Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA, URBANISMO E ARTES APLICADAS CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO Envelhecimento e Arquitetura SÃO JOÃO DEL REI - MG 2022 2 ANA LAURA GAZOLA DE ALMEIDA Envelhecimento e Arquitetura Estudo autônomo apresentado à unidade curricular Estúdio Avançado Edifício Ambiental, do curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal de São João Del Rei, como requisito para a elaboração do Trabalho Integrado Avançado. SÃO JOÃO DEL REI – MG 2022 3 LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURAS Figura 1 – Pirâmide etária 2010 ..........................................................................6 Figura 2 – Pirâmide etária 2060 ..........................................................................6 Figura 3 – Sala de descanso ............................................................................11 Figura 4 – Oficina ocupacional .........................................................................11 Figura 5 – Espaço laranja .................................................................................11 Figura 6 – Área externa ....................................................................................11 Figura 7 – Pátio central .....................................................................................12 Figura 8 – Quarto com vista ..............................................................................12 4 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO......................................................................................... 5 2. O IDOSO ................................................................................................. 5 2.1. Transformações do envelhecer ................................................ 7 2.2. Arquitetura para idosos ............................................................. 8 2.3. Serviços de atenção para idoso ............................................... 9 3. DIRETRIZES PARA ESTUDO DE CASO ............................................ 10 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................. 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................13 5 1. INTRODUÇÃO A chegada da terceira idade traz diversas inseguranças para a população acima de 60 anos que se depara com o medo da morte, de doenças comuns e até mesmo do abandono. Com todos esses problemas pessoais também surge a necessidade de locais ideais para viver, se relacionar e ser cuidado com qualidade. Com o aumento da expectativa de vida, o número de idosos também aumenta e com isso surge a demanda de instituições de longa permanência para que, idosos que não tem uma rede de apoio constituída, possa ter uma melhor qualidade de vida. O envelhecimento carrega múltiplas impossibilidades físicas, motoras e até mesmo psicológicas, então, produzir espaços que incluam esse grupo é essencial. A Arquitetura e Urbanismo é um fator que pode fazer a diferença na vida dos idosos quando de forma adequada, entendendo suas necessidades e vontades, conhecendo bem para quem é feito aquele projeto. Projetar para o idoso vai desde as necessidades íntimas e pessoais até a sua inserção na sociedade pensando em acessos e meios para isso. Entender o envelhecimento e suas particularidades faz parte dessa intenção de projetar com qualidade. Nesse trabalho se tem o objetivo de entender as particularidades da terceira idade e definir diretrizes projetuais que façam do ambiente um lugar de aconchego onde o idoso pode viver com segurança e bem estar. A existência de políticas públicas que facilitam esse processo de autonomia, independência e conforto do idoso é crucial para tomada de decisões em um projeto. 2. O IDOSO No Brasil, o aumento do número de idosos vem sendo contínuo, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), em 2060 os idosos chegarão a ser praticamente um terço da população brasileira conforme projeções. A expectativa de vida do brasileiro saiu de 45 anos em 1940 para 76 anos em 2019, o que demonstra melhoria nas condições médicas e de vida para essa faixa etária. 6 Figura 1 – Pirâmide etária 2010 Figura 2 – Pirâmide etária 2060 Além do aumento no número de idosos, também é essencial entender como é parar eles passarem por esse processo, como eles esperam ser tratados e como esperam viver essa fase da vida. Entendendo então que o envelhecimento é algo pessoal, que acontece de diferentes maneiras para cada indivíduo, o grande desafio é fazer que esse processo seja ativo e saudável, estimulando idosos a participarem efetivamente da sociedade. Segundo a Organização Mundial da Saúde e o Estatuto do Idoso, é considerado idoso todo indivíduo com 60 anos ou mais em países em desenvolvimento. Essa parte da população é contemplada por diversas políticas públicas e projetos que visam o seu cuidado, bem estar e direitos, dentre eles a estratégia do Brasil amigo da pessoa idosa, normas de funcionamento de serviços de atenção a pessoa idosa no Brasil, o Caderno de Atenção Básica – Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa e até mesmo o próprio Estatuto do Idoso. Há dentro desse grupo uma divisão para pessoa mais idosas ou velhice avançadas que são os indivíduos com 80 anos ou mais, sendo eles o segmento populacional que mais cresce nos últimos tempos. E há também um outro método para classificá-los sendo como dependentes, independentes e semidependente quanto ao seu grau de dependência nas atividades de vida diária. 7 2.1. Transformações do envelhecer O corpo humano passa por diversas mudanças ao longo da vida, e ao chegar na terceira idade, algumas mudanças ficam mais nítidas como a motora, física e psicológica. Uma cartilha feita pelo SUS sobre diretrizes no cuidado com a pessoa idosa traz como peculiaridades a maior vulnerabilidade que traz a necessidade de intervenções multidimensionais e intersetoriais, doenças não transmissíveis como principal causa do morbimortalidade, novos arranjos familiares, famílias menores - necessidade de Política intersetorial de cuidados – cuidadores, rede social no território, atenção domiciliar e oferta de serviços dia e etc. Essas transformações podem ser classificadas como biológicas onde o cabelo embranquece, há o desgaste de ossos, as rugas aparecem, há diminuição ou até mesmo perda dos sentidos, tornando o ser humano mais vulnerável. Podem ser também psicológicas, quando o indivíduo começa a ter dificuldades para se adaptar a novos lugares, surge o medo e desânimo com o futuro, é quando diagnostica a maioria das demências. E há também as transformações sociais onde o idoso perde seu cargo, muitas vezes de respeito, para se tornar aposentado e com isso muitos perdem a sua essência e sua sensação de pertencimento na sociedade. O idoso passa então a ter mais tempo ocioso, pode ter também uma redução financeira e isso leva ele a se achar menos poderoso perante a família e sociedade. As alterações sensoriais além das físicas também fazem parte dessas transformações, visão, olfato, audição, tato e paladar. Os transtornos visuais e auditivos afetam o idoso em todas suas atividades, fazendo com que ele tenha problemas relacionados ao reflexo, diminuição em habilidades para julgar distâncias, degraus, buracos, distinção de cores, sons, dificuldade em escutar o que outras pessoas falam e tudo isso pode interferir na vida social daquela pessoa onde ela passa a ter medo de se comprometer ou incomodar. Relacionado aos problemas de tato, olfato e paladar, o idoso tem uma maior pretensãoa ter machucados por conta da pele mais fina e uma dificuldade em perceber texturas, se tem algo lhe machucando ou não, pode perder também a 8 sensibilidade para distinguir cheiros e gostos, o que muitas vezes prejudica sua alimentação. 2.2. Arquitetura para idosos A Arquitetura e Urbanismo funciona como um instrumento de inclusão do idoso tendo o poder de transformar um simples ambiente em um local de conforto, acessível e necessário para esse grupo. O local precisa de um certo grau de vitalidade e compreensão por parte dos idosos, compatibilidade entre as características físicas e atividades que vão ocorrer ali, controle, eficiência e justiça. As necessidades dos idosos conforme Carolina Morgado, em sua dissertação, podem ser divididas em três grupos, físicas, sociais e informativas. Nesse momento a arquitetura se relaciona com essas necessidades e entende as diversas maneiras que é possível transformar aquele lugar, principalmente se estamos tratando de programas destinados a atenção e assistência do idoso e sabendo de todos os apegos e individualidade de cada um. Necessidades físicas pode ser entendida pelas necessidades físicas como propriamente dito, de segurança e conforto. Em primeiro momento se faz necessário dar suporte tanto aos idosos como para aqueles que fazem parte do dia a dia naquele local. Esse suporte precisa e deve ser feito através de um projeto acessível, com um bom layout, facilitando a manutenção e adaptação. Ao se pensar nessas necessidades também é importante lembrar dos acessos e circulações que deixam de ser apenas de pessoas e se tornam cadeiras de rodas, ambulâncias, muletas, andadores e etc. Em relação ao conforto ambiental é necessário entender todas transformações sensoriais ditas anteriormente e incorporá-las no projeto pensando sempre nas novas dificuldades desses usuários como a surdez, baixa visão e etc. Se tratando das necessidades sociais que estão diretamente ligadas a convivência mas também ao controle do ambiente e da própria vida, entende-se que um ambiente pode favorecer trocas quando bem planejado e estimular interações interpessoais, autonomia e privacidade. A Arquitetura pode promover layouts que permitam mudanças dos próprios usuários, comandos básicos que permitam uma certa liberdade quanto ao uso daquele ambiente ou com a própria 9 circulação, ou seja, lugares que permitam a convivência mas também respeitem a individualidade. O Urbanismo também pode fazer sua parte ao se tratar da inserção daquele edifício e do seu entorno, promovendo integração entre os idosos e a vizinhança e a inserção dos mesmos na comunidade Por último, se tratando das necessidades informativas em relação com a Arquitetura, o idoso precisa se informar e se orientar para entender o que está acontecendo ao seu redor e então participar. Os idosos precisam ser alertados quanto aos perigos, emergências e localização, com informações fáceis de compreender já muitos idosos passaram por transformações psicológicas que podem inclusive afetar a memória e sua percepção aos sinais. Ambientes que fortaleçam a percepção do idoso quanto a identidade, tempo e espaço são ideais para o envelhecimento ativo em um meio que favorece o bem estar e saúde. 2.3. Serviços de atenção para idoso O ministério da providência e assistência social produziu um documento que garante direitos e cumprimento de deveres para um envelhecimento saudável onde são definidas normas para o funcionamento a serviços e programas de atenção à pessoa idosa. Ainda que o governo diz sobre dar prioridade aos serviços que privilegiem o idoso junto de sua família, ele descreve diversas outras modalidades como repúblicas, centro – dia, casa lar, atendimento integral institucional, atendimento domiciliar e outros. Dos principais e de maneira geral, o programa de residência temporária tem como objetivo acolher o idoso uma moradia provisória, preparando ele para voltar para sua família ou outro encaminhamento, também em possíveis situações de vulnerabilidade e oferecer a família que cuida do idoso uma suspensão temporária dessa sobrecarga. O programa de família acolhedora como o próprio nome diz, acolhe idosos em situações de abandono ou quando ele não pode conviver com a mesma, essa nova família é cadastrada e capacitada para esse serviço. A modalidade de república seria uma residência compartilhada entre idosos independentes que pode ser viabilizada como auto gestão. 10 O centro de convivência também como o próprio nome diz, são espaços voltados para o encontro com família ou entre idosos, com o objetivo de integração e inserção do idoso na sociedade, com ações que eleve a qualidade de vida, promova autonomia e incentive o envelhecimento saudável. O centro dia vai receber idosos que por algum motivo não podem ser atendidos em domicílio ou por serviços comunitários como os citados acima, então vai atender os idosos que possuem família mas que não possuem atendimento integral domiciliar. Aqui também são incentivadas as práticas para autonomia, reforçando o envelhecimento saudável, socialização e segurança do idoso, sendo proporcionadas atividades terapêuticas, de necessidades básicas e socioculturais. A casa lar é uma residência para idosos que estão afastados de sua família ou não possuem uma renda para se manter ou está sozinho. Trata-se de uma modalidade que incentive a autonomia financeira dos idosos utilizando sempre que possível a rede de serviços local e garantindo moradia segura, interação e melhor convivência com a comunidade. Por fim o atendimento integral institucional seria aquele prestado em instituições asilares que integra repouso, lazer, saúde, higiene e alimentação durante um período indeterminado. Tem como foco os idosos em situações de vulnerabilidade podendo não apenas cuidar mas também incentivar práticas sociais em regime de internato onde o idoso pode ter qualidade de vida e um envelhecimento saudável. O documento oferece para todos programas citados acima, uma variedade de informações relacionadas a cada programa proposto, desde diretrizes arquitetônicas mínimas até descrição de serviços, equipamentos, RH e outros, prestando nos mínimos detalhes um auxílio para cada prática. 3. DIRETRIZES PARA ESTUDO DE CASO Após a análise geral das diversas opções de atendimento ao idoso, nesse capítulo busca-se comparar e entender como a Arquitetura e Urbanismo dita diretrizes para tais edificações. 11 Com o objetivo de “garantir acessibilidade total, autonomia física, segurança psíquica e respeito à privacidade individual, facilitando o acesso aos visitantes” (OCANÃ, Manuel), o Centro Geriátrico Santa Rita na Espanha traz grandes exemplos de diretrizes. Além de ser um edifício muito equipado com ambientes de convivência, áreas verdes, amplas áreas de circulação e até mesmo piscina, o centro também conta com espaços setorizados por cores. Como dito anteriormente, espaços bem sinalizados põem ajudar os idosos a se orientar e facilitar seu entendimento quanto localização. Figura 3 – Sala de descanso Figura 4 – Oficina ocupacional Figura 5 – Espaço laranja Figura 6 – Área externa O outro projeto escolhido por ter boas diretrizes é a residência para idosos em Pòrtol também na Espanha porém o que chama é atenção é que “o projeto foi elaborado com base em critérios ambientais e de máxima eficiência energética, e tem como objetivo aproximar-se de um edifício com demanda zero de energia” (COULLERI, Agustina). 12 Figura 7 - Pátio central Figura 8 – Quarto com vista Nota-se uma excelente relação do interno com o externo ao definir pátios centrais e alto uso do vidro que permite a entrada de luz ventilação quando necessário.O consumo de energia é reduzido quando se faz o uso da ventilação natural e de telas externas motorizadas para controle da entrada de luz. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Por fim, entende-se que o idoso precisa e merece cuidados diferenciados por conta das suas transformações do envelhecimento. Embora o governo disponibilize diversas políticas públicas, é necessário que o arquiteto e urbanista coloque o possível em prática ao projetar qualquer local de atenção e serviço ao idoso. Conhecer minuciosamente o usuário para qual estamos projetando é o que diferencia um projeto de verdade de um simples edifício. Embora o idoso esteja passando por diversas transformações como as biológicas, psicológicas, sensoriais e sociais, é necessário entender que eles possuem também uma individualidade e cada um necessita de uma forma de cuidado diferente. É importante poder fazer a diferença na vida de cada um quando se projeta de forma multifuncional onde a singularidade de cada indivíduo pode ser incentivada, projetar para que todos tenham um envelhecimento saudável e ativo perante os desafios do mundo. 13 REFÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA, Elizabeth Sério; ARAUJO, Eliete Pinho. Edifícios e habitações sociais humanizados para idosos. Universitas: Arquitetura e Comunicação Social, Brasília, v. 11, n. 2, p. 7-16, 3 dez. 2014. Centro de Ensino Unificado de Brasilia. http://dx.doi.org/10.5102/uc.v11i2.2559. BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. PORTARIA MPAS/SEAS Nº 73, DE 10 DE MAIO DE 2001. Brasília, 2001 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica – Brasília : Ministério da Saúde, 2006. 192 p. il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n. 19) Centro Geriátrico Santa Rita / Manuel Ocaña" 15 Jun 2009. ArchDaily . Acessado em 25 de setembro de 2022 . <https://www.archdaily.com/24725/santa-rita-geriatric-center- manuel-ocana> ISSN 0719-8884 IBGE | Projeção da população. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/index.html>. Acesso em: 25 set. 2022. LAGE, Isabela Soares Madureira; ÁVILA, Vinícius Martins. A ARQUITETURA SENSORIAL COMO AUXÍLIO PARA OS IDOSOS. Pixo, Pelotas, v. 8, n. 7, p. 93-103, set. 2018. MAESTRELLI, Heloíse Serro. HABITAÇÃO COLABORATIVA PARA IDOSOS: UMA ARQUITETURA PARA O ENVELHECIMENTO ATIVO. 2018. 102 f. TCC (Doutorado) - Curso de Arquitetura e Urbanismo, Departamento Acadêmico de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2018. MILANEZE, Giovana Leticia Schindler. CONTRIBUIÇÕES PARA PROJETOS DE ARQUITETURA DAS INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS (ILPI), COM BASE NA ANÁLISE DE INSTITUIÇÕES EM CRICIÚMA - SC. 2013. 271 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2013. Política Nacional de Saúde do Idoso. Brasília: DOU, Portaria no. 1.395 de 09/12/1999. Política Nacional do Idoso: Lei 8.842 de 04/01/1994- Brasilia: MPAS, SAS, 1997. SILVEIRA, Carolina Morgado de Freitas. HABITAÇÃO DE SUPORTE PARA IDOSOS: CONTRIBUIÇÃO DA ARQUITETURA PARA O ENVELHECIMENTO ATIVO E SAUDÁVEL. 2019. 386 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2019 http://dx.doi.org/10.5102/uc.v11i2.2559
Compartilhar