUCACIONAL S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida 
de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou 
qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, 
por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Presidente
Rodrigo Galindo
Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada
Paulo de Tarso Pires de Moraes
Conselho Acadêmico
Carlos Roberto Pagani Junior
Camila Braga de Oliveira Higa
Carolina Yaly
Danielle Leite de Lemos Oliveira
Juliana Caramigo Gennarini
Mariana Ricken Barbosa
Priscila Pereira Silva
Coordenador
Tayra Carolina Nascimento Aleixo
Revisor
Maria Tremocoldi
Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Daniella Fernandes Haruze Manta
Flávia Mello Magrini
Hâmila Samai Franco dos Santos
Leonardo Ramos de Oliveira Campanini
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
 Simiqueli, Roberto
S588g Gestão associativista e cooperativista/ Roberto Simiqueli, 
 – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2018.
 116 p.
 
 ISBN 978-85-522-1073-3
 
 1. Associações 2. Cooperativismo. I. Simiqueli, Roberto. 
 Título. 
 CDD 300
Responsável pela ficha catalográfica: Thamiris Mantovani CRB-8/9491
2018
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
mailto:editora.educacional%40kroton.com.br?subject=
http://www.kroton.com.br/
Gestão Associativista e Cooperativista 3
SUMÁRIO
Apresentação da disciplina 04
Tema 01 – Empreendimentos coletivos: história e importância 05
Tema 02 – Associativismo: definição e funcionamento 23
Tema 03 – Cooperativismo: definição e funcionamento 40
Tema 04 – Fundamentos de gestão aplicados a empreendimentos 
 coletivos 56
Tema 05 – Crédito e gestão financeira 71
Tema 06 – Gestão estratégica e análise de mercado I 88
Tema 07 – Gestão estratégica e análise de mercado II 105
Tema 08 – Empreendimentos coletivos no século XXI 121
GESTÃO ASSOCIATIVISTA E COOPERATIVISTA
Gestão Associativista e Cooperativista 3
Apresentação da disciplina
Nesta disciplina apresentaremos os fundamentos teóricos e metodoló-
gicos para a gestão de empreendimentos coletivos, sejam eles associa-
ções ou cooperativas. Dedicaremos especial atenção às especificidades 
de cada tipo de empreendimento, à forma pela qual estruturas associa-
tivistas e cooperativistas podem mobilizar crédito e realizar um efetivo 
planejamento financeiro, e às oportunidades e desafios abertos para es-
ses empreendimentos sob a perspectiva da gestão estratégica. Por fim, 
estudaremos brevemente a evolução recente da economia brasileira e 
internacional, explorando as particularidades desse cenário e seu impac-
to sobre a gestão associativista e cooperativista.
Nossa intenção, com este curso, é muni-lo de conhecimento amplo sobre 
essas formas peculiares de organização empresarial, sua história, seus 
termos de ordenação jurídica, suas especificidades administrativas e es-
tratégicas e, principalmente, suas potencialidades econômicas. As asso-
ciações e cooperativas correspondem a uma parcela importante da pro-
dução agrícola brasileira e representam a oportunidade de articulação de 
grupos de pequenos produtores como resposta aos avanços técnicos e 
administrativos trazidos pelo agronegócio. 
Procure ler atentamente as páginas seguintes, recorrendo, sempre que 
necessário, ao glossário disponibilizado ao fim de cada módulo. Tomamos 
o cuidado de listar um conjunto de referências interessantes como biblio-
grafia complementar e acreditamos que você aproveitará ainda melhor 
este curso se estiver disposto a lê-las. Por fim, temas de especial interes-
se foram distribuídos ao longo das unidades seguintes, dispostos como 
links ou nas caixas para saber mais. Não deixe de conferi-los!
4 Gestão Associativista e Cooperativista
TEMA 01
EMPREENDIMENTOS COLETIVOS: 
HISTÓRIA E IMPORTÂNCIA
Objetivos
• Neste módulo discutiremos a história dos empreen-
dimentos coletivos, sua origem, desenvolvimento e as 
transformações recentes nesse campo. Passaremos 
rapidamente pelos primeiros experimentos em asso-
ciativismo e cooperativismo na Inglaterra do século 
XIX, durante a Revolução Industrial, para nos deter-
mos de forma mais prolongada sobre seus avanços 
no Brasil dos séculos XX e XXI.
Gestão Associativista e Cooperativista 5
Introdução
É comum, quando pensamos em mercados, setores ou empresas, re-
corrermos a uma ideia um tanto quanto restritiva dessas estruturas. 
Uma empresa seria, para a maior parte dos brasileiros, uma organiza-
ção produtiva hierarquizada, em que um proprietário (ou um conjunto 
de sócios-proprietários) dispõe recursos de forma a maximizar lucros, 
mobilizando mão de obra, bens de produção e insumos na realização da 
produção. As decisões econômicas relevantes para essa empresa – i.e., 
quanto, quando e como produzir, como e onde alocar recursos, se a em-
presa reinvestirá parte de seus lucros, se abrirá seu capital, etc. – seriam 
tomadas, então, pelo topo da hierarquia empresarial, representada pelo 
proprietário, pelos sócios-proprietários ou pelo conselho administrativo 
da empresa.
Mas, da mesma forma que diferentes mercados guardam uma série de 
especificidades, diferentes empresas são, também, organizações peculia-
res. Nos últimos três séculos de desenvolvimento da economia mundial, 
assistimos a mudanças radicais na estruturação e condução dos negó-
cios, com ampla diversificação das formas de organização da produção. 
É nesse contexto que, sob circunstâncias especiais, pequenos produtores 
perceberam a necessidade de cooperar para que pudessem competir 
com as grandes empresas de seus respectivos setores. Articulando-se em 
torno de cooperativas ou associações, poderiam fazer frente aos gran-
des jogadores de seus respectivos ramos, ou melhor, prestar os serviços 
que ofereciam à comunidade.
Nesta aula, discutiremos a origem histórica das associações e coopera-
tivas. Passaremos rapidamente pelas diferentes revoluções industriais e 
exploraremos a necessidade dessas organizações para preservar a inte-
gridade econômica e organizacional dos pequenos produtores.
6 Gestão Associativista e Cooperativista
1. Do campo à indústria
Nossa história começa a alguns milhares de quilômetros das terras bra-
sileiras e alguns séculos atrás, na Inglaterra de meados do século XVII. 
Nesse país, berço de muitas das inovações indispensáveis ao capitalismo 
moderno, a terra assumiria um papel importante na articulação de novas 
formas de organização econômica. Em meio a um período convoluto de 
sua história política (as revoluções de 1640 e 1688), as camadas superio-
res da população inglesa defendem um conjunto abrangente de mudan-
ças no estatuto legal da terra, reconhecendo sua propriedade e estabele-
cendo a necessidade de cercas entre os lotes de diferentes proprietários.
De forma bastante peculiar, no entanto, os custos de agrimensura e de-
marcação desses territórios recairiam sobre os beneficiários desse mo-
vimento – i.e., quem efetivamente pagaria pela delimitação dos lotes de 
terra seriam os proprietários dos lotes em questão, e não o Estado. Caso 
o proprietário não pudesse arcar com esses serviços, era recomendável 
que ele vendesse seus lotes a quem dispusesse de recursos para medi-
-los, avaliá-los e cercá-los. Assim, a primeira reforma agrária da história 
do mundo é, também, um movimento sistemático de concentração de 
terras: os grandes proprietários do campo inglês se apossam de novas 
faixas de terra, valendo-seda incapacidade dos pequenos agricultores em 
arcar com os custos jurídicos da regularização da posse.
A esse movimento se deu o nome de cercamentos. Sua importância para 
a economia mundial não pode ser subestimada; esses pequenos agricul-
tores expulsos do campo seriam empregados nas primeiras manufaturas 
e fábricas inglesas, garantindo que a Revolução Industrial Inglesa an-
tecedesse os processos de modernização produtiva de várias outras na-
ções. Mas esse acontecimento também é importantíssimo por mudar de 
forma decisiva a organização produtiva do campo inglês, agora marcado 
pela concentração de terras.
Gestão Associativista e Cooperativista 7
Antes dos cercamentos, os camponeses se organizavam e decidiam cole-
tivamente os rumos da produção. A aldeia e o seu conselho reuniam as 
informações relevantes para que a produção fosse organizada de modo a 
atender às necessidades econômicas e sociais daquela unidade produti-
va. A comunidade, assim, agia e pensava não somente visando ao lucro, 
mas também à sua sobrevivência e bem-estar. Os produtores viam uns 
aos outros não como números numa planilha, mas como famílias, com 
nomes, rostos, história.
A concentração advinda dos cercamentos foi responsável pela precipi-
tação do que alguns autores denominaram de capitalismo agrário: o 
campo inglês se modernizou rapidamente e as terras incorporadas às 
grandes propriedades passaram a ser empregadas na busca por lucros 
decorrentes da comercialização dos gêneros ali produzidos. Os grandes 
proprietários arrendavam suas terras a elementos com mentalidade ca-
pitalista, atentos às flutuações dos mercados agrícolas, que, por sua vez, 
contratavam trabalhadores que atendessem a seus anseios de maximiza-
ção de lucros. De um meio coletivo, comunitário e democrático, o cam-
po inglês se transforma em um cenário concentrado, profundamente 
hierarquizado, em que a autoridade do arrendatário e do proprietário 
de terras não poderia ser contestada.
Essa história, ainda que distante dos dias atuais, é importante por dois 
motivos. O primeiro é a naturalização das formas tradicionais de orga-
nização produtiva: por vezes, os responsáveis por compreender e agir 
sobre a realidade econômica se orientam exclusivamente por um perfil 
tradicional de firma, estruturada em torno de uma hierarquia claramente 
definida e cujo único objetivo é a maximização de lucros. O segundo é a 
demonstração das origens antigas, no meio rural, de empreendimentos 
coletivos: se tomamos a aldeia medieval como base, a forma mais co-
mum, historicamente, de organização produtiva do campo, é a coletivi-
dade. Por séculos os homens e mulheres responsáveis por prover de ali-
mentos o restante da sociedade se organizaram de forma relativamente 
democrática, discutindo os rumos de seus negócios e a melhor forma de 
produzir e atender aos interesses da coletividade.
8 Gestão Associativista e Cooperativista
Tudo isso muda com os cercamentos e com seu desdobramento – a 
Revolução Industrial. Ainda que precedida por uma série de mudanças ins-
titucionais importantes, a Revolução acontece para valer a partir da déca-
da de 1780, com a drástica elevação da produção industrial na Inglaterra. 
Não pretendemos entrar em detalhes sobre os fatores envolvidos na sua 
realização, as causas da primazia inglesa ou as consequências dessa nova 
forma de produção para a dinâmica tecnológica e científica. Nossa preo-
cupação, aqui, restringe-se quase que exclusivamente à história organi-
zacional desse fenômeno. Ou seja: como a Revolução Industrial mudou 
de forma irreversível as maneiras pelas quais nos organizamos economi-
camente enquanto sociedade.
Antes da Revolução Industrial, a manutenção de um grande contin-
gente de trabalhadores no mesmo espaço, por períodos prolonga-
dos de tempo, em que cada qual desempenharia um papel em uma 
longa cadeia de atividades estruturada para atender a uma finalida-
de produtiva específica era a exceção, e não a regra. Como vivemos 
em uma sociedade industrial ou pós-industrial, é difícil imaginar a vida 
para além desses parâmetros, mas essa seria a realidade dos homens e 
mulheres dos séculos anteriores a 1780. O trabalho no campo obedecia 
a seu próprio ritmo, ditado pelas estações, pelo vento, pelo sol, pelas 
peculiaridades dos diferentes vegetais e animais, e pelas decisões coleti-
vas da aldeia. Nas cidades, os artesãos guiavam seu ofício pela busca da 
maestria, da perfeição dos objetos criados e assumiam integralmente a 
sua concepção e realização.
As fábricas inauguram a divisão industrial do trabalho, em que cada 
trabalhador seria responsável por uma pequena parte do resultado final 
(por vezes desconhecendo o grau de sua participação no resultado final 
ou as outras etapas do processo produtivo). Inauguram também a ideia 
Gestão Associativista e Cooperativista 9
de uma jornada de trabalho, tempo em que esses trabalhadores es-
tariam à disposição de seus empregadores, realizando as tarefas perti-
nentes à produção. Na organização da divisão do trabalho e da jornada, 
fazia-se necessária uma evidente hierarquia produtiva, em que os vá-
rios degraus da organização da produção decidiriam sobre quais rumos 
tomar em situações específicas. Quanto mais a indústria se desenvolve, 
mais concentrado se torna o processo produtivo e mais hierarquizada 
se torna a produção – assim, menos o trabalhador tem a dizer sobre 
quais rumos essa produção deve tomar ou como seus resultados pode-
riam ser divididos.
Obviamente, muitos dos trabalhadores estavam insatisfeitos com essa 
nova realidade. Antes de questionar sua insatisfação, é importante enfa-
tizar que as condições de trabalho, naquele momento (entre 1780 e 1850, 
para usar uma periodização ampla), eram vastamente inferiores às que 
temos hoje: crianças a partir de três anos de idade eram ocupadas nas fá-
bricas inglesas, recebendo uma fração do pagamento de um homem adul-
to; mulheres e menores de idade correspondiam à parcela expressiva da 
população operária, com salários significativamente inferiores; as jorna-
das se estendiam muito além das oito horas diárias; e não havia qualquer 
garantia ou apoio a trabalhadores que se acidentassem durante o traba-
lho. Diferentes correntes emergem da crítica à organização industrial e da 
tentativa de propor modelos organizacionais distintos. As primeiras res-
postas dos trabalhadores são um tanto quanto confusas: os luditas, um 
dos movimentos de contestação da hierarquia produtiva, empenhavam-
se em destruir as máquinas que “aprisionavam” os trabalhadores; foram 
duramente reprimidos e desarticulados. Os cartistas se pautavam pela 
comunicação com membros do parlamento inglês (por meio de cartas) e 
conquistaram importantes direitos para os trabalhadores.
10 Gestão Associativista e Cooperativista
No meio desses movimentos surgiram as primeiras iniciativas pautadas 
pela defesa dos empreendimentos coletivos. No período em questão, 
três pensadores tiveram influência decisiva sobre o nascente cooperati-
vismo: Robert Owen, Charles Fourier e Louis Blanc. Owen, um industrial 
preocupado com a miséria em que viviam os trabalhadores ingleses, de-
fendeu ativamente a destinação de parte maior dos ganhos da produ-
ção para os trabalhadores. Em suas fábricas, esforçava-se para reduzir 
a jornada e garantir que as famílias de trabalhadores tivessem acesso à 
alimentação de qualidade e educação. Após sucessivas tentativas, orga-
niza uma das primeiras cooperativas produtivas do mundo, com partici-
pação dos trabalhadores nas decisões de produção. Fourier, um filósofo, 
é responsável por uma experiência similar na França, com a criação dos 
falanstérios: grandes construções comunais, com organização harmônica 
e descentralizada, onde cada trabalhador obedeceria a suas vocações e 
interesses próprios em articulação com as necessidades da coletividade. 
PARA SABER MAIS
Há um conjunto interessante de trabalhos que discute a vida 
dos trabalhadores ingleses, nesse momento,assim como 
sua participação na Revolução Industrial. Para uma discus-
são aprofundada sobre as origens do mercado de trabalho, 
recomendamos a leitura de A Grande Transformação, de Karl 
Polanyi. A organização dos trabalhadores ingleses é deta-
lhada cuidadosamente por Friedrich Engels em A Origem da 
Classe Operária na Inglaterra. Eric Hobsbawm escreveu uma 
coletânea muito instigante de artigos sobre a história do tra-
balho, intitulada Os Trabalhadores. Por fim, para referencias 
mais abrangentes sobre a Revolução Industrial Inglesa e as 
relações de trabalho nesse período, a principal referência, 
hoje, é A Era das Revoluções – 1789 a 1848, também de Eric 
Hobsbawm.
Gestão Associativista e Cooperativista 11
Louis Blanc foi instrumental não na gênese das cooperativas, mas na for-
mação de outra linha de empreendimento coletivo: as associações, de-
correntes de sua leitura da necessidade de organização de todos os artífi-
ces responsáveis pela produção de um mesmo bem no território francês.
O marco fundamental dos empreendimentos coletivos é a Rochdale 
Equitable Pioners Society Limited, ou Sociedade Equitativa dos Pioneiros 
de Rochdale, fundada por 28 operários na cidade inglesa de Rochdale, 
em 1844. Fustigados pelas condições de trabalho hostis e pelas dificulda-
des em adquirir o mínimo necessário à subsistência, os trabalhadores de 
Rochdale economizaram por meses até atingirem a quantia de 28 libras, 
que possibilitou que abrissem uma modesta cooperativa de consumo, des-
tinada à compra conjunta de artigos de primeira necessidade (como fari-
nha, açúcar e manteiga). Apesar das origens humildes e de ser precedida, 
no tempo, por outros empreendimentos coletivos (como as fábricas de 
Owen e Fourier), a Sociedade de Rochdale possui importância singular 
por apresentar o primeiro conjunto de princípios dedicados ao coopera-
tivismo e à sua promoção, os chamados Princípios de Rochdale. Os sete 
princípios, em sua versão atual (após uma atualização realizada em 1995, 
ainda respeitando a proposta original da Carta de Rochdale), são:
Adesão livre e voluntária: o cooperativismo surge a partir da ideia de 
organizações voluntárias abertas a todas as pessoas aptas a fazer uso de 
seus serviços, desde que aceitas as responsabilidades da sociedade. A 
ideologia é pioneira ao combater a discriminação social, racial, política, re-
ligiosa e de gênero, afirmando seu caráter essencialmente democrático.
Gestão e controle democráticos: uma das grandes diferenças da carac-
terização das cooperativas frente a firmas de formato tradicional é a ênfa-
se do cooperativismo no controle da organização pelos sócios, a partir da 
eleição democrática de representantes (que devem fazer valer a vontade 
do empreendimento coletivo, ao invés de assumir uma posição hierárqui-
ca diferenciada frente aos seus pares).
12 Gestão Associativista e Cooperativista
Participação econômica na sociedade: dando continuidade aos princí-
pios igualitários que servem de base aos empreendimentos coletivos, o 
documento da Sociedade de Rochdale prevê a participação equitativa dos 
sócios nos ganhos da cooperativa. Uma parte dos recursos investidos (de 
forma igualitária) seria retido como propriedade comum da cooperativa e 
seu uso deveria beneficiar a coletividade.
Autonomia e independência: diferentemente de uma firma usual, uma 
cooperativa não pode ser comprada ou vendida, devendo preservar sua 
autonomia e seu propósito de atender aos interesses da comunidade de 
sócios. Mesmo que recebam capital externo, o controle democrático dos 
sócios deve ser mantido.
Educação, treinamento e informação: da mesma forma que os sócios 
contribuem ativamente para a gestão e organização das cooperativas, 
as cooperativas devem contribuir para o desenvolvimento dos sócios, 
investindo em educação, treinamento e capacitação. Isso reforça o pro-
pósito social amplo do cooperativismo e dos empreendimentos coletivos 
como um todo, em contraponto à finalidade estritamente econômica das 
empresas.
Cooperação entre cooperativas: o cooperativismo contemporâneo de-
fende a articulação de cooperativas em uma rede de ajuda mútua, que 
beneficiaria todos os envolvidos.
Preocupação com as comunidades: mais uma vez, o cooperativismo se 
pauta, já na sua origem, pela defesa dos interesses da comunidade e pela 
percepção de sua função social – que envolve fazer com que a comuni-
dade de trabalhadores em torno da atividade produtiva prospere e se 
desenvolva de forma sustentável.
Gestão Associativista e Cooperativista 13
A Sociedade Equitativa dos Pioneiros de Rochdale prospera e mostra ao 
mundo que outras formas de organização econômica eram possíveis. 
Outras cooperativas seguem esse exemplo bem-sucedido e, em 1895, 
funda-se em Londres a Aliança Cooperativa Internacional (ACI), que re-
presentaria os interesses do movimento cooperativista em nível mundial.
PARA SABER MAIS
Ainda que os Princípios Cooperativos de Rochdale sejam pre-
servados e aprimorados com o passar do tempo, sua ver-
são original era um pouco diferente das últimas atualizações. 
Em sua primeira publicação, a Sociedade listava como seus 
princípios: Que os capitais pertencessem aos sócios e obede-
cessem a uma taxa de juros fixa; Que somente os artigos da 
mais alta qualidade fossem fornecidos aos membros; Que 
as medidas e o peso completos/corretos dos itens fossem 
referenciados; Que os produtos fossem vendidos a preços 
de mercado e que a cooperativa não fornecesse crédito; Que 
os lucros fossem divididos pró rata, a partir do montante 
de compras realizadas por cada membro; Que o princípio 
de “um membro, um voto” fosse observado na direção da 
cooperativa, assim como a igualdade entre os sexos; Que a 
administração fosse composta por um comitê eleito perio-
dicamente; Que um percentual definido dos lucros fosse di-
recionado ao investimento em educação; Que os balanços 
contábeis e relatórios fossem apresentados regularmente 
aos membros. Em suma, as versões contemporâneas dos 
Princípios do Cooperativismo preservam o espírito desse pri-
meiro conjunto de recomendações, expandindo-o somente 
nos pontos em que ele se concentrava de forma exagerada 
sobre o tipo de cooperativa (i.e., a proibição de crédito) ou as 
particularidades históricas e geográficas de Rochdale.
14 Gestão Associativista e Cooperativista
Paralelamente ao desenvolvimento do cooperativismo, os trabalhadores 
desenvolveram também formas peculiares de organização jurídica como 
defesa aos abusos dos grandes proprietários. A partir das iniciativas car-
tistas e das associações nacionais inspiradas nas ideias de Louis Blanc, 
surgem os primeiros empreendimentos associativistas – as associações 
de trabalhadores, análogas aos primeiros sindicatos. Aqui, a preocupa-
ção geralmente envolvia a representação de um número muito maior de 
trabalhadores e a democracia se exercia de forma um tanto quanto dis-
tante (sem a possibilidade de articulação em torno da produção, num pri-
meiro momento).
2. Empreendimentos coletivos no Brasil
O marco inicial dos empreendimentos coletivos, no Brasil, é a fundação 
da Sociedade Cooperativa Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro 
Preto, em 1889, seguindo o modelo da Sociedade de Rochdale. Ainda que 
outros empreendimentos coletivos possam ter precedido essa cooperati-
va, esta é a primeira alinhada com os princípios do cooperativismo e com 
a proposta da Aliança Cooperativa Internacional.
Nas décadas seguintes, os empreendimentos coletivos avançam entre 
diferentes setores da produção. Após 1903, as crises sucessivas do café 
motivam a articulação dos interesses dos produtores. Um exemplo, nesse 
sentido, é o estabelecimento do Convênio de Taubaté, que apesar de não 
representar exatamente os interesses dos pequenos proprietários (já que 
a cafeicultura ocupava principalmente os grandes fazendeiros do estado 
de São Paulo) já é demonstrativo do potencial de organização econômica 
de uma associação de grande porte, pautada pela defesa dos interesses e 
dos ganhosde uma ocupação específica.
EXEMPLIFICANDO
De suas origens modestas, o cooperativismo no Brasil evoluiu 
para se tornar uma importante forma de organização pro-
dutiva. Com os avanços no meio rural, a presença e prolife-
ração de associações e cooperativas garantiu que pequenos 
produtores pudessem manter sua atividade e suas tradições 
ao mesmo tempo em que modernizavam suas práticas pro-
dutivas. Uma série de dados mobilizados pelo Ministério da 
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) dá indícios do 
peso dos empreendimentos coletivos no campo: “O cooperati-
vismo agropecuário tem importante participação na economia 
brasileira, sendo responsável por quase 50% do PIB agrícola 
e envolvendo mais de 1 milhão de pessoas. Dentre todos os 
ramos de atuação do cooperativismo brasileiro, o agropecuá-
rio tem papel de destaque, com 1.597 instituições e 180,1 mil 
produtores cooperados. Estima-se ainda, segundo dados do 
Censo Agropecuário do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia 
e Estatística), que 48% de tudo que é produzido no campo bra-
sileiro passa, de alguma forma, por uma cooperativa”. (MAPA, 
Cooperativismo no Brasil. Brasília. 
Gestão Associativista e Cooperativista 15
A chegada de imigrantes de vários países europeus representa a incorpo-
ração de experiências cooperativistas e associativistas às formas de or-
ganização da produção vigentes em solo nacional. Criam-se cooperativas 
de crédito no Rio Grande do Sul, já no começo do século, e a chegada de 
trabalhadores espanhóis e italianos em São Paulo impulsiona as associa-
ções laborais brasileiras.
Paralelamente ao desenvolvimento do cooperativismo, os trabalhadores 
desenvolveram também formas peculiares de organização jurídica como 
defesa aos abusos dos grandes proprietários. A partir das iniciativas car-
tistas e das associações nacionais inspiradas nas ideias de Louis Blanc, 
surgem os primeiros empreendimentos associativistas – as associações 
de trabalhadores, análogas aos primeiros sindicatos. Aqui, a preocupa-
ção geralmente envolvia a representação de um número muito maior de 
trabalhadores e a democracia se exercia de forma um tanto quanto dis-
tante (sem a possibilidade de articulação em torno da produção, num pri-
meiro momento).
2. Empreendimentos coletivos no Brasil
O marco inicial dos empreendimentos coletivos, no Brasil, é a fundação 
da Sociedade Cooperativa Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro 
Preto, em 1889, seguindo o modelo da Sociedade de Rochdale. Ainda que 
outros empreendimentos coletivos possam ter precedido essa cooperati-
va, esta é a primeira alinhada com os princípios do cooperativismo e com 
a proposta da Aliança Cooperativa Internacional.
Nas décadas seguintes, os empreendimentos coletivos avançam entre 
diferentes setores da produção. Após 1903, as crises sucessivas do café 
motivam a articulação dos interesses dos produtores. Um exemplo, nesse 
sentido, é o estabelecimento do Convênio de Taubaté, que apesar de não 
representar exatamente os interesses dos pequenos proprietários (já que 
a cafeicultura ocupava principalmente os grandes fazendeiros do estado 
de São Paulo) já é demonstrativo do potencial de organização econômica 
de uma associação de grande porte, pautada pela defesa dos interesses e 
dos ganhos de uma ocupação específica.
EXEMPLIFICANDO
De suas origens modestas, o cooperativismo no Brasil evoluiu 
para se tornar uma importante forma de organização pro-
dutiva. Com os avanços no meio rural, a presença e prolife-
ração de associações e cooperativas garantiu que pequenos 
produtores pudessem manter sua atividade e suas tradições 
ao mesmo tempo em que modernizavam suas práticas pro-
dutivas. Uma série de dados mobilizados pelo Ministério da 
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) dá indícios do 
peso dos empreendimentos coletivos no campo: “O cooperati-
vismo agropecuário tem importante participação na economia 
brasileira, sendo responsável por quase 50% do PIB agrícola 
e envolvendo mais de 1 milhão de pessoas. Dentre todos os 
ramos de atuação do cooperativismo brasileiro, o agropecuá-
rio tem papel de destaque, com 1.597 instituições e 180,1 mil 
produtores cooperados. Estima-se ainda, segundo dados do 
Censo Agropecuário do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia 
e Estatística), que 48% de tudo que é produzido no campo bra-
sileiro passa, de alguma forma, por uma cooperativa”. (MAPA, 
Cooperativismo no Brasil. Brasília. 
16 Gestão Associativista e Cooperativista
A legislação sobre essas práticas é marcada por mudanças importantes 
em 1932, com a promulgação do Decreto 22.239/32, a primeira lei coo-
perativa do Brasil que dispunha sobre a organização e o funcionamento 
das sociedades cooperativas; e, em 1969, com a criação da Organização 
das Cooperativas Brasileiras (OCB), a partir da unificação de duas enti-
dades representativas pré-existentes e em alinhamento com os termos 
gerais da ACI.
ASSIMILE
De forma sucinta, a história dos empreendimentos coletivos 
pode ser entendida como uma resposta dos trabalhadores 
e pequenos proprietários às pressões impostas pelo desen-
volvimento econômico, após o século XVIII. As mudanças na 
produção, o advento da industrialização e da mecanização, 
o controle dos mercados por grandes corporações, a impor-
tância da dinâmica financeira, enfim, todos esses elemen-
tos contribuíram para que as partes menores em força, mas 
não em importância, fossem alijadas do sistema. A partir da 
Sociedade de Rochdale, cooperativas e associações ao redor 
do mundo se pautaram pela defesa dos interesses de tra-
balhadores e pequenos proprietários, defendendo um mo-
delo alternativo de organização em que a coletividade e as 
suas necessidades são priorizadas, em lugar do lucro e da 
hierarquia.
Gestão Associativista e Cooperativista 17
3. Considerações finais
Ao longo deste módulo, analisamos em profundidade:
• O movimento geral de hierarquização e mecanização da produção 
na Revolução Industrial Inglesa, que, apesar de levar a humanidade 
a novos patamares de riqueza, não distribuía essa riqueza de forma 
democrática ou equitativa;
• As respostas de diferentes correntes políticas e econômicas que 
reivindicavam mudanças no sistema, tornando-o mais humano ou 
democrático;
• O nascimento do cooperativismo a partir da Sociedade Equitativa 
dos Pioneiros de Rochdale, que estabelecia os termos de um empre-
endimento coletivo pautado pelo bem-estar de seus membros;
• A chegada dos princípios cooperativistas e associativistas no Brasil, 
com as mudanças da legislação nacional e a fundação da Organização 
das Cooperativas Brasileiras (OCB).
Ainda que os Princípios do Cooperativismo, estruturados a par-
tir dos Princípios de Rochdale, sirvam de referência para a Aliança 
Cooperativa Internacional (ACI) e para a Organização das Cooperativas 
Brasileiras (OCB), cada cooperativa e cada associação possuem sua 
própria carta de fundação e podem listar princípios complementares 
aos observados nos documentos das grandes entidades represen-
tativas. Caso você estivesse estruturando uma cooperativa no seu 
ramo de atuação, quais seriam esses princípios? O que você defen-
deria nesse importante documento?
QUESTÃO PARA REFLEXÃO
18 Gestão Associativista e Cooperativista
Glossário
• Princípios do Cooperativismo: conjunto de princípios que nor-
teiam o pensamento e a ação cooperativista ao redor do globo. 
Diferentemente dos princípios que regem firmas organizadas de 
forma tradicional (hierarquizada, voltadas para a maximização de 
lucros), os Princípios do Cooperativismo defendem a gestão demo-
crática e equitativa das cooperativas, e o uso de seus ganhos para 
benefício da coletividade dos membros/produtores.
• Cooperativa de Consumo: cooperativas de consumo são pauta-
das pela compra coletiva de bens de necessidade dos membros, 
garantindo sua comercialização a valores mais acessíveis do que 
os preços praticados pelo mercado. A Sociedade Equitativa dos 
Pioneiros de Rochdale era uma cooperativa de consumo, as-
sim como a SociedadeCooperativa Econômica dos Funcionários 
Públicos de Ouro Preto, a primeira cooperativa brasileira.
• Associações Nacionais: experimento jurídico francês, de meados 
do século XIX, inspirado pelas ideias de Louis Blanc. As Associações 
Nacionais funcionariam estabelecendo os parâmetros para dife-
rentes atividades, regendo sua jornada, termos de contratação, 
valores e formação. São desdobramentos dessas instituições, no 
longo prazo, o associativismo e os primeiros sindicatos.
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 01
1. Entre os Princípios do Cooperativismo, é possível encontrar: 
a) Os termos de venda das cooperativas, na eventualida-
de de interesse de compra por grandes corporações.
Gestão Associativista e Cooperativista 19
b) A especificação de diferentes faixas de rendimento 
para diferentes categorias de sócios proprietários.
c) A ênfase na maximização do lucro para que a coopera-
tiva em questão prospere e se expanda.
d) A defesa de uma hierarquia firme na organização 
produtiva.
e) A proposta democrática e liberal de organização e ges-
tão da produção em que cada membro teria direito a 
um voto nas assembleias.
2. Classifique as afirmações a seguir como VERDADEIRAS ou 
FALSAS:
( ) O cooperativismo só se desenvolveu no Brasil em mea-
dos do século XX, dado o atraso de nossas instituições 
políticas e econômicas.
( ) Os pioneiros de Rochdale eram um rico grupo de in-
vestidores de Manchester, proprietários das tecela-
gens locais.
( ) Os movimentos cooperativista e associativista são res-
postas dos pequenos proprietários e trabalhadores às 
pressões oriundas do desenvolvimento industrial.
Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência 
correta.
a) V, V, F.
b) V, F, V.
c) V, F, F.
d) F, V, V.
e) F, F, V.
3. Sobre a história do cooperativismo no Brasil, é correto afir-
mar que:
20 Gestão Associativista e Cooperativista
a) Constitui-se já no século XVIII, na região de Ouro Preto, 
a partir dos interesses dos mineradores locais.
b) Só se torna prática comum após a promulgação da 
Consolidação das Leis Trabalhistas, já que a existência 
de cooperativas era considerada ilegal antes da publi-
cação desse documento.
c) Decorre da chegada de imigrantes poloneses e escoce-
ses, que trouxeram consigo forte espírito cooperativista.
d) Surge inicialmente em Minas Gerais, no fim do século 
XIX, e se expande a partir da vinda de imigrantes de vá-
rias nacionalidades, no começo do século XX.
e) Nenhuma das anteriores.
Referências Bibliográficas
ABRANTES, J. Associativismo e cooperativismo. Rio de Janeiro: Interciência, 2004.
CARDOSO, Univaldo Coelho. Associação. Brasília: Sebrae, 2014.
CO-OPERATIVE HERITAGE TRUST (Rochdale). Rochdale Pioneers Museum. Disponível 
em: <https://www.rochdalepioneersmuseum.coop/>. Acesso em: 20 fev. 2018.
FAURÉ, Yves A. e HASENCLEVER, Lia. Caleidoscópio do Desenvolvimento Local no 
Brasil. Rio de Janeiro: E-papers, 2007.
MAPA, Cooperativismo no Brasil. Brasília. Disponível em: <http://www.agricultura.
gov.br/assuntos/cooperativismo-associativismo/cooperativismo-brasil/>. Acesso em: 
16 fev. 2018
Gabarito – Tema 01
Questão 1 – Resposta: E
De forma bastante resumida, os Princípios do Cooperativismo podem 
https://www.rochdalepioneersmuseum.coop/
http://www.agricultura.gov.br/assuntos/cooperativismo-associativismo/cooperativismo-brasil/
http://www.agricultura.gov.br/assuntos/cooperativismo-associativismo/cooperativismo-brasil/
Gestão Associativista e Cooperativista 21
ser sumarizados na proposta democrática e liberal de organização e 
gestão da produção, em que cada membro teria direito a um voto 
nas assembleias e a retornos equitativos dos ganhos da cooperativa.
Questão 2 – Resposta: E
I. O cooperativismo só se desenvolveu no Brasil em meados do sé-
culo XX, dado o atraso de nossas instituições políticas e econô-
micas. (FALSA – a primeira cooperativa brasileira data do fim do 
século XIX, em Ouro Preto – MG)
II. Os pioneiros de Rochdale eram um rico grupo de investidores de 
Manchester, proprietários das tecelagens locais. (FALSA – os pio-
neiros de Rochdale eram trabalhadores industriais, em sua maio-
ria tecelões)
III. Os movimentos cooperativista e associativista são respostas dos 
pequenos proprietários e trabalhadores às pressões oriundas do 
desenvolvimento industrial. (VERDADEIRA)
Questão 3 – Resposta: D
O cooperativismo brasileiro nasce em Minas Gerais, na cidade de 
Ouro Preto, e tem seu desenvolvimento impulsionado de forma de-
cisiva com a vinda de imigrantes europeus para o país, no início do 
século XX.
2 Gestão Associativista e Cooperativista
TEMA 02
ASSOCIATIVISMO: 
DEFINIÇÃO E FUNCIONAMENTO
Objetivos
• Dentre os muitos tipos de empreendimentos coleti-
vos, as associações desempenham papel especial. 
Neste módulo discutiremos suas especificidades, 
seus termos de definição jurídica e as possibilidades 
abertas por essa forma específica de organização.
Gestão Associativista e Cooperativista 3
Introdução
Até este ponto, trabalhamos com o desenvolvimento dos empreendimen-
tos coletivos e sua história: como cooperativas e associações nascem para 
atender às necessidades de trabalhadores e pequenos produtores ainda 
no século XIX, são responsáveis por ganhos notáveis para os elementos 
representados por esses empreendimentos coletivos e se espalham pelo 
mundo, com a formação da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), em 
1895, e a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), em 1969.
Agora, é chegado o momento de analisarmos em maior profundidade as 
duas categorias geralmente reunidas sob o denominador comum de em-
preendimentos coletivos – as Associações, objeto deste capítulo, e as 
Cooperativas, que discutiremos na próxima aula. Assim, há uma série 
de considerações importantes a fazer sobre a caracterização das associa-
ções, suas finalidades, forma jurídica comum, os critérios para sua funda-
ção, suas atribuições usuais e as especificidades dessa forma de organiza-
ção no meio rural brasileiro.
Pensando nesses temas, o capítulo está estruturado em três tópicos: 
(1) em Associações – definição e particularidades discutiremos o que faz 
com que as associações sejam empreendimentos coletivos singulares; (2) 
em Estatuto jurídico e modelo de regimento apresentaremos um mode-
lo genérico de estatuto social para associações destinadas a diversos 
fins; (3) em Associações no Brasil e no Meio Rural Brasileiro, por sua vez, 
exploraremos as especificidades do associativismo no Brasil e, de forma 
ainda mais particular, no meio rural. Boa leitura!
4 Gestão Associativista e Cooperativista
1. Associações – definição e particularidades
Ainda que agrupadas, em termos gerais, como empreendimentos cole-
tivos, associações e cooperativas são marcadas por algumas diferenças 
importantes. A primeira delas é definidora do caráter das associações, 
em termos jurídicos e econômicos: associações são definidas, a partir do 
Código Civil (Lei n. 10.406/02, art.53), como a união de pessoas que se 
organizam para fins não econômicos. Como você deve ter percebido a 
partir da narrativa construída na aula anterior, as cooperativas são mar-
cadas, desde o princípio, pela sua função econômica, associada ora ao 
consumo, ora à produção, em termos coletivos. 
Assim, as associações são marcadas pela conformação de um grupo de 
pessoas em torno de objetivos comuns não econômicos. Essa definição 
pode soar um pouco confusa, mas vamos refletir sobre ela por alguns mi-
nutos. A existência da associação se pauta, de pronto, pela isenção de ati-
vidades produtivas ou econômicas em seu interior. Diferentemente das 
cooperativas, associações não se organizam pela administração financei-
ra ou industrial dos seus membros. Correspondem, grosso modo, a enti-
dades representativas de seus interesses para além da esfera econômica.
Por outro lado, afirmar que a associação é decorrente da organização 
para fins não econômicos não significa o mesmo que dizer que essa for-
ma de empreendimento coletivo só existe onde não há fim econômicocomum – muito pelo contrário. Comumente, as associações surgem da 
necessidade de representação dos trabalhadores ou pequenos proprietá-
rios de determinado ramo, pautando-se pela conquista de melhores con-
dições de trabalho para seus membros ou de ganhos sociais ou políticos 
coletivos. Em linhas gerais, a ideia subjacente à associação é a organiza-
ção coletiva de um grupo de pessoas com interesses comuns, desde que 
esses interesses não sejam estritamente econômicos, para satisfação de 
um conjunto de necessidades ou objetivos. Desta forma, as associações 
são a forma mais simples e mais imediata de empreendimento coletivo, 
garantindo a mediação entre as necessidades e objetivos comuns de um 
grupo de pessoas frente à sociedade e ao mercado.
Gestão Associativista e Cooperativista 5
Pela sua definição abrangente, as associações podem assumir várias for-
mas, como OSCIP (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público), 
sindicatos, fundações, organizações sociais, redes de empresas (quando 
caracterizadas legalmente enquanto associações) e clubes. Como você 
pode imaginar, cada um desses tipos de associação é marcado por di-
ferentes finalidades – e dessas finalidades emerge a definição dos seus 
termos gerais de operação, de suas atribuições e de seus limites.
Outro traço importante é que associações são estruturadas a partir de 
um conjunto de princípios: adesão voluntária e livre, gestão democrá-
tica pelos sócios, participação econômica dos sócios, autonomia e in-
dependência, educação, formação e informação, interação e interes-
se pela comunidade. Como você pode ver, os princípios se assemelham 
muito à sua origem comum, na Carta de Rochdale, e nos desenvolvimen-
tos posteriores dos empreendimentos coletivos.
O Princípio da Adesão Voluntária e Livre versa sobre a possibilidade de 
filiação à associação independentemente de distinções sociais, raciais, re-
ligiosas, políticas ou de gênero; basta que o membro em potencial tenha 
interesse nos serviços garantidos pela associação e esteja disposto a arcar 
com as responsabilidades de sócio para que ele se torne um membro efe-
tivo. De forma análoga, as associações obedecem ao Princípio de Gestão 
Democrática pelos Sócios, em que o Estatuto Social estipula os termos 
para realização de assembleias e implementação de suas deliberações.
A primeira responsabilidade dos sócios é a contribuição econômica equi-
tativa, regida pelo Princípio da Participação Econômica dos Sócios, 
constitutiva dos fundos à disposição da associação. Um dado importante 
é que o controle dessa forma de empreendimento coletivo deve sempre 
repousar sobre as decisões dos sócios; ainda que as associações inaugu-
rem possibilidades para o apoio da iniciativa privada ou governamental, 
esse apoio se dá somente por meio de acordos operacionais.
Esses são os termos gerais do Princípio da Autonomia e Independência. 
6 Gestão Associativista e Cooperativista
Como todo e qualquer empreendimento coletivo, as associações são 
pensadas para além da realização econômica, política e social individual 
de seus membros, defendendo vias coletivas de empoderamento da co-
munidade. Assim, devem proporcionar educação e formação aos sócios 
(Princípio da Educação, Formação e Informação), privilegiar a interação 
com outros empreendimentos coletivos (Princípio da Interação) e pro-
mover o desenvolvimento sustentável dos grupos ou comunidades aten-
didos por seus critérios (Princípio do Interesse pela Comunidade).
ASSIMILE
Além desses princípios, as associações também são marca-
das por um conjunto de características-chave, que podem 
ser sumarizadas nos seguintes itens:
• Constituem-se da reunião de duas ou mais pessoas 
para a realização de objetivos comuns, que não se 
limitem a finalidades econômicas;
• O patrimônio da associação é constituído a partir de 
contribuições dos associados por doações ou subven-
ções, não possuindo capital social;
• Os associados podem promover a alteração dos fins 
originais da associação, a partir das instâncias delibe-
rativas detalhadas no Estatuto Social, onde deliberam 
livremente.
• Associações obedecem fundamentalmente ao direito 
privado (e não ao direito público), assim são regidas 
pela Constituição Federal e pelo Código Civil.
Como explicitamos anteriormente, a pluralidade de objetivos entre as 
associações condiciona uma vasta tipologia de empreendimentos, vincu-
lados a diferentes finalidades. Assim, é possível pensar em associações 
Gestão Associativista e Cooperativista 7
filantrópicas, unidas pela promoção da assistência social aos necessi-
tados; associações de pais e mestres, representativas da organização 
da comunidade escolar; associações em defesa da vida, pautadas pela 
defesa de pessoas em condições marginais e/ou portadoras de deficiên-
cia; associações culturais, esportivas ou sociais, em formato próximo a 
clubes esportivos, literários ou sociais, focados no desenvolvimento físico 
e intelectual de seus membros; associações de consumidores, destinadas 
ao fortalecimento dos consumidores frente à indústria e ao governo; as-
sociações de classe, representantes de interesses políticos de diferentes 
grupos econômicos; e, por fim, associações de produtores, geralmente 
pautadas pela defesa de interesses comuns e representação política de 
pequenos produtores (muito comuns no meio rural).
EXEMPLIFICANDO
Há uma miríade de exemplo de associações relevantes nos 
mais diversos setores. Rapidamente, é possível citar a APAE, 
Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (uma asso-
ciação em defesa da vida), a AABB, Associação Atlética dos 
Funcionários do Banco do Brasil (uma associação cultural e 
esportiva a serviço de uma categorial laboral específica), a 
ABUSAR, Associação Brasileira de Usuários de Acesso Rápido 
(uma associação de consumidores de serviços de internet em 
banda larga), federações como a FIESP e a FIEMG (Federações 
da Indústria dos Estados de São Paulo e Minas Gerais, res-
pectivamente – associações de classe dedicadas à defesa 
dos interesses políticos dos industriais), a ACIC (Associação 
Comercial e Industrial de Campinas, outra associação de clas-
se) e uma multitude de Associações de Produtores Rurais de 
escopo geográfico limitado.
8 Gestão Associativista e Cooperativista
2. Estatuto jurídico e modelo de regimento
Como mencionamos anteriormente, as associações são regidas pelos arti-
gos 53 a 61 da Lei n. 10.406, de 2002, parte do Código Civil. Adicionalmente, 
alguns de seus termos de operação foram alterados pela Lei n. 11.127, de 
2005, que esclarece os critérios para a redação de seu estatuto e para o 
funcionamento das assembleias deliberativas gerais, ferramenta funda-
mental da gestão democrática das associações.
De forma resumida, a legislação vigente garante a definição de associação 
que apresentamos anteriormente, reafirmando a constituição das asso-
ciações a partir da união de pessoas organizadas para fins não econômi-
cos, sem direitos e obrigações recíprocos. Um dado importante da carac-
terização jurídica das associações é o estabelecimento de termos claros 
para redação do estatuto social dessas entidades:
Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá:
I. a denominação, os fins e a sede da associação;
II. os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados;
III. os direitos e deveres dos associados;
IV. as fontes de recursos para sua manutenção;
V. o modo de constituição e funcionamento dos órgãos deliberativos e 
administrativos;
VI. o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos; 
VII. as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a 
dissolução;
VIII. a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas con-
tas (BRASIL, 2002).
PARA SABER MAIS
Procure aproveitar a oportunidade para pesquisar o estatu-
to social e a definição dos objetivos das associações elenca-
das acima. Uma recomendação é procurar associações locais 
em sua área de atuação e estudar suas propostas, os custosde filiação e os benefícios aos associados.
Gestão Associativista e Cooperativista 9
O Estatuto Social é um documento jurídico bastante simples, elaborado 
a partir das demandas e interesses dos associados e fundadores de uma 
dada associação. Em linhas gerais, precisa conter definições claras do 
nome da associação, de sua finalidade e da sede, ou do espaço em que 
a associação operará; critérios específicos para admissão e participação 
(direitos e deveres) dos associados; uma descrição das fontes de recursos 
financeiros para operação da associação; e o detalhamento das instâncias 
deliberativas e administrativas da associação, com os respectivos meca-
nismos de operação.
Nesse sentido, quais considerações devemos ter em mente antes e du-
rante a fundação de uma associação? Em outras palavras, quais os passos 
envolvidos nesse processo?
Toda associação emerge de considerações coletivas sobre problemas en-
frentados por uma categoria comum de pessoas – trabalhadores, funcio-
nários de uma dada empresa, pessoas com necessidades especiais, pe-
quenos produtores, etc. Assim, o primeiro passo é a percepção de um 
problema coletivo e de vias coletivas para seu equacionamento. A 
partir da motivação desse dilema comum, os fundadores se empenham 
em acessar informações relevantes para essa questão e suas possíveis so-
luções, no âmbito jurídico, econômico, social e político. Reunido um grupo 
coeso de fundadores, o segundo passo envolve, geralmente, uma reu-
nião de sensibilização, em que novos elementos seriam trazidos para a 
mobilização com uma discussão aberta dos problemas comuns aos po-
tenciais futuros membros e a formação de grupos de trabalho. Esses gru-
pos de trabalho seriam responsáveis pela elaboração de relatórios preli-
minares que norteariam o terceiro passo: a realização de uma assem-
bleia de constituição.
Essa assembleia reuniria os membros fundadores da associação e se en-
gajaria diretamente na redação de seu estatuto social; assim, os termos 
deliberados nela seriam decisivos para a definição do escopo e dos limi-
tes de atuação da associação em construção. Munidos do estatuto so-
cial resultante dessa assembleia e da gama de documentos necessários à 
fundação da associação, os sócios fundadores podem prosseguir para o 
10 Gestão Associativista e Cooperativista
importante quarto passo – o registro da associação em cartório e a ob-
tenção do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) do empreendi-
mento coletivo. A partir desse passo, a associação já “existe” em termos 
jurídicos – resta fazer com que ela exista em termos práticos. Assim, um 
quinto passo envolveria a estruturação física e financeira da associa-
ção, o estabelecimento de um cronograma, calendário e pauta para 
reuniões futuras. Em outras palavras, a operacionalização financeira e 
administrativa da associação.
PARA SABER MAIS
Esse breve roteiro foi elaborado com base no material dispo-
nibilizado pelo Sebrae, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro 
e Pequenas Empresas. Lá são detalhados os documentos ne-
cessários à fundação da associação e os termos gerais de sua 
operação. Assim, não poderíamos deixar de recomendá-lo. 
Para maiores informações, leia: CARDOSO, Univaldo Coelho. 
Associação. Brasília: Sebrae, 2014.
A variedade de propósitos e formatos das associações dificulta a defesa 
de um modelo geral de estatuto social, mas é necessário um documen-
to que siga os termos básicos delimitados na Lei 10.406/02 e responda à 
assembleia de fundação. É preciso que os artigos desse estatuto social 
cubram, com clareza, os critérios de denominação e finalidade da asso-
ciação, seus compromissos, as categorias, deveres e direitos dos asso-
ciados, as atribuições, regularidade e formato das assembleias, as prer-
rogativas da administração e presidência, e outros critérios previsíveis 
(cláusulas de recisão e exclusão, dissolução, reforma estatutária, etc.)
Gestão Associativista e Cooperativista 11
3. Associações no Brasil e no meio rural brasileiro
As associações e o associativismo possuem uma longa história no Brasil, com 
os primeiros experimentos datando do século XIX. Hoje, estão espalhadas 
pelos mais diversos setores da sociedade, representando grupos variados na 
busca de soluções coletivas para dilemas políticos, sociais e jurídicos.
Como enfatizamos ainda no primeiro capítulo, os empreendimentos co-
letivos não são exatamente uma novidade no meio rural – grosso modo, 
correspondem ao padrão pelo qual os produtores rurais tradicionais se 
organizaram por séculos e séculos, antes da emergência da indústria e do 
assalariamento. Quando precisavam decidir sobre obras infraestruturais, 
sobre a conquista de direitos ou sobre a partilha das colheitas entre os 
agricultores, os aldeões recorriam a estruturas que se assemelhavam às 
associações cujos termos legais discutimos nas páginas anteriores. Assim, 
o campo sempre foi um terreno fértil para a realização de empreendi-
mentos coletivos.
Nos dias de hoje, qual a motivação para o estabelecimento de associações 
comunitárias rurais ou associações de produtores rurais? De forma dire-
ta, integrar esforços dos agricultores em torno da realização de objetivos 
comuns. Como as associações se pautam por objetivos especificamente 
não econômicos, uma associação comunitária rural pode demandar, por 
exemplo, a pavimentação das vias de acesso à sua área de residência, a 
instalação de escolas e/ou de rotas de policiamento e vigilância sanitária. 
Uma associação de produtores rurais, por sua vez, se dedicaria ao forta-
lecimento das externalidades positivas à produção rural: a garantia de 
acesso a mercados regionais, a proteção de seus membros de dinâmicas 
agressivas de concentração de terras, o estabelecimento de canais logís-
ticos de escoamento da produção ou mesmo a criação e manutenção de 
espaços físicos para comercialização de seus produtos.
As associações são de especial importância no contexto da globalização 
e da revolução verde: com a internacionalização do capital, as grandes 
12 Gestão Associativista e Cooperativista
corporações do agronegócio dispõem de mecanismos cada vez mais efi-
cientes para dilapidar a presença dos pequenos produtores e da agricul-
tura familiar, na produção agrícola. Uma agricultura intensiva em capital, 
moderna e industrializada, só seria possível por meio da concentração de 
terras e de capital, não fosse a presença de empreendimentos coletivos 
capazes de agregar os interesses e esforços de um grande número de pe-
quenos proprietários.
Assim, associações rurais contribuem diretamente para a preservação de 
comunidades tradicionais vinculadas à terra e ao seu manejo (como qui-
lombolas, colonos e ribeirinhos) em regimes jurídicos que ainda garan-
tam a autonomia dessas unidades produtivas. Diferentemente de uma 
cooperativa, a associação prevê um elevado grau de autonomia econômi-
ca entre seus membros – isso é particularmente interessante no caso de 
operações de pequena escala, fragmentadas, em que a divisão do cul-
tivo entre um grande número de pequenos empreendedores garantiria o 
uso sustentável dos recursos naturais ou produziria resultados de perfil 
distinto daqueles obtidos pela concentração produtiva. A agricultura de 
orgânicos ou de produtos de elevada qualidade (como café premium ou 
laticínios com projeção internacional) seria beneficiada especificamente 
por essa forma de organização.
Adicionalmente, estudos apontam a sinergia entre agricultura familiar 
e desenvolvimento sustentável: a percepção do meio ambiente como 
um espaço de vivência e crescimento, e não só de produção, norteia essa 
variante de produção agrícola e sua organização em associações. Assim, 
o estabelecimento de associações para preservação e defesa das comu-
nidades de pequenos produtores rurais representa, em muitos casos, a 
ligação do Brasil contemporâneo com formas mais humanas de aprovei-
tamento do campo e de suas riquezas.
Pense nos principais gêneros agrícolas produzidos e comercializados 
em seu setor ou regiãoe procure se informar sobre as necessidades 
de produtores e comunidades rurais organizadas em seu entorno. 
Como você estruturaria uma associação de defesa dos interesses 
dessa comunidade? E uma associação de classe para os produto-
res rurais de seu município? Quais seriam as principais demandas? 
Procure formular um rascunho de estatuto social a partir da discus-
são que fizemos nesse capítulo.
QUESTÃO PARA REFLEXÃO
Gestão Associativista e Cooperativista 13
corporações do agronegócio dispõem de mecanismos cada vez mais efi-
cientes para dilapidar a presença dos pequenos produtores e da agricul-
tura familiar, na produção agrícola. Uma agricultura intensiva em capital, 
moderna e industrializada, só seria possível por meio da concentração de 
terras e de capital, não fosse a presença de empreendimentos coletivos 
capazes de agregar os interesses e esforços de um grande número de pe-
quenos proprietários.
Assim, associações rurais contribuem diretamente para a preservação de 
comunidades tradicionais vinculadas à terra e ao seu manejo (como qui-
lombolas, colonos e ribeirinhos) em regimes jurídicos que ainda garan-
tam a autonomia dessas unidades produtivas. Diferentemente de uma 
cooperativa, a associação prevê um elevado grau de autonomia econômi-
ca entre seus membros – isso é particularmente interessante no caso de 
operações de pequena escala, fragmentadas, em que a divisão do cul-
tivo entre um grande número de pequenos empreendedores garantiria o 
uso sustentável dos recursos naturais ou produziria resultados de perfil 
distinto daqueles obtidos pela concentração produtiva. A agricultura de 
orgânicos ou de produtos de elevada qualidade (como café premium ou 
laticínios com projeção internacional) seria beneficiada especificamente 
por essa forma de organização.
Adicionalmente, estudos apontam a sinergia entre agricultura familiar 
e desenvolvimento sustentável: a percepção do meio ambiente como 
um espaço de vivência e crescimento, e não só de produção, norteia essa 
variante de produção agrícola e sua organização em associações. Assim, 
o estabelecimento de associações para preservação e defesa das comu-
nidades de pequenos produtores rurais representa, em muitos casos, a 
ligação do Brasil contemporâneo com formas mais humanas de aprovei-
tamento do campo e de suas riquezas.
Pense nos principais gêneros agrícolas produzidos e comercializados 
em seu setor ou região e procure se informar sobre as necessidades 
de produtores e comunidades rurais organizadas em seu entorno. 
Como você estruturaria uma associação de defesa dos interesses 
dessa comunidade? E uma associação de classe para os produto-
res rurais de seu município? Quais seriam as principais demandas? 
Procure formular um rascunho de estatuto social a partir da discus-
são que fizemos nesse capítulo.
QUESTÃO PARA REFLEXÃO
4. Considerações finais
• Associações são um dos tipos paradigmáticos de empreendimentos 
coletivos, definidas especificamente por suas finalidades não eco-
nômicas (em contraposição às cooperativas, que se organizam em 
torno de fins comerciais ou produtivos).
• Desta forma, geralmente se pautam pela defesa dos interesses 
comuns de grupos vastos de indivíduos. Podem representar aspi-
rações culturais, esportivas, políticas, sanitárias, e podem, também, 
corresponder à defesa das necessidades de uma determinada cate-
goria produtiva.
• O documento fundamental de toda associação é seu estatuto social, 
que define a associação em questão, os critérios de associação e os 
mecanismos de representação e administração.
• Associações rurais são de especial importância na promoção das 
atividades de pequenos produtores ou agricultores familiares, con-
tribuindo para uma gestão sustentável dos recursos naturais.
14 Gestão Associativista e Cooperativista
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 02
1. Como as cooperativas, associações são empreendimentos 
coletivos pautados pela tentativa de resolução de proble-
mas que afetam uma comunidade de produtores, indivídu-
os ou moradores de determinada região. Agora, a diferença 
fundamental entre associações e cooperativas reside na: 
a) Presença de número maior de associados nas coope-
rativas, já que associações se limitam a até dez sócios.
b) Presença de capital privado, já que associações permi-
tem a compra de participação pela iniciativa privada.
c) Atuação econômica, já que associações só podem de-
sempenhar funções comerciais e financeiras, enquanto 
cooperativas são predominantemente produtivas.
d) Finalidade, já que associações se definem por atuarem 
com vistas a fins estritamente não econômicos.
Glossário
• Estatuto social: documento que versa sobre os critérios de defi-
nição, representação e administração em uma dada associação. 
Carta fundadora desse empreendimento coletivo.
• Associação de classe: associação dedicada à defesa de interesses 
não econômicos de um grupo de indivíduos definidos a partir de sua 
identidade econômica. Pode representar determinada categoria la-
boral, empregados de uma determinada corporação ou participan-
tes de um mercado ou setor em um determinado espaço geográfico.
• Assembleia: reunião deliberativa para votação de questões can-
dentes, pertinentes à associação. Mecanismo representativo bási-
co dessa forma de empreendimento coletivo.
Gestão Associativista e Cooperativista 15
e) Princípios, radicalmente distintos dos princípios do cor-
porativismo, no caso das associações.
2. O Estatuto Social de uma associação deve conter:
I. Formas de organização econômica da produção dos 
sócios.
II. Descrição detalhada da finalidade e dos critérios da as-
sociação em questão.
III. Uma exploração dos critérios de associação e delibe- 
ração.
Assinale a alternativa que lista todos os enunciados 
VERDADEIROS:
a) I, II, III.
b) II, III.
c) I, III.
d) I, II.
e) III.
3. Leia atentamente o fragmento abaixo, em que a definição 
de associação é enunciada pelo SEBRAE:
“O termo associação agrega uma série de modelos de or-
ganização que possuem objetivos e finalidades diferentes 
entre si, mas que se unem sob essa nomenclatura por pos-
suírem características básicas semelhantes, como:
• reunião de (1) ou mais pessoas para a realização de 
objetivos comuns;
• (2) constituído pela contribuição dos associados, por 
doações, por subvenções, etc.;
• os (3) podem ser alterados pelos associados;
• os associados tomam decisões livremente;
• são entidades do direito (4) e não público.
16 Gestão Associativista e Cooperativista
Referências Bibliográficas
ABRANTES, J. Associativismo e cooperativismo. Rio de Janeiro: Interciência, 2004.
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de jan. de 2002. Institui o Código Civil, Brasília, DF, jan 
2017. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. 
Acesso em: 05 mar. 2017.
CARDOSO, Univaldo Coelho. Associação. Brasília: Sebrae, 2014.
SEBRAE. Conheça os tipos de associação no Brasil. Disponível em: <http://www.
sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/conheca-os-tipos-de-associacoes-existen 
tes-no-brasil,1dee438af1c92410VgnVCM100000b272010aRCRD>.
Acesso em: 20 ago. 2018.
Gabarito – Tema 02
Questão 1 – Resposta: D
A distinção fundamental entre associações e cooperativas reside na 
finalidade de ambos os empreendimentos coletivos: enquanto coo-
perativas se organizam em torno de fins econômicos, associações se 
pautam por fins não econômicos.
De modo geral, essas organizações não têm a atividade 
econômica como objetivo principal, mas defendem os in-
teresses de um grupo que encontrou na união de esforços 
a melhor solução para determinados problemas.”
Escolha a alternativa que preenche corretamente as lacu-
nas do texto, indicadas por (1), (2), (3) e (4):
a) dez; patrimônio; fins; colaborativo.
b) duas; estatuto; fins; colaborativo.
c) duas; patrimônio; fins; privado.
d) vinte; patrimônio; estatutos; privado.
e) duas; estatuto; critérios de exclusão; privado.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm
http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/conheca-os-tipos-de-associacoes-existentes-no-brasil,1dee438af1c92410VgnVCM100000b272010aRCRDhttp://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/conheca-os-tipos-de-associacoes-existentes-no-brasil,1dee438af1c92410VgnVCM100000b272010aRCRD
http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/conheca-os-tipos-de-associacoes-existentes-no-brasil,1dee438af1c92410VgnVCM100000b272010aRCRD
Gestão Associativista e Cooperativista 17
Questão 2 – Resposta: B
Os enunciados b e c são verdadeiros, enquanto o enunciado a não 
corresponde à realidade das associações, pautadas pela organização 
com vistas a fins não econômicos.
Questão 3 – Resposta: C
“O termo associação agrega uma série de modelos de organização 
que possuem objetivos e finalidades diferentes entre si, mas que se 
unem sob essa nomenclatura por possuírem características básicas 
semelhantes, como:
• reunião de duas ou mais pessoas para a realização de objetivos 
comuns;
• patrimônio constituído pela contribuição dos associados, por doa-
ções, por subvenções, etc.;
• os fins podem ser alterados pelos associados;
• os associados tomam decisões livremente;
• são entidades do direito privado e não público.
De modo geral, essas organizações não têm a atividade econômica 
como objetivo principal, mas defendem os interesses de um grupo 
que encontrou na união de esforços a melhor solução para determi-
nados problemas” (SEBRAE, s/d).
2 Gestão Associativista e Cooperativista
TEMA 03
COOPERATIVISMO: 
DEFINIÇÃO E FUNCIONAMENTO
Objetivos
• De forma análoga ao módulo anterior, este é dedi-
cado a um estudo aprofundado das cooperativas, o 
outro tipo predominante de empreendimento coleti-
vo. Assim sendo, discutiremos neste módulo as suas 
especificidades, seus termos de definição jurídica e as 
possibilidades abertas por essa forma específica de 
organização.
Gestão Associativista e Cooperativista 3
Introdução
As cooperativas desempenham um papel importante não só no desenvol-
vimento histórico dos empreendimentos coletivos, mas também na sua 
presença em diferentes setores econômicos, nos dias atuais. Tanto que 
muitas vezes o cooperativismo é entendido como o elemento definidor 
do coletivismo, seu referencial paradigmático. 
Ainda que tenhamos visitado as origens históricas do cooperativismo e 
das primeiras cooperativas no primeiro capítulo deste livro, é necessário 
que discutamos em maior profundidade os termos em que se organizam 
esses empreendimentos coletivos na contemporaneidade. De forma aná-
loga ao que fizemos na aula anterior, nos debruçaremos agora sobre a 
definição de cooperativa e os termos gerais de seu funcionamento, na 
atualidade, diferenciando essa forma de organização coletiva da produ-
ção das associações, vistas na aula passada.
Pensando nesses temas, o capítulo está estruturado em três partes: (1) 
em Cooperativas – definição e particularidades - discutiremos o que faz 
com que as cooperativas se diferenciem das associações, o que garan-
te a sua especificidade; (2) em Estatuto jurídico e modelo de regimento 
apresentaremos um modelo genérico de estatuto social para cooperati-
vas destinadas a diversos fins; em (3) em Cooperativas no Brasil e no Meio 
Rural Brasileiro exploraremos as particularidades do cooperativismo no 
Brasil e, em especial, no meio rural. Boa leitura!
1. Cooperativas – definição e particularidades
Você deve se lembrar bem da origem histórica das cooperativas, discutida 
em detalhe no primeiro capítulo deste livro. Unidos em torno de necessi-
dades comuns, os pioneiros de Rochdale montaram a primeira cooperati-
va da história, organizando-se para garantir o suprimento a preços justos 
4 Gestão Associativista e Cooperativista
de víveres e artigos de primeira necessidade para os seus membros. Com 
isso inventaram não somente uma forma inovadora de responder aos 
desafios econômicos de seu tempo, como cavaram as bases para formas 
posteriores de organização coletiva da produção e do consumo.
Da mesma forma, a esta altura você já deve ter alguma familiaridade com 
os princípios do cooperativismo, explorado previamente neste material. 
Diferentemente dos objetivos que norteiam a maior parte das empresas, 
as cooperativas são pautadas pelos ideais de (1) adesão livre e voluntá-
ria; (2) gestão e controle democráticos; (3) participação econômica na 
sociedade; (4) autonomia e independência; (5) educação, treinamen-
to e informação; (6) cooperação entre cooperativas; e, finalmente, (7) 
preocupação com as comunidades.
O histórico desse tipo de empreendimento também foi objeto de nosso 
primeiro capítulo, mas convém aqui relembrar um momento importante 
de sua história: a definição jurídica das cooperativas e da Política Nacional 
de Cooperativismo, em dezembro de 1971, por meio da Lei no. 5.764, a 
Lei do Cooperativismo. Nela, as cooperativas são caracterizadas da se-
guinte forma:
CAPÍTULO II 
Das Sociedades Cooperativas
Art. 3° Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que recipro-
camente se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de 
uma atividade econômica, de proveito comum, sem objetivo de lucro.
Art. 4º As cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza 
jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas à falência, constituídas para 
prestar serviços aos associados, distinguindo-se das demais sociedades pe-
las seguintes características:
I. adesão voluntária, com número ilimitado de associados, salvo impossi-
bilidade técnica de prestação de serviços;
II. variabilidade do capital social representado por quotas-partes;
III. limitação do número de quotas-partes do capital para cada associado, 
facultado, porém, o estabelecimento de critérios de proporcionalidade, 
se assim for mais adequado para o cumprimento dos objetivos sociais;
Gestão Associativista e Cooperativista 5
IV. inacessibilidade das quotas-partes do capital a terceiros, estranhos à 
sociedade;
V. singularidade de voto, podendo as cooperativas centrais, federações e 
confederações de cooperativas, com exceção das que exerçam ativida-
de de crédito, optar pelo critério da proporcionalidade;
VI. quorum para o funcionamento e deliberação da Assembleia Geral ba-
seado no número de associados e não no capital;
VII. retorno das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente às ope-
rações realizadas pelo associado, salvo deliberação em contrário da 
Assembleia Geral;
VIII. indivisibilidade dos fundos de Reserva e de Assistência Técnica 
Educacional e Social;
IX. neutralidade política e indiscriminação religiosa, racial e social;
X. X. prestação de assistência aos associados, e, quando previsto nos esta-
tutos, aos empregados da cooperativa;
XI. área de admissão de associados limitada às possibilidades de reunião, 
controle, operações e prestação de serviços (BRASIL, 1971).
A lei em questão estabelece as cooperativas a partir de alguns traços de-
finidores. O primeiro deles diz respeito à sua função social: cooperativas 
não possuem fins lucrativos, mas, diferentemente das associações, são 
pautadas pelo exercício de atividade econômica. O restante da defi-
nição traz para o âmbito jurídico os princípios fundadores do cooperati-
vismo, reconhecendo a adesão voluntária, os princípios democráticos de 
gestão, a representação por assembleia, mas, mais do que isso, os fun-
damentos solidários e coletivistas do empreendimento coletivo em 
questão, marcado pela impossibilidade de venda das quotas-partes do 
capital da cooperativa a terceiros, a vinculação dessa estrutura financeira 
aos associados e a obrigação de que o empreendimento se paute pela 
assistência a seus membros.
Essa mesma lei versa sobre o objetivo e classificação das cooperativas, es-
tipulando um limite mínimo para a fundação de cooperativas singulares 
6 Gestão Associativista e Cooperativista
(20 sócios), as responsabilidades dos associados e a possibilidade de es-
tabelecimento de cooperativas centrais ou federações de cooperativas, a 
partir da articulação de ao menos três cooperativas singulares, e de con-
federações de cooperativas, constituídas de pelo menos três federações 
de cooperativas.Assim, diferentemente das associações, a legislação que 
rege as cooperativas também versa sobre a possibilidade de organização 
desses empreendimentos em federações e confederações que articulem 
os interesses de vários grupos de trabalhadores do mesmo setor, disper-
sos em um vasto território, ou mesmo de trabalhadores cooperados em 
torno de diferentes atividades econômicas.
Partindo da definição original, as cooperativas são apresentadas como 
classificadas também de acordo com o objeto ou pela natureza das ativi-
dades desenvolvidas. Assim, além dos termos gerais que unificam esses 
empreendimentos coletivos, há uma dimensão clara da variedade de co-
operativas existentes a partir dos muitos fins possíveis desses empreen-
dimentos coletivos.
No Brasil, isso se reflete na caracterização de 13 ramos de atuação, de-
finidos pela Organização das Cooperativas Brasileiras em 1993. Partindo 
dessa divisão, teríamos:
• Cooperativas de Consumo: criadas no modelo da Sociedade de 
Rochdale, pautam-se pelo abastecimento de seus cooperados. 
Unindo as necessidades da coletividade em torno desse empreendi-
mento, garantem-se preços mais baixos do que aqueles comumente 
encontrados no mercado.
• Cooperativas de Crédito: são construídas em torno da prestação 
de serviços financeiros, como empréstimos e administração de 
poupanças. Diferentemente de outras cooperativas, apresentam 
definição e funcionamento muito similares às de instituições finan-
ceiras e, portanto, são reguladas pelo Banco Central do Brasil.
• Cooperativas Habitacionais: envolvem a articulação coletiva para 
Gestão Associativista e Cooperativista 7
realização de empreendimentos imobiliários. Os cooperados con-
tribuem mensalmente com uma prestação, e essas parcelas são 
empregadas na construção e entrega de imóveis nos termos esta-
belecidos quando da fundação da cooperativa.
• Cooperativas de Saúde: organizadas por médicos e outros profissio-
nais da saúde, são análogas a um plano de saúde. A diferença, aqui, é 
o fato de serem organizadas pelos próprios prestadores de serviços.
• Cooperativas de Trabalho: as cooperativas de saúde são, no limite, 
um tipo de cooperativa de trabalho. Esses empreendimentos são 
formados quando trabalhadores de um mesmo ramo de atividade 
se juntam para realizar em comum suas atividades. Assim, con-
tratantes poderiam recorrer à cooperativa, que então direcionaria 
suas demandas a um dos profissionais cooperados, ou esses mes-
mos profissionais poderiam se valer da estrutura (contábil, jurídica, 
financeira, administrativa) proporcionada pela cooperativa para 
desenvolver suas atividades.
• Cooperativas de Transporte: de forma similar às cooperativas de 
saúde, cooperativas de transporte são, em essência, cooperativas de 
trabalho. São empreendimentos dedicados ao transporte de cargas 
e passageiros. Como essa função obedece a regulações específicas, 
cooperativas de transporte são sua própria categoria.
• Cooperativas Sociais: empreendimentos coletivos pautados pela 
tutela ou reinserção no mercado de trabalho de pessoas em dife-
rentes situações de vulnerabilidade social ou econômica. Aqui, o 
caráter social do empreendimento coletivo é priorizado.
• Cooperativas Educacionais: uma cooperativa educacional surge 
da articulação de professores organizados como profissionais autô-
nomos e pais de alunos, interessados em desempenhar um papel 
ativo na educação de seus filhos. Em linhas gerais, assemelham-
-se a uma escola de ensino infantil, fundamental ou médio, mas se 
8 Gestão Associativista e Cooperativista
diferenciam pela gestão democrática do empreendimento.
• Cooperativas de Infraestrutura: similares às associações de mora-
dores (estudadas no capítulo anterior), visam garantir o acesso de 
seus cooperados à energia, limpeza pública, saneamento básico, 
telefonia e segurança.
• Cooperativas de Turismo e Lazer: reúnem profissionais dedicados 
à prestação de serviços nessas áreas, proporcionando descontos e 
vantagens aos cooperados.
• Cooperativas Minerais: cooperativas de mineradores. Em última 
instância, localizam-se na interseção das cooperativas de trabalho e 
de produção.
• Cooperativas de Produção: tipo paradigmático de cooperativa pro-
dutiva, pautada pela propriedade coletiva dos meios de produção, 
que pertencem, por meio da cooperativa, a todos os coopera-
dos. Estes mesmos cooperados, neste caso, são os trabalhadores 
responsáveis pela realização das atividades produtivas do empre-
endimento em questão.
• Cooperativas Agropecuárias: englobam produtores do meio rural, 
pautando-se pela produção de gêneros agrícolas ou pecuários. 
Representam um dos ramos mais tradicionais do cooperativismo, 
com notável importância em algumas das maiores economias capi-
talistas do mundo (como o Brasil e a França). Estatísticas indicam 
que aproximadamente 50% da produção agropecuária brasileira é 
fruto da atuação dessas cooperativas.
Gestão Associativista e Cooperativista 9
ASSIMILE
O cooperativismo foi responsável por uma mudança radical 
na forma como pensamos a organização produtiva e a apro-
ximação entre trabalhadores. Para além dos ramos mencio-
nados, há hoje um conjunto de iniciativas que se asseme-
lham, em parte, aos princípios e práticas cooperativas, ainda 
que guardando algum distanciamento. Um exemplo disso é o 
coworking, em que profissionais liberais de variadas áreas di-
videm um espaço de trabalho e suas facilidades. O coworking 
tem ganhado um grande número de adeptos nas principais 
regiões metropolitanas brasileiras, atraídos pela possibilida-
de de socializar os elevados custos de manutenção de um 
escritório ou área de trabalho.
2. Estatuto jurídico e modelo de regimento
Como discutimos anteriormente, as cooperativas são regidas prioritaria-
mente pela Lei do Cooperativismo, também conhecida como Lei n.5.764 
de dezembro de 1971. Como já discutimos os termos gerais da definição 
de cooperativa, de seus propósitos e organização, não convém reprisar-
mos esses pontos. De forma inversa, discutir os critérios de caracterização 
jurídica de cada um dos 13 ramos de atuação das cooperativas, no Brasil, 
envolveria um esforço que excede em muito a proposta deste capítulo. 
Assim, seguindo o modelo que delineamos no capítulo anterior, esta seção 
será dedicada à apresentação dos passos envolvidos na criação de uma 
cooperativa, que começa de forma similar à criação de uma associação – 
na percepção de uma demanda coletiva, algo que reúna os interesses de 
toda uma comunidade. Diferentemente das associações, no entanto, cabe 
lembrar que as cooperativas são marcadas por seu fim econômico, logo a 
cadeia de decisões presente na fundação de uma cooperativa envolve con-
siderações sobre viabilidade econômica, constituição de capital social, etc.
10 Gestão Associativista e Cooperativista
Partindo desse dilema coletivo, o passo seguinte seria a reunião com um 
grupo de pessoas interessadas, que não precisa, ainda, abarcar a to-
talidade dos futuros cooperados. A ideia é pensar os termos gerais do 
problema que a cooperativa se propõe a resolver e como organizá-la. A 
partir dessa reunião, os presentes escolheriam um coordenador e forma-
riam uma comissão de trabalho para levantar informações necessárias à 
elaboração da cooperativa. Quanto os cooperados precisariam levantar 
em recursos para fundar a cooperativa? Quais os termos gerais de coope-
ração? Como serão cobradas as taxas de cooperação?
Discutidas essas primeiras questões, passa-se a uma análise de viabili-
dade, que visa contrapor as posições da(s) reunião(ões) anteriores à rea-
lidade do setor. Nesse momento, averigua-se tanto a viabilidade econô-
mica quanto política e social – não se trata somente de garantir o sucesso 
econômico do empreendimento, mas de averiguar o engajamento dos 
cooperados e seu interesse em participar ativamente da organização.
2. Estatuto jurídico e modelo de regimento
Como discutimos anteriormente, as cooperativas são regidas prioritaria-
mente pela Lei do

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