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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE GOIÁS UNI-GOIÁS CURSO DE GRADUAÇÃO EM FARMÁCIA Amanda Santana Silva Dafinny Rodrigues dos Santos Lucas Gabriel dos Santos Xavier Ludimila Nascimento da Silva Rayka de Souza Morais Relatório Aula Prática 01 Urinálise Goiânia 2023 Polo Sede • Uni-Goiás Av. João Cândido de Oliveira, nº 115 • Cidade Jardim • Goiânia • GO • 74423-115 www.anhanguera.edu.br • Fone: (62) 3246 1400 1. INTRODUÇÃO Urinálise é um teste laboratorial simples, não invasivo e de baixo custo, que pode rapidamente fornecer valiosas informações a respeito do trato urinário e de outros sistemas corporais do paciente. A urina possui diversos resíduos e toxinas, produtos que são filtrados pelo organismo. Tudo o que se come, se bebe, o quanto se exercita, o funcionamento dos rins, qualquer descompensação, distúrbio ou doença podem afetar a sua aparência normal. Desta maneira, é utilizada para confirmar ou rejeitar certas condições de saúde. O teste de urina é utilizado há vários séculos, sendo considerado o marco inicial da medicina laboratorial, atuando de forma complementar e de triagem para o diagnóstico do paciente. (BARCELOS; AQUINO, 2018). O exame total de urina engloba avaliação física (observação do aspecto -turvo ou límpido-, coloração e volume), análise química (por meio de tiras reagentes que avaliam diversos parâmetros como pH, glicose, proteínas, hemoglobina, esterase, bilirrubina, urobilinogênio, cetonas e nitritos) e observação microscópica (exame dos elementos presentes no sedimento urinário, como: leucócitos, hemácias, células epiteliais, bactérias, cristais e cilindros.). (SILVA, 2019). Nesta aula, objetivou-se analisar o aspecto físico, químico e sedimentar de uma amostra de urina de uma paciente do sexo feminino, com os devidos cuidados nas etapas pré-analítica, analítica e pós-analítica (interpretação dos resultados obtidos para elaboração deste relatório) na busca por um resultado de qualidade. (PERUCCI; MAGALHÃES; BORGES, 2016). A análise foi iniciada com conduta pré-analítica de identificação do paciente, com conseguinte realização da avaliação física da amostra, e, em seguida, utilizou-se a fita bioquímica para a análise química e o microscópio para analisar a parte sedimentar da amostra. Neste relatório buscou-se descrever o passo a passo e resultados da Urinálise, realizada através do exame EAS (Elementos Anormais do Sedimento) conhecido também como Urina Tipo I ou método de Addis. 2. MÉTODOS 2.1 Metodologia Tiras reagentes e sedimentoscopia: inicialmente, a amostra foi identificada com os dados da paciente e o número do protocolo. Em seguida avaliou-se os parâmetros físicos: Polo Sede • Uni-Goiás Av. João Cândido de Oliveira, nº 115 • Cidade Jardim • Goiânia • GO • 74423-115 www.anhanguera.edu.br • Fone: (62) 3246 1400 volume, aspecto (turvo ou límpido), odor e identificação da coloração apresentada pela amostra. Na sequência, realizou-se o exame químico com o auxílio da fita reagente, coletando dados pela variação de cor apresentada pela mesma, sendo avaliados: pH, densidade, glicose, corpos cetônicos, bilirrubina, urobilinogênio, nitrito, hemoglobina e proteína. E, por último, a amostra foi centrifugada para análise do sedimento com a técnica de microscopia. 2.2 Materiais e equipamentos utilizados: 2.2.1. EPIs: uso de jaleco e luva para procedimento, seguindo todas as normas de Biossegurança exigidas; 2.2. 2. Amostra coletada (tubo cônico); 2.2. 3. Fita de Urinálise com parâmetros (dipstick); 2.2. 4. Cronômetro ou relógio para contagem das reações; 2.2. 5. Centrífuga que consiga atingir 1500 rpm; 2.2. 6. Pipeta de Pasteur; 2.2. 7. Lâmina e lamínula; 2.2. 8. Microscópio óptico. 2.3 Descrição do procedimento: 2.3.1. Identificar a amostra com o número do protocolo, o sexo, data de nascimento e as iniciais da paciente (Figura 1). Figura 1 - Amostra: Maria Amorim Santos (MAS); Sexo: Feminino; 37 anos; Número do protocolo: 777 Fonte: próprios autores. Polo Sede • Uni-Goiás Av. João Cândido de Oliveira, nº 115 • Cidade Jardim • Goiânia • GO • 74423-115 www.anhanguera.edu.br • Fone: (62) 3246 1400 2.3.2. Homogeneizar a urina; 2.3.3. Verter no tubo cônico 10 mL de urina e reservar o restante da amostra (Figura 2); Figura 2 - Tubo com 10mL de urina Fonte: próprios autores. 2.3.4. Organizar as amostras de acordo com a ordenação dada (Figura 3); Figura 3 - Amostras organizadas e identificadas Fonte: próprios autores. 2.3.5. Anotar o volume total da urina (10 mL do tubo cônico mais o volume restante no recipiente original de coleta), a coloração e o aspecto (Figura 4); Figura 4 - Volume total de 13 mL, coloração amarelo citrino e aspecto límpido Fonte: próprios autores. Polo Sede • Uni-Goiás Av. João Cândido de Oliveira, nº 115 • Cidade Jardim • Goiânia • GO • 74423-115 www.anhanguera.edu.br • Fone: (62) 3246 1400 2.3.6. Mergulhar a fita na urina e aguardar 1 minuto para iniciar a leitura (cronometrar) e 2min para a leitura de leucócitos, comparando os resultados com os padrões na embalagem da fita (Figuras 5 e 6); Figuras 5 e 6 - Mergulho da fita e avaliação da coloração Fonte: próprios autores. 2.3.7. Anotar os resultados das pesquisas física e química; 2.3.8. Centrifugar de forma balanceada a amostra contida no tubo cônico por 5 minutos a 1500 rpm (Figura 7); Figura 7 - Centrifugação de 8 amostras, sendo 4 de cada lado para obtenção do balanceamento Fonte: próprios autores. Polo Sede • Uni-Goiás Av. João Cândido de Oliveira, nº 115 • Cidade Jardim • Goiânia • GO • 74423-115 www.anhanguera.edu.br • Fone: (62) 3246 1400 2.3.9. Após a centrifugação, desprezar o sobrenadante na pia e preservar o sedimento (cerca de 1 mL) (Figuras 8 e 9); Figuras 8 e 9 - Descarte do sobrenadante e conservação do sedimento Fonte: próprios autores. 2.3.10. Homogeneizar o sedimento e, com auxílio de uma pipeta de Pasteur, colocar 2 gotas do sedimento numa lâmina, colocar uma lamínula por cima e analisar o sedimento no microscópio óptico (Figura 10). Figura 10 - Sedimento homogeneizado, lâmina pronta e início da análise através da microscopia Fonte: próprios autores. Polo Sede • Uni-Goiás Av. João Cândido de Oliveira, nº 115 • Cidade Jardim • Goiânia • GO • 74423-115 www.anhanguera.edu.br • Fone: (62) 3246 1400 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foi analisada uma amostra de volume de 13 mL de urina de uma paciente de sexo feminino. A análise física é realizada para avaliar a cor, aspecto, odor e volume. O volume não foi avaliado, pois não foi analisada uma amostra de 24h para avaliar se o volume de urina excretado pela paciente durante o dia está dentro dos parâmetros considerados normais (1.500 a 1.600 mL). O exame físico apresentou os seguintes resultados: cor amarelo-citrino, aspecto límpido, de cheiro sui generis. Chamado de sui generis, o odor normal da urina está relacionado à amônia presente. Já a cor pode variar por conta da concentração da urina, o que pode acontecer sem que esteja relacionado a patogenicidade. A urina normal é essencialmente composta de água, tem coloração variável entre o incolor e o amarelo (dependente da dieta, atividades físicas e principalmente da ingestão de água), e carreia substâncias de excreção, resultantes do metabolismo do organismo (JOVILLIANO, 2011). A cor é classificada de acordo com as variações que sofre: • Levemente amarelada (amarelo citrino): normal; • Amarelo escuro: baixa ingestão de água, também pode indicar a presença de bilirrubina (responsável pela coloração característica de problemas hepáticos); • Esbranquiçada: piúria, pode ser um sinal de uma infecçãobacteriana ou fúngica do trato urinário; • Laranja: ingestão de alimentos ricos em betacaroteno (como cenoura), pode indicar doenças no fígado e também uso de certos medicamentos; • Vermelha/marrom: indica a presença de sangue, hemácias, hemoglobina, mioglobina, porfirinas, excesso de bilirrubinas. Pode estar relacionada a infecção urinária, problemas renais e também no fígado. • Verde/azul: infecção por Pseudomonas, corantes, medicamentos e contraste utilizados em exames de diagnóstico. (NÓBREGA; et al, 2019). Quanto ao aspecto, é possível classificar a aparência da urina como límpida, ligeiramente turva ou turva, dependendo da presença de precipitação de fosfatos amorfos (em urina alcalina), precipitação de uratos amorfos (em urina ácida) ou da presença de bactérias, leucócitos ou eritrócitos. A urina também pode se apresentar como leitosa (quilúria), que é observada em situações de obstrução dos vasos linfáticos pélvicos. (NÓBREGA; et al, 2019). Polo Sede • Uni-Goiás Av. João Cândido de Oliveira, nº 115 • Cidade Jardim • Goiânia • GO • 74423-115 www.anhanguera.edu.br • Fone: (62) 3246 1400 A amostra analisada apresentou aspecto límpido, que é o resultado padrão esperado. Desta forma, no exame físico não foi encontrada nenhuma irregularidade, conforme o Quadro 1. Quadro 1 – Resultados da análise física da amostra Exame Físico Resultado Valor de Referência Volume 13 mL (apenas a quantidade a ser analisada) 30- 50 mL Aspecto Límpido Límpido Coloração Amarelo citrino Sui generis Sui generis A análise bioquímica é realizada com a utilização de uma tira reagente, que avalia as propriedades químicas da urina determinando a presença ou não de algumas substâncias, sendo: pH, densidade, leucócitos, sangue, glicose, bilirrubina, urobilinogênio, nitrito, proteínas e corpos cetônicos (ver Quadro 2). (STRASINGER, 2000). Nesta análise observou-se os seguintes resultados (Figura 11): • O pH no gabarito apresentado pela embalagem das fitas (resultado padrão esperado) tem a cor salmão. No resultado apresentou a cor salmão claro, estimando pH 7,0 considerado normal. • A densidade considerada normal no gabarito é indicada pela cor verde escuro, no resultado apresentou uma coloração verde oliva, estimando quantitativamente uma densidade de 1,025, considerada normal. • A proteína é indicada como normal no gabarito pela cor amarelo, no resultado permaneceu a mesma cor indicando normalidade para proteína. • A glicose é representada pela cor verde piscina como resultado normal (negativo). No resultado a cor permaneceu inalterada, indicando glicose normal (0). • Foi detectada uma quantidade significativa de corpos cetônicos (+ + + +), durante a análise da amostra. Os corpos cetônicos são indicados como resultado normal pela cor rosa, onde houve uma alteração significativa representada pela cor vinho. Problemas no metabolismo Amarelo citrino Fonte: elaborado pelos próprios autores. Odor Polo Sede • Uni-Goiás Av. João Cândido de Oliveira, nº 115 • Cidade Jardim • Goiânia • GO • 74423-115 www.anhanguera.edu.br • Fone: (62) 3246 1400 da glicose pode levar a um aumento na produção de cetonas, que resulta do aumento da quebra de ácidos graxos para fornecer energia ao corpo. É comum observar a presença de cetonas na urina de pacientes desnutridos devido a doença ou fome, bem como em casos de diabetes mellitus descompensado, dietas com alto teor de gordura e baixo teor de carboidratos ou doença hepática. (MARTIN, 2019). • O sangue é representado pela cor amarela, permanecendo inalterada no resultado (negativo). • A bilirrubina apresentou resultado alterado (+). A bilirrubina geralmente não é encontrada na urina. Sua produção ocorre durante a decomposição dos eritrócitos pelo fígado, sendo um dos componentes da bile. Assim, a detecção de bilirrubina conjugada na urina pode ser um indicativo de danos hepáticos. (MARTIN, 2019). • O nitrito apresentou variação considerada anormal (+ +). Geralmente ausentes na urina, os níveis de nitrito podem indicar a presença de bactérias capazes de converter nitrato em nitrito, o que pode sugerir a ocorrência de uma possível infecção do trato urinário (ITU). (MARTIN, 2019). • O urobilinogênio e os leucócitos também permaneceram inalterados em relação à cor classificada como normal, indicando resultado normal para a amostra analisada. Figura 11 – Resultado da fita reagente 2min após o mergulho na amostra Fonte: próprios autores. Polo Sede • Uni-Goiás Av. João Cândido de Oliveira, nº 115 • Cidade Jardim • Goiânia • GO • 74423-115 www.anhanguera.edu.br • Fone: (62) 3246 1400 Quadro 2 – Resultados da análise química da amostra Exame Químico Resultado Valor de Referência pH 7,00 5,0 - 8,0 Densidade 1025 1.005 -1.035 Glicose 0 Menos que 10 mg/dL ou 0,05 g/L Corpos Cetônicos + + + + Ausente Bilirrubina + Ausente Leucócitos Ausente Ausente Urobilinogênio 0,2 (3,5) 0,2 (3,5) no gabarito da fita reagente Nitrito + + Ausente Hemoglobina Ausente Ausente Proteína Ausente Ausente Fonte: elaborado pelos próprios autores. Na sedimentoscopia procedeu-se a avaliação microscópica dos sendimentos urinários, com a objetiva de 100 vezes (Figura 12) e em seguida na objetiva de 400 vezes, sendo que na aula não foi realizado exame qualitativo e quantitativo dos elementos presentes, apenas observação da lâmina. Figura 12 – Lâmina observada na objetiva de 100 vezes. Fonte: próprios autores. Polo Sede • Uni-Goiás Av. João Cândido de Oliveira, nº 115 • Cidade Jardim • Goiânia • GO • 74423-115 www.anhanguera.edu.br • Fone: (62) 3246 1400 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS • No teste físico, a olho nu, foi identificada a cor amarelo-citrino, aspecto límpido, cheiro sui generis, caracterizando uma amostra de urina normal. • Na análise química, quase todos os parâmetros analisados apresentaram valores dentro do esperado (padrão normal), havendo alterações nos corpos cetônicos, na bilirrubina e nos nitritos, que podem indicar estados patológicos, devendo-se realizar exames mais específicos para diagnóstico. • Na sedimentoscopia, foi analisado o sedimento da amostra após centrifugação, sem a determinação dos elementos presentes (apenas observação da lâmina para fins de aprendizagem de microscopia). • A aula prática foi essencial para aplicar o conhecimento das aulas teóricas, criando uma maior intimidade com as técnicas laboratoriais. • A urinálise é um exame acessível, imediato e de diagnóstico fácil para existência de modificações, porém deve-se realizá-lo com muito cuidado. • A análise da lâmina com exatidão em conjunto com os resultados da análise físico/química, será capaz de fornecer informações significativas para que o profissional de saúde possa utilizá-lo na triagem e de forma complementar ao diagnóstico do paciente. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARCELOS, L. F.; AQUINO, J. L. Tratado de análises clínicas. 1. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2018. JOVILLIANO, R. D. Uroanálise: Abordagens gerais. Ribeirão Preto: Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP, 2011. Disponível em: https://www.unifafibe.com.br/revistasonline/arquivos/hispecielemaonline/sumario/17/300320 11215549.pdf. Acesso em: 5 abr. 2023. MARTIN, C.; MARTIN, H. Urinalysis using a test strip. Inglaterra: British Journal of Nursing, vol. 28, n. 6, 2019. 336–340 p. doi:10.12968/bjon.2019.28.6.336. Acesso em 5 abr. 2023. NÓBREGA, B. P.; et al. A importância da análise sedimentoscópica diante dos achados físico-químicos normais no exame de urina. Bahia: UNIVASF (Revista Brasileira de Análises Polo Sede • Uni-Goiás Av. João Cândido de Oliveira, nº 115 • Cidade Jardim • Goiânia • GO • 74423-115 www.anhanguera.edu.br • Fone: (62) 3246 1400 Clínicas), vol. 51, n. 01,2019. 58-64 p. Disponível em: https://docs.bvsalud.org/biblioref/2019/08/1008206/rbac-vol-51-no-1-2019-ref-785.pdf. DOI: 10.21877/2448-3877.201900785. Acesso em: 5 abr. 2023. PERUCCI, L. O.; MAGALHÃES, H. P. B.; BORGES, K. B. G. Interferências pré-analíticas da urinálise. Belo Horizonte: Analisa, n. 18 (informe técnico), 2016. 4 p. Disponível em: https://www.goldanalisa.com.br/images/upload/%7B2A4EFC61-F049-4ECD-8AC6-CDB7 E764C84C%7D_Analisando%2018_web.pdf. Acesso em: 6 abr. 2023 SILVA, Y. D. S. Desenvolvimento de Ferramenta Clínica/Educacional em Urinálise. Porto Alegre: Hospital das Clínicas de Porto Alegre (Trabalho de Conclusão da Residência), 2019. 51 p. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/206000/001112156. pdf?sequence=1. Acesso em: 5 abr. 2023. STRASINGER, S. K. Uroanálise & Fluidos Biológicos, ed. 3. São Paulo: Editorial Premier, 2000.
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