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DIREITO_PENAL_ESPELHO_CORRECAO_S1

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Seção 1 
ESPELHO DE CORREÇÃO 
 
 
DIREITO 
PENAL 
Seção 1 
DIREITO PENAL 
 
 2 
 
 
 
A análise do caso perpassa pela escolha da peça a ser manejada no início do Processo Penal. Em 
toda audiência de custódia deverá o magistrado posicionar-se quanto à necessidade ou não de 
conversão da prisão em flagrante em prisão provisória (prisão preventiva ou prisão temporária). 
Houve uma prisão ilegal, tendo em vista que não fora realizada a audiência de custódia no prazo 
legal de 24 horas, e nem uma investigação lastreada em denúncia anônima ou apócrifa com 
produção de prova em residência alheia sem o expresso consentimento do morador/réu. A peça que 
você deverá realizar é o relaxamento de prisão em flagrante. 
Nesse diapasão é a visão jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça quanto à inexistência de 
audiência de custódia no prazo legal, determinando-se a sua ilegalidade por atraso injustificado de 
sua realização. Cita-se o pensamento daquele Sodalício: 
 
Em liminar, o ministro Rogerio Schietti determinou o relaxamento da prisão em 
flagrante. Segundo ele, a ilegalidade presente no caso justifica a não aplicação 
da Súmula 691 do Supremo Tribunal Federal, a qual, em princípio, impediria o exame 
do pedido da defesa antes da conclusão do julgamento do HC anterior no tribunal 
estadual. 
Segundo o relator, o artigo 1º da Resolução 213 do CNJ — em conformidade com 
decisão do STF na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 347 — 
determina que toda pessoa presa em flagrante seja obrigatoriamente apresentada, 
em até 24 horas, à autoridade judicial competente. 
Considerando que a prisão em flagrante se caracteriza pela precariedade, de modo 
a não se permitir a sua subsistência por tantos dias sem a homologação judicial e a 
convolação em prisão preventiva, identifico manifesta ilegalidade na omissão 
apontada, afirmou o ministro. 
Schietti frisou que, apesar de relaxar o flagrante, essa ordem não prejudica a 
possibilidade de decretação da prisão preventiva, se for concretamente demonstrada 
sua necessidade, ou de imposição de alguma medida alternativa prevista no artigo 
319 do Código de Processo Penal. Ele lembrou a importância de o juiz avaliar a 
necessidade de manutenção da prisão preventiva, pois a medida atinge um dos bens 
jurídicos mais expressivos do cidadão: a liberdade. (HC 485.355) 
Na prática! 
 
 3 
 
O fundamento dessa peça processual está na Constituição Federal, em seu artigo 5º, conforme 
transcrito: 
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária; 
(BRASIL, 1988, [s. p.]) 
 
Além disso, o Código de Processo Penal também prevê dispositivo agasalhando a sua 
fundamentação, in verbis: 
 
Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 
(vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover audiência 
de custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído ou membro da 
Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz 
deverá, fundamentadamente: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 
2019) (Vigência) 
I - relaxar a prisão ilegal. (BRASIL, 1941, [s. p.]) 
 
A referida peça não possui um prazo legal, uma vez que, quando se trata de liberdade, inexiste prazo 
para pedir que ela seja prontamente restabelecida. 
Quanto à competência, tendo em vista que o fato ocorreu na comarca de São Paulo/SP, será 
endereçada a peça ao juiz dessa jurisdição. 
Após demonstrar a fundamentação constitucional e legal da peça consubstanciada no relaxamento 
da prisão em flagrante, o aluno deverá atentar-se para excluir a hipótese de cabimento da conversão 
em prisão preventiva. 
Assim, deverá citar o art. 312, CPP, de forma a excluir os seus pressupostos e requisitos de 
aplicação, a fim de deixar claro que não deve ser a referida prisão em flagrante convertida em prisão 
preventiva. Cita-se o art. 312, CPP, nesses termos: 
 
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, 
da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a 
 
 4 
aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício 
suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado. 
(BRASIL, 1941, [s. p.]) 
 
In casu, não caberá tal prisão preventiva pelo fato de não ser passível de enquadramento na garantia 
da ordem pública a simples existência de tratar-se de acusado com posses financeiras, além de 
inexistir qualquer outro requisito autorizador da referida reprimenda processual. 
Quanto ao apontamento feito pelo membro do Ministério Público de que o acusado era rico e que 
isso encaixaria nos requisitos do artigo 312, CPP, tal fundamento não se sustenta, uma vez que a lei 
processual penal é clara que os motivos devem ser concretos e explicitamente fundamentados, na 
linha do que abaixo se destaca: 
Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva será 
sempre motivada e fundamentada. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 1º Na motivação da decretação da prisão preventiva ou de qualquer outra cautelar, 
o juiz deverá indicar concretamente a existência de fatos novos ou contemporâneos 
que justifiquem a aplicação da medida adotada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 2º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, 
sentença ou acórdão, que: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
I - limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar 
sua relação com a causa ou a questão decidida; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) 
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de 
sua incidência no caso; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; (Incluído 
pela Lei nº 13.964, de 2019) 
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, 
infirmar a conclusão adotada pelo julgador; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
 5 
V - limitar-se a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus 
fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta 
àqueles fundamentos; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado 
pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a 
superação do entendimento. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). (BRASIL, 1941, 
[s. p.]) 
Ademais, deve ser apontado que o consentimento do morador não fora colhido e as investigações 
foram baseadas em denúncia anônima, o que é vedado pela jurisprudência e pelo ordenamento 
jurídico pátrio. Cita-se o artigo constitucional atinente ao fato, in verbis: 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes: 
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; 
LXV- a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária; (BRASIL, 
1988, [s. p.]) 
 
Ao final, você deverá pedir a liberdade do acusado com expedição de alvará de soltura, apontando 
o flagrante descumprimento ao artigo 310, caput, CPP, cujo prazo de 24 horas não fora atendido, 
bem como que a denúncia era anônima e o ingresso na casa do morador foi feito sem o 
consentimento expresso deste. 
Colocar local, data, assinatura e OAB na peça, mas tomando muito cuidado para não inventar dados, 
já que isso identificaria a questão e desclassificaria o candidato do certame. 
 
EXMO SR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO PAULO – SP 
 
 
Questão de ordem! 
 
 6Fulano de tal, solteiro, brasileiro, portador da carteira de identidade XXX, residente e domiciliado na 
rua xxx, nesta capital, vem por meio de seu advogado (procuração anexa), apresentar 
RELAXAMENTO DA PRISAO EM FLAGRANTE, com fundamento no art. 5o, LXV, da Constituição 
Federal e art. 310, I, do Código de Processo Penal, pelos seguintes fatos e fundamentos: 
 
DOS FATOS 
 
Fulano de tal, brasileiro, solteiro, carteira de identidade número xxx, residente e domiciliado na rua 
xxx, nesta capital, foi flagrado dentro de sua residência com vários comprimidos de ecstasy. Também 
chamado de droga do amor, o ecstasy é uma droga psicoativa, conhecida quimicamente como 3,4-
metilenodioximetanfetamina e abreviada por MDMA. 
Os policiais civis que estavam fazendo a investigação, lastreada em denúncia anônima, entraram em 
sua residência sem mandado judicial, valendo-se do conceito de que o crime é classificado como 
permanente, podendo o flagrante ser dado a qualquer momento e sem autorização judicial. Ademais, 
ingressaram na residência sem qualquer consentimento do morador. 
Com sua prisão em flagrante, Fulano de tal fora encaminhado para a audiência de custódia que fora 
realizada um mês depois do fato. O fato se deu na comarca de São Paulo/SP. 
Na audiência de custódia, o membro do Ministério Público requer seja a prisão em flagrante 
convertida em prisão preventiva, pois uma pessoa rica, que estava armazenando considerável 
quantidade de comprimidos de MDMA, constitui séria ameaça à sociedade e trata-se de traficante 
de drogas perigoso com espeque no artigo 33, caput, Lei nº 11.343/06. O Juiz determinou que você 
manifestasse por escrito o que seria requerido pelo seu cliente. 
Contudo, o pedido ministerial não deve prosperar, de acordo com os fundamentos a seguir expostos. 
 
DOS FUNDAMENTOS 
DA ILEGALIDADE DA PRISAO EM FLAGRANTE 
 
Primeiramente, deve ser destacado que todo acusado preso em flagrante deve ser submetido à 
audiência de custódia, conforme mandamento processual penal inserto no art. 310, caput, CPP, 
nestes termos: 
 
 
 7 
Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 
(vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover audiência 
de custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído ou membro da 
Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz 
deverá, fundamentadamente (omissis). (BRASIL, 1941, [s. p.]) 
 
A letra da lei é clara no sentido de que a realização da audiência de custódia deve ser feita no prazo 
máximo de 24 horas, sendo essa uma imposição legal que fora acrescida pelo Pacote Anticrime, de 
forma a impedir que as prisões em flagrante fossem eternizadas até a sentença condenatória. 
Ora, conforme se vê da questão em tela, o acusado foi ouvido pelo juiz um mês depois de sua prisão 
em flagrante, descumprindo-se frontalmente a regra prevista no novo artigo processual penal, o que 
enseja a pecha de ilegalidade da prisão em flagrante. 
A citada audiência de custódia serve para garantir ao preso todos os seus direitos constitucionais, 
notadamente o de ser ouvido por um juiz de direito imediatamente após ter a sua liberdade cerceada. 
Para o Professor Renato Brasileiro, conceitua-se a audiência de custódia da seguinte forma: 
Na sistemática adotada pelo Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/19), a audiência de 
custódia pode ser conceituada como a realização de uma audiência sem demora 
após a prisão em flagrante (preventiva ou temporária) de alguém, permitindo o 
contato imediato do custodiado com o juiz das garantias, com um defensor (público, 
dativo ou constituído) e com o Ministério Público. (LIMA, 2020, p. 1017) 
Ainda, com base no pensamento do Superior Tribunal de Justiça, a audiência de custódia deve ser 
feita no prazo legal, nesses termos: 
 
Em liminar, o ministro Rogerio Schietti determinou o relaxamento da prisão em 
flagrante. Segundo ele, a ilegalidade presente no caso justifica a não aplicação da 
Súmula 691 do Supremo Tribunal Federal, a qual, em princípio, impediria o exame 
do pedido da defesa antes da conclusão do julgamento do HC anterior no tribunal 
estadual. 
Segundo o relator, o artigo 1º da Resolução 213 do CNJ — em conformidade com 
decisão do STF na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 347 — 
determina que toda pessoa presa em flagrante seja obrigatoriamente apresentada, 
em até 24 horas, à autoridade judicial competente. 
 
 8 
Considerando que a prisão em flagrante se caracteriza pela precariedade, de modo 
a não se permitir a sua subsistência por tantos dias sem a homologação judicial e a 
convolação em prisão preventiva, identifico manifesta ilegalidade na omissão 
apontada, afirmou o ministro. 
Schietti frisou que, apesar de relaxar o flagrante, essa ordem não prejudica a 
possibilidade de decretação da prisão preventiva, se for concretamente demonstrada 
sua necessidade, ou de imposição de alguma medida alternativa prevista no artigo 
319 do Código de Processo Penal. Ele lembrou a importância de o juiz avaliar a 
necessidade de manutenção da prisão preventiva, pois a medida atinge um dos bens 
jurídicos mais expressivos do cidadão: a liberdade. (CONJUR, 2019, [s. p.]) 
 
Assim, é imprescindível que a audiência de custódia seja feita para garantir toda a lisura do auto de 
prisão em flagrante. 
Além disso, o flagrante fora feito com o ingresso na residência do acusado sem o seu expresso 
consentimento, bem como lastreada em denúncia anônima. Tais pontos merecem destaque por parte 
da Constituição Federal e outrossim pelo pensamento pretoriano, a seguir citados: 
HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. FLAGRANTE. DOMICÍLIO COMO 
EXPRESSÃO DO DIREITO À INTIMIDADE. ASILO INVIOLÁVEL. EXCEÇÕES 
CONSTITUCIONAIS. INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA. AUSÊNCIA DE FUNDADAS 
RAZÕES. NULIDADE DAS PROVAS OBTIDAS. TEORIA DOS FRUTOS DA 
ÁRVORE ENVENENADA. PROVA NULA. TRANCAMENTO DO PROCESSO. 
ORDEM CONCEDIDA.EXTENSÃO DE EFEITOS AO CORRÉU. 
1. O art. 5º, XI, da Constituição Federal consagrou o direito fundamental à 
inviolabilidade do domicílio, ao dispor que a casa é asilo inviolável do indivíduo, 
ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de 
flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por 
determinação judicial. 
2. O Supremo Tribunal Federal definiu, em repercussão geral (Tema 280), que o 
ingresso forçado em domicílio sem mandado judicial apenas se revela legítimo – a 
qualquer hora do dia, inclusive durante o período noturno – quando amparado em 
fundadas razões, devidamente justificadas pelas circunstâncias do caso concreto, 
que indiquem estar ocorrendo, no interior da casa, situação de flagrante delito (RE n. 
603.616/RO, Rel. Ministro Gilmar Mendes, DJe 8/10/2010). No mesmo sentido, neste 
STJ: REsp nº 1.574.681/RS (Rel. Ministro Rogerio Schietti, DJe 30/5/2017). 
 
 9 
3. Depreende-se dos autos que o ingresso domiciliar foi baseado em denúncia 
anônima, com descrição das características físicas do suposto autor de um 
homicídio ocorrido três dias antes, e na fuga do indivíduo que a Polícia 
considerou suspeito, para o interior da residência, quando avistou a guarnição. 
4. Releva frisar que, por se tratar de notícia de crime de homicídio ocorrido três dias 
antes, sem, portanto, natureza permanente, não havia justificativa para o ingresso no 
domicílio do suspeito, mormente, porque, além do decurso de tempo desde a 
ocorrência do homicídio e da ausência de outros elementos – além da aventada 
compatibilidade da descrição física do suspeito recebida anonimamente – , não havia 
situação de flagrância delitiva. Vale dizer, não se tratava de perseguição imediata a 
alguém que havia acabado de cometer um homicídio, mas sim de mera suspeita, 
calcada em informação anônima a respeito das características físicas do possível 
criminoso que poderia ter cometido o referido delito três diasantes. Na ocasião, aliás, 
não se sabia sequer o nome do suspeito. 
5. Ademais, consoante entendimento do Supremo Tribunal Federal, a notícia 
anônima de crime, por si só, não é apta para instaurar inquérito policial; ela pode 
servir de base válida à investigação e à persecução criminal, desde que haja prévia 
verificação de sua credibilidade em apurações preliminares, ou seja, desde que haja 
investigações prévias para verificar a verossimilhança da notitia criminis anônima (v. 
g., Inq n. 4.633/DF, Rel. Ministro Edson Fachin, 2ª T., DJe 8/6/2018). Assim, com 
muito mais razão, não há como se admitir que denúncia anônima seja elemento 
válido para violar franquias constitucionais (à liberdade, ao domicílio, à intimidade). 
Não por outro motivo, essa Corte tem reiteradamente decidido que "A mera denúncia 
anônima, desacompanhada de outros elementos preliminares indicativos de crime, 
não legitima o ingresso de policiais no domicílio indicado, estando, ausente, assim, 
nessas situações, justa causa para a medida" (HC n. 512.418/RJ, Rel. Ministro Nefi 
Cordeiro, 6ª T., DJe 3/12/2019). 
6. Da mesma forma, o fato de o réu, ao haver avistado os policiais, ter corrido para o 
interior da residência também não constitui uma situação justificadora do ingresso 
em seu domicílio, até porque esse comportamento pode ser atribuído a várias causas 
que não, necessariamente, a de estar portando ou comercializando substância 
entorpecente ou outros objetos ilícitos. 
7. Como decorrência da proibição das provas ilícitas por derivação (art. 5º, LVI, da 
Constituição da República), é nula a prova derivada de conduta ilícita – no caso, a 
apreensão dos objetos ilícitos –, pois evidente o nexo causal entre uma e outra 
 
 10 
conduta, ou seja, entre a invasão de domicílio (permeada de ilicitude) e a apreensão 
dos referidos objetos. 
8. É importante frisar, uma vez reconhecida a ilegalidade do ingresso domiciliar, 
pouco importa a quantidade de drogas encontrada, dado que, em processo penal de 
um Estado Democrático de Direito, os fins não justificam os meios, não se podendo 
legitimar a ação cometida por agentes públicos a aspectos aleatórios decorrentes da 
gravidade maior ou menor do crime descoberto. 
9. Ordem concedida para, considerando que não houve fundadas razões para o 
ingresso em domicílio, reconhecer a ilicitude das provas por tal meio obtidas, bem 
como de todas as que delas decorreram, e, por conseguinte, determinar o 
trancamento do processo. Extensão de efeitos ao corréu (HC 686445/RS, STJ). 
HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. PRISÃO EM FLAGRANTE. ATITUDE 
SUSPEITA. APREENSÃO DE DROGA AINDA FORA DA RESIDÊNCIA. INVASÃO 
DE DOMICÍLIO. ILICITUDE DAS PROVAS. AUSÊNCIA DE FUNDADAS RAZÕES. 
JUSTA CAUSA NÃO VERIFICADA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. 
1. Consoante decidido no RE 603.616/RO, pelo Supremo Tribunal Federal, não é 
necessária a certeza em relação à ocorrência da prática delitiva para se admitir a 
entrada em domicílio, bastando que, em compasso com as provas produzidas, seja 
demonstrada a justa causa na adoção da medida, ante a existência de elementos 
concretos que apontem para o caso de flagrante delito. 
2. No presente feito, os policiais, diante de denúncia anônima recebida, dirigiram-se 
à residência do réu e, lá chegando, encontraram-no em frente ao imóvel, "ocasião 
em que constataram que, de fato, ele portava uma porção de maconha, não obstante 
estivesse em frente a sua residência. Ante a flagrância de situação típica da 
traficância ilícita, os policiais deram continuidade à apuração dos fatos, os quais 
davam conta de que haveria um cultivo de maconha na laje do imóvel". 
3. Em seguida, relataram os agentes públicos que "[o] denunciado revelou que 
realmente havia droga na casa. Diante das fundadas suspeitas de crime em 
andamento, os policiais ingressaram na moradia. Nessa incursão, os militares 
localizaram e apreenderam no interior do quarto dele, escondidas dentro de uma 
caixa de sapatos existente numa cômoda, as demais porções de maconha, diversas 
embalagens plásticas tipo ZipLock, a quantia de R$ 611,00 em dinheiro proveniente 
do comércio ilícito, e uma balança de precisão", sendo apreendidos 717,930 gramas 
de maconha. 
 
 11 
4. Nesse contexto, configura-se a nulidade da prisão em flagrante em virtude das 
provas obtidas ilegalmente, por meio da entrada dos policiais em domicílio alheio 
desprovida de mandado judicial, sendo necessária, de acordo com a jurisprudência 
deste Tribunal, "a prévia realização de diligências policiais para verificar a veracidade 
das informações recebidas (ex: 'campana que ateste movimentação atípica na 
residência')" (AgRg no HC 665.373/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA 
FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 03/08/2021, DJe 10/08/2021), o que, in 
casu, não ocorreu. 
5. De acordo com o mais recente entendimento jurisprudencial desta Corte, é 
imprescindível a prova do consentimento do paciente para ingresso dos policiais em 
seu domicílio, o que não se constata na espécie. Precedentes desta Corte. 
6. Considerando-se, ainda, que a ação policial não esteve legitimada pela existência 
de fundadas razões (justa causa) para a entrada no imóvel em que residia o paciente, 
e que não houve autorização judicial ou válido consentimento do morador para 
ingresso naquele domicílio, conclui-se pela ilicitude das provas obtidas, bem como 
daquelas derivadas, nos termos do art. 157, caput e § 1º, do CPP. 
7. Concessão do habeas corpus. Declaração de nulidade das provas obtidas por meio 
de medida de busca e apreensão ilegal. Anulação da condenação imposta ao 
paciente nos autos da Ação Penal nº 5305865.60, com a consequente expedição do 
alvará de soltura, se por outro motivo não estiver preso (HC 692807 / GO, STJ). 
Nesse balizamento de ideias, ainda a imposição da Carta Constitucional, verbis: 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes: 
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; 
LXV- a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária. (BRASIL, 
1988, [s. p.]). 
 
DA INEXISTENCIA DOS PRESSUPOSTOS E REQUISITOS DA 
PRISAO PREVENTIVA 
 
 12 
 
De acordo com o artigo 312, CPP, assim transcrito: 
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, 
da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a 
aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício 
suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado. 
(BRASIL, 1941, [s. p.]). 
No caso em tela, inexiste qualquer necessidade de acautelar-se o acusado por garantia da ordem 
pública, pois seria uma discriminação sem precedentes fazer valer a tese de que pessoa rica, por 
esse simples fato, deve ficar presa sob pena de poder gerar uma comoção social. Ademais, o 
membro do Ministério Público não demonstrou que o acusado teria feito qualquer ato atentatório à 
instrução criminal, como fuga ou ameaça à testemunha. 
Dessa forma, não há que se falar em aplicação do artigo 312, CPP, de forma a convolar-se a prisão 
em flagrante em prisão preventiva. 
 
DOS PEDIDOS 
Diante do exposto, respeitosamente, requer o relaxamento da prisão ilegal, haja vista que: 
a) A audiência de custódia não fora realizada dentro do prazo máximo de 24 horas, na forma do art. 
310, caput, CPP, bem como o consentimento do morador não fora colhido e a investigação está 
lastreada em denúncia anônima. 
b) Não se enquadra a situação fática em nenhuma hipótese autorizadora da prisão preventiva 
prevista no art. 312 do CPP. 
c) Requer, ainda, a imediata expedição de alvará́ de soltura em nome do acusado, para que ele 
possa, em liberdade, defender-seno curso da ação penal, comprometendo-se a comparecer a todos 
os atos processuais. 
d) Por fim, seja ouvido o ilustre representante do Ministério Público. 
 
Nesses termos, pede-se deferimento, 
 
São Paulo, 
 
 13 
Assinatura 
OAB 
 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 
Brasília, DF: Presidência da República, 1988. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 15 maio 
2022. 
BRASIL. Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. 
Brasília, DF: Presidência da República, 1941. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm. Acesso em: 3 jun. 2022. 
CONJUR. Ilegalidade evidente: STJ relaxa prisão em flagrante por falta de audiência de 
custódia e oficia CNJ. 26 abr. 2019. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2019-abr-
26/stj-relaxa-prisao-flagrante-falta-audiencia-custodia. Acesso em: 3 jun. 2022. 
 
https://www.conjur.com.br/2019-abr-26/stj-relaxa-prisao-flagrante-falta-audiencia-custodia
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