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Brazilian Journal of Health Review ISSN: 2595-6825 26903 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.4, n.6, p. 26903-26908 nov./dec. 2021 Prevalência da anemia falciforme em crianças no Brasil Prevalence of sickle cell anemia in children in Brazil DOI:10.34119/bjhrv4n6-261 Recebimento dos originais: 01/11/2021 Aceitação para publicação: 01/12/2021 Jeovanna Ferreira Miranda Graduanda do curso de Medicina Instituição: Universidade Ceuma -MA Endereço: Rua Barão do Rio Branco, nº100, entroncamento. Imperatriz-MA E-mail: jeovanna.miranda@outlook.com Adriana Ramos Leite Matalobos Médica Especialista em Pediatria e Medicina da Família. Mestranda em Meio ambiente e Saúde. Instituição: Universidade Ceuma -MA Endereço: Rua Barão do Rio Branco, nº100, entroncamento. Imperatriz-MA E-mail: adrianamatalobos@gmail.com RESUMO Objetivo: Este trabalho possui como objetivo propagar a importância de informações a cerca de tal patologia sobretudo nas crianças e aconselhar a abordagem genética. Metodologia: Pesquisa do tipo revisão de literatura através do levantamento de bibliográfico de artigos científicos no período de 2016 a 2021 nas bases de dados: PubMed, Scielo e Lilacs. Revisão de Literatura: A doença falciforme (DF) evidencia-se como uma das doenças hematológicas hereditárias mais habituais no mundo. É uma doença crônica, hereditária, caracterizada pela presença acentuada da hemoglobina S, recorrente de manifestações clínicas específicas e consequentemente graves que necessitam de cuidados especiais aos pacientes. No Brasil, a DF é debatida como uma questão de saúde pública, em decorrência da prevalência de 2 a 8% da população. Dos óbitos devido a doença falciforme 37,5% concentraram-se nos menores de nove anos. A elevada letalidade, que abrange especialmente jovens, reflete a gravidade da doença. Por ser uma afecção genética, a falciforme não dispõe uma cura, somente abordagem preventiva. Conclusão: Percebe-se que em virtude da alta prevalência e grande miscigenação no Brasil é fundamental o esclarecimento e aconselhamento genético para a família e portadores da doença. Palavras-chave: Anemia Falciforme. Crianças. Aconselhamento genético. ABSTRACT Objective: This work aims to spread the importance of information about this pathology especially in children and advise the genetic approach. Methodology: Literature review research through a bibliographic survey of scientific articles from 2016 to 2021 in the PubMed, Scielo and Lilacs databases. Literature Review: Sickle cell disease (SD) is evidenced as one of the most common hereditary hematological diseases in the world. It is a chronic, hereditary disease, characterized by the accentuated presence of hemoglobin S, recurrent of specific and consequently severe clinical manifestations that require mailto:jeovanna.miranda@outlook.com mailto:adrianamatalobos@gmail.com Brazilian Journal of Health Review ISSN: 2595-6825 26904 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.4, n.6, p. 26903-26908 nov./dec. 2021 special care to the patients. In Brazil, FD is discussed as a public health issue, due to its prevalence of 2 to 8% of the population. Of the deaths due to sickle cell disease, 37.5% were concentrated in children under nine years old. The high lethality, which especially affects young people, reflects the severity of the disease. Since it is a genetic disease, sickle cell disease has no cure, only a preventive approach. Conclusion: Due to the high prevalence and great miscegenation in Brazil, it is essential to provide genetic counseling and clarification to families and carriers of the disease. Keywords: Língua Inglesa. Mesma formatação do Resumo em Língua Portuguesa. 1 INTRODUÇÃO A Doença Falciforme (DF) é o transtorno genético mais comum no mundo. Compreende um grupo de anemias hemolíticas hereditárias cuja fundamental particularidade é a herança do gene que produz a hemoglobina (Hb) S, a qual se polimeriza quando desoxigenada e resulta na falcização das hemácias. A homozigose para o gene da Hb S constitui a anemia falciforme (AF) (TOLETO et al., 2020). As hemácias são responsáveis pelo transporte de oxigênio dentro dos vasos sanguíneos, e por conta da mutação da hemoglobina presente nesses eritrócitos a troca se torna prejudicada. As alterações ocorridas na estrutura física das células reduzem a capacidade de permeabilidade celular. A lesão tecidual evidencia-se como principal dano causado pela falcização dos eritrócitos, tendo como efeito a obstrução do fluxo sanguíneo no vaso, que ocasiona uma hipoxia tecidual. Assim, a contínua alteração na HbS causa lesões crônicas na membrana, que, por sua vez, fomenta diversas complicações ao organismo (LOIOLA et al., 2020). A doença falciforme é a enfermidade genética que mais prevalece no Brasil e acomete cerca de 3.500 (três mil e quinhentas) crianças por ano ou 1:1000 (uma para cada mil nascidos vivos). Entre os estados brasileiros com maior incidência desta patologia genética encontram-se a Bahia, com proporção de 1:650 (um para cada seiscentos e cinquenta nascidos vivos); o Rio de Janeiro com 1:1.300 (um para cada mil e trezentos nascidos vivos); e, empatados com 1:1.400 (um para cada mil quatrocentos vivos), o Maranhão, Pernambuco, Minas Gerais e Goiás (RAMOS et al., 2020). A anemia falciforme oriunda da África, possuí superior incidência na raça negra, no Brasil a região nordeste possui uma maior centralização da doença, por conta da migração que houve, no país, é habitual deparar com pessoas brancas e pardas com a hemoglobinopatia, devido aos fatores históricos da miscigenação (PEREIRA; ROCHA, 2018). Brazilian Journal of Health Review ISSN: 2595-6825 26905 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.4, n.6, p. 26903-26908 nov./dec. 2021 No Brasil, 37,5% dos óbitos ocorrem pela a doença falciforme e concentraram-se nos menores de nove anos. A alta letalidade, que envolve sobretudo os jovens, retrata a gravidade da doença. O percentual de mortalidade entre crianças menores de 5 anos que possuem DF é de 25 a 30% Devido ao alto grau de miscigenação que transcorre no Brasil a frequência do traço falciforme varia de 2% a 8%, de acordo com a intensidade da população negra em cada localidade (MILHOMEM, 2018). O quadro clinico varia tanto ao decorrer da vida do mesmo indivíduo como entre distintos pacientes. Estes demonstram períodos de relativo bem-estar correspondentes à fase estável da doença que é cessado periodicamente por manifestações agudas, as designadas crises de falcização, advindas da oclusão vascular que pode afetar praticamente todos os órgãos e, em menor grau, da anemia hemolítica. Há quadros clínicos quase assintomáticos, até aqueles com complicações crônicas potencialmente fatais que acometem, sobretudo, os adultos (TOLETO et al., 2020). A progressão da doença falciforme contém a isquemia e infarto de quaisquer órgãos e hemólise decorrente da falcização das hemácias. As crises falcêmicas podem ser provocadas diretamente por episódios que modificam o estado de hidratação e oxigenação, e o quadro clínico geralmente inclui dor em qualquer parte do corpo, edema em pés e mãos, palidez, icterícia, úlceras de membros inferiores, acidente vascular encefálico e priapismo (NASCIMENTO et al., 2021). Por causa da grande diversidade de sintomas, há dificuldade de diagnóstico, circunstância que se torna comum devido a escassa visibilidade e divulgação de informações sobre a patologia. Nota-se que a detecção dos portadores é inábil, o que ocasiona altos índices de morbidade e mortalidade, sobretudo na fase inicial da vida humana (RAMOS et al., 2020). Este trabalho possui como objetivo propagar a importância de informações acerca de tal patologia sobretudo nas crianças e aconselhar a abordagem genética. 2METODOLOGIA Pesquisa do tipo revisão de literatura através do levantamento de bibliográfico de artigos científicos no período de 2016 a 2021 nas bases de dados: PubMed, Scielo e Lilacs. Brazilian Journal of Health Review ISSN: 2595-6825 26906 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.4, n.6, p. 26903-26908 nov./dec. 2021 3 REVISÃO DE LITERATURA A doença falciforme (DF) é um termo usado para designar um grupo de alterações genéticas caracterizadas pela presença do gene da globina beta S. A Anemia Falciforme (AF) é a mais comum e grave de DF, e uma das doenças hematológicas que mais alcança a população pediátrica (FORTINI et al., 2019). Geralmente o quadro clinico da AF se inicia na primeira infância com significativo impacto nutricional e psicossocial. Os padrões de crescimento e desenvolvimento mostram diferenças em crianças e adolescentes com e sem a patologia em todas as faixas etárias. Constantemente, o peso e a altura das crianças e dos adolescentes com AF são inferiores quando associados com os indivíduos sem a doença. Essas diferenças têm sido relacionadas ao maior consumo energético, ao menor nível de hemoglobina circulante e à maior regularidade de hospitalizações dos pacientes com AF. Assim como em outras doenças crônicas, fatores como os baixos níveis socioeconômico e de escolaridade afetam diretamente a qualidade de vida dos pacientes com esta doença. Tais aspectos estão associados com pior prognóstico da doença, visto que seu impacto é multifatorial e afeta diretamente na assistência à saúde (JESUS et al., 2018). Sendo uma doença genética, tem que se considerar também os danos na qualidade da capacidade funcional e emocional desta criança e a sobrecarga emocional que envolve a família, devido ao risco elevado de óbito, as constantes crises dolorosas, longos períodos de tratamento e a inevitabilidade de reorganizar a rotina diária da família (LORENCINI; PAULA et al., 2015). Nota-se a falta de um tratamento específico para a Anemia Falciforme e como torna-se necessário o precoce diagnóstico ocasionando assim uma melhor sobrevida para criança portadora da doença mostrando o valor de iniciar o tratamento o mais breve possível. Tratamento esse que permanecerá durante toda sua vida de forma paliativa e sintomática. As medidas tomadas permitem melhor qualidade de vida para as crianças, promovendo profilaxia de crises e redução de complicações da doença (FORTINI et al., 2019). Os quadros agudos geralmente são, crise vaso-oclusiva, dor, infarto pulmonar, priapismo, surdez, anemia aguda e à infecção bacteriana (muito suscetíveis) e acidente vascular encefálico. Os sintomas crônicos da doença são: anemia, dor e modificações do funcionamento de órgãos vitais, além das complicações iatrogênicas (FERREIRA; GOUVÊA et al., 2018). Para Garioli, Paula e Enumo et al., (2019), também afirmam que possuímos poucos estudos e pouca preparação para lidar com o paciente portador da anemia Brazilian Journal of Health Review ISSN: 2595-6825 26907 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.4, n.6, p. 26903-26908 nov./dec. 2021 falciforme, que desde seu nascimento tem que lidar com seu complexo quadro clínico, que pode incluir, crises dolorosas, infecções, dactilite, crises de sequestros esplênicos (principal causadora de óbito), acidente vascular cerebral, complicações oculares e cálculo biliar. O desconhecimento dos profissionais de saúde da atenção básica ou de prontos socorros em relação a doenças falciforme é um desafio para o paciente e seu familiar, que busca assistência adequada (MONTEIRO et al., 2017). 4 CONCLUSÃO A partir dos dados encontrados percebe-se a alta prevalência de indivíduos acometidos pela anemia falciforme. Portanto, a importância de informações acerca da anemia falciforme tanto para os pacientes como para os familiares auxiliarem. Sendo uma doença que não possui cura somente uma abordagem preventiva, torna-se fundamental a propagação de explicações dos profissionais de saúde. Brazilian Journal of Health Review ISSN: 2595-6825 26908 Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.4, n.6, p. 26903-26908 nov./dec. 2021 REFERÊNCIAS DANTAS, LEILA; SANCHEZ, HERIBERTO. Proposta de atendimento em saúde bucal para portadores de anemia falciforme na atenção primária à saúde. Rev. APS v.19, n.4, 2016. FERREIRA, Reginaldo; GOUVÊA, Cibele Marli Caçao Paiva. 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