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ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS

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Módulo Tributo e Segurança Jurídica 
ALUNO: LEANDRO TAKEO ALVES WATANABE 
TURMA: 2023.01-TSJ-BSB 
 
SEMINÁRIO II - ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS 
Questões 
 
1. Efetue, de forma fundamentada, proposta de classificação jurídica dos tributos, 
evidenciando os critérios classificatórios adotados. A destinação do produto da 
arrecadação tributária é relevante para a classificação jurídica dos tributos e 
consequente definição das espécies tributárias? Considerar, na análise da pergunta, 
o art. 167, inciso IV, da CF/88, e o art. 4º do CTN. (Vide anexo I). A legislação 
tributária pode proibir a compensação de tributos entre diferentes espécies sob a 
justificativa de que a destinação das receitas são diferentes? (Vide REsp 1.449.713). 
Inicialmente, há de se elevar a atenção ao se propor uma classificação jurídica 
dos tributos, pois se trata de ato de valoração do intérprete das normas, de maneira 
que pode ser proposta de diferentes maneiras. Eurico Marcos Diniz de Santi1 traz o 
entendimento que é irrelevante o critério da utilidade para realização das 
classificações jurídicas, pois, para ele, o agente que efetua a classificação deve fugir 
ao máximo da atividade valorativa e ideológica, devendo se ater sempre aos critérios 
jurídicos. Ressalta ainda, que tais classificações precisam ser coerentes, sendo 
necessário, conforme a Teoria das Classes, refletir às regras lógicas e 
classificatórias. 
Nesse sentido, lógico se faz iniciar pela classe mais ampla, atravessando pelas 
subclasses, ao ponto que se possa extrair todas as características individuais e 
critérios que delimitam os elementos. Ademais, não se pode dispensar as 
proposições dispostas no Direito Positivo, vez que podem ser válidas ou inválidas, 
fazendo com que o cientista do direito permaneça atento quanto aos critérios 
elencados pelo legislador. 
Adiante, em análise ao art. 4º do CTN, percebe-se que tal dispositivo, no que 
tange à determinação da natureza jurídica do tributo, é imprescindível observar o fato 
gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes a destinação legal da 
 
1 Artigo: “O tributo e as classificações no sistema tributário brasileiro”, de Eurico Marcos 
Diniz de Santi. 
Módulo Tributo e Segurança Jurídica 
arrecadação e a denominação do tributo. 
Seguindo esse entendimento, filiamos a corrente tripartite, a qual julga Imposto, 
Taxa e Contribuição como espécie tributária. Isso porque o objetivo aqui é propor 
uma classificação com base nas naturezas jurídicas das espécies. Em que pese 
correntes diversas, discordamos da ideia que considera como espécies próprias os 
empréstimos compulsórios, as contribuições especiais e as contribuições 
previdenciárias. 
O professor Tárek Moysés Mousallem2, o qual dispõe do mesmo pensamento 
do professor Paulo de Barros Carvalho, explica que o empréstimo compulsório é 
especial, de maneira que tal empréstimo pode ser vinculado ou não-vinculado, tendo 
em vista que a Constituição Federal não particulariza sua hipótese de incidência e, 
assim, permitindo sua cobrança à sombra da forma de qualquer das espécies 
tributárias. 
Seguindo em diante, nos deparamos com as contribuições, talvez essas o caso 
mais complicado, levando em conta as diversas denominações criadas pelo 
legislador. Aqui, relembramos o disposto no art. 4º do CTN, o qual expressa a 
irrelevância da denominação legal para estipular sua natureza jurídica. Adiantando 
um pouco nossa proposta, conforme será descrita mais adiante, nela as contribuições 
que estão situadas, conforme nosso entendimento, na classe dos tributos não-
vinculados, detêm, em verdade, caráter de imposto, isso justifica-se pelo fato de que 
não têm hipótese de incidência vinculada a uma ação estatal imediata. 
Entretanto, as contribuições classificadas como tributos vinculados, as 
contribuições legítimas, portam condição de incidência vinculada à atuação estatal, 
como por exemplo a contribuição de melhoria. 
Diante do exposto, propõe-se a seguinte classificação jurídica dos tributos: 
1. Tributo, como sendo uma Classe Universal. 
1.1. Vinculado: Taxa de Serviços ou de Polícia; Contribuição de 
Melhoria/Empréstimo Compulsório; 
1.2. Não-vinculado: Imposto (Gerais; Empréstimo Compulsório; 
Contribuições). 
Nesse diapasão, reforço nosso posicionamento na corrente tripartite, em sua 
 
2 MOUSSALLEM, Tárek Moysés. Classificação dos tributos: uma visão analítica. In: 
CONGRESSO NACIONAL DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS – IBET, v.4, 2007, São Paulo. 
Tributação e processo. São Paulo: Noeses, 2007, p. 601-637. 
Módulo Tributo e Segurança Jurídica 
perspectiva que admite como existente três as espécies de tributo, quais sejam: 
Imposto, Taxa e Contribuição de Melhoria. Perceba que em nossa classificação 
proposta, nosso posicionamento quanto a relevância da destinação legal para a 
classificação jurídica das espécies encontra-se de forma implícita. 
Quanto a compensação trazida no enunciado da questão, também conhecida 
como compensação cruzada, discordamos quanto ao argumento de que o fato da 
destinação das receitas ser diferente (desde que trate de competência do mesmo 
ente administrador do tributo) cause empecilho à compensação de tributos entre 
diferentes espécies, impedindo assim, aquela modalidade de extinção do crédito 
tributário. 
Ressalta-se que embora alguns órgãos e entidades detêm a responsabilidade 
de administrar os recursos das contribuições sociais e especiais, não são eles os 
titulares da competência tributária. Na verdade, possuem aquela responsabilidade 
em virtude da parafiscalidade. Sabe-se que ainda norteiam nosso ordenamento 
precedentes incompreensíveis, bem como as arbitrariedades executadas pelo 
Estado apenas com a finalidade exacerbada de aumento de arrecadação, operando-
se por meio de argumentos sem fundamentos plausíveis para que impeça a 
restituição ao contribuinte. 
Dito isso, entende-se pela possibilidade quanto a compensação em comento, 
não importa se a destinação das receitas é diferente, ou seja, independentemente de 
sua destinação legal. 
O anexo I traz julgado sobre a vinculação da arrecadação no tocante a taxa, 
visto que Lei Estadual determinou a destinação desse tributo ao FUNDESP, porém, 
o produto de arrecadação são os emolumentos cobrados pelas serventias 
extrajudiciais e não oficializadas. Nesse caso, não há violação constitucional, pois a 
vedação imposta pelo art. 167, IV se remete a receita dos impostos, não contendo 
em nossa Carta Magna preceito conexo às taxas e, assim, não há ofensa ao 
dispositivo constitucional acima citado. 
 
2. Que é taxa? Que se entende por o “serviço público” e “poder de polícia”? (Vide anexo 
II). Há necessidade de comprovação da efetiva fiscalização para cobrança da taxa 
de poder de polícia? (Vide anexos III, IV e V). 
Trata-se de tributo vinculado, o qual se divide em duas subespécies: Taxa de 
Poder de Polícia e Taxa de Serviço. Nesse tributo, tendo vista ser vinculado, a 
Módulo Tributo e Segurança Jurídica 
hipótese de sua incidência encontra-se diretamente ligada a atuação do Estado, de 
modo que nessa relação tributária é o sujeito passivo quem se beneficia diretamente 
com tal ação estatal. 
Seguindo, passamos ao estudo do que se entende por poder de polícia e 
serviço público, até mesmo para que possamos absorver melhor o fato a ser 
tributado. 
Vejamos o que dispõe o art. 78 do CTN sobre poder de polícia: 
Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, 
limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a 
prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público 
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à 
disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades 
econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder 
Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos 
direitos individuais ou coletivos. 
 
Resumindo, tal poder se refere à regulação por partedo ente público 
competente quanto à atos ou privação de fatos em virtude do interesse público 
atinente a variadas atividades. Importante ainda destacar, o entendimento do STF 
externalizado por meio do julgamento do RE 856.185 AgR, de relatoria do Ministro 
Barroso, no qual o Supremo expressa que pode ser presumido o poder de polícia, 
que imprescindível somente a existência de um órgão estruturado em efetivo 
funcionamento. Ora, data vênia o entendimento da Suprema Corte, tal compreensão 
é descabida, pois, com base nesse entendimento abre-se brecha para criação de 
inúmeros órgãos com a finalidade de justificar a criação de novas taxas e, 
consequentemente onerando o contribuinte. Relembro que o tributo em comento é 
vinculado, exigindo-se atuação legal e legítima do Estado interligada com seu fato 
gerador. 
Por sua vez, a definição de serviço público encontra-se disposta no art. 79 do 
CTN, vejamos: 
Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-
se: 
I - utilizados pelo contribuinte: 
a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título; 
b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam 
postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo 
funcionamento; 
II - específicos, quando possam ser destacados em unidades 
autônomas de intervenção, de utilidade, ou de necessidades públicas; 
III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por 
parte de cada um dos seus usuários. 
Módulo Tributo e Segurança Jurídica 
 
O dispositivo acima elenca os requisitos indispensáveis para que a taxação do 
serviço seja legítima, estruturando que o serviço deve ser de utilização efetiva ou 
potencial, bem como específico e divisível, sendo esses dois últimos requisitos para 
agir na identificação do serviço prestado e sua individualização. 
Para responder a parte final da questão, aproveito para trazer os anexos 
mencionados e refletirmos sobre a necessidade de comprovação da efetiva 
fiscalização para cobrança da taxa de poder de polícia. Os anexos, em especial os 
que transmitem o AgRg no REsp n. 1.078.480/MG e o RE n. 554.951, respaldam a 
cobrança da referida taxa sem a efetiva comprovação. O primeiro julgado dispensa 
a comprovação da atividade fiscalizadora, face à notoriedade do exercício do poder 
de polícia pela Municipalidade. Já o segundo julgado destaca que a existência do 
órgão administrativo não é condição para o reconhecimento da constitucionalidade 
da cobrança da taxa de localização e fiscalização, porém, entende que constitui um 
dos elementos admitidos para se inferir o efetivo exercício do poder de 
polícia, exigido constitucionalmente. 
O poder de polícia é prerrogativa presumida da Administração Pública, a qual 
sobeja autorizada a reprimir direitos, propriedades e liberdades em vantagem do 
interesse coletivo e social. Todavia, em que pese o entendimento jurisprudencial 
contrário, verifico que não é todo e qualquer ato de poder de polícia que autoriza sua 
taxação, mas apenas aqueles que materializam em uma ação concreta e específica 
da Administração Pública, exercitado com fundamento em lei, ao passo que a 
legitimidade da tributação por meio de taxa é o efetivo desempenho da atividade 
direcionada ao administrado. 
 
3. Que diferencia taxa de preço público? (Vide voto do Min. Carlos Velloso na ADI 447). 
Os serviços públicos de energia elétrica, água e esgoto, quando prestados 
diretamente pelas pessoas jurídicas de direito público, são remuneráveis por taxa? E 
no caso de concessão desses serviços? (Vide anexos VI e VII). E os serviços que, 
embora prestados pelo Poder Público, são suscetíveis de prestação pela iniciativa 
privada em regime concorrencial? (Vide anexo VIII). 
Preço público, também conhecido por tarifa, não possui natureza tributária, 
sendo essa uma das principais características que o diferencia da taxa. Hugo de Brito 
Módulo Tributo e Segurança Jurídica 
Machado3 explica que a tarifa tem natureza contratual, é “preço público, decorrente 
de contrato – expresso ou tácito – firmado entre usuário de um serviço público e o 
seu prestador”. Explica ainda o autor, que independentemente do serviço ser 
prestado diretamente pelo Estado, ou por terceiro mediante delegação, isso não 
mudará a não compulsoriedade da tarifa. 
Nesse sentido, diferentemente da taxa, o preço público constitui na 
consequente remuneração advinda da efetiva prestação de serviços de interesse 
público ou fornecimento de bens em regime contratual, onde não há 
compulsoriedade imposta. Nessa perspectiva, a Súmula 545 do STF (anexo VI do 
presente seminário) dispõe justamente que o critério que diferencia taxa e preço 
público está no elemento da compulsoriedade. Assim relata a referida Sumula: 
“Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, 
diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à 
prévia autorização orçamentária, em relação à lei que as instituiu”. 
Em relação aos serviços públicos de energia elétrica, água e esgoto, quando 
prestados diretamente pelas pessoas jurídicas de direito público ou no caso de 
concessão desses serviços, entendo que independentemente do responsável pela 
sua prestação, serão remunerados via taxa, tendo em vista que a relação estipulada 
entre prestador e contribuinte compreende todos os requisitos necessários para que 
atinja a figura de tributo. Mais ainda, ressaltamos que o critério determinante para 
determinar a natureza jurídica da remuneração (se taxa ou preço público), não é o 
caráter estipulado ente o usuário e o fornecedor ou prestador do serviço ou do bem, 
mas a compulsoriedade, o âmago da atividade realizadora. Nesse mesmo 
entendimento, o anexo VII, por meio do REsp n. 167.489/SP, aduz que o 
fornecimento de água e esgoto é cobrado do usuário pela entidade fornecedora como 
sendo taxa, “quando tem compulsoriedade”, assim, compactuo com tal 
posicionamento, pelos motivos anteriormente explanados. 
Já nos casos de serviços prestados pelo Estado, porém, em regime de 
concorrência, certo é a cobrança por meio de preço, considerando que o usuário não 
pode ser compelido a pagar por aquele serviço que é disponibilizado pelo Estado, 
devendo ficar à sua escolha de qual serviço usufruir entre os prestadores disponíveis. 
Destaca-se ainda, que independe de sua instituição em lei, a cobrança de preço. Ora, 
 
3 MACHADO SEGUNDO, Hugo de Brito. Direito Tributário e financeiro. 2ª edição. São Paulo: 
editora atlas, 2007, p. 191. 
Módulo Tributo e Segurança Jurídica 
não instituída por lei, bem como não compulsória, nesse caso a cobrança não se 
encaixaria como tributo. Forte nesses argumentos, aproveito para assentir com o 
julgado trazido no anexo VIII, REsp n. 1.452.956/PR, o qual reflete o tema em 
discussão. 
 
4. Há necessidade do valor exigido a título de taxa referir-se ao custo do serviço 
prestado? Caso essa referibilidade não seja verificada, é possível a restituição? No 
caso de excessiva dificuldade de mensurar o custo do serviço prestado, como fixar a 
base de cálculo da taxa? (considerar em sua resposta o exemplo das taxas judiciais 
– vide anexos IX, X e XI). 
Primeiramente, ressalta-se que a taxa não possui intuito arrecadatório, seja ela 
de polícia ou de serviço, devendo-se lastrear a sua instituição na finalidade de custear 
as despesas adquiridas com o serviço prestado ao contribuinte. Nessa esteira, o valor 
arcado pelo usuário do serviço à título de pagamento da taxa deve corresponder à 
retribuição pecuniária pelo reconhecimento daquele serviço público que utilizou, 
justificando assim, a razoabilidade entre o custo do serviço prestado e o valor exigido 
como taxa. 
O professor Paulo de Barros4 assim ensina sobre o tema “(...) princípio da 
‘retributividade’, mediante o qual o pagamento da taxa pelo sujeito passivo haveria 
de corresponder à retribuição pecuniária pelo reconhecimento do serviço públicoutilizado”. Assim, verifica-se que existe, mesmo que implicitamente, um princípio 
retributivo em relação a cobrança da taxa, devendo o valor exigido corresponder ao 
custo do serviço prestado. 
Assim também é o entendimento jurisprudencial, conforme se denota no 
julgamento pelo STF do ARE 990.914, exposto no anexo IX, no entendimento de que 
“as taxas comprometem-se tão somente com o custo do serviço específico e divisível 
que as motiva, ou com a atividade de polícia desenvolvida”. 
Nesse sentido, verifica-se plausível o direito do contribuinte de restituição 
quando não verificada referibilidade entre o valor exigido à título de taxa e o custo do 
serviço prestado, pois, a taxa é um tributo vinculado à atuação do Estado, conforme 
se verifica pelo art. 77 do CTN, ou seja, o seu valor deve corresponder ao custo da 
 
4 CARVALHO, Paulo de Barros. Direito Tributário: Linguagem e Método. 8. ed. São Paulo: 
Noeses, 2021. p. 807-808. 
Módulo Tributo e Segurança Jurídica 
atividade de polícia ou serviço específico que a motiva, de modo que é uma 
contraprestação ao serviço prestado. 
No tocante a fixação da base de cálculo quando ocorrer excessiva dificuldade 
de mensurar o custo do serviço prestado, o objeto discutido na ADI 2696 e RE 
582.340 AgR, anexos X e XI, respectivamente, os quais firmaram o entendimento no 
sentido da legitimidade da cobrança das custas com parâmetro no valor da causa ou 
dos bens postos em litígio, desde que fixadas alíquotas mínimas e máximas para 
elas, entendo que deve-se utilizar parâmetros ou critérios, referências que estejam 
interligadas ao serviço prestado, porém, assim como no entendimento jurisprudencial 
apresentado, a base de cálculo ser estabelecida respeitando alíquotas com valores 
mínimos e máximos. 
 
5. Sobre a contribuição de melhoria pergunta-se: (i) Quais os requisitos e limites à 
cobrança da contribuição de melhoria? (ii) A Lei que a institui deve ser produzida 
antes do início da obra ou pode ser posterior à sua conclusão e à valorização 
imobiliária? Se for apresentado laudo comprovando a perspectiva de gastos, poderia 
ser exigido o tributo antes da conclusão da obra e da valorização imobiliária? (Vide 
anexos XII e XIII). 
Trata-se a contribuição de melhoria de uma espécie tributária, que conforme 
defendido no início deste trabalho é elemento da classe universal Tributo, sendo 
assim, indispensável sua observância aos princípios constitucionais tributários, como 
por exemplo devendo se submeter ao princípio da legalidade, de maneira que a sua 
instituição se dará por lei específica que respeite o disposto em nossa Carta Maior. 
Em nossa legislação, essa espécie tributária encontra guarida no art. 145, III 
da CF/88, arts. 81 e 82 do CTN, bem como no Decreto-Lei nº 195/67. Tais 
dispositivos dispõem sobre os requisitos e limites quanto a cobrança da contribuição 
de melhoria. 
Sua natureza tributária é consecutiva da vinculação estatal à hipótese de 
incidência do tributo, qual seja, a valorização do imóvel face à realização de obra 
pública, isto é, trata-se de tributo arrecadado de quem é proprietário de imóvel 
circunvizinho a obras públicas que venham a acarretar valorização daquele imóvel. 
Nesse sentido, dois requisitos devem ser observados para a cobrança da 
contribuição de melhoria: a existência de obras públicas e a valorização dos imóveis 
dos proprietários frente a realização dessas obras públicas. Entretanto, bem ressalta 
Módulo Tributo e Segurança Jurídica 
o professor Paulo de Barros quanto a observância para cobrança desse tributo: 
Há algo, todavia, que deverá respeitar: o quantum de acréscimo 
patrimonial individualmente verificado. Ninguém pode ser compelido a 
recolher, a esse título, quantia superior à vantagem que sobreveio a 
seu imóvel, por virtude da realização da obra pública. Extrapassar esse 
limite representaria ferir, frontalmente, o princípio da capacidade 
contributiva, substância semântica sobre que se funda a implantação 
do primado da igualdade, no campo das relações tributárias.5 
 
No que tange ao valor a ser arrecado dos contribuintes, a Administração 
Pública deverá observar os seguintes limites: a) limite do custo total da obra, também 
chamado de limite global, o qual a soma dos valores despendidos pelos contribuintes 
não pode ser maior do que o custo atingido para a realização da obra; b) limite individual, 
neste o contribuinte não pode pagar acima da valorização imóvel obtida com a 
realização da obra pública e; c) limite fiscal, neste o valor anual a ser pago pelo 
contribuinte não pode ser superior a 3% do novo valor fiscal do imóvel, obtido face à 
valorização. 
Adiante, para que possamos responder quanto ao momento em que deve ser 
produzida a Lei instituidora da contribuição de melhoria, devemos destacar o art. 150, 
III, “a”, da CF/88: 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao 
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos 
Municípios: 
III - cobrar tributos: 
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência 
da lei que os houver instituído ou aumentado; 
 
Ora, se o fato gerador da contribuição de melhoria é a valorização do imóvel 
situado nas áreas afetadas direta ou indiretamente pela obra pública realizada, como 
poderá a Lei ser instituída após tal valorização, ou seja, após já ter ocorrido o fato 
gerador do tributo? Estaria ferindo de morte o dispositivo constitucional acima 
exposto. 
Ademais, reza o art. 82, I do CTN que a Lei relativa à contribuição de melhoria 
deverá observar o requisito mínimo de publicação prévia de vários elementos, como 
por exemplo orçamento do custo da obra. O art. 5º do Decreto-Lei nº 195/67 também 
dispõe desse mesmo entendimento. Mais uma vez, mostra-se cristalino que a 
instituição da Lei posterior à conclusão da obra e à valorização imobiliária não 
 
5 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 31 ed. rev. São Paulo: Noeses, 
2021. p. 44. 
Módulo Tributo e Segurança Jurídica 
encontra respaldo em nosso ordenamento jurídico. Forte nesses argumentos e no 
princípio da irretroatividade, entende-se que instituidora da contribuição de melhoria 
deve ser produzida antes do início da obra. 
Ainda, mesmo que apresentado laudo comprovando a perspectiva de gastos, 
entende-se que não poderia ser exigida a cobrança do tributo em discussão antes de 
verificadas a conclusão da obra, bem como a valorização imobiliária decorrente dela, 
pois, conforme já explanado anteriormente, o fato gerador da contribuição de 
melhoria é a valorização do imóvel do qual o contribuinte é proprietário, ou enfiteuta, 
desde que tal valorização tenha decorrido da obra pública. Ressalta-se que a 
obrigação só surge quando confirmada a efetiva valorização do imóvel que tenha 
ocorrido necessariamente da conclusão da obra pública. 
Por fim, com base nos argumentos trazidos, corroboro com os julgados REsp 
766.107/PR e ARE 1.123.627, expostos nos anexos XII e XI respectivamente, pois, 
a obrigação só nasce se da obra pública decorrer valorização, devendo ocorrer a 
incidência da contribuição de melhoria sobre o quantum da valorização imobiliária. 
 
6. Os adicionais ao IPI, ICMS e ISS sobre supérfluos destinados ao Fundo de Combate 
a Erradicação da Pobreza, constantes do Ato das Disposições Constitucionais 
Transitórias (art. 79, introduzido pela EC n. 31/00), se enquadram em qual espécie? 
Pode o “adicional” de imposto ter destinação específica? E ser de natureza tributária 
diversa do tributo adicionado? (Vide anexos XIV, XV e XVI). 
Inicialmente, deve-se considerar que os adicionais de IPI, ICMS e ISS se 
enquadram na classe dos tributos não-vinculados, de modo que intimamente estão 
ligados à RMIT do tributo originário. Dessa forma, tais adicionais se encaixam na 
mesma espécie que se enquadram os próprios impostos originários, qual seja, 
imposto. 
Parece claro, que os referidos adicionais, em verdade,tratam-se de mero 
acréscimo de alíquota, não configurando como tributos diferentes, o que geraria uma 
distinção em suas materialidades. Acendemos o alerta ao relembrarmos do art. 4º do 
CTN, quando das denominações em relação aos tributos, ao passo que tal dispositivo 
afirma a irrelevância dos nomes para análise da natureza tributária dos tributos. 
Importante nos atentarmos a hipótese de incidência e sua base de cálculo, nos 
direcionando sempre ao centro da norma tributária. 
Em que pese o art. 167, IV da CF/88 vedar a vinculação de receita de impostos 
Módulo Tributo e Segurança Jurídica 
a órgão, fundo ou despesa, no caso em tela nos deparamos com uma exceção ao 
princípio da não-vinculação insculpido no dispositivo acima, exceção que foi inserida 
em nosso ordenamento pelo próprio constituinte por meio da EC nº 31/2000, 
alterando o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, mais especificamente 
em seu art. 80, § 1º, vejamos: “Aos recursos integrantes do Fundo de que trata este 
artigo não se aplica o disposto nos arts. 159 e 167, inciso IV, da Constituição, assim 
como qualquer desvinculação de recursos orçamentários”. Nesse sentido, nos 
encontramos diante de uma verdadeira vinculação extraordinária. 
O STF, ratificando o entendimento exarado pelo TJRJ, por meio do RE 
581.688, exibido no anexo XIV, explica de forma objetiva e clara que o adicional sobre 
a alíquota de ICMS sobre produtos e serviços supérfluos se trata de uma exceção 
inserida pelo próprio constituinte reformador, dando-se como vinculação 
extraordinária. Portanto, reforço o entendimento de que os adicionais em discussão 
têm caráter de imposto, todavia, por se tratar de uma exceção ao princípio geral 
tributário insculpido no artigo 167, IV da CF/88, inaplicável o princípio da não-
vinculação. 
Após a ADI 627, anexo XVI, julgada em 1993, declarar a inconstitucionalidade 
da Lei n. 5.500, de 28.12.1988, do Estado do Pará ante a instituição do adicional de 
imposto de renda, entendendo que não pode ser instituído pelos Estados e Distrito 
Federal, sem que, antes, a lei complementar nacional, prevista no “caput” do art. 146, 
disponha sobre as matérias referidas em seus incisos e alíneas, o Supremo, por meio 
de RE 571.968, exposto no anexo XV, trouxe o entendimento de que o art. 4º da EC 
42/2003 validou os adicionais instituídos pelos Estados e pelo Distrito Federal para 
financiar os Fundos de Combate à Pobreza.

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