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APOSTILA-LÍNGUA-ESPANHOLA-IV

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LÍNGUA ESPANHOLA IV 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUARULHOS – SP 
 
 
 
2 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 6 
2 LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS SIMPLIFICADOS ..................... 7 
2.1 Conceito de simplificação textual .............................................................. 7 
2.2 Legibilidade linguística em língua espanhola ............................................ 9 
2.3 Marcadores textuais e legibilidade linguística ......................................... 12 
3 A GRAMÁTICA DA LÍNGUA ESPANHOLA E A CONSTRUÇÃO TEXTUAL . 14 
3.1 Verbos e produção textual ....................................................................... 14 
3.2 Sintaxe e produção de texto .................................................................... 19 
3.3 Ortografia e produção textual .................................................................. 23 
4 RECONHECIMENTO E UTILIZAÇÃO DE PALAVRAS-CHAVE, COGNATOS E 
FALSOS COGNATOS .................................................................................................... 27 
4.1 Interlíngua e sua influência na leitura de textos em língua espanhola .... 27 
4.2 Palavras-chave e cognatos entre o espanhol e o português ................... 31 
4.3 Heterossemânticos e heterogenéricos entre espanhol e português ........ 36 
5 A GRAMÁTICA COMUNICATIVA DO ESPANHOL ....................................... 40 
5.1 Competência comunicativa ..................................................................... 40 
5.2 Operadores gramaticais para a comunicação em Língua Espanhola — o 
caso dos marcadores discursivos ............................................................................... 43 
5.2.1 Marcadores discursivos ........................................................................... 44 
5.2.2 Importância dos marcadores discursivos no ensino de espanhol ........... 49 
5.3 Gramática comunicativa e suas interfaces .............................................. 50 
5.3.1 Eixo da informação, enunciador e grau de referência extralinguístico .... 50 
5.3.2 Conteúdos processuais e conteúdos proposicionais ............................... 52 
6 MODELO COMUNICATIVO ........................................................................... 54 
 
3 
 
 
6.1 Linguagem e interação humana .............................................................. 54 
6.2 Função dos interlocutores e da interação linguística ............................... 55 
6.3 Tematização — informação compartilhada pelo emissor e pelo receptor
 57 
6.4 Língua e cultura — duas abordagens indissociáveis .............................. 59 
7 FUNÇÕES DA LINGUAGEM ......................................................................... 62 
7.1 Teoria da comunicação segundo Roman Jakobson ................................ 62 
7.2 Funções da linguagem segundo Jakobson ............................................. 65 
7.2.1 Função emotiva ou expressiva ................................................................ 65 
7.2.1 Função conativa ...................................................................................... 65 
7.2.2 Função referencial ................................................................................... 66 
7.2.4 Função poética ........................................................................................ 66 
7.2.5 Função fática ........................................................................................... 67 
7.2.6 Função metalinguística ........................................................................... 67 
7.3 Teoria dos atos de fala ............................................................................ 68 
7.3.1 Classificação dos enunciados ................................................................. 69 
7.3.2 Classificação dos efeitos dos atos de fala ............................................... 69 
7.4 Atos ilocutórios ........................................................................................ 70 
7.4.1 Categorias de atos ilocutórios ................................................................. 70 
8 RECURSOS DE PRODUÇÃO DO TEXTO ESCRITO EM ESPANHOL ........ 71 
8.1 Complexidade estratégica ....................................................................... 71 
8.2 Produção textual e suas etapas .............................................................. 74 
8.3 Sinonímia e sua relação com o texto....................................................... 79 
9 ESTRATÉGIAS DE COESÃO E COERÊNCIA NO TEXTO ESCRITO .......... 82 
9.1 Coesão e seus mecanismos ................................................................... 83 
 
4 
 
 
9.1.1 Referência ............................................................................................... 84 
9.1.2 Dêixis ...................................................................................................... 86 
9.1.3 Substituição ............................................................................................. 87 
9.1.4 Elipse ...................................................................................................... 88 
9.2 Fatores de conexão de significado: a coerência ..................................... 89 
9.3 Procedimentos textuais ........................................................................... 91 
9.3.1 Coesão pela relação de reiteração .......................................................... 91 
9.3.2 Coesão pela relação de associação semântica entre as palavras .......... 93 
9.3.3 Coesão pela conexão .............................................................................. 94 
10 GÊNEROS TEXTUAIS E O ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA ........... 94 
10.1 Intertextualidade e gêneros textuais .................................................... 98 
10.2 Relação entre gêneros textuais e tipos textuais ................................. 102 
11 GÊNEROS ACADÊMICOS ....................................................................... 104 
11.1 Resumo .............................................................................................. 104 
11.2 Resenha ............................................................................................. 106 
11.3 Artigo científico ................................................................................... 112 
12 GÊNEROS NÃO ACADÊMICOS .............................................................. 114 
12.1 Gêneros textuais digitais .................................................................... 114 
12.1.1 Características dos gêneros textuais digitais: e-mails, blogs, redes sociais
 .................................................................................................................................. 116 
12.2 Linguagem utilizada nas redes sociais em Língua Espanhola ........... 117 
12.2.1 Linguagem informal ............................................................................. 121 
12.3 Elementos do gênero anúncio publicitário.......................................... 123 
12.3.1 Interlocução ......................................................................................... 124 
12.3.2 Propósito comunicativo ....................................................................... 125 
 
5 
 
 
12.3.3 Apresentação (formato) ....................................................................... 125 
13 PRODUÇÃO: NARRAR, DESCREVER E ARGUMENTAR ...................... 127 
13.1 Traços linguísticos da narração ......................................................... 127 
13.1.1 Análise dos traços linguísticos do texto narrativo ................................ 128 
13.1.2 Uso do discurso direto, indireto e livre ................................................ 129 
13.1.3 Tempos do mundo narrado .................................................................131 
13.2 Principais categorias gramaticais utilizadas na descrição .................. 132 
13.2.1 Adjetivo ............................................................................................... 132 
13.2.2 Adjetivos qualificativos e determinativos ............................................. 133 
13.2.3 Tempos verbais — presente e pretérito imperfecto ............................. 134 
13.2.4 Determinantes ..................................................................................... 134 
13.3 Partes de uma argumentação ............................................................ 135 
13.3.1 Introdução ........................................................................................... 136 
13.3.2 Desenvolvimento ................................................................................. 136 
13.3.3 Conclusão ........................................................................................... 137 
14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 138 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material é 
semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase 
improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer 
uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo 
hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida 
e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
2 LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS SIMPLIFICADOS 
2.1 Conceito de simplificação textual 
Como este capítulo estará totalmente vinculado ao texto, vamos começar 
estabelecendo o seu conceito: o texto é uma unidade linguística comunicativa 
fundamental, provida de caráter social e interativo, um produto da atividade verbal e se 
caracteriza por desenvolver de modo articulado seus aspectos semânticos (dimensão da 
significação), comunicativo (dimensão social) e estrutural (dimensão organizacional). A 
dimensão organizacional de um texto inclui o sistema da língua na qual está inserido, em 
seus aspectos gramaticais e suas formas próprias de estruturação. Assim, para o 
desenvolvimento do seu saber em língua espanhola, deve-se ver certos conhecimentos 
sobre léxico ou vocabulário, bem como aspectos vinculados à gramática (morfossintaxe) 
e à estruturação oracional, que são necessários durante o processo de leitura e, 
posteriormente, de escritura em uma língua estrangeira (LE). 
Assim, uma elaboração competente de textos em LE implica escrever de modo 
que o leitor seja capaz de localizar e interpretar as informações no corpo do texto, 
sintetizando a ideia principal e distinguindo-a das secundárias e complementares. É 
preciso, igualmente, criar estratégias textuais para que ele possa efetuar inferências 
lógicas e compreender a organização desses textos, a fim de interpretar melhor seus 
conteúdos. Por isso que a disciplina está centrada no desenvolvimento da capacidade 
escrita em LE quanto aos aspectos gramaticais (morfossintaxe), referentes ao gênero, à 
tipologia, ao formato e à estruturação textual (como argumentação, coesão e coerência, 
meio de difusão) e, ainda, ao conhecimento cultural e social do mundo de LE, que deverá, 
de alguma forma, aparecer expresso no texto (contextos) para que seu leitor os 
compreenda. Seu estudo começa a partir do estabelecimento do conceito de 
simplificação textual e das regularidades que se pode observar quanto à organização dos 
textos — há constantes na sua forma de estruturação que permitem compreendê-los de 
modo facilitado. Essas regularidades ou constâncias se manifestam por meio de tipos de 
estrutura (VAN DIJK, 1980), conforme você verá a seguir. 
 
8 
 
 
a) Macroestrutura (conteúdo textual): vincula-se à organização global do 
conteúdo do texto, garantindo a coerência ao relacionar as orações entre si e permitindo 
a construção das tipologias textuais. Ao organizar a informação segundo um esquema 
estrutural básico, classifica o texto em um tipo concreto que responde a ele, seja 
narrativo, descritivo, expositivo ou argumentativo, autoriza estabelecer essas 
informações e dá ao leitor condições de reconhecer os gêneros devido aos temas ali 
tratados. A correspondência macroestrutural de uma carta comercial e uma de amor é 
um exemplo significativo do estabelecimento da macroestrutura. 
b) Superestrutura (esquema textual global): é a estrutura formal que representa 
a distribuição dos conteúdos segundo determinada ordem e varia para cada tipo textual. 
Assim, um ofício de governo e uma receita de bolo, por exemplo, apresentam-se de forma 
diferente quanto à sua superestrutura. 
c) Microestrutura (plano de organização textual): é quando, no nível da oração, 
um texto estrutura seus elementos para estabelecer correspondência entre as diferentes 
orações que o formam, resultando em um todo coerente. 
 
Como estratégia, você deve sempre utilizar a simplificação textual, estabelecendo 
seu texto em função das regularidades, bem como propiciando ao seu leitor o 
reconhecimento das suas formas de organização e sua consequente compreensão. 
Considere, ainda, quais informações precisam estar presentes de acordo com o nível de 
relevância que possuem (ideias principal, secundária e complementar). Um texto bem 
organizado, em geral, subdivide-se em três partes: introdução (proposição de ideias), 
desenvolvimento (sua elaboração) e conclusão (seu encerramento ou arremate), as quais 
são organizadas equilibradamente, o trecho dedicado ao desenvolvimento deverá ser 
muito mais desdobrado do que as outras partes (VAN DIJK, 1980). Observe também os 
aspectos importantes da organização textual, verificando se no texto há um ordenado 
levantamento de hipóteses — inclua título e subtítulos, estabeleça seus aspectos visuais 
e as palavras-chave, que são de suma importância no mundo contemporâneo, 
globalizado e, sobretudo, digital. Ao escrever, vale a pena considerar a plataforma de 
difusão, pois, atualmente, existem diversas diferenças entre publicações impressas e 
digitais. 
 
9 
 
 
Depois, atente-se ao gênero a que o texto pertence e seus elementos 
constituintes. Observe as informações nele presentes e o vocabulário a ser usado para 
que o leitor seja capaz de inferir o contexto social e cultural de que ele faz parte. Procure, 
ainda, verificar o valor comunicativo alcançado (contar um fato, informar um evento ou 
persuadir o leitor) e se a proposta é publicar um texto impresso ou nas plataformas digitais 
hoje disponíveis. No processo de leitura, compreensão e interpretação, esses modos 
organizacionais globais da informação serão muito úteis para o leitor, porque o orientarão 
na construção do significado do texto, assim, ao escrever em LE, você deverá articular 
as ideias, estabelecendo as diferentes proposições. Considere que ele precisa 
compreender e interpretar os textos nos diversos níveis de linguagem apresentados 
(informativo, opinativo, etc.), a partir do reconhecimento da coesão e coerência, bem 
como pelo conhecimento do vocabulário. 
2.2 Legibilidade linguística em língua espanhola 
Escrever é oferecer informação para que o receptor/destinatário compreenda tudo 
o que se deseja transmitir. Em um sentido mais amplo,isso faz referência aos elementos 
tipográficos, ao estilo e à clareza da exposição textual, da linguagem, em que está 
implícita a legibilidade linguística, a qual designa o grau de facilidade do texto para ser 
compreendido pelo leitor. Assim, ele pode ser mais ou menos compreensível em função, 
por exemplo, da complexidade gramatical que apresenta ao construir sua mensagem 
(tamanho, número de palavras ou frases, etc.), bem como dos fatores pessoais do 
destinatário (interesse pelo tema, nível cultural, entre outros). A legibilidade linguística 
depende, em boa medida, de se o texto foi construído com frases curtas e claras, se faz 
bom uso de marcadores textuais, se as palavras-chave são dispostas nos lugares 
precisos e se as frases conservam uma ordem lógica (sujeito/verbo/complementos, no 
caso de LE) — esse modo de estruturar uma frase favorece o processo de antecipação, 
e o leitor pode prever os elementos que se seguirão (VAN DIJK, 1980). 
Em um texto, nem todas as frases seguem esta ordem lógica, pois, se assim fosse, 
elas seriam monótonas, porém, é importante que essa ordem mais natural apareça com 
mais frequência para facilitar a compreensão da leitura. Por isso, o uso indiscriminado de 
 
10 
 
 
orações subordinadas e voz passiva, o excesso de vírgulas e a presença de incisos 
longos e numerosos devem ser usados com cautela. Veja o seguinte exemplo, que 
mostra uma frase longa e de difícil memorização de seu conteúdo: 
 
Fue en un solariego día de primavera, uno de esos en los que apetece salir por la 
vía peatonal y disfrutar del placer que te brinda la naturaleza, Susana viendo a todo esto 
desde una de las ventanas de su acogedora habitación decidió salir a caminar, 
poniéndose unas zapatillas nuevas y rojas que había comprado en una tienda femenina 
en el centro de Santiago salió a la calle muy contenta caminando por los senderos del 
monte, sí, contenta, risueña y despistada pensando en sus planes, el día se estaba 
terminando, ella seguía por los senderos sin darse cuenta de que se ponía el sol. 
 
Observe que uma frase repleta de vírgulas pode resultar em um verdadeiro 
labirinto, por isso, uma boa opção de escritura desse texto seria: 
 
Era un día solariego de primavera cuando Susana, desde la ventana de su 
acogedora habitación, decidió caminar por las calles para disfrutar de la naturaleza. 
Llevaba zapatillas nuevas. Caminó por mucho tiempo pensando en sus planes. Iba tan 
contenta y despistada que ni siquiera notó el atardecer. 
 
A simples supressão das vírgulas e sua substituição por frases curtas, bem como 
o uso dos sintagmas em sua ordem natural tornam o texto muito mais legível (VAN DIJK, 
1980). Do mesmo modo, as frases com voz passiva escondem o sujeito real das orações 
e impedem uma distinção clara de quem é o responsável pela ação. Veja o exemplo a 
seguir: 
Se realizó una encuesta sociológica por parte de los investigadores de la 
universidad para determinar el número de personas afectadas con el fenómeno de la 
migración. 
 
O uso abusivo da passiva reflexa dificulta a percepção do sujeito real da ação, 
assim sendo, seria melhor escrever da seguinte forma: 
 
11 
 
 
Investigadores de la universidad realizaron una encuesta sociológica para 
determinar el número de personas afectadas con el fenómeno de la migración. 
 
Os incisos se tratam de expressões acrescentadas à estrutura das frases, que 
poderiam ser eliminadas sem comprometer sua autonomia sintática, seus exemplos são 
os relativos, algumas subordinadas, as aposições, os complementos circunstanciais, etc. 
No Quadro 1, você pode comparar uma proposta de substituição para os incisos. 
 
Quadro 1. Proposta de substituição 
 
 
A transferência do inciso para a última posição da oração permite ao leitor fixar-se 
na informação que é realmente relevante — no caso exemplificado, alcançar os objetivos 
(VAN DIJK, 1980). Portanto, escrever é fazer uso de termos claros, precisos e 
inequívocos, evitando as palavras supérfluas, os adjetivos em excesso e as 
redundâncias, bem como oferecendo frases curtas, diretas, em voz ativa e sem 
complicações sintáticas para que apresentem ao leitor mais legibilidade do que um texto 
com frases longas e repletas de incisos. Observe, no Quadro 2, as características que 
resultam em alta ou baixa legibilidade linguística. 
 
Quadro 2. Características e alta e baixa legibilidade
 
 
12 
 
 
 
2.3 Marcadores textuais e legibilidade linguística 
Muito importantes para a legibilidade linguística, os marcadores textuais são 
recursos linguísticos como as conjunções, os advérbios ou as locuções que assinalam 
os “acidentes” em um texto em prosa e indicam sua estrutura, as conexões entre as 
frases, a função de um determinado fragmento, entre outros. Observe o seguinte 
parágrafo, em que a presença de marcadores textuais (pero, sino, y luego, aquí, por lo 
que, que) permite ordenar o texto, propiciando uma leitura e compreensão mais rápida: 
 
Los argentinos se la pasan sorprendiendo al mundo por la creatividad y la 
capacidad de reacción que tienen. Pero suponen que el resto del mundo funciona 
como ustedes, y esto no siempre es así. La Argentina no negocia con el FMI, sino 
que funcionarios de su país negocian con burócratas del organismo primero, y 
luego con el directorio del Fondo. Aquí la historia pesa: la Argentina siempre le 
pagó al Fondo, pero no siempre cumplió con los compromisos pactados, por lo 
que cabe esperar que los funcionarios que los visiten sean más exigentes que 
cuando negocian con otros países. Fonte: Pablo (2018, documento on-line). 
 
Para estruturar bem um texto em LE, utiliza-se alguns marcadores textuais. 
• Para introduzir um tema: el objetivo principal de...; este texto trata...; nos 
proponemos a exponer...; nos dirigimos a Ud. para. 
• Para iniciar um novo tema: con respecto a...; en cuanto a...; por lo que se refiere 
a...; el siguiente punto trata acerca de. 
• Para marcar ordem: en primer lugar...; ante todo...; para comenzar...; después...; 
antes que nada...; en segundo término...; finalmente. 
• Para estabelecer distinções: por un lado...; desde cierto punto de vista...; ahora 
bien...; por otra parte...; en cambio...; sin embargo...; además...; a continuación...; 
asimismo...; es decir...; dicho de otro modo...; hay que tener en cuenta. 
• Para detalhar: por ejemplo...; en el caso de...; a saber. 
• Para resumir: en resumen...; sucintamente...; en pocas palabras...; 
recapitulando. 
 
13 
 
 
• Para elaborar conclusões: en definitiva...; para concluir...; finalmente. 
• Para indicar tempo: antes; simultaneamente; en el mismo momento; acto 
seguido. 
• Para indicar espaço: arriba/abajo; dentro/fuera; derecha/izquierda; cerca/lejos; 
delante/detrás. 
 
Para estruturar ideias, usam-se as conjunções da gramática tradicional, pois são 
elas que as conectam entre si em uma oração. A seguir, você verá como funciona sua 
utilização (VAN DIJK, 1980). 
• Para indicar causa: porque, ya, que, pues, dado que, visto que, puesto que, 
como, considerando que, a causa de, gracias a, teniendo en cuenta que, con motivo de, 
etc. Exemplo: “No fuimos a la clase ayer porque estábamos enfermos.” 
• Para indicar consequência: en consecuencia, por lo tanto, de modo que, por 
esta razón, a consecuencia de, así es que, por lo cual, razón por la cual, por consiguiente, 
consecuentemente, etc. Exemplo: “Era el cumpleaños de mi hermana, razón por la cual 
no pude dejar de ir.” 
• Para indicar condição: a condición que, con solo, en caso de que, siempre y 
cuando, con tal que, etc. Exemplo: “Te llamaré siempre y cuando te portes bien.” 
• Para indicar finalidade: a fin de, con el objetivo de, en vistas a, a efectos de, 
con el fin de, con miras a, con la finalidad de, etc. Exemplo: “Carolina me invitó con el 
objetivo de que lo fuera con Martín.” 
• Para indicar circunstância de oposição: en cambio, ahora bien, contodo, sin 
embargo, antes bien, contrariamente, por el contrario, de todas maneras, no obstante, 
etc. Exemplo: “Isabel es muy amable; sin embargo, se enfada rapidamente.” 
• Para indicar situação de objeção: aunque, a pasar de, por más que, con todo, 
etc. Exemplo: “Aunque llueva iremos en bici mañana.” 
 
Os marcadores textuais devem ser colocados nas posições importantes do texto 
(início de parágrafo ou de oração) para que o leitor possa distingui-los em um simples 
passar de olhos, até mesmo antes de começar a ler, e tenha uma noção da sua 
organização. 
 
14 
 
 
3 A GRAMÁTICA DA LÍNGUA ESPANHOLA E A CONSTRUÇÃO TEXTUAL 
3.1 Verbos e produção textual 
A competência comunicativa se constrói com conhecimento linguístico e 
habilidades comunicativas, isto é, com o desenvolvimento da capacidade de utilizar a 
linguagem de forma apropriada nas diversas situações. Quando se concretiza a situação 
comunicativa por meio da escrita, essa capacidade é ainda mais exigida. Afinal, os únicos 
recursos aos quais o escritor e o leitor têm acesso são os da linguagem verbal. 
Nesse sentido, o aprendiz de espanhol precisa conhecer as convenções 
linguísticas para criar e manter o seu discurso. A norma deve ser trabalhada em seu 
aspecto funcional, isto é, com estratégias que permitam considerar o uso da língua em 
situações reais. Um exemplo claro da importância do estudo da gramática para a 
construção de uma comunicação eficiente é a relação entre o conhecimento morfológico 
sobre os verbos e a produção textual clara e organizada (VILLAVERDE, 2018). Os 
brasileiros não costumam encontrar muitos obstáculos para internalizar o uso normativo 
dos verbos em espanhol. Afinal, em português, também há flexão de tempo, modo e 
pessoa e verbos regulares e irregulares. Além disso, a formação do vocábulo flexional 
verbal da língua espanhola é semelhante à da língua portuguesa: radical + vogal temática 
+ desinência modo temporal + desinência de número e pessoa. 
Veja: 
 
Maria escreveu uma carta. 
 
 
María escribió una carta. 
 
 
 
15 
 
 
Em português, os verbos irregulares caracterizam-se pela mudança no radical na 
conjugação. É o caso do verbo fazer: 
 
 
Em espanhol, as irregularidades também ocorrem no radical e são classificadas 
como vocálicas, consonantais e especiais (verbos com diferenças na raiz) 
(VILLAVERDE, 2018). Algumas dessas irregularidades são compatíveis, como os verbos 
dizer (português) e decir (espanhol): 
 
 
 
Entretanto, outras irregularidades não são compartilhadas pelas duas línguas, 
como o verbo pensar: 
 
 
 
16 
 
 
Já o verbo haver é irregular nas duas línguas: 
 
Yo he traído el libro. 
 
Houve dias muito frios na viagem. No entanto, em português, é um verbo pouco 
usado como auxiliar de um verbo pessoal (Eu hei de conseguir) (VILLAVERDE, 2018). 
Nos dois idiomas, há a forma impessoal do verbo haver/haber: 
 
Hay 10 alumnos aquí. 
Há 10 alunos aqui. 
 
Cabe destacar também que, quando o brasileiro usa “tu”, costuma conjugar o 
verbo na terceira pessoa. Embora esse uso seja típico de situações informais, é comum 
que essas formas apareçam na escrita. Em espanhol, essa construção não é comum. 
Logo, o aprendiz brasileiro deve estar atento aos momentos em que produz seus textos, 
afinal, os verbos são fundamentais para comunicar fatos. O texto narrativo, 
especialmente, é constituído por muitos verbos que anunciam os fatos e os transformam. 
As narrativas são formadas por elementos que se associam aos verbos: os personagens 
agem (os verbos revelam essa ação); os fatos ocorrem em um tempo (as desinências 
verbais de tempo mostram esses momentos) e os acontecimentos têm como núcleo um 
verbo. A história narrada ocorre em uma progressão temporal, ou seja, o texto se 
desenvolve no tempo. Isso significa que um fato sucede outro fato, como sequências 
temporais. Leia um trecho do conto La gallina degollada, de Horacio Quiroga (1917[2018], 
documento on-line): 
 
Todo el día, sentados en el patio, en un banco estaban los cuatro hijos idiotas del 
matrimonio Mazzini-Ferraz. Tenían la lengua entre los labios, los ojos estúpidos, y volvían 
la cabeza con la boca abierta. 
El patio era de tierra, cerrado al oeste por un cerco de ladrillos. El banco quedaba 
paralelo a él, a cinco metros, y allí se mantenían inmóviles, fijos los ojos en los ladrillos. 
Como el sol se ocultaba tras el cerco, al declinar los idiotas tenían fiesta. La luz 
 
17 
 
 
enceguecedora llamaba su atención al principio, poco a poco sus ojos se animaban; se 
reían al fin estrepitosamente, congestionados por la misma hilaridad ansiosa, mirando el 
sol con alegría bestial, como si fuera comida. 
Otras veces, alineados en el banco, zumbaban horas enteras, imitando al tranvía 
eléctrico. Los ruidos fuertes sacudían asimismo su inercia, y corrían entonces, 
mordiéndose la lengua y mugiendo, alrededor del patio. Pero casi siempre estaban 
apagados en un sombrío letargo de idiotismo, y pasaban todo el día sentados en su 
banco, con las piernas colgantes y quietas, empapando de glutinosa saliva el pantalón. 
 
Note que há uma sequência de acontecimentos na história (a luz chamou a 
atenção dos personagens; seus olhos ficaram animados, riam, etc.) e que cada 
acontecimento é marcado pela presença de um verbo: llamaba; animaban; reían, etc. Se 
os verbos fossem retirados, a narrativa perderia a sua base linguística e semântica 
(VILLAVERDE, 2018). Observe: 
 
Todo el día, sentados en el patio, en un banco estaban los cuatro hijos idiotas del 
matrimonio Mazzini-Ferraz. Tenían la lengua entre los labios, los ojos estúpidos, y volvían 
la cabeza con la boca abierta. 
El patio era de tierra, cerrado al oeste por un cerco de ladrillos. El banco quedaba 
paralelo a él, a cinco metros, y allí se mantenían inmóviles, fijos los ojos en los ladrillos. 
Como el sol se ocultaba tras el cerco, al declinar los idiotas tenían fiesta. La luz 
enceguecedora llamaba su atención al principio, poco a poco sus ojos se animaban; se 
reían al fin estrepitosamente, congestionados por la misma hilaridad ansiosa, mirando el 
sol con alegría bestial, como si fuera comida. 
 
O pretérito imperfeito é o tempo mais utilizado, pois marca acontecimentos 
contínuos que eram hábito em determinado tempo passado (VILLAVERDE, 2018). Veja: 
 
Otras veces, alineados en el banco, zumbaban horas enteras, imitando al tranvía 
eléctrico. Los ruidos flertes sacudían asimismo su inercia, y corrían entonces, 
mordiéndose la lengua y mugiendo, alrededor del patio. Pero casi siempre estaban 
 
18 
 
 
apagados en un sombrío letargo de idiotismo, y pasaban todo el día sentados en su 
banco, con las piernas colgantes y quietas, empapando de glutinosa saliva el pantalón. 
 
Note que o uso do pretérito imperfeito expressa que a ação está em curso, ao 
passo que o pretérito perfeito exprime um fato concluso. Observe como os tempos 
verbais situam o leitor: sabe-se que são fatos passados e que ocorriam com frequência. 
Nos textos argumentativos, a escolha dos verbos também faz diferença para o sucesso 
da comunicação. A escolha adequada é por verbos que estejam no modo indicativo, pois 
eles denotam certeza, uma vez que argumentos devem ser construídos a partir de fatos 
e certezas. Além disso, ao contrário dos textos narrativos, é mais comum o uso do tempo 
presente, pois a defesa de um ponto de vista costuma estar vinculada a um fato atual. 
Contudo, a rede argumentativa é formada por verbos conjugados no pretérito, no 
presente e no futuro. Leia fragmentos do texto “La inmadurez de la defensa europea” 
(VILLAVERDE, 2018). 
 
La inmadurez de la defensa europea 
Europa no toma las decisiones debidas para dotarse de unos medios defensivos 
propios de una potencia global. No es necesario aumentar el gasto militar; lo esencial es 
activar la voluntad europea para conseguir la autonomía estratégica 
Aunque no reconocidoclínicamente, el síndrome de Peter Pan afecta a muchos 
adultos perpetuamente infantilizados que se resisten a madurar. En política exterior, de 
seguridad y defensa la Unión Europea (UE) también se muestra a menudo como una 
adolescente (aunque con 61 años a cuestas), subordinada a otros que no tienen reparos 
en tratarla como una menor incapaz e irresponsable (véase la reciente cumbre de la 
OTAN), mientras retrasa el momento de tomar sus propias decisiones para dotarse 
finalmente de una voz y unos medios propios ajustados a su pretensión de ser reconocida 
como una potencia global 
 
Observe que há verbos no presente do indicativo, como: toma, es, afecta, resisten, 
etc. 
 
19 
 
 
Tradicionalmente, os textos dissertativos argumentativos são construídos de forma 
a passar imparcialidade e impessoalidade diante dos fatos. Dessa forma, é comum que 
os verbos sejam conjugados na terceira pessoa. Note que o texto do exemplo usa vários 
verbos na terceira pessoa, como muestra e retrasa. Vale reforçar também a questão 
semântica do emprego dos verbos. Na língua espanhola, alguns verbos são utilizados 
com significados diferentes e empregados em construções diferentes, o que acaba 
simplificando a redação. Contudo, o uso demasiado desses verbos pode levar à falta de 
exatidão e à repetição de palavras, tornando a produção monótona e pouco precisa. 
(VILLAVERDE, 2018) 
Observe: 
 
Existem 10 competidores. 
10 personas están compitiendo. 
 
Note que a segunda oração é mais precisa, pois informa diretamente o fato: 10 
pessoas estão competindo. O foco está na ação de competir e não na existência de 
pessoas competindo. Os verbos existir, haber, tener e ser costumam ser empregados 
nessas situações, pois são polissêmicos. Contudo, o texto pode se tornar mais 
interessante se esses verbos forem evitados. Em suma, para que o leitor possa 
interpretar um texto, ele terá de relacionar as pistas que encontra com o seu 
conhecimento de mundo. Assim, a seleção dos verbos é fundamental para que as 
finalidades textuais sejam atingidas. 
3.2 Sintaxe e produção de texto 
A sintaxe estuda a relação dos termos dentro da oração e a relação entre orações. 
Dessa forma, é a parte da gramática que permite selecionar a ordem da exposição da 
informação e a forma como se unem as orações. Para a Real Academia Española (2010a, 
p. 04), “[…] las relaciones sintácticas se expresan formalmente de diversas maneras: 
mediante la concordância, la selección y la posición”. Nesse sentido, questões sintáticas 
influenciam diretamente na produção de textos. 
 
20 
 
 
Em espanhol, a ordem das palavras proporciona informação sobre o seu papel 
sintático. Afinal, dependendo da ordem que as palavras ocupam, o texto pode ser mais 
envolvente, mais enfático ou mais linear. Na ordem linear, o sujeito é seguido pelo verbo, 
depois aparece o complemento verbal e, por fim, o complemento circunstancial, ou seja, 
o elemento determinante segue o determinado, como em: “Las personas desean libertad 
siempre”. Esse tipo de construção é comum em textos referenciais que pretendem 
apenas transmitir a informação. A ênfase não está no receptor nem no canal, por 
exemplo, e sim na mensagem. Veja outro exemplo (BARROSO, 2018, documento on-
line): 
 
Los diez enigmas del hombre muerto en el ascensor de La Paz 
La policía y el juez instructor se enfrentan a un conjunto de preguntas aún sin 
resolver para identificar a la víctima 
Diversas preguntas aún sin respuesta planean sobre la muerte de un hombre de 
entre 50 y 60 años que fue hallado el pasado día 11 sin vida en el hueco de un ascensor 
del hospital madrileño de La Paz. Han transcurrido 17 días desde que esta persona se 
precipitó al vacío desde el piso decimosegundo del centro sanitario. Se desconoce su 
identidad porque no portaba documentación. Junto a su cuerpo, con ropa de calle, se 
halló la llave maestra del ascensor que permitía abrir las puertas. La cabeza estaba 
separada del tronco. No faltaba ningún trabajador del hospital, ningún enfermo ni familiar 
y tampoco ningún empleado del servicio de mantenimiento del elevador. Nadie ha 
reclamado su cadáver, que permanece en el Instituto Anatómico Forense sin identificar. 
Además, el estado del cuerpo —fue encontrado nueve días después del fallecimiento— 
hace difícil recuperar sus huellas dactilares 
 
Note que a maior parte das orações está escrita na ordem linear e direta da oração. 
Esse é o caso de: Diversas preguntas aún sin respuesta planean sobre la muerte de un 
hombre de entre 50 y 60 años. Há o sujeito (Diversas preguntas aún sin respuesta), o 
verbo (planean) e o complemento verbal (sobre la muerte de un hombre de entre 50 y 60 
años). Quando o texto quer destacar alguma palavra ou enfatizar uma ideia, essa 
linearidade costuma ser rompida. Geralmente, o elemento eleito como o mais importante 
 
21 
 
 
surge primeiramente na oração. Assim, a ordem dos elementos está associada à intenção 
comunicativa. Para alcançar esses objetivos, o escritor utiliza palavras funcionais, como 
preposições, artigos e conjunções, que ajudam a informar a função das palavras que 
acompanham. Observe a seguinte oração: 
 
La huelga de los profesores terminará con suceso. 
 
Note que o artigo la anuncia um sintagma nominal (la huelga); já a preposição con 
anuncia um complemento circunstancial (con suceso). Os pronomes relativos têm dupla 
função: referem-se a um substantivo (antecedente) de forma anafórica e servem de nexo 
conjuntivo entre o antecedente e o complemento oracional. Dessa forma, conhecer cada 
palavra funcional é uma tarefa importante para quem deseja construir um significado para 
a oração. Analise, agora, um fragmento do texto anterior. (VILLAVERDE, 2018) 
 
Diversas preguntas aún sin respuesta planean sobre la muerte de un hombre de 
entre 50 y 60 años que fue hallado el pasado día 11 sin vida en el hueco de un ascensor 
del hospital madrileño de La Paz. 
 
Observe que o relativo que garante a continuidade da informação por meio da 
construção de uma frase complexa. Além disso, funciona como anáfora, permitindo a 
construção da coesão e da coerência do texto. A regência verbal é uma questão 
importante para a sintaxe espanhola: o uso inadequado de preposições pode prejudicar 
a compreensão da mensagem que se deseja transmitir. Veja: 
 
*Las amigas fueron en el cine. 
 
Essa construção não está de acordo com as normas gramaticais, pois o adequado 
seria Las amigas fueron al cine. Você pode notar, portanto, a interferência das regras 
informais da língua portuguesa na construção da oração em espanhol. Esses equívocos 
na língua materna são transferidos à expressão na língua estrangeira. Observe: 
 
 
22 
 
 
*¿Cómo será cobrado la tarifa del café? 
 
O adequado seria: ¿Cómo será cobrada la tarifa del café? Note que é preciso 
internalizar as regras de concordância para comunicar com clareza. O mesmo alerta 
serve para o uso de pronomes objetos. Na língua espanhola, não se admite apagá-los, 
ignorá-los, como em: 
 
— ¿Encontraste la muñeca? 
— *Encontré. 
 
Quem encontra, encontra algo. O quê? No exemplo, la muñeca, pode ser 
substituído pelo pronome complemento la. Assim, o adequado seria: La encontré. Vamos 
analisar um texto? Leia os seguintes fragmentos (CONTRERAS, 2018, documento on-
line): 
Donatella Versace: “Soy activista. No me asusta dar mi opinión” 
La diseñadora lanza una nueva campaña y anuncia que su firma estará cada vez 
más comprometida con las causas sociales 
Donatella Versace lo ha vuelto a hacer. Después de regalarle a la industria de la 
moda el momento más emocionante y viral del último año —la aparición sorpresa de 
Claudia, Carla, Naomi, Cindy y Helena en su desfile tributo a Gianni Versace en 
septiembre—, ha concebido para su colección de otoño-invierno 2018 una campaña de 
publicidad que aspira a convertirse en otro hito: una única fotografía —lamayor imagen 
de grupo creada para una campaña de moda— en la que Steven Meisel ha retratado a 
54 modelos que personifican el nuevo gran caballo de batalla de Donatella: la diversidad 
y la inclusividad. “Eso es lo que Versace defiende hoy”, explica la diseñadora en exclusiva 
a EL PAÍS. “La familia Versace está formada por individuos que se apoyan unos a otros 
y comparten los mismos valores: lealtad, fortaleza, confianza, empoderamiento, 
singularidad. Los quería todos juntos, como un clan”. Supermodelos como las hermanas 
Zadid o Kaia Gerber se mezclan con nuevas caras —entre ellas, la del español Óscar 
Kindelan—; géneros, razas y físicos diversos están representados. Ella lo llama 
 
23 
 
 
“identidades distintivas”. “Destacan entre la multitud no solo por su estilo sino, sobre todo, 
por lo que tienen que decir”, asegura. 
 
Observe que a aparição das características antes do referente deixa o leitor na 
expectativa para saber o que é o momento mais emocionante e viral do último ano. A 
escolha do autor por essa ordem não é aleatória: desde o começo do texto, ele prende a 
atenção do leitor por meio da curiosidade. Na sequência desse mesmo enunciado, o autor 
utiliza outro recurso para causar expectativa: o emprego dos dois pontos. Note que, mais 
uma vez, o leitor primeiro tem acesso às características da campanha (que aspira a 
convertirse en otro rito), para depois saber o que é a campanha. Aliás, embora o segundo 
enunciado do parágrafo ocupe muitas linhas e forneça várias informações, não é confuso 
nem monótono, pois utiliza travessões para oferecer breves explicações e "brinca" com 
o leitor nesse jogo de esconde e revela. Veja mais um fragmento do texto anterior: 
 
A sus 63 años, se diría que Donatella está más en paz consigo misma que nunca. 
Muy lejos quedaron sus adicciones —les puso fin en 2004 al subirse al avión privado de 
Elton John rumbo a una clínica de rehabilitación en Arizona—, y los tiempos en los que 
la supervivencia de la firma Versace parecía pender de un hilo. 
 
Na mesma reportagem, em um dos parágrafos seguintes, há o enunciado: Muy 
lejos quedaron sus adcciones. Observe que o uso do complemento circunstancial no 
início da oração marca a ênfase que se quer dar à distância que Donatella está de seus 
vícios. Em síntese, cada elemento sintático que organiza as orações é responsável 
também pelo encadeamento das ideias de um texto. A coesão e a coerência se 
complementam e fornecem os sentidos do texto (VILLAVERDE, 2018). 
3.3 Ortografia e produção textual 
A ortografia é a parte da língua responsável pela escrita adequada das palavras. 
Portanto, é elemento fundamental na comunicação escrita, pois todos os pensamentos 
formulados e registrados pelo escritor devem ser interpretados adequadamente pelo 
 
24 
 
 
leitor. A escrita incorreta de uma palavra pode levar o leitor à incompreensão ou à falta 
de credibilidade nas ideias do autor. Além disso, o equívoco na grafia pode acarretar, 
também, confusão entre as palavras de sentidos diferentes. 
Essa situação se torna ainda mais grave quando os produtores de textos em 
espanhol são brasileiros aprendizes do novo idioma. Sabe-se que muitos fatores podem 
dificultar o aprendizado, mas a interferência da proximidade entre português e espanhol 
é uma realidade a que se deve estar atento. Aliás, os erros de produção escrita podem 
estar associados à dificuldade do aprendiz de aliar vários conhecimentos, pois para se 
expressar graficamente, é preciso unir não só os conhecimentos fonológicos e gráficos 
da língua, mas também conhecimento sobre morfologia, sintaxe e semântica. A seguir, 
observe as regras de acentuação das paroxítonas e das oxítonas da língua portuguesa 
e da língua espanhola: 
 
 
 
Note que há divergências significativas nas regras das paroxítonas. Em português, 
palavras terminadas em n e s são acentuadas quando são paroxítonas (próton); já em 
espanhol, palavras terminadas em n e s são acentuadas só se forem oxítonas: Colón. 
Outra divergência importante entre as duas línguas está na formação dos encontros 
vocálicos. Por exemplo, alguns hiatos espanhóis (como: frí-o) correspondem a ditongos 
em português (como: frio). 
O contraste entre português e espanhol evidencia-se também na divisão silábica. 
Os dígrafos rr e ss são separados em português: car-ro; nos-so. Em espanhol, os dígrafos 
rr e ll nunca se separam: ca-rro; ca-lle. Outros aspectos da grafia podem gerar dúvidas. 
Esse é o caso da ausência de ss, ze, ç e acento circunflexo na língua espanhola 
(VILLAVERDE, 2018). Contudo, os problemas de escrita não surgem apenas pela falta 
 
25 
 
 
de equivalência entre as duas línguas. Os homógrafos, ou seja, palavras de mesma grafia 
e significados diferentes podem gerar dúvidas e levar o escritor a desistir do emprego da 
palavra. Conheça alguns homógrafos: 
 
• Mora: mulher do moro./ Mora: fruta. 
• Lima: instrumento para limar. / Lima: capital do Peru. 
• Pila: conjunto de coisas. / Pila: Dispositivo que fornece energia. 
• Granada: fruto comestível. / Granada: projétil. 
• Seno: órgão mamário feminino (seio). / Seno: relação trigonométrica entre os 
lados de um triângulo. 
• Cara: rosto. / Cara: de preço alto. 
• Asta: corno de uma rês. / Asta: pau de um veleiro ou bandeira. 
• Copa: taça para beber. / Copa: parte de um chapéu. 
• Vino: bebida alcoólica fermentada. / Vino: do verbo venir. 
• Borrador: borracha. / Borrador: ensaio. 
• Radio: metal, aparelho receptor. / Radio: metade do diâmetro. 
• Pesa: objeto de medição. / Pesa: verbo “pesar”. 
 
Os homófonos são palavras com mesma pronúncia, mas grafia e significado 
diferentes. Dessa forma, o equívoco na escrita poderia modificar o significado da palavra 
e, consequentemente, da frase, do parágrafo e do texto, gerando ruídos na comunicação. 
Leia algumas passagens de textos do Jornal El País (RAMÍREZ, 2018, documento 
on-line; CORDELLATE, 2018, documento on-line): 
 
Las puertas que abre ser alguien de trato fácil 
Sonreír, mantener la discreción, o ayudar a los demás. Claves para ser alguien 
agradable con quien todos desearán relacionarse 
 
Se na lide fosse utilizada a expressão de más no lugar de demás, o leitor poderia 
imaginar que é preciso considerar mais que isso, por exemplo. 
 
 
26 
 
 
“Hay niños que no están solos en casa, pero están aislados. Su mundo se vive en 
una habitación” 
Los expertos han detectado un nuevo modelo de menores de la llave que son 
aquellos que se quedan a diario en pisos compartidos de forma forzosa y en espacios 
hiperreducidos 
 
Nesse texto, se o escritor acentuasse a palavra solos, poderia provocar dúvidas 
sobre se tinha intenção de usar um adjetivo (solos = sozinhos) ou um advérbio (sólo = 
somente). Para finalizar, é importante destacar questões ressaltadas na mais recente 
publicação sobre ortografia pela Real Academia Española (2010b): 
 
Se excluyen definitivamente del abecedario los signos ch y ll, ya que, en realidad, 
no son letras, sino dígrafos, esto es, conjuntos de dos letras o grafemas que representan 
un solo fonema. El abecedario del español queda así reducido a las veintisiete letras 
siguientes: a, b, c, d, e, f, g, h, i, j, k, l, m, n, ñ, o, p, q, r, s, t, u, v, w, x, y, z. 
Eliminación de la tilde en palabras con diptongos o triptongos ortográficos: guion, 
truhan, fie, liais, etc. 
Al no existir uniformidad entre los hispanohablantes en la manera de articular 
muchas secuencias vocálicas, ya que a menudo, incluso tratándose de las mismas 
palabras, unos hablantes pronuncian las vocales contiguas dentro de la misma sílaba y 
otros en sílabas distintas, la ortografía académica estableció ya en 1999 una serie de 
convenciones para fijar qué combinaciones vocálicas deben considerarse siempre 
diptongos o triptongos y cuáles siempre hiatos a la hora de aplicar las reglas de 
acentuación gráfica, con el fin de garantizar la unidaden la representación escrita de las 
voces que contienen este tipo de secuencias. 
 
A ortografia é uma parte da gramática que vai além da escrita correta das palavras. 
Ela é também um elemento dos textos escritos, que permite a compreensão das 
informações. Portanto, é um aspecto fundamental para quem deseja se comunicar por 
escrito. (VILLAVERDE, 2018) 
 
27 
 
 
4 RECONHECIMENTO E UTILIZAÇÃO DE PALAVRAS-CHAVE, COGNATOS E 
FALSOS COGNATOS 
4.1 Interlíngua e sua influência na leitura de textos em língua espanhola 
Durante o processo de aquisição de uma língua estrangeira, o aprendiz sofre 
influências de sua língua materna, pois ela é a base na qual ele se fundamenta para se 
comunicar. Contudo, as línguas costumam apresentar traços conflitivos que dificultam o 
processo de aprendizagem. Essa dificuldade surge, de acordo com Selinker (1972), 
pesquisador que usou o termo interlíngua pela primeira vez, pela ativação, na mente do 
aluno de língua estrangeira, de uma estrutura psicológica latente quando ele tenta 
compreender ou construir um enunciado na nova língua. Essa estrutura é chamada de 
interlíngua. É possível observá-la, por exemplo, quando o aprendiz transfere as regras 
de funcionamento da língua materna para a língua estrangeira. Isso pode ocorrer pelo 
fato de, entre as duas línguas, existir regras semelhantes que levam o estudante a 
generalizar a semelhança específica para várias ou todas as outras regras de 
funcionamento da língua estrangeira. 
É comum essa generalização provocar a criação de um sistema aproximado, ou 
seja, um sistema que não é nem o da língua materna nem o da língua meta. A criação 
desse sistema pode ser temporária, modificando-se à medida que passa por diferentes 
etapas de aquisição do idioma. Como o aluno, nessa situação, utiliza estruturas sintáticas 
simples e um léxico com uma grande variedade de significados, podem surgir dificuldades 
para sua leitura de textos em outra língua. Esse é o caso de brasileiros estudantes de 
espanhol. (VILLAVERDE, 2018) 
Note que, em espanhol, costuma-se nomear os ensaios de uma obra como 
ensayos previos. Em português, dá-se apenas o nome de ensaio, pois inserir o termo 
prévios seria, provavelmente, sinônimo de redundância. No final do mesmo parágrafo do 
texto, há a expressão realizador de cine. Embora realizador seja um vocábulo válido no 
português, não é comum que ele seja empregado no sentido em que está na reportagem, 
isto é, no sentido de diretor de cinema. Esses obstáculos de leitura são comuns nas 
etapas iniciais de aprendizagem do espanhol. Afinal, o aluno está experimentando a 
 
28 
 
 
língua e criando hipóteses a partir do português. Entretanto, à medida que o estudante 
avança na aprendizagem, começa a discernir as regras da língua portuguesa das regras 
da língua espanhola. Assim, questões como regência e colocação pronominal, por 
exemplo, já são reconhecidas, e o aprendiz compreende seu uso em um texto. Em 
consequência, há menos obstáculos para a leitura. 
Veja mais um trecho da reportagem do jornal El País: "Para bien o para mal, a 
Shakespeare no le puedes consultar" (BELINCHÓN, 2018a, documento on-line). 
Observe os complementos verbais: a Shakespeare e o pronome complemento le. Em 
português, não há esse tipo de construção, por isso ela pode provocar dificuldades de 
interpretação ao aprendiz de espanhol. A leitura é uma importante ferramenta na etapa 
de aquisição de uma língua, pois o aprendiz ainda não é capaz de corrigir os próprios 
erros nos momentos em que ele produz textos orais ou escritos. Antes de atingir uma 
estabilidade linguística, o aluno passa por muitas fases de grande variabilidade ao longo 
do processo de aprendizagem. 
Dessa forma, a interlíngua é uma fase importante para a aquisição do novo idioma, 
pois, embora seja um sistema que integra traços da língua materna com incorporação de 
elementos da língua estrangeira, caracteriza-se como a possibilidade de remediar, com 
o tempo, as carências linguísticas do aprendiz. O essencial é que haja, por parte do aluno, 
a intenção de buscar soluções para os problemas de comunicação e estabelecer uma 
mensagem compreensível. Para Fernández (1997), esse é um estágio fundamental para 
que o estudante use os erros como pontos de apoio para aprimorar sua comunicação e 
evoluir no desenvolvimento da língua meta. Para ele, sem a possibilidade de errar e de 
analisar esses erros, o aprendiz não tem muitas opções para produzir estruturas corretas. 
A análise desses erros deve ser uma ação docente constante, para que os educadores 
possam buscar as estratégias mais adequadas e ajudar o aluno a superar as dificuldades. 
A formulação de hipóteses sobre as características da nova língua faz o estudante 
adquirir o hábito de testar se essas hipóteses são plausíveis e aceitas nas situações de 
comunicação. Aliás, no processo de leitura, o aprendiz recebe imediatamente o retorno 
sobre as hipóteses que formulou, pois, para compreender e interpretar o texto, precisa 
decifrar as informações à medida que elas aparecem. Para que essas hipóteses sejam 
confirmadas e o aprendiz supere as barreiras, é necessário que ele reconheça as 
 
29 
 
 
interferências linguísticas. Essas interferências podem surgir nos níveis semântico, 
sintático ou ortográfico. Para analisar como elas podem interferir na interpretação de 
texto, observe alguns trechos da reportagem La policía recobra las tallas de La Roldana 
desaparecidas en Cádiz, adaptada do jornal El País. 
Las cuatro esculturas desaparecidas de La Roldana (Luisa Roldán, Sevilla 1652-
Madrid, 1706) de la Catedral de Cádiz por fin han aparecido. Después de más de 
una semana de búsqueda, ha sido la intervención de la policía la que ha permitido 
averiguar el paradero de los cuatro ángeles, tal y como ha explicado la propia 
institución. Fue el viernes passado cuando una persona cercana a la Seo, cuya 
identidad no ha trascendido, entrego las cuatro piezas al deán de la Catedral de 
Cádiz, Ricardo Jiménez Merlo. En la investigación han aparecido además otras 
tres esculturas — un profeta y partes de dos ángeles despiezados — datados en 
los siglos XVII y XVIII. La policía continua con sus pesquisas para averiguar las 
circunstancias de la desaparición y determinar la posible responsabilidad penal 
de alguna persona (CAÑAS, 2018, documento on-line). 
Para um aprendiz iniciante de espanhol, essa construção, em que se apresenta 
uma circunstância de tempo sem a preposição, pode dificultar a compreensão da 
mensagem e dar a sensação de que viernes é o sujeito da oração. Afinal, em português, 
sempre se usa nesses casos a preposição em (“na sexta-feira passada”). Além disso, 
não é costume organizar esse tipo de informação dessa maneira: “Foi na sexta-feira 
passada quando uma pessoa [...]”. A expressão fue el viernes pasado refere-se ao 
desaparecimento das esculturas. No entanto, o período em que essa expressão aparece 
não é o mesmo que informa sobre o desaparecimento. Em português, não é comum esse 
tipo de construção. No segundo parágrafo, esse tipo de construção se repete, levando o 
leitor a confirmar a hipótese de que, em espanhol, essa é uma construção válida. 
(VILLAVERDE, 2018) 
Fue el passado lunes cuando el anterior restaurador del Museo de Cádiz, José 
Miguel Sánchez Peña denunció en el medio local Portal de Cádiz la desaparición 
de estos cuatro ángeles de Luisa Roldán — primera escultura de cámara de reyes 
e hija de Pedro Roldán — ya que posiblemente habían sido “tirados a la basura”. 
Su artículo provoco la inmediata reacción del Cabildo de la Catedral que inició 
una infructuosa búsqueda en sus fondos. Gracias a la denuncia en los medios de 
comunicación, la policía inició también una investigación paralela (CAÑAS, 2018, 
documento on-line). 
Nesse mesmo parágrafo, há a expressão tirados a la basura. A palavra “tirados” 
também existe em português, mas não com o mesmo significado. O leitor poderia30 
 
 
confundir-se e acreditar que as esculturas foram retiradas do lixo e não colocadas no lixo. 
No quarto parágrafo, a palavra “dos” aparece duas vezes. Observe: 
La investigación de la Unidad de Delincuencia Especializada y Violenta ha 
permitido dar con más esculturas, además de los cuatro ángeles que realizó La 
Roldana en 1686. Esas dos personas que tenían las cuatro esculturas han 
entregado también outra imagen de un profeta y laspiezas que constituían otros 
dos ángeles. Aunque aún no se ha culminado el informe oficial, el profeta (de 
más de un metro de alto y con ropajes encolados) sería del siglo XVII y los 
ángeles podrían pertenecer al escultor genovés Domenico Giscardi (siglo XVIII), 
según apuntan a EL PAÍS fuentes expertas en la materia. Todas las piezas 
entregadas formaban parte del Monumento Eucarístico del Jueves Santo que se 
montó en la Catedral hasta la primera mitad del siglo XX (CAÑAS, 2018, 
documento on-line). 
No segundo destaque do texto, o aluno pode criar a hipótese equivocada de que 
“dos” equivale à contração de língua portuguesa dos (preposição de + artigo os). Além 
disso, é comum que o estudante busque uma flexão de gênero desse numeral, já que na 
sua língua materna essa flexão ocorre. Nesse mesmo fragmento, há a palavra “otros”, 
cuja tradução em português é semelhante e o significado também. Entretanto, a ausência 
de uma letra, u, pode soar ao brasileiro como um erro. Afinal, na língua portuguesa, se 
essa palavra for escrita sem a letra u, é sinal de que o escritor reproduziu um som 
coloquial e de escrita não prestigiada. Além disso, no final desse parágrafo, há uma 
construção pasiva refleja (“que se montó en la Catedral”), comum em espanhol, porém, 
em português, é natural o uso da passiva analítica (que foi montado na Catedral). Nesse 
mesmo parágrafo, há a expressão de más de un metro de alto, que também pode gerar 
confusão, uma vez que, em português, “alto” é adjetivo e não substantivo, assim, só 
poderíamos usara palavra “altura”. (VILLAVERDE, 2018) 
No último parágrafo, o demonstrativo “ello” também pode provocar confusões, 
afinal, em espanhol, existe o pronome pessoal “ellos”. É natural que o aprendiz da língua 
elabore a hipótese de que “ello” é o singular de “ellos”, porém, é um pronome 
demonstrativo neutro cujo referente é algo indeterminado, como um conjunto de ideias. 
Observe o uso desse demonstrativo no último parágrafo da reportagem: 
En este tiempo, cuatro de los ocho ángeles (dos sedentes y dos de pie) han 
acabado expuestos en la Capilla de las Reliquias de la Catedral y en una iglesia 
de Barbate. Los otros cuatro se mantuvieron en la cripta hasta que en el 2000 
pasaron a manos de estas personas que no han llegado ni a venderlos ni a 
intervenir sobre ellos de forma alguna. Este caso ha destapado el escaso control 
 
31 
 
 
que, en el seno de la Iglesia de Cádiz, existía de su patrimonio. Por ello, desde 
la Delegación Provincial de Cultura de la Junta de Andalucía ya han adelantado 
que van a intentar poder acceder a “inventarios más detallados” y establecer 
“mecanismos de coordinación” para evitar que estos hechos se vuelvan a 
suceder (CAÑAS, 2018, documento on-line). 
Portanto, a interlíngua confirma que os erros não são aleatórios, mas pistas de 
como superar as dificuldades para a aquisição do espanhol. Os problemas de 
interpretação de texto, por exemplo, que surgem nesse processo, podem ser o trampolim 
para o aluno superar a resistência com o idioma e passar a dominar a língua estrangeira. 
4.2 Palavras-chave e cognatos entre o espanhol e o português 
A compreensão das mensagens de textos escritos em espanhol exige o 
reconhecimento das palavras-chave desse texto. Essas palavras são a referência do 
argumento principal e costumam ser da classe dos substantivos. Dessa forma, para o 
aprendiz de espanhol, é muito importante o desenvolvimento do seu vocabulário, para 
que as informações sejam interpretadas corretamente. Os dados vão-se apresentando 
em cada parágrafo, organizando as informações de forma hierárquica, ou seja, de acordo 
com o nível de importância com relação à palavra-chave. A palavra-chave é o termo do 
texto que assegura a homogeneidade do discurso em razão de sua recorrência ao longo 
dos parágrafos. Aliás, um texto é chamado de texto em função também da recorrência 
semântica, que é costurada pela presença da palavra-chave. Cada informação sobre ela 
indica uma síntese argumentativa do parágrafo, daí, surge a necessidade de reconhecer 
os verbos e suas flexões: quem e quando realizou determinada ação. Com a observação 
dos detalhes, como as características (adjetivos) e as circunstâncias (advérbios), torna-
se possível verificar as formas de retomada da palavra-chave. (VILLAVERDE, 2018) 
Leia, a seguir, o texto “Shakira, un ciclón que viaja en bicicleta”, de Fernando Neira 
(2018, documento on-line). 
 
¿Shakira en horas bajas? Una hipótesis tentadora, si reparamos en que las dos 
anteriores visitas madrileñas de la barranquillera tuvieron lugar en el festival Rock in Río 
(2010) y el Vicente Calderón (2011) ante 50.000 espectadores y anoche, pese al tiempo 
 
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transcurrido, sufrió para agotar las 14.000 entradas del WiZink Center. Suponemos que 
la (relativa) desafección no proviene de circunstancias futbolísticas, sino de que la 
competencia se ha multiplicado en los territorios de la música latina de baile. Pero se la 
intuía empequeñecida a Shakira Isabel Mebarak en una cita que le debía servir de 
revulsivo y para la que contaba con un público predispuesto, veinte años largos de 
repertorio exitoso y docenas de banderas colombianas diseminadas por pista y graderíos. 
Inaugurar el repertorio con Estoy aquí pareció ayer más autoafirmativo que nunca, 
después de esa hemorragia en las cuerdas vocales que en otoño obligó a nuestra 
rubísima diva a cancelar sine die esta gira mundial. “Muchas veces pensé que no volvería 
a cantar nunca más, pero los milagros existen”, se sinceró al cuarto de hora, quizá con 
ánimo confesional y tranquilizador para con “los amigos en las buenas y en las malas” 
que la aclamaban. Pero es difícil sustraerse a la sensación de que Shaki se siente aún 
achantada, insegura, temerosa ante la cercanía de una experiencia que debió de ser 
pesadillesca. Dispone de un sexteto solvente para arroparla, no abusa de los sonidos 
pregrabados ni de la pirotecnia verbenera, ofrece un espectáculo orgánico, cercano, 
ameno y dignísimo. Pero la fiereza vocal de siempre se ha lastrado y retraído. Ni se la 
escucha poderosa ni confiada. La loba devenida, vaya por Dios, en lindo gatito. 
A ello hay que sumarle el peaje que la creadora de “Hips don’t lie”, mujer 
temperamental y corajuda, ha terminado pagando con la eclosión del reguetón y demás 
baratijas rítmicas ahora mismo en vigor. Contar desde las pantallas gigantes con las 
voces enlatadas de Nicky Jam (Perro fiel) o Maluma Puro chantaje) contribuye a generar 
irrealidad, nos transporta desde un concierto en vivo a una vulgar sala de fiestas. Y solo 
podemos corroborar que me enamoré es una cancioncita tan infantil y desdichada como 
ese vídeo con letras de colorines que la acompaña. El amigo Gerard, tan buen mozo él, 
seguramente merecería algo un poco mejor. (NEIRA, 2018, documento on-line) 
Queda la baza de la sensualidad, a la que Shakira no renuncia pero de la que 
tampoco abusa. Se trata de una línea delgada en la que ella se maneja con elegancia 
estupenda, aun a sabiendas de que sus caderas siguen dibujando curvas inimaginables 
durante la introducción de “Suerte”, un momento para el que recupera su condición de 
deidad con los pies descalzos. Sirve como hito eufórico de la velada, pero va seguido por 
el contrapunto melodramático violín incluido- de “Underwater” y la soleada candidez de 
 
33 
 
 
Amarillo, en la que nuestra protagonista, ya de negro discreto, empuña una guitarra 
acústica con la caja estampada en tonosrojos y anaranjados. Bueno, y con una foto de 
su novio en la tapa, ya que quieren saberlo todo. 
Lo mejor que podemos decir ahora mismo de Shakira es que hace prevalecer su 
condición de músico sobre cualquier otro criterio. Ejerce de rockera afilada en “Inevitable”, 
guitarra eléctrica en ristre; conduce a su banda hasta el centro del pabellón para una 
dulce lectura acústica de Antología y hasta empuña las baquetas de la batería al final de 
“Can’t Remember to Forget You”, con su tenue aroma de “dub” jamaicano. Fueron los 
mejores momentos de una noche en la que los himnos balompédicos, “La la la” y “Waka 
waka”, evocaban aquello de la cuerda y la casa del ahorcado, y donde el final (“La 
bicicleta”) sugirió que el ciclón de Barranquilla, efectivamente, ha aminorado su velocidad 
de crucero. 
 
Conforme VILLAVERDE (2018) a palavra-chave do texto é um substantivo, o nome 
próprio Shakira, que é também assunto da reportagem. Em cada parágrafo, podemos 
identificar uma palavra-chave que se relaciona diretamente à palavra Shakira: 
hemorragia (1º parágrafo), eclosión de ruguetón (2º parágrafo), baza de la sensualidade 
(3º parágrafo) e condición de músico (4º parágrafo). Todas essas palavras-chave são 
substantivos ou expressões substantivas que remetem ao tema do texto, veja: 
hemorragia das cordas vocais de Shakira; eclosão do estilo de música ruguetón, que 
passou a competir com o estilo de Shakira; a sensualidade de Shakira, como uma “carta 
na manga”; e a condição de músico que identifica Shakira. Para realizar essas relações, 
o estudante da língua espanhola precisa reconhecer essas palavras-chave ou grande 
parte das palavras selecionadas no texto. Para isso, pode aproveitar os cognatos, ou 
seja, palavras com o mesmo radical e mesma origem, como “hipótesis”, do primeiro 
parágrafo. O reconhecimento dessa palavra permite que o leitor embarque na proposta 
da reportagem, que é analisar a hipótese de a cantora estar em um momento de baixa. 
Outra sequência de cognatos ajuda o aprendiz de espanhol a constatar o tema do 
segundo parágrafo: hemorragia nas cordas vocais (hemorragia en las cuerdas vocales). 
De posse desse conhecimento, o leitor compreende um argumento que sustentaria a 
hipótese formulada no primeiro parágrafo (a respeito do período de baixa da artista). Já 
 
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no quarto parágrafo, cognatos como sensualidad, elegancia, curvas inimaginables 
permitem associar a descrição à imagem de Shakira que, no último parágrafo é reforçada 
pela expressão condición de músico. 
Evidencia-se, portanto, que os cognatos entre a língua espanhola e a língua 
portuguesa podem contribuir com a aquisição do segundo idioma pelos brasileiros. No 
entanto, é preciso estar atento às diferenças ortográficas e de pronúncia que determinam 
a singularidade de cada língua. Os substantivos formam a classe gramatical que mais 
contém similaridades entre o português e o espanhol, o que demonstra a origem latina 
das duas línguas. Esse é o caso dos substantivos terminados em -or, como actor/ator, 
color/cor, e os terminados em -al, como hospital/hospital, animal/animal, capital/capital. 
As palavras podem ser exatamente iguais, principalmente os substantivos terminados em 
-ncia, como ambulancia/ambulância, inteligencia/inteligência; em -ista, como 
artista/artista, turista/turista, dentista/ dentista; e -ismo, como turismo/turismo, 
idealismo/idealismo. Além disso, há muitas palavras espanholas terminadas em -dad, 
que em português têm um correspondente terminado em -dade: felicidad/felicidade, 
capacidad/ capacidade, ciudad/cidade. (VILLAVERDE, 2018) 
Se há substantivos cognatos em um grande número, os adjetivos conseguem 
ultrapassar a marca. Veja alguns: final/final, normal/normal, teimoso/ teimoso, 
ambicioso/ambicioso, romantico/romântico, fantástico/fantástico, ignorante/ignorante, 
paciente/paciente, estúpido/estúpido, fertil/fértil, hostil/ hostil, necesario/necessário. Além 
desses, há os adjetivos que têm final -ble em espanhol e -vel em português: 
horrible/horrível, imposible/impossível, notable/notável. Os advérbios também são 
semelhantes, já que se formam a partir do acréscimo do sufixo -mente, como em 
finalmente/finalmente, problablemente/provavelmente. Nas reportagens La ducha de 
modernidad de ‘Psicosis’ e O banho de modernidade de ‘Psicose’, publicadas no jornal 
El país on-line, respectivamente, da Espanha e do Brasil, é possível observar como há 
uma grande quantidade de cognatos entre as línguas espanhola e portuguesa. Observe 
as palavras destacadas nos primeiros trechos das reportagens: 
La ducha de modernidad de ‘Psicosis’ 
Un documental analiza la secuencia clave de 'Psicosis', de Alfred Hitchcock, 
tres minutos rodados durante una semana que su director calificó de "cine 
puro" 
 
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"El argumento me importaba poco", le contó Alfred Hitchcock a François 
Truffaut. "Lo que me importaba es que la unión de los trozos de la película, la 
fotografía, la banda sonora y todo lo que es puramente técnico podían hacer 
gritar a los espectadores. Lo que ha emocionado al público es cine puro". Entre 
noviembre de 1959 y febrero de 1960, Hitchcock dirigió Psicosis. Venía de filmar 
Vértigo y Con la muerte en los talones, palabras mayores, películas con tecnicolor 
y estrellas. Y de repente se embarcó en Psicosis, un largometraje en blanco y 
negro, en que la estrella de más renombre del reparto — Janet Leigh — era 
asesinada en el minuto 40, para desconcierto de la audiencia, y un trabajo que 
su mismo creador confiesa dirigió "como un telefilme". Entonces, ¿por qué 
Alfred Hitchcock, en su mejor momento profesional, se lanzó a Psicosis? Por 
la secuencia de la ducha, por ese "cine puro". 
 
O banho de modernidade de ‘Psicose’ 
Documentário analisa a sequência-chave do thriller de Alfred Hitchcock, três 
minutos rodados durante uma semana, que o cineasta qualificou de “cinema 
puro” 
“O argumento pouco me importava”, contou Alfred Hitchcock certa vez a 
François Truffaut. “O que me importava é que a união das partes do filme, a 
fotografia, a trilha sonora e tudo o que é puramente técnico pudessem fazer os 
espectadores gritarem. O que emociona o público é cinema puro.” Entre 
novembro de 1959 e fevereiro de 1960, Hitchcock dirigiu Psicose. Vinha de 
filmar Um Corpo Que Cai e Intriga Internacional, obras maiores, em tecnicolor e 
com grandes estrelas. E de repente embarcou em Psicose, um longa em preto 
e branco, no qual a estrela de mais renome no elenco, Janet Leigh, era 
assassinada aos 40 minutos, para desconcerto da plateia, e um trabalho que 
seu próprio criador confessa ter dirigido “como se fosse um telefilme”. Então por 
que Alfred Hitchcock, em seu melhor momento profissional, lançou-se a 
Psicose? Pela sequência do chuveiro, por esse “cinema puro”. 
 
Fonte: Adaptado de Belinchón (2018b, documento on-line). 
Note que há muitos destaques nos textos, sinal de que, de fato, há muitos cognatos 
entre o português e o espanhol. Observe, também, que há palavras exatamente iguais, 
como espectadores e de repente, e palavras muito parecidas, como estrellas/estrelas e 
creador/criador. Em suma, o espanhol e o português são línguas irmãs, oriundas do latim 
e que compartilham peculiaridades, principalmente na escrita. Para que essas 
semelhanças auxiliem o aprendiz de espanhol a desenvolver sua competência leitora, é 
importante que ele reconheça as palavras-chave de um texto e seus cognatos. Além 
disso, é fundamental que saiba identificar os heterosemánticos e heterogenéricos, 
assuntos da próxima seção. (VILLAVERDE, 2018) 
 
36 
 
 
4.3 Heterossemânticos e heterogenéricos entre espanhol e português 
A proximidade entre as línguas portuguesa e espanhola tem origem histórica. As 
duas surgiram das modificações no latim vulgar, oriundas das interferências dos povos 
que habitavam a Península Ibérica. Nessa região, surgiram modificações do latim, entre 
elas, o galego-português (língua faladanas atuais regiões de Portugal e Galiza), o 
castelhano, o catalão, o navarro-aragonês e o astur-leonês (falados, respectivamente, 
nas regiões de Castela, Catalunha, Aragão e Navarra, Leão e Astúrias). Com a 
independência de Portugal, em 1250, o idioma oficial desse território passou a ser o 
galego-português, que foi se transformando no que é hoje a língua portuguesa. Na região 
onde hoje é a Espanha, também surgiram modificações do latim e, nos dias atuais, é 
possível constatar as diferentes línguas desse território. O castelhano é a língua oficial 
da região desde que o rei de Castilla e León ordenou essa determinação. (VILLAVERDE, 
2018) 
Quadro 3. Exemplo de “falsos amigos” ou heterossemânticos no par de línguas 
espanhol-português 
 
 
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Devido à origem comum e às semelhanças constatadas até os dias atuais entre 
os dois idiomas, o aprendiz de espanhol pode ter algumas vantagens no processo de 
aquisição da língua estrangeira, afinal, cerca de 85% das palavras das duas línguas têm 
origem comum. Entretanto, embora as interferências produzidas no aprendizado de uma 
língua próxima não se produzam apenas nas zonas de divergência entre os dois sistemas 
linguísticos, mas principalmente nos casos de afinidades parciais, como alerta Calvi 
(2004), é preciso oportunizar ao aluno o contato com as palavras e estruturas que são 
divergentes entre as duas línguas. O desconhecimento dos falsos cognatos pode levar a 
traduções equivocadas e a comunicações ineficientes. 
Observe os trechos iniciais do texto La ducha de modernidad de ‘Psicosis’ e O 
banho de modernidade de ‘Psicose’ no Quadro 3, visto anteriormente. 
Para que se crie uma consciência linguística nos aprendizes, é fundamental que 
se destaquem as semelhanças e as diferenças que ocorrem entre o português (língua 
materna) e o espanhol (língua meta). Pode-se, assim, minimizar as interferências e 
avançar no estágio de aquisição da língua. Nesse contexto, o estudo dos 
heterosemánticos é fundamental. De acordo com Fialho (2005, p. 13): 
Os heterossemânticos são palavras normalmente derivadas do latim, que têm, 
portanto, a mesma origem. Aparecem em diferentes idiomas com ortografia 
semelhante ou idêntica, mas que ao longo dos tempos acabaram adquirindo 
significados diferentes. Também podem ser definidos como expressões lexicais 
que coincidem gráfica, e muitas vezes fonologicamente, nas duas línguas, mas 
cujo significado varia até o ponto de originar confusões. O número de falsos 
amigos depende fundamentalmente da proximidade existente entre o par de 
línguas implicadas. 
Note que as palavras da reportagem escrita em espanhol poderiam ser 
confundidas com palavras semelhantes em português: trozos poderia ser associada a 
troços, banda a banda (de rock, de pagode, etc.), largo a largo. No entanto, essas 
interpretações tornariam o texto sem sentido. Outro ponto de contraste entre o português 
e o espanhol está no gênero das palavras, nos chamados heterogenéricos. Para Fialho 
(2005, p. 13) “Os heterogenéricos são palavras que diferem de gênero entre as duas 
línguas, a que se quer aprender e a materna”. A diferença de gênero entre o português e 
o espanhol já pode ser observada em regularidades opostas: na língua portuguesa, por 
 
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exemplo, as palavras terminadas em -agem são femininas, como garagem, já na língua 
espanhola, as palavras terminadas em -aje são masculinas, como viaje. (VILLAVERDE, 
2018) 
Como nas duas línguas, espanhola e portuguesa, são construídas orações com 
determinantes dos substantivos, os equívocos de gênero ficam mais evidentes. Veja, a 
seguir, no Quadro 4, alguns heterogenéricos. 
 
Quadro 4. Heterogenéricos entre espanhol e português 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Adaptado de Bom Espanhol (2018, documento on-line). 
 
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Reconhecer as diferenças desse tipo de flexão é fundamental. Veja alguns trechos 
de textos publicados no jornal El País cujos conteúdos apresentam heterogenéricos. 
El analista financiero es una parte fundamental de las tomas de decisión en la 
gestión del ahorro y la inversión, es el primer eslabón”, razona el secretario 
general del Instituto Español de Análisis Financiero, Javier Méndez (FERLUGA, 
2018, documento on-line). 
Em português, a palavra “análise” é feminina. Em espanhol, como ilustra o 
exemplo, análisis está modificada pelo adjetivo masculino financiero, logo, é um 
substantivo masculino. 
En seguida, empezaron las protestas en las redes sociales: Fabiana, hija de 
padre negro y madre blanca, tiene la piel más clara que la del personaje (BRUM, 
2018, documento on-line). 
Note que a palavra personaje é masculina, aliás, como todas as palavras 
espanholas terminadas em -aje. Em português, porém, essa palavra pode ser masculina 
ou feminina. 
Lo que convierte a Fabiana en alguien a quien quiera entrevistar no es el hecho 
de estar en el centro de una polémica. Sino el hecho de que Fabiana Cozza es 
capaz de estar en el centro de la polémica y, a pesar del dolor, enfrentar las 
contradicciones (BRUM, 2018, documento on-line). 
No trecho destacado, há mais um heterogenérico: dolor/dor. Em espanhol, é uma 
palavra masculina e, em português, feminina. Evidencia-se, portanto, que há palavras 
com diferenças de sentido e diferenças de gênero capazes de provocar ruídos nas 
comunicações e compreensões do aprendiz brasileiro de espanhol. Dessa forma, 
trabalhar o contraste entre as duas línguas é fundamental. 
5 A GRAMÁTICA COMUNICATIVA DO ESPANHOL 
5.1 Competência comunicativa 
A competência linguística não corresponde exatamente à competência 
comunicativa. O primeiro conceito refere-se ao conhecimento de determinadas regras, já 
 
41 
 
 
o segundo agrega a estas a habilidade ou capacidade de usar esse conhecimento. Essa 
capacidade de utilizar o conhecimento/a competência linguística é o que se chama de 
competência comunicativa, a qual é uma das noções mais importantes da linguística 
aplicada ao ensino de línguas, principalmente quando se procura compreender quais 
conhecimentos, habilidades ou capacidades são necessários para falar uma segunda 
língua, como o espanhol. Segundo Hymes (1972), a noção de competência comunicativa 
se originou da dicotomia competência e desempenho linguístico de Chomsky (1965), o 
pai da gramática gerativa, para o qual a competência é o conhecimento que o falante-
ouvinte tem da linguagem, e o desempenho se trata do uso real da língua. 
Por mais que a dicotomia entre competência e desempenho tenha sido o marco 
inicial para os estudos de competência comunicativa, do ponto de vista da linguagem 
como sistema, para Iragui (2004), Chomsky não se interessou pelo seu uso ou pela 
aquisição em relação ao ensino de línguas, mas, sim, se direcionou para o 
desenvolvimento de uma teoria linguística centrada, principalmente, nas regras 
gramaticais da língua materna. De acordo com o linguista, embora Chomsky tenha, 
inicialmente, admitido que todos os aspectos relacionados à utilização foram incluídos no 
desempenho, em 1980, ele reconheceu que, além da gramatical, há uma competência 
pragmática, a qual se refere ao conhecimento das condições e do modo de uso 
apropriado de acordo com diferentes propósitos linguísticos do falante. A competência 
comunicativa representa o conhecimento e desempenho da competência linguística e se 
trata de um conceito dinâmico dependente da negociação de significado entre duas ou 
mais pessoas que compartilham o mesmo sistema linguístico em um contexto, ao 
contrário da competência linguística, que é inata e tem uma base biológica. De acordo 
com Savignon (1983), a comunicativa possui um caráter interpessoal (se estabelece 
entre duas ou mais pessoas), e não intrapessoal. 
As diferenças entre os conceitos das competências comunicativa e a linguística,

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