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Conteudista: Prof. Me Marcus Vinicius Ferreira de Araújo Revisão Textual: Prof.ª Dra. Selma Aparecida Cesarin Objetivos da Unidade: Reconhecer os processos genéticos básicos envolvidos com a transmissão dos caracteres hereditários; Entender o comportamento dos cromossomos durante a multiplicação celular, o que contribui para os fundamentos da herança descrita por Mendel. Contextualização Material Teórico Material Complementar Referências Bases Cromossômicas da Herança Para que as características hereditárias sejam passadas de pais para filhos, é essencial que a reprodução aconteça. Contudo, nem sempre o sexo faz parte desse processo. Muitos organismos unicelulares reproduzem-se apenas por divisão mitótica e algumas plantas formam brotos multicelulares que, mais tarde, separam-se das plantas que as originaram. No reino animal, a Hydra também se reproduz por brotamento, semelhante às plantas. Há também espécies de abelhas e lagartos nas quais as fêmeas reproduzem-se sozinhas, por um processo chamado partenogênese. Apesar de a reprodução assexuada ser simples e direta, ela resulta em descendentes idênticos aos organismos de origem. Ao contrário disso, a reprodução sexuada é mais complexa e permite a mistura de dois genomas distintos, produzindo descendentes geneticamente diferentes de seus pais. Desse modo, a reprodução sexuada apresenta grandes vantagens em relação à assexuada, pois garante maior variabilidade genética entre os organismos. A capacidade de uma célula para se reproduzir pode ser considerada uma das características mais importantes para a vida. Existem dois processos pelos quais as células se multiplicam, sendo responsáveis pela transferência do material genético, que veremos em detalhes nesta Unidade. 1 / 4 Contextualização Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Leitura Os Reais Motivos pelos Quais Fazemos Sexo Para saber mais sobre as vantagens e as desvantagens da reprodução assexuada e sexuada, leia a reportagem a seguir, produzida pela BBC. http://www.bit.ly/3JiUeXI Bases Cromossômicas da Herança Teoria Cromossômica da Herança Como vimos no início da Unidade anterior, Mendel propôs a existência de “pares de fatores” hereditários que eram passados de forma estável ao longo das gerações. Além disso, segundo ele, esses fatores estavam localizados nas células sexuais e eram separados durante a formação de gametas. Na fecundação, ocorreria a junção desses gametas, restabelecendo o par de fatores no novo indivíduo. Mais tarde, descobriu-se que os fatores propostos por Mendel eram os genes e Walter S. Sutton demonstrou que eles estavam localizados em cromossomos, surgindo, então, a Teoria Cromossômica da Herança, que fornecia um importante fundamento para explicar a transmissão hereditária dos fatores de Mendel. Após inúmeros estudos, sabemos que todo o material genético está organizado em cromossomos e, para que haja uma correta transmissão de toda essa informação de geração a geração, é necessário que haja uma adequada distribuição dos cromossomos nos eventos de multiplicação celular, como a mitose e a meiose, que veremos adiante. 2 / 4 Material Teórico Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Leitura 2010: Um Século de Drosophila na Genética Leia o material a seguir para saber mais sobre os estudos que elucidaram o papel dos cromossomos na hereditariedade. Vídeo Organismo-modelo de Drosophila no Estudo da Herança Ligada ao Sexo Organismo-modelo de Drosophila no estudo da herança ligada ao … http://www.bit.ly/3JiaeJf https://www.youtube.com/watch?v=WIgpEGZCyjE Multiplicação Celular Existem dois processos pelos quais as células podem se multiplicar: mitose e meiose. A multiplicação celular mitótica ocorre em praticamente todas as células do organismo. Nesse processo, uma célula se multiplica, dando origem a duas novas células-filhas idênticas entre si e à célula parental. Essas células-filhas e a parental normalmente são diploides, ou seja, possuem duas cópias de cada tipo de cromossomo (2n). Contudo, o processo de mitose pode também ocorrer em células haploides, originando 2 novas células também haploides. Esse é o processo básico utilizado por organismos multicelulares para crescimento e renovação celular (Figura 1). Já na multiplicação celular meiótica, a célula parental é 2n e origina 4 células-filhas com apenas uma cópia de cada cromossomo (n) e geneticamente distintas da parental. Esse processo é a base da reprodução sexual para a maioria das plantas e animais e ocorre durante o processo de produção de gametas (Figura 1). Figura 1 – Representação dos ciclos de vida de humanos, plantas e fungos, mostrando os pontos nos quais a mitose e meiose acontecem. (“gp” = gametófito, pequena Importante! No processo de mitose, a célula-mãe (2n) multiplica o seu conteúdo genético e se divide em duas novas células-filhas idênticas (2n). Na meiose, a célula-mãe (2n) multiplica-se em quatro novas células- filhas, mas com o conteúdo genético reduzido à metade (n). estrutura composta de células haploides que produzirá gametas) Fonte: Adaptada de GRIFFITHS, 2022, p. 50 #ParaTodosVerem. Foto de uma ilustração. Ciclos de vida de humanos, plantas e fungos. No lado esquerdo, temos a representação de um homem e uma mulher, em salmão, mostrando a quantidade de cromossomos de cada um deles, sofrendo uma meiose e originando gametas que darão origem ao zigoto, que sofrerá mitose. No centro da ilustração, temos a representação de duas plantas, com ápice vermelho e caule verde, demonstrando o número diploide de cromossomos, sofrendo meiose, formando os gametas, dando origem ao zigoto, o qual sofrerá mitose. No lado direito da ilustração, temos a representação de fungos, filamentos vermelhos, demonstrando o número haploide de cromossomos, que serão somados e, posteriormente, sofrerá meiose para depois ocorrer a mitose. Fim da descrição. Mitose A única maneira de formar uma célula nova é duplicar uma célula já existente. Para que isso ocorra, a célula executa uma sequência de passos coordenados, em que, primeiro, há a duplicação exata de todo o material genético (DNA) organizado em cromossomos e, em seguida, a célula se divide precisamente em duas cópias geneticamente idênticas. O primeiro evento é chamado de mitose e o segundo de citocinese e o conjunto dessas fases é o ciclo celular. A mitose é um processo contínuo e dividido em 5 fases: interfase (consiste em G1, S e G2), prófase, metáfase, anáfase e telófase (Figura 2). Figura 2 – Fases do ciclo celular. Os tempos marcados se referem à duração de cada fase em uma célula de mamífero Fonte: Adaptada de SNUSTAD; SIMMONS, 2017, p. 22 #ParaTodosVerem. Foto de uma Figura. G1, em azul escuro, fase de crescimento e metabolismo. S em azul claro, síntese de DNA e duplicação de cromossomos. G2, em verde, preparo para mitose. M em azul, divisão, mitose com as fases de prófase, metáfase, anáfase, telófase e citocinese. Fim da descrição. Na interfase, podemos observar no citoplasma as primeiras indicações do início da mitose, por meio do crescimento celular e da duplicação das organelas que já ocorrem na fase G1. Na fase S, ocorre, então, a duplicação dos cromossomos (mas eles ainda não são visíveis ao microscópio óptico) e também dos centríolos, organelas importantíssimas na coordenação do movimento dos cromossomos. Em seguida, na fase G2, a célula cresce e se prepara para as próximas fases da mitose (Figura 2). A prófase é marcada pela condensação dos cromossomos e pela separação dos centríolos que migram para os polos opostos da célula. Com a desintegração da membrana nuclear e do nucléolo, os microtúbulos que partem dos centríolos invadem a região nuclear e se ligam à cada cromátide formando um fuso. Nessa fase, as cromátides-irmãs permanecem intimamente associadas pelos centrômeros (Figura 3). Na metáfase, os cromossomos compostos pelas cromátides-irmãs estão altamente condensados e dispostos alinhadamente no centro da célula, na placa equatorial. Os microtúbulos permanecem ligados às cromátides-irmãs em lados opostos do fuso (Figura 3). Importante! Cromátides-irmãs, tanto na mitose quanto na meiose, são os dois filamentos idênticos de um cromossomo que se duplicou; Os centríolos só estão presentes durante a mitose nas células animais. Células vegetais não possuem essas organelas. Na fase seguinte, anáfase, os centrômeros se separam, dissociando as cromátides-irmãs que são lentamente puxadas para os polos opostos da célula. Cada cromátide, com seu próprio centrômero, volta a ser considerada um cromossomo (Figura 3). Por fim, na telófase, os cromossomos organizados em dois conjuntos nos polos opostos da célula se descondensam e uma nova membrana nuclear é formada ao redor de cada conjunto de cromossomos. A mitose termina com uma célula-mãe maior, contendo dois conjuntos de cromossomos em dois núcleos (Figura 3). Na etapa seguinte, a citocinese, o citoplasma é dividido por constrição mediana, separando as duas células-filhas (Figura 3). Vídeo Mitose Microscópio Eletrônico Mitose microscópio eletrônico https://www.youtube.com/watch?v=CU0Al6FHYiU Figura 3 – Representação da mitose no lírio Haemanthus Fonte: Adaptada de SNUSTAD; SIMMONS, 2017, p. 23 #ParaTodosVerem. Foto de uma Figura em formato de ciclo. Número 1: no lado superior direito da Figura, representação da duplicação dos cromossomos, em verde, roxo e azul. Número 2: centro direito da Figura, etapa de condensação dos cromossomos, figura ovalada com a borda marrom e o centro azul. Número 3: parte central e inferior, migração dos cromossomos ao polo equatorial da célula, centro azul margeado por vermelho. Número 4: deslocamento das cromátides irmãs, separação dos cromossomos, com centro esbranquiçado e ao redor com azul e vermelho. Número 5: descondensação dos cromossomos, visualização de duas células com o núcleo azul e ao redor vermelho. Número 6: citocinese, formação de membrana entre as células-filhas, centro azul e membrana vermelha. Fim da descrição. Meiose O segundo tipo de multiplicação celular é especializado para produzir células com a metade do número de cromossomos da célula-mãe e geneticamente distintas. Essas células irão formar os gametas, espermatozoides e óvulos, envolvidos com o processo de reprodução sexual dos organismos. A maioria dos organismos eucarióticos se reproduz sexuadamente. Assim, os gametas masculinos e femininos se fecundam misturando os genomas para produzir um descendente diferente dos pais. Se, em geral, os organismos são diploides (2n), é necessário que os gametas sejam haploides (n) para que a fusão entre dois gametas (n + n) gere um descendente diploide. No núcleo de cada célula de um organismo diploide, há duas cópias de cada cromossomo autossômico, mais um par de cromossomos sexuais, de acordo com o sexo do indivíduo. As duas cópias de cada cromossomo autossômico, uma herdada do pai e outra da mãe, são chamadas de cromossomos homólogos e, na maioria das células, eles se encontram separados, como cromossomos independentes. Entretanto, durante a meiose, cada cromossomo deve se comunicar com o seu homólogo por meio de pareamento e recombinação genética. A meiose envolve uma etapa de duplicação do material genético e dois eventos de divisão celular, o primeiro chamado de divisão reducional (Meiose I) porque reduz o número de cromossomos pela metade, e o segundo chamado de divisão equacional (Meiose II). Como na mitose, o ciclo meiótico também inclui as fases G1, S e G2. Durante a fase S, cada cromossomo se duplica e as cromátides-irmãs permanecem associadas pelos centrômeros. O primeiro estágio da meiose após a replicação é uma prófase I longa e complexa, envolvendo vários subestágios (leptóteno, zigóteno, paquíteno, diplóteno e diacinese). No geral, nessa fase, os pares de cromátides-irmãs, os cromossomos homólogos paterno e materno, pareiam-se e vão se tornando cada vez mais próximos até formarem uma estrutura de quatro cromátides, chamada de bivalente (Figura 4). O pareamento próximo favorece a recombinação entre os homólogos por um processo conhecido como crossing over, ou seja, as cromátides não irmãs dentro de cada par de homólogos trocam segmentos de material genético umas com as outras (Figura 4). Esse processo resulta em diferentes combinações de cromossomos, contribuindo para uma enorme quantidade de variação genética em populações de reprodução sexual. Figura 4 – Pareamento dos cromossomos homólogos e recombinação entre as cromátides não irmãs dos cromossomos homólogos. Quiasma é o nome dado à conexão entre as cromátides não irmãs Fonte: Adaptada de SNUSTAD; SIMMONS, 2017, p. 28 #ParaTodosVerem. Foto de uma Figura. Parte superior da Figura apresentando os cromossomos homólogos, dois cromossomos roxos em formato de X, com o centrômero em cinza. Na parte inferior da Figura, representando os quiasmas, do lado esquerdo inferior o quiasma no cromossomo, em preto, e ao lado direito inferior a possível recombinação das cromátides em roxo e azul, com o centrômero cinza. Fim da descrição. Na prófase I, ocorre, ainda, a desintegração do núcleo e do nucléolo. Em seguida, na metáfase I, os pares de cromossomos homólogos estão altamente condensados e dispostos em lados opostos da placa equatorial. Os centríolos se ligam ao centrômero de cada cromossomo homólogo (Figura 5). Na anáfase I, cada cromossomo homólogo é puxado pelo centríolo em direção a polos opostos da célula. Assim, cada cromossomo continua consistindo em duas cromátides. A separação dos cromossomos homólogos ocorre de modo independente. Quando os cromossomos atingem os polos da célula, ocorre a telófase I, a membrana nuclear se reconstitui ao redor de ambos os conjuntos de cromossomos, ocorre a citocinese e, num intervalo, a interfase. Entretanto, agora não há replicação do DNA (Figura 5). A meiose II é parecida com a mitose normal (contudo, há apenas um par de cada cromossomo no núcleo). Na prófase II, os cromossomos se condensam e se movem para a região mediana da célula (Figura 5). Na metáfase II, os cromossomos se alinham na placa equatorial, ligados aos centrômeros, que puxam os cromossomos para os polos opostos da célula na anáfase II (Figura 5). Quando cada conjunto de cromossomo chega ao polo e o movimento cessa, as membranas nucleares se formam ao redor de cada conjunto de cromossomos haploides, telófase II e, por fim, a citocinese ocorre. O processo completo da meiose e sua comparação com a mitose é apresentado na Figura 5. Figura 5 – Representação simplificada da meiose em células diploides (2n, diploide; n, haploide) Fonte: Adaptada de SNUSTAD; SIMMONS, 2017, p. 26 #ParaTodosVerem. Foto de uma Figura. Na parte superior da Figura, da esquerda para direita, está sendo representada a meiose 1 na célula rosa, com os cromossomos em verde e roxo, mostrando o leptóteno, zigóteno, paquíteno e diplóteno. Na parte central da Figura, está sendo demonstrada a continuidade da meiose 1, com a célula em rosa e os cromossomos em verde e roxo, mostrando a diacenese, metáfase 1, anáfase 1, telófase 1. Na parte inferior da Figura, está sendo representada a meiose 2, na qual está ocorrendo a separação dos cromossomos para a síntese dos gametas, prófase 2, metáfase 2, na áfase 2, telófase 2 e citocinese 2, com as células em rosa e os cromossomos em verde e roxo. No canto inferior direito da Figura, na citocinese, observamos a célula em rosa, dividida em quatro compartimentos contendo os cromossomos em verde e roxo. Fim da descrição. Em geral, o resultado final das duas divisões meióticas é a formação de quatro células-filhas com número de cromossomos haploides. Essas células possuem destinos diferentes nos diferentes organismos. Nas plantas, em geral, as células haploides provenientes da meiose realizam várias divisões mitóticas originando um organismo haploide, o gametófito, que produz gametas, ovócitos ou espermatozoides. Os gametas se fundem durante a fertilização, originando o zigoto diploide que se divide mitoticamente em um esporófito. Esse ciclo de vida contendo organismos diploides e haploides na espécie é chamado de alternância de gerações. Importante! Durante a anáfase da mitose (e da meiose II), ocorre a segregação das cromátides-irmãs de cada cromossomo. Já na anáfase da meiose I, são os cromossomos homólogos que se separam. Nos animais, as células haploides resultantes da meiose se desenvolvem diretamente em gametas. Na fêmea, apenas uma das quatro células haploides se desenvolverá em um ovócito. As outras se degeneram, enquanto nos machos, todas as quatro células haploides se desenvolverão em espermatozoides. A produção de gametas, chamada de gametogênese, ocorre nas gônadas, ovários (ovocitogênese) e testículos (espermatogênese), representados na Figura 6. Figura 6 – Representação da gametogênese em mamíferos. A. Oogênese na fêmea produz um ovócito e três corpos polares. B. Espermatogênese no macho produz quatro espermatozoides Fonte: Adaptada de SNUSTAD; SIMMONS, 2017, p. 33 #ParaTodosVerem. Foto de uma Figura. Do lado esquerdo da Figura, de cima para baixo, está representada a oogênese, na qual a oogônia, célula rosa, com os cromossomos em verde e roxo, sofre o processo de meiose 1 e meiose 2, dando origem ao ovócito, parte inferior esquerda da Figura, célula rosa com zona pelúcida rosa mais escura e os cromossomos verde e roxo. Do lado direito da Figura, de cima para baixo, temos a espermatogênese, na qual a espermatogônia sofre mitose e depois a meiose, dando origem a quatro espermatozoides n, canto inferior direito da Figura, com formato ovalado e com uma cauda rosa, como os cromossomos verde e roxo em seu interior. Fim da descrição. Importante! Principais consequências genéticas da meiose: Redução do número diploide de cromossomos para haploide, etapa essencial para a produção de gametas; Troca de segmentos entre as cromátides homólogas, sendo esse mecanismo importantíssimo para aumentar a variação genética; Segregação independente dos cromossomos homólogos (veremos isso com mais detalhes futuramente). Esquematize a meiose de uma célula de Drosophila, que possui apenas 4 pares de cromossomos (2n=8). Alterações Cromossômicas Numéricas e Estruturais O processo de segregação dos cromossomos homólogos durante a meiose é uma matemática intracelular perfeita. Os humanos, por exemplo, possuem 46 cromossomos que se tornam 92 quando duplicados no início da meiose e 4 conjuntos completos, desses, 92 cromossomos precisam ser corretamente distribuídos entre as 4 novas células-filhas. Algumas vezes, essa distribuição não é adequada e os cromossomos homólogos falham na sua separação, um fenômeno chamado de não disjunção (Figura 7) e que pode acontecer tanto na meiose I quanto na II. Quando isso acontece, o resultado é que alguns gametas haploides apresentam um cromossomo a menos, e outros possuem mais de uma cópia do mesmo cromossomo, sendo chamados de aneuploides. Figura 7 – Representação da não disjunção para um determinado par de cromossomos durante a primeira e a segunda divisão meiótica Fonte: Adaptada de PIMENTEL et al., 2013, p. 127 #ParaTodosVerem. Foto de uma Figura. No lado esquerdo da Figura, está sendo representada uma meiose normal, com uma célula como os seus cromossomos azuis e amarelos, sendo divididos em duas células, uma com os cromossomos azuis e a outra com os cromossomos amarelos, posteriormente sendo divididas em quatro células, duas como os cromossomos azuis e duas como os cromossomos amarelos. No centro da Figura, está ocorrendo uma não disjunção de meiose 1, com seus cromossomos azuis e amarelos, sendo divididos em duas células, uma com os quatros cromossomos azuis e amarelos e a outra sem cromossomos, sofrendo a meiose 2, originando 4 células, sendo duas com um cromossomo amarelo e outro azul e duas células sem cromossomos. No canto direito da Figura, está ocorrendo uma não disjunção de meiose 2, com uma célula como os seus cromossomos azuis e amarelos, sendo divididos em duas células, uma com os cromossomos azuis e a outra com os cromossomos amarelos, que sofrerão a 2, dando origem a 4 células, sendo 2 células com cromossomos azuis, 1 célula com cromossomo azul e amarelo e 1 célula sem cromossomo. Fim da descrição. A aneuploidia é comum e foi originalmente estudada em plantas. No geral, os organismos mutantes apresentam uma cópia extra de um determinado cromossomo; portanto, ao invés de um par, o organismo possui uma triplicata de um mesmo cromossomo, sendo chamado de trissomia. Geralmente, nessas plantas, os mutantes são causados por fatores transmitidos principalmente por fêmeas e apresentam um efeito fenotípico viável não letal. Casos de aneuploidia já foram identificados em muitas espécies, incluindo no homem, mas, diferente das plantas, os seres humanos não toleram muitos tipos de anomalias cromossômicas. O fenômeno de aneuploidia parece ocorrer em quase 5% dos espermatozoides produzidos por homens férteis, mas é mais comum em mulheres, principalmente, com idade mais avançada, como visto em plantas. De 35 a 50% das crianças com número anormal de cromossomos são filhos de mães com mais de 35 anos. Isso ocorre porque a meiose dos ovócitos é interrompida na prófase I, ainda durante o período fetal, e só é completada no momento da ovulação. Desse modo, após 30 ou 40 anos com a meiose suspensa, provavelmente os ovócitos começam a se deteriorar. Tais erros de segregação são a causa de muitos abortos espontâneos e de retardo mental em humanos. Por exemplo, a Síndrome de Down é causada por uma cópia extra do cromossomo 21 (trissomia do 21), totalizando 47 cromossomos ao invés de 46 (Figura 8). A Síndrome de Patau (trissomia do 13) e de Edwards (trissomia do 18) também são exemplos de anomalias cromossômicas numéricas. Contudo, elas são raras e devido às anomalias fenotípicas serem muito graves e as pessoas vivem pouco (Tabela 1). Figura 8 – Síndrome de Down. A. Menina com SÍNDROME de Down. B. Cariótipo de um portador de síndrome de Down, mostrando do cromossomo 21 (47, XX, +21), caso de trissomia Fonte: Adaptada de SNUSTAD; SIMMONS, 2017, p. 106 #ParaTodosVerem: Foto de uma foto. À esquerda, imagem de uma criança, do sexo feminino, portadora da síndrome de Down, de vestido azul, segurando com a mão esquerda um pirulito e, no centro de suas pernas, um tambor. Do lado direito, a representação do cariótipo da Síndrome de Down, demonstrando a trissomia do cromossomo 21, com uma seta em preto indicando o cromossomo 21. Fim da descrição. Tabela 1 – Exemplos de Casos de Aneuploidia Resultante da não Disjunção em Seres Humanos Fonte: Adaptada de SNUSTAD; SIMMONS, 2017, p. 106 As trissomias podem ocorrer também nos cromossomos sexuais, originando cariótipos humanos com triplo X (47, XXX). Nesse caso, as pessoas sobrevivem, pois dois cromossomos X estão inativos, de modo que fenotipicamente são mulheres, mas apresentam fertilidade reduzida e um leve retardo mental (Tabela 1). O cariótipo 47 XXY também pode ocorrer e, nesse caso, os indivíduos são estéreis e do sexo masculino, mas podem apresentar características sexuais femininas. Essa anomalia é conhecida como Síndrome de Klinefelter (Tabela 1). A origem do cariótipo XXY pode ser resultado da fertilização de um excepcional ovócito XX e um espermatozoide Y, ou de um ovócito X e um excepcional espermatozoide XY. Casos de monossomia, quando há a falta de um cromossomo, também existem em seres humanos. A única viável é a Síndrome de Turner, em que o indivíduo apresenta um cariótipo 45, X (Figura 9), originado da fertilização de ovócitos ou espermatozoides com falta de um cromossomo sexual. Indivíduos com essa anomalia são fenotipicamente mulheres, mas com ovários rudimentares e, na maioria das vezes, estéreis. Figura 9 – Representação da origem do cariótipo da Síndrome de Turner na fertilização (A) ou na clivagem após a fertilização (B) Fonte: Adaptada de SNUSTAD; SIMMONS, 2017, p. 106 #ParaTodosVerem. Foto de uma Figura. Na parte superior da Figura, está representada a monossomia originada na fertilização, na qual o ovócito, círculo azul, com 22 cromossomos será fertilizado pelo espermatozoide, estrutura ovalada com uma cauda azul, com 23 cromossomos, dando origem ao zigoto com 45 cromossomos. Na parte inferior da Figura, está sendo representada a monossomia originada na clivagem após a fertilização, na qual o ovócito, círculo azul, com 23 cromossomos será fertilizado pelo espermatozoide, estrutura ovalada com uma cauda azul, com 23 cromossomos, dando origem ao zigoto com 46 cromossomos. Depois dessa etapa, ocorre o mosaico somático, com o aparecimento de células com 46 e 45 cromossomos, representadas por círculos azuis. Fim da descrição. Além de anomalias numéricas, alterações cromossômicas estruturais também podem acontecer, como a deleção ou a duplicação de segmentos cromossômicos, causando também aneuploidias. Ao contrário da aneuploidia, a poliploidia é a presença de um conjunto cromossômico inteiro a mais, isto é, organismos diploides podem ser triploides, quadriploides etc. (Figura 10). A poliploidia é muito comum em plantas, metade de todos os gêneros de plantas são poliploides, sendo muito rara em animais. Contudo, mesmo nas plantas, os organismos poliploides tendem a ser estéreis. A principal característica fenotípica observável da poliploidia é o grande aumento celular, provavelmente, relacionado ao maior número de cromossomos. Essas espécies tendem a produzir frutos e sementes também de maior tamanho, o que as tornam interessantes para a Agricultura, tais como trigo, morango, melancia, batata e berinjela, entre outras. Figura 10 – Esquema do surgimento da poliploidia. Principais causas para o surgimento de triploidia e tetraploidia Fonte: Adaptada de PIMENTEL, 2013, p. 125 #ParaTodosVerem. Foto de uma Figura. Na parte superior esquerda, está representado um ovócito n, círculo azul, sendo fecundado por 2 espermatozoides n, estrutura ovalada com cauda azul. No centro superior, temos um óvulo, círculo azul, 2n sendo fecundado por um espermatozoide n, estrutura ovalada com cauda azul. Do lado direito superior, temos ovócito n, círculo azul, sendo fecundado por 1 espermatozoide 2n, estrutura ovalada com cauda azul. Ao centro da imagem, temos um zigoto triploide, estrutura circular azul, formado a partir das junções das Figuras descritas anteriormente E, na parte inferior da Figura, temos um zigoto 2n, estrutura circular azul, sofrendo duplicações, tendo como resultado a formação de um zigoto tetraploide, estrutura circular azul com 4 cromossomos. Fim da descrição. Como exemplo de agentes que podem levar a um quadro de poliploidia, temos a colchicina (Figura 11), sendo um dos medicamentos mais antigos, tendo seu uso registrado no Egito antigo como uma substância indicada para tratar dores e inflamações articulares, como o é na atualidade. Trata-se de um medicamento do grupo dos alcaloides que tem potente ação anti-inflamatória, sendo extraída da planta Colchicum autumnale (açafrão do prado) e, devido às suas características, esse composto só pode ser comercializada sob receita médica. Figura 11 – A colchicina induz a poliploidia Fonte: Adaptada de GRIFFITHS, 2022, p. 533 A colchicina, ao ser aplicada, pode gerar um tetraploide a partir de um diploide, pois, durante a metáfase e a anáfase, essa substância pode interromper a formação das fibras do fuso e, consequentemente, evitar a migração das cromátides irmãs após a divisão do centrômero (observar, na Figura, a célula normal e a célula exposta a colchicina). #ParaTodosVerem. Foto de uma Figura. O lado esquerdo da Figura representa pares de cromossomos Aa, amarelo e Bb, verde. O lado superior direito da Figura mostra uma célula com divisão normal, dando origem a duas células com cromossomos amarelos e verdes. Na parte inferior direita, uma célula que apresenta um número tetraploide, 4n, de cromossomos, pois não se dividiu corretamente devido à presença da colchicina. Fim da descrição. Cromossomos Sexuais e a Determinação do Sexo No reino animal, muitas espécies apresentam grande distinção entre machos e fêmeas e, nesse caso, eles são sexualmente dimórficos. Em algumas espécies de crocodilos, tartarugas, lagartos, jacarés e até mesmo de peixes, o dimorfismo sexual é dependente de fatores ambientais, como a temperatura de incubação dos ovos, ou mesmo de fatores sociais. Para outras, o sexo da prole é determinado por fatores genéticos envolvendo, em geral, um par de cromossomos sexuais. Nas espécies em que há a presença de cromossomos sexuais, eles são também segregados durante a meiose. Pensando em humanos e outros mamíferos placentários, sabe-se que as fêmeas possuem dois cromossomos X e os machos um X e um Y. A produção de gametas resultante da meiose em fêmeas será sempre de células haploides com cromossomo X, enquanto nos machos, teremos alguns gametas com cromossomo X e outros com Y, de modo que, após a fusão dos gametas masculino e feminino na fecundação, a determinação sexual do organismo descendente será dada pela presença ou ausência do cromossomo Y, pois ele apresenta um efeito dominante sobre X. Um fator determinante de testículo é produzido por um gene específico no cromossomo Y, responsável por induzir a medula das gônadas embrionárias a se desenvolver em testículos que, então, passam a produzir testosterona, um hormônio que garante as características sexuais masculinas. Diferentemente disso, em Drosophila (mosca-da-fruta), a determinação do sexo se dá pela proporção de cromossomos X em relação aos cromossomos autossômicos. Assim como nos humanos, as moscas de frutas possuem um par de cromossomos sexuais, XX ou XY, e três pares de autossomos (AA). Quando a proporção entre X:A é maior do que 1, as moscas se desenvolvem como fêmeas e, quando a proporção é menor, as moscas se desenvolvem como machos, de modo que o cromossomo Y não apresenta nenhum efeito no dimorfismo sexual. Isso ocorre porque as moscas possuem um gene no cromossomo X que é ativado ou desativado dependendo da proporção X:A. Em ambos os exemplos dados, os machos possuem dois tipos de gametas, os portadores de cromossomo X e os de Y, sendo chamados de sexo heterogamético. As fêmeas, por sua vez, são homogaméticas. Em alguns insetos, como gafanhotos, as fêmeas são também homogaméticas (XX). Contudo, o cromossomo Y é ausente, de modo que o sexo masculino é definido pela ausência de um cromossomo, sendo, portanto, X0 (xis-zero). Nesse caso, durante a meiose, os machos produzem gametas portadores do cromossomo X e gametas ausentes de cromossomo sexual. Em aves, algumas espécies de peixes, lagartos e insetos, o sistema de determinação do sexo é do tipo ZW e, ao contrário dos sistemas XY e X0, os machos possuem dois cromossomos iguais (ZZ) e as fêmeas são heterogaméticas (ZW). Entretanto, pouco se sabe sobre o mecanismo de determinação sexual desse sistema. Há, ainda, o sistema haploide-diploide, comum em abelhas, em que os embriões haploides originarão machos e os embriões diploides se desenvolverão em fêmeas. Nesse caso, a rainha produz ovócitos por meiose, pois ela é diploide, enquanto o zangão produz espermatozoides por mitose, pois já são organismos haploides. Nesse tipo de sistema, a rainha pode controlar a proporção de machos e fêmeas regulando o número de ovócitos que serão ou não fertilizados. A produção de descendentes machos pela não fertilização de ovócitos é um mecanismo chamado de partenogênese. Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Site Comparação entre Mitose e Meiose No link a seguir, além das aulas, você pode colocar em prática os seus conhecimentos realizando exercícios. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Vídeos Why Sex? Vídeo sobre reprodução sexuada e assexuada. 3 / 4 Material Complementar Why Sex? https://bit.ly/3XWqwvX https://www.youtube.com/watch?v=gRpEt61XM4M Mitosis: Splitting Up is Complicated Meiosis: Where the Sex Starts Mitosis: Splitting Up is Complicated - Crash Course Biology #12 Meiosis: Where the Sex Starts - Crash Course Biology #13 https://www.youtube.com/watch?v=L0k-enzoeOM https://www.youtube.com/watch?v=qCLmR9-YY7o ALBERTS, B. et al. P. Biologia molecular da célula. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. BECKER, R. O.; BARBOSA, B. L. da F. Genética Básica. São Paulo: Grupo A, 2018. COMINETTI, C.; ROGERO, M. M.; HORST, M. A. Genômica Nutricional: dos Fundamentos à Nutrição Molecular. São Paulo: Manole, 2016. 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