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GESTÃO ASSOCIATIVISTA E COOPERATIVISTA W BA 06 44 _v 1. 1 © 2018 POR EDITORA E DISTRIBUIDORA EDUCACIONAL S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Danielle Leite de Lemos Oliveira Juliana Caramigo Gennarini Mariana Ricken Barbosa Priscila Pereira Silva Coordenador Tayra Carolina Nascimento Aleixo Revisor Maria Tremocoldi Editorial Alessandra Cristina Fahl Daniella Fernandes Haruze Manta Flávia Mello Magrini Hâmila Samai Franco dos Santos Leonardo Ramos de Oliveira Campanini Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Simiqueli, Roberto S588g Gestão associativista e cooperativista/ Roberto Simiqueli, – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2018. 116 p. ISBN 978-85-522-1073-3 1. Associações 2. Cooperativismo. I. Simiqueli, Roberto. Título. CDD 300 Responsável pela ficha catalográfica: Thamiris Mantovani CRB-8/9491 2018 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ mailto:editora.educacional%40kroton.com.br?subject= http://www.kroton.com.br/ Gestão Associativista e Cooperativista 3 SUMÁRIO Apresentação da disciplina 04 Tema 01 – Empreendimentos coletivos: história e importância 05 Tema 02 – Associativismo: definição e funcionamento 23 Tema 03 – Cooperativismo: definição e funcionamento 40 Tema 04 – Fundamentos de gestão aplicados a empreendimentos coletivos 56 Tema 05 – Crédito e gestão financeira 71 Tema 06 – Gestão estratégica e análise de mercado I 88 Tema 07 – Gestão estratégica e análise de mercado II 105 Tema 08 – Empreendimentos coletivos no século XXI 121 GESTÃO ASSOCIATIVISTA E COOPERATIVISTA Gestão Associativista e Cooperativista 3 Apresentação da disciplina Nesta disciplina apresentaremos os fundamentos teóricos e metodoló- gicos para a gestão de empreendimentos coletivos, sejam eles associa- ções ou cooperativas. Dedicaremos especial atenção às especificidades de cada tipo de empreendimento, à forma pela qual estruturas associa- tivistas e cooperativistas podem mobilizar crédito e realizar um efetivo planejamento financeiro, e às oportunidades e desafios abertos para es- ses empreendimentos sob a perspectiva da gestão estratégica. Por fim, estudaremos brevemente a evolução recente da economia brasileira e internacional, explorando as particularidades desse cenário e seu impac- to sobre a gestão associativista e cooperativista. Nossa intenção, com este curso, é muni-lo de conhecimento amplo sobre essas formas peculiares de organização empresarial, sua história, seus termos de ordenação jurídica, suas especificidades administrativas e es- tratégicas e, principalmente, suas potencialidades econômicas. As asso- ciações e cooperativas correspondem a uma parcela importante da pro- dução agrícola brasileira e representam a oportunidade de articulação de grupos de pequenos produtores como resposta aos avanços técnicos e administrativos trazidos pelo agronegócio. Procure ler atentamente as páginas seguintes, recorrendo, sempre que necessário, ao glossário disponibilizado ao fim de cada módulo. Tomamos o cuidado de listar um conjunto de referências interessantes como biblio- grafia complementar e acreditamos que você aproveitará ainda melhor este curso se estiver disposto a lê-las. Por fim, temas de especial interes- se foram distribuídos ao longo das unidades seguintes, dispostos como links ou nas caixas para saber mais. Não deixe de conferi-los! 4 Gestão Associativista e Cooperativista TEMA 01 EMPREENDIMENTOS COLETIVOS: HISTÓRIA E IMPORTÂNCIA Objetivos • Neste módulo discutiremos a história dos empreen- dimentos coletivos, sua origem, desenvolvimento e as transformações recentes nesse campo. Passaremos rapidamente pelos primeiros experimentos em asso- ciativismo e cooperativismo na Inglaterra do século XIX, durante a Revolução Industrial, para nos deter- mos de forma mais prolongada sobre seus avanços no Brasil dos séculos XX e XXI. Gestão Associativista e Cooperativista 5 Introdução É comum, quando pensamos em mercados, setores ou empresas, re- corrermos a uma ideia um tanto quanto restritiva dessas estruturas. Uma empresa seria, para a maior parte dos brasileiros, uma organiza- ção produtiva hierarquizada, em que um proprietário (ou um conjunto de sócios-proprietários) dispõe recursos de forma a maximizar lucros, mobilizando mão de obra, bens de produção e insumos na realização da produção. As decisões econômicas relevantes para essa empresa – i.e., quanto, quando e como produzir, como e onde alocar recursos, se a em- presa reinvestirá parte de seus lucros, se abrirá seu capital, etc. – seriam tomadas, então, pelo topo da hierarquia empresarial, representada pelo proprietário, pelos sócios-proprietários ou pelo conselho administrativo da empresa. Mas, da mesma forma que diferentes mercados guardam uma série de especificidades, diferentes empresas são, também, organizações peculia- res. Nos últimos três séculos de desenvolvimento da economia mundial, assistimos a mudanças radicais na estruturação e condução dos negó- cios, com ampla diversificação das formas de organização da produção. É nesse contexto que, sob circunstâncias especiais, pequenos produtores perceberam a necessidade de cooperar para que pudessem competir com as grandes empresas de seus respectivos setores. Articulando-se em torno de cooperativas ou associações, poderiam fazer frente aos gran- des jogadores de seus respectivos ramos, ou melhor, prestar os serviços que ofereciam à comunidade. Nesta aula, discutiremos a origem histórica das associações e coopera- tivas. Passaremos rapidamente pelas diferentes revoluções industriais e exploraremos a necessidade dessas organizações para preservar a inte- gridade econômica e organizacional dos pequenos produtores. 6 Gestão Associativista e Cooperativista 1. Do campo à indústria Nossa história começa a alguns milhares de quilômetros das terras bra- sileiras e alguns séculos atrás, na Inglaterra de meados do século XVII. Nesse país, berço de muitas das inovações indispensáveis ao capitalismo moderno, a terra assumiria um papel importante na articulação de novas formas de organização econômica. Em meio a um período convoluto de sua história política (as revoluções de 1640 e 1688), as camadas superio- res da população inglesa defendem um conjunto abrangente de mudan- ças no estatuto legal da terra, reconhecendo sua propriedade e estabele- cendo a necessidade de cercas entre os lotes de diferentes proprietários. De forma bastante peculiar, no entanto, os custos de agrimensura e de- marcação desses territórios recairiam sobre os beneficiários desse mo- vimento – i.e., quem efetivamente pagaria pela delimitação dos lotes de terra seriam os proprietários dos lotes em questão, e não o Estado. Caso o proprietário não pudesse arcar com esses serviços, era recomendável que ele vendesse seus lotes a quem dispusesse de recursos para medi- -los, avaliá-los e cercá-los. Assim, a primeira reforma agrária da história do mundo é, também, um movimento sistemático de concentração de terras: os grandes proprietários do campo inglês se apossam de novas faixas de terra, valendo-seda incapacidade dos pequenos agricultores em arcar com os custos jurídicos da regularização da posse. A esse movimento se deu o nome de cercamentos. Sua importância para a economia mundial não pode ser subestimada; esses pequenos agricul- tores expulsos do campo seriam empregados nas primeiras manufaturas e fábricas inglesas, garantindo que a Revolução Industrial Inglesa an- tecedesse os processos de modernização produtiva de várias outras na- ções. Mas esse acontecimento também é importantíssimo por mudar de forma decisiva a organização produtiva do campo inglês, agora marcado pela concentração de terras. Gestão Associativista e Cooperativista 7 Antes dos cercamentos, os camponeses se organizavam e decidiam cole- tivamente os rumos da produção. A aldeia e o seu conselho reuniam as informações relevantes para que a produção fosse organizada de modo a atender às necessidades econômicas e sociais daquela unidade produti- va. A comunidade, assim, agia e pensava não somente visando ao lucro, mas também à sua sobrevivência e bem-estar. Os produtores viam uns aos outros não como números numa planilha, mas como famílias, com nomes, rostos, história. A concentração advinda dos cercamentos foi responsável pela precipi- tação do que alguns autores denominaram de capitalismo agrário: o campo inglês se modernizou rapidamente e as terras incorporadas às grandes propriedades passaram a ser empregadas na busca por lucros decorrentes da comercialização dos gêneros ali produzidos. Os grandes proprietários arrendavam suas terras a elementos com mentalidade ca- pitalista, atentos às flutuações dos mercados agrícolas, que, por sua vez, contratavam trabalhadores que atendessem a seus anseios de maximiza- ção de lucros. De um meio coletivo, comunitário e democrático, o cam- po inglês se transforma em um cenário concentrado, profundamente hierarquizado, em que a autoridade do arrendatário e do proprietário de terras não poderia ser contestada. Essa história, ainda que distante dos dias atuais, é importante por dois motivos. O primeiro é a naturalização das formas tradicionais de orga- nização produtiva: por vezes, os responsáveis por compreender e agir sobre a realidade econômica se orientam exclusivamente por um perfil tradicional de firma, estruturada em torno de uma hierarquia claramente definida e cujo único objetivo é a maximização de lucros. O segundo é a demonstração das origens antigas, no meio rural, de empreendimentos coletivos: se tomamos a aldeia medieval como base, a forma mais co- mum, historicamente, de organização produtiva do campo, é a coletivi- dade. Por séculos os homens e mulheres responsáveis por prover de ali- mentos o restante da sociedade se organizaram de forma relativamente democrática, discutindo os rumos de seus negócios e a melhor forma de produzir e atender aos interesses da coletividade. 8 Gestão Associativista e Cooperativista Tudo isso muda com os cercamentos e com seu desdobramento – a Revolução Industrial. Ainda que precedida por uma série de mudanças ins- titucionais importantes, a Revolução acontece para valer a partir da déca- da de 1780, com a drástica elevação da produção industrial na Inglaterra. Não pretendemos entrar em detalhes sobre os fatores envolvidos na sua realização, as causas da primazia inglesa ou as consequências dessa nova forma de produção para a dinâmica tecnológica e científica. Nossa preo- cupação, aqui, restringe-se quase que exclusivamente à história organi- zacional desse fenômeno. Ou seja: como a Revolução Industrial mudou de forma irreversível as maneiras pelas quais nos organizamos economi- camente enquanto sociedade. Antes da Revolução Industrial, a manutenção de um grande contin- gente de trabalhadores no mesmo espaço, por períodos prolonga- dos de tempo, em que cada qual desempenharia um papel em uma longa cadeia de atividades estruturada para atender a uma finalida- de produtiva específica era a exceção, e não a regra. Como vivemos em uma sociedade industrial ou pós-industrial, é difícil imaginar a vida para além desses parâmetros, mas essa seria a realidade dos homens e mulheres dos séculos anteriores a 1780. O trabalho no campo obedecia a seu próprio ritmo, ditado pelas estações, pelo vento, pelo sol, pelas peculiaridades dos diferentes vegetais e animais, e pelas decisões coleti- vas da aldeia. Nas cidades, os artesãos guiavam seu ofício pela busca da maestria, da perfeição dos objetos criados e assumiam integralmente a sua concepção e realização. As fábricas inauguram a divisão industrial do trabalho, em que cada trabalhador seria responsável por uma pequena parte do resultado final (por vezes desconhecendo o grau de sua participação no resultado final ou as outras etapas do processo produtivo). Inauguram também a ideia Gestão Associativista e Cooperativista 9 de uma jornada de trabalho, tempo em que esses trabalhadores es- tariam à disposição de seus empregadores, realizando as tarefas perti- nentes à produção. Na organização da divisão do trabalho e da jornada, fazia-se necessária uma evidente hierarquia produtiva, em que os vá- rios degraus da organização da produção decidiriam sobre quais rumos tomar em situações específicas. Quanto mais a indústria se desenvolve, mais concentrado se torna o processo produtivo e mais hierarquizada se torna a produção – assim, menos o trabalhador tem a dizer sobre quais rumos essa produção deve tomar ou como seus resultados pode- riam ser divididos. Obviamente, muitos dos trabalhadores estavam insatisfeitos com essa nova realidade. Antes de questionar sua insatisfação, é importante enfa- tizar que as condições de trabalho, naquele momento (entre 1780 e 1850, para usar uma periodização ampla), eram vastamente inferiores às que temos hoje: crianças a partir de três anos de idade eram ocupadas nas fá- bricas inglesas, recebendo uma fração do pagamento de um homem adul- to; mulheres e menores de idade correspondiam à parcela expressiva da população operária, com salários significativamente inferiores; as jorna- das se estendiam muito além das oito horas diárias; e não havia qualquer garantia ou apoio a trabalhadores que se acidentassem durante o traba- lho. Diferentes correntes emergem da crítica à organização industrial e da tentativa de propor modelos organizacionais distintos. As primeiras res- postas dos trabalhadores são um tanto quanto confusas: os luditas, um dos movimentos de contestação da hierarquia produtiva, empenhavam- se em destruir as máquinas que “aprisionavam” os trabalhadores; foram duramente reprimidos e desarticulados. Os cartistas se pautavam pela comunicação com membros do parlamento inglês (por meio de cartas) e conquistaram importantes direitos para os trabalhadores. 10 Gestão Associativista e Cooperativista No meio desses movimentos surgiram as primeiras iniciativas pautadas pela defesa dos empreendimentos coletivos. No período em questão, três pensadores tiveram influência decisiva sobre o nascente cooperati- vismo: Robert Owen, Charles Fourier e Louis Blanc. Owen, um industrial preocupado com a miséria em que viviam os trabalhadores ingleses, de- fendeu ativamente a destinação de parte maior dos ganhos da produ- ção para os trabalhadores. Em suas fábricas, esforçava-se para reduzir a jornada e garantir que as famílias de trabalhadores tivessem acesso à alimentação de qualidade e educação. Após sucessivas tentativas, orga- niza uma das primeiras cooperativas produtivas do mundo, com partici- pação dos trabalhadores nas decisões de produção. Fourier, um filósofo, é responsável por uma experiência similar na França, com a criação dos falanstérios: grandes construções comunais, com organização harmônica e descentralizada, onde cada trabalhador obedeceria a suas vocações e interesses próprios em articulação com as necessidades da coletividade. PARA SABER MAIS Há um conjunto interessante de trabalhos que discute a vida dos trabalhadores ingleses, nesse momento,assim como sua participação na Revolução Industrial. Para uma discus- são aprofundada sobre as origens do mercado de trabalho, recomendamos a leitura de A Grande Transformação, de Karl Polanyi. A organização dos trabalhadores ingleses é deta- lhada cuidadosamente por Friedrich Engels em A Origem da Classe Operária na Inglaterra. Eric Hobsbawm escreveu uma coletânea muito instigante de artigos sobre a história do tra- balho, intitulada Os Trabalhadores. Por fim, para referencias mais abrangentes sobre a Revolução Industrial Inglesa e as relações de trabalho nesse período, a principal referência, hoje, é A Era das Revoluções – 1789 a 1848, também de Eric Hobsbawm. Gestão Associativista e Cooperativista 11 Louis Blanc foi instrumental não na gênese das cooperativas, mas na for- mação de outra linha de empreendimento coletivo: as associações, de- correntes de sua leitura da necessidade de organização de todos os artífi- ces responsáveis pela produção de um mesmo bem no território francês. O marco fundamental dos empreendimentos coletivos é a Rochdale Equitable Pioners Society Limited, ou Sociedade Equitativa dos Pioneiros de Rochdale, fundada por 28 operários na cidade inglesa de Rochdale, em 1844. Fustigados pelas condições de trabalho hostis e pelas dificulda- des em adquirir o mínimo necessário à subsistência, os trabalhadores de Rochdale economizaram por meses até atingirem a quantia de 28 libras, que possibilitou que abrissem uma modesta cooperativa de consumo, des- tinada à compra conjunta de artigos de primeira necessidade (como fari- nha, açúcar e manteiga). Apesar das origens humildes e de ser precedida, no tempo, por outros empreendimentos coletivos (como as fábricas de Owen e Fourier), a Sociedade de Rochdale possui importância singular por apresentar o primeiro conjunto de princípios dedicados ao coopera- tivismo e à sua promoção, os chamados Princípios de Rochdale. Os sete princípios, em sua versão atual (após uma atualização realizada em 1995, ainda respeitando a proposta original da Carta de Rochdale), são: Adesão livre e voluntária: o cooperativismo surge a partir da ideia de organizações voluntárias abertas a todas as pessoas aptas a fazer uso de seus serviços, desde que aceitas as responsabilidades da sociedade. A ideologia é pioneira ao combater a discriminação social, racial, política, re- ligiosa e de gênero, afirmando seu caráter essencialmente democrático. Gestão e controle democráticos: uma das grandes diferenças da carac- terização das cooperativas frente a firmas de formato tradicional é a ênfa- se do cooperativismo no controle da organização pelos sócios, a partir da eleição democrática de representantes (que devem fazer valer a vontade do empreendimento coletivo, ao invés de assumir uma posição hierárqui- ca diferenciada frente aos seus pares). 12 Gestão Associativista e Cooperativista Participação econômica na sociedade: dando continuidade aos princí- pios igualitários que servem de base aos empreendimentos coletivos, o documento da Sociedade de Rochdale prevê a participação equitativa dos sócios nos ganhos da cooperativa. Uma parte dos recursos investidos (de forma igualitária) seria retido como propriedade comum da cooperativa e seu uso deveria beneficiar a coletividade. Autonomia e independência: diferentemente de uma firma usual, uma cooperativa não pode ser comprada ou vendida, devendo preservar sua autonomia e seu propósito de atender aos interesses da comunidade de sócios. Mesmo que recebam capital externo, o controle democrático dos sócios deve ser mantido. Educação, treinamento e informação: da mesma forma que os sócios contribuem ativamente para a gestão e organização das cooperativas, as cooperativas devem contribuir para o desenvolvimento dos sócios, investindo em educação, treinamento e capacitação. Isso reforça o pro- pósito social amplo do cooperativismo e dos empreendimentos coletivos como um todo, em contraponto à finalidade estritamente econômica das empresas. Cooperação entre cooperativas: o cooperativismo contemporâneo de- fende a articulação de cooperativas em uma rede de ajuda mútua, que beneficiaria todos os envolvidos. Preocupação com as comunidades: mais uma vez, o cooperativismo se pauta, já na sua origem, pela defesa dos interesses da comunidade e pela percepção de sua função social – que envolve fazer com que a comuni- dade de trabalhadores em torno da atividade produtiva prospere e se desenvolva de forma sustentável. Gestão Associativista e Cooperativista 13 A Sociedade Equitativa dos Pioneiros de Rochdale prospera e mostra ao mundo que outras formas de organização econômica eram possíveis. Outras cooperativas seguem esse exemplo bem-sucedido e, em 1895, funda-se em Londres a Aliança Cooperativa Internacional (ACI), que re- presentaria os interesses do movimento cooperativista em nível mundial. PARA SABER MAIS Ainda que os Princípios Cooperativos de Rochdale sejam pre- servados e aprimorados com o passar do tempo, sua ver- são original era um pouco diferente das últimas atualizações. Em sua primeira publicação, a Sociedade listava como seus princípios: Que os capitais pertencessem aos sócios e obede- cessem a uma taxa de juros fixa; Que somente os artigos da mais alta qualidade fossem fornecidos aos membros; Que as medidas e o peso completos/corretos dos itens fossem referenciados; Que os produtos fossem vendidos a preços de mercado e que a cooperativa não fornecesse crédito; Que os lucros fossem divididos pró rata, a partir do montante de compras realizadas por cada membro; Que o princípio de “um membro, um voto” fosse observado na direção da cooperativa, assim como a igualdade entre os sexos; Que a administração fosse composta por um comitê eleito perio- dicamente; Que um percentual definido dos lucros fosse di- recionado ao investimento em educação; Que os balanços contábeis e relatórios fossem apresentados regularmente aos membros. Em suma, as versões contemporâneas dos Princípios do Cooperativismo preservam o espírito desse pri- meiro conjunto de recomendações, expandindo-o somente nos pontos em que ele se concentrava de forma exagerada sobre o tipo de cooperativa (i.e., a proibição de crédito) ou as particularidades históricas e geográficas de Rochdale. 14 Gestão Associativista e Cooperativista Paralelamente ao desenvolvimento do cooperativismo, os trabalhadores desenvolveram também formas peculiares de organização jurídica como defesa aos abusos dos grandes proprietários. A partir das iniciativas car- tistas e das associações nacionais inspiradas nas ideias de Louis Blanc, surgem os primeiros empreendimentos associativistas – as associações de trabalhadores, análogas aos primeiros sindicatos. Aqui, a preocupa- ção geralmente envolvia a representação de um número muito maior de trabalhadores e a democracia se exercia de forma um tanto quanto dis- tante (sem a possibilidade de articulação em torno da produção, num pri- meiro momento). 2. Empreendimentos coletivos no Brasil O marco inicial dos empreendimentos coletivos, no Brasil, é a fundação da Sociedade Cooperativa Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro Preto, em 1889, seguindo o modelo da Sociedade de Rochdale. Ainda que outros empreendimentos coletivos possam ter precedido essa cooperati- va, esta é a primeira alinhada com os princípios do cooperativismo e com a proposta da Aliança Cooperativa Internacional. Nas décadas seguintes, os empreendimentos coletivos avançam entre diferentes setores da produção. Após 1903, as crises sucessivas do café motivam a articulação dos interesses dos produtores. Um exemplo, nesse sentido, é o estabelecimento do Convênio de Taubaté, que apesar de não representar exatamente os interesses dos pequenos proprietários (já que a cafeicultura ocupava principalmente os grandes fazendeiros do estado de São Paulo) já é demonstrativo do potencial de organização econômica de uma associação de grande porte, pautada pela defesa dos interesses e dos ganhosde uma ocupação específica. EXEMPLIFICANDO De suas origens modestas, o cooperativismo no Brasil evoluiu para se tornar uma importante forma de organização pro- dutiva. Com os avanços no meio rural, a presença e prolife- ração de associações e cooperativas garantiu que pequenos produtores pudessem manter sua atividade e suas tradições ao mesmo tempo em que modernizavam suas práticas pro- dutivas. Uma série de dados mobilizados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) dá indícios do peso dos empreendimentos coletivos no campo: “O cooperati- vismo agropecuário tem importante participação na economia brasileira, sendo responsável por quase 50% do PIB agrícola e envolvendo mais de 1 milhão de pessoas. Dentre todos os ramos de atuação do cooperativismo brasileiro, o agropecuá- rio tem papel de destaque, com 1.597 instituições e 180,1 mil produtores cooperados. Estima-se ainda, segundo dados do Censo Agropecuário do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que 48% de tudo que é produzido no campo bra- sileiro passa, de alguma forma, por uma cooperativa”. (MAPA, Cooperativismo no Brasil. Brasília. Gestão Associativista e Cooperativista 15 A chegada de imigrantes de vários países europeus representa a incorpo- ração de experiências cooperativistas e associativistas às formas de or- ganização da produção vigentes em solo nacional. Criam-se cooperativas de crédito no Rio Grande do Sul, já no começo do século, e a chegada de trabalhadores espanhóis e italianos em São Paulo impulsiona as associa- ções laborais brasileiras. Paralelamente ao desenvolvimento do cooperativismo, os trabalhadores desenvolveram também formas peculiares de organização jurídica como defesa aos abusos dos grandes proprietários. A partir das iniciativas car- tistas e das associações nacionais inspiradas nas ideias de Louis Blanc, surgem os primeiros empreendimentos associativistas – as associações de trabalhadores, análogas aos primeiros sindicatos. Aqui, a preocupa- ção geralmente envolvia a representação de um número muito maior de trabalhadores e a democracia se exercia de forma um tanto quanto dis- tante (sem a possibilidade de articulação em torno da produção, num pri- meiro momento). 2. Empreendimentos coletivos no Brasil O marco inicial dos empreendimentos coletivos, no Brasil, é a fundação da Sociedade Cooperativa Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro Preto, em 1889, seguindo o modelo da Sociedade de Rochdale. Ainda que outros empreendimentos coletivos possam ter precedido essa cooperati- va, esta é a primeira alinhada com os princípios do cooperativismo e com a proposta da Aliança Cooperativa Internacional. Nas décadas seguintes, os empreendimentos coletivos avançam entre diferentes setores da produção. Após 1903, as crises sucessivas do café motivam a articulação dos interesses dos produtores. Um exemplo, nesse sentido, é o estabelecimento do Convênio de Taubaté, que apesar de não representar exatamente os interesses dos pequenos proprietários (já que a cafeicultura ocupava principalmente os grandes fazendeiros do estado de São Paulo) já é demonstrativo do potencial de organização econômica de uma associação de grande porte, pautada pela defesa dos interesses e dos ganhos de uma ocupação específica. EXEMPLIFICANDO De suas origens modestas, o cooperativismo no Brasil evoluiu para se tornar uma importante forma de organização pro- dutiva. Com os avanços no meio rural, a presença e prolife- ração de associações e cooperativas garantiu que pequenos produtores pudessem manter sua atividade e suas tradições ao mesmo tempo em que modernizavam suas práticas pro- dutivas. Uma série de dados mobilizados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) dá indícios do peso dos empreendimentos coletivos no campo: “O cooperati- vismo agropecuário tem importante participação na economia brasileira, sendo responsável por quase 50% do PIB agrícola e envolvendo mais de 1 milhão de pessoas. Dentre todos os ramos de atuação do cooperativismo brasileiro, o agropecuá- rio tem papel de destaque, com 1.597 instituições e 180,1 mil produtores cooperados. Estima-se ainda, segundo dados do Censo Agropecuário do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que 48% de tudo que é produzido no campo bra- sileiro passa, de alguma forma, por uma cooperativa”. (MAPA, Cooperativismo no Brasil. Brasília. 16 Gestão Associativista e Cooperativista A legislação sobre essas práticas é marcada por mudanças importantes em 1932, com a promulgação do Decreto 22.239/32, a primeira lei coo- perativa do Brasil que dispunha sobre a organização e o funcionamento das sociedades cooperativas; e, em 1969, com a criação da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), a partir da unificação de duas enti- dades representativas pré-existentes e em alinhamento com os termos gerais da ACI. ASSIMILE De forma sucinta, a história dos empreendimentos coletivos pode ser entendida como uma resposta dos trabalhadores e pequenos proprietários às pressões impostas pelo desen- volvimento econômico, após o século XVIII. As mudanças na produção, o advento da industrialização e da mecanização, o controle dos mercados por grandes corporações, a impor- tância da dinâmica financeira, enfim, todos esses elemen- tos contribuíram para que as partes menores em força, mas não em importância, fossem alijadas do sistema. A partir da Sociedade de Rochdale, cooperativas e associações ao redor do mundo se pautaram pela defesa dos interesses de tra- balhadores e pequenos proprietários, defendendo um mo- delo alternativo de organização em que a coletividade e as suas necessidades são priorizadas, em lugar do lucro e da hierarquia. Gestão Associativista e Cooperativista 17 3. Considerações finais Ao longo deste módulo, analisamos em profundidade: • O movimento geral de hierarquização e mecanização da produção na Revolução Industrial Inglesa, que, apesar de levar a humanidade a novos patamares de riqueza, não distribuía essa riqueza de forma democrática ou equitativa; • As respostas de diferentes correntes políticas e econômicas que reivindicavam mudanças no sistema, tornando-o mais humano ou democrático; • O nascimento do cooperativismo a partir da Sociedade Equitativa dos Pioneiros de Rochdale, que estabelecia os termos de um empre- endimento coletivo pautado pelo bem-estar de seus membros; • A chegada dos princípios cooperativistas e associativistas no Brasil, com as mudanças da legislação nacional e a fundação da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). Ainda que os Princípios do Cooperativismo, estruturados a par- tir dos Princípios de Rochdale, sirvam de referência para a Aliança Cooperativa Internacional (ACI) e para a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), cada cooperativa e cada associação possuem sua própria carta de fundação e podem listar princípios complementares aos observados nos documentos das grandes entidades represen- tativas. Caso você estivesse estruturando uma cooperativa no seu ramo de atuação, quais seriam esses princípios? O que você defen- deria nesse importante documento? QUESTÃO PARA REFLEXÃO 18 Gestão Associativista e Cooperativista Glossário • Princípios do Cooperativismo: conjunto de princípios que nor- teiam o pensamento e a ação cooperativista ao redor do globo. Diferentemente dos princípios que regem firmas organizadas de forma tradicional (hierarquizada, voltadas para a maximização de lucros), os Princípios do Cooperativismo defendem a gestão demo- crática e equitativa das cooperativas, e o uso de seus ganhos para benefício da coletividade dos membros/produtores. • Cooperativa de Consumo: cooperativas de consumo são pauta- das pela compra coletiva de bens de necessidade dos membros, garantindo sua comercialização a valores mais acessíveis do que os preços praticados pelo mercado. A Sociedade Equitativa dos Pioneiros de Rochdale era uma cooperativa de consumo, as- sim como a SociedadeCooperativa Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro Preto, a primeira cooperativa brasileira. • Associações Nacionais: experimento jurídico francês, de meados do século XIX, inspirado pelas ideias de Louis Blanc. As Associações Nacionais funcionariam estabelecendo os parâmetros para dife- rentes atividades, regendo sua jornada, termos de contratação, valores e formação. São desdobramentos dessas instituições, no longo prazo, o associativismo e os primeiros sindicatos. VERIFICAÇÃO DE LEITURA TEMA 01 1. Entre os Princípios do Cooperativismo, é possível encontrar: a) Os termos de venda das cooperativas, na eventualida- de de interesse de compra por grandes corporações. Gestão Associativista e Cooperativista 19 b) A especificação de diferentes faixas de rendimento para diferentes categorias de sócios proprietários. c) A ênfase na maximização do lucro para que a coopera- tiva em questão prospere e se expanda. d) A defesa de uma hierarquia firme na organização produtiva. e) A proposta democrática e liberal de organização e ges- tão da produção em que cada membro teria direito a um voto nas assembleias. 2. Classifique as afirmações a seguir como VERDADEIRAS ou FALSAS: ( ) O cooperativismo só se desenvolveu no Brasil em mea- dos do século XX, dado o atraso de nossas instituições políticas e econômicas. ( ) Os pioneiros de Rochdale eram um rico grupo de in- vestidores de Manchester, proprietários das tecela- gens locais. ( ) Os movimentos cooperativista e associativista são res- postas dos pequenos proprietários e trabalhadores às pressões oriundas do desenvolvimento industrial. Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. a) V, V, F. b) V, F, V. c) V, F, F. d) F, V, V. e) F, F, V. 3. Sobre a história do cooperativismo no Brasil, é correto afir- mar que: 20 Gestão Associativista e Cooperativista a) Constitui-se já no século XVIII, na região de Ouro Preto, a partir dos interesses dos mineradores locais. b) Só se torna prática comum após a promulgação da Consolidação das Leis Trabalhistas, já que a existência de cooperativas era considerada ilegal antes da publi- cação desse documento. c) Decorre da chegada de imigrantes poloneses e escoce- ses, que trouxeram consigo forte espírito cooperativista. d) Surge inicialmente em Minas Gerais, no fim do século XIX, e se expande a partir da vinda de imigrantes de vá- rias nacionalidades, no começo do século XX. e) Nenhuma das anteriores. Referências Bibliográficas ABRANTES, J. Associativismo e cooperativismo. Rio de Janeiro: Interciência, 2004. CARDOSO, Univaldo Coelho. Associação. Brasília: Sebrae, 2014. CO-OPERATIVE HERITAGE TRUST (Rochdale). Rochdale Pioneers Museum. Disponível em: <https://www.rochdalepioneersmuseum.coop/>. Acesso em: 20 fev. 2018. FAURÉ, Yves A. e HASENCLEVER, Lia. Caleidoscópio do Desenvolvimento Local no Brasil. Rio de Janeiro: E-papers, 2007. MAPA, Cooperativismo no Brasil. Brasília. Disponível em: <http://www.agricultura. gov.br/assuntos/cooperativismo-associativismo/cooperativismo-brasil/>. Acesso em: 16 fev. 2018 Gabarito – Tema 01 Questão 1 – Resposta: E De forma bastante resumida, os Princípios do Cooperativismo podem https://www.rochdalepioneersmuseum.coop/ http://www.agricultura.gov.br/assuntos/cooperativismo-associativismo/cooperativismo-brasil/ http://www.agricultura.gov.br/assuntos/cooperativismo-associativismo/cooperativismo-brasil/ Gestão Associativista e Cooperativista 21 ser sumarizados na proposta democrática e liberal de organização e gestão da produção, em que cada membro teria direito a um voto nas assembleias e a retornos equitativos dos ganhos da cooperativa. Questão 2 – Resposta: E I. O cooperativismo só se desenvolveu no Brasil em meados do sé- culo XX, dado o atraso de nossas instituições políticas e econô- micas. (FALSA – a primeira cooperativa brasileira data do fim do século XIX, em Ouro Preto – MG) II. Os pioneiros de Rochdale eram um rico grupo de investidores de Manchester, proprietários das tecelagens locais. (FALSA – os pio- neiros de Rochdale eram trabalhadores industriais, em sua maio- ria tecelões) III. Os movimentos cooperativista e associativista são respostas dos pequenos proprietários e trabalhadores às pressões oriundas do desenvolvimento industrial. (VERDADEIRA) Questão 3 – Resposta: D O cooperativismo brasileiro nasce em Minas Gerais, na cidade de Ouro Preto, e tem seu desenvolvimento impulsionado de forma de- cisiva com a vinda de imigrantes europeus para o país, no início do século XX. 2 Gestão Associativista e Cooperativista TEMA 02 ASSOCIATIVISMO: DEFINIÇÃO E FUNCIONAMENTO Objetivos • Dentre os muitos tipos de empreendimentos coleti- vos, as associações desempenham papel especial. Neste módulo discutiremos suas especificidades, seus termos de definição jurídica e as possibilidades abertas por essa forma específica de organização. Gestão Associativista e Cooperativista 3 Introdução Até este ponto, trabalhamos com o desenvolvimento dos empreendimen- tos coletivos e sua história: como cooperativas e associações nascem para atender às necessidades de trabalhadores e pequenos produtores ainda no século XIX, são responsáveis por ganhos notáveis para os elementos representados por esses empreendimentos coletivos e se espalham pelo mundo, com a formação da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), em 1895, e a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), em 1969. Agora, é chegado o momento de analisarmos em maior profundidade as duas categorias geralmente reunidas sob o denominador comum de em- preendimentos coletivos – as Associações, objeto deste capítulo, e as Cooperativas, que discutiremos na próxima aula. Assim, há uma série de considerações importantes a fazer sobre a caracterização das associa- ções, suas finalidades, forma jurídica comum, os critérios para sua funda- ção, suas atribuições usuais e as especificidades dessa forma de organiza- ção no meio rural brasileiro. Pensando nesses temas, o capítulo está estruturado em três tópicos: (1) em Associações – definição e particularidades discutiremos o que faz com que as associações sejam empreendimentos coletivos singulares; (2) em Estatuto jurídico e modelo de regimento apresentaremos um mode- lo genérico de estatuto social para associações destinadas a diversos fins; (3) em Associações no Brasil e no Meio Rural Brasileiro, por sua vez, exploraremos as especificidades do associativismo no Brasil e, de forma ainda mais particular, no meio rural. Boa leitura! 4 Gestão Associativista e Cooperativista 1. Associações – definição e particularidades Ainda que agrupadas, em termos gerais, como empreendimentos cole- tivos, associações e cooperativas são marcadas por algumas diferenças importantes. A primeira delas é definidora do caráter das associações, em termos jurídicos e econômicos: associações são definidas, a partir do Código Civil (Lei n. 10.406/02, art.53), como a união de pessoas que se organizam para fins não econômicos. Como você deve ter percebido a partir da narrativa construída na aula anterior, as cooperativas são mar- cadas, desde o princípio, pela sua função econômica, associada ora ao consumo, ora à produção, em termos coletivos. Assim, as associações são marcadas pela conformação de um grupo de pessoas em torno de objetivos comuns não econômicos. Essa definição pode soar um pouco confusa, mas vamos refletir sobre ela por alguns mi- nutos. A existência da associação se pauta, de pronto, pela isenção de ati- vidades produtivas ou econômicas em seu interior. Diferentemente das cooperativas, associações não se organizam pela administração financei- ra ou industrial dos seus membros. Correspondem, grosso modo, a enti- dades representativas de seus interesses para além da esfera econômica. Por outro lado, afirmar que a associação é decorrente da organização para fins não econômicos não significa o mesmo que dizer que essa for- ma de empreendimento coletivo só existe onde não há fim econômicocomum – muito pelo contrário. Comumente, as associações surgem da necessidade de representação dos trabalhadores ou pequenos proprietá- rios de determinado ramo, pautando-se pela conquista de melhores con- dições de trabalho para seus membros ou de ganhos sociais ou políticos coletivos. Em linhas gerais, a ideia subjacente à associação é a organiza- ção coletiva de um grupo de pessoas com interesses comuns, desde que esses interesses não sejam estritamente econômicos, para satisfação de um conjunto de necessidades ou objetivos. Desta forma, as associações são a forma mais simples e mais imediata de empreendimento coletivo, garantindo a mediação entre as necessidades e objetivos comuns de um grupo de pessoas frente à sociedade e ao mercado. Gestão Associativista e Cooperativista 5 Pela sua definição abrangente, as associações podem assumir várias for- mas, como OSCIP (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público), sindicatos, fundações, organizações sociais, redes de empresas (quando caracterizadas legalmente enquanto associações) e clubes. Como você pode imaginar, cada um desses tipos de associação é marcado por di- ferentes finalidades – e dessas finalidades emerge a definição dos seus termos gerais de operação, de suas atribuições e de seus limites. Outro traço importante é que associações são estruturadas a partir de um conjunto de princípios: adesão voluntária e livre, gestão democrá- tica pelos sócios, participação econômica dos sócios, autonomia e in- dependência, educação, formação e informação, interação e interes- se pela comunidade. Como você pode ver, os princípios se assemelham muito à sua origem comum, na Carta de Rochdale, e nos desenvolvimen- tos posteriores dos empreendimentos coletivos. O Princípio da Adesão Voluntária e Livre versa sobre a possibilidade de filiação à associação independentemente de distinções sociais, raciais, re- ligiosas, políticas ou de gênero; basta que o membro em potencial tenha interesse nos serviços garantidos pela associação e esteja disposto a arcar com as responsabilidades de sócio para que ele se torne um membro efe- tivo. De forma análoga, as associações obedecem ao Princípio de Gestão Democrática pelos Sócios, em que o Estatuto Social estipula os termos para realização de assembleias e implementação de suas deliberações. A primeira responsabilidade dos sócios é a contribuição econômica equi- tativa, regida pelo Princípio da Participação Econômica dos Sócios, constitutiva dos fundos à disposição da associação. Um dado importante é que o controle dessa forma de empreendimento coletivo deve sempre repousar sobre as decisões dos sócios; ainda que as associações inaugu- rem possibilidades para o apoio da iniciativa privada ou governamental, esse apoio se dá somente por meio de acordos operacionais. Esses são os termos gerais do Princípio da Autonomia e Independência. 6 Gestão Associativista e Cooperativista Como todo e qualquer empreendimento coletivo, as associações são pensadas para além da realização econômica, política e social individual de seus membros, defendendo vias coletivas de empoderamento da co- munidade. Assim, devem proporcionar educação e formação aos sócios (Princípio da Educação, Formação e Informação), privilegiar a interação com outros empreendimentos coletivos (Princípio da Interação) e pro- mover o desenvolvimento sustentável dos grupos ou comunidades aten- didos por seus critérios (Princípio do Interesse pela Comunidade). ASSIMILE Além desses princípios, as associações também são marca- das por um conjunto de características-chave, que podem ser sumarizadas nos seguintes itens: • Constituem-se da reunião de duas ou mais pessoas para a realização de objetivos comuns, que não se limitem a finalidades econômicas; • O patrimônio da associação é constituído a partir de contribuições dos associados por doações ou subven- ções, não possuindo capital social; • Os associados podem promover a alteração dos fins originais da associação, a partir das instâncias delibe- rativas detalhadas no Estatuto Social, onde deliberam livremente. • Associações obedecem fundamentalmente ao direito privado (e não ao direito público), assim são regidas pela Constituição Federal e pelo Código Civil. Como explicitamos anteriormente, a pluralidade de objetivos entre as associações condiciona uma vasta tipologia de empreendimentos, vincu- lados a diferentes finalidades. Assim, é possível pensar em associações Gestão Associativista e Cooperativista 7 filantrópicas, unidas pela promoção da assistência social aos necessi- tados; associações de pais e mestres, representativas da organização da comunidade escolar; associações em defesa da vida, pautadas pela defesa de pessoas em condições marginais e/ou portadoras de deficiên- cia; associações culturais, esportivas ou sociais, em formato próximo a clubes esportivos, literários ou sociais, focados no desenvolvimento físico e intelectual de seus membros; associações de consumidores, destinadas ao fortalecimento dos consumidores frente à indústria e ao governo; as- sociações de classe, representantes de interesses políticos de diferentes grupos econômicos; e, por fim, associações de produtores, geralmente pautadas pela defesa de interesses comuns e representação política de pequenos produtores (muito comuns no meio rural). EXEMPLIFICANDO Há uma miríade de exemplo de associações relevantes nos mais diversos setores. Rapidamente, é possível citar a APAE, Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (uma asso- ciação em defesa da vida), a AABB, Associação Atlética dos Funcionários do Banco do Brasil (uma associação cultural e esportiva a serviço de uma categorial laboral específica), a ABUSAR, Associação Brasileira de Usuários de Acesso Rápido (uma associação de consumidores de serviços de internet em banda larga), federações como a FIESP e a FIEMG (Federações da Indústria dos Estados de São Paulo e Minas Gerais, res- pectivamente – associações de classe dedicadas à defesa dos interesses políticos dos industriais), a ACIC (Associação Comercial e Industrial de Campinas, outra associação de clas- se) e uma multitude de Associações de Produtores Rurais de escopo geográfico limitado. 8 Gestão Associativista e Cooperativista 2. Estatuto jurídico e modelo de regimento Como mencionamos anteriormente, as associações são regidas pelos arti- gos 53 a 61 da Lei n. 10.406, de 2002, parte do Código Civil. Adicionalmente, alguns de seus termos de operação foram alterados pela Lei n. 11.127, de 2005, que esclarece os critérios para a redação de seu estatuto e para o funcionamento das assembleias deliberativas gerais, ferramenta funda- mental da gestão democrática das associações. De forma resumida, a legislação vigente garante a definição de associação que apresentamos anteriormente, reafirmando a constituição das asso- ciações a partir da união de pessoas organizadas para fins não econômi- cos, sem direitos e obrigações recíprocos. Um dado importante da carac- terização jurídica das associações é o estabelecimento de termos claros para redação do estatuto social dessas entidades: Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá: I. a denominação, os fins e a sede da associação; II. os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados; III. os direitos e deveres dos associados; IV. as fontes de recursos para sua manutenção; V. o modo de constituição e funcionamento dos órgãos deliberativos e administrativos; VI. o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos; VII. as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução; VIII. a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas con- tas (BRASIL, 2002). PARA SABER MAIS Procure aproveitar a oportunidade para pesquisar o estatu- to social e a definição dos objetivos das associações elenca- das acima. Uma recomendação é procurar associações locais em sua área de atuação e estudar suas propostas, os custosde filiação e os benefícios aos associados. Gestão Associativista e Cooperativista 9 O Estatuto Social é um documento jurídico bastante simples, elaborado a partir das demandas e interesses dos associados e fundadores de uma dada associação. Em linhas gerais, precisa conter definições claras do nome da associação, de sua finalidade e da sede, ou do espaço em que a associação operará; critérios específicos para admissão e participação (direitos e deveres) dos associados; uma descrição das fontes de recursos financeiros para operação da associação; e o detalhamento das instâncias deliberativas e administrativas da associação, com os respectivos meca- nismos de operação. Nesse sentido, quais considerações devemos ter em mente antes e du- rante a fundação de uma associação? Em outras palavras, quais os passos envolvidos nesse processo? Toda associação emerge de considerações coletivas sobre problemas en- frentados por uma categoria comum de pessoas – trabalhadores, funcio- nários de uma dada empresa, pessoas com necessidades especiais, pe- quenos produtores, etc. Assim, o primeiro passo é a percepção de um problema coletivo e de vias coletivas para seu equacionamento. A partir da motivação desse dilema comum, os fundadores se empenham em acessar informações relevantes para essa questão e suas possíveis so- luções, no âmbito jurídico, econômico, social e político. Reunido um grupo coeso de fundadores, o segundo passo envolve, geralmente, uma reu- nião de sensibilização, em que novos elementos seriam trazidos para a mobilização com uma discussão aberta dos problemas comuns aos po- tenciais futuros membros e a formação de grupos de trabalho. Esses gru- pos de trabalho seriam responsáveis pela elaboração de relatórios preli- minares que norteariam o terceiro passo: a realização de uma assem- bleia de constituição. Essa assembleia reuniria os membros fundadores da associação e se en- gajaria diretamente na redação de seu estatuto social; assim, os termos deliberados nela seriam decisivos para a definição do escopo e dos limi- tes de atuação da associação em construção. Munidos do estatuto so- cial resultante dessa assembleia e da gama de documentos necessários à fundação da associação, os sócios fundadores podem prosseguir para o 10 Gestão Associativista e Cooperativista importante quarto passo – o registro da associação em cartório e a ob- tenção do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) do empreendi- mento coletivo. A partir desse passo, a associação já “existe” em termos jurídicos – resta fazer com que ela exista em termos práticos. Assim, um quinto passo envolveria a estruturação física e financeira da associa- ção, o estabelecimento de um cronograma, calendário e pauta para reuniões futuras. Em outras palavras, a operacionalização financeira e administrativa da associação. PARA SABER MAIS Esse breve roteiro foi elaborado com base no material dispo- nibilizado pelo Sebrae, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Lá são detalhados os documentos ne- cessários à fundação da associação e os termos gerais de sua operação. Assim, não poderíamos deixar de recomendá-lo. Para maiores informações, leia: CARDOSO, Univaldo Coelho. Associação. Brasília: Sebrae, 2014. A variedade de propósitos e formatos das associações dificulta a defesa de um modelo geral de estatuto social, mas é necessário um documen- to que siga os termos básicos delimitados na Lei 10.406/02 e responda à assembleia de fundação. É preciso que os artigos desse estatuto social cubram, com clareza, os critérios de denominação e finalidade da asso- ciação, seus compromissos, as categorias, deveres e direitos dos asso- ciados, as atribuições, regularidade e formato das assembleias, as prer- rogativas da administração e presidência, e outros critérios previsíveis (cláusulas de recisão e exclusão, dissolução, reforma estatutária, etc.) Gestão Associativista e Cooperativista 11 3. Associações no Brasil e no meio rural brasileiro As associações e o associativismo possuem uma longa história no Brasil, com os primeiros experimentos datando do século XIX. Hoje, estão espalhadas pelos mais diversos setores da sociedade, representando grupos variados na busca de soluções coletivas para dilemas políticos, sociais e jurídicos. Como enfatizamos ainda no primeiro capítulo, os empreendimentos co- letivos não são exatamente uma novidade no meio rural – grosso modo, correspondem ao padrão pelo qual os produtores rurais tradicionais se organizaram por séculos e séculos, antes da emergência da indústria e do assalariamento. Quando precisavam decidir sobre obras infraestruturais, sobre a conquista de direitos ou sobre a partilha das colheitas entre os agricultores, os aldeões recorriam a estruturas que se assemelhavam às associações cujos termos legais discutimos nas páginas anteriores. Assim, o campo sempre foi um terreno fértil para a realização de empreendi- mentos coletivos. Nos dias de hoje, qual a motivação para o estabelecimento de associações comunitárias rurais ou associações de produtores rurais? De forma dire- ta, integrar esforços dos agricultores em torno da realização de objetivos comuns. Como as associações se pautam por objetivos especificamente não econômicos, uma associação comunitária rural pode demandar, por exemplo, a pavimentação das vias de acesso à sua área de residência, a instalação de escolas e/ou de rotas de policiamento e vigilância sanitária. Uma associação de produtores rurais, por sua vez, se dedicaria ao forta- lecimento das externalidades positivas à produção rural: a garantia de acesso a mercados regionais, a proteção de seus membros de dinâmicas agressivas de concentração de terras, o estabelecimento de canais logís- ticos de escoamento da produção ou mesmo a criação e manutenção de espaços físicos para comercialização de seus produtos. As associações são de especial importância no contexto da globalização e da revolução verde: com a internacionalização do capital, as grandes 12 Gestão Associativista e Cooperativista corporações do agronegócio dispõem de mecanismos cada vez mais efi- cientes para dilapidar a presença dos pequenos produtores e da agricul- tura familiar, na produção agrícola. Uma agricultura intensiva em capital, moderna e industrializada, só seria possível por meio da concentração de terras e de capital, não fosse a presença de empreendimentos coletivos capazes de agregar os interesses e esforços de um grande número de pe- quenos proprietários. Assim, associações rurais contribuem diretamente para a preservação de comunidades tradicionais vinculadas à terra e ao seu manejo (como qui- lombolas, colonos e ribeirinhos) em regimes jurídicos que ainda garan- tam a autonomia dessas unidades produtivas. Diferentemente de uma cooperativa, a associação prevê um elevado grau de autonomia econômi- ca entre seus membros – isso é particularmente interessante no caso de operações de pequena escala, fragmentadas, em que a divisão do cul- tivo entre um grande número de pequenos empreendedores garantiria o uso sustentável dos recursos naturais ou produziria resultados de perfil distinto daqueles obtidos pela concentração produtiva. A agricultura de orgânicos ou de produtos de elevada qualidade (como café premium ou laticínios com projeção internacional) seria beneficiada especificamente por essa forma de organização. Adicionalmente, estudos apontam a sinergia entre agricultura familiar e desenvolvimento sustentável: a percepção do meio ambiente como um espaço de vivência e crescimento, e não só de produção, norteia essa variante de produção agrícola e sua organização em associações. Assim, o estabelecimento de associações para preservação e defesa das comu- nidades de pequenos produtores rurais representa, em muitos casos, a ligação do Brasil contemporâneo com formas mais humanas de aprovei- tamento do campo e de suas riquezas. Pense nos principais gêneros agrícolas produzidos e comercializados em seu setor ou regiãoe procure se informar sobre as necessidades de produtores e comunidades rurais organizadas em seu entorno. Como você estruturaria uma associação de defesa dos interesses dessa comunidade? E uma associação de classe para os produto- res rurais de seu município? Quais seriam as principais demandas? Procure formular um rascunho de estatuto social a partir da discus- são que fizemos nesse capítulo. QUESTÃO PARA REFLEXÃO Gestão Associativista e Cooperativista 13 corporações do agronegócio dispõem de mecanismos cada vez mais efi- cientes para dilapidar a presença dos pequenos produtores e da agricul- tura familiar, na produção agrícola. Uma agricultura intensiva em capital, moderna e industrializada, só seria possível por meio da concentração de terras e de capital, não fosse a presença de empreendimentos coletivos capazes de agregar os interesses e esforços de um grande número de pe- quenos proprietários. Assim, associações rurais contribuem diretamente para a preservação de comunidades tradicionais vinculadas à terra e ao seu manejo (como qui- lombolas, colonos e ribeirinhos) em regimes jurídicos que ainda garan- tam a autonomia dessas unidades produtivas. Diferentemente de uma cooperativa, a associação prevê um elevado grau de autonomia econômi- ca entre seus membros – isso é particularmente interessante no caso de operações de pequena escala, fragmentadas, em que a divisão do cul- tivo entre um grande número de pequenos empreendedores garantiria o uso sustentável dos recursos naturais ou produziria resultados de perfil distinto daqueles obtidos pela concentração produtiva. A agricultura de orgânicos ou de produtos de elevada qualidade (como café premium ou laticínios com projeção internacional) seria beneficiada especificamente por essa forma de organização. Adicionalmente, estudos apontam a sinergia entre agricultura familiar e desenvolvimento sustentável: a percepção do meio ambiente como um espaço de vivência e crescimento, e não só de produção, norteia essa variante de produção agrícola e sua organização em associações. Assim, o estabelecimento de associações para preservação e defesa das comu- nidades de pequenos produtores rurais representa, em muitos casos, a ligação do Brasil contemporâneo com formas mais humanas de aprovei- tamento do campo e de suas riquezas. Pense nos principais gêneros agrícolas produzidos e comercializados em seu setor ou região e procure se informar sobre as necessidades de produtores e comunidades rurais organizadas em seu entorno. Como você estruturaria uma associação de defesa dos interesses dessa comunidade? E uma associação de classe para os produto- res rurais de seu município? Quais seriam as principais demandas? Procure formular um rascunho de estatuto social a partir da discus- são que fizemos nesse capítulo. QUESTÃO PARA REFLEXÃO 4. Considerações finais • Associações são um dos tipos paradigmáticos de empreendimentos coletivos, definidas especificamente por suas finalidades não eco- nômicas (em contraposição às cooperativas, que se organizam em torno de fins comerciais ou produtivos). • Desta forma, geralmente se pautam pela defesa dos interesses comuns de grupos vastos de indivíduos. Podem representar aspi- rações culturais, esportivas, políticas, sanitárias, e podem, também, corresponder à defesa das necessidades de uma determinada cate- goria produtiva. • O documento fundamental de toda associação é seu estatuto social, que define a associação em questão, os critérios de associação e os mecanismos de representação e administração. • Associações rurais são de especial importância na promoção das atividades de pequenos produtores ou agricultores familiares, con- tribuindo para uma gestão sustentável dos recursos naturais. 14 Gestão Associativista e Cooperativista VERIFICAÇÃO DE LEITURA TEMA 02 1. Como as cooperativas, associações são empreendimentos coletivos pautados pela tentativa de resolução de proble- mas que afetam uma comunidade de produtores, indivídu- os ou moradores de determinada região. Agora, a diferença fundamental entre associações e cooperativas reside na: a) Presença de número maior de associados nas coope- rativas, já que associações se limitam a até dez sócios. b) Presença de capital privado, já que associações permi- tem a compra de participação pela iniciativa privada. c) Atuação econômica, já que associações só podem de- sempenhar funções comerciais e financeiras, enquanto cooperativas são predominantemente produtivas. d) Finalidade, já que associações se definem por atuarem com vistas a fins estritamente não econômicos. Glossário • Estatuto social: documento que versa sobre os critérios de defi- nição, representação e administração em uma dada associação. Carta fundadora desse empreendimento coletivo. • Associação de classe: associação dedicada à defesa de interesses não econômicos de um grupo de indivíduos definidos a partir de sua identidade econômica. Pode representar determinada categoria la- boral, empregados de uma determinada corporação ou participan- tes de um mercado ou setor em um determinado espaço geográfico. • Assembleia: reunião deliberativa para votação de questões can- dentes, pertinentes à associação. Mecanismo representativo bási- co dessa forma de empreendimento coletivo. Gestão Associativista e Cooperativista 15 e) Princípios, radicalmente distintos dos princípios do cor- porativismo, no caso das associações. 2. O Estatuto Social de uma associação deve conter: I. Formas de organização econômica da produção dos sócios. II. Descrição detalhada da finalidade e dos critérios da as- sociação em questão. III. Uma exploração dos critérios de associação e delibe- ração. Assinale a alternativa que lista todos os enunciados VERDADEIROS: a) I, II, III. b) II, III. c) I, III. d) I, II. e) III. 3. Leia atentamente o fragmento abaixo, em que a definição de associação é enunciada pelo SEBRAE: “O termo associação agrega uma série de modelos de or- ganização que possuem objetivos e finalidades diferentes entre si, mas que se unem sob essa nomenclatura por pos- suírem características básicas semelhantes, como: • reunião de (1) ou mais pessoas para a realização de objetivos comuns; • (2) constituído pela contribuição dos associados, por doações, por subvenções, etc.; • os (3) podem ser alterados pelos associados; • os associados tomam decisões livremente; • são entidades do direito (4) e não público. 16 Gestão Associativista e Cooperativista Referências Bibliográficas ABRANTES, J. Associativismo e cooperativismo. Rio de Janeiro: Interciência, 2004. BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de jan. de 2002. Institui o Código Civil, Brasília, DF, jan 2017. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 05 mar. 2017. CARDOSO, Univaldo Coelho. Associação. Brasília: Sebrae, 2014. SEBRAE. Conheça os tipos de associação no Brasil. Disponível em: <http://www. sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/conheca-os-tipos-de-associacoes-existen tes-no-brasil,1dee438af1c92410VgnVCM100000b272010aRCRD>. Acesso em: 20 ago. 2018. Gabarito – Tema 02 Questão 1 – Resposta: D A distinção fundamental entre associações e cooperativas reside na finalidade de ambos os empreendimentos coletivos: enquanto coo- perativas se organizam em torno de fins econômicos, associações se pautam por fins não econômicos. De modo geral, essas organizações não têm a atividade econômica como objetivo principal, mas defendem os in- teresses de um grupo que encontrou na união de esforços a melhor solução para determinados problemas.” Escolha a alternativa que preenche corretamente as lacu- nas do texto, indicadas por (1), (2), (3) e (4): a) dez; patrimônio; fins; colaborativo. b) duas; estatuto; fins; colaborativo. c) duas; patrimônio; fins; privado. d) vinte; patrimônio; estatutos; privado. e) duas; estatuto; critérios de exclusão; privado. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/conheca-os-tipos-de-associacoes-existentes-no-brasil,1dee438af1c92410VgnVCM100000b272010aRCRDhttp://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/conheca-os-tipos-de-associacoes-existentes-no-brasil,1dee438af1c92410VgnVCM100000b272010aRCRD http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/conheca-os-tipos-de-associacoes-existentes-no-brasil,1dee438af1c92410VgnVCM100000b272010aRCRD Gestão Associativista e Cooperativista 17 Questão 2 – Resposta: B Os enunciados b e c são verdadeiros, enquanto o enunciado a não corresponde à realidade das associações, pautadas pela organização com vistas a fins não econômicos. Questão 3 – Resposta: C “O termo associação agrega uma série de modelos de organização que possuem objetivos e finalidades diferentes entre si, mas que se unem sob essa nomenclatura por possuírem características básicas semelhantes, como: • reunião de duas ou mais pessoas para a realização de objetivos comuns; • patrimônio constituído pela contribuição dos associados, por doa- ções, por subvenções, etc.; • os fins podem ser alterados pelos associados; • os associados tomam decisões livremente; • são entidades do direito privado e não público. De modo geral, essas organizações não têm a atividade econômica como objetivo principal, mas defendem os interesses de um grupo que encontrou na união de esforços a melhor solução para determi- nados problemas” (SEBRAE, s/d). 2 Gestão Associativista e Cooperativista TEMA 03 COOPERATIVISMO: DEFINIÇÃO E FUNCIONAMENTO Objetivos • De forma análoga ao módulo anterior, este é dedi- cado a um estudo aprofundado das cooperativas, o outro tipo predominante de empreendimento coleti- vo. Assim sendo, discutiremos neste módulo as suas especificidades, seus termos de definição jurídica e as possibilidades abertas por essa forma específica de organização. Gestão Associativista e Cooperativista 3 Introdução As cooperativas desempenham um papel importante não só no desenvol- vimento histórico dos empreendimentos coletivos, mas também na sua presença em diferentes setores econômicos, nos dias atuais. Tanto que muitas vezes o cooperativismo é entendido como o elemento definidor do coletivismo, seu referencial paradigmático. Ainda que tenhamos visitado as origens históricas do cooperativismo e das primeiras cooperativas no primeiro capítulo deste livro, é necessário que discutamos em maior profundidade os termos em que se organizam esses empreendimentos coletivos na contemporaneidade. De forma aná- loga ao que fizemos na aula anterior, nos debruçaremos agora sobre a definição de cooperativa e os termos gerais de seu funcionamento, na atualidade, diferenciando essa forma de organização coletiva da produ- ção das associações, vistas na aula passada. Pensando nesses temas, o capítulo está estruturado em três partes: (1) em Cooperativas – definição e particularidades - discutiremos o que faz com que as cooperativas se diferenciem das associações, o que garan- te a sua especificidade; (2) em Estatuto jurídico e modelo de regimento apresentaremos um modelo genérico de estatuto social para cooperati- vas destinadas a diversos fins; em (3) em Cooperativas no Brasil e no Meio Rural Brasileiro exploraremos as particularidades do cooperativismo no Brasil e, em especial, no meio rural. Boa leitura! 1. Cooperativas – definição e particularidades Você deve se lembrar bem da origem histórica das cooperativas, discutida em detalhe no primeiro capítulo deste livro. Unidos em torno de necessi- dades comuns, os pioneiros de Rochdale montaram a primeira cooperati- va da história, organizando-se para garantir o suprimento a preços justos 4 Gestão Associativista e Cooperativista de víveres e artigos de primeira necessidade para os seus membros. Com isso inventaram não somente uma forma inovadora de responder aos desafios econômicos de seu tempo, como cavaram as bases para formas posteriores de organização coletiva da produção e do consumo. Da mesma forma, a esta altura você já deve ter alguma familiaridade com os princípios do cooperativismo, explorado previamente neste material. Diferentemente dos objetivos que norteiam a maior parte das empresas, as cooperativas são pautadas pelos ideais de (1) adesão livre e voluntá- ria; (2) gestão e controle democráticos; (3) participação econômica na sociedade; (4) autonomia e independência; (5) educação, treinamen- to e informação; (6) cooperação entre cooperativas; e, finalmente, (7) preocupação com as comunidades. O histórico desse tipo de empreendimento também foi objeto de nosso primeiro capítulo, mas convém aqui relembrar um momento importante de sua história: a definição jurídica das cooperativas e da Política Nacional de Cooperativismo, em dezembro de 1971, por meio da Lei no. 5.764, a Lei do Cooperativismo. Nela, as cooperativas são caracterizadas da se- guinte forma: CAPÍTULO II Das Sociedades Cooperativas Art. 3° Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que recipro- camente se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum, sem objetivo de lucro. Art. 4º As cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas à falência, constituídas para prestar serviços aos associados, distinguindo-se das demais sociedades pe- las seguintes características: I. adesão voluntária, com número ilimitado de associados, salvo impossi- bilidade técnica de prestação de serviços; II. variabilidade do capital social representado por quotas-partes; III. limitação do número de quotas-partes do capital para cada associado, facultado, porém, o estabelecimento de critérios de proporcionalidade, se assim for mais adequado para o cumprimento dos objetivos sociais; Gestão Associativista e Cooperativista 5 IV. inacessibilidade das quotas-partes do capital a terceiros, estranhos à sociedade; V. singularidade de voto, podendo as cooperativas centrais, federações e confederações de cooperativas, com exceção das que exerçam ativida- de de crédito, optar pelo critério da proporcionalidade; VI. quorum para o funcionamento e deliberação da Assembleia Geral ba- seado no número de associados e não no capital; VII. retorno das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente às ope- rações realizadas pelo associado, salvo deliberação em contrário da Assembleia Geral; VIII. indivisibilidade dos fundos de Reserva e de Assistência Técnica Educacional e Social; IX. neutralidade política e indiscriminação religiosa, racial e social; X. X. prestação de assistência aos associados, e, quando previsto nos esta- tutos, aos empregados da cooperativa; XI. área de admissão de associados limitada às possibilidades de reunião, controle, operações e prestação de serviços (BRASIL, 1971). A lei em questão estabelece as cooperativas a partir de alguns traços de- finidores. O primeiro deles diz respeito à sua função social: cooperativas não possuem fins lucrativos, mas, diferentemente das associações, são pautadas pelo exercício de atividade econômica. O restante da defi- nição traz para o âmbito jurídico os princípios fundadores do cooperati- vismo, reconhecendo a adesão voluntária, os princípios democráticos de gestão, a representação por assembleia, mas, mais do que isso, os fun- damentos solidários e coletivistas do empreendimento coletivo em questão, marcado pela impossibilidade de venda das quotas-partes do capital da cooperativa a terceiros, a vinculação dessa estrutura financeira aos associados e a obrigação de que o empreendimento se paute pela assistência a seus membros. Essa mesma lei versa sobre o objetivo e classificação das cooperativas, es- tipulando um limite mínimo para a fundação de cooperativas singulares 6 Gestão Associativista e Cooperativista (20 sócios), as responsabilidades dos associados e a possibilidade de es- tabelecimento de cooperativas centrais ou federações de cooperativas, a partir da articulação de ao menos três cooperativas singulares, e de con- federações de cooperativas, constituídas de pelo menos três federações de cooperativas.Assim, diferentemente das associações, a legislação que rege as cooperativas também versa sobre a possibilidade de organização desses empreendimentos em federações e confederações que articulem os interesses de vários grupos de trabalhadores do mesmo setor, disper- sos em um vasto território, ou mesmo de trabalhadores cooperados em torno de diferentes atividades econômicas. Partindo da definição original, as cooperativas são apresentadas como classificadas também de acordo com o objeto ou pela natureza das ativi- dades desenvolvidas. Assim, além dos termos gerais que unificam esses empreendimentos coletivos, há uma dimensão clara da variedade de co- operativas existentes a partir dos muitos fins possíveis desses empreen- dimentos coletivos. No Brasil, isso se reflete na caracterização de 13 ramos de atuação, de- finidos pela Organização das Cooperativas Brasileiras em 1993. Partindo dessa divisão, teríamos: • Cooperativas de Consumo: criadas no modelo da Sociedade de Rochdale, pautam-se pelo abastecimento de seus cooperados. Unindo as necessidades da coletividade em torno desse empreendi- mento, garantem-se preços mais baixos do que aqueles comumente encontrados no mercado. • Cooperativas de Crédito: são construídas em torno da prestação de serviços financeiros, como empréstimos e administração de poupanças. Diferentemente de outras cooperativas, apresentam definição e funcionamento muito similares às de instituições finan- ceiras e, portanto, são reguladas pelo Banco Central do Brasil. • Cooperativas Habitacionais: envolvem a articulação coletiva para Gestão Associativista e Cooperativista 7 realização de empreendimentos imobiliários. Os cooperados con- tribuem mensalmente com uma prestação, e essas parcelas são empregadas na construção e entrega de imóveis nos termos esta- belecidos quando da fundação da cooperativa. • Cooperativas de Saúde: organizadas por médicos e outros profissio- nais da saúde, são análogas a um plano de saúde. A diferença, aqui, é o fato de serem organizadas pelos próprios prestadores de serviços. • Cooperativas de Trabalho: as cooperativas de saúde são, no limite, um tipo de cooperativa de trabalho. Esses empreendimentos são formados quando trabalhadores de um mesmo ramo de atividade se juntam para realizar em comum suas atividades. Assim, con- tratantes poderiam recorrer à cooperativa, que então direcionaria suas demandas a um dos profissionais cooperados, ou esses mes- mos profissionais poderiam se valer da estrutura (contábil, jurídica, financeira, administrativa) proporcionada pela cooperativa para desenvolver suas atividades. • Cooperativas de Transporte: de forma similar às cooperativas de saúde, cooperativas de transporte são, em essência, cooperativas de trabalho. São empreendimentos dedicados ao transporte de cargas e passageiros. Como essa função obedece a regulações específicas, cooperativas de transporte são sua própria categoria. • Cooperativas Sociais: empreendimentos coletivos pautados pela tutela ou reinserção no mercado de trabalho de pessoas em dife- rentes situações de vulnerabilidade social ou econômica. Aqui, o caráter social do empreendimento coletivo é priorizado. • Cooperativas Educacionais: uma cooperativa educacional surge da articulação de professores organizados como profissionais autô- nomos e pais de alunos, interessados em desempenhar um papel ativo na educação de seus filhos. Em linhas gerais, assemelham- -se a uma escola de ensino infantil, fundamental ou médio, mas se 8 Gestão Associativista e Cooperativista diferenciam pela gestão democrática do empreendimento. • Cooperativas de Infraestrutura: similares às associações de mora- dores (estudadas no capítulo anterior), visam garantir o acesso de seus cooperados à energia, limpeza pública, saneamento básico, telefonia e segurança. • Cooperativas de Turismo e Lazer: reúnem profissionais dedicados à prestação de serviços nessas áreas, proporcionando descontos e vantagens aos cooperados. • Cooperativas Minerais: cooperativas de mineradores. Em última instância, localizam-se na interseção das cooperativas de trabalho e de produção. • Cooperativas de Produção: tipo paradigmático de cooperativa pro- dutiva, pautada pela propriedade coletiva dos meios de produção, que pertencem, por meio da cooperativa, a todos os coopera- dos. Estes mesmos cooperados, neste caso, são os trabalhadores responsáveis pela realização das atividades produtivas do empre- endimento em questão. • Cooperativas Agropecuárias: englobam produtores do meio rural, pautando-se pela produção de gêneros agrícolas ou pecuários. Representam um dos ramos mais tradicionais do cooperativismo, com notável importância em algumas das maiores economias capi- talistas do mundo (como o Brasil e a França). Estatísticas indicam que aproximadamente 50% da produção agropecuária brasileira é fruto da atuação dessas cooperativas. Gestão Associativista e Cooperativista 9 ASSIMILE O cooperativismo foi responsável por uma mudança radical na forma como pensamos a organização produtiva e a apro- ximação entre trabalhadores. Para além dos ramos mencio- nados, há hoje um conjunto de iniciativas que se asseme- lham, em parte, aos princípios e práticas cooperativas, ainda que guardando algum distanciamento. Um exemplo disso é o coworking, em que profissionais liberais de variadas áreas di- videm um espaço de trabalho e suas facilidades. O coworking tem ganhado um grande número de adeptos nas principais regiões metropolitanas brasileiras, atraídos pela possibilida- de de socializar os elevados custos de manutenção de um escritório ou área de trabalho. 2. Estatuto jurídico e modelo de regimento Como discutimos anteriormente, as cooperativas são regidas prioritaria- mente pela Lei do Cooperativismo, também conhecida como Lei n.5.764 de dezembro de 1971. Como já discutimos os termos gerais da definição de cooperativa, de seus propósitos e organização, não convém reprisar- mos esses pontos. De forma inversa, discutir os critérios de caracterização jurídica de cada um dos 13 ramos de atuação das cooperativas, no Brasil, envolveria um esforço que excede em muito a proposta deste capítulo. Assim, seguindo o modelo que delineamos no capítulo anterior, esta seção será dedicada à apresentação dos passos envolvidos na criação de uma cooperativa, que começa de forma similar à criação de uma associação – na percepção de uma demanda coletiva, algo que reúna os interesses de toda uma comunidade. Diferentemente das associações, no entanto, cabe lembrar que as cooperativas são marcadas por seu fim econômico, logo a cadeia de decisões presente na fundação de uma cooperativa envolve con- siderações sobre viabilidade econômica, constituição de capital social, etc. 10 Gestão Associativista e Cooperativista Partindo desse dilema coletivo, o passo seguinte seria a reunião com um grupo de pessoas interessadas, que não precisa, ainda, abarcar a to- talidade dos futuros cooperados. A ideia é pensar os termos gerais do problema que a cooperativa se propõe a resolver e como organizá-la. A partir dessa reunião, os presentes escolheriam um coordenador e forma- riam uma comissão de trabalho para levantar informações necessárias à elaboração da cooperativa. Quanto os cooperados precisariam levantar em recursos para fundar a cooperativa? Quais os termos gerais de coope- ração? Como serão cobradas as taxas de cooperação? Discutidas essas primeiras questões, passa-se a uma análise de viabili- dade, que visa contrapor as posições da(s) reunião(ões) anteriores à rea- lidade do setor. Nesse momento, averigua-se tanto a viabilidade econô- mica quanto política e social – não se trata somente de garantir o sucesso econômico do empreendimento, mas de averiguar o engajamento dos cooperados e seu interesse em participar ativamente da organização. 2. Estatuto jurídico e modelo de regimento Como discutimos anteriormente, as cooperativas são regidas prioritaria- mente pela Lei do
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