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FARMACOLOGIA: ANTIBIÓTICOS RESUMOS MATERIAL COMPLEMENTAR SUMÁRIO 1. ANTIBIÓTICOS QUE INIBEM A SÍNTESE DA PAREDE CELULAR .................................... 3 1.1 Inibidores da Síntese da Parede Celular ..........................................................................................4 1.1.1 Beta-lactâmicos ...........................................................................................................................................................................................................4 1.1.2 Subclasses de Beta-lactâmicos ............................................................................................................................................................................5 1.1.3 Penicilinas .......................................................................................................................................................................................................................5 1.1.4 Fármacos inibidores de Beta-lactamase ............................................................................................................................................................6 2. ANTIBIÓTICOS QUE INIBEM A SÍNTESE DE PROTEÍNAS ........................................... 11 2.1 Aminoglicosídeos ........................................................................................................................11 2.2 Tetraciclinas ................................................................................................................................11 2.3 Macrolídeos .................................................................................................................................12 2.4 Afenicol .......................................................................................................................................13 2.5 Lincosamidas ..............................................................................................................................14 2.6 Oxazolidinonas ............................................................................................................................14 2.7 Estreptograminas.........................................................................................................................15 2.8 Glicopeptídeos .............................................................................................................................15 2.9 Síndrome do Homem Vermelho ....................................................................................................16 3. ANTIBIÓTICOS QUE INIBEM A SÍNTESE DE ÁCIDOS NUCLEICOS E ANTIBIÓTICOS AN- TIMETABÓLICOS ..................................................................................................... 17 3.1 Quinolonas ..................................................................................................................................17 3.2 Rifampicina .................................................................................................................................18 3.3 Antagonistas do Folato: Sulfonamidas e Trimetoprima .................................................................18 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 22 3Farmacologia: antibióticos Antibióticos: Uma classe de fármacos que é utilizada com frequência em hospitais e na comunidade, porém são os únicos agentes farmacológicos que não afetam somente aos pacientes que os utilizam, mas também interferem de forma significativa no ambiente hospitalar por alteração da ecologia microbiana. 1. ANTIBIÓTICOS QUE INIBEM A SÍNTESE DA PAREDE CELULAR Relembrando, a divisão das classes farmacológicas dos fármacos antibacterianos pode ser feita em três grandes grupos, de acordo com a ação: Figura 1. classes farmacológicas dos fármacos antibacterianos Beta-lactâmicosAgem sobre a PAREDE bacteriana Inibem a produção de proteínas Inibem a síntese ácidos nucleicos Inibem o metabolismo Lincosamidas Quinolonas Tetraciclinas An tib ac te ria no s Oxazolidinonas Antagonistas do folato – Sulfonamidas Glicopeptídeos Afenicol Rifampicinas Macrolídeos Aminoglicosídeos Trimetoprima Fonte: autoria Própria, 2019. 4Farmacologia: antibióticos 1.1 Inibidores da Síntese da Parede Celular 1.1.1 beta-lactâmicos atuam inibindo o crescimento das bactérias, pois interferem na síntese da parede celular. a parede celular é uma estrutura formada por uma camada rígida que circunda a membrana citoplasmática, mantendo a integridade da célula e impedindo sua lise por alta pressão osmótica. Essa é uma estrutura exclusiva das bactérias. a parede celular bacteriana é constituída de peptídeoglicanos, polímero de peptídeo (parte proteica) e polissacarídeos (açúcar). o polissacarídeo é composto de aminoaçúca- res alternados: NAM (n-acetilmurâmico) e NAG (n-acetilglicosamida). Figura 2. constituição da parede celular bacteriana NAM PEPTÍDEO PEPTÍDEOGLICANO NAG Fonte: autoria Própria, 2019. As bactérias podem ser divididas em gram+ e gram-, sendo que as bactérias gram- -positivas são as que têm maior percentual de peptideoglicano. Os β-lactâmicos agem especificamente sobre os peptideoglicano, impedindo a sua síntese por meio da inibição das transpeptidases. Essa enzima é responsável por fazer a ligação cruzada das cadeias peptídicas conectadas ao esqueleto do peptideoglicano. são essas ligações que garantem a rigidez estrutural da parede celular. Existem bactérias que são resistentes às penicilinas e aos β-lactâmicos. Essa resistência ocorre devido a quatro tipos de mecanismos, apresentados a seguir na figura 3. A produção de β-lactamases é o mecanismo mais comum e, por isso mesmo, o mais cobrado em provas. Nesse caso as bactérias são capazes de produzir enzimas que des- troem o anel β-lactâmico. Sem esse anel, o fármaco não consegue ligar-se ao seu alvo de ação e não exerce seu efeito, já que o anel β-lactâmico é a estrutura responsável pela ligação às transpeptidases. 5Farmacologia: antibióticos Figura 3. mecanismos de ligação das cadeiras peptídicas Inativação do antibiótico pela β-lactamase Penetração reduzida do fármaco até as proteínas alvo Modificação das proteínas alvos Efluxo Fonte: autoria Própria, 2019. 1.1.2 subclasses de beta-lactâmicos Existem subclasses de fármacos β-lactâmicos que têm em comum tanto o mecanis- mo de ação quanto à presença do anel β-lactâmico em sua estrutura química. Figura 4. Subclasses de β-lactâmicos Beta-lactâmicos Penicilinas Cefalosporinas Carbapenemicos Monobactans Fonte: autoria Própria, 2019. 1.1.3 Penicilinas As penicilinas podem ser divididas quanto aos usos clínicos em: a) Penicilinas; b) Penicilinas Resistentes às β-lactamases; c) Penicilinas de Espectro Ampliado; d) Penicilinas com atividade contra Pseudomonas. a) Penicilinas y Representantes: Penicilina g (benzilpenicilina), Penicilina V (fenoximetilpenicilina), Penicilina g-benzatina (benzetacil), Penicilina g-Procaína (benzilpenicilina de procaína); y Espectro: Principalmente Gram-positivos; alguns Gram-negativos; y Penicilina G cristalina: Fármaco de escolha no tratamento de infecções causadas por Streptococcus, Meningococos, entre outros. Com via de administração intravenosa; y Penicilina V: É a forma oral de penicilina, porém, só está indicada para infecções menores, pelo fato de apresentar baixa biodisponibilidade por necessitar de quatro administrações ao dia, além de ter espectro estreito; atualmente são pouco utilizadas sendo substituídas comumente por amoxicilina; 6Farmacologia: antibióticos y Penicilina procaína e benzatina: Formulações para administração intramuscular, que retardam a absorção, resultando em concentrações prolongadas no sangue e tecidos. b) Penicilinas resistentes às β-lactamases y são fármacos resistentes à β-lactamase produzida por Staphylococcus; y Representantes: nafciclina, oxacilina,dicloxacilina, cloxacilina, meticilina. c) Penicilinas de espectro ampliado y Representantes: aminopinicilina, ampicilina, amoxicilina e mezlocilina; y Espectro Gram-positivos e Gram-negativos: Apresentam maior atividade às bactérias gram-negativas que as demais penicilinas, por isso são de amplo espectro; y são inativados por β-lactamases: O que é resolvido pela associação a fármacos inibidores de β-lactamase. d) Penicilinas com atividade antipseudomonas y Representantes: Piperacilina e ticarcilina; y Espectro: Espécies gram-negativas selecionadas (especialmente Pseudomonas aeruginosa); y Uso em infecção associada à assistência à saúde (infecção hospitalar); y são inativados por β-lactamases: O que é resolvido pela associação a fármacos inibidores de β-lactamase. 1.1.4 Fármacos inibidores de beta-lactamase os inibidores da β-lactamase assemelham-se às moléculas β-lactâmicas, atuam protegendo penicilinas hidrolisáveis contra a inativação por essas enzimas. São potentes inibidores da enzima β-lactamase. A associação de inibidores de β-lactamase amplia ainda mais a atividade de peni- cilinas de espectro ampliado, incluindo cepas de Staphylococcus aureus produtores de β-lactamase e alguns gram-negativos também produtores de enzimas β-lactamase. 7Farmacologia: antibióticos São Inibidores de β-lactamase: Figura 5. Inibidores de β-lactamase Clavulanato Sulbactam Tazobactam Associado à amoxicilina Associado à ampicilina Associado à piperacilina Fonte: autoria Própria, 2019. o quadro seguinte apresenta um resumo sobre penicilinas: Quadro 1. Penicilinas Representantes Espectro Penicilinas Penicilina V Penicilina Benzatina Penicilina Procaína Penicilina Cristalina Gram-positivos, alguns gram-negativos Penicilinas resistentes às β-lactamases Oxacilina Meticilina Nafcilina Dicloxacilina e Cloxacilina Gram-positivos, alguns gram-negativos. Uso em infecções por Staphylococcus. Penicilinas de amplo espectro Amoxacilina Ampicilina Gram-positivos e gram- negativos Penicilinas com atividade antipseudomonas Piperacilina+Tazobactam Gram-negativos, especificamente Pseudomonas aeruginosa. Fonte: autoria Própria, 2019. Com relação aos efeitos adversos das penicilinas: y Principal efeito adverso reação de hipersensibilidade ou reação alérgica. ATENÇÃO! Todas as penicilinas apresentam sensibilização e reatividade cruzadas. 1.1.5 carbapenêmicos y Representantes: imipeném, Ertapeném e meropeném; y Penetram adequadamente nos tecidos e líquidos corporais, inclusive no líquido cérebro-espinhal; y meropeném é empregado no tratamento de meningite; y Espectro: muitas espécies gram-positivas e gram-negativas; ATENÇÃO! Pacientes alérgicos a penicilina também podem ser alérgicos a carbapenéns. 8Farmacologia: antibióticos y Entre os efeitos adversos mais comuns, estão: náusea, vômitos, diarreia, e reação local; y o imipeném é mais nefrotóxico que o meropeném. ATENÇÃO! 3 Imipeném e Meropeném – em pacientes com insuficiência renal pode causar convulsão. 3 O Imipeném é inativado por desidropeptidase nos rins (túbulos renais), resultando em baixas concentrações. Pode ser resolvido com associação com um inibidor de desidropeptidase cilastatina. 1) Cefalosporinas Semelhante a todos os antibióticos β-lactâmicos, as cefalosporinas interferem na síntese da parede celular de peptídeoglicano, via inibição de enzimas envolvidas no pro- cesso de transpeptidação. Porém, existe resistência em algumas estirpes devido à dis- seminação de plasmídeos que codificam o gene da proteína β-lactamase, que destrói o antibiótico antes que possa ter efeitos no organismo. Com relação às características das cefalosporinas: y são mais resistentes às β-lactamases que as penicilinas e, portanto, têm um espectro de atividade mais amplo; y São mais estáveis ao pH ácido e à variação da temperatura, devido a modificações moleculares; y São divididas em 5 gerações, dependendo principalmente do espectro de atividade antimicrobiana; y Quanto maior a geração, maior o espectro de atividade contra gram-negativos. o quadro seguinte traz um resumo sobre as cefalosporinas: Quadro 2. cefalosporinas Cefalosporinas de 1ª geração Cefalotina Cefalexina Cefadroxila Cefazolina Cefalosporinas de 2ª geração Cefoxitina Cefuroxima Cefalosporinas de 3ª geração Ceftriaxona Cefotaxima Ceftazidima Cefalosporinas de 4ª geração Cefepima Cefalosporinas de 5ª geração Ceftaroline Fonte: autoria Própria, 2019. 9Farmacologia: antibióticos OBSERVAÇÕES: y a cefalexina é uma cefalosporina de 1ª geração que pode ser administrada por via oral; y a cefazolina é o antibacteriano de escolha para a profilaxia cirúrgica, pois tem boa penetração em vários tecidos; y a ceftriaxona (3ª geração) é amplamente utilizada no tratamento da meningite, pois tem boa penetração na barreira hematoencefálica e sua eliminação é através da via biliar-fecal; y a ceftaroline (5ª geração) é amplamente utilizada no tratamento de infecção de pele e partes moles e pneumonia. Com relação a efeitos adversos: Pode apresentar diarreia, reações alérgicas com erupções na pele, nefrotoxicidade. 2) Monobactans y O Aztreonam é o único monobactam. Seu espectro de atividades é diferente dos demais β-lactâmicos, pois limita-se a gram-negativos aeróbios. ATENÇÃO! Pacientes alérgicos a penicilinas, toleram o aztreonam sem reação. 10Farmacologia: antibióticos A figura seguinte apresenta um resumo sobre os β-lactâmicos: Figura 6. β-lactâmicos Penicilinas PENICILINA V, PENICILINA BENZATINA, PENICILINA PROCAÍNA, PENICILINA CRISTALINA Cefalosporinas de 1ª geração CEFALOTINA, CEFALEXINA, CEFADROXILA e CEFAZOLINA Penicilinas de Espectro Ampliado AMOXICILINA e AMPICILINA Cefalosporinas de 3ª geração CEFTRIAXONA, CEFOTAXIMA e CEFTAZIDIMA IMIPENÉM, ERTAPENÉM e MEROPENÉM Penicilinas Resistentes às Beta-lactamases OXACILINA, METICILINA, NAFCILINA, DICLOXACILINA e CLOXACILINA Cefalosporinas de 2ª geração CEFOXITINA, CEFUROXIMA Penicilinas com atividade contra pseudomonas PIPERACILINA+TAZOBACTAM Cefalosporinas de 4ª geração CEFEPIMA AZTREONAM PENICILINAS CEFALOSPORINAS CARBAPENÊMICOS MONOBACTANS Be ta -l ac tâ m ic os Fonte: autoria Própria, 2019. 11Farmacologia: antibióticos 2. ANTIBIÓTICOS QUE INIBEM A SÍNTESE DE PROTEÍNAS 2.1 Aminoglicosídeos atuam inibindo a síntese proteica bacteriana ligando-se à subunidade 30S do ribos- somo, causando uma leitura errônea do RNA mensageiro o que provoca a incorporação de aminoácidos incorretos no peptídeo e resulta em uma proteína afuncional ou tóxica. o aumento de proteínas afuncionais faz com que a bactéria produza ainda mais proteínas e esse aumento da concentração osmótica intracelular pode levar à lise da bactéria. ATENÇÃO! A associação de um aminoglicosídeo com um antibiótico inibidor da parede celular (β-lactâmico ou glicopeptídeo) aumenta o efeito terapêutico causando morte sinérgica. Isso acontece por combinação dos efeitos de ambos os mecanismos: um fragiliza a parede celular e o outro aumenta a pressão osmótica. Figura 7. associação de aminoglicosídeo com antibiótico inibidor da parede celular Parede celular enfraquecida Pressão osmótica elevada Ruptura facilitada+ Fonte: autoria Própria, 2019. y Representantes: gentamicina, amicacina, tobramicina e neomicina; y Baixa absorção via trato gastrointestinal; y Entre os principais efeitos adversos destaca-se Ototoxicidade e Nefrotoxicidade; ATENÇÃO! A ocorrência de ototoxicidade e de nefrotoxicidade é mais provável quando: a terapia dura mais de cinco dias; há uso de doses mais elevadas; os pacientes são idosos; e trata-se de um quadro de insuficiência renal. y a ototoxicidade pode se manifestar como comprometimento auditivo, resultando em zumbido e perda de audição de alta frequência; y a nefrotoxicidade resulta em níveis séricos crescentes de creatinina; y Interação medicamentosa importante: aminoglicosídeo x diuréticode alça (furosemida) efeitos adversos aditivos de nefrotoxicidade e ototoxicidade. 2.2 Tetraciclinas as tetraciclinas atuam na inibição da síntese de proteínas, ao se ligarem à subunida- de 30s ribossomal. 12Farmacologia: antibióticos y Espectro de ação: gram-positivos e gram-negativos; y Representantes: DoXicilina, tigEciclina e minociclina; y Uso clínico: infecções causadas por Rickettsia; ATENÇÃO! As tetraciclinas devido à sua estrutura química, quelam íons de cálcio causando lesões em dentes e ossos em crescimento e interação medicamento-alimento (tetraciclina x leite). y os principais efeitos adversos são: efeitos gastrointestinais como náuseas, vômitos e diarreias, por efeito de irritação direta e local. Além de fotossensibilidade e lesões em estruturas ósseas e dentes; y com relação à administração durante a gravidez: a tetraciclina pode se depositar nos dentes fetais, causando fluorescência, coloração e displasia do esmalte. Também pode levar à deformidade ou inibição do crescimento e, portanto, DEVE SER EVITADA NA GRAVIDEZ. 2.3 Macrolídeos os macrolídeos também têm como mecanismo de ação a inibição da síntese de pro- teínas, porém, ligando-se à subunidade 50s dos ribossomos. y têm ação bacteriostática e bactericida (em concentrações elevadas); y Representantes: Eritromicina, claritromicina, azitromicina; y Espectro: gram-positivos e negativos. a) Eritromicina y Deve ser administrada com revestimento entérico, pois é destruída pelo ácido gástrico, alimentos interferem na absorção; y Pode ser utilizado em substituição à Penicilina para pacientes alérgicos; y Uso profilático contra endocardite, durante procedimentos dentários em indivíduos com cardiopatia vascular (substituta: clindamicina); y É utilizada como agente pró-cinético, por estimular receptores de motilina no músculo liso intestinal. b) Claritromicina y absorção oral melhor do que a eritromicina, pois apresenta estabilidade ácida; y Meia-vida maior que a eritromicina (permite administração 2x/dia); y Metabólito (14-hidroxiclaritromiciina) também apresenta atividade antibacteriana); y Potente inibidor do citocromo P450, por isso apresenta diversas interações medicamentosas; 13Farmacologia: antibióticos c) Azitromicina y Difere da eritromicina e claritromicina com relação à farmacocinética, principalmente; y boa penetração na maioria dos tecidos, apresenta liberação lenta, permitindo dosagem única diária e o encurtamento da duração do tratamento de muitos casos (geralmente 3 dias); y Rapidamente absorvida e bem tolerada por via oral; y Deve ser administrada uma 1 antes ou 2 após as refeições. os principais efeitos adversos incluem anorexia, náuseas, vômito e diarreia. 2.4 Afenicol y o único fármaco desta classe é o Cloranfenicol; y Espectro: Espécies gram-positivas e gram-negativas; y Potente inibidor da síntese proteica, ligando-se à subunidade 50S do ribossomo bacteriano; y Ação bacteriostática, de largo espectro, tendo sua resistência devido à produção de cloranfenicol acetiltransferase, uma enzima codificada por plasmídeos, que inativam o fármaco; y Usos na clínica: tifo e febre maculosa; y apresenta toxicidade potencial que juntamente com a ocorrência de resistência bacteriana e a disponibilidade de muitos outros fármacos são fatores que explicam porque o cloranfenicol é raramente utilizado na clínica; y o principal efeito adverso em adultos é a depressão severa da medula óssea, resultando em pancitopenia que é uma diminuição de hemácias, leucócitos e plaquetas, essa condição é rara, mas pode ser fatal; y Em neonatos um importante efeito adverso é a Síndrome do Bebê Cinzento que causa vômitos, hipertermia, coloração acinzentada, choque e colapso vascular, podendo ser letal. Essa síndrome os neonatos precisam de um mecanismo de conjugação do ácido glicurônico para a degradação e destoxificação do cloranfenicol. Assim, em dosagens superiores a 50 mg/kg/dia, o fármaco pode se acumular, resultando na síndrome. 14Farmacologia: antibióticos Figura 8. cloranfenicol Adulto Pancitopenia Neonato Sindrome do bebê cinzento Efeitos adversos cloranfenicol Fonte: autoria Própria, 2019. 2.5 Lincosamidas A Classe das lincosamidas evita a síntese proteica ao se ligar à subunidade 50S dos ribossomos das bactérias, impedindo a formação das uniões peptídicas. y Espectro: gram-positivos; y o único fármaco desta classe é a clindamicina; y os principais efeitos adversos incluem diarreia, náusea e exantemas cutâneos (mais comuns); y a administração de clindamicina é fator de risco para diarreia e colite por Clostridium difficile; y a função hepática pode ser comprometida e pode ocorrer neutropenia que é um efeito menos comum; y Possui cobertura para bactérias anaeróbias, o que é útil para o tratamento de pneumonias por broncoaspiração. 2.6 Oxazolidinonas Esta é uma nova classe de antibióticos sintéticos. a inibição da síntese proteica bac- teriana ocorre pela ligação do fármaco ao rna ribossomal 23s da subunidade 50S. y Espectro: Gram-positivos; y o único fármaco dessa classe é linezolida; y a resistência ao fármaco pode ser ocasionada por mutações do sítio de ligação da linezolida no rna ribossomal 23s; y A biodisponibilidade é de 100% depois da administração oral e a meia-vida é de 4 a 6 horas; y os principais efeitos adversos são hematológicos com a ocorrência de trombocitopenia, anemia e neutropenia (com efeitos reversíveis e brandos); y são relatadas Síndromes Serotoninérgicas, com uso concomitante com anti- depressivos Inibidores Seletivos da Receptação de Serotonina (ISRS). 15Farmacologia: antibióticos 2.7 Estreptograminas Atua na inibição da síntese proteica bacteriana através da ligação a vários sítios da fra- ção 50s dos ribossomos, criando um complexo quinopristina-ribossomo-dalfonopristina. y a quinopristina inibe o alongamento da cadeia peptídica por inibir a translocação do mrna durante o passo de alongamento da cadeia peptídica; y Dalfonopristina interfere com a enzima peptidiltransferase. ambos os compostos inibem a formação de pontes peptídicas, resultando na formação de cadeias proteicas incompletas; y Administração: Via intravenosa central, a cada 8 ou 12 horas, 7,5 mg/kg de peso. A infusão deve ser lenta, no mínimo em 1 hora, a diluição deve ser feita obrigatoriamente em soro glicosado a 5%; y Meia-vida: 1 a 2 horas; y Indicação clínica: Para infecções causadas por estafilococos resistentes à oxacilina e estafilococos com sensibilidade diminuída ou resistentes à vancomicina, tratamento das infecções por enterococos, principalmente nas causadas por E. faecium resistentes à vancomicina; y Efeitos adversos: Náuseas, vômitos, diarreia, artralgia, mialgia. ATENÇÃO! Não é necessário ajuste de dose em pacientes idosos, obesos, pediátricos ou com insuficiência renal. Em caso de insuficiência hepática, necessita-se de ajuste na dose, pois cerca de 63% sua metabolização ocorre no fígado e a eliminação é por via biliar. A excreção renal ocorre apenas em 15 a 19% dos casos. 2.8 Glicopeptídeos os glicopeptídeos inibem a síntese da parede celular por meio da sua ligação à ex- tremidade terminal D-ala-D-ala do peptídeoglicano em crescimento. y Espectro de ação: Gram-positivos; y Principais representantes da classe: Vancomicina, teicoplanina e Daptomicina; y Principal efeito adverso da Vancomicina: reações anafilactóides, incluindo hipotensão, chiado, dispneia, urticária ou prurido; y Principal efeito adverso da Teicoplanina: Hipersensibilidade, erupção cutânea, prurido, febre, rigidez, broncoespasmo, reações anafiláticas, choque anafilático, urticária, angioedema; y Principal efeito adverso da Daptomicina: Dor gastrointestinal e abdominal, constipação, diarreia, náusea, vômito, flatulência, inchaço, distensão abdominal. 16Farmacologia: antibióticos 2.9 Síndrome do Homem Vermelho A “Síndrome do homem vermelho” é uma situação advinda do uso de vancomicinae pode ocorrer imediatamente ou após alguns dias da administração; isso se dá devido a uma reação de hipersensibilidade ao fármaco. o nome de “síndrome do homem vermelho” ou do “pescoço vermelho” trata-se de uma ruborização relacionada ao tempo de infusão, que é causada pela liberação de histamina. Pode ser evitada de duas formas: y Prolongamento da infusão (1 a 2 horas); y Pré-tratamento com anti-histamínico, a exemplo da ranitidina ou Difenidramina. Sintomas: y Intensa vermelhidão nas pernas, braços, barriga, pescoço e face; y Coceira nas regiões avermelhadas; y inchaço aos redores dos olhos; y Espasmos musculares; y Pode haver dispneia, dor no peito e hipotensão. 17Farmacologia: antibióticos 3. ANTIBIÓTICOS QUE INIBEM A SÍNTESE DE ÁCIDOS NUCLEICOS E ANTIBIÓTICOS ANTIMETABÓLICOS Relembrando, a divisão das classes farmacológicas dos fármacos antibacterianos pode ser feita em três grandes grupos, de acordo com a ação: Figura 9. classes farmacológicas dos fármacos antibacterianos Beta-lactâmicosAgem sobre a PAREDE bacteriana Inibem a produção de proteínas Inibem a síntese ácidos nucleicos Inibem o metabolismo Lincosamidas Quinolonas Tetraciclinas An tib ac te ria no s Oxazolidinonas Antagonistas do folato – Sulfonamidas Glicopeptídeos Afenicol Rifampicinas Macrolídeos Aminoglicosídeos Trimetoprima Fonte: autoria Própria, 2019. 3.1 Quinolonas as quinolonas exercem seu efeito inibindo a replicação do Dna ao se ligar com a Dna-girase e a topoisomerase iV, inibindo-as. a inibição da DNA-Girase impede o rela- xamento do Dna superespiralado, que é necessário para a transcrição e replicação. Já a inibição da Topoisomerase IV interfere na separação do Dna cromossomal replicado nas respectivas células filhas durante a divisão celular. y Íons BI e Trivalentes prejudicam a absorção oral de modo que as quinolonas, devem ser administradas 2 horas antes ou 4 horas depois de qualquer produto com tais íons. além disso, NÃO deve ser administrada juntamente com alimentos; 18Farmacologia: antibióticos y Uso clínico: infecções do trato urinário; y os principais efeitos adversos incluem: náusea, vômitos e diarreia, prolongamento do Intervalo QT, comprometimento de cartilagens em crescimento; y Interação medicamentosa com corticoides pode causar tendinite com ruptura do tendão, apesar de ser raro. 3.2 Rifampicina Atua bloqueando a transcrição do RNA, devido à interação com a subunidade β da rna-polimerase, Dna-dependente da micobactéria, que por consequência inibe o cresci- mento da bactéria. y Espectro: Gram-positivas e gram-negativas; y Indicações: tratamento de micobactérias (M. tuberculosis e M. leprae), estáfilos e estreptos, enterobactérias, meningococo, pseudomonas e haemophilus; y Efeitos adversos: rubor facial, urticária, erupção cutânea, insuficiência hepática, pancreatite, púrpura trombocitopênica, hemorragias gengivais, anemia hemolítica, astenia, cefaleia, tremores, mialgia; y Interações medicamentosas: atua induzindo o citocromo P450, o qual diminui a meia-vida de diversos compostos que são coadministrados e biotransformados pelo citocromo P450, incluindo corticosteroides, protease do HIV e os inibidores de transcriptase reversa não nucleosídeos, contraceptivos orais, anticoagulantes cumarínicos, propranolol, metropolol, clofibrato, verapamil, metadona, ciclosporina. 3.3 Antagonistas do Folato: Sulfonamidas e Trimetoprima as bactérias não são capazes de utilizar folato exógeno. Para tanto necessitam sin- tetizá-lo a partir do Paba (ácido p-aminobenzóico). Essa produção é essencial para a produção de purinas. as sulfonamidas são análogos estruturais do Paba, inibindo assim, uma enzima chamada di-hidropteroato sintase que é essencial para produção de folato e, consequentemente, de purinas e de Dna. 19Farmacologia: antibióticos Figura 10. Ácido p-aminobenzoico Ácido p-aminobenzoico Ácido di-hidrofólico Di-hidropteroato sintetase Di-hidrofolato redutase Ácido tetra-hidrofólico Purinas DNA - - Sulfonamidas (competem com o PABA) Trimetoprima Fonte: autoria Própria, 2019. y Representantes: sulfametoxazol + trimetoprima e sulfadiazina; y o sulfametoxazol é associado à trimetoprima para provocar ação sinérgica, pois a trimetoprima inibe a enzima di-hidrofolato redutase, que é a próxima na via de produção do folato; y Entre os efeitos adversos mais comuns destacam-se náusea, vômitos, diarreia, urticária etc.; y todas as sulfonamidas, inclusive as antimicrobianas (sulfametoxazol e sulfadiazina), diuréticos e hipoglicemiantes do tipo sulfanilureias, exibem alerginicidade cruzada parcial. A figura seguinte apresenta os principais efeitos adversos e, por isso mesmo, os mais cobrados nas provas: Figura 11. Principais efeitos adversos de fármacos antibióticos • Precipitação das sulfonamidas na urina, em pH neutro ou ácido produzindo cristalúria, hematúria e até obstrução. • Tratamento da CRISTALÚRIA: bicarbonato de sódio. Distúrbios do Trato Urinário • Podem provocar anemia hemolítica ou aplástica, granulocitopenia ou trombocitopenia. Distúrbios Hematopoiéticos Fotossensibilidade Fonte: autoria Própria, 2019. 20Farmacologia: antibióticos o quadro a seguir apresenta um resumo das principais classes e subclasses de fár- macos antibióticos, seus representantes, espectro e mecanismo de ação: Quadro 3. Principais classes e subclasses de fármacos antibióticos CLASSE SUB-CLASSE ESPECTRO FÁRMACOS MECANISMO DE AÇÃO Beta-lactâmicos Penicilinas Gram-positivos (penicilinas) Gram-positivos e negativos (penicilinas de amplo espectro e resistentes à Beta-lactamases) Penicilina G (EV) Penicilina V (V.O.) Penicilina Benzatina (IM) Oxacilina Ampicilina Amoxicilina Piperaciclina Impede a síntese da parede celular bacteriana, por meio de ligação e inibição das transpeptidases da parede celular. Cefalosporinas Gram-positivos (quanto maior a geração maior o espectro gram-negativo) Cefazolina (1ª geração) Cefalexina (1ª geração) Cefuroxima (2ª geração) Ceftriaxona (3ª geração) Cefotaxima (3ª geração) Ceftadizima (3ª geração) Cefepima (4ª geração) Carbapenêmicos Gram-positivos e negativos Meropeném Imipeném- cilastatina Ertapenem Monobactans Gram-negativos aeróbios Astreonam Glicopeptídeos Gram-positivos Vancomicina Teicoplanina Daptomicina Inibem a síntese da parede celular por meio da sua ligação à extremidade terminal D-Ala- D-Ala do peptídeglicano em crescimento. Tetraciclinas Gram-positivos e negativos Doxicicina Tigeciclina Minociclina Evita a síntese proteica bacteriana ao se ligar á subunidade 30 S dos ribossomos. 21Farmacologia: antibióticos CLASSE SUB-CLASSE ESPECTRO FÁRMACOS MECANISMO DE AÇÃO Aminoglicosídeos Gram-positivas e algumas negativas Gentamicina Amicacina Tobramicina Neomicina Impede a síntese proteica bacteriana ao se ligar com a subunidade 30 S ribossomal Macrolídeos Gram-positivas e negativas Eritromicina Claritromicina Azitromicina Evita a síntese proteica bacteriana ao se ligar á subunidade 50 S dos ribossomos Lincosamida Gram-positivos Clindamicina Evita a síntese proteica bacteriana ao se ligar á subunidade 50 S dos ribossomos Cloranfenicol Gram-positivos e negativos Cloranfenicol Evita a síntese proteica bacteriana ao se ligar à subunidade 50 S dos ribossomos Oxazolidinona Gram-positivos Linezolida Impede a síntese proteica bacteriana ao se ligar com o RNA ribossomal 23S da subunidade 50S Antagonistas do Folato T. gondii e P. jirovecii Sulfametoxazol + Trimetoprima Sulfadiazina Antagoniza folato, bloqueando a produção de purinas e síntese de ácidos nucleicos Quinolonas Gram-positivos e negativos Ciprofloxacino Levofloxacino Inibe a replicação do DNA ao se ligar com a DNA-Girase e a topoisomerase IV Polimixinas Gram-negativos Polimixina B e Polimixina E Ação na membrana celular Fonte: autoria Própria,2019. 22Farmacologia: antibióticos REFERÊNCIAS 1. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Antibióticos. Disponível em: https:// www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/rm_controle/opas_web/ modulo1/conceitos.htm. Acesso em: 16 dez. 2020. 2. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Estreptograminas. Disponivel em: https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/rm_controle/ opas_web/modulo1/estreptograminas.htm. Acesso em: 16 dez. 2020. 3. CUBICIN®. Daptomicina. Disponível em: https://portal.novartis.com.br/UPLOAD/Im- gConteudos/1724.pdf. Acesso em: 15 dez. 2020. 4. IBEROQUIMICA. Clindamicina. Disponível em: https://iberoquimica.com.br/Arquivos/ Insumo/arquivo-152614.pdf. Acesso em: 16 dez. 2020. 5. INFORMATIVO 01/2017 – Hospital de Clínicas da Universidade do Triângulo Mineiro. Vancomicina. SETOR DE FARMÁCIA HOSPITALAR. Disponível em: http://www2.ebserh. gov.br/documents/147715/0/INFORMATIVO+Vanco.pdf/cd920f63-8719-4197-9ca- 6-d079dd0b5293. acesso em: 15 dez. 2020. 6. LARB – Liga Acadêmica de Radiologia da Bahia. Resumo de Rifampicina. Disponível em: https://www.sanarmed.com/resumo-de-rifampicina-ligas. Acesso em: 16 dez. 2020. 7. Reação à Vancomicina pode causar a Síndrome do Homem Vermelho. Disponível em: https://www.tuasaude.com/sindrome-do-homem-vermelho. Acesso em: 15 dez. 2020. 8. TARGOCID®. Teicoplanina. Disponível em: https://www.bulas.med.br/p/bulas-de- -medicamentos/bula/3654/targocid.htm. Acesso em: 15 dez. 2020. 9. Universidade Estadual de Londrina. Antimicrobianos II. Disponível em: https://www. hutec.com.br/n/file/Curso/Cefalosporinas_7fa1923e19bbb80b57508b33857e0942. pdf. acesso em: 16 dez. 2020. MATERIAL COMPLEMENTAR BONS ESTUDOS!
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