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Manual de Tronco Comum Introdução à Filosofia Código A0010 Universidade Católica de Moçambique (UCM) Centro de Ensino à Distância (CED) Direitos de autor (copyright) Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique (UCM), Centro de Ensino à Distância (CED) e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação e/ou reprodução deste manual, no seu todo ou em partes, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Universidade Católica de Moçambique – Centro de Ensino à Distância). O não cumprimento desta advertência é passível a processos judiciais. Elaborado Por: António Luís Rosa – Licenciado em Ensio de Filosofia pela Universidade Pedagógica – Moçambique, Delegação da Beira. Universidade Católica de Moçambique (UCM) Centro de Ensino à Distância (CED) Rua Correia de Brito No 613 – Ponta-Gêa Beira – Sofala Telefone: 23 32 64 05 Cell: 82 50 18 440 Moçambique Fax: 23 32 64 06 E-mail: ced@ucm.ac.mz Website: www.ucm.ac.mz Agradecimentos A Universidade Católica de Moçambique (UCM) – Centro de Ensino à Distância (CED) e o autor do presente manual, António Luís Rosa, agradecem a colaboração de todos que directa ou indirectamente participaram na elaboração deste manual. À todos sinceros agradecimentos. Introdução à Filosofia i Índice Visão geral 7 Benvido à Introdução à Filosofia ...................................................................................... 7 Objectivos do curso .......................................................................................................... 7 Quem deveria estudar este módulo ................................................................................... 7 Como está estruturado este módulo .................................................................................. 8 Ícones de actividade .......................................................................................................... 8 Acerca dos ícones .......................................................................................... 9 Habilidades de estudo ....................................................................................................... 9 Precisa de apoio? ............................................................................................................ 10 Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ............................................................................... 10 Avaliação ........................................................................................................................ 11 Unidade N0 01-A0010 12 Tema: Introdução à Filosofia .......................................................................................... 12 Introdução .............................................................................................................. 12 Sumário ........................................................................................................................... 12 Exercícios ........................................................................................................................ 17 Unidade N0 02-A0010 18 Tema: Atitude filosófica ................................................................................................. 18 Introdução .............................................................................................................. 18 Sumário ........................................................................................................................... 18 Exercícios ........................................................................................................................ 31 Unidade N0 03-A0010 32 Tema: Breve contextualização histórica da Filosofia ..................................................... 32 Introdução .............................................................................................................. 32 ii Índice Sumário ........................................................................................................................... 32 Exercícios ......................................................................... 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Unidade N0 04-A0010 36 Tema: A Pessoa Humana ................................................................................................ 36 Introdução .............................................................................................................. 36 Sumário ........................................................................................................................... 36 Exercícios ........................................................................................................................ 39 Unidade N0 05-A0010 40 Tema: A Consciência Moral ........................................................................................... 40 Introdução .............................................................................................................. 40 Sumário ........................................................................................................................... 40 Exercícios ........................................................................................................................ 43 Unidade N0 06-A0010 44 Tema: Aspectos da Ética Individual. .............................................................................. 44 Introdução .............................................................................................................. 44 Sumário ........................................................................................................................... 44 Exercícios ........................................................................................................................ 48 Unidade N0 07-A0010 49 Tema: A acção humana. .................................................................................................. 49 Introdução .............................................................................................................. 49 Sumário ........................................................................................................................... 49 Exercícios ........................................................................................................................ 51 Unidade N0 08-A0010 52 Tema: Introdução aos Valores ........................................................................................ 52 Introdução .............................................................................................................. 52 Introdução à Filosofia iii Sumário ........................................................................................................................... 52 Exercícios ........................................................................................................................ 57 Unidade N0 09-A0010 58 Tema: Aspectos da Bioética. .......................................................................................... 58 Introdução .............................................................................................................. 58 Sumário ........................................................................................................................... 58 Exercícios ........................................................................................................................ 61 Unidade N0 10-A0010 62 Tema: Teoria do Conhecimento. .................................................................................... 62 Introdução ..............................................................................................................62 Sumário ........................................................................................................................... 62 Exercícios ........................................................................................................................ 71 Unidade N0 11-A0010 72 Tema: Possibilidades do Conhecimento. ........................................................................ 72 Introdução .............................................................................................................. 72 Sumário ........................................................................................................................... 72 Exercícios ........................................................................................................................ 75 Unidade N0 12-A0010 76 Tema: Origem do Conhecimento. ................................................................................... 76 Introdução .............................................................................................................. 76 Sumário ........................................................................................................................... 76 Exercícios ........................................................................................................................ 81 Unidade N0 13-A0010 82 Tema: Natureza do Conhecimento ................................................................................. 82 Introdução .............................................................................................................. 82 iv Índice Sumário ........................................................................................................................... 82 Exercícios ........................................................................................................................ 84 Unidade N0 14-A0010 85 Tema: Níveis de Conhecimento ...................................................................................... 85 Introdução .............................................................................................................. 85 Sumário ........................................................................................................................... 85 Exercícios ........................................................................................................................ 95 Unidade N0 15-A0010 96 Tema: Introdução à Lógica. ............................................................................................ 96 Introdução .............................................................................................................. 96 Sumário ........................................................................................................................... 96 Exercícios ........................................................................................................................ 99 Unidade N0 16-A0010 100 Tema: As dimensões do discurso humano. ................................................................... 100 Introdução ............................................................................................................ 100 Sumário ......................................................................................................................... 100 Exercícios ...................................................................................................................... 104 Unidade N0 17-A0010 105 Tema: Os princípios da razão ....................................................................................... 105 Introdução ............................................................................................................ 105 Sumário ......................................................................................................................... 105 Exercícios ...................................................................................................................... 111 Unidade N0 18-A0010 112 Tema: A convivência políticas entre os Homens. ......................................................... 112 Introdução ............................................................................................................ 112 Introdução à Filosofia v Sumário ......................................................................................................................... 112 Exercícios ...................................................................................................................... 120 Unidade N0 19-A0010 121 Tema: Os Direitos Humanos ......................................................................................... 121 Introdução ............................................................................................................ 121 Sumário ......................................................................................................................... 121 Exercícios ...................................................................................................................... 125 Unidade N0 20-A0010 126 Tema: A Filosofia Política na História ......................................................................... 126 Introdução ............................................................................................................ 126 Sumário ......................................................................................................................... 126 Exercícios ...................................................................................................................... 136 Unidade N0 21-A0010 139 Tema: Ciência ............................................................................................................... 139 Introdução ............................................................................................................ 139 Sumário ......................................................................................................................... 139 Exercícios ...................................................................................................................... 141 Unidade N0 22-A0010 142 Tema: A Estética ........................................................................................................... 142 Introdução ............................................................................................................ 142 Sumário ......................................................................................................................... 142 Exercícios ...................................................................................................................... 143 Unidade N0 23-A0010 144 Tema: A expressão artística .......................................................................................... 144 Introdução ............................................................................................................ 144 vi Índice Sumário ......................................................................................................................... 144 Exercícios ...................................................................................................................... 147 Unidade N0 24-A0010 148 Tema: A experiência Religiosa ..................................................................................... 148 Introdução ............................................................................................................ 148 Sumário ......................................................................................................................... 148 Exercícios ...................................................................................................................... 150 Introdução à Filosofia 7 Visão geralBenvindo à Introdução à Filosofia O mundo que nos rodeia é caracterizado pela multiplicidade de saberes, os quais fazem com que o Homem se questione sobre qual é a verdadeira sabedoria. Nesse contexto, o que importa não são as respostas, mas as perguntas levantadas pelo próprio Homem. Esta é a principal característica do filósofo: levantar perguntas constantes, profundas e radicais para buscar a verdade das coisas e do ser humano. Com a filosofia se é capaz de buscar o sentido da vida, segundo Sócrates “uma vida sem filosofia não vale a pena ser vivida”. Objectivos do curso Quando terminar o estudo da Introdução à Filosofia, o estudante deve ser capaz de: Identificar o sentido e o significado da Filosofia, através da reflexão sobre a relação que ela tem para com outras ciências, com a existência humana e toda a realidade, particularmente tudo o que se refere ao mundo actual. Quem deveria estudar este módulo Este módulo foi concebido para todos aqueles que frequentam os cursos à distância, oferecidos pela Universidade Católica de Moçambique (UCM), através do seu Centro de Ensino à Distância (CED). 8 Unidade Como está estruturado este módulo Todos os módulos dos cursos produzidos por UCM - CED encontram-se estruturados da seguinte maneira: Páginas introdutórias Um índice completo. Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para completar o estudo. Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu estudo. Conteúdo do curso / módulo O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo actividades de aprendizagem, um resumo da unidade e uma ou mais actividades para auto-avaliação. Outros recursos Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista de recursos adicionais para você explorar. Estes recursos podem incluir livros, artigos ou sites na internet. Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação Tarefas de avaliação para este módulo encontram-seno final de cada unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes elementos encontram-se no final do módulo. Comentários e sugestões Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso / módulo. Ícones de actividade Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes icones servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar Introdução à Filosofia 9 uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. Acerca dos ícones Os icones usados neste manual são símbolos africanos, conhecidos por adrinka. Estes símbolos têm origem no povo Ashante de África Ocidental, datam do século XVII e ainda se usam hoje em dia. Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a seguir, cada um com uma descrição do seu significado e da forma como nós interpretámos esse significado para representar as várias actividades ao longo deste módulo. Habilidades de estudo Caro estudante, procure olhar para você em três dimensões nomeadamente: o lado social, profissional e estudante, daí ser importante planificar muito bem o seu tempo. Procure reservar no mínimo 2 (duas) horas de estudo por dia e use ao máximo o tempo disponível nos finais de semana. Lembre-se que é necessário elaborar um plano de estudo individual, que inclui, a data, o dia, a hora, o que estudar, como estudar e com quem estudar (sozinho, com colegas, outros). Evite o estudo baseado em memorização, pois é cansativo e não produz bons resultados, use métodos mais activos, procure desenvolver suas competências mediante a resolução de problemas específicos, estudos de caso, reflexão, etc. O manual contém muita informação, algumas chaves, outras complementares, daí ser importante saber filtrar e apresentar a informação mais relevante. Use estas informações para a resolução dos exercícios, problemas e desenvolvimento de actividades. A tomada de notas desempenha um papel muito importante. Um aspecto importante a ter em conta é a elaboração de um plano de desenvolvimento pessoal (PDP), onde você reflecte sobre os seus pontos fracos e fortes e perspectivas o seu desenvolvimento. Lembre-se que o teu sucesso depende da sua entrega, você é o responsável pela sua própria aprendizagem e cabe a ti planificar, organizar, gerir, controlar e avaliar o seu próprio progresso. 10 Unidade Precisa de apoio? Caro estudante, temos a certeza de que por uma ou por outra situação, o material impresso, lhe pode suscitar alguma dúvida (falta de clareza, alguns erros de natureza frásica, prováveis erros ortográficos, falta de clareza conteudística, etc). Nestes casos, contacte o tutor, via telefone, escreva uma carta participando a situação e se estiver próximo do tutor, contacte-o pessoalmente. Os tutores têm por obrigação, monitorar a sua aprendizagem, dai o estudante ter a oportunidade de interagir objectivamente com o tutor, usando para o efeito os mecanismos apresentados acima. Todos os tutores têm por obrigação facilitar a interação, em caso de problemas específicos ele deve ser o primeiro a ser contactado, numa fase posterior contacte o coordenador do curso e se o problema for da natureza geral, contacte a direcção do CED, pelo número 825018440. Os contactos só se podem efectuar, nos dias úteis e nas horas normais de expediente. As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem a oportunidade de interagir com todo o staff do CED, neste período pode apresentar dúvidas, tratar questões administrativas, entre outras. O estudo em grupo, com os colegas é uma forma a ter em conta, busque apoio com os colegas, discutam juntos, apoiem-me mutuamnte, reflictam sobre estratégias de superação, mas produza de forma independente o seu próprio saber e desenvolva suas competências. Juntos na Educação à Distância, vencendo a distância. Tarefas (avaliação e auto- avaliação) O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e auto-avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é importante que sejam realizadas.As tarefas devem ser entregues antes do período presencial. Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não cumprimento dos prazos de entrega , implica a não classificação do estudante. Introdução à Filosofia 11 As trabalhos devem ser entregues ao CED e os mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docentes. Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do autor. O plagiarismo deve ser evitado, a transcrição fiel de mais de 8 (oito) palavras de um autor, sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade cintífica e o respeito pelos direitos autorais devem marcar a realização dos trabalhos. Avaliação Vocé será avaliado durante o estudo independente (80% do curso) e o período presencial (20%). A avaliação do estudante é regulamentada com base no chamado regulamento de avaliação. Os trabalhos de campo por si desenvolvidos , durante o estudo individual, concorrem para os 25% do cálculo da média de frequência da cadeira. Os testes são realizados durante as sessões presenciais e concorrem para os 75% do cálculo da média de frequência da cadeira. Os exames são realizados no final da cadeira e durante as sessões presenciais, eles representam 60% , o que adicionado aos 40% da média de frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de:(a) admissão ao exame, (b) nota de exame e, (c) conclusão do módulo. Nesta cadeira o estudante deverá realizar: 3 (três) trabalhos; 2 (dois) testes escritos e 1 (um) exame escrito. Não estão previstas quaisquer avaliação oral. Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizadas como ferramentas de avaliação formativa. Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em consideração: a apresentação; a coerência textual; o grau de cientificidade; a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a indicação das referências utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros. Os objectivos e critérios de avaliação estão indicados no manual. Consulte-os. Alguns feedbacks imediatos estão apresentados no manual. 12 Unidade Unidade N0 01-A0010 Tema: Introdução à Filosofia Introdução A Filosofia é uma disciplina que está presente em todos os tempos e lugares. Desde a antiguidade foi considerada a mãe de todas as ciências, pois ela busca a verdade na sua totalidade. Ao completar esta unidade, você será capaz de: Ao completar esta unidade, você será capaz de: Objectivos Conhecer o conceito, método e objecto da Filosofia. Descrever as Funções da Filosofia. Caracterizar atitudes e disciplinas auxiliares da Filosofia. Diferenciar a Filosofia de outras ciências. Sumário O termo “filosofia” é composto de dois termos gregos: phílos, que significa amigo de, amante de, afeiçoado a, que gosta de, que tem gosto em, que se compraz em, que busca com afã, que anseia, etc., e sophía, que significa sabedoria, saber, ciência, conhecimento, etc. Assim pois, etimologicamente, o termo filosofia significa: amor à sabedoria, gosto pelo saber. Filósofo é aquele que ama o saber, tem gosto pela sabedoria, conhecimento e busca incansavelmente os conhecimentos de forma radical, profunda e total. Origem do termo “filosofia” O termo filosofia nasceu no “círculo socrático”, quer dizer, no círculo de Sócrates e dos discípulos dele, ou talvez antes ainda Introdução à Filosofia 13 no “círculo pitagórico”, quer dizer, no círculo de Pitágoras e dos seus discípulos. Eram chamados de “filósofos” os homens que buscavam a “sabedoria suprema”, quer dizer, “a sabedoria última e radical da vida e das coisas”, ou seja, o saber que busca a dimensão última e radical da vida e das coisas. O que é filosofia? Segundo a tradição, o criador do termo filosofia foi Pitágoras, o que, embora não sendo historicamente seguro, no entanto é verossimível. O termo certamente foi cunhado por um espírito religioso, que pressupunha só ser possível aos deuses uma sofia (sabedoria), ou seja, uma posse certa e total do verdadeiro, uma contínua aproximação ao verdadeiro, um amor ao saber nunca saciado totalmente, de onde, justamente, o nome, filosofia, ou seja, “amor pela sabedoria”. O Homem é naturalmente filósofo, isto é, “amigo da sabedoria”. Ávido de saber, não se contenta em viver o momento presente e aceitar passivamente as informações fornecidas pela experiência imediata, como acontece com os animais. Em seu olhar interrogativo quer conhecer o porquê das coisas, sobretudo o porquê da própria vida. Mas enquanto o Homem comum, o Homem da rua, formula essas interrogações e enfrenta estes problemas de maneira descontínua, sem método e sem ordem, há pessoas que dedicam a essa pesquisa todo o seu tempo e todas as suas energias, e propõem-se a obter uma solução concludente para todos os ingentes problemas que espicaçam a mente humana, através de uma análise aprofundada e sistemática. Estas pessoas recebem a designação de “filósofos”. Mas, então o que é a filosofia? A filosofia é um conhecimento, um saber e, como tal, em sua esfera de particular competência na qual, busca adquirir informações válidas, precisas e ordenadas. No decorrer da história da filosofia, foi assumindo várias definições, de acordo com o filósofo e o tempo em que se encontrasse. Assim, Aristóteles (384-322 a.C) define filosofia como sendo a disciplina que estuda “as causas últimas de todas as coisas”; Cícero (106-46 a.C) define a filosofia como sendo “o estudo das causas humanas e divinas das coisas”; Descartes (1596-1650) afirma que filosofia “ensina a bem raciocinar”; Hegel (1770-1831) concebe a filosofia como “saber absoluto”. Whitehead (1861-1947) julga que a tarefa da filosofia é “fornecer uma explicação orgânica do universo”. Poderíamos citar muitos outros filósofos que definem a filosofia, quer como estudo do valor do conhecimento, quer como pesquisa sobre o fim último do Homem, quer como estudo da linguagem, do ser, da história, da arte, da cultura, da política, etc. 14 Unidade Dentre as várias definições acima apresentadas, podemos concluir que a filosofia não estuda uma única realidade, mas várias. Assim, podemos levantar a seguinte pergunta: qual é o objecto de estudo da filosofia? No entender dos filósofos, a filosofia estuda tudo, ou seja, a filosofia pretende explicar a totalidade das coisas, toda a realidade, sem exclusão de partes ou momentos delas. Assim, a filosofia distingue-se das ciências particulares, que assim se chamam exactamente porque se limitam a explicar partes ou sectores da realidade, grupos de coisas ou de fenômenos. E a pergunta levantada pelos primeiros filósofos foi: “Qual é o príncípio de todas as coisas?” Esta pergunta já mostra a perfeita consciência desse ponto. No que se refere ao método, a filosofia recorre ao método puramente racional daquela totalidade, embora não exclua algum momento intuitivo. Mas os métodos racionais são múltiplos, e os mais importantes são indução e a dedução. A filosofia utiliza ambos: a indução para ascender dos factos aos princípios primeiros e a dedução para descer de novo dos primeiros princípios e iluminar posteriormente os factos, para compreendê- los melhor. O que vale em filosofia é a razão, a motivação lógica, o logos. Por último, o objectivo ou fim da filosofia está no puro desejo de conhecer e contemplar a verdade. Ela tem como objectivo único o conhecimento; tem em vista simplesmente pesquisar a verdade em si mesma, prescindindo de eventuais utilizações práticas. A filosofia tem um objectivo puramente teórico, ou seja, contemplativo; não pesquisa por nenhuma vantagem que lhe seja estranha, mas por ela mesma; por isso Aristóteles afirma que a filosofia é “livre” enquanto não está sujeita a nenhuma utilização de ordem prática, e portanto se realiza e se resume na pura contemplação do verdadeiro. Universalidade e particularidade da Filosofia A filosofia é ainda um saber universal, pois exprime preocupações e problemas que preocuparam a Humanidade durante todos os tempos. Se o objecto de nossa preocupação é uma paixão, um amigo, o juízo acerca de um quadro de Malangatana ou a reflexão sobre uma injustiça de que fomos vítimas, não estaremos propriamente a filosofar. Mas essa reflexão tornar-se-á filosófica se formos mais longe e nos questionarmos acerca do amor, da amizade, da beleza ou da justiça. Nesta medida, a nossa reflexão não estará a ser particular, mas universal, pois estes são problemas sempre presentes em qualquer tempo de qualquer cultura ou civilização. O Homem, ser frágil, marcado ao longo de sua existência por situações – limites como a morte, o acaso, a culpa, a insegurança, o desamparo, é, então, fortemente controlado com questões sobre si próprio, sobre o mundo e o sentido da vida. E é na obscuridade em que tantas vezes se encontra que nasce a ânsia de uma orientação filosófica. Introdução à Filosofia 15 A universalidade da filosofia pode ser entendida em diferentes sentidos: No primeiro sentido, universalidade da filosofia quer dizer, que todos os homens são filósofos; este sentido radica no facto de todo o homem ter razão. Tal universalidade conduziu à distinção entre um filosofar espontâneo, presente,em todo o homem, e um filosofar sistemático, específico dos filósofos. Em segundo sentido, mais clássico, a universalidade da filosofia significa: a ciência do universal e do ser. Como afirma Santo Tomás de Aquino: “a filosofia é sabedoria no sentido em que, conhecendo o universal, ela conhece, através dele, todos os singulares que revelam desse universal”. Em terceiro sentido, a universalidade da filosofia pode ser entendida como a construção de um sistema de verdades universais. Foi este o projecto de Descartes que procurou encontrar um fundamento, evidente e indubitável, a partir do qual dedutivamente construiu um sistema filosófico. Em quarto sentido, pode-se falar da universalidade da filosofia porque alguns de seus problemas são universais, isto é, referem- se à existência do homem. Tais problemas, apesar de serem formulados por um filósofo exprimem inquietações e esperanças que são próprias da humanidade. O filósofo, ao transmutar o vivido para o plano do pensado, universaliza uma dada situação e enuncia-a como problema. Como diz Paul Ricoeur: A obra filosófica dá forma à questão de onde ela procede; ora, a forma universal da questão é o problema. O filósofo ao pôr universalmente em forma de problema, exprime dificuldade que lhe é própria. Funções da Filosofia Assim como se questiona sobre a utilidade de qualquer disciplina como a Geografia, História, Matemática, Física, Biologia, etc., é comum ouvir a pergunta: “Qual a função da filosofia?” Em geral esta pergunta costuma receber uma resposta irônica, conhecida dos estudantes de filosofia: “a Filosofia é uma ciência com a qual e sem a qual o mundo permanece tal e qual”. Ou seja, a filosofia não serve para nada. Por isso se costuma chamar de “filósofo” alguém sempre distraído, com a cabeça no mundo da lua, pensando e dizendo coisas que ninguém entende e, que são perfeitamente inúteis. Mas esta pergunta continua sendo feita porque em nossa cultura e sociedade habituamos considerar que alguma coisa só tem o direito de existir se tiver alguma finalidade prática, muito visível e de utilidade imediata. Para dar alguma utilidade à Filosofia, muitos consideram, que de facto, a filosofia não serviria para nada, se “servir”, fosse entendido como a possibilidade de fazer usos técnicos dos produtos filosóficos ou dar-lhes utilidade econômica, obtendo 16 Unidade lucros com eles; consideram também que a filosofia nada teria a ver com a ciência e a técnica. Para quem pensa dessa forma, o principal para a Filosofia não seriam os conhecimentos (que ficam por conta da ciência), nem as aplicações de teorias (que ficam por conta da tecnologia), mas o ensinamento moral e ético. A Filosofia seria a arte de bem- viver. Estudando as paixões e os vícios humanos, a liberdade e a vontade, analisando a capacidade de nossa razão para impor limites aos nossos desejos e paixões, ensinando-nos a viver de modo honesto e justo na companhia dos outros seres humanos e na virtude, que é o princípio de bem-viver. A necessidade da filosofia está no facto de que, por meio da reflexão, a Filosofia permite ao Homem ter mais de uma dimensão, além da que é dada pelo agir imediato, no qual o Homem “prático” se encontra mergulhado. É a Filosofia que dá o distanciamento para avaliação dos fundamentos dos actos humanos e dos fins a que eles se destinam; reúne o pensamento fragmentado da ciência e a reconstrói na sua unidade; retoma a acção pulverizada no tempo e procura compreendê-la. Portanto, a filosofia é a possibilidade da transcendência humana, ou seja, a capacidade que só o Homem tem de superar a situação dada e não escolhida. Pela transcendência o ser humano surge como ser de projecto, capaz de liberdade e de construir o seu destino. O distanciamento é justamente o que provoca a aproximação maior do Homem com a vida. A filosofia recupera o processo perdido no imobilismo das coisas feitas e impede a estagnação. Por isso, o filosofar sempre se confronta com o poder, e sua investigação não fica alheia à ética e à política. A filosofia é crítica da ideologia, enquanto forma ilusória de conhecimento que visa a manutenção de privilégios. Karl Jaspers diz-nos que a Filosofia ensina, pelo menos, a não nos deixarmos iludir. Não permite que se descarte facto algum e nenhuma possibilidade. Ensina a enfrentar de frente a catástrofe possível. Em meio à serenidade do mundo, ela faz surgir a inquietude, mas proíbe a atitude tola de considerar inevitável a catástrofe. Com efeito, só ela tem o poder de alterar nossa forma de pensamento. Finalmente, a filosofia exige coragem. Filosofar não é um exercício puramente intelectual. Descobrir a verdade é ter a coragem de enfrentar as formas estagnadas de poder que tentam manter o status quo, é aceitar o desafio da mudança. Lembremo- nos que Sócrates foi aquele que enfrentou o dasafio máximo da morte. Introdução à Filosofia 17 Exercícios Auto-avaliação 1 – Que é Filosofia? Resposta: A filosofia é um conhecimento, um saber e, como tal, em sua esfera de particular competência na qual, busca adquirir informações válidas, precisas e ordenadas. 18 Unidade Unidade N0 02-A0010 Tema: Atitude filosófica Introdução Umas das atitudes do ser humano diante da realidade que o rodeia consiste na admiração. Pela admiração, o homem formula perguntas para encontrar a solução de suas inquietações. Ao completar esta unidade, você será capaz de: Objectivos Conhecer as atitudes filosóficas. Reflectir sobre as disciplinas auxiliares da Filosofia Caracterizar a natureza das questões filosóficas Diferenciar a Filosofia e outras ciências. Sumário Entre os antigos gregos predominava inicialmente a consciência mítica, cuja maior expressão se encontra nos poemas de Homero e Hesíodo. Quando se dá a passagem da consciência mítica para a racional, aparecem os primeiros sábios, um deles chamado Pitágoras (séc. VI a.C.), que também era matemático e usou pela primeira vez a palavra filosofia. O trabalho filosófico é essencialmente teórico. Mas isso não significa que a filosofia esteja à margem do mundo, nem que ela constitua um corpo de doutrina ou um saber acabado, com determinado conteúdo, ou seja, um conjunto de conhecimentos estabelecidos de uma vez por todas. Para Platão (427-347 a.C), a primeira atitude do filósofo é admirar-se. A admiração é a condição de onde deriva a capacidade de problematizar, o que marca a Filosofia não como posse da verdade, mas como sua busca. Introdução à Filosofia 19 Para Kant, filósofo alemão do século XVIII, “não há filosofia que se possa aprender; só se pode aprender a filosofar”. Isto significa que a filosofia é, sobretudo, uma atitude, um pensar permanente. É um conhecimento instituinte, no sentido de que questiona o saber instituído. A atitude filosófica possui algumas características que são as mesmas, independentemente do conteúdo investigado, que são: - Perguntar o que a coisa, ou o valor, a idéia, é. A Filosofia pergunta qual é a realidade ou a natureza e qual é o significado de alguma coisa, não importa qual; - Perguntar como a coisa, a idéia ou o valor, é. A filosofia pergunta qual é a estrutura e quais são as relações que constituem uma coisa, uma idéia ou um valor; - Perguntar por que a coisa, a idéia ou o valor, existe e é como é. A filosofia pergunta pela origem ou pela causa de uma coisa, de uma idéia, de um valor. A atitude filosófica inicia-se dirigindo essas perguntas ao mundo que nos rodeia e as relações que mantemos com ele. Aos poucos, porém, descobre que essas questões se referem, afinal, a nossa capacidade de conhecer e de pensar. Por isso as perguntas de Filosofia se dirigem ao próprio pensamento: o que é pensar, como é pensar, por que há o pensar? A Filosofia torna-se então, o pensamento interrogando-se a si mesmo. Por ser uma volta queo pensamento realiza sobre si mesmo, a Filosofia se realiza como reflexão. Disciplinas da Filosofia Psicologia experimental O objecto da psicologia experimental é o comportamento observável, a fim de testar modelos e teorias matemáticas sobre diversos aspectos do mesmo: prestar atenção, perceber, recordar, aprender, decidir, reagir emocionalmente e interagir. Os testes às teorias e modelos são experimentais, isto é, implicam a manipulação de variáveis ditas independentes e o registo rigoroso e a medição precisa do que acontece às variáveis dependentes. Por exemplo, manipular a intensidade da luz e registar e medir a velocidade de reacção de pressionar uma determinada tecla face a um estímulo sonoro. As observações que ocorrem nesses estudos experimentais permitem a formulação de leis, tal como em física ou química. Porém, o rigor do conhecimento científico em psicologia experimental implica um rigoroso controlo das potenciais variáveis parasitas ou confundentes. Por exemplo, se se quiser saber em que medida manipular a intensidade da luz influencia a velocidade de reacção de pressionar uma determinada tecla face a um estímulo sonoro, terá de se controlar http://pt.wikipedia.org/wiki/Vari%C3%A1veis http://pt.wikipedia.org/wiki/Vari%C3%A1veis http://pt.wikipedia.org/wiki/Leis http://pt.wikipedia.org/wiki/Vari%C3%A1veis 20 Unidade rigorosamente qualquer variação sonora no ambiente em que ocorre a experiência. Caso contrário não saberemos se as variações na velocidade de reacção são devidas às mudanças produzidas na intensidade luminosa ou às mudanças aleatórias da intensidade sonora. Na psicologia experimental os conceitos são rigorosamente definidos, sendo as definições do tipo operacional. Do mesmo modo, os termos (ou nomes) usados para designar os conceitos são universais. Não é admitida a ambiguidade que ocorre com muita frequência em outras áreas da psicologia. A maioria dos estudos experimentais em psicologia ocorre em ambiente laboratorial, apesar de também poderem ser feitas experiências em ambiente natural, como pretexto para testar modelos desenvolvidos e testados em laboratório ou para gerar ideias que serão testadas nas condições de rigor draconiano dos laboratórios. Em psicologia social é frequente efectuarem-se testes "experimentais" em ambiente natural (tido "apanhados" realizados pelas cadeias de televisão) que geram hipóteses a testar posteriormente em laboratório. A psicologia experimental pode recorrer tanto a sujeitos humanos como a outros animais, admitindo como paradigma de referência a teoria evolucionista das espécies. Lógica A lógica (do grego clássico logos, que significa palavra, pensamento, idéia, argumento, relato, razão lógica ou princípio lógico), é uma ciência de índole matemática e fortemente ligada à Filosofia. Já que o pensamento é a manifestação do conhecimento, e que o conhecimento busca a verdade, é preciso estabelecer algumas regras para que essa meta possa ser atingida. Assim, a lógica é o ramo da filosofia que cuida das regras do bem pensar, ou do pensar correcto, sendo, portanto, um instrumento do pensar. A aprendizagem da lógica não constitui um fim em si. Ela só tem sentido enquanto meio de garantir que nosso pensamento proceda correctamente a fim de chegar a conhecimentos verdadeiros. Podemos, então, dizer que a lógica trata dos argumentos, isto é, das conclusões a que chegamos através da apresentação de evidências que a sustentam. O principal organizador da lógica clássica foi Aristóteles, com sua obra chamada Organon. Ele divide a lógica em formal e material. Um sistema lógico é um conjunto de axiomas e regras de inferência que visam representar formalmente o raciocínio válido. Diferentes sistemas de lógica formal foram construídos ao longo do tempo quer no âmbito escrito da Lógica Teórica, quer em aplicações práticas na computação e em Inteligência artificial. Tradicionalmente, lógica é também a designação para o estudo de sistemas prescritivos de raciocínio, ou seja, sistemas que definem como se "deveria" realmente pensar para não errar, usando a razão, dedutivamente e indutivamente. A forma como as pessoas realmente raciocinam é estudado nas outras áreas, como na psicologia cognitiva. http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Operacional&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Conceitos&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_evolucionista http://pt.wikipedia.org/wiki/Grego_antigo http://pt.wikipedia.org/wiki/Logos http://pt.wikipedia.org/wiki/Princ%C3%ADpio_l%C3%B3gico http://pt.wikipedia.org/wiki/Princ%C3%ADpio_l%C3%B3gico http://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncia http://pt.wikipedia.org/wiki/Matem%C3%A1tica http://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia http://pt.wikipedia.org/wiki/Arist%C3%B3teles http://pt.wikipedia.org/wiki/Organon http://pt.wikipedia.org/wiki/Computa%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Intelig%C3%AAncia_artificial http://pt.wikipedia.org/wiki/Racioc%C3%ADnio http://pt.wikipedia.org/wiki/Racioc%C3%ADnio_dedutivo http://pt.wikipedia.org/wiki/Racioc%C3%ADnio_indutivo http://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia_cognitiva Introdução à Filosofia 21 Como ciência, a lógica define a estrutura de declaração e argumento para elaborar fórmulas através das quais estes podem ser codificados. Implícita no estudo da lógica está a compreensão do que gera um bom argumento e de quais argumentos são falaciosos. A lógica filosófica lida com descrições formais da linguagem natural. A maior parte dos filósofos assumem que a maior parte do raciocínio "normal" pode ser capturada pela lógica, desde que se seja capaz de encontrar o método certo para traduzir a linguagem corrente para essa lógica. Ética A palavra Ética é originada do grego ethos, (modo de ser, carácter) através do latim mos (ou no plural mores,costumes, de onde se derivou a palavra moral). Em Filosofia, Ética significa o que é bom para o indivíduo e para a sociedade, e seu estudo contribui para estabelecer a natureza de deveres no relacionamento indivíduo - sociedade. Ética, pode ser definida como a disciplina filosófica que busca reflectir sobre os sistemas morais elaborados pelos homens, buscando compreender a fundamentação das normas e interdições próprias e cada sistema moral. Define-se Moral como um conjunto de normas, princípios, preceitos, costumes, valores que norteiam o comportamento do indivíduo no seu grupo social. Moral e ética não devem ser confundidos: enquanto a moral é normativa, a ética é teórica, e buscando explicar e justificar os costumes de uma determinada sociedade, bem como fornecer subsídios para a solução de seus dilemas mais comuns. Porém, deve-se deixar claro que etimologicamente "ética" e "moral" são expressões sinónimas, sendo a primeira de origem grega, enquanto a segunda é sua tradução para o latim; a moral é o conjunto que orientam o comportamento humano tendo como base os valores próprios a uma dada comunidade. Como as comunidades humanas são distintas entre si, tanto no espaço quanto no tempo, os valores podem ser distintos de uma comunidade para outra, o que origina códigos morais diferentes. A ética também não deve ser confundida com a lei, embora com certa frequência a lei tenha como base princípios éticos. Ao contrário do que ocorre com a lei, nenhum indivíduo pode ser compelido, pelo Estado ou por outros indivíduos, a cumprir as normas éticas, nem sofrer qualquer sanção pela desobediência a estas; por outro lado, a lei pode ser omissa quanto a questões abrangidas no escopo da ética. Modernamente, a maioria das profissões têm o seu próprio código de ética profissional, que é um conjunto de normas de cumprimento obrigatório, derivadas da ética, frequentemente incorporados à lei pública. Nesses casos, os princípios éticos passam a ter força de lei; note-se que, mesmo nos casos em que esses códigos não estão incorporados à lei, seu estudo tem altahttp://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%B3rmula http://pt.wikipedia.org/wiki/Grego http://pt.wikipedia.org/wiki/Latim http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei 22 Unidade probabilidade de exercer influência, por exemplo, em julgamentos nos quais se discutam fatos relativos à conduta profissional. Ademais, o seu não cumprimento pode resultar em sanções executadas pela sociedade profissional, como censura pública e suspensão temporária ou definitiva do direito de exercer a profissão. Tanto “ethos” (carácter) como “mos” (costume) indicam um tipo de comportamento propriamente humano que não é natural, o Homem não nasce com ele como se fosse um instinto, mas que é “adquirido ou conquistado por hábito”. Portanto, ética e moral, pela própria etimologia, diz respeito a uma realidade humana que é construída histórica e socialmente a partir das relações colectivas dos seres humanos nas sociedades onde nascem e vivem. Como doutrina Filosófica, a Ética é essencialmente especulativa e, a não ser quanto ao seu método analítico, jamais será normativa, característica esta, exclusiva do seu objecto de estudo, a Moral. Portanto, a Ética mostra o que era moralmente aceito na Grécia Antiga possibilitando uma comparação com o que é moralmente aceito hoje na Europa, por exemplo, indicando através da comparação, mudanças no comportamento humano e nas regras sociais e suas consequências, podendo daí, detectar problemas e/ou indicar caminhos. Além de tudo, ser Ético é fazer algo que te beneficie e, no mínimo, não prejudique o outro. Eugênio Bucci, em seu livro Sobre Ética e Imprensa, descreve a ética como um saber escolher entre "o bem" e "o bem" (ou entre "o mal" e o mal"), levando em conta o interesse da maioria da sociedade. Ao contrário da moral, que delimita o que é bom e o que é ruim no comportamento dos indivíduos para uma convivência civilizada, a ética é o indicativo do que é mais justo ou menos injusto diante de possíveis escolhas que afectam terceiros. A ética pode ser interpretada como um termo genérico que designa aquilo que é frequentemente descrito como a "ciência da moralidade", seu significado derivado do grego, quer dizer 'Casa da Alma', isto é, susceptível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto. Em Filosofia, o comportamento ético é aquele que é considerado bom, e, sobre a bondade, os antigos diziam que: o que é bom para a leoa, não pode ser bom à gazela. E, o que é bom à gazela, fatalmente não será bom à leoa. Este é um dilema ético típico. Portanto, de investigação filosófica, e devidas subjectividades típicas em si, ao lado da metafísica e da lógica, não pode ser descrita de forma simplista. Desta forma, o objectivo de uma teoria da ética é determinar o que é bom, tanto para o indivíduo como para a sociedade como um todo. Os filósofos antigos adoptaram diversas posições na definição do que é bom, sobre como lidar com as prioridades em conflito dos indivíduos versus o todo, sobre a universalidade dos princípios éticos versus a "ética de situação". Nesta, o que está certo depende das circunstâncias e não de uma qualquer lei geral. E sobre se a http://pt.wikipedia.org/wiki/Moral http://pt.wikipedia.org/wiki/Gr%C3%A9cia http://pt.wikipedia.org/wiki/Europa http://pt.wikipedia.org/wiki/Comportamento http://pt.wikipedia.org/wiki/Civilidade http://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncia http://pt.wikipedia.org/wiki/Moralidade http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedade http://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia http://pt.wikipedia.org/wiki/Comportamento http://pt.wikipedia.org/wiki/Metaf%C3%ADsica http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%B3gica http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei Introdução à Filosofia 23 bondade é determinada pelos resultados da acção ou pelos meios pelos quais os resultados são alcançados. O Homem vive em sociedade, convive com outros Homens e, portanto, cabe-lhe pensar e responder à seguinte pergunta: “Como devo agir perante os outros?”. Trata-se de uma pergunta fácil de ser formulada, mas difícil de ser respondida. Ora, esta é a questão central da Moral e da Ética. Enfim, a ética é julgamento do carácter moral de uma determinada pessoa. Como Doutrina Filosófica, a Ética é essencialmente especulativa e, a não ser quanto ao seu método analítico, jamais será normativa, característica esta, exclusiva do seu objecto de estudo, a Moral. Portanto, a Ética mostra o que era moralmente aceito na Grécia Antiga possibilitando uma comparação com o que é moralmente aceito hoje na Europa, por exemplo, indicando através da comparação, mudanças no comportamento humano e nas regras sociais e suas consequências, podendo daí, detectar problemas e/ou indicar caminhos. A ética tem sido aplicada na economia, política e ciência política, conduzindo a muitos distintos e não-relacionados campos de ética aplicada, incluindo: ética nos negócios e Marxismo. Também tem sido aplicada à estrutura da família, à sexualidade, e como a sociedade vê o papel dos indivíduos, conduzindo a campos da ética muito distintos e não-relacionados, como o feminismo e a guerra, por exemplo. A visão descritiva da ética é moderna e, de muitas maneiras, mais empírica sob a filosofia Grega clássica, especialmente Aristóteles. Inicialmente, é necessário definir uma sentença ética, também conhecido como uma afirmativa normativa. Trata-se de um juízo positivo ou negativo (em termos morais) de alguma coisa. Estética Estética (do grego aisthésis: percepção, sensação) é um ramo da filosofia que tem por objecto o estudo da natureza do belo e dos fundamentos da arte. Ela estuda o julgamento e a percepção do que é considerado belo, a produção das emoções pelos fenómenos estéticos, bem como as diferentes formas de arte e do trabalho artístico; a ideia de obra de arte e de criação; a relação entre matérias e formas nas artes. Por outro lado, a estética também pode ocupar-se da privação da beleza, ou seja, o que pode ser considerado feio, ou até mesmo ridículo. A estética adquiriu autonomia como ciência, destacando-se da metafísica, lógica e da ética, com a publicação da obra Aesthetica do educador e filósofo alemão Alexander Gottlieb Baumgarten, em dois volumes (1750-1758). Baumgarten traz uma nova abordagem ao estudo da obra de arte, considerando que os artistas deliberadamente alteram a Natureza, adicionando elementos de sentimento a realidade percebida. Assim, o http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia http://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADtica http://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncia_pol%C3%ADtica http://pt.wikipedia.org/wiki/Marxismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Feminismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra http://pt.wikipedia.org/wiki/Empirismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Arist%C3%B3teles http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_grega http://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia http://pt.wikipedia.org/wiki/Beleza http://pt.wikipedia.org/wiki/Arte http://pt.wikipedia.org/wiki/Feio http://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncia http://pt.wikipedia.org/wiki/Metaf%C3%ADsica http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%B3gica http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89tica http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexander_Gottlieb_Baumgarten http://pt.wikipedia.org/wiki/1750 http://pt.wikipedia.org/wiki/1758 24 Unidade processo criativo está espelhado na própria actividade artística. Compreendendo então, de outra forma, o prévio entendimento grego clássico que entendia a arte principalmente como mimesis da realidade. Na antiguidade - especialmente com Platão, Aristóteles e Plotino - a estética era estudada fundida com a lógica e a ética. O belo, o bom e o verdadeiro formavam uma unidade com a obra. A essência do belo seria alcançado identificando-o com o bom, tendo em conta os valores morais. Na Idade Média surgiu a intenção de estudar a estética independente de outros ramos filosóficos. No âmbito do Belo, dois aspectos fundamentais podem ser particularmente destacados: a estéticainiciou-se como teoria que se tornava ciência normativa às custas da lógica e da moral - os valores humanos fundamentais: o verdadeiro, o bom, o belo. Centrava em certo tipo de julgamento de valor que enunciaria as normas gerais do belo; a estética assumiu características também de uma metafísica do belo, que se esforçava para desvendar a fonte original de todas as belezas sensíveis: reflexo do inteligível na matéria (Platão), manifestação sensível da ideia (Hegel), o belo natural e o belo arbitrário (humano), etc. Mas este carácter metafísico e consequentemente dogmático da estética transformou-se posteriormente em uma filosofia da arte, onde se procura descobrir as regras da arte na própria acção criadora (Poética) e em sua recepção, sob o risco de impor construções a priori sobre o que é o belo. Neste caso, a filosofia da arte se tornou uma reflexão sobre os procedimentos técnicos elaborados pelo homem, e sobre as condições sociais que fazem um certo tipo de acção ser considerada artística. Para além da obra já referida de Baumgarten - infelizmente não editada em português - são importantes as obras Hípias Maior, O Banquete e Fedro, de Platão, a Poética, de Aristóteles, a Crítica da Faculdade do Juízo, de Kant e Cursos de Estética de Hegel. Embora os pensadores tenham ponderado a beleza e a arte por milhares de anos, o assunto da estética não foi totalmente separado da disciplina filosófica até o século XVIII. Os filósofos gregos começaram a pensar sobre a estética através de objetos bonitos e decorativos produzidos em sua cultura. Platão entendeu que estes objetos incorporavam uma proporção, harmonia, e união, tentando entender estes critérios. Semelhantemente, na "metafísica", Aristóteles achou que os elementos universais de beleza eram a ordem, a simetria, e a definição. A denominação central para estética é: Ciência do belo nas produções naturais e artísticas e filosofia do belo na arte, designação aplicada a partir do século XVIII, por Baumgarten, à ciência filosófica que compreendeu o estudo das obras de arte e o conhecimento dos aspectos da realidade sensorial classificáveis em termos de belo ou feio. http://pt.wikipedia.org/wiki/Plat%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Arist%C3%B3teles http://pt.wikipedia.org/wiki/Plotino http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%B3gica http://pt.wikipedia.org/wiki/Idade_M%C3%A9dia http://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%B3gica http://pt.wikipedia.org/wiki/Moral http://pt.wikipedia.org/wiki/Metaf%C3%ADsica http://pt.wikipedia.org/wiki/Plat%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Georg_Wilhelm_Friedrich_Hegel http://pt.wikipedia.org/wiki/Dogma http://pt.wikipedia.org/wiki/Arte http://pt.wikipedia.org/wiki/Po%C3%A9tica http://pt.wikipedia.org/wiki/Kant http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XVIII http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura http://pt.wikipedia.org/wiki/Plat%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Propor%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Harmonia http://pt.wikipedia.org/wiki/Uni%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Arist%C3%B3teles http://pt.wikipedia.org/wiki/Simetria http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XVIII http://pt.wikipedia.org/wiki/Obras_de_arte Introdução à Filosofia 25 Teoria do Conhecimento A teoria do conhecimento interessa-se pela investigação da natureza, fontes e validade do conhecimento. Entre as questões principais que ela tenta responder estão as seguintes: O que é o conhecimento? Como nós o alcançamos? Podemos conseguir meios para defendê-lo contra o desafio cético? Essas questões são, implicitamente, tão velhas quanto à filosofia. Mas, primordialmente na era moderna, a partir do século XVII em diante - como resultado do trabalho de Descartes (1596-1650) e Locke (1632-1704) em associação com a emergência da ciência moderna – é que ela tem ocupado um plano central na filosofia. Basicamente é conceituada como o estudo de assuntos que outras ciências não conseguem responder e se divide em quatro partes, sendo que três delas possuem correntes que tentam explicá-las: O conhecimento como problema, Origem do Conhecimento e Essência do Conhecimento Possibilidade do Conhecimento. Metafísica Aristóteles é considerado o "pai" da metafísica. Metafísica (do grego met = depois de, além de; physis = natureza ou físico) é um ramo da filosofia que estuda a essência do mundo. A saber, é o estudo do ser ou da realidade. Se ocupa em procurar responder perguntas tais como:O que é real? O que é natural? O que é sobrenatural? O ramo central da metafísica é a ontologia, que investiga em quais categorias as coisas estão no mundo e quais as relações dessas coisas entre si. A metafísica tenta, também esclarecer as noções de como as pessoas entendem o mundo, incluindo a existência e a natureza do relacionamento entre objectos e suas propriedades, espaço, tempo, causalidade, e possibilidade. O sentido da palavra metafísica deve-se a Aristóteles e a Andrônico de Rodes. Aristóteles nunca utilizou esta palavra, mas escreveu sobre temas relacionados à physis e sobre temas relacionados à ética e à política, entre outros semelhantes. Andrônico, ao organizar os escritos de Aristóteles, o fez de forma que, espacialmente, aqueles que tratavam de temas relacionados à physis viessem antes dos outros. Assim, eles vinham além da física (Meta = depois, além; Physis = física). Neste sentido, a metafísica é algo intocável, que só existe no mundo das ideias. Assim, conscientemente ou não, Andrônico organizou os escritos de forma análoga à classificação dos dois temas. Ética, política, etc., são assuntos que não tratam de seres físicos, mas de seres não físicos existentes apesar da sua imaterialidade. Em resumo, a Metafísica trata de problemas sobre o propósito e a origem da existência e dos seres. Especulação em torno dos primeiros princípios e das causas primeiras do ser. Muitas vezes ela é vista como parte da Filosofia, outras, se confunde com ela. http://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia http://pt.wikipedia.org/wiki/Mundo http://pt.wikipedia.org/wiki/Ontologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Categoria http://pt.wikipedia.org/wiki/Exist%C3%AAncia http://pt.wikipedia.org/wiki/Espa%C3%A7o http://pt.wikipedia.org/wiki/Tempo http://pt.wikipedia.org/wiki/Causalidade http://pt.wikipedia.org/wiki/Palavra http://pt.wikipedia.org/wiki/Arist%C3%B3teles http://pt.wikipedia.org/wiki/Andr%C3%B4nico_de_Rodes http://pt.wikipedia.org/wiki/Physis http://pt.wikipedia.org/wiki/Consci%C3%AAncia http://pt.wikipedia.org/wiki/Analogia 26 Unidade Antropologia filosófica Antropologia filosófica é a antropologia encarada metafisicamente; é antes aquela parte da filosofia que investiga a estrutura essencial do homem; contudo, este ocupa o centro da especulação filosófica, na medida em que tudo se deduz a partir dele, na medida em que ele torna acessíveis as realidades, que o transcendem, nos modos de seu existir relacionados com essas realidades. Ou seja, a antropologia filosófica é uma antropologia da essência e não das características humanas. Ela se distingue da antropologia mítica, poética, teológica, e científico natural ou evolucionista por dar uma interpretação basicamente ontológica do homem. É também uma disciplina filosófica ou movimento filosófico que tem relações com as intenções e os trabalhos de Scheler, mas não está unido ao conteúdo específico desse autor. Concentra-se no estudo das estruturas fundamentais do Homem. Converte-se numa ontologia, na medida em que nos conduz à questão do significado do “Ser”. O Homem torna-se para si mesmo o tema de toda a especulação filosófica: interessa estudar o Homem e estudar tudo o mais apenas em relação a ele. O que é mais significativo é o conhecimento do Homem, e não o de nós próprios enquanto individualidade. Estuda, também, o carácter biopsicológico do Homem, verifica o que o Homem faz com suas disposições bioquímicas dentro de seu ambiente biológico que possa diferenciá-lode outros animais. Reflexão sobre a vida, a religião e a reflexão filosófica que parte do principio do cogito. A introspecção se revela como absolutamente necessária como fundamento e ponto de partida de qualquer outro recurso de natureza metodológica. Segundo Groethuysen, ela, de fato, constitui a base da antropologia filosófica. De acordo com Landsberg, a antropologia filosófica faz uso dos dados proporcionados pelas outras formas de antropologia, por exemplo, os fornecidos pela “antropologia das características humanas”, ou seja, dados proporcionados pela biologia, pela sociologia, pela psicologia, pela etnografia, pela arqueologia e pela história, mas interpreta esses dados à sua maneira, e procura unificá-los numa teoria abrangente. O pensamento antropológico filosófico teve início quando o Homem se sentiu jogado sobre si mesmo e (em oposição ao idealismo), precisamente sobre a concreticidade pessoal e histórica de sua vida que antecede e ultrapassa todo e qualquer conceito. O nome “Antropologia filosófica” é relativamente recente. Difundiu-se sobretudo a partir dos trabalhos de Scheler, que considera a antropologia filosófica a ponte estendida entre as ciências positivas e a metafísica. Mostrar exactamente como a estrutura fundamental do ser humano, estendida na forma pela qual a descrevemos brevemente (espírito; Homem), “explica todos os monopólios, todas as funções e obras específicas do homem: linguagem, consciência moral, as ferramentas, as armas, as ideias de justiça e de injustiça, o Estado, a administração, as funções representativas das artes, o http://pt.wikipedia.org/wiki/Antropologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Metaf%C3%ADsica http://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia http://pt.wikipedia.org/wiki/Homem http://pt.wikipedia.org/wiki/Realidade http://pt.wikipedia.org/wiki/Existir http://pt.wikipedia.org/wiki/Antropologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Misticismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Poesia http://pt.wikipedia.org/wiki/Teologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Evolucionismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Ontologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Ontologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Car%C3%A1ter http://pt.wikipedia.org/wiki/Ambiente http://pt.wikipedia.org/wiki/Animal http://pt.wikipedia.org/wiki/Vida http://pt.wikipedia.org/wiki/Religi%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Introspec%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Biologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Etnografia http://pt.wikipedia.org/wiki/Arqueologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria http://pt.wikipedia.org/wiki/Idealismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Vida http://pt.wikipedia.org/wiki/Conceito http://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncia http://pt.wikipedia.org/wiki/Metaf%C3%ADsica http://pt.wikipedia.org/wiki/Ser_humano http://pt.wikipedia.org/wiki/Ser_humano http://pt.wikipedia.org/wiki/Monop%C3%B3lio http://pt.wikipedia.org/wiki/Linguagem http://pt.wikipedia.org/wiki/Consci%C3%AAncia http://pt.wikipedia.org/wiki/Moral http://pt.wikipedia.org/wiki/Ferramenta http://pt.wikipedia.org/wiki/Arma http://pt.wikipedia.org/wiki/Id%C3%A9ia http://pt.wikipedia.org/wiki/Justi%C3%A7a http://pt.wikipedia.org/wiki/Administra%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Arte Introdução à Filosofia 27 mito, a religião e a ciência, a historicidade e a sociabilidade, a fim de ver se há algo nessas actividades, bem como em seus resultados, que seja especificamente humano. Seu objectivo é colocar no centro de sua reflexão a questão: que é o ser humano? Como problema, ela tem seus primórdios mais fecundos nos debates de Sócrates e dos Sofistas. Immanuel Kant definiu a antropologia como a “questão filosófica por excelência”, uma vez que a filosofia enquanto tal tomaria ao seu encargo quatro grandes problemáticas: a metafísica, a ética, a religião e a antropologia, considerando que todas a três primeiras não seriam senão partes da última, pois todas elas remetem, em última análise, ao problema do humano. Reconhecimento de uma grande continuidade entre o reino animal – em particular dos vertebrados superiores – e o reino humano, por um lado, e a afirmação de que as instituições humanas e a fabricação e uso de instrumentos são em princípios independentes de – no sentido de não ser exigidos por – necessidades biológicas (com opiniões intermediárias entre esses extremos, como a de que a institucionalização e a “instrumentalização” são propriedades ou caracteres emergentes, que têm uma base biológica, mas não são redutíveis a ela). Problemas de carácter metafísico e moral: coloca o problema do Homem no próprio Homem, questiona o lugar ocupado pela função racional do Homem em comparação com outras funções. Kant propôs quatro problemas filosóficos: “O que posso conhecer?” “O que devo fazer?” “A que posso aspirar?” “O que é o homem?” Max Scheler (pioneiro): As questões relativas à natureza da história e a seu sentido emergem da reflexão referente à conduta humana e ao seu valor moral, à essência espiritual do homem, à experiência humana da realidade e à evolução do espírito nesta relação, ao conhecimento e às formas de saber, assim como às relações do homem com Deus. Seu pensamento está vinculado à sua concepção da essência espiritual do homem e à sua teoria da religião. A produção filosófica de Scheler é dividida em três períodos: 1º Período: pré-fenomenológico: escritos produzidos a partir de 1899 e vai até o ano de 1905. 2º Período: fenomenológico: Obras produzidas de 1906 até 1920, sendo considerado como primeira fase de maturidade do filósofo. 3º Período: período que vai de 1921 até 1928, ano em que Scheler faleceu, interrompendo-se, bruscamente, a fase de maturidade do pensador. Este período inclui uma etapa de transição, centrada na temática da antropologia e metafísica que, marca predominantemente o período. A fundamentação da ética, a conduta moral e a espiritualidade humana constituem o âmbito em que se move, primordialmente, a reflexão scheleriana dos dois primeiros períodos. http://pt.wikipedia.org/wiki/Mito http://pt.wikipedia.org/wiki/Religi%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncia http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%B3crates http://pt.wikipedia.org/wiki/Metaf%C3%ADsica http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89tica http://pt.wikipedia.org/wiki/Religi%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Antropologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_animal http://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_animal http://pt.wikipedia.org/wiki/Vertebrado http://pt.wikipedia.org/wiki/Metaf%C3%ADsica http://pt.wikipedia.org/wiki/Moral http://pt.wikipedia.org/wiki/Racional http://pt.wikipedia.org/wiki/Max_Scheler http://pt.wikipedia.org/wiki/Pioneiro http://pt.wikipedia.org/wiki/Conduta http://pt.wikipedia.org/wiki/Pensamento http://pt.wikipedia.org/wiki/Concep%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Ess%C3%AAncia http://pt.wikipedia.org/wiki/Espiritual http://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria http://pt.wikipedia.org/wiki/Religi%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/1899 http://pt.wikipedia.org/wiki/1905 http://pt.wikipedia.org/wiki/1906 http://pt.wikipedia.org/wiki/1920 http://pt.wikipedia.org/wiki/1921 http://pt.wikipedia.org/wiki/1928 http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Pensador&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Reflex%C3%A3o 28 Unidade No terceiro período, a posição que, nos primeiros períodos do pensamento do autor, ocupava a religião, passa a ser ocupada pela metafísica. A "esfera" do ser Absoluto, enquanto integrante da própria essência do homem, permanece intocada, ainda que haja mudado sua concepção sobre os actos e sobre os conteúdos materiais que a compõem, a esfera do ser Absoluto permanece como constitutiva da própria essência do homem. O conhecimento metafísico do absoluto deve passar, segundo Scheler, pela antropologia filosófica, ou seja, pelo conhecimento essencial do homem, já que não se pode esperar que, partindo do mundo objectivo,se consiga obter qualquer determinação do absoluto. A metafísica, enquanto conhecimento da natureza do ser absoluto a partir da essência do homem, não é cosmologia, nem metafísica do objecto, é uma metafísica do ato e meta- antropologia. Somente a partir do homem, enquanto sujeito de actos, que se torna acessível a verdadeira natureza do princípio de todas as coisas. O engajamento activo do homem na divindade possibilita o conhecimento dos dois atributos do fundamento de todas as coisas: o espírito infinito (de que procede a estrutura essencial do mundo e do homem) e o impulso irracional (origem da existência e do ser contingente). Filosofia e outras Ciências No seu começo a ciência estava ligada à Filosofia, sendo o filósofo, o sábio que reflectia sobre todos os sectores da indagação humana. Nesse sentido os filósofos como Tales, Pitágoras, eram também geómetras, e Aristóteles escreveu sobre física e astronomia. Na ordem do saber estipulada por Platão, o homem começa a saber pela forma imperfeita da opinião (doxa), depois passa ao grau mais avançado da ciência (episteme), para só então ser capaz de atingir o nível mais alto do saber filosófico. A partir do século XVII, a revolução metodológica iniciada por Galileu promove a autonomia da ciência e o seu desligamento da filosofia. Pouco a pouco, desse período até o século XX, aparecem as chamadas ciências particulares: física, astronomia, biologia, psicologia, química, psicologia, etc., delimitando um campo específico de pesquisa. Na verdade, o que estava a ocorrer era o nascimento da ciência. Com a fragmentação do saber, cada ciência se ocupa de um objecto específico: à física cabe investigar os movimentos dos corpos; à biologia, a natureza dos seres vivos; à química, as transformações substânciais, e assim por diante. Além da delimitação do objecto da ciência, se acrescenta o aperfeiçoamento do método científico, fundado sobretudo na experimentação e matematização. Ora, apesar da separação entre a Filosofia e a ciência, aquela não deixou de ser uma ciência, porque se preocupa a investigar as causas primeiras e finais de toda a realidade. A filosofia distingue-se de outras ciências pelas seguintes razões: http://pt.wikipedia.org/wiki/Objeto http://pt.wikipedia.org/wiki/Natureza http://pt.wikipedia.org/wiki/Divindade http://pt.wikipedia.org/wiki/Esp%C3%ADrito http://pt.wikipedia.org/wiki/Mundo http://pt.wikipedia.org/wiki/Impulso http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Irracional&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Exist%C3%AAncia http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Contingente&action=edit&redlink=1 Introdução à Filosofia 29 Pela profundidade da investigação: enquanto a ciência procura as causas próximas imediatas da s coisas, a Filosofia procura as causas últimas e finais das coisas; Pela reflexão crítica: enquanto a ciência pressupõe reflexão e crítica, a Filosofia põe em questão tudo o que se apresenta ao espírito para examinar, discutir, avaliar e descobrir o seu significado, inclusive o da própria ciência; Pelo grau de generalidade e síntese: a ciência limita-se à realidade dos factos e ocupa-se dos fenómenos, enquanto que a Filosofia procura dar unidade total ao saber e pretende penetrar na realidade global; Pela humanidade e valorização: a ciência ocupa-se em geral, da realidade estranha ao homem, enquanto que a Filosofia é essencialmente humana e axiológica, ou seja, ela dá valor à acção e a existência humana. Se a ciência tende cada vez mais a especialização, a Filosofia, no sentido inverso, quer superar a fragmentação do real, para que o homem seja resgatado na sua integridade e não sucumba à alienacão do poder parcelado. Por isso a filosofia tem uma função de interdisciplinaridade, estabelecendo o elo entre as diversas formas do saber e do agir. A filosofia ainda se distingue da ciência pelo modo como aborda seu objecto: em todos os sectores de conhecimento e da acção, a filosofia está presente como reflexão crítica a respeito dos fundamentos desse conhecimento e desse agir. Portanto, a Filosofia não faz juízos da realidade, como a ciência, mas juízos de valor. O filósofo parte da experiência vivida do homem trabalhando na linha de montagem, repetindo sempre o mesmo gesto, e vai além dessa constatação. Não vê apenas como é, mas como deveria ser. Julga o valor da acção, sai em busca do significado dela. Filosofar é dar sentido à experiência. Natureza das questões filosóficas O homem primitivo limitava-se a aceitar o mundo e a vida tais como eles eram. Emprestava-lhes uma origem, um processo, uma finalidade e um significado. Por isso inventa histórias explicativas, descrições cheias de beleza e fantasia, em que intervém, quase sempre, forças sobrenaturais. Estas histórias chamadas mitos, representam o primeiro esforço para uma leitura sistemática e organizada do universo. Consistiam sobretudo, em encontrar as origens e evocar o acto primordial da criação, fundamentalmente de todo o real. A palavra mito vem do grego, mythos, e deriva de dois verbos: do verbo mytheyo (contar, narrar, falar alguma coisa para outros), e do verbo mytheo (conversar, contar, anunciar, nomear, designar). Para os gregos, mito é um discurso pronunciado ou proferido para os ouvintes que recebem como verdadeira a narrativa, porque confiam naquele que narra; é uma narrativa feita em 30 Unidade público, baseada na autoridade e confiabilidade da pessoa do narrador. E essa autoridade vem do facto de que ele ou testemunhou directamente o que está a narrar ou recebeu a narrativa de quem testemunhou os acontecimentos narrados. No estudo das origens do conhecimento filosófico não se pode pensar em se encontrar logo as ideias claras, precisas, distintas e bem definidas. Todas imagens primitivas do mundo nos aparecem envolvidas numa atmosfera mística e mágica; o pensamento em que se esboça a explicação do universo parece mais próxima do plano dos nossos sonhos do que do plano da realidade. Esta atitude, que atribui a ordem do universo a entidades sobrenaturais, funda-se em práticas mágicas em ritos de cultos ancestrais. Liga-se com a religião. Mergulha no espanto perante o mistério, no terror do desconhecido, na incerteza do destino e na procura do inteligível. Partindo do comportamento religioso, o mito apresenta-se como apresentação anónima e colectiva, forjada pela imaginação, mas contendo já, germes de racionalidade. Não se preocupa com a totalidade do real; repara nas forças naturais mais perigosas, na sucessão cíclica dos fenómenos e nas relações mais vulgares e constantes. Os mitos revelam tudo o que se passou, desde a cosmografia até a fundação das instituições sócio-culturais. Estas revelações não constituem um conhecimento no sentido restrito do termo; não esgotam o mistério das realidades cósmicas e humanas. Todas as imagens primitivas do mundo nos aprecem envolvidas numa atmosfera mística e mágica; o pensamento em que se esboça a explicação do universo parece mais próxima do plano dos nossos sonhos do que do plano da realidade. Este carácter que nos parece irreal, esconde, todavia, uma profunda e enérgica actividade da imaginação humana, dá-nos a impressão de que ao longo desses séculos de sonho procurou-se laboriosamente uma passagem do confuso para o definido, quer dizer, isola-se certos elementos da original confusão, volta-se a associá-los novamente, para obter assim uma imagem ligeiramente mais perfeita, mais consciente e mais voluntária. Assim nasceram durante milénios, e até o século VI a. C., os mitos que traduzem por imagens fabulosas todos os acontecimentos e experiências que impressionaram a alma dos homens primitivos. A criação do Homem, por exemplo, servia para descrever a sucessão dos deuses ou dos mundos em conformidade com as tradições religiosas. Foram essas as primeiras tentativas de formulação da Ciência e da Filosofia.