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BRUNA VIDAL – ENFERMAGEM SISTEMA RESPIRATÓRIO FUNDAMENTOS DE ANATOMIA E FISIOLOGIA ✓ O sistema respiratório é dividido em trato respiratório superior (compartimento nasofaringolaríngeo) e trato respiratório inferior (compartimentos traqueobrônquicos e alveolar) ✓ Esterno: manúbrio, corpo e o processo xifoide ✓ Trato respiratório inferior: da traqueia à partes mais distais do parênquima pulmonar. Dividida em três zonas: zona condutora (apresentam vias respiratórias com paredes espessas para não possibilitar a passagem de gases para o parênquima pulmonar adjacente – traqueia, brônquios e bronquíolos membranosos), zona de transição ✓ A epiglote é responsável por fechar a entrada da laringe quando a pessoa deglute, impedindo, assim, que ocorra a aspiração de alimentos e líquidos para a via respiratória inferior. Já a laringe aloja as cordas vocais e se localiza acima da traqueia, sendo então um ponto de transição entre as vias respiratórias superiores e inferiores ✓ Pleura: membrana serosa única e contínua constituída de dois folhetos (parietal e visceral) ✓ A pressão no território da artéria pulmonar é bem menor que a pressão na circulação arterial sistêmica ✓ Fatores que interferem nas trocas gasosas: espessura da membrana, área de superfície da membrana, coeficiente de difusão do gás (o CO2 difunde mais fácil que o O2, por isso na DPOC a primeira anormalidade é a hipoxemia), diferença de pressão entre os lados da membrana ✓ As vias respiratórias superiores são formadas pelas fossas nasais, nasofaringe, orofaringe, laringofaringe e laringe. Essas vias, além de servirem como conduto respiratório, desempenham papel de condicionador do ar inspirado, fazendo com que ele chegue aos locais das trocas gasosas em uma temperatura de aproximadamente 37°C. Cabe-lhes, também, umidificar e filtrar o ar na sua passagem ✓ Tórax: arcabouço osteomuscular que aloja coração, pulmões, pleura e estruturas do mediastino. O arcabouço esquelético do tórax (12 vértebras torácicas, discos intervertebrais, 12 costelas, cartilagens costais e esterno – os 7 primeiros sete pares são as costelas verdadeiras e os outros 5 pares são as costelas falsas; a 11 e 12 são flutuantes), além de proteger as estruturas da cavidade torácica, proporciona proteção para algumas vísceras abdominais, pois a maior parte do fígado se encontra sob a cúpula diafragmática direita, enquanto parte do estômago e todo o baço se encontram sob a cúpula diafragmática esquerda. As faces posteriores dos polos superiores dos rins repousam no diafragma ✓ Triângulo de segurança: ponto de referência do tórax por ser um local seguro para drenagem torácica – minimizando o risco de lesão da artéria torácica interna e evita lesão do tecido mamário (imagem ao lado) BRUNA VIDAL – ENFERMAGEM EXAME FÍSICO 1. Inspeção: verificar o ritmo, a frequência e a qualidade da respiração, inspecionar o tórax e sua simetria, posição da traqueia, estado da pele, asas nasais e uso da musculatura acessória; anotar dados e achados 2. Palpação: pode detectar diversas anormalidades estruturais e de pele. Palpar primeiro a traqueia, verificando sua posição e um possível aumento da tireoide. Observar se o paciente faz uso da musculatura acessória para respirar. Palpar o tórax, avaliando a pele e a densidade dos tecidos. Comparar sempre os dois lados e anote os achados 3. Percussão: determina se os pulmões estão cheios de ar, líquido ou material sólido e avalia a distância que o diafragma percorre entre a inspiração e a expiração. São ouvidos diversos tipos de sons em diferentes áreas. Para sua realização, estender o dedo médio da mão não dominante colocando a mão com firmeza sobre o tórax. Usar a ponta do dedo médio da mão dominante para bater no dedo médio da outra 4. Ausculta: quando o ar se move através da árvore brônquica, ele cria algumas ondas de som, que chegam até a parede torácica. Esses sons, produzidos pela respiração, se alteram quando o ar passa das vias respiratórias maiores para as menores. Se o ar passa através de líquidos, mucos ou vias respiratórias estreitadas, o som também altera. Os locais são os mesmos da percussão, então, coloca-se o diafragma do estetoscópio com uma certa pressão na pele do paciente, ouvindo uma inspiração e uma expiração completa, solicitando a ele que respire fundo pela boca. Atentar aos pelos no tórax, que podem produzir sons e alterar a ausculta → Dispneia/falta de ar: ocorre quando a respiração se torna difícil ou inadequada → Ortopneia: aumento da dispneia quando o paciente se encontra deitado em decúbito dorsal → Tosse: é preciso investigar suas características, tipo e horário mais frequente → Escarro: pede-se para que o paciente avalie a quantidade, características e sua frequência → Dor torácica: questiona-se sua localização, duração e investiga-se o que a provoca Sons diminuídos ou ausentes Ocorre quando algo obstrui os brônquios Crepitações Causadas pela abertura dos alvéolos que estão com líquido ou em colapso durante a inspiração. Podem ser finas ou grosseiras, e não desaparecem com a tosse Sibilos Sons agudos ouvidos na expiração quando há bloqueio do fluxo do ar. Se a intensidade do bloqueio aumenta, pode ser ouvido também na inspiração. Se o som não se altera com a tosse, é muitas vezes decorrente de asma, infecção, insuficiência cardíaca ou obstrução Roncos Sons graves ouvidos na expiração, mas que também podem ser ouvidos na inspiração, no caso de um bloqueio parcial das vias respiratórias maiores. Eles mudam de timbre ou até mesmo desaparecem durante a tosse Estridor Som alto, agudo e audível até sem o estetoscópio durante a inspiração, causado pela obstrução das vias aéreas superiores, que necessita de atenção Atrito pleural Som grave de fricção ouvido durante a inspiração e expiração, causado pela fricção dos dois folhetos da pleura que se encontram inflamados BRUNA VIDAL – ENFERMAGEM BRUNA VIDAL – ENFERMAGEM LINHAS E REGIÕES TORÁCICAS BRUNA VIDAL – ENFERMAGEM FORMA DO TÓRAX a) Normal b) Em tonel (enfisema): diâmetro anteroposterior igual ao lateral c) Tórax infundibuliforme (pectus exacavatum): depressão acentuada no nível do terço inferior do externo d) Tórax caroniforme (pectus carinatum): saliência no nível do esterno, em forma de pompo ou quilha de navio e) Escoliose: desvio lateral do segmento torácico da coluna vertebral f) Cifose: encurvamento posterior da coluna torácica g) Gibosidade BRUNA VIDAL – ENFERMAGEM PALPAÇÃO ✓ Verifica-se se há alguma região com hipersensibilidade, avalia-se a expansibilidade torácica e o frêmito tóraco-vocal ✓ Palpa-se com a mão espalmada e com leveza, tentando delimitar a área, buscando por elevações ou depressões ✓ A expansibilidade torácica é avaliada por meio da amplitude e principalmente da simetria da expansão torácica - Deve-se envolver posteriormente as bases pulmonares, realizando uma prega cutânea de cada lado, com tracionamento mediano das mãos medialmente. Solicite que o paciente faça uma inspiração profunda a fim de avaliar a expansão látero-lateral conforme as pregas se desfazem, de modo que se houver assimetriana expansibilidade isso será facilmente notado (não colocar força, apenas formar pregas frouxas e deixar que as mãos sigam os movimentos) - Para avaliar os ápices pulmonares, posicionam-se as mãos espalmadas, envolvendo o trapézio e clavícula do paciente, com os polegares se encontrando na linha vertebral. O distanciamento dos dedos será utilizado para avaliar a expansão apical - Para o frêmito tóraco-vocal, o tórax é dividido em quatro regiões que devem ser comparadas simetricamente o frêmito em cada uma. Solicita-se que o paciente repita palavras com muitos consoantes para provocar mais vibração. Como “trinta e três”, enquanto se pesquisa com uma mão de cada vez, ou bilateralmente de forma simultânea, a percepção vibratória. Quando existe algo na pleura (cavidade pleural, fora do parênquima pulmonar), como derrame pleural ou pneumotórax, o contato do pulmão com a parede torácica estará diminuído, de modo que o frêmito tóraco-vocal encontrar-se-á reduzido ou ausente. Do mesmo modo, como o som é uma onda mecânica, esse se propaga melhor em meios mais densos, como o líquido. Sendo assim, pacientes com consolidações, líquido etc. no parênquima pulmonar se apresentarão com o frêmito tóraco-vocal aumentado BRUNA VIDAL – ENFERMAGEM PERCUSSÃO ✓ Deve ser realizada com o paciente abraçando o próprio corpo, a fim de afastar as escápulas e gerar um espaço maior para a percussão ✓ Nessa técnica são utilizados os dedos médios, sendo que um fica isolado na região a ser percutida (espaços intercostais na face anterior ou posterior), enquanto que o outro realiza com a ponta da polpa, dois golpes rápidos, com a flexão do punho, sobre a articulação entre as falanges distal e média ✓ Por meio da percussão, gera-se uma onda sonora através da qual é possível perceber a consistência do conteúdo interno. Caso seja percebido que o som está mais baixo do que deveria, pode pressionar um pouco mais o dedo sobre a pele do paciente a fim de gerar um som mais forte ✓ E percussão deve ser realizada em um esquema de zigue-zague, conforme a imagem a seguir, a fim de propiciar a comparação em alturas distintas no mesmo hemitórax, bem como em comparação ao hemitórax contralateral na mesma altura ✓ Pulmões íntegros geram o som claro pulmonar; enquanto se houver algum preenchimento, haverá algum nível de macicez. No caso de o parênquima pulmonar estar comprometido, haverá muito mais ar do que o normal, fazendo com que o som ecoe ainda mais alto, resultando em um som timpânico. São comparadas regiões simétricas, tal como no frêmito tóraco-vocal, mas em mais regiões. Na base pulmonar, escutar-se-á o som maciço diafragmático, de modo que é possível avaliar o quanto esse músculo desce durante a inspiração. FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA 1. Apneia: parada dos movimentos respiratórios ou parada respiratória 2. Eupneia: frequência respiratória normal e sem dificuldade respiratória 3. Taquipneia: aumento da frequência respiratória. Pode ou não ser acompanhada de dispneia (sensação de desconforto respiratório ou conscientização dos movimentos respiratórios) 4. Bradipneia: diminuição da frequência respiratória BRUNA VIDAL – ENFERMAGEM AUSCULTA ✓ O som brônquico é auscultado sobre o manúbrio do esterno e brônquios principais. Nele é ouvida mais a expiração do que a inspiração. O som broncovesicular é auscultado na região esternal e interescapular, sendo que nele os sons inspiratórios e expiratórios possuem a mesma duração. ✓ O murmúrio vesicular é auscultado na periferia pulmonar. Nesse tipo de som, ouve-se mais a inspiração do que a expiração. Já o som traqueal é semelhante ao som brônquico, mas com mais intensidade ✓ Sons adventícios são aqueles que não são encontrados comumente, não sendo característicos de cavidades pleurais e/ou pulmões saudáveis. Podemos classificar esses sons como descontínuos ou contínuos. Os chamados descontínuos consistem nos estertores, que são decorrentes de anormalidades pulmonares como a fibrose, ou das vias respiratórias, como a bronquite. Ocorrem tanto na expiração como inspiração. Podem ser divididos em estertores finos (creptosos) que indicam conteúdo dentro do alvéolo e doenças intersticiais no alvéolo e grosseiros (bolhosos), que indica presença de conteúdo líquido ou inflamatório nas vias aéreas. Já os contínuos se caracterizam por permanecer por todo o ciclo respiratório, mas sendo mais audíveis na expiração. Roncos são sons graves e contínuos que sugerem secreção nas vias aéreas. Já os sibilos decorrem do estreitamento das vias respiratórias, sendo mais agudos e contínuos. É comum em pessoas com asma e indicam estreitamento de vias aéreas pequenas ✓ A técnica básica consiste em auscultar regiões simétricas da parede torácica, tanto anterior quanto posterior, seguindo- se de superior para inferior, tomando-se cuidado para que o ambiente em que se examina o paciente permita que você tenha certeza daquilo que está ouvindo, bem como para possíveis obstáculos e confundidores no seu exame, como ocorre nos casos da presença de pelos BRUNA VIDAL – ENFERMAGEM REFERÊNCIAS • Porto CC. Semiologia Médica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2019 • Lopez M, Laurentys-Medeiros J. Semiologia Médica: as bases do diagnóstico clínico. 5. ed. Rio de Janeiro: Thieme Revinter; 2004 • TAVARES, Priscila; TOGASHI, Ricardo; OLIVERIRA, José. Manual de semiologia médica – Editora: SANAR, 2020 • BARE, B.G.; HINCKLE, J.L; CHEEVER, K.H.; SMELTIZER, S.C. Brunner & Suddarth Tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2016 • Semiotécnica em enfermagem [recurso eletrônico] / organizadores: Cleide Oliveira Gomes ... [et al.]. – Natal, RN: EDUFRN, 2018 • IMAGENS: google imagens, sanarflix
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