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DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS COM MAIORES PREVALÊNCIAS NO BRASIL: INFLUÊNCIA DA DIETOTERAPIA E A ATIVIDADE FÍSICA1 Carol Rosa da Silva2 Joicy Rebeca de Almeida Carias2 Ana Beatriz Lacerda3 RESUMO As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) como as doenças cardiovasculares, câncer, diabetes e doenças respiratórias crônicas se pormenorizam de múltipla forma etiológica sem causas definidas, caracterizam-se por diversos fatores de risco, longa duração, aparecimento não infeccioso e relação com irregularidades funcionais. Representam um dos principais desafios de saúde pública, tanto pela alta prevalência como pela rapidez com que adquiriram destaque como principais causas de morte no Brasil e no mundo. Nota-se a importância dos alimentos e da atividade física no tratamento e prevenção dessas DCNT, os nutricionistas são responsáveis por contribuir através de fatores nutricionais por meio da dietoterapia, já os profissionais da educação física ficam responsáveis pela melhoria do condicionamento físico e em sua maior parte auxiliar esses pacientes a mudar hábitos sedentários. Devido à alta taxa de mortalidade por causa dessas patologias e suas chances de prevenção, está revisão bibliográfica tem como objetivo aprofundar esse conhecimento com foco em fatores preventivos dietéticos e hábitos de vida gerais. As DCNT representam 72% da mortalidade no Brasil com maior índice entre as pessoas de baixa renda, por estarem mais expostas aos fatores de risco. O método utilizado foi uma pesquisa bibliográfica para buscar essas informações, foram validos conteúdos recentes sobre a relação dessas patologias com a dietoterapia e a atividade física. De acordo com as informações encontradas conclui-se que a dietoterapia e a prática física tem um beneficio no tratamento e na prevenção dessas doenças. Palavras-chave: Atividade física. Dietoterapia. Doenças crônicas não transmissíveis. INTRODUÇÃO As Doenças Crônicas Não Transmissíveis se pormenorizam de múltipla forma etiológica sem causas definidas, caracterizam-se por diversos fatores de risco, longa duração, aparecimento não infeccioso e relação com irregularidades funcionais. Com varreduras biomédicas são encontrados agentes contribuintes e imodificáveis como, idade, sexo e fatores genéticos, além de fontes externas como hábitos alimentares, vícios, sedentarismo, entre outros. Existem também causas comportamentais influenciadas por cultura, ambiente e socioeconômica (MALTA et al., 2013). 1 Artigo apresentado à Universidade Potiguar como parte dos requisitos para a obtenção do título de Bacharel em Nutrição, 2022 2 Graduandas em Nutrição pela Universidade Potiguar- E-mail: carol.silva6978@gmail.com; joicy.rebecca@outlook.com 3 Professora- orientadora. Pós-graduada em Nutrição Clínica e Hospitalar. Docente na Universidade Potiguar- E- mail: ana.lacerda@unp.br 2 O conjunto biológico e todos os seus sistemas presentes no ser humano constituem em uma regalia de pontos disponíveis para uma análise do paciente de modo absoluto, a complexidade das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) atinge de forma fisiológica e sistemática todo o organismo. Há movimentos de proporção global de saúde que se volta a essas áreas biológicas, O profissional com maior êxito na melhoria desses distúrbios fisiológicos é o nutricionista, responsável por cuidar desses pacientes através de fatores nutricionais com mudanças nos hábitos dietéticos e das comodidades que os mesmos apresentam, esses pontos são indispensáveis para o tratamento das doenças crônicas (KRAUSE, 2018). Sendo 72% das causas de mortes no Brasil, essas doenças possuem um papel gigantesco nos problemas de saúde, dados referentes principalmente às doenças com mais prevalências como diabetes, câncer, doenças respiratórias crônicas, doenças do aparelho circulatório que possui uma relevância entre as outras e doenças renais. Devido esses dados alarmantes a Organização Mundial da Saúde (OMS) enxergou a necessidade de criar planos de ação, como políticas de saúde para diminuição do tabagismo o que sucedeu uma diminuição das doenças cardiovasculares e respiratórias crônicas e aumentou a atenção que esses portadores possuem nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), apesar dessas medidas o excesso de peso favorecido por alimentações inadequadas e sedentarismo aumentam o número de diabéticos e hipertensos, causando um desafio às organizações responsáveis (SCHMIDT et al., 2011). O hábito alimentar saudável é o principal aliado para um funcionamento adequado do organismo, contribui prevenindo, controlando e auxiliando no tratamento das DCNT. Para isso é necessário ter uma atenção redobrada com o que é consumido diariamente, à vista disso deve-se evitar alimentos ultra processados, uma vez que eles possuem uma quantidade exorbitante de açúcares, conservantes, sódio, corantes, entre outras substâncias, altamente prejudiciais à saúde e ao bom funcionamento do organismo. Perante isso, a melhor escolha para o consumo são os alimentos in natura ou minimamente processados (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014). Mediante o exposto é visível o papel que a atividade física tem em estratégias de tratamentos quando combinada com a mudança de hábito alimentar, além de ajudar a reduzir o nível de gordura, mostra-se muito eficaz em reduzir a resistência à insulina em portadores de diabetes tipo 2 (GOMES et al., 2020). Devido à alta taxa de mortalidade por causa das DCNT e suas chances de prevenção, nota-se a necessidade de aprofundar-se esse conhecimento com foco em fatores preventivos dietéticos e hábitos gerais. O conceito principal do trabalho é caracterizar as patologias com mais incidência no Brasil, e ressaltar a importância da nutrição e do condicionamento físico na prevenção e tratamento das mesmas. Para isso foi realizada uma revisão bibliográfica, onde foram utilizadas bases de dados eletrônicas, scielo, ebook, revistas, OMS, IBGE e livros, ambos datados dos últimos 10 anos na língua portuguesa e inglesa. Foram utilizados 39 artigos que contribuem com os critérios e objetivos do trabalho, a busca foi realizada com as palavras chaves: doenças crônicas não transmissíveis, doenças crônicas não transmissíveis com maior incidência no Brasil, asma, doença pulmonar obstrutiva crônica, câncer, câncer pulmonar, patologias respiratórias crônicas, importância da atividade física, exercício no tratamento e prevenção de doenças, dietoterapia, fisiopatologia doenças cardiovasculares crônicas não transmissíveis, hipertensão arterial sistêmica, infarto do miocárdio, doença cerebrovascular, diabetes. 3 1. DESENVOLVIMENTO 1.1 Doenças crônicas não transmissíveis As Doenças Crônicas não transmissíveis (DCNT) são classificadas como um aglomerado de doenças de origem múltipla e diversos fatores de risco, combinado com longos períodos em exposição e patologias prolongadas. Caracteriza-se por ser de causa não infecciosa e em sua maioria resulta em variadas incapacidades funcionais, um fator que expressa essa grandeza é o número de mortes que ocorreu em 2008, onde 63% foi por causa ou por complicações geradas por esses distúrbios funcionais, entre essa elevada porcentagem tem destaque o diabetes, doenças do aparelho circulatório, patologias respiratórias crônicas e câncer (FIGUEIREDO et al., 2021). Existem muitos fatores que elevam o risco para essas doenças, a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu os principais, sendo eles o sedentarismo, o uso incontrolado de álcool, fumo e alimentação inadequada, pontos extremamente comuns no Brasil. Entre as principais causas de mortalidade estão às doenças respiratórias, onde 71% dos casos de câncer de pulmão são atribuídos ao fumo, além de contribuir em 42% das patologias crônicas respiratórias e 10% de casos cardiovasculares, a inatividade física representa de 20% a 30% desse risco devido aos padrões de vida adotados nos últimosanos, combinado com o consumo exagerado de industrializados, e para completar os pontos citados pela OMS entre as causas de óbitos pelo álcool, onde 50% aparecem como diversos tipos de câncer e cirrose hepática (DUNCAN et al., 2012). Dentre todos os fatores de risco, a alimentação inadequada é um dos mais prevalentes entre a população. Os indivíduos não buscam adotar hábitos saudáveis, mesmo sabendo os perigos relacionados a essas doenças. Sabe-se que o alto consumo de carne vermelha, de carne altamente processada e sal está diretamente ligado com o desenvolvimento de Hipertensão arterial crônica (HAS) e doenças cardiovasculares; em contrapartida a ingestão regular de frutas e verduras tem uma importância considerável no tratamento e prevenção das DCNT, há certa aflição quando se trata dessas enfermidades, porém não a uma real ação a fim de prevenir (ARAUJO et al., 2018). Uma vida ativa com maior prevalência de atividade física associa-se a redução das doenças citadas acima, visto que o sedentarismo também é determinante para a aparição de diversas doenças, principalmente a obesidade (ARAUJO et al., 2018). Em 2019 o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que no mesmo ano a população brasileira com excesso de peso foi de 43,3% a 61,7%, um aumento alarmante considerando que de 2002 a 2003 apenas 12,2% da população brasileira apresentava sobrepeso (CABRAL, 2020). 1.2 Obesidade Segundo a OMS a obesidade tratasse do excesso de gordura corporal, um indivíduo é considerado obeso quando seu Indicie de massa corporal (IMC) é maior ou igual a 30 kg/m2. É uma das DCNT com maior prevalência no Brasil, ainda conhecida apenas como um grande fator de risco para as de mais doenças como hipertensão, doenças cardiovasculares, câncer, diabetes tipo 2. Ela não é 4 totalmente compreendida, a mesma tem suas causas profundas e complexas, envolvendo estilo de vida, fatores dietéticos, genéticos, psicológicos, socioculturais, econômicos e ambientais. Acomete todas as idades desde crianças a idosos sendo em torno de 650 milhões de pessoas em todo mundo (MINISTERIO DA SAÚDE, SD). Segundo dados do Inquérito Telefônico de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas (VIGITEL), 18,9% dos brasileiros são obesos e 53,9% da população está com sobrepeso (Ministério da Saúde, 2016). A terapia dietética associada à atividade física é uma das formas mais eficazes de tratar a obesidade, pois promove a perda e manutenção do peso por meio da modificação dos hábitos alimentares associada a mudanças mais profundas no estilo de vida (Ministério da Saúde, 2006). A prescrição da dieta não deve se limitar às calorias, ou seja, devem ser consideradas as preferências alimentares, os aspectos financeiros, o estilo de vida e as necessidades nutricionais (ABESO, 2016). O cuidado à população com excesso de peso requer uma perspectiva integral que compreenda as complexidades das condições crônicas e sugira estratégias que possam minimizar o sofrimento psicossocial vivenciado por esses indivíduos. Para isso, é necessária uma escuta ampliada para identificar sentimentos, desejos e percepções que ajudem a enfrentar os problemas encontrados (MACEDO et al, 2015). O treinamento de resistência tem um efeito dramático na perda de peso, como resultado do aumento da oxidação de gordura na resposta aguda ao exercício, pois o corpo tenta conservar a glicose para repor os estoques de glicogênio esgotados durante o exercício intenso. E, além desses fatores, o exercício de maior intensidade está associado a maior ressíntese de hemoglobina e mioglobina e também parece estar inversamente associado às taxas de obesidade (SILVA, 2013). 1.3 Patologias respiratórias crônicas As DCNT são as principais causas de mortalidade no mundo, fatores como hábitos alimentares, situação socioeconômica, riscos ambientais, envelhecimento da população, sedentarismo e acesso à saúde contribuem diretamente para o aumento dessas doenças. Nos anos entre 2013 e 2019 houve um aumento significativo nas Doenças Crônicas Não Transmissíveis Respiratórias, em sua prevalência de asma e outras patologias como a doença pulmonar obstrutiva crônica. As maiorias dos casos aumentam de acordo com o avançar da idade da população, principalmente para maiores de 60 anos que residem em áreas urbanizadas (SIMÕES, 2021). 1.3.1 Asma A asma se caracteriza como uma patologia originada por broncoconstrição que ocorre em episódios reversíveis e apresenta-se como uma inflamação da via aérea que tem origem em diversos fatores, como estilo de vida, infecções, e fatores ambientais. É uma disfunção imunomediada, multifatorial, complexa e de causa variada, seu diagnóstico é realizado quando há presença de sintomas, sinais e fatores de risco, que incluem limitação aguda e/ou reversível do fluxo de ar, cuja medição é documentada por espirometria (RODRIGUES et al., 2021). 5 A patologia pulmonar inflamatória que afeta em nível mundial e foi observada desde os anos 60, onde sua prevalência já foi identificada em todos os países, com maior evidência em locais urbanizados. O número de casos tem ligação direta com o tabagismo, no Brasil, em 2010 a frequência de fumantes foi de 15,1%, entre eles um número maior de fumantes do sexo masculino, cerca de 17,9% e no público feminino 12,7%, a predominância de casos é proporcional ao nível de desenvolvimento e o estilo de vida adotado, com a frequente crescente e evolução estima-se que em 2025 esses números serão acrescidos de mais 100 milhões de casos (SILVA, AZEVEDO E SILVA, 2013). Como essa alteração não conta com cura definitiva são realizados apenas tratamentos com drogas e orientações sobre estilo de vida, onde a dietoterapia tem um papel de extrema importância no auxílio para controle da doença. Verificou-se que desde a amamentação realizada de forma exclusiva até os 06 meses de vida tem o poder de influenciar o tratamento e até mesmo prevenir o aparecimento dessa patologia em bebês, já no tratamento de crianças, adolescentes, adultos e idosos, a ingestão de alimentos antioxidantes possui efeito protetor contra asma, são fontes antioxidantes os alimentos vermelhos, amarelos e laranjas como tomate, laranja, abóbora e vegetais verdes escuros como brócolis e espinafre, é indispensável à atenção em alimentos alérgicos que podem causar reações. A ingestão adequada desses alimentos diminui a oxidação, ou seja, o processo inflamatório (BARBOSA et al., 2018). Os hábitos alimentares combinados com a prática de atividade física resultam em uma melhora significativa nesses casos, principalmente exercícios em que o diafragma e os músculos respiratórios facilitam a expansão torácica, como no caso da natação que tende a adequar o ritmo respiratório em asmáticos, proporcionando funções cardiorrespiratórias mais congruentes (BRITO, 2022). 2.2.2 Doença pulmonar obstrutiva crônica A doença pulmonar obstrutiva crônica é caracterizada por suas alterações mecânicas na região torácica, o que causa diversas disfunções, principalmente físicas (RODRIGUES et al., 2012). Dificilmente tem origem relacionada a fatores genéticos, a patologia é influenciada por causas ambientais, poluição, estilo de vida e principalmente o tabagismo, seja ele ativo ou passivo (AZAMBUJA et al., 2013). Devido à inflamação causada pela DPOC à passagem de ar fica limitada, a dispneia é o sintoma principal, juntamente com cansaço e respiração ofegante. Com o caso da pandemia de covid-19 os números de doentes com origem respiratória aumentaram drasticamente, o fator nutricional desses pacientes é de teor indispensável, a adequação da dieta de acordo com a situação e evolução da patologia influencia diretamente na recuperação e quadro atual, já que tanto o sobrepeso quanto a carência nutricional pioram a situação e tratamento dos mesmos (RODRIGUES et al., 2022). Citada a importância nutricional anteriormente, o tratamento nutricional em casos de desnutriçãoque são os mais comuns ocorrem geralmente com a prescrição de dietas ou fórmulas hipoglicídicas e hipolipídicas, onde em alguns casos o fator lipídico chega a 50% do VET (Valor Energético Total). Com a dieta ajustada individualmente para a necessidade de cada paciente torna-se notável o ganho de peso, massa magra e gorda, aumento da função muscular, diminuição da 6 obstrução causada pela inflamação e uma melhor qualidade de vida (VANNUCCHI, MARCHINI, 2014). A nutrição tem efeito direto e determinante no estado imunológico, juntamente com a prática de exercício essas influências se tornam maiores, a atividade física moderada e ajustada a cada caso auxilia a imunocompetência. A rotina de exercícios contribui para a diminuição de risco de doenças com origem infecciosa e até mesmo câncer, já que a modulação de respostas imunes pode acontecer durante a prática (TIRAPEGUI, 2012). 1.4 Doenças crônicas não transmissíveis: câncer O câncer responsável pelo maior número de mortes é o pulmonar, o impacto do tabagismo é alarmante em relação à mortalidade por câncer de pulmão, no Brasil as políticas de controle mostram um papel positivo na redução desses números. Em 2010 o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) registrou 21.868 óbitos por câncer maligno, em sua maior parte de pulmão, atualmente os casos de fumantes masculinos e femininos estão igualado sendo resultado da epidemia que o Brasil sofreu por influência do estilo de vida urbano (SILVA, 2012). 2.2.3 Câncer pulmonar O câncer é uma patologia que está diretamente relacionada aos hábitos alimentares e ao consumo crônico do tabaco, se caracteriza por ter uma origem genética ou por influência de fatores ambientais como vetores biológicos, físicos ou químicos e possui fator não-infeccioso. Há três etapas que agrupam o desenvolvimento da doença: proliferação celular (dano irreversível ao material genético), neoplasias (expansão das células afetadas) e câncer invasivo (evolução dessas células por meio de mutações genéticas adicionais), quando tal problema é descoberto com antecedência às chances de recuperação e tratamento são enormes (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011). De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), 1,8 milhões de novos casos foram diagnosticados em 2012, onde 58% foram notados em países desenvolvidos e os mesmos contam com a estimativa de crescimento de 2% a cada ano. No Brasil essa patologia ocupa o primeiro lugar nas causas de óbitos em pacientes masculinos e segundo lugar em pacientes femininos, levando em consideração o papel alarmante do câncer de pulmão na epidemiologia brasileira a atenção na qualidade de vida e hábitos devem se tornar o foco principal (MALTA et al., 2016). Com os índices de mortalidade crescentes o foco inicial deve ser a prevenção e tratamento, em ambos os aspectos a nutrição e o estilo de vida mostrasse de total relevância, a dietoterapia tem o poder de alterar o processo carcinogênico, além de influenciar o sistema imune e o desenvolvimento do tumor. Há uma classe de alimentos conhecidos como inibidores carcinógenos, pois eles possuem substâncias antioxidantes que ajudam a diminuir a oxidação celular, essas substâncias estão presentes em alimentos ricos em vitamina C, A, E, selênio, zinco e carotenóides, além de fitoquímicos encontrados ativamente em plantas (KRAUSE, 2018). O que reflete diretamente a condição nutricional do paciente é a composição corporal e o estado físico, sendo a obesidade uma doença que gera um alto teor de 7 risco para câncer, a prática de atividade física torna-se indispensável. A atividade física contribui para o controle de massa corporal e deve ser incluída na rotina do paciente por um profissional da educação física, onde será avaliada qual a melhor opção e intensidade do esforço, podem ser indicadas atividades moderadas, domiciliares e até esportes (KRAUSE, 2018). 1.5 Doenças cardiovasculares crônicas não transmissíveis Das DCNT mais prevalentes em âmbito mundial e com maior taxa de mortalidade, são as Doenças Cardiovasculares (DCV) entre elas Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) sendo um dos maiores fatores de risco quando se trata de doenças cardíacas e cerebrovasculares como, por exemplo, o Acidente Vascular Encefálico (AVE). A Organização Mundial de Saúde (OMS) estipula que em 2030 morrerão em torno de 23,6 milhões de pessoas por consequência das Doenças Cardiovasculares (RADOVANOVIC et al., 2014). Uma complicação causada por esses hábitos é o infarto do miocárdio (IAM) ou como é popularmente conhecido ataque cardíaco é uma emergência que exige cuidados médicos o mais rápido possível. Trata-se da morte das células em uma área do músculo cardíaco devido à formação de um coágulo que bloqueia o fluxo do sangue de forma repentina e forte. O efeito de bloqueio da artéria pelo coágulo pode ocorrer em várias partes do músculo cardíaco, nos casos mais raros o bloqueio pode decorrer por contração da artéria, cortando o fluxo sanguíneo ou pela soltura do coágulo formado dentro do coração que se estabelece no interior dos vasos (BRASIL, 2018). O conhecimento e o controle dos fatores de risco são de extrema importância para a prevenção e cuidado. Os fatores que podem desencadear o IAM são: álcool excessivo, sedentarismo, tabagismo, obesidade, estresse, Diabetes Mellitus (DM), Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS). A fim de prevenir e minimizar o acometimento dessa patologia é indispensável uma alimentação variada e saudável, a prática de exercícios físicos, controle da HAS e do DM (PAIM; AZZOLIN; MORAES, 2012). Como foi citado acima o infarto do miocárdio é uma urgência médica onde o paciente acometido busca o pronto-socorro apresentando como sintoma principal e mais frequente a dor torácica, onde o paciente é submetido a um protocolo de exames, sendo habitualmente solicitados o eletrocardiograma e o marcador de necrose miocárdica. Outros sintomas recorrentes são: sensação de queimação, pressão ou dificuldade para respirar, localizada na área precordial ou em outra parte do tórax, espalhando-se pelo pescoço, ombro e braço esquerdo, aumentando a intensidade em pouco espaço de tempo, e possivelmente com náuseas, vômitos e sudorese (RIBEIRO; YAMADA; BENVENUTI, 2014). Visando a prevenção um dos grandes aliados são o ácido graxo, ômega-3 e ômega-6 encontrado em peixes de águas frias e em vegetais como soja, milho e colza. Sendo os lipídeos essenciais ao desenvolvimento e crescimento do organismo. A ingestão diária de 35 gramas de peixe reduz o risco de óbito por IAM entre outras DCNT. Para reabilitação após infarto do miocárdio o treinamento aeróbico é o eficaz, pois melhora o desempenho do músculo cardíaco, metabolismo periférico, consumo de oxigênio, a função autonômica (GHORAYEB, 2013). 8 2.2.4 Hipertensão Arterial Sistêmica A HAS é uma doença de múltiplas causas, determinada pelo aumento considerável da pressão sanguínea, ligada à alteração e função dos órgãos alvos. Essa condição clínica pode ser agravada por vários motivos, tais como obesidade sendo a mais agravante a abdominal, diabetes mellitus, entre outros fatores de risco. Uma pesquisa Norte-americana realizada em 2015 aponta que 69% dos pacientes que tiveram o primeiro quadro de infarto agudo do miocárdio, 75% com Insuficiência cardíaca, 77% acidente vascular encefálico tinham hipertensão arterial. Essa DCNT causou 45% das mortes cardíacas e 51% das mortes por acidente vascular encefálico (MALACHIAS et al., 2016). No tratamento não farmacológico, ou seja, sem uso de drogas medicamentosas é necessário que ocorra mudanças em sua rotina e estilo de vida, para assim, trazer benefícios não só no tratamento da HAS como também uma boa qualidade de vida de modo geral. Para isso alguns dos requisitos principais são as adequações do peso do indivíduo, como na maioria dos casos é observada a obesidade em sua maior parte em níveis extremamente alarmantes, torna-se necessária uma alimentaçãohipocalórica e hipossódica, uma rotina ativa e prática de exercícios físicos, reduzir ou eliminar a ingestão de álcool, sabendo que o sódio é um vilão quando se trata de hipertensão é imprescindível à moderação do mesmo em sua alimentação (DA SILVA, 2014). Um estudo realizado no ano de 2012 em Porto Firme, Minas Gerais mostra que a nutrição tem um papel indispensável no tratamento da patologia citada. A alimentação tem seu lugar de destaque na modificação do estilo e hábitos de vida dos portadores de hipertensão; é significativamente positivo desenvolver uma educação nutricional visando à criação de estratégias mais saudáveis de vida, tendo assim uma percepção e ações ativas e positivas a saúde do ser humano (RIBEIRO et al., 2012). Levando em consideração as informações citadas, os alimentos funcionais tem um bom desempenho no tratamento e prevenção da HAS, esses alimentos são responsáveis por produzir efeitos metabólicos, fisiológicos e gerar benefícios à saúde, assim garantindo a manutenção da saúde e modulação da fisiologia do organismo (ANJO, 2020). A ingestão das fibras solúveis e insolúveis promovem a redução e controle da pressão arterial (PA) com destaque o beta-glucano oriundo da aveia e da cevada. As fibras solúveis possuem pectina que é encontrada nas frutas e verduras, farelo de aveia, aveia, cevada e leguminosas como feijão, grão-de-bico, lentilha e ervilha, e as insolúveis mostram ação devido à celulose, lignina, algumas pectinas e hemicelulose, onde alimentos como trigo, grãos e hortaliças são fontes (EVANS et al., 2015). 2.2.5 Doença cerebrovascular No Brasil, apontam-se por volta de 68 mil óbitos por Acidente Vascular Encefálico (AVE) por ano. O mesmo se desencadeia por meio do bloqueio do sangue para determinadas partes do encéfalo, esse acidente pode ocorrer por complicações causadas por doenças que atingem a circulação sanguínea cerebral, 9 como as doenças cardiovasculares. Dentre dois grandes grupos, sendo eles isquêmicos e hemorrágicos, as artérias mais acometidas são a posterior e superior, ou seus ramos que vão para partes mais profundas do cérebro (FERLA et al., 2019). Os sintomas podem chegar a durar 24 horas ou mais, de origem vascular, causando modificações de forma sensoriais, motores e cognitivos de acordo com as partes afetadas pela lesão. O AVE ocorre com mais acometimento da fase adulta, geralmente é caracterizada por fraqueza ou dormência súbita na face, braços ou pernas, que pode afetar todo o corpo ou apenas um lado. Outros sinais também são comuns, como: dificuldade para falar ou entender, dor de cabeça forte, diminuição ou perda de consciência, audição aguçada, perda de coordenação e equilíbrio, alterações cognitivas, tontura e até confusão. Em uma lesão muito grave o acometido pode chegar a óbito (BRASIL, 2013). Existem diversos fatores de risco envolvendo o Acidente Vascular Encefálico com: HAS, pois a mesma aumenta o risco de doenças cardiovasculares quando é tratada de forma superficial, a obesidade também, pois além de aumentar o risco de DCV está diretamente ligada com a apneia obstrutiva do sono. Assim estando do mesmo modo está associada à fragmentação do sono, sonolência e hipoxemia (LIMA et al., 2016). Um fator de risco neste caso para as mulheres é o uso dos anticoncepcionais hormonais. Um estudo feito por Lima et al., em 2017 mostra que o uso exacerbado dos anticoncepcionais orais combinados pode provocar AVE (LIMA et al., 2017). De acordo com os dados citados anteriormente os alimentos funcionais por terem seus compostos bioativos que auxiliam no processo metabólico e fisiológico estão diretamente ligados com o tratamento e prevenção de diversas enfermidades que podem acometer os indivíduos (SILVA et al., 2012). 1.6 Doenças crônicas não transmissíveis: diabetes O diabetes é classificado como diabetes tipo 1 (DM1) ou diabetes tipo 2 (DM2). O tipo 1 é causada pela destruição das células produtoras de insulina devido a um defeito no sistema imunológico em que os anticorpos atacam as células produtoras de insulina, já a tipo 2 apresenta resistência à insulina e secreção de insulina prejudicada (BRASIL, 2009). Sabe-se que a diabetes tipo 1 trata-se de uma doença crônica genética não transmissível que representa entre 5% e 10% do total da população diabética no Brasil. Ocorre mais comumente em adultos, mas também pode acometer crianças e adolescentes. O diabetes tipo 1 geralmente se apresenta na infância ou adolescência, mas também pode ser diagnosticado em adultos. Pessoas com parentes próximos que têm a doença devem fazer check-ups regulares para monitorar os níveis de glicose no sangue (MINISTÉRIO DA SAÚDE, SD). Sendo assim considerada uma epidemia mundial que causa desafios aos sistemas de saúde. Segundo a Organização Mundial da Saúde, em 2014, mais de 422 milhões de pessoas em todo o mundo tinham diabetes. Em 2016, cerca de 1,6 milhões de pessoas morreram diretamente da doença (WHO, 2020). A pesquisa nacional de saúde realizada pelo IBGE em parceria com o Ministério da Saúde do Brasil estima que em 2019 7,7% da população brasileira de 18 anos ou mais tiveram 10 um diagnóstico de diabetes, sendo correspondente a 12,3 milhões de pessoas, em 2013 esse valor era de 6,2% (IBGE, 2019). Dentre a pesquisa realizada, as regiões Norte, Nordeste e Centro-oeste tiveram o menor indicador, sendo 5,5% e 7,2% nos indivíduos acima de 17 anos de idade. A área urbana 7,9% da população nesta faixa etária expôs diagnóstico de diabetes, em contrapartida na área rural foi de 6,3% assim tendo um menor indicador (IBGE, 2019). No gráfico 1 está representada a porcentagem de diagnósticos de diabetes em pessoas de 18 anos ou mais no Brasil em 2019, onde teve relevância na região Sudeste dado ao seu desenvolvimento e estilo de vida adotado pelo maior parte da população: A adoção de um estilo de vida pouco saudável, como sedentarismo, má alimentação, obesidade, alcoolismo, tabagismos entre outros hábitos maléficos a saúde é um dos principais contribuintes para o aumento da incidência e prevalência de diabetes em todo o mundo. Sintomas recorrentes da DM são: aumento anormal da produção de urina, aumento da ingestão de água (devido à poliúria), aumento anormal do apetite e ingestão de alimentos, perda involuntária de peso, fadiga, fraqueza, letargia, coceira na pele e vulvar, balanopostite e infecções repetida (BRASIL, 2006). O consumo de fibra dietética tem muitos benefícios para a saúde, como o controle de açúcar no sangue e melhora da sensibilidade à glicose, pois interfere na absorção de glicose dos alimentos, proporcionando menores picos glicêmicos. As fibras solúveis interferem na resposta glicêmica assim reduzindo de forma considerável o acometimento de DM. Em virtude dos fatos mencionados recomenda- se que pacientes hiperglicêmicos sejam estimulados a escolher uma variedade de fibras para compor sua dieta, o que pode afetar diretamente o controle glicêmico e melhorar o perfil lipídico desses indivíduos (MOLZ et al., 2015). Gráfico 1 – Proporção de pessoas de 18 anos ou mais de idade que referiram diagnóstico médico de diabetes, segundo as grandes Regiões - 2019 Fonte: IBGE (2019). 11 2. CONCLUSÃO De acordo com a revisão bibliográfica realizada é possível notar a influência que os hábitos alimentares, exercícios físicos e dietoterapia têm nas Doenças Crônicas Não Transmissíveis. Considerando que esses fatores têm o poder de modular o estado fisiopatológico dos pacientes, a atuação de profissionais da nutrição e da educação física se tornam indispensáveis para o tratamento e prevenção dessas patologias. Os benefícios da dietoterapia e da prática de atividade física são notórios, as ações anti-inflamatórias, anti carcinogênicas e antioxidantes fazem parte da prevenção, manutenção e recuperação de toda homeostase. Considerando as inúmeras patologias crônicas não transmissíveis e sua diversidade de sinais e sintomas,torna-se necessária a exploração científica para que futuramente as prevenções e tratamentos se tornem conhecimento de todos e assim, as taxas de mortalidade reduzam. 12 3. REFERÊNCIAS ABESO. Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. Diretrizes Brasileiras de Obesidade 4ª edição. São Paulo. Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica.2016. Disponível em: http://www.abeso.org.br/uploads/downloads/92/57fccc403e5da.pdf ANJO, Douglas Faria Corrêa. Alimentos funcionais em angiologia e cirurgia vascular. Jornal Vascular Brasileiro, v. 3, n. 2, p. 145-154, 2020. AZAMBUJA, Renato et al. Panorama da doença pulmonar obstrutiva crônica. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto (TÍTULO NÃO-CORRENTE), v. 12, n. 2, 2013. BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE MINISTÉRIO DA SAÚDE (São Paulo) (org.). Ataque cardíaco (infarto). 2018. 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