Glândulas anexas do sistema digestório

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Glândulas anexas do sistema digestório 
MORFOLOGIA VETERINÁRIA II 
 
 
 
 
 
 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS GLÂNDULAS 
 
As glândulas são classificadas com base nas 
características morfológicas, na natureza do 
produto secretado e no modo de liberação do 
produto secretado. 
 
 
Características morfológicas 
 
 Glândulas unicelulares: 
 Consistem em uma célula secretória 
isolada em um epitélio superficial não 
secretório. 
 Exemplo: célula caliciforme. 
 
 Glândulas multicelulares: 
 Possuem mais de uma célula. 
 Glândulas endócrinas: 
o São glândulas multicelulares que não 
possuem um sistema de ductos para 
transportar o produto secretório até 
os locais de utilização. 
o Os produtos secretórios (hormônios) 
são transportados para o seu local de 
ação através da corrente sanguínea e 
da linfa. 
 Glândulas exócrinas: 
o São glândulas multicelulares que 
possuem um sistema de ductos por 
meio dos quais seus produtos 
secretórios são transportados até os 
locais de utilização. 
o Glândulas simples: possuem uma ou 
várias unidades secretórias. 
o Glândulas compostas: possuem 
muitas unidades secretórias. 
- Parênquima: porção secretória. 
- Estroma: tecido conjuntivo que dá 
sustentação. 
 
 
Natureza do produto secretório 
 
 Mucosas: 
 Secreção densa e viscosa (mucina) que 
ajuda na formação de uma cobertura 
protetora sobre o revestimento de 
órgãos ocos que se comunicam com o 
exterior do corpo. 
 Núcleo: deslocados na direção da parte 
basal da célula e achatados contra a 
membrana celular. 
 Citoplasma pálido (aspecto vacuolado). 
 
 Serosas: 
 Produto aquoso e ralo. 
 Suas células possuem núcleos esféricos 
próximos ao centro celular. 
 O citoplasma é cheio de grânulos 
secretórios. 
 Exemplos: glândula salivar parótida e a 
parte exócrina do pâncreas. 
 
 Seromucosas (mistas): 
 Contém células mucosas e serosas. 
 Em geral, as células serosas estão 
localizadas na periferia da unidade 
secretória mucosa, sendo células 
semilunares chamadas de meia-lua 
serosas. 
 As células esvaziam seu produto 
secretório seroso no lúmen da unidade 
secretória, por meio de canais entre as 
células mucosas chamados de canalículos 
intercelulares. 
 
 
Modo de liberação do produto 
secretório 
 
 Merócrinas ou écrinas: 
 Nessas glândulas, a secreção acumulada 
em grânulos é liberada pela célula por 
meio de exocitose, sem perda de 
material celular. 
 Exemplo: pâncreas. 
 
 Holócrina: 
 O produto de secreção é eliminado 
juntamente com toda a célula, processo 
que envolve a destruição das células 
repletas de secreção. 
 Exemplo: glândulas sebáceas. 
 
 Apócrinas: 
 Tipo intermediário, em que o produto de 
secreção é descarregado junto com 
pequenas porções do citoplasma apical. 
 Exemplo: glândula mamária e glândulas 
sudoríparas. 
 
 
GÂNDULAS SALIVARES 
 
Características gerais 
 
 Formadas por epitélio glandular. 
 As maiores são: parótida, mandibular e 
sublingual. 
 Saliva: 
 Mistura de produtos secretórios serosos 
e mucosos das glândulas salivares. 
 É importante no umedecimento do 
alimento ingerido e na lubrificação dos 
órgãos digestivos superiores, o que 
melhora o fluxo do material ingerido até 
o estômago. 
 
 
Parótida 
 
 É predominantemente serosa. 
 É uma glândula acinar composta, formada 
por numerosos lóbulos separados por 
septos. 
 O lóbulo consiste em ácinos formados por 
células piramidais com núcleos basais 
circundados por citoplasma basofílico. 
 O ápice de cada célula é ocupado por 
grânulos secretórios, conhecidos como 
grânulos de zimogênio, que contêm 
precursores de enzimas digestivas. 
 
 
Glândula salivar parótida (cavalo). Ácinos serosos (A) se abrindo em 
dutos intercalados (setas); ácino seroso (B). HE. Detalhe: ácino 
seroso. HE. 
Mandibular 
 
 É uma glândula tubuloacinar composta 
seromucosa. 
 A estrutura morfológica da unidade 
secretória varia de acordo com a espécie. 
Mas, geralmente, consiste em uma unidade 
tubular com um ácino terminal dilatado e 
ocorrem meias-luas serosas na periferia. No 
epitélio do ducto principal células 
caliciformes podem estar presentes. 
 
 
Glândula salivar mandibular (cavalo). A: cápsula; B: ácino mucoso; 
C: meias-luas serosas; D: ducto intercalado; E: ducto estriado. 
Detalhe: F: ácino seroso; G: ácino misto. 
 
 
Sublingual 
 
 É uma glândula tubuloacinar composta 
seromucosa. 
 A natureza seromucosa do produto 
secretório varia de acordo com a espécie. 
 Contém um número relativamente pequeno 
de meias-luas serosas. 
 
Glândula salivar sublingual (cão). Setas: ácinos mucosos com 
lúmens se esvaziando num duto intercalado (A); meias-luas serosas 
(B). 
 
 
FÍGADO 
 
O fígado é a maior glândula do corpo. Dentre as 
suas funções, pode-se destacar: 
 
 Excreção: 
 Produtos inúteis. 
 Secreção: 
 Bile. 
 Armazenamento: 
 Lipídios, vitaminas A e B e glicogênio. 
 Síntese: 
 Fibrinogênio, globulinas, albumina, 
fatores de coagulação. 
 Fagocitose: 
 Microorganismos estranhos. 
 Desintoxicação: 
 Agentes farmacológicos lipossolúveis. 
 Conjugação: 
 Substâncias tóxicas e esteroides. 
 
Fígado (porco). A: lóbulos hepáticos; B: canal portal; C: ramo da 
veia porta; setas: tecido conjuntivo interlobular. 
 
 
 Sistema porta: 
 Ramos da artéria hepática 
 Ramos da veia porta 
 Ducto biliar 
 
 Hepatócitos: 
 Núcleo: esférico, localizado no centro da 
célula. 
 Citoplasma: varia de acordo com 
mudanças nutricionais e funcionais. 
 
 Canalículos biliares e ductos biliares: 
 Os hepatócitos absorvem bilirrubina do 
sangue, conjugam esse pigmento e o 
secretam como um dos componentes da 
bile. 
 A bile é secretada em canalículos biliares, 
que são canais diminutos entre 
hepatócitos justapostos. 
 Ducto cístico: drena a vesícula biliar. 
 Ducto biliar: esvazia no duodeno. 
Formado pelo ducto cístico. 
 
 Irrigação sanguínea: 
 Veia porta: conduz o sangue dos 
intestinos e órgãos associados. 
 Artéria hepática: irriga as células 
hepáticas com sangue oxigenado. 
 
 Células de Kupffer: 
 São os macrófagos do fígado. 
 
 
VESÍCULA BILIAR 
 
A bile produzida pelo fígado é armazenada na 
vesícula biliar e concentrada pela reabsorção 
de água e sais inorgânicos. Quando está vazia, a 
mucosa da vesícula biliar fica arranjada em 
numerosas pregas. À medida que a vesícula vai 
se enchendo e sofre expansão, as pregas tem a 
tendência de se achatar, resultando numa 
superfície mucosa mais lisa. Classificação 
histológica do tecido que reveste o lúmen: 
epitélio colunar simples. 
 
 
Vesícula biliar (cão). A: epitélio colunar simples; B: células 
caliciformes; C: secções transversais de criptas mucosas; D: própria-
submucosa; E: camada muscular. Detalhe: revestimento com 
epitélio colunar simples. 
PÂNCREAS 
 
É uma glândula tubuloacinar composta que 
possui tanto a parte endócrina quanto a 
exócrina. 
 
 Função da parte exócrina: 
 Produzir enzimas como amilase, lipase e 
tripsina, que atuam nos produtos da 
digestão gástrica ao chegarem ao 
duodeno. 
 Função da parte endócrina: 
 Produz principalmente insulina e 
glucagon. Composta pelas ilhotas 
pancreáticas. 
 
As unidades secretórias do pâncreas são 
tubuloacinares, com pequeno lúmen. As células 
acinares possuem receptores para 
colecistocinina, que é produzida por células 
endócrinas no intestino delgado e estimula a 
liberação de enzimas pancreáticas e também a 
contração da musculatura da vesícula biliar. 
 
 
Pâncreas (cão). A: ácinos pancreáticos; B: duto intercalado; setas: 
células centroacinares. 
 Células centroacinares: 
 Secretam bicarbonato e água quando 
estimuladas pela secretina. O 
bicarbonato eleva o pH do conteúdo 
intestinal, o que facilita a ação das 
enzimas digestivas intestinais. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
EURELL,
J. A.; FRAPPIER, B. L. Histologia 
veterinária de Dellmann. 6. ed. São Paulo: 
Manole, 2012. 
 
 
 
 
 
Karisse Farias