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Sistema digestório de aves MORFOLOGIA VETERINÁRIA II INTRODUÇÃO O sistema digestivo das aves possui uma variação entre as espécies menor que a dos mamíferos. Há muitas variações na forma do bico e as aves não possuem dentes, pois não mastigam o alimento. Além da boca, uma variação menor existe na forma do papo, (inglúvio), o estômago possui duas câmaras e o intestino possui dois cecos, cujo grau de desenvolvimento varia entre as espécies. Os órgãos digestivos são pequenos, o que contribui para a leveza necessária para o voo, mas são bastante eficientes. OROFARINGE As aves não possuem palato mole e nenhuma constrição separando a boca da faringe. A orofaringe consiste na cavidade que vai do bico até o esôfago. O teto dessa cavidade é formado pelo palato e seu assoalho é formado por mandíbula, língua e monte laríngeo. Não possuem lábios nem dentes. O palato apresenta uma longa fissura mediana, chamada de coana que se conecta com a cavidade nasal. A parede da orofaringe é preenchida por inúmeras papilas mecânicas que auxiliam no movimento do bolo alimentar em direção ao esôfago. A língua, triangular, movimenta o bolo alimentar no interior da orofaringe e, quando a ave engole, propele o alimento para o esôfago e a coana é fechada. ESÔFAGO Localiza-se entre a traqueia e os músculos cervicais, mas logo se desvia para a direita, posição mantida por todo o comprimento do pescoço. Imagem esquemática do pescoço dissecado. Na entrada do tórax, a parede ventral do esôfago de frangos se expande para formar o papo, uma protuberância do lado direito que está em contato com os músculos peitorais. Na maioria das aves, inclusive patos e gansos, o papo é um alargamento fusiforme do esôfago. O papo estoca comida por um período curto, quando o estômago muscular está cheio. Corujas, gaivotas e pinguins não possuem papo e o alimento entra diretamente no proventrículo. Vista ventral do pescoço dissecado. 7: esôfago; 5: traqueia; 8: papo. O esôfago possui grande capacidade de distensão. Sua lâmina própria contém glândulas mucosas, cujo muco lubrifica a passagem do bolo alimentar. Não existe praticamente nenhuma atividade química no esôfago, embora a amilase salivar possa iniciar a digestão de carboidratos. Durante o período de chocagem, pombos produzem no papo um material chamado de leite do papo, que consiste em células epiteliais descamadas contendo lipídios; misturado com o alimento ingerido, o leite do papo é regurgitado e alimenta os filhotes nos primeiros dias de vida após a eclosão. ESTÔMAGO O estômago das espécies que se alimentam de peixe e de carne é um órgão de estocagem apropriado para a digestão química de uma dieta macia. O estômago de aves herbívoras é adaptado à redução mecânica do alimento mais resistente através do desenvolvimento de uma forte musculatura. As aves domésticas possuem esse tipo de estômago. Superfície ventral do estômago (A) e aberto ventralmente (B). 1: esôfago; 2: proventrículo; 3: papilas; 4: glândulas proventriculares profundas, visíveis na superfície de corte; 5: lúmen da moela; 6: saco cego caudal; 7: saco cego cranial; 8: óstio pilórico; 9: massa muscular cranioventral; 10: duodeno. O estômago das aves é dividido por uma constrição em um proventrículo glandular e um ventrículo muscular (moela), localizados um atrás do outro. Proventrículo: Está ventralmente em contato com o lobo esquerdo do fígado. Classificação histológica: epitélio simples colunar secretor de muco. Apresenta numerosas elevações macroscópicas chamadas de papilas. Tipos de células epiteliais nas glândulas: o Células produtoras de muco. o Células oxintopépticas: produzem ácido clorídrico e pepsinogênio. Ventrículo (moela): Também entra em contato com o fígado, mas possui maior contato com o esterno e a parte caudal da parede abdominal lateral esquerda. É lentiforme em herbívoros. Possui interior alongado, aumentado por sacos cegos cranial (se conecta ao proventrículo) e caudal. Músculos mais delgados recobrem os sacos cegos. A membrana mucosa é fina, mas muito resistente. É constituída por glândulas tubulares cuja secreção se solidifica na superfície. Tal secreção, catalisada pelo pH baixo decorrente do ácido clorídrico proveniente do proventrículo forma uma cutícula de coilina. O volume do órgão consiste em duas espessas massas de músculos. Classificação histológica: epitélio simples cúbico. Em aves herbívoras e onívoras, as contrações da moela trituram o alimento, auxiliadas pelos grãos de areia ou pedra ingeridos, que devem ser oferecidos na dieta. Na moela também ocorre a digestão de proteínas. Estômago aberto. Presença de areia no interior da moela (direita). INTESTINOS Ocupam a parte caudal da cavidade corporal, fazendo um extenso contato com a moela e com os órgãos reprodutivos. Consistem em duodeno, jejuno, íleo e cólon que se abre na cloaca. Em aves herbívoras, existem dois cecos que surgem na junção ileocólica. Trato intestinal isolado, com detalhe na junção ileocólica. 1: piloro; 2 e 2’: lobos dorsal e ventral do pâncreas; 3: alça do duodeno; 4: ductos biliar e pancreático entrando no duodeno; 5: jejuno; 6: divertículo vitelino; 7: íleo; 8: prega ileocecal; 9: cecos; 9’: ceco aberto; 10: tonsila cecal; 11: cólon; 11’: cólon aberto; 12: cloaca; 13: vento. Duodeno: Forma uma alça semelhante a um U que retorna à junção duodenojejunal na vizinhança do estômago. Pâncreas: Localiza-se entre os ramos da alça e desemboca na extremidade distal do duodeno. Jejuno: Forma alças espiraladas ao longo da extremidade do mesentério. Divertículo vitelino ou de Meckel: pequena protuberância que indica a conexão prévia com o saco vitelino. Íleo: Continua a partir do jejuno, sem nenhuma demarcação. Inicia no divertículo vitelino. Cecos: Fazem parte do intestino grosso. Surgem na junção ileocólica e prosseguem ao lado do íleo, ao qual estão fixados por pregas ileocecais. A quebra da celulose ocorre no ceco pela ação de bactérias. Aves carnívoras não possuem ceco. Cólon (reto): Termina em um alargamento. Não é mais espesso que o intestino delgado. Reabsorve água e eletrólitos por movimentos antiperistálticos. Vista ventral do trato gastrintestinal após o rebatimento do fígado, estômago e intestino delgado craniolateralmente e à direita. 1: papo; 2: lobo esquerdo do fígado; 3: proventrículo com o vago na superfície dorsal; 4: saco cego cranial à direita da moela rebatida; 5: baço; 6: alça do duodeno envolvendo o pâncreas; 7: jejuno; 8: divertículo vitelino; 9: íleo; 10: cecos; 11: cólon; 12: cloaca. Detalhe do estômago e da alça do duodeno com o pâncreas entre seus ramos. 4: saco cego cranial à direita da moela rebatida; 5: baço. CLOACA É comum aos sistemas digestório e reprodutivo. É dividida em coprodeu, urodeu e proctodeu. A Bursa de Frabricius está localizada na parede dorsal do proctodeu.
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