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Informativo Temático
Compilação dos Informativos STF 965 a 1002
O Informativo Temático apresenta resumos organizados por assuntos e ramos do
Direito.
Permite-se a reprodução desta publicação, no todo ou em parte, sem alteração do
conteúdo, desde que citada a fonte.
SUMÁRIO
1. DIREITO ADMINISTRATIVO..................................................................................14
1.1 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA.............................................................14
Fundação pública com personalidade jurídica de direito privado e regime 
jurídico - ADI 4247/RJ..........................................................................................14
1.2 AGENTES POLÍTICOS............................................................................................14
LC 75/1993: auxílio-moradia e prazo de concessão - 2 - MS 26415/DF.............14
1.3 AGENTES PÚBLICOS.............................................................................................15
Aposentadoria e direito adquirido a regime jurídico - 2 - Rcl 37892 AgR/SP.....15
Aproveitamento de servidores da extinta Minas Caixa e princípio do concurso 
público - 3 - ADI 1251/MG...................................................................................16
Julgamento de concessão de aposentadoria: prazo decadencial, contraditório e 
ampla defesa - 3 - RE 636553/RS.........................................................................17
Servidor aposentado pelo RGPS e reintegração sem concurso - ARE 1234192 
AgR/PR e ARE 1250903 AgR/PR.........................................................................18
1.4 CONCURSO PÚBLICO............................................................................................18
Critério de desempate em concurso público que beneficia aquele que já é 
servidor da unidade federativa - ADI 5358/PA.....................................................18
1.5 CONTRATO ADMINISTRATIVO...........................................................................19
Prorrogação de contrato de concessão de ferrovia e serviço adequado - ADI 5991
MC/DF..................................................................................................................19
1.6 PODERES ADMINISTRATIVOS.............................................................................21
Pessoa jurídica de direito privado e sanção de polícia - RE 633782/MG.............21
1.7 PROCESSO ADMINISTRATIVO............................................................................22
Servidor público e processo administrativo disciplinar - 2 - RMS 32357/DF......22
1.8 RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO..........................................................23
Covid-19 e responsabilização de agentes públicos - ADI 6421 MC/DF; ADI 6422 
MC/DF; ADI 6424 MC/DF; ADI 6425 MC/DF; ADI 6427 MC/DF; ADI 6428 
MC/DF e ADI 6431 MC/DF.................................................................................23
Responsabilidade civil do Estado e dever de fiscalizar - 3 - RE 136861/SP.........25
1.9 SERVIDORES PÚBLICOS.......................................................................................26
ADI e “Reforma Constitucional da Previdência” - 7 - ADI 3133/DF; ADI 
3143/DF e ADI 3184/DF.......................................................................................26
Ascensão funcional e provimento derivado de cargos públicos (Tema 493 RG) - 
RE 523086/MA......................................................................................................28
Atribuição de cargo em comissão e funções de direção, chefia e assessoramento -
RE 719870/MG......................................................................................................28
Inconstitucionalidade de sanções administrativas perpétuas - ADI 2975/DF.....29
Policiais civis: paridade e integralidade dos proventos de aposentadoria - ADI 
5039/RO.................................................................................................................30
Presunção de inocência e eliminação de concurso público - 4 - RE 560900/DF 31
Procuradores estaduais: honorários de sucumbência, sistema de remuneração 
por subsídio e teto constitucional - ADI 6135/GO; ADI 6160/AP; ADI 6161/AC; 
ADI 6169/MS; ADI 6177/PR e ADI 6182/RO......................................................32
Servidor público estadual: remuneração de procurador legislativo e vinculação 
ao subsídio dos ministros do STF - ADI 6436/DF................................................33
Servidores públicos: equiparação remuneratória e lei estadual anterior à EC 
19/1998 - ADPF 328/MA......................................................................................34
2. DIREITO CIVIL..........................................................................................................34
2.1 PESSOAS JURÍDICAS.............................................................................................34
Empresa individual de responsabilidade limitada e integralização do capital 
social - ADI 4637/DF............................................................................................35
2.2 RESPONSABILIDADE CIVIL.................................................................................35
Responsabilidade civil objetiva e acidente de trabalho - RE 828040/DF.............35
3. DIREITO CONSTITUCIONAL.................................................................................36
3.1 ADVOCACIA PÚBLICA..........................................................................................36
Cargo técnico com formação em Direito: autarquia estadual e atribuições de 
procurador do estado - ADI 5109 ED-segundos/ES.............................................36
3.2 COMPETÊNCIA JURISDICIONAL.........................................................................37
Contribuições sindicais de servidores estatutários e competência jurisdicional 
(Tema 994 RG) - RE 1089282/AM.......................................................................37
Foro por prerrogativa de função e ações de improbidade administrativa - ADI 
4870/ES.................................................................................................................37
3.3 CONCURSO PÚBLICO............................................................................................38
Concurso público: prazo de validade esgotado e direito à nomeação - RE 
766304/RS.............................................................................................................38
3.4 CONFLITO FEDERATIVO......................................................................................39
Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza e amortização de dívida 
pública - ACO 727/BA..........................................................................................39
Uso da Força Nacional de Segurança Pública por requerimento de Ministro de 
Estado e autonomia estadual - ACO 3427 Ref-MC/BA........................................39
3.5 CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA..................................................................40
CNJ e revisão disciplinar - 2 - MS 30364/PA.......................................................40
3.6 CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE.........................................................41
ADI: órgão de segurança pública e repristinação - 3 - ADI 2575/PR.................41
Ampliação de pedido formulado por amicus curiae - ADPF 347 TPI-Ref/DF. . .42
Compra de votos de parlamentares e inconstitucionalidade formal de EC - ADI 
4887/DF; ADI 4888/DF e ADI 4889/DF..............................................................43
Controle concentrado de constitucionalidade: suspeição e impedimento - ADI 
6362/DF.................................................................................................................44
Imposição de obrigações às concessionárias de telefonia e competência privativa 
da União - ADI 5040/PI........................................................................................44Indiciamento por autoridade policial e afastamento automático de servidor 
público - ADI 4911/DF.........................................................................................45
Legitimidade para o ajuizamento das ações de controle concentrado de 
constitucionalidade - ADI 6465 AgR/DF..............................................................46
Lei de Responsabilidade Fiscal - ADI 2238/DF...................................................46
Responsabilidade do Estado: direito à indenização e prisão por motivo político - 
ADI 3738/ES.........................................................................................................49
Ultra-atividade das convenções e acordos coletivos de trabalho e CF/1988 - 2 - 
ADI 2200/DF e ADI 2288/DF...............................................................................50
3.7 CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO......................................................................50
Roubo forjado e classificação jurídica - HC 147584/RJ......................................50
3.8 DEFENSORIA PÚBLICA.........................................................................................51
Defensoria Pública: autonomia orçamentária e repasse de duodécimos - ADPF 
384 Ref-MC/MG....................................................................................................51
3.9 DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS......................................................52
Ato jurídico perfeito e retroatividade de índices de atualização de preços - 2 - 
ADI 3005/DF.........................................................................................................52
Auditor independente e rotatividade - ADI 3033/RJ............................................53
Contrato de plano de saúde: ato jurídico perfeito e retroatividade da lei nova - 
RE 948634/RS.......................................................................................................53
Covid -19: acordos individuais e participação sindical - ADI 6363 MC-Ref/DF 54
COVID-19: direito de acesso à informação e dever estatal de transparência na 
divulgação dos dados referentes à pandemia - ADPF 690 MC-Ref/DF; ADPF 
691 MC-Ref/DF e ADPF 692 MC-Ref/DF...........................................................55
Covid-19: empresas de telefonia e compartilhamento de informações com o 
IBGE - ADI 6387 MC-Ref/DF; ADI 6388 MC-Ref/DF; ADI 6389 MC-Ref/DF; 
ADI 6390 MC-Ref/DF e ADI 6393 MC-Ref/DF..................................................56
Covid-19 e pedidos de acesso à informação - ADI 6347 MC-Ref/DF; ADI 6351 
MC-Ref/DF e ADI 6353 MC-Ref/DF...................................................................58
Covid-19 e povos indígenas - ADPF 709 Ref-MC/DF..........................................59
Escusa de consciência por motivo de crença religiosa e fixação de horários 
alternativos para realização de certame público ou para o exercício de deveres 
funcionais inerentes ao cargo público - RE 611874/DF e ARE 1099099/SP......62
Inquérito para investigar “Fake News” e ameaças contra o STF: 
constitucionalidade - 2 - ADPF 572 MC/DF........................................................63
Leiloeiro e caução para o exercício da profissão - RE 1263641/RS....................65
Liberdade de expressão e restrição à difusão de produto audiovisual em 
plataforma de “streaming” - Rcl 38782/RJ..........................................................66
Princípio da isonomia: pensão por morte e tratamento diferenciado entre homem
e mulher - RE 659424/RS.....................................................................................67
Trabalhadores avulsos e direito ao adicional de risco portuário - 3 - RE 
597124/PR.............................................................................................................67
Tribunal do Júri: autoria e materialidade e absolvição genérica - HC 
178777/MG............................................................................................................68
3.10 DIREITOS FUNDAMENTAIS...............................................................................68
Suspensão de habilitação e direito ao trabalho - RE 607107/MG.......................68
3.11 EXPULSÃO.............................................................................................................69
Estrangeiro e filho brasileiro nascido posteriormente à expulsão - 2 - RE 
608898/DF.............................................................................................................69
3.12 FINANÇAS PÚBLICAS..........................................................................................70
Covid-19 e restrições da Lei de Responsabilidade Fiscal - ADI 6357 MC-Ref/DF
...............................................................................................................................70
3.13 FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA....................................................................73
Ação de improbidade administrativa e atuação de procurador do estado - 2 - 
ARE 1165456 AgR/SE..........................................................................................73
3.14 INTERVENÇÃO DO ESTADO NO DOMÍNIO ECONÔMICO............................73
Tarifa bancária pela mera disponibilização de “cheque especial” - ADI 6407 
MC-Ref /DF..........................................................................................................73
3.15 LEGITIMIDADE.....................................................................................................74
Legitimidade de procuradores para interposição de recurso em ADI - RE 
1126828 AgR/SP...................................................................................................74
3.16 MEIO AMBIENTE..................................................................................................75
Medida cautelar em ADPF: resoluções do Conama e proibição do retrocesso 
socioambiental - ADPF 747 MC-Ref/DF; ADPF 748 MC-Ref/DF e ADPF 749 
MC-Ref/DF...........................................................................................................75
3.17 ORDEM SOCIAL....................................................................................................76
ADI: medicamento, autorização por lei e ausência de registro sanitário - ADI 
5501/DF.................................................................................................................76
Benefício social e vinculação ao salário mínimo - ADI 4726/AP........................77
Direito à saúde e dever de o Estado fornecer medicamento - 3 - RE 566471/RN77
Verbas destinadas à educação e bloqueio judicial - ADPF 484/AP.....................79
3.18 ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA..........................................81
Empresa estatal e participação nos lucros ou resultados - ADI 5417/DF...........81
3.19 ORGANIZAÇÃO DO ESTADO.............................................................................82
Abin: Sistema Brasileiro de Inteligência e fornecimento de dados e de 
conhecimentos específicos - ADI 6529 MC/DF....................................................82
Afastamento de norma e contrariedade à cláusula de reserva de plenário - RE 
635088 AgR-segundo/DF......................................................................................85
Competência privativa da União e suspensão de obrigação financeira por lei 
estadual - ADI 6495/RJ.........................................................................................85
Composição de órgão da Administração Pública estadual e participação de 
representante de seccional da OAB - ADI 4579/RJ.............................................86
Covid-19: requisições administrativas de bens e serviços e federalismo 
cooperativo............................................................................................................86
Covid-19: saúde pública e competência concorrente - ADI 6341 MC-Ref/DF....89
Covid-19: transporte intermunicipal e interestadual e competência - 2 - ADI6343 MC-Ref/DF...................................................................................................91
Direito do Consumidor e normas sobre a exposição de produtos orgânicos - ADI 
5166/SP.................................................................................................................92
Distribuição de competência legislativa: serviço de telefonia e extrato detalhado 
de planos pré-pagos - ADI 5724/PI.......................................................................92
Energia nuclear e competência legislativa dos entes federados - ADI 330/RS....93
Loterias e competência administrativa dos estados-membros - ADPF 492/RJ; 
ADPF 493/DF e ADI 4986/MT.............................................................................93
Postagem de boleto de cobrança e competência legislativa concorrente - ARE 
649379/RJ..............................................................................................................95
Relatório de segurança e investigação sigilosa de servidores públicos - ADPF 
722 MC/DF...........................................................................................................96
Rotulagem de produtos transgênicos e competência legislativa dos entes 
federados - ADI 4619/SP.......................................................................................97
Titularidade de terras devolutas: ônus da prova e segurança jurídica - ACO 
158/SP...................................................................................................................99
3.20 ORGANIZAÇÃO DOS PODERES.......................................................................101
ADI: Poder Legislativo estadual e participação em nomeações - 2 - ADI 2167/RR
.............................................................................................................................101
Atuação de advogado como testemunha e sigilo profissional - Rcl 37235/RR. .102
CNJ e CNMP: competência do STF e art. 106 do RICNJ - Pet 4770 AgR/DF; Rcl
33459 AgR/PE e ADI 4412/DF...........................................................................103
Covid-19: direito do trabalho e pandemia do novo Coronavírus - 2 - ADI 6342 
Ref-MC/DF; ADI 6344 Ref-MC/DF; ADI 6346 Ref-MC/DF; ADI 6348 Ref-
MC/DF; ADI 6349 Ref-MC/DF; ADI 6352 Ref-MC/DF e ADI 6354 Ref-MC/DF
.............................................................................................................................105
Prerrogativa de foro: defensor público e procurador de estado - ADI 6501 Ref-
MC/PA; ADI 6508 Ref-MC/RO; ADI 6515 Ref-MC/AM e ADI 6516 Ref-MC/AL
.............................................................................................................................106
3.21 PARTIDO POLÍTICO...........................................................................................107
Partidos políticos: apoiamento de eleitores não filiados e limites para criação, 
fusão e incorporação - ADI 5311/DF.................................................................107
3.22 PODER JUDICIÁRIO...........................................................................................109
CF, art. 37, XI e § 12º: magistratura estadual, subteto remuneratório e 
inconstitucionalidade do tratamento diferenciado - ADI 3854/DF e ADI 4014/DF
.............................................................................................................................109
Competência jurisdicional e fase pré-contratual de seleção e de admissão de 
pessoal - RE 960429/RN.....................................................................................110
Justiça competente: arquivamento de inquérito e crime eleitoral - Rcl 34805 
AgR/DF...............................................................................................................111
Magistratura e limite etário para ingresso na carreira - ADI 5329/DF.............112
Tribunal de justiça: eleição de órgão diretivo - ADI 3976/SP e MS 32451/DF.112
3.23 PRECATÓRIO.......................................................................................................113
Precatório: juros de mora e período compreendido entre a data da expedição e o 
efetivo pagamento - RE 594892 AgR-ED-EDv/RS.............................................113
3.24 PROCESSO LEGISLATIVO.................................................................................114
Medida provisória e controle judicial - ADI 5599/DF........................................114
3.25 RECLAMAÇÃO....................................................................................................114
Desautorização de entrevista com preso e censura prévia - Rcl 32052 AgR/MS
.............................................................................................................................114
3.26 SEGURIDADE SOCIAL.......................................................................................115
Conflito Federativo: corte de benefício do Bolsa Família e isonomia - ACO 3359 
Ref-MC/DF.........................................................................................................115
Covid-19: ADO e fixação de renda temporária mínima - ADO 56/DF..............116
3.27 SEPARAÇÃO DE PODERES...............................................................................117
Criação de conselho de representantes e fiscalização de ações do Executivo - RE 
626946/SP............................................................................................................117
Petrobras: criação de subsidiárias e alienação de ativos - Rcl 42576 MC/DF. .118
3.28 SEQUESTRO DE VERBAS PÚBLICAS..............................................................118
Bloqueio de verbas públicas e pagamento de débitos de natureza trabalhista - 
ADPF 485/AP......................................................................................................118
3.29 SERVIDORES PÚBLICOS...................................................................................119
Teto remuneratório e incidência sobre somatório de remuneração ou provento e 
pensão - RE 602584/DF......................................................................................119
3.30 SIMETRIA FEDERATIVA...................................................................................120
Tribunal de contas e autonomia municipal - 2 - ADI 346/SP e ADI 4776/SP...120
3.31 TRIBUTOS............................................................................................................121
COFINS: ampliação da base de cálculo e majoração de alíquota - 2 - RE 
570122/RS...........................................................................................................121
4. DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE.................................................121
4.1 PROFISSIONALIZAÇÃO E TRABALHO.............................................................121
CF, art. 7º, XXXIII: EC 20/1998 e idade mínima para o trabalho - ADI 2096/DF
.............................................................................................................................121
5. DIREITO ELEITORAL............................................................................................122
5.1 ELEIÇÃO................................................................................................................122
Identificação do eleitor: título de eleitor e documento com foto - ADI 4467/DF
.............................................................................................................................122
Indeferimento de registro, cassação de diploma ou mandato e novas eleições - 
RE 1096029/MG..................................................................................................123
Inelegibilidade: configuração de ato doloso de improbidade administrativa e fato 
superveniente - ARE 1197808 AgR-segundo e terceiro/SP................................123
5.2 SISTEMA ELEITORAL..........................................................................................125Cláusula de desempenho individual e constitucionalidade - ADI 5920/DF......125
Covid-19: suspensão de prazos para filiação partidária, comprovação de 
domicílio eleitoral e desincompatibilização de função pública - ADI 6359 Ref-
MC/DF................................................................................................................126
Dispensa da exigência de votação mínima e distribuição das vagas 
remanescentes - ADI 5947/DF............................................................................127
Sistema de representação proporcional e distribuição das vagas remanescentes - 
ADI 5420/DF.......................................................................................................128
6. DIREITO FINANCEIRO..........................................................................................129
6.1 LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL...............................................................129
COVID-19: limites da despesa total com pessoal e regime extraordinário fiscal e 
financeiro - ADI 6394/AC...................................................................................129
7. DIREITO PENAL......................................................................................................129
7.1 CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO...............................................................130
Crime de fuga e direito à não autoincriminação - ADC 35/DF.........................130
7.2 CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E LEGISLAÇÃO PENAL 
ESPECIAL.....................................................................................................................130
Corrupção passiva e danos morais coletivos - AP 1002/DF...............................130
7.3 CRIMES CONTRA A HONRA...............................................................................132
Ação penal privada: difamação, vídeo com conteúdo fraudulento e divulgação 
em rede social de parlamentar - AP 1021/DF....................................................132
Discurso de parlamentar e crime contra honra - PET 7174/DF........................134
7.4 CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO 
EM GERAL...................................................................................................................134
Crime de desobediência: ato atentatório à dignidade da Justiça e tipicidade - 2 - 
HC 169417/SP.....................................................................................................134
7.5 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE..........................................................................135
Prescrição penal e natureza constitucional - RE 1241683 AgR/RS...................135
7.6 LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL........................................................................135
Execução provisória da pena: filho menor e prisão domiciliar - 2 - HC 154694 
AgR/SP................................................................................................................135
7.7 PENA.......................................................................................................................136
Causa de diminuição: pagamento do principal e arrependimento posterior - HC 
165312/SP............................................................................................................136
7.8 PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA.....................................................................137
Paciente reincidente e absolvição pelo princípio da insignificância - RHC 
174784/MS..........................................................................................................137
Princípio da insignificância: reincidência e furto cometido no período noturno - 
HC 181389 AgR/SP.............................................................................................137
7.9 REINCIDÊNCIA.....................................................................................................138
Comprovação da reincidência – Inexistência de forma específica - HC 162548 
AgR/SP................................................................................................................138
8. DIREITO PREVIDENCIÁRIO................................................................................138
8.1 BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS......................................................................138
Art. 18, § 2º, da Lei 8.213/1991: “desaposentação” e “reaposentação” - RE 
381367 ED/RS e RE 827833 ED/SC...................................................................138
9. DIREITO PROCESSUAL CIVIL.............................................................................139
9.1 AÇÃO RESCISÓRIA..............................................................................................139
Omissão no julgado e ação rescisória - AR 2107/SP..........................................139
9.2 “AMICUS CURIAE”...............................................................................................140
Indeferimento de ingresso de “amicus curiae” e recorribilidade - 4 - ADI 3396 
AgR/DF...............................................................................................................140
9.3 AUXILIARES DA JUSTIÇA..................................................................................141
Atribuições dos oficiais de justiça - ADI 4853/MA.............................................141
9.4 DEPÓSITOS JUDICIAIS........................................................................................141
Fundo especial do Poder Judiciário e fontes de receitas - ADI 4981/RR..........141
9.5 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.........................................................................142
Embargos de declaração e jurisprudência superveniente - Rcl 15724 AgR-ED/PR
.............................................................................................................................142
9.6 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.........................................................................143
Honorários advocatícios e recursos do Fundef - 2 - ARE 1107296 AgR/PE.....143
9.7 LEGITIMIDADE.....................................................................................................144
Procurador municipal e interposição de recurso extraordinário - RE 1068600 
AgR-ED-EDv/RN................................................................................................144
9.8 PROCESSO EM GERAL........................................................................................144
Sustentação oral e julgamento iniciado no Plenário Virtual - ADI 4735/DF. . .144
9.9 RECLAMAÇÃO......................................................................................................145
Reclamação: sistemática da repercussão geral e julgamento de REsp pelo STJ - 3
- Rcl 24810 AgR/MG...........................................................................................145
9.10 RECURSOS...........................................................................................................146
Recurso extraordinário com agravo e decisão em ADI - ARE 1179455 AgR/PI
.............................................................................................................................146
10. DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO...........................................147
10.1 EXECUÇÃO..........................................................................................................147
Reclamação: Tema 253 da repercussão geral, Metrô-DF e execução - Rcl 29637 
AgR/DF...............................................................................................................147
11. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO...........................................................148
11.1 RECURSOS...........................................................................................................148
CLT, art. 896-A: recurso de revista, ausência de transcendência e repercussão 
geral - Rcl 36958 AgR/SP e Rcl 40652 AgR/DF.................................................14812. DIREITO PROCESSUAL PENAL...........................................................................149
12.1 AÇÃO PENAL.......................................................................................................149
Estelionato: representação da vítima e retroatividade - HC 187341/SP............149
12.2 COLABORAÇÃO PREMIADA............................................................................149
Colaboração premiada: acesso a documentos e exercício do contraditório e da 
ampla defesa - Pet 7494 AgR/DF........................................................................149
Colaboração premiada e exercício do direito de defesa - 2 - Rcl 30742 AgR/SP
.............................................................................................................................151
12.3 COMPETÊNCIA...................................................................................................151
Delação premiada e fixação de competência - HC 181978 AgR/RJ..................151
Inquérito: declínio de competência e não encerramento de instrução processual -
2 - Pet 7716 AgR/DF...........................................................................................152
12.4.DOSIMETRIA DA PENA.....................................................................................153
Ações penais em andamento e causa de diminuição da pena - HC 173806/MG
.............................................................................................................................153
Lei de Drogas: causa de diminuição de pena e ações penais em andamento - HC 
166385/MG..........................................................................................................153
12.5 EXECUÇÃO DA PENA........................................................................................154
Falta grave no curso da execução penal e necessidade de trânsito em julgado 
(Tema 758 RG) - RE 776823/RS.........................................................................154
12.6 “HABEAS CORPUS”............................................................................................155
Acordo de delação premiada e impugnação - 3 - HC 142205/PR e HC 143427/PR
.............................................................................................................................155
Cabimento de habeas corpus e liberdade de ir e vir - HC 170735/RJ................156
“Habeas corpus” e desentranhamento de termo de colaboração de corréu - HC 
163943 AgR/PR...................................................................................................157
Prisão domiciliar: condenada com filho menor e decisão transitada em julgado - 
HC 177164/PA....................................................................................................159
RHC: imparcialidade do julgador e produção de provas - RHC 144615 AgR/PR
.............................................................................................................................159
12.7 JUIZADOS ESPECIAIS........................................................................................162
Competência relativa dos juizados especiais para aplicação dos institutos da 
transação penal e da composição dos danos civis na reunião de processos - ADI 
5264/DF...............................................................................................................162
12.8 NULIDADES.........................................................................................................163
Nulidade e inquirição de perguntas realizadas diretamente pelo juiz - HC 
161658/SP............................................................................................................163
12.9 NULIDADES E RECURSOS EM GERAL...........................................................163
Duração de sustentação oral e nulidade - 2 - HC 164535 AgR/RJ....................163
12.10 PRISÃO, MEDIDAS CAUTELARES E LIBERDADE PROVISÓRIA..............164
Cuidado a menor e à pessoa com deficiência e substituição de prisão preventiva -
HC 165704/DF....................................................................................................164
12.11 PRISÃO PREVENTIVA......................................................................................164
Inobservância de prazo nonagesimal e revogação automática de prisão 
preventiva - SL 1395 MC Ref/SP........................................................................164
12.12 PROCESSO EM GERAL.....................................................................................165
Audiência de custódia: prisão em flagrante e Lei 13.964/2019 - HC 188888/MG
.............................................................................................................................165
Citação por edital (CPP, art. 366): suspensão do prazo prescricional e limitação 
ao tempo da prescrição em abstrato (Tema 438 RG) - RE 600851/DF..............167
Prisão preventiva e Pacote Anticrime - HC 179859 AgR/RS.............................168
Tráfico de drogas: denúncia anônima e busca e apreensão - HC 180709/SP...169
12.13 PROCESSOS EM ESPÉCIE................................................................................170
Julgamento de promotor de justiça e interrogatório - 2 - HC 178252/ES.........170
Tribunal do Júri: absolvição e decisão contrária à prova dos autos - 2 - RHC 
170559/MT..........................................................................................................170
12.14 PROVA................................................................................................................171
Crime de incêndio e fonte de prova - HC 136964/RS.........................................171
13. DIREITO TRIBUTÁRIO..........................................................................................172
13.1 CONTRIBUIÇÃO SOCIAL..................................................................................172
PIS e Cofins: alíquota diferenciada e princípios da isonomia, da capacidade 
contributiva e da livre concorrência - RE 633345/ES........................................172
13.2 CONTRIBUIÇÕES................................................................................................172
Contribuição ao PIS/Pasep e Cofins: legalidade tributária e anterioridade 
nonagesimal (Tema 939 RG) - RE 1043313/RS e ADI 5277/DF.......................173
EC 33/2001: contribuição destinada ao Sebrae, à Apex e à ABDI e folha de 
salários - 2 - RE 603624/SC................................................................................174
13.3 GARANTIAS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO.......................................................175
Medidas administrativas para garantia do crédito tributário - ADI 5881/DF; ADI
5886/DF e ADI 5890/DF; ADI 5925/DF; ADI 5931/DF e ADI 5932/DF.........175
13.4 LIMITAÇÕES AO PODER DE TRIBUTAR........................................................176
Imunidade tributária e exportação indireta - 2 - ADI 4735/DF e RE 759244/SP
.............................................................................................................................176
13.5 PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE....................................................................177
Majoração indireta de tributo e incidência do princípio da anterioridade - RE 
1253706 AgR/RS.................................................................................................178
13.6 REGIMES ESPECIAIS DE TRIBUTAÇÃO.........................................................178
Refis: exclusão de pessoa jurídica e necessidade de prévia notificação - RE 
669196/DF...........................................................................................................178
13.7 RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA................................................................179
Responsabilidade tributária solidária de terceiros - ADI 4845/MT...................179
13.8 TRIBUTOS............................................................................................................179ADCT, art. 91: ICMS, omissão legislativa, prorrogação de prazo e acordo em 
âmbito federativo - ADO 25 QO/DF...................................................................179
Compra de óleo básico e incidência de ICMS - RE 642564 AgR/RJ.................181
ICMS: importação de gás natural e sujeito ativo - ACO 854/MS; ACO 1076/MS; 
ACO 1093/MS.....................................................................................................182
Substituição tributária e requerimento administrativo - 2 - ARE 1184956 AgR/SP
.............................................................................................................................184
1. DIREITO ADMINISTRATIVO
1.1 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA
Fundação pública com personalidade jurídica de direito privado e regime jurídico - ADI
4247/RJ
É constitucional a legislação estadual que determina que o regime jurídico celetista incide
sobre as relações de trabalho estabelecidas no âmbito de fundações públicas, com personalidade
jurídica de direito privado, destinadas à prestação de serviços de saúde (1).
A fundação pública, com personalidade jurídica de direito privado, é dotada de patrimônio e
receitas próprias, autonomia gerencial, orçamentária e financeira para o desempenho da atividade prevista
em lei [art. 1º da Lei Complementar (LC) 118/2007 do estado do Rio de Janeiro (2)]. Nessa configuração,
o Estado não toca serviço público na área da saúde. Ele se utiliza de pessoa interposta — de natureza
privada — que, então, adentra o mercado de trabalho e contrata. 
Assim, havendo uma opção do legislador pelo regime jurídico de direito privado, é decorrência
lógica dessa opção que seja adotado para o pessoal das fundações autorizadas o regime celetista. 
No caso, trata-se de ação direta de inconstitucionalidade ajuizada em face da LC 118/2007, e do
art. 22 da Lei 5.164/2007 (3), ambas do estado do Rio de Janeiro, que dispõem sobre a criação de
fundações públicas, com personalidade jurídica de direito privado, destinadas à prestação de serviços de
saúde, observado o regime jurídico da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Com esse entendimento, o Plenário julgou improcedente o pedido formalizado. Os ministros Dias
Toffoli, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Rosa Weber, Luiz Fux e Ricardo
Lewandowski acompanharam o relator com ressalvas apenas para agregar fundamento específico acerca
da distinção entre fundação pública de direito público e fundação pública de direito privado, nos termos
do que decidido no RE 716.378, submetido à sistemática da repercussão geral.
(1) LC 118/2007 e Lei 5.164/2007 do estado do Rio de Janeiro.
(2) LC 118/2007: “Art. 1º. Fica a atividade de saúde enquadrada, para os fins do art. 37, inciso XIX, da Constituição
Federal, como área de atuação passível de exercício por fundação pública de direito privado.”
(3) Lei 5.164/2007: “Art. 22. O regime jurídico que regerá as relações de trabalho das Fundações, mencionadas nesta Lei,
será o previsto na Consolidação das Leis de Trabalho, disciplinado no Decreto-lei 5.452, de 1º de maio de 1943 e demais normas
pertinentes.”
ADI 4247/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento virtual finalizado em 3.11.2020. (INF 997)
1.2 AGENTES POLÍTICOS
LC 75/1993: auxílio-moradia e prazo de concessão - 2 - MS 26415/DF
A Segunda Turma, em conclusão de julgamento e por maioria, denegou a ordem em mandado de
segurança impetrado contra ato do Procurador-Geral da República (PGR), que, por entender expirado o
prazo máximo de pagamento de auxílio-moradia, indeferiu o pedido de pagamento retroativo do benefício
aos impetrantes, membros do Ministério Público da União (Informativo 801).
Em síntese, alegava-se, na impetração, que a Portaria PGR 465/1995 teria inovado a ordem
jurídica, pois teria criado indevida limitação temporal — de dois anos — para o respectivo pagamento,
em vez de apenas elencar as cidades brasileiras que se enquadrariam nas condições necessárias para a
concessão do auxílio. Logo, seria devido o pagamento retroativo de valores que deveriam ter sido
recebidos entre 21.2.2006 — quando expirado o referido prazo e cessado, em razão disso, o pagamento
do benefício — e a edição da Portaria PGR 484/2006, que aumentara o prazo para cinco anos. 
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2492727
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9971.pdf
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2680930
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2680930
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5fa1c6158c17256d6aee5e1c/9173e877f18f89abe564212c69c6cf4d/ADI_4247.mp3
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e7c01bad7b9b25c9150f92c/d1653cb6643b58a6de424b61435a9214/LC_75_de_1993_-_aux%C3%ADlio-moradia_e_prazo_de_concess%C3%A3o_%E2%80%93_2.mp3
O colegiado rejeitou o argumento de que o art. 227, VIII, da Lei Complementar (LC) 75/1993 (1)
não deixaria espaço para que o regulamento impusesse outras restrições. Esclareceu que o mencionado
artigo constitui moldura de uma garantia institucional que permite ao PGR, em determinados casos,
estabelecer a razoabilidade na situação de fato. Entender que a estipulação de prazo de duração ofende o
princípio da legalidade resulta em flagrante violação ao disposto no regime de subsídio, em parcela única,
determinado pela Emenda Constitucional (EC) 19/1998. 
Além disso, a Turma ponderou que a restrição atende ao princípio da razoabilidade, pois o auxílio-
moradia tem caráter provisório e precário, não devendo se dilatar eternamente no tempo. O recebimento
do aludido benefício sem limitação temporal configuraria verdadeira parcela remuneratória. 
Enfatizou que o pagamento do auxílio-moradia por prazo certo constitui legítima atuação
discricionária do PGR, a fim de indenizar a despesa realizada com moradia pelos membros do Parquet
que optaram por residir e trabalhar nas localidades alcançadas pela vantagem. É uma forma de indenizar e
de incentivar o provimento inicial e imediato de vagas nos locais considerados de difícil acesso.
Entretanto, não há justificativa para a dilação indeterminada no recebimento do benefício.
Vencido o ministro Teori Zavascki (relator), que concedeu a ordem para restabelecer o pagamento
do auxílio-moradia. A seu ver, a LC 75/1993 previu o direito ao benefício nas localidades indicadas pelo
PGR, mas não atribuiu a ele o poder de estabelecer um prazo máximo de concessão.
(1) LC 75/1993: “Art. 227. Os membros do Ministério Público da União farão jus, ainda, às seguintes vantagens: (...) VIII –
auxílio-moradia, em caso de lotação em local cujas condições de moradia sejam particularmente difíceis ou onerosas, assim definido
em ato do Procurador-Geral da República;”
MS 26415/DF, rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgamento em
17.3.2020. (INF 970)
1.3 AGENTES PÚBLICOS
Aposentadoria e direito adquirido a regime jurídico - 2 - Rcl 37892 AgR/SP
A Primeira Turma, em conclusão de julgamento e por maioria, deu provimento a agravo
regimental, a fim de que seja reformado o ato recorrido e julgada improcedente a reclamação, na qual se
alegava haver desrespeito ao que decidido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na ADI 4.420
(Informativo 968).
O exame dos agravos regimentais interpostos nas reclamações 37.636 e 37.940 foi adiado por
indicação do ministro Roberto Barroso. 
No caso, o reclamante, antigo titular do cargo de escrevente notarial do estado de São Paulo, teve
duas aposentadorias concedidas nos termos da Lei 10.393/1970 daquela unidade federativa.
Posteriormente, a norma foi revogada pela Lei estadual 14.016/2010, que alterou condições estabelecidas
à época da concessão dos benefícios. Em razão disso, ajuizou ação declaratória de revisão de
aposentadoria, que foi julgada improcedente.Na reclamação, arguia ter sido estabelecido, no paradigma citado, que não poderiam ser
alcançados pelos efeitos da legislação de 2010 aqueles que estivessem em pleno gozo de suas
aposentadorias, dentro das regras da lei de 1970.
De início, o colegiado superou a questão da alegada nulidade do ato agravado decorrente da
ausência de citação do estado de São Paulo, beneficiário do acórdão reclamado, haja vista a
improcedência da reclamação [Código de Processo Civil (CPC), art. 282, § 2º (1)]. 
No mérito, considerou que a decisão reclamada não possui aderência estrita ao paradigma
indicado. Na ADI 4.420, o STF garantiu a situação jurídica de quem já tinha se aposentado ou preenchido
os requisitos para a obtenção do benefício. Não houve a intenção de se assegurar o direito à manutenção
da indexação de benefício de aposentadoria ao salário-mínimo ou impedir a majoração de alíquotas. O
tema em análise não foi ali discutido. 
Ademais, a lei prevê novos critérios para reajustes futuros e inexiste direito adquirido à
manutenção de regime jurídico anterior. 
O ministro Roberto Barroso agregou que a decisão reclamada não está em conflito com a
jurisprudência do STF ao compreender pela aplicabilidade da nova lei para a atualização do benefício da
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5809833
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo970.htm
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e7173f26f0531272e0e0493/baba591bda305c3965222da9134663ad/Aposentadoria_e_direito_adquirido_a_regime_jur%C3%ADdico_-_2.mp3
aposentadoria. Igualmente, está correta na parte em que declarou a não recepção da Lei 10.393/1970. O
referido diploma indexou a aposentadoria ao valor do salário-mínimo, o que é expressamente vedado pela
Constituição Federal (art. 7º, IV). Compreensão ratificada pelo STF no Enunciado 4 da Súmula
Vinculante (2). 
No tocante à alteração da alíquota da contribuição previdenciária, o ministro asseverou também
inexistir violação ao precedente mencionado. Além de não haver direito adquirido a regime jurídico, é
pacífico o entendimento do STF segundo o qual a contribuição previdenciária possui natureza jurídica
tributária. Complementou inexistir norma jurídica válida que confira o direito ao não recolhimento de
tributo. 
Vencidos os ministros Alexandre de Moraes (relator) e Rosa Weber, que desproveram o agravo
interposto da decisão de procedência da reclamação. O relator registrou que a extinção da carteira de
previdência das serventias não oficializadas daquele ente federado, embora seja possível por lei estadual,
e operada pela lei de 2010, deve respeitar o direito adquirido dos participantes que teriam jus aos
benefícios à época da edição da nova lei. Concluiu que o reclamante foi indevidamente submetido às
regras da lei de 2010, porque suas aposentadorias foram concretizadas no regime anterior. 
(1) CPC: “Art. 282. (...) § 2º Quando puder decidir o mérito a favor da parte a quem aproveite a decretação da nulidade, o
juiz não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta.”
(2) Enunciado 4 da Súmula Vinculante: “Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário mínimo não pode ser usado
como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser substituído por decisão judicial.”
Rcl 37892 AgR/SP, rel. orig. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgamento 
em 10.3.2020. (INF 969)
Aproveitamento de servidores da extinta Minas Caixa e princípio do concurso público - 3 -
ADI 1251/MG
Em conclusão de julgamento, o Plenário assentou a procedência de pedido formulado em ação
direta para declarar a inconstitucionalidade do art. 3º da Lei 11.816/1995 do estado de Minas Gerais (1).
Ademais, em votação majoritária, modulou os efeitos da decisão para que a declaração de
inconstitucionalidade da norma retroaja à data do deferimento da medida cautelar (Informativo 524). 
De início, o colegiado, por maioria, rejeitou preliminar de inadmissibilidade da ação, aduzida em
face de ter sido ajuizada após decorrido o prazo previsto na lei para os servidores públicos estaduais à
disposição do Tribunal de Contas mineiro requererem a integração ao Quadro Especial de Pessoal
daquela Corte de Contas.
Assinalou não ter ocorrido o pleno exaurimento da eficácia da norma impugnada que resultasse na
inadmissibilidade da ação direta. Trata-se de lei que fixa prazo para o exercício de um direito. Entretanto,
é uma lei de efeitos permanentes. Ao mesmo tempo em que estabelece o prazo de trinta dias para o
requerimento dos servidores, reconhece a eles, quando atendidos os requisitos estabelecidos, o direito de
integrar o quadro do Tribunal de Contas. 
Sublinhou estar em discussão exatamente a hipótese de integração de servidores público àquele
quadro sem a realização de concurso público. Portanto, persiste a natureza abstrata da norma, apta a
desafiar, ainda hoje, sua análise em sede de controle concentrado de constitucionalidade.
Além disso, em situação análoga, o Supremo Tribunal Federal superou questão de ordem para
conhecer da ação. Na oportunidade, não reconheceu a existência de norma impregnada de eficácia
temporária, sujeitando-a ao controle abstrato de constitucionalidade (ADI 2.986 QO).
No ponto, vencido o ministro Marco Aurélio, que não admitiu a ação. Ante a vigência delimitada
no tempo, avaliou não se estar diante de ato normativo abstrato autônomo que ainda surta efeitos, mas a
examinar situações concretas dos servidores que optaram pela integração. Por isso, a inadequação do
instrumental. 
O Plenário julgou procedente a pretensão, haja vista o dispositivo em exame afrontar o princípio
do concurso público [Constituição Federal (CF), art. 37, II (2)].
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=1610670
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo969.htm
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5f3450f83d5c1f12bae596bb/a7112ea1ad98d9491b34519c5ef71785/Aproveitamento_de_servidores_da_extinta_Minas_Caixa_e_princ%C3%ADpio_do_concurso_p%C3%BAblico_-_3.mp3
https://www.youtube.com/watch?v=OuUk62CU7QM&list=PLippyY19Z47sW7JAYyw75LwQ9Lx-YRy5c
Ato contínuo, a decisão foi modulada com efeitos ex nunc. A declaração de inconstitucionalidade
do preceito impugnado retroagiu à data do deferimento da medida cautelar, em 30.6.1995, placitadas as
situações jurídicas dos funcionários que ingressaram no quadro do Tribunal de Contas antes de ser
concedida a medida. 
Vencido o ministro Marco Aurélio quanto à modulação dos efeitos. A seu ver, os servidores ou
optaram no prazo preceituado na lei ou não o fizeram. Logo, inexistiria campo para implementar-se a
modulação. Por fim, o ministro consignou ser contrário à denominada “inconstitucionalidade útil”. 
(1) Lei 11.816/1995: “Art. 3º O servidor público estadual à disposição do Tribunal de Contas em 30 de novembro de 1994
poderá requerer sua integração ao Quadro Especial de Pessoal do referido Tribunal, no prazo de 30 (trinta) dias contados da data da
publicação desta lei.”
(2) CF: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também,
ao seguinte: (...) II – a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de
provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as
nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração;” 
ADI 1251/MG, rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 6.8.2020. (INF 985)
Julgamento de concessão de aposentadoria: prazo decadencial, contraditório e ampla defesa -
3 - RE 636553/RSEm atenção aos princípios da segurança jurídica e da confiança legítima, os Tribunais de Contas
estão sujeitos ao prazo de cinco anos para o julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de
aposentadoria, reforma ou pensão, a contar da chegada do processo à respectiva Corte de Contas.
Com base nesse entendimento, o Plenário, em conclusão e por maioria, ao apreciar o Tema 445 da
repercussão geral, negou provimento a recurso extraordinário em que se discutia se o Tribunal de Contas
da União (TCU) deve observar o prazo decadencial de cinco anos, previsto no art. 54 da Lei 9.784/1999
(1), para julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria e a necessidade de
observância do contraditório e da ampla defesa (Informativos 955 e 966).
No caso, a aposentadoria foi concedida pelo órgão de origem em 1º.9.1995. Em 18.7.1996, o
processo administrativo chegou ao TCU. Em 4.11.2003, o TCU, ao analisar a legalidade da aposentadoria
do servidor público concedida há mais sete anos, constatou a existência de irregularidades e, por essa
razão, considerou ilegal o ato de concessão.
O Tribunal, seguindo sua jurisprudência dominante, considerou que a concessão de aposentadoria
ou pensão constitui ato administrativo complexo, que somente se aperfeiçoa após o julgamento de sua
legalidade pela Corte de Contas.
Nesses termos, por constituir exercício da competência constitucional (CF, art. 71, III) (2), tal ato
ocorre sem a participação dos interessados e, portanto, sem a observância do contraditório e da ampla
defesa.
Entretanto, por motivos de segurança jurídica e necessidade da estabilização das relações, é
necessário fixar-se um prazo para que a Corte de Contas exerça seu dever constitucional.
Diante da inexistência de norma que incida diretamente sobre a hipótese, aplica-se ao caso o
disposto no art. 4º do Decreto-lei 4.657/1942 (3), a Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro
(LINDB).
Assim, tendo em vista o princípio da isonomia, seria correta a aplicação, por analogia, do Decreto
20.910/1932 (4).
Portanto, se o administrado tem o prazo de cinco anos para buscar qualquer direito contra a
Fazenda Pública, também deve-se considerar que o Poder Público, no exercício do controle externo, tem
o mesmo prazo para rever eventual ato administrativo favorável ao administrado.
Desse modo, a fixação do prazo de cinco anos se afigura razoável para que o TCU proceda ao
registro dos atos de concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, após o qual se considerarão
definitivamente registrados.
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4043019
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal985.pdf
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e56dd5ef0fdaf28d306bb18/d8b53d8e59749173e46ce7efd7d3f11d/Julgamento_de_concess%C3%A3o_de_aposentadoria_-_prazo_decadencial%2C_contradit%C3%B3rio_e_ampla_defesa_%E2%80%93_3.mp3
https://www.youtube.com/watch?v=2S_JgGzPLNM&list=PLippyY19Z47sYhXMdb9wl9eMbF8O96Xh9&index=2
Por conseguinte, a discussão acerca da observância do contraditório e da ampla defesa após o
transcurso do prazo de cinco anos da chegada do processo ao TCU encontra-se prejudicada. Isso porque,
findo o referido prazo, o ato de aposentação considera-se registrado tacitamente, não havendo mais a
possibilidade de alteração pela Corte de Contas.
Os ministros Gilmar Mendes (relator) e Alexandre de Moraes reajustaram os seus votos.
O ministro Edson Fachin acompanhou o relator quanto à parte dispositiva. Enfatizou, porém, que o
ato de concessão de aposentadoria é um ato simples e não complexo. Além disso, o prazo de cinco anos
inicia-se com a publicação do ato pelo órgão de origem e não da chegada do processo administrativo ao
TCU.
Vencido o ministro Marco Aurélio, que deu provimento ao recurso extraordinário. Salientou que o
ato de concessão de aposentadoria pelo órgão de origem do servidor não é ato jurídico perfeito e acabado,
de modo que a Administração Pública não decai da possibilidade de proceder à análise da higidez do ato.
(1) Lei 9.784/1999: “Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos
favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. § 1º No
caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento. § 2º Considera-se
exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe impugnação à validade do ato.”
(2) CF: “Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da
União, ao qual compete: (...) III – apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na
administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para
cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias
posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório;”
(3) Decreto-lei 4.654/1942: “Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes
e os princípios gerais de direito”.
(4) Decreto 20.910/1932: “Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer
direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da
data do ato ou fato do qual se originarem”.
RE 636553/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 19.2.2020. (INF 967)
Servidor aposentado pelo RGPS e reintegração sem concurso - ARE 1234192 AgR/PR e ARE
1250903 AgR/PR
A Primeira Turma, por maioria, deu provimento a agravos regimentais em recursos extraordinários
com agravo para julgar improcedentes pedidos formulados por servidores públicos municipais, que,
depois de se aposentarem voluntariamente, pretendiam ser reintegrados aos mesmos cargos que
ocupavam anteriormente.
Trata-se de servidores ocupantes de cargos de provimento efetivo, que requereram aposentadoria
perante o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), pois o município não possui regime próprio de
previdência. Posteriormente, mediante ação judicial, postularam a aludida reintegração, ao fundamento de
que seria cabível a percepção simultânea de vencimentos de cargo público com proventos de
aposentadoria, pagos pelo Regime Geral de Previdência Social (RGPS).
A Turma considerou inadmissível que o servidor efetivo, depois de aposentado regularmente, seja
reconduzido ao mesmo cargo sem a realização de concurso público, com o intuito de cumular
vencimentos e proventos de aposentadoria. Se o servidor é aposentado pelo RGPS, a vacância do cargo
respectivo não implica direito à reintegração ao mesmo cargo sem a realização de concurso.
Vencidos os ministros Marco Aurélio (relator) e Rosa Weber, que negaram provimento aos
agravos ao fundamento de que a matéria implicaria análise de legislação infraconstitucional.
ARE 1234192 AgR/PR, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
julgamento em 16.6.2020. (INF 982)
ARE 1250903 AgR/PR, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
julgamento em 16.6.2020. (INF 982)
1.4 CONCURSO PÚBLICO
Critério de desempate em concurso público que beneficia aquele que já é servidor da unidade
federativa - ADI 5358/PA
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4818260
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal982.pdf
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal982.pdf
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5833801
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5833801http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5773098
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo967.htm
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5ef0ab9d1d9bc95538ff45ca/440395292f0f168f63a086d09fa6dfc9/Servidor_aposentado_pelo_RGPS_e_reintegra%C3%A7%C3%A3o_sem_concurso.mp3
TESE FIXADA
É inconstitucional a fixação de critério de desempate em concursos públicos que favoreça
candidatos que pertencem ao serviço público de um determinado ente federativo.
RESUMO
É incompatível com a Constituição Federal (CF) estabelecer preferência, na ordem de
classificação de concursos públicos, em favor de candidato já pertencente ao serviço público.
A CF prevê, expressamente, no art. 19, III (1), que “é vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si” e o ato normativo com
aquele conteúdo possui o nítido propósito de conferir tratamento mais favorável aos candidatos que já são
servidores da unidade federativa. 
Na hipótese, a norma não assegura a seleção de candidatos mais experientes. Ao contrário,
possibilita que um candidato mais experiente, proveniente da administração pública federal, municipal ou,
ainda, da iniciativa privada, seja preterido em prol de um servidor estadual com pouco tempo de serviço,
desde que pertença aos quadros da unidade federativa. A medida, portanto, é inadequada para a seleção
do candidato mais experiente, viola a igualdade e a impessoalidade e não atende ao interesse público,
favorecendo injustificada e desproporcionalmente os servidores estaduais.
O art. 37, I e II, da CF (2) assegura ampla acessibilidade aos cargos e empregos públicos a todos
os brasileiros que preencham os requisitos legais, por meio de aprovação prévia em concurso público de
provas ou de provas e títulos, realizado de acordo com a natureza e complexidade do cargo ou emprego,
ressalvada a hipótese de nomeação para cargo em comissão de livre nomeação e exoneração. 
A regra de acessibilidade a cargos e empregos públicos prevista no dispositivo visa conferir
efetividade aos princípios constitucionais da isonomia e da impessoalidade, de modo que a imposição
legal de critérios de distinção entre os candidatos é admitida tão somente quando acompanhada da devida
justificativa em razões de interesse público e/ou em decorrência da natureza e das atribuições do cargo ou
emprego a ser preenchido. No ponto, o Supremo Tribunal Federal (STF) já decidiu que é inconstitucional
o ato normativo que estabelece critérios de discriminação entre os candidatos de forma arbitrária ou
desproporcional (3).
Com esses fundamentos, o Plenário, por maioria, confirmou a medida cautelar e, convertendo o
feito em análise de mérito, julgou procedente o pedido formulado, para declarar a inconstitucionalidade
do art. 10, §§ 1º e 2º, da Lei 5.810/1994 (4) do estado do Pará, o qual estabelecia preferência, na ordem de
classificação de concursos públicos, em favor de candidato já pertencente ao serviço público estadual
paraense. Vencido o ministro Marco Aurélio, que julgou o pedido improcedente.
(1) CF: “Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) III – criar distinções entre
brasileiros ou preferências entre si.”
(2) CF: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também,
ao seguinte: I – os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em
lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; II – a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em
concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma
prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração;”
(3) Precedente citado: ADI 3580, rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de 3.8.2015.
(4) Lei 5.810/1994 do Estado do Pará: “Art. 10. A aprovação em concurso público gera o direito à nomeação, respeitada a
ordem de classificação dos candidatos habilitados. § 1º Terá preferência para a ordem de classificação o candidato já pertencente ao
serviço público estadual e, persistindo a igualdade, aquele que contar com maior tempo de serviço público ao Estado. § 2º Se ocorrer
empate de candidatos não pertencentes ao serviço público do Estado, decidir-se-á em favor do mais idoso.”
ADI 5358/PA, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento virtual finalizado em 27.11.2020 (INF 1000)
1.5 CONTRATO ADMINISTRATIVO
Prorrogação de contrato de concessão de ferrovia e serviço adequado - ADI 5991 MC/DF
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5522428
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/Informativo_1000.pdf
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5fc243a5b66f355e2733e976/431d99d2edaf94bfeb40619e452f6cf0/ADI_5358.mp3
O Plenário, por maioria, indeferiu medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade
ajuizada contra os seguintes dispositivos: § 2º, do inciso II do art. 6º (1); §§ 1º, 3º, 4º e 5º do art. 25 (2); e
o § 2º do art. 30 (3), todos da Lei 13.448/2017.
A parte autora alega que os dispositivos impugnados contrariam o caput e o inciso XXI do art. 37
(4), e o parágrafo único e o inciso IV do art. 175 (5) da Constituição Federal (CF).
O Plenário afirmou que o art. 175, I, da CF (6) prevê que a lei disporá sobre as condições para a
prorrogação dos contratos de concessão.
Enfatizou que o inciso XII do art. 23 da Lei 8.987/1995 (7) estabelece que as condições para a
prorrogação devem ser disciplinadas no contrato de concessão, configurando-se como cláusula essencial,
marcada pela discricionariedade da Administração Pública e na supremacia do interesse público.
A norma dispõe sobre a contratação de termo predefinido, firmado a partir de licitação, cabendo à
Administração avaliar, excepcionalmente, com base nos parâmetros legais de atendimento ao interesse
público, a conveniência e a oportunidade da prorrogação.
Assinalou que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) reconhece a prorrogação do
prazo contratual no espaço de discricionariedade da Administração Pública à qual cabe analisar e concluir
sobre a oportunidade e a conveniência da prorrogação. 
A prorrogação indefinida do contrato, porém, configura burla às determinações legais e
constitucionais quanto à licitação obrigatória para adoção do regime de concessão e permissão para
exploração de serviços públicos.
A Lei 13.448/2017 estabelece diretrizes gerais para a prorrogação e relicitação dos contratos de
parceria qualificados no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), nos termos da Lei 13.303/2016,
para os setores rodoviário, ferroviário e aeroportuário da Administração Pública federal.
Não procede a alegação da autora de que a exigência posta no § 2º do inciso II do art. 6º da Lei
13.448/2017 importa em ofensa à eficiência e favorecimento de interesses particulares em detrimento do
interesse público.
Conforme se prescreve na norma impugnada, além de outras condicionantes, deve-se comprovar a
prestação de serviço adequado, consistente no cumprimento, pelo período antecedente de cinco anos
contado da data da proposta de antecipação da prorrogação, das metas de produção e de segurança
definidas no contrato, por três anos, ou das metas de segurança definidas no contrato, por quatro anos.
A definição legal de serviço adequado (Lei 8.987/1995, art. 6º, § 1º) expõe ser ele “o que satisfaz
as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na
sua prestação e modicidade das tarifas”. O serviço adequado é aquele que atende, quanto ao objeto
contratado,os índices de atendimento.
A prorrogação contratual ao termo final do contrato ou a prorrogação antecipada devem ser
submetidas a consulta pública.
Para tanto, após o encerramento da consulta pública, encaminham-se ao Tribunal de Contas da
União (TCU) o estudo prévio, os documentos que comprovem o cumprimento das exigências de serviço
adequado e o termo aditivo de prorrogação contratual para avaliação final quanto à legitimidade e
economicidade da solução aventada.
O colegiado frisou que o § 2º do art. 8º da lei impugnada prevê a exigência de avaliação prévia e
favorável do órgão competente sobre “a adequação dos serviços”.
A condicionante legal prevista nesse diploma não é fator isolado para o deferimento da
prorrogação antecipada da concessão. Não há impedimento legal que o concessionário seja atestado
positivamente quanto aos critérios do serviço adequado e não o seja quanto aos demais. 
O parâmetro temporal estabelecido na lei para o cumprimento do serviço adequado é objetivo.
O parâmetro temporal e material estabelecido pela norma impugnada não compromete a análise do
serviço adequado para fins de prorrogação antecipada contratual.
Na formulação dos contratos de concessão atualmente vigentes, as empresas concessionárias
celebraram contratos de arrendamento de bens com a Rede Ferroviária Federal S/A criada em 1957, pela
Lei 3.115/1957, e incluída no Programa Nacional de Desestatização pelo Decreto federal 473/1992.
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e59615902599737cc037acb/7a915d300f8c33f646235ade7cd9fa02/Prorroga%C3%A7%C3%A3o_de_contrato_de_concess%C3%A3o_de_ferrovia_e_servi%C3%A7o_adequado.mp3
https://www.youtube.com/watch?v=f6ZgxZh-Mik&list=PLippyY19Z47toEVCtxHSQCtM4cikqFxAw
A extinção dos contratos de arrendamento resulta na transferência não onerosa dos bens móveis,
operacionais e não operacionais, ao concessionário, conferindo-lhe a possibilidade de deles dispor, geri-
los e substituí-los. Tais bens passam, portanto, a integrar o contrato de parceria firmado entre o Poder
concedente e as concessionárias.
As normas versam sobre o deslocamento do acervo patrimonial para o contrato de concessão com
o fim de concretizar as respectivas obrigações. Os valores atinentes à titularidade serão considerados para
preservar a equação econômico-financeira do contrato. 
Nesse contexto, trata-se de matéria a ser disciplinada pela autoridade reguladora competente para
promover a extinção dos contratos de arrendamento e a incorporação dos bens ao contrato de concessão,
nos termos do § 3º do art. 25 da lei em referência.
O prévio inventário dos bens móveis operacionais e não operacionais, objeto de transferência aos
concessionários, atende aos princípios basilares do direito administrativo constitucional – supremacia e
indisponibilidade do interesse público.
Considerou, por fim, que a transferência dos bens imóveis e móveis operacionais ou não, nos
termos das normas impugnadas, deve ser precedida de inventário, no qual especificados e referentes aos
extintos contratos de arrendamento.
Vencidos os ministros Edson Fachin e Marco Aurélio, que concederam a medida cautelar para
suspender a eficácia dos dispositivos impugnados. Consideraram que a redução do prazo e o
abrandamento dos requisitos para avaliação da adequação do contrato, pela lei impugnada, aparenta estar
em confronto com os princípios constitucionais do art. 37 da CF.
(1) Lei 12.448/2017: “Art. 6º. A prorrogação antecipada ocorrerá por meio da inclusão de investimentos não previstos no
instrumento contratual vigente, observado o disposto no art. 3º desta Lei. (...) § 2º. A prorrogação antecipada estará, ainda,
condicionada ao atendimento das seguintes exigências por parte do contratado: II – quanto à concessão ferroviária, a prestação de
serviço adequado, entendendo-se como tal o cumprimento, no período antecedente de 5 (cinco) anos, contado da data da proposta de
antecipação da prorrogação, das metas de produção e de segurança definidas no contrato, por 3 (três) anos, ou das metas de
segurança definidas no contrato, por 4 (quatro) anos.”
(2) Lei 12.448/2017: Art. 25. O órgão ou a entidade competente é autorizado a promover alterações nos contratos de
parceria no setor ferroviário a fim de solucionar questões operacionais e logísticas, inclusive por meio de prorrogações ou
relicitações da totalidade ou de parte dos empreendimentos contratados. § 1º O órgão ou a entidade competente poderá, de comum
acordo com os contratados, buscar soluções para todo o sistema e adotar medidas diferenciadas por contrato ou por trecho
ferroviário que considerem a reconfiguração de malhas, admitida a previsão de investimentos pelos contratados em malha própria ou
naquelas de interesse da administração pública. (...) § 3º Nos termos e prazos definidos em ato do Poder Executivo, as partes
promoverão a extinção dos contratos de arrendamento de bens vinculados aos contratos de parceria no setor ferroviário,
preservando-se as obrigações financeiras pagas e a pagar dos contratos de arrendamento extintos na equação econômico-financeira
dos contratos de parceria. § 4º Os bens operacionais e não operacionais relacionados aos contratos de arrendamento extintos serão
transferidos de forma não onerosa ao contratado e integrarão o contrato de parceria adaptado, com exceção dos bens imóveis, que
serão objeto de cessão de uso ao contratado, observado o disposto no § 2º deste artigo e sem prejuízo de outras obrigações. § 5º Ao
contratado caberá gerir, substituir, dispor ou desfazer-se dos bens móveis operacionais e não operacionais já transferidos ou que
venham a integrar os contratos de parceria nos termos do § 3º deste artigo, observadas as condições relativas à capacidade de
transporte e à qualidade dos serviços pactuadas contratualmente.”
(3) Lei 12.448/2017: “Art. 30. São a União e os entes da administração pública federal indireta, em conjunto ou
isoladamente, autorizados a compensar haveres e deveres de natureza não tributária, incluindo multas, com os respectivos
contratados, no âmbito dos contratos nos setores rodoviário e ferroviário. (...) § 2º Os valores apurados com base no caput deste
artigo poderão ser utilizados para o investimento, diretamente pelos respectivos concessionários e subconcessionários, em malha
própria ou naquelas de interesse da administração pública”.
(4) CF: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também,
ao seguinte: (...) XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados
mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam
obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de
qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.”
(5) CF: “Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão,
sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. Parágrafo único. A lei disporá sobre: (...) IV – a obrigação de manter
serviço adequado.”
(6) CF: “Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão,
sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. Parágrafo único. A lei disporá sobre: I – o regime das empresas
concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as
condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;”
(7) Lei 8.987/1995: “Art. 23. São cláusulas essenciaisdo contrato de concessão as relativas: (...) XII – às condições para
prorrogação do contrato;”
ADI 5991 MC/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 20.2.2020. (INF 967)
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo967.htm
1.6 PODERES ADMINISTRATIVOS 
Pessoa jurídica de direito privado e sanção de polícia - RE 633782/MG
É constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas jurídicas de
direito privado integrantes da Administração Pública indireta de capital social majoritariamente
público que prestem exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e em regime não
concorrencial.
O fato de a pessoa jurídica integrante da Administração Pública indireta destinatária da delegação
da atividade de polícia administrativa ser constituída sob a roupagem do regime privado não a impede de
exercer a função pública de polícia administrativa. 
O regime jurídico híbrido das estatais prestadoras de serviço público em regime de monopólio é
plenamente compatível com a delegação, nos mesmos termos em que se admite a constitucionalidade do
exercício delegado de atividade de polícia por entidades de regime jurídico de direito público. Isso porque
a incidência de normas de direito público em relação àquelas entidades da Administração indireta tem o
condão de as aproximar do regime de direito público, do regime fazendário e acabar por desempenhar
atividade própria do Estado.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ), ao desdobrar o ciclo de polícia, entende que somente os atos
relativos ao consentimento e à fiscalização são delegáveis, pois aqueles referentes à legislação e à sanção
derivam do poder de coerção do Poder Público. Segundo a teoria do ciclo de polícia, o atributo da
coercibilidade é identificado na fase de sanção de polícia e caracteriza-se pela aptidão que o ato de polícia
possui de criar unilateralmente uma obrigação a ser adimplida pelo seu destinatário. 
Apesar da substancialidade da tese, verifica-se que, em relação às estatais prestadoras de serviço
público de atuação própria do Estado e em regime de monopólio, não há razão para o afastamento do
atributo da coercibilidade inerente ao exercício do poder de polícia, sob pena de esvaziamento da
finalidade para a qual aquelas entidades foram criadas. 
A Constituição da República, ao autorizar a criação de empresas públicas e sociedades de
economia mista que tenham por objeto exclusivo a prestação de serviços públicos de atuação típica do
Estado, autoriza, consequentemente, a delegação dos meios necessários à realização do serviço público
delegado, sob pena de restar inviabilizada a atuação dessas entidades na prestação de serviços públicos.
Por outro lado, cumpre ressaltar a única fase do ciclo de polícia que, por sua natureza, é
absolutamente indelegável: a ordem de polícia, ou seja, a função legislativa. A competência legislativa é
restrita aos entes públicos previstos na Constituição da República, sendo vedada sua delegação, fora das
hipóteses expressamente autorizadas no tecido constitucional, a pessoas jurídicas de direito privado.
Em suma, os atos de consentimento, de fiscalização e de aplicação de sanções podem ser
delegados a estatais que possam ter um regime jurídico próximo daquele aplicável à Fazenda Pública.
Na espécie, cuida-se de recurso extraordinário contra acórdão do STJ o qual prestigiou a tese de
que somente os atos relativos ao consentimento e à fiscalização seriam delegáveis. 
Diante disso, o Tribunal, por maioria, ao apreciar o Tema 532 da repercussão geral, conheceu e
deu provimento a recurso extraordinário para reconhecer a compatibilidade constitucional da delegação
da atividade de policiamento de trânsito à empresa, nos limites da tese jurídica objetivamente fixada pelo
Pleno.
RE 633782/MG, rel. min. Luiz Fux, julgamento virtual finalizado em 23.10.2020 . (INF 996)
1.7 PROCESSO ADMINISTRATIVO
Servidor público e processo administrativo disciplinar - 2 - RMS 32357/DF
Em conclusão de julgamento, a Segunda Turma negou provimento a recurso ordinário em
mandado de segurança no qual se impugnava decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que manteve
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4462941
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9961.pdf
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4005451
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5f9989f52d40115acb98faa8/414d64bd03101276016b61fe793afeb7/RE_633782RG.mp3
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e789f0713ff5902bb218ddb/17e30c5b654a19d527593de38cd87520/Servidor_p%C3%BAblico_e_processo_administrativo_disciplinar_-_2.mp3
a demissão do impetrante do cargo de auditor-fiscal da Receita Federal, em razão da prática de ilícito
administrativo (Informativo 766).
Na espécie, o recorrente reiterava o argumento de que o ato debatido estaria contaminado por vício
de forma que tornaria nulo o processo administrativo disciplinar. Aduzia que servidor em estágio
probatório não poderia compor comissão de inquérito, sob pena de descumprir-se o caput do art. 149 da
Lei 8.112/1990 (1). Sustentava, ainda, haver desproporcionalidade da pena administrativa aplicada, que
não teria levado em conta a absolvição na esfera criminal. 
O colegiado destacou que, para o STJ, a exigência legal foi atendida, pois a estabilidade no serviço
público federal do integrante em estágio probatório foi adquirida em 1993, em outro cargo. 
Complementou que a Administração, ao saber do questionamento, substituiu o referido servidor,
sem aproveitar qualquer ato decisório no processo disciplinar. Ausente a demonstração de prejuízo
concreto, a declaração de nulidade é desautorizada. 
Quanto ao argumento de desproporcionalidade da pena em decorrência da absolvição na esfera
criminal, observou que competia ao administrador aplicar a penalidade prescrita na lei. Despiciendo
cogitar-se de razoabilidade ou proporcionalidade. 
Além disso, a jurisprudência desta Corte reconhece a independência entre as esferas penal e
administrativa. A repercussão da primeira na segunda ocorre somente nos casos em que constatada a
inexistência material dos fatos ou a negativa de autoria, até porque a valoração na esfera administrativa
não é a mesma da penal. 
Na situação em apreço, a improcedência do pedido condenatório na esfera penal decorreu de falta
de prova. No processo administrativo, a produção de prova foi suficiente para a formação do
convencimento condenatório disciplinar. 
(1) Lei 8.112/1990: “Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por comissão composta de três servidores estáveis
designados pela autoridade competente, observado o disposto no § 3º do art. 143, que indicará, dentre eles, o seu presidente, que
deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado.”
RMS 32357/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 17.3.2020. (INF 970)
1.8 RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
Covid-19 e responsabilização de agentes públicos - ADI 6421 MC/DF; ADI 6422 MC/DF;
ADI 6424 MC/DF; ADI 6425 MC/DF; ADI 6427 MC/DF; ADI 6428 MC/DF e ADI 6431
MC/DF
Parte 1 - 
Parte 2 - 
O Plenário, em julgamento conjunto e por maioria, deferiu parcialmente medidas cautelares em
ações diretas de inconstitucionalidade, em que se discute a responsabilização de agentes públicos pela
prática de atos relacionados com as medidas de enfrentamento da pandemia do novo coronavírus e aos
efeitos econômicos e sociais dela decorrentes, para: a) conferir interpretação conforme à Constituição ao
art. 2º da Medida Provisória (MP) 966/2020 (1), no sentido de estabelecer que, na caracterização de erro
grosseiro, deve-se levar em consideração a observância, pelas autoridades: (i) de standards, normas e
critérios científicos e técnicos, talcomo estabelecidos por organizações e entidades internacional e
nacionalmente conhecidas; bem como (ii) dos princípios constitucionais da precaução e da prevenção; e
b) conferir, ainda, interpretação conforme à Constituição ao art. 1º da MP 966/2020 (2), para explicitar
que, para os fins de tal dispositivo, a autoridade à qual compete a decisão deve exigir que a opinião
técnica trate expressamente: (i) das normas e critérios científicos e técnicos aplicáveis à matéria, tal como
estabelecidos por organizações e entidades reconhecidas nacional e internacionalmente; (ii) da
observância dos princípios constitucionais da precaução e da prevenção. 
Foram firmadas as seguintes teses: “1. Configura erro grosseiro o ato administrativo que ensejar
violação ao direito à vida, à saúde, ao meio ambiente equilibrado ou impactos adversos à economia, por
inobservância: (i) de normas e critérios científicos e técnicos; ou (ii) dos princípios constitucionais da
precaução e da prevenção. 2. A autoridade a quem compete decidir deve exigir que as opiniões técnicas
em que baseará sua decisão tratem expressamente: (i) das normas e critérios científicos e técnicos
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5915876
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5915876
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5913301
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5912434
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5912219
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5912218
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5912213
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5912207
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo970.htm
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5ecc0d969993ed017ea00eaa/903df2e97ce23a8db81266121ed86a76/Covid-19_e_responsabiliza%C3%A7%C3%A3o_de_agentes_p%C3%BAblicos.mp3
https://www.youtube.com/watch?v=puW5TMr7WnU&list=PLippyY19Z47tCNHemyHpOJHK3h9xP_i0k&index=1
https://www.youtube.com/watch?v=OAW-N_0ussQ&list=PLippyY19Z47tzRvFYJwNZODLgcUKzV6im
aplicáveis à matéria, tal como estabelecidos por organizações e entidades internacional e nacionalmente
reconhecidas; e (ii) da observância dos princípios constitucionais da precaução e da prevenção, sob pena
de se tornarem corresponsáveis por eventuais violações a direitos”.
Preliminarmente, o colegiado, por maioria, deliberou por proceder à análise das medidas
acauteladoras. Quanto a esse tópico, considerou que o tema tratado na MP é revestido de relevância e
urgência. No que se refere à plausibilidade do direito, observou que o novo coronavírus representa
problemas em várias dimensões. Na dimensão sanitária, trata-se de uma crise de saúde pública, pois a
doença se propagou sem que haja remédio eficaz ou vacina descoberta. A única medida preventiva eficaz
que as autoridades de saúde têm recomendado é o isolamento social em toda parte do mundo. Na
dimensão econômica, está ocorrendo uma recessão mundial. Na dimensão social, existe uma grande
parcela da população nacional que trabalha na informalidade; e/ou que não consta em qualquer tipo de
cadastro oficial, de modo que há grande dificuldade em encontrar essas pessoas e oferecer a ajuda
necessária. Por fim, há a dimensão fiscal da crise, que consiste na pressão existente sobre os cofres
públicos para manter os serviços, principalmente de saúde, em funcionamento. Vencido, no ponto, o
ministro Marco Aurélio, que entendeu inadequada a via eleita.
No mérito, explicitou que as ações diretas têm por objeto a MP 966/2020, o art. 28 do Decreto-Lei
4.657/2018 (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro ou LINDB), com a redação dada pela Lei
13.655/2018 e, ainda, os arts. 12 e 14 do Decreto 9.830/2019, que regulamentam o referido art. 28.
No que se refere ao art. 28 da LINDB, o Plenário anotou que a lei é de 2018, portanto em vigor há
mais de dois anos, sem que se tenha detectado algum tipo de malefício ou de transtorno decorrente de sua
aplicação. É uma lei que contém normas gerais, de direito intertemporal, de Direito Internacional Privado,
de hermenêutica e de cooperação jurídica internacional. Assim, seu caráter abstrato, aliado à sua vigência
por tempo considerável, tornam inoportuna sua análise em medida acauteladora nesse momento. Por isso,
o colegiado se limitou a analisar, exclusivamente, a MP 966/2020, no que se refere especificamente à
responsabilidade civil e administrativa de agentes públicos no enfrentamento da pandemia e no combate a
seus efeitos econômicos.
O propósito dessa MP foi dar segurança aos agentes públicos que têm competências decisórias,
minimizando suas responsabilidades no tratamento da doença e no combate aos seus efeitos econômicos.
Entretanto, há razões pelas quais ela não eleva a segurança dos agentes públicos. Isso porque um dos
problemas do Brasil é que o controle dos atos da Administração Pública sobrevém muitos anos depois dos
fatos relevantes, quando, muitas vezes, já não se tem mais nenhum registro, na memória, da situação de
urgência, das incertezas e indefinições que levaram o administrador a decidir.
Portanto, a segurança viria se existisse desde logo um monitoramento quanto à aplicação desses
recursos, por via idônea, no tempo real ou pouco tempo depois dos eventos. Não obstante, o que se previu
na MP não é o caso.
Situações como corrupção, superfaturamento ou favorecimentos indevidos são condutas ilegítimas
independentemente da situação de pandemia. A MP não trata de crime ou de ato ilícito. Assim, qualquer
interpretação do texto impugnado que dê imunidade a agentes públicos quanto a ato ilícito ou de
improbidade deve ser excluída. O alcance da MP é distinto.
No tocante à saúde e à proteção da vida, a jurisprudência do Tribunal se move por dois
parâmetros: o primeiro deles é o de que devem ser observados padrões técnicos e evidências científicas
sobre a matéria. O segundo é que essas questões se sujeitam ao princípio da prevenção e ao princípio da
precaução, ou seja, se existir alguma dúvida quanto aos efeitos de alguma medida, ela não deve ser
aplicada, a Administração deve se pautar pela autocontenção.
Feitas essas considerações, é preciso ponderar a existência de agentes públicos incorretos, que se
aproveitam da situação para obter vantagem apesar das mortes que vêm ocorrendo; e a de administradores
corretos que podem temer retaliações duras por causa de seus atos. 
Nesse sentido, o texto impugnado limita corretamente a responsabilização do agente pelo erro
estritamente grosseiro. O problema é qualificar o que se entende por “grosseiro”. Para tanto, além de
excluir da incidência da norma a ocorrência de improbidade administrativa, que já é tratada em legislação
própria, é necessário estabelecer que, na análise do sentido e alcance do que isso signifique — erro
“grosseiro” —, deve se levar em consideração a observância pelas autoridades, pelos agentes públicos,
daqueles dois parâmetros: os standards, normas e critérios científicos e técnicos, tal como estabelecidos
por organizações e entidades médicas e sanitárias nacional e internacionalmente reconhecidas, bem como
a observância dos princípios constitucionais da precaução e da prevenção.
Além disso, a autoridade competente deve exigir que a opinião técnica, com base na qual decidirá,
trate expressamente das normas e critérios científicos e técnicos aplicáveis à matéria, tal como
estabelecido por organizações e entidades médicas e sanitárias, reconhecidas nacional e
internacionalmente, e a observância dos princípios constitucionais da precaução e da prevenção.
Vencidos os ministros Alexandre de Moraes e Cármen Lúcia, que concederam a medida cautelar
em maior extensão, para suspender parcialmente a eficácia do art. 1º da MP 966/2020 e integralmente a
eficácia do inciso II desse artigo. Vencido, também,o ministro Marco Aurélio, que concedeu a medida
acauteladora para suspender integralmente a eficácia da MP 966/2020.
(1) MP 966/2020: “Art. 2º. Para fins do disposto nesta Medida Provisória, considera-se erro grosseiro o erro manifesto,
evidente e inescusável praticado com culpa grave, caracterizado por ação ou omissão com elevado grau de negligência, imprudência
ou imperícia.”
(2) MP 966/2020: “Art. 1º Os agentes públicos somente poderão ser responsabilizados nas esferas civil e administrativa se
agirem ou se omitirem com dolo ou erro grosseiro pela prática de atos relacionados, direta ou indiretamente, com as medidas de: I –
enfrentamento da emergência de saúde pública decorrente da pandemia da covid-19; e II – combate aos efeitos econômicos e sociais
decorrentes da pandemia da covid-19. § 1º A responsabilização pela opinião técnica não se estenderá de forma automática ao
decisor que a houver adotado como fundamento de decidir e somente se configurará: I – se estiverem presentes elementos
suficientes para o decisor aferir o dolo ou o erro grosseiro da opinião técnica; ou II – se houver conluio entre os agentes.”
ADI 6421 MC/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 20 e 21.5.2020. (INF 978)
ADI 6422 MC/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 20 e 21.5.2020. (INF 978)
ADI 6424 MC/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 20 e 21.5.2020. (INF 978)
ADI 6425 MC/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 20 e 21.5.2020. (INF 978)
ADI 6427 MC/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 20 e 21.5.2020. (INF 978)
ADI 6428 MC/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 20 e 21.5.2020. (INF 978)
ADI 6431 MC/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 20 e 21.5.2020. (INF 978)
Responsabilidade civil do Estado e dever de fiscalizar - 3 - RE 136861/SP
Parte 1 - 
Parte 2 - 
Para que fique caracterizada a responsabilidade civil do Estado por danos decorrentes do comércio
de fogos de artifício, é necessário que exista a violação de um dever jurídico específico de agir, que
ocorrerá quando for concedida a licença para funcionamento sem as cautelas legais ou quando for de
conhecimento do poder público eventuais irregularidades praticadas pelo particular.
Com essa tese de repercussão geral (Tema 366), o Plenário, em conclusão de julgamento e por
maioria, negou provimento a recurso extraordinário interposto de acórdão em que o tribunal de origem
deu provimento a recurso de apelação por considerar ausente o nexo causal entre as falhas noticiadas na
prestação de serviços públicos e a explosão havida em loja de fogos de artifício (Informativos 917 e 918).
Prevaleceu o voto do ministro Alexandre de Moraes, no qual expôs que a Constituição Federal, no
art. 37, § 6º (1), adotou a responsabilidade objetiva do Estado pela teoria do risco administrativo, não pela
teoria do risco integral. Várias são as decisões do Supremo Tribunal Federal nesse sentido e a apontar a
impossibilidade de qualquer legislação, inclusive, ampliar isso e aceitar a teoria do risco integral.
A observância de requisitos mínimos, positivos e negativos, é necessária para a aplicação da
responsabilidade objetiva. Na situação dos autos, dois requisitos positivos exigíveis estão ausentes.
Inexiste conduta, comissiva ou omissiva, do poder público. Por conseguinte, o nexo causal não pode ser
aferido.
A abertura de comércio de fogos com pólvora não é possível sem a perícia da Polícia Civil, órgão
do Estado-membro. É ela que pode realizar a vistoria, não o município. Ademais, a legislação da
municipalidade estabelecia o procedimento e previa a inspeção. Exigia, no protocolo, a comprovação do
seu pedido e o recolhimento da taxa na Polícia Civil para dar sequência ao procedimento.
Entretanto, protocolada a pretensão, faltou a comprovação de ter sido feito requerimento na Polícia
Civil. Logo, o procedimento administrativo ficou parado. A atuação do poder público municipal foi a
esperada: aguardar a complementação dos documentos pelos requerentes. Nada seria exigível da
municipalidade.
A atividade praticada pelos comerciantes era clandestina. Eles precisavam da licença para
funcionar, o que só poderia ser concedido com prévia vistoria. Dessa maneira, os proprietários
começaram a comercializar sem autorização.
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=1515920
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo978.htm
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo978.htm
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo978.htm
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo978.htm
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo978.htm
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo978.htm
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo978.htm
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e712e37cc6964571ad9af03/4634813aa1f5c5478c7ab134215d3140/Responsabilidade_civil_do_Estado_e_dever_de_fiscalizar_-_3.mp3
https://www.youtube.com/watch?v=8fAiIULuEfE&list=PLippyY19Z47t7sfSeDQBozqa-IC3jjUng
https://www.youtube.com/watch?v=r36cBFuzzMk&list=PLippyY19Z47t7sfSeDQBozqa-IC3jjUng&index=2
Inclusive, a má-fé dos proprietários do imóvel foi reconhecida em outro processo relacionado a
esta causa. Naqueles autos, o magistrado acentuou que, no local, funcionava verdadeiro depósito
clandestino de pólvora, armazenada em quantidade tal que se fazia supor uma fábrica clandestina. Assim,
existiu desvio na utilização do imóvel.
Percebe-se que, além da ausência de requisitos positivos, incide a culpa exclusiva dos
proprietários, porque não aguardaram a necessária licença e estocaram pólvora.
O ministro Roberto Barroso pontuou que a discordância é sobre o nexo de causalidade. A omissão
específica no comércio de fogos de artifício ocorrerá quando for concedida a licença para funcionamento
sem as cautelas legais ou forem de conhecimento do poder público eventuais irregularidades praticadas
pelo particular. O simples requerimento de licença de instalação ou o recolhimento da taxa de
funcionamento não são suficientes para caracterizar o dever específico de agir.
Segundo o ministro Gilmar Mendes, a questão resume-se à responsabilidade por fato ilícito
causado por terceiro, que instalou clandestinamente loja sem obedecer a legislação municipal, estadual e
federal.
O ministro Marco Aurélio sinalizou que a responsabilidade do Estado é objetiva, considerado ato
comissivo. A partir do momento em que se tem ato omissivo, a responsabilidade é subjetiva. Entendeu ser
o município diligente ao não expedir a licença e exigir a observância de requisitos normativos.
Vencidos os ministros Edson Fachin (relator), Luiz Fux, Cármen Lúcia, Celso de Mello e Dias
Toffoli, que deram parcial provimento ao recurso extraordinário, a fim de restaurar as conclusões da
sentença. 
O relator compreendeu ser objetiva a responsabilidade civil atribuível ao Estado também no caso
de condutas omissivas. Necessário conjugar a dispensabilidade da comprovação de culpa do agente ou
falha no serviço público com a imposição à Administração de um dever legal de agir. Ponderou que o
município inverteu o procedimento regulamentar, deixou de realizar a vistoria prévia no prazo de 24
horas e permitiu a paralisação do processo administrativo. De igual modo, incorreu em violação de seu
dever de exercício do poder de polícia. Por sua omissão, possibilitou que o comércio funcionasse
clandestinamente e ali houvesse danos derivados de explosão.
O ministro Luiz Fux salientou que a responsabilidade municipal está em permitir que atividade de
alta periculosidade se realizasse em área próxima a residências. A ministra Cármen Lúcia enfatizou que o
município fora acionado; estava, portanto, ciente da instalação do que seria comércio de fogos de
artifício. Por sua vez, o ministro Celso deMello destacou a ausência de causa excludente da
responsabilidade estatal.
(1) CF: “Art. 37. (...) § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa.”
RE 136861/SP, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento
em 11.3.2020. (INF 969)
1.9 SERVIDORES PÚBLICOS
ADI e “Reforma Constitucional da Previdência” - 7 - ADI 3133/DF; ADI 3143/DF e ADI
3184/DF
O Plenário, por maioria e em conclusão de julgamento conjunto, considerou improcedentes os
pedidos formulados em três ações diretas de inconstitucionalidade no tocante: (i) ao art. 40, § 18, da
Constituição Federal (CF), na redação dada pelo art. 1º da Emenda Constitucional (EC) 41/2003 (1); e (ii)
ao art. 9º da EC 41/2003 (2), deduzido apenas na ADI 3184 (Informativos 640 e 641). 
Por unanimidade, reconheceu a perda superveniente dos objetos das ações quanto à impugnação
dos incisos I e II do § 7º do art. 40 da CF, na redação dada pelo art. 1º da EC 41/2003, reputada
improcedente em assentada anterior pela ministra Cármen Lúcia (relatora) e pelo ministro Luiz Fux.
Segundo o voto reajustado da relatora, acompanhado pelos demais ministros, houve alteração substancial
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2212582
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2212582
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2203035
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2201889
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo969.htm
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5efcb37f6c8fdf159ecbb20c/6962f395c0d41b72af36212d71bee626/ADI_e_Reforma_Constitucional_da_Previd%C3%AAncia_%E2%80%93_7.mp3
https://www.youtube.com/watch?v=9f_Ud40L0PI&list=PLippyY19Z47s0uKAHHQTH_9dqn8fFbcu9
do § 7º do art. 40 em virtude da edição da EC 103/2019, o que tornou as ações prejudicadas nesse
particular.
De igual modo, o colegiado não conheceu do pleito formalizado na ADI 3143 no que atinente ao
art. 5º da EC 41/2003, por inobservância do que exigido no art. 3º, I, da Lei 9.868/1999 (3).
Além disso, consignou o prejuízo parcial de algumas pretensões apresentadas nos feitos, uma vez
que as matérias já foram apreciadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em outras ações diretas (ADI
3.105, ADI 3.128, ADI 3.138). 
No mérito, a Corte julgou improcedentes pedidos de declaração de inconstitucionalidade do art.
40, § 18, da CF e do art. 9º da EC, este requerido apenas na ADI 3184. 
Frisou que o STF, ao declarar a inconstitucionalidade dos percentuais estabelecidos nos incisos I e
II e no parágrafo único do art. 4º da EC 41/2003, afirmara o caráter geral do art. 40, § 18, da CF. 
Consignou que a discriminação determinada pela norma, segundo a qual incidirá contribuição
previdenciária sobre os proventos de aposentadorias e pensões que excederem o limite máximo
estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social, configura situação justificadamente
favorável àqueles que já recebiam benefícios quando do advento da EC 41/2003, incluídos no rol dos
contribuintes. 
Se por um lado, a contribuição devida pelos servidores da ativa seria calculada com base na
totalidade dos vencimentos percebidos, por outro, inativos e pensionistas teriam o valor de sua
contribuição fixado sobre base de cálculo inferior, pois dela seria extraído valor equivalente ao teto dos
benefícios pagos no regime geral. 
Desse modo, haveria proporcionalidade, visto que os inativos, por não poderem fruir do sistema da
mesma forma que os ativos, não seriam tributados com a mesma intensidade. 
Vencido, no ponto, o ministro Marco Aurélio, que julgou o pedido procedente para declarar a
inconstitucionalidade do mencionado preceito. A seu ver, as situações assentadas segundo o regime
anterior não poderiam ser alcançadas pelo tributo. A previsão da incidência da contribuição somente em
relação a valores que superem os do regime geral não afastaria do cenário a incidência do dispositivo em
situações constituídas. 
Noutro passo, o Plenário firmou a constitucionalidade do art. 9º da EC 41/2003, que se remete à
aplicação do art. 17 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) (4). 
Ao rejeitar a alegação da associação autora de que afrontaria cláusula pétrea referente ao direito
adquirido, esclareceu não ser este o dispositivo que autoriza a cobrança da contribuição previdenciária de
inativos e pensionistas. Registrou que a constitucionalidade da cobrança já foi reconhecida por este
Tribunal. 
Agregou que o STF tem afirmado, reiteradamente, a inexistência de direito adquirido a não ser
tributado.
O ministro Gilmar Mendes aduziu haver risco na declaração de inconstitucionalidade, sem
restrições, do art. 9º, porque poderia sinalizar a possibilidade de questionamentos em relação ao teto
remuneratório constitucional e envolver dúvidas sobre sua sistemática. De acordo com o ministro, a
remissão ao preceito do ADCT não simbolizaria sua restauração pelo constituinte derivado. O art. 9º é
norma expletiva, a enfatizar a existência do limite imposto pelo art. 37, XI, da CF (5) e evitar que o teto
seja superado. 
O ministro Edson Fachin reportou-se ao julgamento do RE 609.381 (Tema 480 da repercussão
geral) e do RE 606.358 (Tema 257 da repercussão geral), com o intuito de salientar a desnecessidade de
interpretação conforme. Assinalou que, na redação originária da CF, o teto remuneratório não poderia ser
ultrapassado. Não há que se falar em direito adquirido à percepção de verbas em desacordo com o texto
constitucional.
Vencidos, no ponto, os ministros Marco Aurélio, Ricardo Lewandowski, Ayres Britto, Celso de
Mello e Cezar Peluso, que julgaram a pretensão procedente. Compreenderam que o poder constituinte de
emenda não poderia ter determinado a aplicação do art. 17 do ADCT, que teria se exaurido, e
asseveraram a afronta ao art. 60, § 4º, IV, da CF (6). O ministro Cezar Peluso alertou haver perigo de a
Administração Pública utilizar o art. 17 do ADCT para desconhecer direitos adquiridos sob as garantias
constitucionais vigentes. Além disso, não entreviu risco na declaração de inconstitucionalidade,
porquanto o redutor incidiria por força de normas constitucionais permanentes vigentes, que não suscitam
dúvidas.
(1) CF: “Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo
e solidário, mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores ativos, de aposentados e de pensionistas, observados
critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. (...) § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias e
pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime
geral de previdência social de que trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos
efetivos.”
(2) EC 41/2003: “Art. 9º Aplica-se o disposto no art. 17 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias aos
vencimentos, remunerações e subsídios dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e
fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de
mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória percebidos cumulativamente
ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza.”
(3) Lei 9.868/1999: “Art. 3º A petição indicará: I – o dispositivo da lei ou do ato normativo impugnado e os fundamentos
jurídicos do pedido em relação a cada uma das impugnações;”(4) ADCT: “Art. 17. Os vencimentos, a remuneração, as vantagens e os adicionais, bem como os proventos de
aposentadoria que estejam sendo percebidos em desacordo com a Constituição serão imediatamente reduzidos aos limites dela
decorrentes, não se admitindo, neste caso, invocação de direito adquirido ou percepção de excesso a qualquer título.”
(5) CF: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também,
ao seguinte: (...) XI – a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta,
autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos
detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos
cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos
Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais
e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e
vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder
Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos;”
(6) CF: “Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: (...) § 4º Não será objeto de deliberação a
proposta de emenda tendente a abolir: (...) IV – os direitos e garantias individuais.”
ADI 3133/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 24.6.2020. (INF 983)
ADI 3143/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 24.6.2020. (INF 983)
ADI 3184/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 24.6.2020. (INF 983)
Ascensão funcional e provimento derivado de cargos públicos (Tema 493 RG) - RE
523086/MA
RESUMO:
Não possui repercussão geral a discussão acerca da constitucionalidade da progressão
funcional prevista na Lei 6.110/1994 do Estado do Maranhão.
Diante da revogação integral da Lei 6.110/1994 do Estado do Maranhão, que gerou a
prejudicialidade da ADI 3.567, além da realização de acordo judicial entre o recorrente e os servidores
atingidos pelo diploma normativo impugnado, possível a revisão do reconhecimento da repercussão geral
do tema, nos termos do art. 323-B do Regimento Interno do STF, com redação conferida pela Emenda
Regimental 54/2020.
Com esse entendimento, o Plenário, em sessão virtual, ao negar seguimento ao recurso
extraordinário, assentou a inexistência de repercussão geral da questão objeto do Tema 493. 
RE 523086/MA, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 4.12.2020 ( INF 1001 ) 
Atribuição de cargo em comissão e funções de direção, chefia e assessoramento - RE
719870/MG
No julgamento de Ação Direta de Inconstitucionalidade proposta para questionar a validade
de leis que criam cargos em comissão, ao fundamento de que não se destinam a funções de direção,
chefia e assessoramento, o Tribunal deve analisar as atribuições previstas para os cargos.
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4323197
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4323197
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2461862
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2461862
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2461862
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal983.pdf
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal983.pdf
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal983.pdf
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5fce968300063e79e9636f51/d39717cf91238dc0c29584038abfa86b/RE_523086.mp3
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5f875fda384bf580f6b49817/6656352a06259b68b4212abdc659966f/RE_719870.mp3
Na fundamentação do julgamento, o Tribunal não está obrigado se pronunciar sobre a
constitucionalidade de cada cargo criado, individualmente.
Os cargos em comissão de livre nomeação, conforme preceitua a Constituição Federal (CF),
destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento (CF, art. 37, V) (1).
Somente após a apreciação das descrições das atividades dos cargos públicos na lei é que se
poderá afirmar sua compatibilidade com a norma constitucional (nacional ou estadual) que estabelece os
casos e as hipóteses de cargos em comissão.
Desse modo, instaurado o controle abstrato de constitucionalidade no âmbito de tribunal de justiça
para a análise da higidez constitucional de lei municipal que cria cargos em comissão, a corte local deve
examinar as atribuições dos cargos em comissão.
Além disso, ao apreciar o Tema 339 da repercussão geral, o Plenário definiu que o art. 93, IX, da
CF exige que o acórdão ou decisão sejam fundamentados, ainda que sucintamente, sem determinar,
contudo, o exame pormenorizado de cada uma das alegações ou provas. Assim, a corte de origem não
está obrigada, na fundamentação do acórdão que julga a ação de inconstitucionalidade, a manifestar-se
sobre cada cargo, individualmente.
No caso, trata-se de ação direta para verificação da compatibilidade, com dispositivos de
constituição estadual, de leis municipais que criaram cargos públicos de provimento em comissão, que,
em tese, não seriam destinados a funções de chefia, direção e assessoramento. O tribunal de justiça julgou
procedente em parte o pedido, afirmando, em suma, não ser possível a verificação das atribuições dos
cargos para se concluir no sentido da inconstitucionalidade das normas. O acórdão foi impugnado por
meio de embargos de declaração.
Com base nesse entendimento, o Plenário, ao apreciar o Tema 670 da repercussão geral, deu
provimento ao recurso extraordinário, em maior extensão, para que os autos retornem ao tribunal de
origem, para novo julgamento dos embargos de declaração.
(1) CF: “Art. 37. (...) V – as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os
cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei,
destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento;”
RE 719870/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
julgamento virtual em 9.10.2020. (INF 994)
Inconstitucionalidade de sanções administrativas perpétuas - ADI 2975/DF
RESUMO:
É inconstitucional, por denotar sanção de caráter perpétuo, o parágrafo único do artigo 137
da Lei 8.112/1990 (1), o qual dispõe que não poderá retornar ao serviço público federal o servidor
que tiver sido demitido ou destituído do cargo em comissão por infringência do art. 132, I (crimes
contra a administração pública), IV (atos de improbidade), VIII (aplicação irregular de recursos
públicos), X (lesão aos cofres públicos) e XI (corrupção) (2), da referida lei.
O conteúdo da norma impugnada viola o art. 5º, XLVII, b, da Constituição Federal (CF) (3) ao
impor pena de caráter perpétuo.
É importante ressaltar que, embora a norma constitucional encontre-se estabelecida enquanto
garantia à aplicação de sanções penais, viável sua extensão às sanções administrativas, em razão do
vínculo existente entre essas duas esferas do poder sancionatório estatal.
Critério razoável para a delimitação constitucional da atividadepunitiva é a impossibilidade da
imposição de sanções administrativas mais graves que as penas aplicadas pela prática de crimes, já que os
conceitos de subsidiariedade e da intervenção penal mínima corroboram a afirmação de que o ilícito
administrativo seria um minus em relação às infrações penais. É nesse sentido que se conclui que a norma
constante do art. 5º, XLVII, b, da CF também se aplica às sanções administrativas. 
Essa conclusão se aplica até mesmo para os ilícitos administrativos que também se enquadram
como infrações penais, como ocorre com o art. 132, I, IV, VIII, X e XI, da Lei 8.112/1990, já que a
jurisprudência da Corte (4) tem entendido pela possibilidade de aplicação das mesmas regras penais a
esses ilícitos administrativos no que se refere, por exemplo, ao prazo de prescrição. 
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2159610
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9942.pdf
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5fd0dd1225e9e90b7390805a/f3031f563ffddfed4249a96b4e2a4a87/ADI_2975.mp3
Em sentido semelhante, a Corte possui jurisprudência no sentido da impossibilidade de aplicação
da penalidade administrativa de inabilitação permanente para o exercício de cargos de administração ou
gerência de instituição financeira (5).
Com base no entendimento acima exposto, o Plenário, por maioria, julgou procedente o pedido
formulado em ação direta (ADI) para declarar a inconstitucionalidade do parágrafo único do artigo 137 da
Lei 8.112/1990 e determinou a comunicação do teor da decisão ao Congresso Nacional, para que delibere,
se assim entender pertinente, sobre o prazo de proibição de retorno ao serviço público nas hipóteses do
art. 132, I, IV, VIII, X e XI, da Lei 8.112/1990.
(1) Lei 8.112/1990: “Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, por infringência do art. 117, incisos IX
e XI, incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos.
Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço público federal o servidor que for demitido ou destituído do cargo em comissão por
infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI.”
(2) Lei 8.112/1990: “Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos: I - crime contra a administração pública; (...)
IV - improbidade administrativa; (...) VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos; (...) X - lesão aos cofres públicos e
dilapidação do patrimônio nacional; XI - corrupção;”
(3) CF: “Art. 5º. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes: (...) XLVII - não haverá penas: (...) b) de caráter perpétuo;”
(4) MS 23.242/SP, rel. Min. Carlos Velloso, DJ de 10.4.2002; MS 24.013/DF, rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ de
1º.7.2005.
(5) RE 154.134/SP, rel. Min. Sydney Sanches, DJ de 29.10.1999.
ADI 2975/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 4.12.2020. (INF 1001)
Policiais civis: paridade e integralidade dos proventos de aposentadoria - ADI 5039/RO
É inconstitucional norma que preveja a concessão de aposentadoria com paridade e
integralidade de proventos a policiais civis.
A Constituição Federal (CF) garantia, até o advento da Emenda Constitucional (EC) 41/2003, a
paridade entre servidores ativos e inativos, o que significava exatamente a revisão dos proventos de
aposentadoria, na mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificasse a remuneração dos
servidores em atividade, sendo também estendidos aos aposentados e aos pensionistas quaisquer
benefícios ou vantagens posteriormente concedidos aos servidores em atividade.
O § 8º do art. 40 da CF (1), na redação que lhe conferiu a EC 41/2003, substituiu a paridade pela
determinação quanto ao reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor
real, conforme critérios estabelecidos em lei.
De igual modo, a integralidade, que se traduz na possibilidade de o servidor aposentar-se
ostentando os mesmos valores da última remuneração percebida quando em exercício no cargo efetivo
por ele titularizado no momento da inativação, foi extinta pela mesma EC 41/2003.
É inconstitucional norma que preveja a concessão de “adicional de final de carreira” a
policiais civis. 
O art. 40, § 2º, da CF, na redação dada pela EC 41/2003, dispõe que os proventos de aposentadoria
e as pensões, quando de sua concessão, “não poderão exceder a remuneração do respectivo servidor, no
cargo efetivo em que se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da pensão”.
Assim, a remuneração do cargo efetivo no qual se der a aposentadoria é o limite para a fixação do valor
dos proventos.
Policiais civis e militares possuem regimes de previdência distintos e, portanto, o fato de alguns
deles conterem previsão quanto à possibilidade de aposentadoria dos militares em classe imediatamente
superior à que ocupava, quando em atividade, não é fundamento legal para a extensão dessa vantagem aos
policiais civis.
No caso, trata-se de ação direta de inconstitucionalidade proposta pelo governador do estado de
Rondônia em que se discutem as alterações legislativas promovidas pela Lei Complementar estadual
672/2012. Essa lei complementar estabeleceu regras próprias para a concessão e manutenção dos
benefícios previdenciários a serem concedidos para a categoria dos policiais civis.
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4455383
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/Informativo_PDF/Informativo_stf_1001.pdf
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5fac26ac2b0110732ede406d/356a9bec5db0e70e3dad8f9afec1305f/ADI_5039.mp3
Com o entendimento acima exposto, o Plenário, por maioria, declarou a inconstitucionalidade do §
12 do art. 45 (2) e dos §§ 1º, 4º, 5º e 6º do art. 91-A (3) da Lei Complementar estadual 432/2008, na
redação que lhes conferiu a LC 672/2012. Não houve modulação de efeitos da decisão, porquanto a
manutenção das aposentadorias concedidas com base na lei declarada inconstitucional resultaria em
ofensa à isonomia em relação aos demais servidores civis do estado de Rondônia não abrangidos pelas
regras que lhes seriam mais favoráveis. 
(1) CF: “Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo
e solidário, mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores ativos, de aposentados e de pensionistas, observados
critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. (...) § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes,
em caráter permanente, o valor real, conforme critérios estabelecidos em lei.” 
(2) LC 432/2008: “Art. 45. No cálculo dos proventos de aposentadoria dos servidores titulares de cargo efetivo, salvo as
hipóteses de aposentadoria dos artigos 46, 48 e 51, será considerada a média aritmética simples das maiores remunerações,
utilizando como base para as contribuições do servidor aos regimes de previdência a que esteve vinculado, correspondente a 80%
(oitenta por cento) de todo o período contributivo desde a competência julho de 1994 ou desde o início da contribuição, se posterior
àquela competência. (...) § 12. Os proventos e outros direitos do Policial Civil do Estado Inativo e Pensionista serão calculados de
acordo com o disposto no artigo 91-A e seus parágrafos e artigo 30, inciso III e, revistos na mesma proporção e na mesma data,
sempre que se modificar a remuneração ou subsídio do Policial Civil da ativa.”
(3) LC 432/2008 do estado de Rondônia: “Art. 91-A. Os benefícios previdenciários da Categoria da Polícia Civil, de
aposentadoria e pensão por morte aos seusdependentes, dar-se-ão em conformidade com o disposto no inciso II, do § 4o do artigo
40, da Constituição Federal e o disposto na Lei Complementar Federal no 51, de 20 de dezembro de 1985. § 1º O Policial Civil do
Estado de Rondônia passará para a inatividade, voluntariamente, independente de idade mínima, com proventos integrais e
paritários ao da remuneração ou subsídio em que se der a aposentadoria, aos 30 (trinta) anos de contribuição, desde que conte com
20 (vinte) anos de tempo efetivo de serviço público de natureza estritamente policial, a exceção da aposentadoria por compulsória
que se dará aos 65 (sessenta e cinco) anos. (…) § 4º O Policial Civil do Estado de Rondônia fará jus a provento igual à remuneração
ou subsídio integral da classe imediatamente superior, ou remuneração normal acrescida de 20% (vinte por cento) para o Policial
Civil do Estado na última classe, nos últimos cinco anos que antecederam a passagem para a inatividade, considerando a data de seu
ingresso na Categoria da Polícia Civil e desde que: I – ao servidor da Categoria da Polícia Civil do Estado fazer opção formal na
Instituição Previdenciária pela contribuição sobre a respectiva verba de classe superior ou verbas transitórias, atendendo o prazo de
carência efetiva a ser cumprida, devendo ser comunicado a Coordenadoria Geral de Recursos Humanos – CGRH, para registro
funcional na pasta do servidor, sendo da obrigatoriedade do Instituto de Previdência do Estado de Rondônia – IPERON, o
entabulamento dos cálculos dos valores a ter a incidência do percentual previdenciário, conforme a opção do serventuário; e II – ao
Instituto de Previdência do Estado de Rondônia – IPERON incumbe a responsabilidade do cálculo do resíduo de contribuição
eventualmente devido e a ser custeado para cumprimento do interstício de 5 (cinco) anos de contribuição incidente sobre a classe
superior ou sobre as verbas de caráter transitório para possível reflexo nos proventos de inatividade. § 5º Os proventos da
aposentadoria de que trata este artigo terão, na data de sua concessão, o valor da totalidade da última remuneração ou subsídio do
cargo em que se der a aposentadoria e serão revistos na mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificar a remuneração
ou subsídio dos servidores em atividade, considerando sempre a data de ingresso do servidor na Categoria da Polícia Civil em
virtude das variáveis regras de aposentação e da legislação em vigor. § 6º Serão estendidos aos aposentados quaisquer benefícios ou
vantagens posteriormente concedidos aos servidores em atividade, incluídos os casos de transformação ou reclassificação do cargo
ou da função em que se deu a aposentadoria aos servidores da Categoria da Polícia Civil que tenham paridade e extensão de
benefícios de acordo com a legislação em vigor.”
ADI 5039/RO, rel. Min. Edson Fachin, julgamento virtual finalizado em 10.11.2020. (INF 998)
Presunção de inocência e eliminação de concurso público - 4 - RE 560900/DF
Parte 1 - 
Parte 2 - 
Sem previsão constitucionalmente adequada e instituída por lei, não é legítima a cláusula de edital
de concurso público que restrinja a participação de candidato pelo simples fato de responder a inquérito
ou a ação penal.
Com essa tese de repercussão geral (Tema 22), o Plenário, em conclusão de julgamento e por
maioria, negou provimento a recurso extraordinário em que se discutia a possibilidade de se restringir a
participação em concurso público de candidato que respondia a processo criminal (Informativo 825).
Na espécie, foi inadmitida a participação de soldado da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF)
— acusado pela suposta prática do delito de falso testemunho — em seleção para o Curso de Formação
de Cabos no Quadro de Praças Policiais e Militares Combatentes (QPPMC). O ato de exclusão do
candidato foi fundamentado no edital de convocação do referido processo seletivo, que vedaria a
participação de concorrente “denunciado por crime de natureza dolosa”. Em sede de mandado de
segurança, o magistrado de piso assegurou a matrícula e a frequência do soldado no Curso de Formação.
Posteriormente, a decisão foi mantida pelo tribunal a quo no acórdão ora recorrido. 
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2551965
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9981.pdf
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e42a7e42a0ba45430c02697/c034a9010a06f294db1f4eb39771ec01/Presun%C3%A7%C3%A3o_de_inoc%C3%AAncia_e_elimina%C3%A7%C3%A3o_de_concurso_p%C3%BAblico_%E2%80%93_4.mp3
https://www.youtube.com/watch?v=98sAvwzKVgA&list=PLippyY19Z47t8X6YfWSfqPF9fgHcdC6Xg
https://www.youtube.com/watch?v=EuDb7Ul4EyA&list=PLippyY19Z47vbvd663vfkZfC9iY-nL7AB
Prevaleceu o voto do ministro Roberto Barroso (relator), que assentou a necessidade de
ponderação entre bens jurídicos constitucionais para a solução da controvérsia posta. 
Assim, a questão não poderia ser solucionada a partir de um tradicional raciocínio silogístico, ou
dos critérios usuais para resolução de antinomias — hierárquico, de especialidade e cronológico —, haja
vista a existência de normas de mesma hierarquia indicando soluções diferentes. 
Nessas situações, o raciocínio deve percorrer três etapas: a) identificar as normas que postulam
incidência na hipótese; b) identificar os fatos relevantes ou os contornos fáticos gerais do problema; e c)
harmonizar as normas contrapostas, calibrando o peso de cada qual e restringindo-as no grau mínimo
indispensável, de modo a fazer prevalecer a solução mais adequada à luz de todo o sistema jurídico. 
Na espécie, de um lado, destaca-se o princípio da presunção de inocência [Constituição Federal
(CF), art. 5º, LVII], reforçado pelos princípios da liberdade profissional (CF, art. 5º, XIII) e da ampla
acessibilidade aos cargos públicos (CF, art. 37, I). De outro lado, ressalta-se o princípio da moralidade
administrativa (CF, art. 37, caput). 
O ministro Roberto Barroso apresentou duas regras para a ponderação dos valores em jogo e a
determinação objetiva de idoneidade moral, quando aplicável ao ingresso no serviço público mediante
concurso. A primeira, apta a estabelecer parâmetro pelo qual se pode recusar a alguém a inscrição em
concurso público, é a necessidade de condenação por órgão colegiado ou de condenação definitiva. Há
analogia com a Lei da “Ficha Limpa” (LC 135/2010), critério que já foi aplicado mesmo fora da seara
penal.
A segunda regra é a necessidade de relação de incompatibilidade entre a natureza do crime e as
atribuições do cargo. Nem toda condenação penal deve ter por consequência direta e imediata impedir
alguém de se candidatar a concurso público. 
Entretanto, para concorrer a determinados cargos públicos, pela natureza deles, é possível, por
meio de lei, a exigência de qualificações mais restritas e rígidas ao candidato. Por exemplo, as carreiras
da magistratura, das funções essenciais à justiça — Ministério Público, Advocacia Pública e Defensoria
Pública — e da segurança pública. 
O relator concluiu que a solução mediante o emprego dessas regras satisfaz o princípio da
razoabilidade ou proporcionalidade, visto que é: a) adequada, pois a restrição imposta se mostra idônea
para proteger a moralidade administrativa; b) não excessiva, uma vez que, após a condenação em segundo
grau, a probabilidade de manutenção da condenação é muito grande e a exigência de relação entre a
infração e as atribuições do cargo mitiga a restrição; e c) proporcional em sentido estrito, na medida em
que a atenuação do princípio da presunção de inocência é compensada pela contrapartida em boa
administração e idoneidade dos servidores públicos. 
Para ele, a negativa de provimento ao recurso é reforçada pelo fato de ter havido a suspensão
condicional do processo. Não fosse o longo período entre o oferecimento da denúncia e a audiência de
suspensão condicional,provavelmente o processo criminal não estaria em curso no momento em que o
recorrido foi excluído do aludido curso. 
Vencido o ministro Alexandre de Moraes, que deu provimento ao recurso para cassar a decisão do
tribunal a quo. A seu ver, o fato de se tratar de servidor público militar, submetido aos princípios da
hierarquia e da disciplina, demanda a análise diferenciada daquela cabível para a generalidade de
situações que envolvem concursos públicos. Além disso, não se cuida de vedação a acesso originário a
cargo público, e sim de procedimento interno de aferição de mérito funcional, de abrangência restrita,
porquanto envolve apenas o universo dos policiais militares da localidade.
O ministro salientou que a exigência de idoneidade moral, na carreira militar, é plenamente
legítima e consistente com o texto constitucional. O soldado deve acatamento integral da legislação que
fundamenta o organismo policial militar. Dessa maneira, o recorrido estava subordinado ao regulamento
interno de ascensão para cabo e, enquanto pendesse o processo, não poderia se inscrever no curso. Por
fim, afirmou a razoabilidade dessa previsão.
RE 560900/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 5 e 6.2.2020. (INF 965)
Procuradores estaduais: honorários de sucumbência, sistema de remuneração por subsídio e
teto constitucional - ADI 6135/GO; ADI 6160/AP; ADI 6161/AC; ADI 6169/MS; ADI
6177/PR e ADI 6182/RO
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5725082
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5723266
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5723266
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5722384
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5721422
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5721406
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5695968
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo965.htm
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5f8f66e5a781fb7bb8e3a95a/601724ad93e61016efba9e2654f6917e/ADI_6135%2C_ADI_6160%2C_ADI_6161%2C_ADI_6169%2C_ADI_6177%2C_ADI_6182.mp3
É constitucional a percepção de honorários de sucumbência por procuradores de estados-
membros, observado o teto previsto no art. 37, XI, da Constituição Federal (CF) (1) no somatório
total às demais verbas remuneratórias recebidas mensalmente.
Aplicam-se ao problema jurídico-constitucional os precedentes formados pelo Supremo Tribunal
Federal no julgamento de ações diretas de inconstitucionalidade acerca da validade de textos legais que
instituíram a percepção de honorários de sucumbência por advogados públicos, cujos conteúdos
normativos são semelhantes (ADI 6.053, ADI 6.165, ADI 6.178). 
A natureza constitucional dos serviços prestados pelos advogados públicos possibilita o
recebimento da verba de honorários sucumbenciais, nos termos da lei, desde que submetido ao
mencionado teto remuneratório. Restaram definidas cinco razões de decidir: (i) os honorários de
sucumbência constituem vantagem de natureza remuneratória, por serviços prestados com eficiência no
desempenho da função pública; (ii) os titulares dos honorários sucumbenciais são os profissionais da
advocacia, seja pública ou privada; (iii) o art. 135 da CF (2), ao estabelecer que a remuneração dos
procuradores estaduais se dá mediante subsídio, é compatível com o regramento constitucional referente à
advocacia pública; (iv) a CF não institui incompatibilidade relevante que justifique vedação ao
recebimento de honorários por advogados públicos, à exceção da magistratura e do Ministério Público; e
(v) a percepção cumulativa de honorários sucumbenciais com outras parcelas remuneratórias impõe a
observância do teto remuneratório estabelecido constitucionalmente no art. 37, XI. 
No caso, trata-se de seis ações diretas de inconstitucionalidade apreciadas em conjunto, nas quais
houve a impugnação de atos normativos estaduais, expressões e preceitos de leis dos estados-membros
que dispunham, em suma, sobre o pagamento de honorários advocatícios de sucumbência a procuradores
dos respectivos entes públicos.
O Plenário, por maioria, declarou a constitucionalidade da percepção de honorários de
sucumbência e julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados nas ações para, conferindo às
disposições questionadas interpretação conforme à CF, estabelecer a observância do teto constitucional. O
ministro Roberto Barroso acompanhou as decisões da ministra Rosa Weber (relatora) com ressalvas.
Vencido o ministro Marco Aurélio. Ademais, na ADI 6.135, por arrastamento, o Tribunal atribuiu
interpretação conforme, nos mesmos termos, a outros dispositivos, a fim de evitar efeitos repristinatórios.
Nela, além do ministro Marco Aurélio, ficou vencido o ministro Gilmar Mendes. Este último, contudo,
apenas em relação a dois parágrafos da Lei Complementar goiana 58/2006, por ele considerados
formalmente inconstitucionais.
(1) CF: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também,
ao seguinte: (...) XI – a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta,
autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos
detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos
cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos
Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais
e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e
vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder
Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos;”
(2) CF: “Art. 135. Os servidores integrantes das carreiras disciplinadas nas Seções II e III deste Capítulo serão remunerados
na forma do art. 39, § 4º.”
ADI 6135/GO, rel. Min. Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em 19.10.2020. (INF 995)
ADI 6160/AP, rel. Min. Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em 19.10.2020. (INF 995)
ADI 6161/AC, rel. Min. Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em 19.10.2020. (INF 995)
ADI 6169/MS, rel. Min. Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em 19.10.2020. (INF 995)
ADI 6177/PR, rel. Min. Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em 19.10.2020. (INF 995)
ADI 6182/RO, rel. Min. Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em 19.10.2020. (INF 995)
Servidor público estadual: remuneração de procurador legislativo e vinculação ao subsídio
dos ministros do STF - ADI 6436/DF
RESUMO
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5918104
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9952.pdf
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9952.pdf
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cargos e carreiras distintos, especialmente quando pretendida a vinculação ou a equiparação entre
servidores de Poderes e níveis federativos diferentes.
A norma impugnada, especialmente em seu § 1º, permite interpretação no sentido de que o
subsídio da carreira de procurador legislativo da assembleia legislativa estadual estaria atrelado, por um
mecanismo de vinculação automática, aos subsídios dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Há evidente inconstitucionalidade, por ofensa ao art. 37, X e XIII, da CF (1). A vedação cabal à
vinculação e à equiparação de vencimentos, consagrada constitucionalmente, alcança quaisquer espécies
remuneratórias. 
Salienta-se que, em recente julgado (2), o STF rechaçou a hipótese de reajuste automático pela
vinculação de remuneração entre carreiras distintas. Além disso, a vinculação de vencimentos de agentes
públicos das esferas federal e estadual caracteriza afronta a autonomia federativa do estado-membro, que
detém a iniciativa de lei para dispor sobre a concessão de eventual reajuste dos subsídios dos aludidos
procuradores.
Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade em face do art. 1º, §§ 1º a 4º, da Lei 10.276/2015
do estado de Mato Grosso (3), que dispõe sobre a remuneração dos procuradores legislativos da
Assembleia Legislativa daquela unidade da Federação. 
O Plenário não conheceu do pedido formulado quanto ao § 3º do art. 1º da Lei 10.276/2015 do
estado de Mato Grosso, porque constatado o exaurimento de sua eficácia ao tempo do ajuizamento da
ação. Na parte conhecida, julgou parcialmente procedente a pretensão deduzida para declarar a
inconstitucionalidade dos §§ 1º, 2º e 4º do art. 1º da referida lei, mantido o caput do artigo, uma vez que
apenas prevê a remuneração por subsídio.
(1) CF: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também,
ao seguinte: (...) X – a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados
ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data
e sem distinção de índices; (...) XIII – é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de
remuneração de pessoal do serviço público;”
(2) ADI 4898/AP, rel. min. Cármen Lúcia, DJe de 21.10.2019.
(3) Lei 10.276/2015 do estado de Mato Grosso: “Art. 1º Os cargos de provimento efetivo da carreira de Procurador
Legislativo da Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso serão remunerados por subsídio, nos termos desta lei. § 1º O
subsídio do grau máximo da carreira de Procurador Legislativo da Assembleia Legislativa corresponderá a 90,25% (noventa inteiros
e vinte e cinco centésimos por cento) da remuneração dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, nos termos da parte final do
inciso XI do Art. 37 da Constituição da República e do § 3º do Art. 45-A da Constituição do Estado de Mato Grosso, escalonados
conforme as respectivas classes, sendo a diferença entre uma e outra de 5% (cinco por cento). § 2º A implementação financeira do
disposto no parágrafo anterior ocorrerá no mês de outubro de 2016. § 3º Até a concretização do disposto no § 1º, os efeitos
financeiros serão graduados da seguinte forma: I – no mês de maio de 2015, o subsídio dos Procuradores Legislativos de 1ª Classe
corresponderá a 75% (setenta e cinco por cento) do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal; II –
no mês de maio de 2015, o subsídio dos Procuradores Legislativos de 2ª Classe corresponderá a 55% (cinquenta e cinco por cento)
do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal; III – no mês de maio de 2015, o subsídio dos
Procuradores Legislativos de 3ª Classe corresponderá a 40% (quarenta por cento) do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do
Supremo Tribunal Federal; IV – no mês de janeiro de 2016, o subsídio dos Procuradores Legislativos de 1ª Classe corresponderá a
85% (oitenta e cinco por cento) do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal; V – no mês de janeiro
de 2016, o subsídio dos Procuradores Legislativos de 2ª Classe corresponderá a 70% (setenta por cento) do subsídio mensal, em
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal; VI – no mês de janeiro de 2016, o subsídio dos Procuradores Legislativos de
3ª Classe corresponderá a 60% (sessenta por cento) do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. §
4º Os subsídios fixados na forma do § 1º são concedidos integralmente por intermédio da presente lei, ocorrendo apenas o
diferimento dos efeitos financeiros na forma disposta no § 3º.”
ADI 6436/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento virtual finalizado em 27.11.2020 (INF
1000)
Servidores públicos: equiparação remuneratória e lei estadual anterior à EC 19/1998 - ADPF
328/MA
A teor do disposto no art. 37, XIII, da Constituição Federal (CF) (1), é vedada a vinculação
remuneratória de seguimentos do serviço público.
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4646995
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4646995
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/Informativo_1000.pdf
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/Informativo_1000.pdf
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Trata-se de ação do controle concentrado de constitucionalidade em face dos arts. 1º e 2º da Lei
4.983/1989 do estado do Maranhão, que estabelecem a isonomia de vencimentos entre diversas carreiras
jurídicas. No julgamento da ADI 304 — ocorrido antes do advento da Emenda Constitucional (EC)
19/1998 —, o Supremo Tribunal Federal, ao examinar a mesma lei, admitiu a equiparação remuneratória
apenas das carreiras de procurador de estado e de delegado de polícia, tendo em conta a redação então
vigente de dispositivos da CF. Nesta ADPF, a requerente argumentava, em suma, a não recepção dos
mencionados artigos pelo ordenamento jurídico constitucional posterior à EC 19/1998.
O Plenário julgou procedente pedido formalizado em arguição de descumprimento de preceito
fundamental para assentar não recepcionados, pela CF, os arts. 1º e 2º da Lei maranhense 4.983/1989.
 
(1) CF: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também,
ao seguinte: (...) XIII – é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de
pessoal do serviço público;”
 
ADPF 328/MA, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento virtual finalizado em 13.11.2020. (INF 999)
2. DIREITO CIVIL
2.1 PESSOAS JURÍDICAS
Empresa individual de responsabilidade limitada e integralização do capital social - ADI
4637/DF
RESUMO:
A exigência de integralização do capital social por empresas individuais de responsabilidade
limitada (EIRELI), no montante previsto no art. 980-A do Código Civil, com redação dada pelo art.
2º da Lei 12.441/2011 (1), não viola a regra constitucional que veda a vinculação do salário-mínimo
para qualquer fim (2), bem como não configura impedimento ao livre exercício da atividade
empresarial.
O art. 980-A do Código Civil não prevê forma de indexação nem qualquer vinculação que possa
interferir ou prejudicar os reajustes periódicos do salário-mínimo. O sentido da proibição do art. 7º, IV, da
Constituição Federal é proteger a integridade do salário-mínimocomo direito fundamental do trabalhador.
Por isso, evitar a vinculação é uma tentativa de evitar o prejuízo dos reajustes ou de reduzir-lhe o poder
de compra real. No caso, a utilização do salário-mínimo é meramente referencial. O valor do salário-
mínimo serve tão somente como parâmetro para determinação do capital social a ser integralizado na
constituição da EIRELI.
Ademais, a exigência de integralização de capital social não inferior a cem vezes o maior salário-
mínimo vigente no País não representa obstáculo à livre iniciativa. Isso porque a exigência de
integralização do capital social representa requisito para constituição de uma das formas de pessoas
jurídicas, a EIRELI. Não representa uma condição de acesso ao mercado ou à atividade empresarial.
Trata-se de requisito para limitação da responsabilidade patrimonial do empresário pessoa física. O
empresário poderá empreender, mesmo sem o capital mínimo exigido pela lei, mas não será beneficiado
pela limitação de responsabilidade que, de outra forma, a EIRELI proporciona. 
A restrição/condição não é ao exercício da empresa, mas vincula-se a um certo regime jurídico ou
estrutura jurídica mais benéfica ao empresário individual. Tampouco o requisito se apresenta como
discriminatório ou desproporcional. Justifica-se, aliás, no quadro de experimentação institucional que
marca a introdução dessa forma de pessoa jurídica.
No caso, trata-se de ação direta de inconstitucionalidade ajuizada com o objetivo de ver declarada
a inconstitucionalidade da parte final do caput do art. 980-A do Código Civil, com redação dada pelo art.
2º da Lei 12.441/2011.
Com esse entendimento, o Plenário, em sessão virtual, julgou improcedente a ação direta de
inconstitucionalidade.
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4123688
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4123688
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9991.pdf
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(1) Código Civil: “Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa
titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo
vigente no País.” 
(2) CF: “Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: IV -
salário-mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com
moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;”
ADI 4637/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 4.12.2020 (INF 1001)
2.2 RESPONSABILIDADE CIVIL
Responsabilidade civil objetiva e acidente de trabalho - RE 828040/DF
O art. 927, parágrafo único, do Código Civil (CC) (1) é compatível com o art. 7º, XXVIII, da
Constituição Federal (CF) (2), sendo constitucional a responsabilização objetiva do empregador por danos
decorrentes de acidentes de trabalho nos casos especificados em lei ou quando a atividade normalmente
desenvolvida, por sua natureza, apresentar exposição habitual a risco especial, com potencialidade lesiva,
e implicar ao trabalhador ônus maior do que aos demais membros da coletividade. 
Essa é a tese do Tema 932 da repercussão geral, fixada pelo Plenário, por maioria, ao negar
provimento a recurso extraordinário (Informativo 950). 
Vencido o ministro Marco Aurélio.
(1) CC/2002: “Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a
atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.” 
(2) CF/1988: “Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição
social: (...) XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está
obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;”
RE 828040/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 12.3.2020 . (INF 969)
3. DIREITO CONSTITUCIONAL
3.1 ADVOCACIA PÚBLICA
Cargo técnico com formação em Direito: autarquia estadual e atribuições de procurador do
estado - ADI 5109 ED-segundos/ES
O Plenário, por maioria, deu parcial provimento a embargos de declaração em ação direta de
inconstitucionalidade a fim de, resguardada a validade dos atos já praticados: (i) incluir na declaração de
inconstitucionalidade, ao lado dos trechos anteriormente excluídos, também as expressões “apresentar
recursos em qualquer instância”, “comparecer às audiências e outros atos para defender os direitos do
órgão” e “promover medidas administrativas e judiciais para proteção dos bens e patrimônio do
DETRAN-ES”, dispostas no Anexo Único da Lei Complementar (LC) 734/2013 e no Anexo IV da LC
890/2018, ambas do estado do Espírito Santo (ES); (ii) esclarecer que a declaração de
inconstitucionalidade parcial dos aludidos anexos alcança as atribuições jurídicas consultivas do cargo de
Técnico Superior – Formação Direito do Departamento Estadual de Trânsito do Estado do Espírito Santo
(DETRAN-ES) privativas de procurador do estado, de modo a conferir interpretação conforme o art. 132
da Constituição Federal (CF) (1) às atribuições de “elaborar estudos de pareceres sobre questões jurídicas
que envolvam as atividades do DETRAN-ES; elaborar editais, contratos, convênios, acordos e ajustes
celebrados pela autarquia, com a emissão de parecer”, constantes dos referidos anexos, que devem ser
exercidas sob supervisão de procurador do estado do Espírito Santo.
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4557488
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo969.htm
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4608798
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/Informativo_PDF/Informativo_stf_1001.pdf
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e6bc1aecf6d202d1d6a47f8/475686b0ec3828884ff0ba7f2003fa15/Responsabilidade_civil_objetiva_e_acidente_de_trabalho.mp3
https://www.youtube.com/watch?v=uWrF7Db-a2k&list=PLippyY19Z47uOb-QuqjmvGvEC03a6BNyg
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5ee0585034a57d7cc64da6fd/b238632e64441c73f4ef33f1220205af/Cargo_t%C3%A9cnico_com_forma%C3%A7%C3%A3o_em_Direito_-_autarquia_estadual_e_atribui%C3%A7%C3%B5es_de_procurador_do_estado.mp3
https://www.youtube.com/watch?v=RKhAjOM52sg&list=PLippyY19Z47u7wu6Geklpvsc9gXvQg_jo
Os embargos foram opostos da decisão em que o colegiado julgara parcialmente procedente o
pedido para declarar a inconstitucionalidade das seguintes expressões dos anexos adversados:
“representar em juízo ou fora dele nas ações em que haja interesse da autarquia” e “bem como a prática
de todos os demais atos de natureza judicial ou contenciosa, devendo, para tanto, exercer as suas funções
profissionais e de responsabilidade técnica regidas pela Ordem dos Advogados do Brasil – OAB”. Na
ocasião, a validade dos atos já praticados foi igualmente assentada (Informativo 927).
Na espécie, a embargante alegava ser devida a integração do acórdão recorrido, com o objetivo de
incluir a declaração de inconstitucionalidade de todas as atribuições de representação judicial e
consultoria jurídica exclusivas dos procuradores do estado. 
Ao dar parcial provimento aos embargos, o Tribunal compreendeu que as atividades de
representação judicial e extrajudicial atribuídas ao cargo de Técnico Superior– Formação Direito do
DETRAN-ES não podem ser omitidas da declaração de inconstitucionalidade. No caso, as atribuições
jurídicas consultivas de seus ocupantes devem ser exercidas sob a supervisão de procurador do estado,
máxime por ser esta a interpretação que melhor prestigia o art. 132 da CF e a jurisprudência desta Corte.
Vencido o ministro Marco Aurélio, que não conheceu dos segundos embargos declaratórios, por
entender não ser o caso de admiti-los. 
(1) CF: “Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, organizados em carreira, na qual o ingresso
dependerá de concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases,
exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas. Parágrafo único. Aos procuradores
referidos neste artigo é assegurada estabilidade após três anos de efetivo exercício, mediante avaliação de desempenho perante os
órgãos próprios, após relatório circunstanciado das corregedorias.”
ADI 5109 ED-segundos/ES, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 4.6.2020. (INF 980)
3.2 COMPETÊNCIA JURISDICIONAL
Contribuições sindicais de servidores estatutários e competência jurisdicional (Tema 994 RG)
- RE 1089282/AM
 
Tese fixada:
Compete à Justiça comum processar e julgar demandas em que se discute o recolhimento e o
repasse de contribuição sindical de servidores públicos regidos pelo regime estatutário.
Resumo:
O art. 114, III, da Constituição Federal (CF) (1) deve ser interpretado em conjunto com o
art. 114, I, da CF (2), de modo a excluir da competência da Justiça do Trabalho as causas
instauradas entre o Poder Público e os servidores a ele vinculados por típica relação estatutária ou
de caráter jurídico-administrativo.
No julgamento da ADI 3395, a Corte suspendeu toda e qualquer interpretação dada ao art. 114, I,
da CF que inclua, na competência da Justiça do Trabalho, a apreciação de causas instauradas entre o
Poder Público e os servidores a ele vinculados por típica relação estatutária ou de caráter jurídico-
administrativo.
Assim, embora com a promulgação da EC 45/2004 tenha sido incluído nas atribuições
jurisdicionais da Justiça do Trabalho a competência para processar e julgar controvérsias pertinentes à
representação de entidades sindicais, entre sindicatos e empregados e ações entre sindicatos e
empregadores, o art. 114, III, da CF não pode ser interpretado de forma isolada, ao ser aplicado a
demandas que digam respeito à contribuição sindical de servidores estatutários. 
O referido dispositivo, ao contrário, deve ser compreendido à luz da interpretação dada pelo
Supremo Tribunal Federal (STF) ao art. 114, I, da CF e aos limites estabelecidos quanto à ampliação da
competência da Justiça do Trabalho, que não inclui as relações dos servidores públicos.
Com esses fundamentos, o Plenário, por unanimidade, deu provimento ao recurso extraordinário
(Tema 994 da repercussão geral) que impugnava acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas,
que decidira pela competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar demanda em que se buscava
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5300034
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal980.pdf
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5fd0dcfcf2bd6572f647b041/9e7aa8e023401eadc342b1ca4e7aaca7/RE_1089282.mp3
o recolhimento e o repasse das contribuições sindicais dos servidores públicos daquela unidade
federativa.
(1) CF: “Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (...) III - as ações sobre representação sindical, entre
sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;”
(2) CF: “Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: I - as ações oriundas da relação de trabalho,
abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios;”
RE 1089282/AM, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 4.12.2020 (INF
1001)
Foro por prerrogativa de função e ações de improbidade administrativa - ADI 4870/ES
Resumo:
É incompatível com a Constituição Federal (CF) norma de Constituição estadual que
disponha sobre nova hipótese de foro por prerrogativa de função, em especial relativo a ações
destinadas a processar e julgar atos de improbidade administrativa.
O regramento referente ao foro por prerrogativa de função encontra-se plenamente disciplinado na
CF, inclusive, para os âmbitos estadual e municipal, não comportando qualquer tipo de ampliação. Em
outros termos, considera-se que a disciplina sobre a prerrogativa de foro encontra-se exaurida no âmbito
da CF, não havendo espaço para o exercício da autonomia dos estados nessa esfera.
Além disso, o constituinte derivado decorrente deve observar mínima equivalência com o modelo
federal existente – seja se atendo ao que está previsto na CF, seja legislando por simetria. Cabe lembrar
que em nenhum momento a CF cogita de foro por prerrogativa de função para o julgamento de
autoridades processadas por ato de improbidade administrativa, sendo este um claro limite à competência
dos estados para disporem sobre o tema em suas constituições.
Ademais, conforme precedente da Corte sobre o tema (1), não é possível extrair da Constituição de
1988 a possibilidade de instituir foro por prerrogativa de função para os processos de natureza cível,
notadamente os de improbidade administrativa.
No caso, cuida-se de ação direta de inconstitucionalidade em face da Emenda Constitucional (EC)
85/2012, do Estado do Espírito Santo (2), que acrescentou a alínea h ao artigo 109, I, da Constituição
estadual, que determina que as mesmas autoridades julgadas pelo Tribunal de Justiça nos processos
criminais, sejam também julgadas por aquela Corte em ações que possam resultar na suspensão ou perda
de direitos políticos ou na perda de função pública ou de mandato eletivo.
Com esse entendimento, o Plenário, por maioria, julgando procedente o pedido, declarou a
inconstitucionalidade do art. 109, I, h, da Constituição do Estado do Espírito Santo, com redação dada
pela EC 85/2012, e delimitou os efeitos da decisão, ressalvando de sua incidência os processos já
transitados em julgado, com fundamento na garantia da segurança jurídica.
(1) Pet 3240-Agr/DF, rel. orig. Min. Teori Zavascki, rel. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, DJe de 22.8.2018.
(2) EC 85/2012: “Art. 1º O inciso I do artigo 109 da Constituição Estadual passa a vigorar acrescido da alínea ‘h’ com a
seguinte redação: ‘Art. 109. (...) I - (...) h - nas ações que possam resultar na suspensão ou perda dos direitos políticos ou na perda da
função pública ou de mandato eletivo, aqueles que tenham foro no Tribunal de Justiça por prerrogativa de função, previsto nesta
Constituição; (...).’ (NR)” 
ADI 4870/ES, rel. Min. Dias Toffoli, julgamento virtual finalizado em 14.12.2020 (INF 1002)
3.3 CONCURSO PÚBLICO
Concurso público: prazo de validade esgotado e direito à nomeação - RE 766304/RS
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4449480
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/Informativo_PDF/Informativo_stf_1002.pdf
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4319751
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/Informativo_PDF/Informativo_stf_1001.pdf
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/Informativo_PDF/Informativo_stf_1001.pdf
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5fd771fbc6764c4487cbfeeb/2d87b15c70fcf4f988b72a3da3eeffdc/ADI_4870.mp3
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5f68c6fd45bfc439db00eb68/098d6c04eed94aa8d8de9eb98217402e/RE_766304.wav
https://www.youtube.com/watch?v=vpBGEvo9hf4&list=PLippyY19Z47uaOf7xoLADVKwU6MNi6D-P&index=3O Plenário, ao apreciar o Tema 683 da repercussão geral, deu provimento a recurso extraordinário,
com julgamento iniciado em ambiente virtual, para restabelecer sentença que julgou improcedente pedido
de nomeação da recorrida para o cargo de professora da rede pública para o qual aprovada em concurso
público, cujo prazo de validade expirara antes do ajuizamento da ação. 
Na espécie, a recorrida ficou em 10º lugar na classificação final do concurso. No período de
validade do certame, foi nomeado um professor e outros sete foram contratados a título precário. Após o
encerramento do prazo de validade, mais 24 profissionais foram contratados em regime temporário. O
acórdão recorrido reformou a sentença por concluir, tendo em vista a nomeação e as contratações
temporárias, haver 32 vagas disponíveis para o cargo, alcançada a colocação da recorrida e configurada
preterição, presente o princípio da razoabilidade. Aduziu que as contratações precárias implementadas
depois de esgotado o prazo de validade do concurso revelaram a necessidade de prorrogação, sendo
irrelevante o surgimento da 10ª vaga após decorridos os 2 anos de vigência previstos no edital.
Prevaleceu o voto do ministro Marco Aurélio (relator).
Considerou que a ação foi ajuizada quando já cessada a relação jurídica decorrente do concurso e
da inscrição efetivada. Segundo o ministro, a nomeação deve ser buscada, judicialmente, no prazo de
validade do concurso público. Ademais, ainda que se pudesse desprezar a decadência do direito de
insurgir-se contra ato praticado pelo Estado, presente o fato de haver expirado a validade do certame, não
ocorreu, no período no qual este último estava em vigor, preterição. Esclareceu que, embora substancial o
número de vagas ofertadas, o ente federado nomeou um único professor para a área de ensino
fundamental, observando a ordem de classificação. Registrou que o fenômeno bem revelou a crise
existente no Estado e que necessidade imperiosa conduziu à nomeação temporária, após o fim da validade
do concurso, de sete professores para o município, tendo sido a própria recorrida uma das contratadas
mediante ajuste balizado no tempo, com prazo determinado. Frisou que o reconhecimento do direito da
recorrida à nomeação, determinada pelo juízo a quo, implicaria desrespeito à ordem de classificação. Isso
porque, antes da recorrida, havia outros oito candidatos em situação preferencial. 
Em seguida, o Tribunal deliberou fixar a tese em assentada posterior.
RE 766304/RS, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 17.9.2020. (INF 991)
3.4 CONFLITO FEDERATIVO
Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza e amortização de dívida pública -
ACO 727/BA
As receitas provenientes do adicional criado pelo art. 82, § 1º, do ADCT (1) não podem ser
computadas para efeito de cálculo da amortização da dívida do Estado. Os recursos devem, no entanto,
ser considerados para efeito de cálculo do montante mínimo destinado à saúde e à educação.
Com base nesse entendimento, o Plenário julgou parcialmente procedente pedido formulado em
ação cível originária para condenar a União a ressarcir os valores pagos a maior a título de amortização da
dívida pública nos exercícios de 2002, 2003 e 2004, mediante compensação da diferença com débitos
futuros.
No caso, Estado-membro ajuizou ação cível originária, com base no art. 102, I, f, da Constituição
Federal (CF) (2), objetivando a não inclusão dos valores destinados constitucionalmente ao Fundo
Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza (FECEP) na apuração da Receita Líquida Real (RLR),
sobre a qual é computado o total da dívida pública do estado com a União. Pretendia, ainda, a exclusão
desses recursos do cálculo do montante mínimo destinado à saúde e à educação.
Inicialmente, o Tribunal afastou a alegação de inconstitucionalidade formal das normas ordinárias
definidoras da RLR (Resolução do Senado Federal 69/1995 e Lei 9.496/1997), por não constituir matéria
sujeita à reserva de lei complementar.
Relativamente à inconstitucionalidade material, reputou relevante a articulação do Estado-
membro, notando-se a necessidade de observância do fundo criado, cuja base maior é a Constituição
Federal. Frisou que, ante dificuldades gerais, é comum desvirtuarem-se receitas, deixando-se de atender
às finalidades discriminadas em textos normativos, até mesmo de índole constitucional. A partir da
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2227023
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9911.pdf
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e4d9699e751626ce01aecd9/ceb9be9588eddd4fe3f9555cb6eb4909/Fundo_Estadual_de_Combate_e_Erradica%C3%A7%C3%A3o_da_Pobreza_e_amortiza%C3%A7%C3%A3o_de_d%C3%ADvida_p%C3%BAblica.mp3
https://www.youtube.com/watch?v=OK3beM9AqY0&list=PLippyY19Z47uI8FS1ZQCdW4RlQ94qwgqk
tomada de empréstimo de parcelas a compor o FECEP, chega-se ao comprometimento do arrecadado,
tendo em conta a dívida pública do estado e os valores a serem despendidos com saúde.
(1) ADCT: “Art. 82. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem instituir Fundos de Combate á Pobreza, com os
recursos de que trata este artigo e outros que vierem a destinar, devendo os referidos Fundos ser geridos por entidades que contem
com a participação da sociedade civil. § 1º Para o financiamento dos Fundos Estaduais e Distrital, poderá ser criado adicional de até
dois pontos percentuais na alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS, sobre os produtos e serviços
supérfluos e nas condições definidas na lei complementar de que trata o art. 155, § 2º, XII, da Constituição, não se aplicando, sobre
este percentual, o disposto no art. 158, IV, da Constituição.”
(2) CF: “Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I -
processar e julgar, originariamente: (...) f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre
uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta;”
ACO 727/BA, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 13.2.2020. (INF 966)
Uso da Força Nacional de Segurança Pública por requerimento de Ministro de Estado e
autonomia estadual - ACO 3427 Ref-MC/BA
É plausível a alegação de que a norma inscrita no art. 4º do Decreto 5.289/2004 (1), naquilo em
que dispensa a anuência do governador de estado no emprego da Força Nacional de Segurança Pública,
viole o princípio da autonomia estadual. 
Trata-se de referendo de decisão que concedeu medida cautelar em ação cível originária para
ordenar à União que retire dos municípios de Prado e Mucuri o contingente da Força Nacional de
Segurança Pública mobilizado pela Portaria 493/2020. A citada Portaria, expedida pelo Ministro de
Estado da Justiça e Segurança Pública, autorizou o emprego da Força Nacional naquelas localidades, em
apoio ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, sem que houvesse formal e expressa
solicitação do governador do estado da Bahia.
Há plausibilidade jurídica do direito evocado, porque pesam legítimas dúvidas sobre a
constitucionalidade do art. 4º do Decreto 5.289/2004, que, alterado pelo Decreto 7.957/2013, estendeu o
conteúdo semântico da norma e criou uma regra adicional ampliadora do rol dos legitimados a requerer o
emprego da Força Nacional. A autorização unilateral do emprego da Força Nacional, parece, em juízo de
delibação, contrariar as normas de escalão superior das quais deveria retirar sua validade. Nesse sentido, o
art. 241 da Constituição Federal (CF) se refere expressamente à celebração de convênios de cooperação
ou consórcios públicos entre os entes federados para assegurar a continuidade de serviços públicos. Além
disso, com exceção das hipóteses de intervenção federal, previstas no art. 34 da CF, não se identificam
dispositivoshábeis a contornar a autonomia dos estados, em sua integridade administrativa e territorial,
sem que se obedeça à exigência de exteriorização de vontade apta a ser elemento de suporte de fato
jurídico. Em análise típica de controle de legalidade, a validade do art. 4º do Decreto 5.289/2004 deve ser
contrastada com a Lei 11.473/2007, que dispõe sobre cooperação federativa no âmbito da segurança
pública.
Presente, também, o requisito do perigo da demora. Em primeiro lugar, em razão da gravidade do
objeto em litígio, uma vez que o pacto federativo é essencial para o correto funcionamento das
instituições republicanas. A jurisprudência da Corte confere significativo peso argumentativo à autonomia
dos Estados-membros. Dessa forma, a mobilização de força de segurança pública em território estadual,
ressalvado ulterior juízo de mérito, implica grave ameaça ao equilíbrio da Federação. Em segundo lugar,
a citada gravidade é exacerbada por se tratar, justamente, de tópico referente à segurança pública. O
horizonte possível de emprego do uso da força apresenta risco que é da essência da própria atividade.
Existe fundado temor de que, ao final do curso natural do processo, o uso da violência monopolística do
Estado se revele, a um só tempo, ilegítimo e irreversível. Havendo vidas envolvidas, tanto da população
local quanto dos membros das forças de segurança, é razoável assumir que existe um risco elevado na
demora do julgado. Por fim, o objeto da demanda não ocorre em um vácuo histórico, mas durante a mais
severa crise sanitária dos últimos cem anos (decorrente da pandemia do Covid-19). Em razão disso, a
mobilização do contingente exógeno de forças de segurança inegavelmente apresenta riscos de
contaminação para a população local.
O Plenário, por maioria, referendou a decisão concessiva da cautelar. Vencido o ministro Roberto
Barroso.
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=6006876
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo966.htm
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5f72417dd8090b0cd597452e/a1dd538fdcb4fd9ce66059b98bfb6716/ACO_34277.mp3
https://www.youtube.com/watch?v=0YfNKDE501A
(1) Decreto 5.289/2004: “Art. 4º A Força Nacional de Segurança Pública poderá ser empregada em qualquer parte do
território nacional, mediante solicitação expressa do respectivo Governador de Estado, do Distrito Federal ou de Ministro de
Estado.” 
ACO 3427 Ref-MC/BA, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 24.9.2020. (INF 992)
3.5 CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA
CNJ e revisão disciplinar - 2 - MS 30364/PA
A Segunda Turma denegou a ordem de mandado de segurança impetrado em face de ato do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que aplicou pena de disponibilidade com proventos proporcionais a
magistrada acusada de condicionar o resultado de medida liminar em processo sob sua responsabilidade a
favorecimento pessoal (Informativo 808).
Na espécie, o tribunal de justiça em que atuava a impetrante instaurou processo administrativo
disciplinar para a apuração da referida conduta, sendo-lhe imposta, ao fim da instrução processual, a pena
de censura. 
Tendo em conta essa decisão, o Ministério Público estadual requereu ao CNJ a instauração de
revisão disciplinar — ao fundamento de ser desproporcional a pena aplicada em relação à gravidade da
infração disciplinar praticada —, que foi julgada procedente.
A Turma asseverou que não procedem as alegações de intempestividade e descabimento da revisão
disciplinar, tampouco de ilegitimidade ativa do Ministério Público para instaurá-la. A Constituição
Federal (CF) não estabelece prazo para julgamento de pedido de revisão pelo CNJ, apenas prazo para a
instauração da revisão (CF, art. 103-B, § 4º, V) (1).
O processo administrativo disciplinar instaurado contra a impetrante foi julgado pelo tribunal de
justiça em 17.12.2008 e o pedido de revisão disciplinar foi protocolizado no CNJ em menos de um ano
(15.12.2009), do que decorre sua tempestividade. Por outro lado, a CF e o Regimento Interno do CNJ
conferem legitimidade universal para propositura da revisão disciplinar, a qual pode ser instaurada por
provocação de terceiros e até mesmo de ofício, o que demonstra a legitimidade do Ministério Público para
atuar na matéria em comento. 
Ademais, a possibilidade de instauração da revisão disciplinar de ofício ou por provocação de
qualquer interessado, juntamente com o extenso prazo para sua apresentação e a previsão regimental de se
poder modificar a pena imposta, confirmam a assertiva de que a revisão não é recurso ou revisão
administrativa ordinária, menos ainda instrumento exclusivo da defesa. 
Além disso, estão configurados, no caso, os pressupostos para instauração da revisão disciplinar,
dado que a decisão proferida pelo tribunal local é contrária à lei e às provas coligidas nos autos. Isso se dá
porque a pena aplicada não é condizente com a gravidade da conduta. 
Assim, concluiu o CNJ que os fatos apurados evidenciam comportamento de acentuada
reprovabilidade, insusceptível de aplicação de pena de censura. Esta última incide, segundo a Lei
Orgânica da Magistratura (Loman), nas hipóteses de “reiterada negligência no cumprimento dos deveres
do cargo, ou no de procedimento incorreto, se a infração não justificar punição mais grave” (LC 35/1979,
art. 44) (2). 
Dessa forma, é possível constatar que a parte final do preceito é suficientemente clara, ao dispor
que o descumprimento dos deveres funcionais pode justificar a aplicação de pena mais grave. Disso
decorre que a manifesta inadequação da reprimenda aplicada diante da gravidade da conduta pode indicar
a necessidade de revisão disciplinar.
(1) CF: “Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze) membros com mandato de 2 (dois) anos,
admitida 1 (uma) recondução, sendo: (...) § 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder
Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem conferidas
pelo Estatuto da Magistratura: (...) V– rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de
tribunais julgados há menos de um ano;”
(2) Loman: “Art. 44 – A pena de censura será aplicada reservadamente, por escrito, no caso de reiterada negligência no
cumprimento dos deveres do cargo, ou no de procedimento incorreto, se a infração não justificar punição mais grave.”
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4029076
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal992.pdf
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e7906c4d1a9f52d5fb6f0d4/3371712d000ea67d29715be28d8736cd/CNJ_e_revis%C3%A3o_disciplinar_-_2.mp3
MS 30364/PA, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 17.3.2020. (INF 970)
3.6 CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
ADI: órgão de segurança pública e repristinação - 3 - ADI 2575/PR
Em conclusão de julgamento, o Plenário julgou prejudicado pedido formulado em ação direta de
inconstitucionalidade (ADI) ajuizada em relação à Emenda Constitucional (EC) 10/2001 à Constituição
do estado do Paraná, que, ao alterar o art. 46 (1) da referida Constituição, inseriu a Polícia Científica no
rol dos órgãos de segurança pública. Na sequência, por maioria, julgou parcialmente procedente a ADI
para conferir interpretação conforme à expressão “Polícia Científica”, contida na redação originária do
art. 50 da referida Constituição estadual (2), tão somente para afastar qualquer interpretação que confira
ao referido órgão o caráter de órgão de segurança pública (Informativo 768).
Quanto ao pedido de declaração de inconstitucionalidade da EC 10/2001, na parte em que alterou
os arts. 46 e 50 da aludida Constituição estadual, o Tribunal reconheceu a perda superveniente de objeto
da ADI no ponto, em razão da declaração de inconstitucionalidade da emenda no julgamento ADI2.616. 
No que se refere à constitucionalidade da redação originária do art. 50 da Constituição paranaense,
o colegiado adotou o entendimento firmado no julgamento da ADI 2.827, no sentido de que o rol de
órgãos encarregados do exercício da segurança pública, previsto no art. 144, I a V, da CF, é taxativo e de
que esse modelo federal deve ser observado pelos estados-membros e pelo Distrito Federal. 
Destacou, ainda, que nada impede que a Polícia Científica, órgão responsável pelas perícias,
continue a existir e a desempenhar suas funções, sem estar, necessariamente, vinculada à Polícia Civil,
razão pela qual afastou a alegada inconstitucionalidade da redação originária do art. 50 da Constituição
paranaense. Contudo, reputou necessário, com vistas a evitar confusão pelo uso do termo “Polícia
Científica”, conferir-lhe interpretação conforme, para afastar qualquer interpretação que lhe outorgue
caráter de órgão de segurança pública.
Vencidos os ministros Roberto Barroso e Luiz Fux, que julgaram integralmente procedente o
pedido remanescente. O ministro Roberto Barroso afirmou que a Polícia Científica pode e deve ser
autônoma, porém, dentro da estrutura da Polícia Civil. 
Já para o ministro Luiz Fux, a redação originária do referido artigo padece de
inconstitucionalidade material, por violar o art. 144, I a V, § 4º, da Constituição Federal. Segundo ele, a
Polícia Científica não pode ostentar natureza de órgão autônomo de segurança pública e tampouco estar
fora da estrutura da Polícia Civil.
Vencidos, também, os ministros Edson Fachin e Marco Aurélio, que julgaram totalmente
improcedente o pedido. O ministro Edson Fachin pontuou que não há como se declarar a
inconstitucionalidade da norma, nem mesmo se fazer interpretação conforme, pois os estados podem
garantir autonomia aos seus institutos de criminalística e podem integrá-los aos demais órgãos de
segurança pública, sem que isso importe ofensa material à Constituição, garantindo-se a autonomia das
perícias.
Para o ministro Marco Aurélio, a não integração da Polícia Científica na segurança pública, já
ocorreu no julgamento da ADI 2.616 e não se coloca em dúvida esse pronunciamento. Ressaltou, por fim,
que para se declarar, principalmente no tocante à Constituição de um estado, um vício, a pecha de
inconstitucional, considerada a Constituição Federal, é preciso que se tenha conflito evidente e, no caso,
não há conflito.
(1) Constituição do estado do Paraná: “Art. 46 – A Segurança Pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos
é exercida para a preservação da ordem pública e incolumidade das pessoas e do patrimônio, pelos seguintes órgãos: I – Polícia
Civil; II – Polícia Militar; III – Polícia Científica. Parágrafo único – O Corpo de Bombeiros é integrante da Polícia Militar”.
(2) Constituição do estado do Paraná: “Art. 50 – A Polícia Científica, com estrutura própria, incumbida das perícias de
criminalísticas e médico-legais, e de outras atividades técnicas congêneres, será dirigida por peritos de carreira da classe mais
elevada, na forma da lei”.
ADI 2575/PR, rel. Min. Dias Toffoli, 24.6.2020. (INF 983)
Ampliação de pedido formulado por amicus curiae - ADPF 347 TPI-Ref/DF
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4783560
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal983.pdf
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=1985762
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo970.htm
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5efb753f901fa4353edb0947/610ddd38fdc41412d8c282c1bff72b3c/ADI_-_%C3%B3rg%C3%A3o_de_seguran%C3%A7a_p%C3%BAblica_e_repristina%C3%A7%C3%A3o_-_3.mp3
https://www.youtube.com/watch?v=9f_Ud40L0PI&list=PLippyY19Z47s0uKAHHQTH_9dqn8fFbcu9
O Plenário, preliminarmente, afastou a legitimidade de terceiro interessado e, por maioria, não
referendou medida cautelar implementada pelo ministro Marco Aurélio (relator) no sentido de conclamar
os juízos de execução a analisarem, ante o quadro de pandemia causado pelo coronavírus (COVID-19) e
tendo em conta orientação expedida pelo Ministério da Saúde (no sentido de segregação por 14 dias), a
possibilidade de aplicação das seguintes medidas processuais: (a) liberdade condicional a encarcerados
com idade igual ou superior a sessenta anos, nos termos do art. 1º da Lei 10.741/2003; (b) regime
domiciliar aos soropositivos para HIV, diabéticos, portadores de tuberculose, câncer, doenças
respiratórias, cardíacas, imunodepressoras ou outras suscetíveis de agravamento a partir do contágio pelo
COVID-19; (c) regime domiciliar às gestantes e lactantes, na forma da Lei 13.257/2016; (d) regime
domiciliar a presos por crimes cometidos sem violência ou grave ameaça; (e) substituição da prisão
provisória por medida alternativa em razão de delitos praticados sem violência ou grave ameaça; (f)
medidas alternativas a presos em flagrante ante o cometimento de crimes sem violência ou grave ameaça;
(g) progressão de pena a quem, atendido o critério temporal, aguarda exame criminológico; e (h)
progressão antecipada de pena a submetidos ao regime semiaberto.
O Tribunal afirmou que o amicus curiae, por não ter legitimidade para propositura de ação direta,
também não tem para pleitear medida cautelar.
Entendeu que houve, de ofício, ampliação do pedido da presente Arguição de Descumprimento de
Preceito Fundamental (ADPF).
Explicou que, no controle abstrato de constitucionalidade, a causa de pedir é aberta, mas o pedido
é específico.
Salientou que o Supremo Tribunal Federal (STF) analisou detalhadamente, em sessão ocorrida em
9.9.2015, todos os pedidos formulados na petição inicial e que as questões agora discutidas não estariam
relacionadas com aqueles pedidos. 
Explicitou não ser possível a ampliação do pedido cautelar já apreciado anteriormente. A Corte
está limitada ao pedido. Aceitar a sua ampliação equivale a agir de ofício, sem observar a legitimidade
constitucional para propositura da ação.
Ademais, em que pese a preocupação de todos em relação ao Covid-19 nas penitenciárias, a
medida cautelar, ao conclamar os juízes de execução, determina, fora do objeto da ADPF, a realização de
megaoperação para analisar detalhadamente, em um único momento, todas essas possibilidades e não
caso a caso, como recomenda o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). 
Vencidos os ministros Marco Aurélio (relator) e Gilmar Mendes, que referendaram a medida
cautelar. O ministro Gilmar Mendes pontuou que a decisão do relator se enquadra no pedido da inicial, na
declaração de estado de coisa inconstitucional.
ADPF 347 TPI-Ref/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, 
julgamento em 18.3.2020. (INF 970)
Compra de votos de parlamentares e inconstitucionalidade formal de EC - ADI 4887/DF;
ADI 4888/DF e ADI 4889/DF
Em tese, é possível o reconhecimento de inconstitucionalidade formal no processo
constituinte reformador quando eivada de vício a manifestação de vontade do parlamentar no
curso do devido processo constituinte derivado, pela prática de ilícitos que infirmam a moralidade,
a probidade administrativa e fragilizam a democracia representativa.
O devido processo constituinte reformador não tem apenas aquelas restrições expressas no art. 60
da Constituição Federal (CF) (1), submetendo-se também aos princípios que legitimam a atuação das
casas congressuais brasileiras.
Inclui-se, no devido processo legislativo, a observância dos princípios da moralidade e da
probidade, voltados a “impedir que os dispositivos constitucionais sejam objeto de alteração através do
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4345096
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4343516
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4340897http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo970.htm
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e78f523fdaf1c3d1e828940/a4941e53f1e06bc71aeea1bb497d25a8/Amplia%C3%A7%C3%A3o_de_pedido_formulado_por_amicus_curie.mp3
https://www.youtube.com/watch?v=5eqOJ1rtVzc&list=PLippyY19Z47vW1HSztJZjwpnYRPEdnAlf&index=4
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5fabe4750915f5328ce2780e/19ed49625d308983881ebb2d78dbde39/ADIs_4887_4888_4889.mp3
exercício de um poder constituinte derivado distanciado das fontes de legitimidade situadas nos fóruns de
uma esfera pública que não se reduz ao Estado”.
Nesse sentido, o vício de corrupção da vontade do parlamentar e de seu compromisso com o
interesse público subverte o regime democrático e deliberativo adotado pela CF e ofende o devido
processo legislativo por contrariar o princípio da representação democrática que deve, obrigatoriamente,
nortear a produção de normas jurídicas. 
Demonstrada a interferência ilícita na fase de votação pela prevalência de interesses individuais do
parlamentar, admite-se o reconhecimento de inconstitucionalidade formal de emenda constitucional ou
norma infraconstitucional.
Entretanto, de acordo com o princípio da presunção de inocência e da legitimidade dos atos
legislativos, há de se comprovar que a norma tida por inconstitucional não teria sido aprovada, se não
houvesse o grave vício a corromper o regime democrático pela “compra de votos”. Sem a demonstração
inequívoca de que sem os votos viciados pela ilicitude o resultado do processo constituinte reformador ou
legislativo teria sido outro, com a não aprovação da proposta de emenda constitucional ou com a rejeição
do projeto de lei, não se há declarar a inconstitucionalidade de emenda constitucional ou de lei
promulgada.
Diante desses argumentos, não há inconstitucionalidade formal por vício de decoro parlamentar a
ser declarada, por não estar evidenciado que as Emendas Constitucionais 41/2003 e 47/2005 foram
aprovadas apenas em razão do ilícito “esquema de compra de votos” de alguns parlamentares no curso do
processo de reforma constitucional.
(1) CF: “Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: I – de um terço, no mínimo, dos membros da
Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; II – do Presidente da República; III – de mais da metade das Assembleias
Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. § 1º A
Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. § 2º A proposta
será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três
quintos dos votos dos respectivos membros. § 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados
e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a
abolir: I – a forma federativa de Estado; II – o voto direto, secreto, universal e periódico; III – a separação dos Poderes; IV – os
direitos e garantias individuais. § 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.”
ADI 4887/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em 10.11.2020. ( INF 998 ) 
ADI 4888/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em 10.11.2020. ( INF 998 ) 
ADI 4889/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em 10.11.2020. ( INF 998 ) 
Controle concentrado de constitucionalidade: suspeição e impedimento - ADI 6362/DF
Não há impedimento, nem suspeição de ministro, nos julgamentos de ações de controle
concentrado, exceto se o próprio ministro firmar, por razões de foro íntimo, a sua não participação.
Essa foi a orientação fixada pela maioria do Plenário, ao resolver questão de ordem suscitada pelo
presidente, em ação direta de inconstitucionalidade, acerca da não aplicabilidade da regra, após o ministro
Marco Aurélio arguir a impossibilidade de sua participação no julgamento, considerado o Código de
Processo Civil (CPC) [art. 144, III, VIII e § 3º (1)]. 
O colegiado ratificou o posicionamento firmado em questão de ordem quando da apreciação da
ADI 2.238, para que seja aplicado em todas as hipóteses de controle concentrado, nas quais se discute a
validade de normas ou de atos, como na ADPF, que dizem respeito ao controle em abstrato na via
concentrada. De igual modo, assegurou a possibilidade de ministro, por motivo de foro íntimo, não
participar de julgamento. 
O Tribunal observou que os institutos do impedimento e da suspeição se restringem ao plano dos
processos subjetivos, em cujo âmbito discutem-se situações individuais e interesses concretos, não se
estendendo, nem se aplicando, ordinariamente, no processo de fiscalização concreta de
constitucionalidade, que se define como típico processo de caráter objetivo destinado a viabilizar o exame
não de uma situação concreta, mas da constitucionalidade, ou não, in abstracto, de determinado ato
normativo editado pelo Poder Público. 
A questão foi apresentada para fins, inclusive, de coordenação dos trabalhos. A forma de
composição do Supremo Tribunal Federal (STF) está escrita na Constituição Federal (CF). Levados em
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5886574
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4345096
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4343516
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4340897
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5f5aac5dd5556b3f8d2d1975/bf9ca32bdac3563c3c7cb1312003d016/Covid-19_requisi%C3%A7%C3%B5es_administrativas_de_bens_e_servi%C3%A7os_e_federalismo_cooperativo_adi_6362.mp3
conta os dispositivos do CPC, que ampliaram casos de impedimento e suspeição, poder-se-ia chegar à
situação da inexistência de quórum necessário para o pregão de processo do controle concentrado e
objetivo, bem assim para a modulações de efeitos, por exemplo.
Por oportuno, o ministro Marco Aurélio externou compreensão no sentido da impossibilidade de
haver, pelo CPC, o afastamento de integrante do STF dos processos objetivos. 
Vencido o ministro Edson Fachin, que não acolheu a proposição. Relembrou ter sido questionada a
constitucionalidade do art. 144, VIII, do Código de Processo Civil, na ADI 5.953, cujo julgamento não foi
concluído. Avaliou não ser possível que os magistrados do STF se coloquem à parte do dispositivo legal,
diante da presunção de constitucionalidade da regra. 
(1) CPC: “Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo: (...) III – quando nele
estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer
parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; (...) VIII – em que figure como parte cliente
do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro
grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório; (...) § 3º O impedimento previsto no inciso III também se
verifica no caso de mandato conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus quadros advogado que
individualmente ostente a condição nele prevista, mesmo que não intervenha diretamente no processo.”
ADI 6362/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 2.9.2020. (INF 989)
Imposição de obrigações às concessionárias de telefonia e competência privativa da União -
ADI 5040/PI
São inconstitucionais normas estaduais que imponham obrigações de compartilhamento de
dados com órgãos de segurança pública àsconcessionárias de telefonia, por configurar ofensa à
competência privativa da União para legislar sobre telecomunicações [Constituição Federal (CF),
arts. 21, XI, e 22, IV (1)].
Consagrado, na Carta de 1988, o monopólio da União sobre os serviços públicos de
telecomunicações — ainda que a atividade seja delegada a particulares mediante autorização, concessão
ou permissão — somente a ela cabe dispor acerca do seu regime de exploração. A matéria foi disciplinada
pela União nos arts. 3º, V, VI, IX e XII, e 72 da Lei 9.472/1997.
No caso, mesmo sendo necessária e importante a devida instrumentação dos órgãos de segurança
pública para viabilizarem a repressão de atos ilícitos, a definição de obrigações e procedimentos, no
âmbito da prestação de serviços públicos, não se pode dar de forma não integrada, desvinculada do
sistema como um todo. Nesses termos, inclusive medidas bem-intencionadas, ao desconsiderarem o
funcionamento do sistema no nível mais amplo, se revelam ineficazes e, também, verdadeiramente
contraproducentes na consecução dos fins a que se propõem.
Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade ajuizada contra a Lei 6.336/2013, do estado do
Piauí, que impõe às operadoras de telefonia móvel que operam naquela unidade federativa a obrigação de
fornecer aos órgãos de segurança pública os dados necessários para a localização de telefones celulares e
cartões “SIM” que tenham sido furtados, roubados, obtidos por latrocínio ou utilizados em atividades
criminosas.
Com esse entendimento, o Plenário, por maioria, julgou procedente o pedido formulado na ação.
(1) CF: “Art. 21. Compete à União: (...) XI – explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os
serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e
outros aspectos institucionais; (...) Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: (...) IV – águas, energia, informática,
telecomunicações e radiodifusão;”
ADI 5040/PI, rel. Min. Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em 3.11.2020. (INF 997)
Indiciamento por autoridade policial e afastamento automático de servidor público - ADI
4911/DF
Resumo:
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4366589
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4366589
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9971.pdf
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4461936
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9891.pdf
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5fa2aead901d660c5aee8588/7587e817eb0c35346a1082a17b17dec6/ADI_5040.mp3
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5fbbe037565f5d7c26c3fa58/e1083cf980655fc5b537cca1d4664a9a/ADI_4911.mp3
É inconstitucional a determinação de afastamento automático de servidor público indiciado
em inquérito policial instaurado para apuração de crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos
e valores. 
O afastamento do servidor, em caso de necessidade para a investigação ou instrução processual,
somente se justifica quando demonstrado nos autos o risco da continuidade do desempenho de suas
funções e a medida ser eficaz e proporcional à tutela da investigação e da própria Administração Pública,
circunstâncias a serem apreciadas pelo Poder Judiciário.
Reputa-se violado o princípio da proporcionalidade quando não se observar a necessidade concreta
da norma para tutelar o bem jurídico a que se destina, já que o afastamento do servidor pode ocorrer a
partir de representação da autoridade policial ou do Ministério Público, na forma de medida cautelar
diversa da prisão, conforme os arts. 282, § 2º, e 319, VI, ambos do Código de Processo Penal (CPP) (1).
Ademais, a presunção de inocência exige que a imposição de medidas coercitivas ou constritivas
aos direitos dos acusados, no decorrer de inquérito ou processo penal, seja amparada em requisitos
concretos que sustentam a fundamentação da decisão judicial impositiva, não se admitindo efeitos
cautelares automáticos ou desprovidos de fundamentação idônea.
Por fim, sendo o indiciamento ato dispensável para o ajuizamento de ação penal, a norma que
determina o afastamento automático de servidores públicos, por força da opinio delicti da autoridade
policial, quebra a isonomia entre acusados indiciados e não indiciados, ainda que denunciados nas
mesmas circunstâncias. 
Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade ajuizada contra o art. 17-D da Lei 9.613/1998,
com redação conferida pela Lei 12.683/2012 (2), que prevê o afastamento automático de servidor público
em decorrência do indiciamento policial em inquérito instaurado para apurar crimes de lavagem ou
ocultação de bens, direitos e valores.
Com base no entendimento exposto, o Plenário, por maioria, julgou procedente o pedido
formulado. Vencidos os ministros Edson Fachin (relator) e Cármen Lúcia e, em parte, o ministro Marco
Aurélio.
(1) CPP: “Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a: (...) § 2º As
medidas cautelares serão decretadas pelo juiz a requerimento das partes ou, quando no curso da investigação criminal, por
representação da autoridade policial ou mediante requerimento do Ministério Público. (...) Art. 319. São medidas cautelares
diversas da prisão: (...) VI – suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando
houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais;”
(2) Lei 9.613/1998: “Art. 17-D. Em caso de indiciamento de servidor público, este será afastado, sem prejuízo de
remuneração e demais direitos previstos em lei, até que o juiz competente autorize, em decisão fundamentada, o seu retorno.”
ADI 4911/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento
virtual finalizado em 20.11.2020 (INF 1000)
Legitimidade para o ajuizamento das ações de controle concentrado de constitucionalidade -
ADI 6465 AgR/DF
A entidade que não representa a totalidade de sua categoria profissional não possui
legitimidade ativa para ajuizamento de ações de controle concentrado de constitucionalidade.
A Constituição Federal (CF) estabelece, em seu art. 103, o rol de legitimados para a propositura de
ações de controle concentrado de constitucionalidade, dentre os quais estão as confederações sindicais e
entidades de classe [CF, art. 103, IX (1)]. 
O Supremo Tribunal Federal consolidou entendimento de que a legitimidade para o ajuizamento
das ações de controle concentrado de constitucionalidade por parte de confederações sindicais e entidades
de classe pressupõe: (a) a caracterização como entidade de classe ou sindical, decorrente da representação
de categoria empresarial ou profissional; (b) a abrangência ampla desse vínculo de representação,
exigindo-se que a entidade represente toda a respectiva categoria, e não apenas fração dela; (c) o caráter
nacional da representatividade, aferida pela demonstração da presença da entidade em pelo menos 9
(nove) estados brasileiros; e (d) a pertinência temática entre as finalidades institucionais da entidade e o
objeto da impugnação.
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5941437
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/Informativo_1000.pdf
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5f903729e8f886269aacd42d/e017fcec3e408da943a9f2d7f7dbbc7a/ADI_6465.mp3
À vista disso, o Plenário, por maioria, conheceu do agravo regimental e negou-lhe provimento por
entender que a entidade não representa toda a respectiva categoria profissional e, dessa forma, carece de
legitimidade ativa para propositura da ação. 
(1) CF: “Art. 103.Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: (...) IX
– confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.”
ADI 6465 AgR/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento virtual finalizado em 19.10.2020.
(INF 995)
Lei de Responsabilidade Fiscal - ADI 2238/DF
 
O Plenário, em conclusão, julgou parcialmente procedente pedido formulado em ação direta de
inconstitucionalidade ajuizada contra diversos dispositivos da Lei Complementar (LC) 101/2000 (Lei de
Responsabilidade Fiscal - LRF), que estabelece normas de finanças públicas voltadas para a
responsabilidade na gestão fiscal, e da Medida Provisória 1980-18/2000, que dispõe sobre as relações
financeiras entre a União e o Banco Central do Brasil.
Preliminarmente, o colegiado não conheceu da ação quanto aos arts. 7º, §§ 2º e 3º, da LRF e aos
arts. 3º, II, e 4º da Medida Provisória 1980-18/2000. Asseverou a total ausência de paradigma
constitucional invocado. Além disso, observou que a medida provisória impugnada foi reeditada diversas
vezes, sem que as novas edições houvessem sido acompanhadas de pedido de aditamento da petição
inicial. Não conheceu da ação também quanto ao art. 15 da LRF, por ausência de impugnação de todo o
complexo normativo necessário. Julgou a ação prejudicada quanto aos arts. 30, I, e 72 da LRF, por
exaurimento da eficácia das normas. Reforçou motivos já apresentados no julgamento da medida cautelar
(Informativos 204, 206, 218, 267, 297 e 475).
No que tange ao mérito, a Corte julgou improcedente a alegação da inconstitucionalidade formal
da LRF. Isso porque houve respeito ao devido processo legislativo. Além disso, o fato de ter se referido à
lei complementar no singular, e não no plural, não significa que todas as matérias elencadas nos incisos
do art. 163 da Constituição Federal (CF) devessem ser disciplinadas por um mesmo diploma legislativo,
mas sim a imposição constitucional de uma espécie normativa específica para regulamentar as matérias
previstas nesse artigo. 
O Tribunal julgou improcedente, também, a apontada inconstitucionalidade material dos arts. 4º, §
2º, II, e § 4º; 7º, caput e § 1º; 11, parágrafo único; 14, II; 17, §§ 1º a 7º; 18, § 1º; 20; 24; 26, § 1º; 28, § 2º;
29, I, e § 2º; 39; 59, § 1º, IV; 60 e 68, caput, da LRF. Ficaram vencidos os ministros Edson Fachin e Rosa
Weber apenas no tocante à alínea d do inciso I do art. 20. 
Afirmou que a exigência prevista no art. 4º, § 2º, II, em relação aos entes subnacionais, de
demonstração de sincronia entre diretrizes orçamentárias e metas e previsões fiscais macroeconômicas
definidas pela União não esvazia a autonomia daqueles, mas é absolutamente consentânea com as normas
da Constituição Federal e com o fortalecimento do federalismo fiscal responsável. Da mesma forma, a
exigência adicional do processo legislativo orçamentário estipulada no art. 4º, § 4º, não implica nenhum
risco de descumprimento do art. 165, § 2º, da CF.
Afastou a apontada violação ao art. 167, VII, da CF pelo art. 7º, caput e § 1º. A previsão de
transferência de resultados do Banco Central do Brasil (BCB) para o Tesouro Nacional é uma dinâmica
que encontra previsão em outros dispositivos estranhos à LRF (arts. 4º, XXVII; e 8º, parágrafo único, da
Lei 4.595/1964; e art. 6º, II, da Lei 11.803/2008). O dispositivo em questão não concede crédito algum,
apenas determina uma consignação obrigatória a ser feita na lei orçamentária de cada ano, o que está
longe de significar autorização para gastos ilimitados. Além disso, a norma não trata de despesas de
funcionalismo ou de custeio do BCB. Essas são registradas no orçamento geral da União como as de
qualquer outra autarquia, como decorre do art. 5º, § 6º, da própria LRF. O que justifica a transmissão de
resultados do BCB diretamente para o Tesouro Nacional não são essas despesas, mas aquelas decorrentes
da atuação institucional dessa autarquia especial na sua atividade-fim, que corresponde à execução das
políticas monetária e cambial (art. 164 da CF).
Já a mensagem normativa do parágrafo único do art. 11, de instigação ao exercício pleno das
competências impositivas fiscais tributárias dos entes locais, não conflita com a Constituição Federal, mas
traduz-se como fundamento de subsidiariedade, que é congruente com o princípio federativo, e
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=1829732
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9952.pdf
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5efc0a54fe16554d3a1cf6ad/b83783d20e15a9e2c4f0ac372a3fa1ef/Lei_de_Responsabilidade_Fiscal_-_parte_1.mp3
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5efc0a54fe16554d3a1cf6ad/ec148211325ac4483decf4b744eab398/Lei_de_Responsabilidade_Fiscal_-_parte_2.mp3
https://www.youtube.com/watch?v=9f_Ud40L0PI&list=PLippyY19Z47s0uKAHHQTH_9dqn8fFbcu9
desincentiva a dependência de transferências voluntárias. Com efeito, não é saudável para a Federação
que determinadas entidades federativas não exerçam suas competências constitucionais tributárias,
aguardando compensações não obrigatórias da União.
Compreendeu que o art. 14 se destina a organizar estratégia, dentro do processo legislativo, de tal
modo que os impactos fiscais de projetos de concessão de benefícios tributários sejam melhor
quantificados, avaliados e assimilados em termos orçamentários. A democratização do processo de
criação de gastos tributários pelo incremento da transparência constitui forma de reforço do papel de
estados e municípios e da cidadania fiscal. O inciso II do art. 14 funciona como uma cláusula de incentivo
à conciliação entre as deliberações gerais do processo orçamentário e aquelas relativas à criação de novos
benefícios fiscais. Não é possível extrair do seu comando qualquer atentado à autonomia federativa.
Nessa mesma linha, os arts. 17, e parágrafos, e 24 representam atenção ao equilíbrio fiscal. A
rigidez e a permanência das despesas obrigatórias de caráter continuado as tornam fenômeno financeiro
público diferenciado, devendo ser consideradas de modo destacado pelos instrumentos de planejamento
estatal. A internalização de medidas compensatórias, conforme enunciadas pelos dispositivos, no
processo legislativo é parte de projeto de amadurecimento fiscal do Estado, de superação da cultura do
desaviso e da inconsequência fiscal, administrativa e gerencial. A prudência fiscal é um objetivo
expressamente consagrado pelo art. 165, § 2º, da CF. 
Frisou que o art. 18, § 1º, ao se referir a contratos de terceirização de mão de obra, não sugere
qualquer burla aos postulados da licitação e do concurso público. Impede apenas expedientes de
substituição de servidores via contratação terceirizada em contorno ao teto de gastos com pessoal.
No que diz respeito ao art. 20, reputou que a definição de um teto de gastos particularizado,
segundo os respectivos Poderes ou órgãos afetados, não representa intromissão na autonomia financeira
dos entes subnacionais. Reforça, antes, a autoridade jurídica da norma do art. 169 da CF, no propósito,
federativamente legítimo, de afastar dinâmicas de relacionamento predatório entre os entes componentes
da Federação. Rejeitou, em seguida, a alegação de que a autonomia do Ministério Público da União
(MPU) teria sido afetada pela estipulação, na alínea c do inciso I do art. 20, de limite diferenciado para
gastos com pessoal na esfera do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios (MPDFT).
Asseverou que a LRF seguiu o modelo orçamentário tradicional para o MPDFT, estabelecendo os limites
de despesa com seu pessoal de maneira especial, de modo a se ajustar a uma realidade de financiamento
atípica, criada pela própria Constituição Federal, cujo art. 21, XIII, atribui à União o encargo de manter o
MPDFT. Manteve-se, portanto, o vínculo orçamentáriodesse órgão com o Poder Executivo federal, não
sobrecarregando e tampouco comprometendo a chefia do MPU no encaminhamento de seu próprio
orçamento, respeitado o respectivo limite global relativo a todos os demais ramos. No ponto, divergiram
os ministros Edson Fachin e a ministra Rosa Weber. Para eles, o MPDFT encontra-se abarcado pelo
limite de gastos com pessoal do MPU, nos termos do art. 20, I, d, da LRF.
Relativamente aos arts. 26, § 1º; 28, § 2º; 29, I, e § 2º; 39, reiterou a fundamentação utilizada
quando da análise da constitucionalidade formal da LRF, uma vez que a inconstitucionalidade formal
arguida pelos requerentes se confunde com a inconstitucionalidade material. 
O Tribunal também entendeu ser constitucional o art. 59, § 1º, IV. O art. 169, caput, da CF
encomenda à legislação complementar os limites de despesa com pessoal ativo e inativo. A norma apenas
estipula um mecanismo de articulação administrativa, informando Poderes e órgãos autônomos sobre uma
situação presumidamente temerária.
Quanto ao art. 60, considerou que a possibilidade de fixação por estados e municípios de limites de
endividamento abaixo daqueles nacionalmente exigíveis não compromete competências do Senado
Federal. Ao contrário, materializa prerrogativa que decorre naturalmente da autonomia política e
financeira de cada ente federado. 
Rejeitou, ainda, a alegada inconstitucionalidade do art. 68. O art. 250 da CF não exige que a
criação do fundo por ele mencionado seja necessariamente veiculada em lei ordinária, nem impede que os
recursos constitutivos sejam provenientes de imposição tributária. 
O Plenário julgou o pedido procedente com relação aos arts. 9º, § 3º (1); 56, caput (2); 57, caput
(3); parcialmente procedente para dar interpretação conforme, com relação aos arts. 12, § 2º (4), e 21, II
(5); e procedente para declarar a inconstitucionalidade parcial, sem redução de texto, do parágrafo 1º do
art. 23, e a inconstitucionalidade do parágrafo 2º do mesmo artigo (6), todos da LRF.
Relativamente ao parágrafo 3º do art. 9º, entendeu, por maioria, que a norma prevista não guarda
pertinência com o modelo de freios e contrapesos estabelecido constitucionalmente para assegurar o
exercício responsável da autonomia financeira por parte dos Poderes Legislativo e Judiciário e do
Ministério Público. Isso porque o dispositivo estabelece inconstitucional hierarquização subserviente em
relação ao Executivo, permitindo que, unilateralmente, limite os valores financeiros segundo os critérios
fixados pela Lei de Diretrizes Orçamentárias no caso daqueles outros dois Poderes e instituição não
promoverem a limitação no prazo fixado no caput. A defesa de um Estado Democrático de Direito exige
o afastamento de normas legais que repudiam o sistema de organização liberal, em especial, na presente
hipótese, o desrespeito à separação das funções do Poder e suas autonomias constitucionais. Ficaram
vencidos, no ponto, os Ministros Dias Toffoli (presidente), Edson Fachin, Roberto Barroso, Gilmar
Mendes e Marco Aurélio, que julgaram o pleito parcialmente procedente para fixar interpretação
conforme no sentido de que a limitação dos valores financeiros pelo Executivo dar-se-á no limite do
orçamento realizado no ente federativo respectivo e observada a exigência de desconto linear e uniforme
da Receita Corrente Líquida prevista na lei orçamentária, com a possibilidade de arresto nas contas do
ente federativo respectivo no caso de desrespeito à regra prevista no art. 168 da CF (repasse até o dia 20
de cada mês). 
Quanto aos arts. 56, caput, e 57, caput, o Tribunal, também por votação majoritária, considerou
que houve um desvirtuamento do modelo previsto nos arts. 71 e seguintes da CF. A Constituição
determina que as contas do Poder Executivo englobarão todas as contas, receberão um parecer conjunto
do Tribunal de Contas, e serão julgadas pelo Congresso. No caso do Judiciário, do Ministério Público e
do Legislativo, o Tribunal de Contas julga as contas, e não dá um parecer prévio. Vencido o Ministro
Marco Aurélio, que, em relação ao art. 56, deu interpretação conforme no sentido de que as contas,
submetidas ao Congresso, são as do Executivo, e não as do Ministério Público, do Poder Judiciário e do
Poder Legislativo; e, quanto ao art. 57, julgou improcedente a ação.
O colegiado deu interpretação conforme ao art. 12, § 2º, para o fim de explicitar que a proibição de
que trata o artigo não abrange operações de crédito autorizadas mediante créditos suplementares ou
especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta. A previsão de
limite textualmente diverso da regra do art. 167, III, da CF enseja interpretações distorcidas do teto a ser
aplicado às receitas decorrentes de operações de crédito. 
De igual modo, deu interpretação conforme ao art. 21, II, no sentido de que se entenda como limite
legal nele citado o previsto em lei complementar. Observou que o art. 169, caput, da CF remete à
legislação complementar a definição de limites de despesa com pessoal ativo e inativo.
A Corte, por maioria, nos termos do voto do ministro Edson Fachin, declarou a
inconstitucionalidade parcial, sem redução de texto, do art. 23, § 1º, de modo a obstar interpretação
segundo a qual é possível reduzir valores de função ou cargo que estiver provido. Quanto ao parágrafo 2º
do art. 23, declarou a sua inconstitucionalidade, ratificando a medida cautelar. Salientou que, por mais
inquietante e urgente que seja a necessidade de realização de ajustes nas contas públicas estaduais, a
ordem constitucional vincula a todos, independentemente dos ânimos econômicos ou políticos. Portanto,
caso se considere conveniente e oportuna a redução das despesas com folha salarial no funcionalismo
público como legítima política de gestão da Administração Pública, deve-se observar o que está fixado na
Constituição (art. 169, §§ 3º e 4º). Não cabe flexibilizar mandamento constitucional para gerar
alternativas menos onerosas, do ponto de vista político, aos líderes públicos eleitos. De acordo com a
jurisprudência do Tribunal, o art. 37, XV, da CF impossibilita que a retenção salarial seja utilizada como
meio de redução de gastos com pessoal com a finalidade de adequação aos limites legais ou
constitucionais. A irredutibilidade do estipêndio funcional é garantia constitucional voltada a qualificar
prerrogativa de caráter jurídico-social instituída em favor dos agentes públicos. A redução da jornada de
trabalho com adequação dos vencimentos à nova carga horária é medida inconstitucional. Aduziu, por
fim, que a irredutibilidade de vencimentos dos servidores também alcança aqueles que não possuem
vínculo efetivo com a Administração Pública. No que se refere aos parágrafos 1º e 2º do art. 23, ficaram
vencidos integralmente os Ministros Alexandre de Moraes (relator), Roberto Barroso e Gilmar Mendes,
que julgaram improcedente a ação, com a cassação da medida cautelar concedida. Segundo eles, em
suma, não seria razoável afastar a possibilidade de temporariamente o servidor público estável ter
relativizada sua irredutibilidade de vencimentos, com diminuição proporcional às horas trabalhadas, com
a finalidade de preservar seu cargo e a própria estabilidade. A temporariedade da medida destinada a
auxiliar o ajuste fiscal e a recuperação das finanças públicas, a proporcionalidade da redução
remuneratória com a consequente diminuição das horas trabalhadas e a finalidade maior de preservação
do cargo, com a manutenção da estabilidade do servidor estariam em absoluta consonância com o
princípio da razoabilidade e da eficiência, pois, ao preservar o interesse maior do servidor na manutenção
de seu cargo, também se evitaria a cessação da prestação de eventuais serviços públicos. No ponto, a
Ministra Cármen Lúcia ficou vencida parcialmente,por divergir do ministro Edson Fachin apenas em
relação à locução “quanto pela redução dos valores a eles atribuídos”. Para ela, é possível a redução da
jornada, mas não dos valores. Vencido parcialmente, ainda, o presidente, que acompanhou o relator
quanto ao parágrafo 1º do art. 23 e, quanto ao parágrafo 2º, julgou parcialmente procedente a ação para
fixar interpretação conforme no sentido de que o referido dispositivo deve observar a gradação
constitucional estabelecida no art. 169, § 3º, da CF, de modo que somente será passível de aplicação
quando já adotadas as medidas exigidas pelo art. 169, § 3º, I, da CF, e a utilização da faculdade nele
prevista se fará primeiramente aos servidores não estáveis e, somente se persistir a necessidade de
adequação ao limite com despesas de pessoal, a faculdade se apresentará relativamente ao servidor
estável.
(1) LC 101/2000: “Art. 9º Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá não comportar o
cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério
Público promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários, nos trinta dias subsequentes, limitação de empenho e
movimentação financeira, segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias. (...) § 3º No caso de os Poderes
Legislativo e Judiciário e o Ministério Público não promoverem a limitação no prazo estabelecido no caput, é o Poder Executivo
autorizado a limitar os valores financeiros segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.”
(2) LC 101/2000: “Art. 56. As contas prestadas pelos Chefes do Poder Executivo incluirão, além das suas próprias, as dos
Presidentes dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Chefe do Ministério Público, referidos no art. 20, as quais
receberão parecer prévio, separadamente, do respectivo Tribunal de Contas.”
(3) LC 101/2000: “Art. 57. Os Tribunais de Contas emitirão parecer prévio conclusivo sobre as contas no prazo de sessenta
dias do recebimento, se outro não estiver estabelecido nas constituições estaduais ou nas leis orgânicas municipais.”
(4) LC 101/2000: “Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais, considerarão os efeitos das
alterações na legislação, da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão
acompanhadas de demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem,
e da metodologia de cálculo e premissas utilizadas. § 2º O montante previsto para as receitas de operações de crédito não poderá ser
superior ao das despesas de capital constantes do projeto de lei orçamentária.”
(5) LC 101/2000: “Art. 21. É nulo de pleno direito o ato que provoque aumento da despesa com pessoal e não atenda: II – o
limite legal de comprometimento aplicado às despesas com pessoal inativo.”
(6) LC 101/2000: “Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão referido no art. 20, ultrapassar os limites
definidos no mesmo artigo, sem prejuízo das medidas previstas no art. 22, o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois
quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro, adotando-se, entre outras, as providências previstas nos §§ 3º e 4º
do art. 169 da Constituição. § 1º No caso do inciso I do § 3º do art. 169 da Constituição, o objetivo poderá ser alcançado tanto pela
extinção de cargos e funções quanto pela redução dos valores a eles atribuídos. § 2º É facultada a redução temporária da jornada de
trabalho com adequação dos vencimentos à nova carga horária.”
ADI 2238/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 24.6.2020. (INF 983)
Responsabilidade do Estado: direito à indenização e prisão por motivo político - ADI 3738/ES
É constitucional a Lei 5.751/1998 do estado do Espírito Santo, de iniciativa parlamentar, que
versa sobre a responsabilidade do ente público por danos físicos e psicológicos causados a pessoas
detidas por motivos políticos. 
Isso porque a norma impugnada está em consonância com o disposto no art. 37, § 6º (1), da
Constituição Federal (CF), que prevê a responsabilidade do Estado por danos decorrentes da prestação de
serviços públicos. Além disso, por não se tratar de matéria de iniciativa exclusiva do Poder Executivo
(CF, arts. 61, § 1º, e 165), não caracterizada a ocorrência de vício formal.
No caso, a norma questionada dispõe sobre o pagamento de indenização a pessoas presas ou
detidas por motivos políticos, ou que tenham sofrido maus tratos, que acarretaram danos físicos ou
psicológicos, quando se encontravam sob a guarda e responsabilidade ou sob poder de coação de órgãos
ou agentes públicos estaduais. A norma estabelece, ainda, o pagamento de pensão especial a pessoas que
tenham perdido a sua capacidade laborativa nas mesmas circunstâncias.
O Plenário, por maioria, julgou improcedente o pedido formulado em ação direta.
(1) CF: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também,
ao seguinte: (...) § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos
de dolo ou culpa.”
ADI 3738/ES, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento virtual finalizado em 3.11.2020. (INF 997)
Ultra-atividade das convenções e acordos coletivos de trabalho e CF/1988 - 2 - ADI 2200/DF
e ADI 2288/DF
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=1838028
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=1820340
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9971.pdf
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2384611
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal983.pdf
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5fa1dd1fc6842e459f3e11ba/8c54648d58547c7b62ac37da7a68238e/ADI_3738.mp3
O Plenário, em conclusão e por maioria, julgou prejudicadas, por perda superveniente de objeto,
ações diretas de inconstitucionalidade ajuizadas em face do art. 19 da Medida Provisória 1.950-62/2000,
convertida no art. 18 da Lei 10.192/2001, na parte em que revogou os §§ 1º e 2º do art. 1º da Lei
8.542/1992 (1) (Informativo 848).
O Tribunal afirmou que a Lei 13.497/2017 (Lei da Reforma Trabalhista) alterou o § 3º do art. 614
da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) (2) e vedou expressamente a ultra-atividade das normas
coletivas no ordenamento jurídico brasileiro.
A nova lei, portanto, determinou um regime jurídico completamente diferente do previsto no § 1º
do art. 1º da Lei 8.542/1992, que estabelecia a ultra-atividade e era o objeto das ações diretas. Assim,
ainda que se declarasse a inconstitucionalidade da lei revogadora, a lei revogada não poderia voltar a ter
vigência, em razão de norma expressa que é taxativa quanto à impossibilidade da ultra-atividade.
Vencidos o ministro Edson Fachin, que julgou procedentes os pedidos formulados nas ações
diretas, para declarar a inconstitucionalidade do art. 18 da Lei 10.192/2001, e, em menor extensão, o
ministro Teori Zavascki.
Os ministros Roberto Barroso, Marco Aurélio e Cármen Lúcia (relatora) reajustaram os seus
respectivos votos.
(1) Lei 8.542/1992: “Art. 1º A política nacional de salários, respeitado o princípio da irredutibilidade, tem por fundamento
a livre negociação coletiva e reger-se-á pelas normas estabelecidas nesta lei. § 1º As cláusulas dos acordos, convenções ou contratos
coletivos de trabalho integram os contratos individuais de trabalho e somente poderão ser reduzidasou suprimidas por posterior
acordo, convenção ou contrato coletivo de trabalho. § 2º As condições de trabalho, bem como as cláusulas salariais, inclusive os
aumentos reais, ganhos de produtividade do trabalho e pisos salariais proporcionais à extensão e à complexidade do trabalho, serão
fixados em contrato, convenção ou acordo coletivo de trabalho, laudo arbitral ou sentença normativa, observados, dentre outros
fatores, a produtividade e a lucratividade do setor ou da empresa.”
(2) CLT: “Art. 614 - Os Sindicatos convenentes ou as empresas acordantes promoverão, conjunta ou separadamente, dentro
de 8 (oito) dias da assinatura da Convenção ou Acordo, o depósito de uma via do mesmo, para fins de registro e arquivo, no
Departamento Nacional do Trabalho, em se tratando de instrumento de caráter nacional ou interestadual, ou nos órgãos regionais do
Ministério do Trabalho e Previdência Social, nos demais casos. (...) § 3º Não será permitido estipular duração de convenção coletiva
ou acordo coletivo de trabalho superior a dois anos, sendo vedada a ultratividade.”
ADI 2200/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 4.6.2020. (INF 980)
ADI 2288/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 4.6.2020. (INF 980)
3.7 CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
Roubo forjado e classificação jurídica - HC 147584/RJ
A Primeira Turma, por maioria, indeferiu a ordem em habeas corpus impetrado em favor de
condenado pela prática do crime de roubo em concurso de agentes. No caso, o paciente, funcionário de
uma empresa, tinha a atribuição de movimentar quantias em dinheiro. O corréu, mediante grave ameaça,
simulando portar arma de fogo, exigiu a entrega dos valores que estavam em seu poder e no de outra
pessoa, na ocasião, e o paciente, fingindo ser vítima, previamente ajustado com o suposto assaltante,
entregou a quantia.
A defesa alegou nulidade processual, consistente em suposto desrespeito ao art. 402 do Código de
Processo Penal (CPP) (1), pois não teve a oportunidade de requerer diligências ao término da instrução.
Ademais, considerou inadequada a classificação jurídica dos fatos, que consubstanciariam estelionato e
não roubo.
A Turma, inicialmente, afastou a suposta nulidade. Afirmou que a falta de abertura de prazo, após
o encerramento da instrução, para manifestação das partes acerca do interesse na feitura de diligências
complementares constitui nulidade relativa, cujo reconhecimento pressupõe seja o inconformismo
veiculado em momento oportuno, ou seja, quando da apresentação de alegações finais. No caso, a defesa
deixou de se insurgir nas alegações finais e nas razões de apelação. Além disso, a impetração sequer
apontou quais diligências seriam requeridas.
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5258974
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal980.pdf
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal980.pdf
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5edfe2badae2af16a68d76ba/61f5aff9e222887701b8f3128442df00/Ultra-atividade_das_conven%C3%A7%C3%B5es_e_acordos_coletivos_de_trabalho_e_constitui%C3%A7%C3%A3o_federal_de_1988_-_2.mp3
https://www.youtube.com/watch?v=RKhAjOM52sg&list=PLippyY19Z47u7wu6Geklpvsc9gXvQg_jo
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Ademais, o enquadramento dos fatos no tipo penal alusivo ao roubo mostrou-se adequado. Trata-
se de crime complexo, cuja estrutura típica exige a realização da subtração patrimonial mediante violência
ou grave ameaça à pessoa.
O fato de o assalto envolver situação forjada entre o paciente e o corréu não viabiliza a ocorrência
de estelionato, pois a caracterização do roubo não pressupõe a efetiva intenção do agente de realizar o mal
prometido. Basta que a forma utilizada para a subtração da coisa alheia móvel seja revestida de aptidão a
causar fundado temor ao ofendido. Nesse sentido, a ameaça praticada pela simulação do porte de arma de
fogo constitui meio idôneo a aterrorizar.
Por sua vez, a circunstância de não ter o paciente feito grave ameaça contra a vítima não é
relevante, porquanto a vinculação subjetiva com o corréu, a configurar o concurso de agentes, legitima
sejam os fatos, em relação a ambos os acusados, enquadrados no tipo de penal de roubo, observado o art.
29 do Código Penal (CP) (2).
Vencido o ministro Luiz Fux, que deferiu a ordem.
(1) CPP/1941: “Art. 402. Produzidas as provas, ao final da audiência, o Ministério Público, o querelante e o assistente e, a
seguir, o acusado poderão requerer diligências cuja necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apurados na instrução.”
(2) CP/1940: “Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de
sua culpabilidade.”
HC 147584/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 2.6.2020. (INF 980)
3.8 DEFENSORIA PÚBLICA
Defensoria Pública: autonomia orçamentária e repasse de duodécimos - ADPF 384 Ref-
MC/MG
O Plenário, por maioria, julgou procedente pedido formulado em arguição de descumprimento de
preceito fundamental (ADPF) para determinar ao Governador do estado de Minas Gerais que proceda ao
repasse, sob a forma de duodécimos e até o dia 20 de cada mês, da integralidade dos recursos
orçamentários destinados à Defensoria Pública estadual pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para
o exercício financeiro de 2016, inclusive quanto às parcelas já vencidas, assim também em relação a
eventuais créditos adicionais destinados à instituição.
O Tribunal, preliminarmente, converteu o julgamento do referendo em cautelar em julgamento
definitivo de mérito.
Afirmou que a omissão do Poder Executivo estadual em realizar o repasse de dotação
orçamentária da Defensoria Pública na forma de duodécimos afronta os arts. 134, § 2º (1), e 168 (2) da
Constituição Federal (CF).
Salientou que há, no caso sob exame, inadimplemento estatal relacionado a dever constitucional
imposto ao Executivo do estado-membro em questão. Isso porque há patente abusividade no exercício de
uma competência financeira, justamente por parte de quem detém posição de primazia no tocante à
execução orçamentária, nos termos do modelo presidencialista.
Concluiu que houve clara ofensa aos preceitos fundamentais de acesso à Justiça e de assistência
jurídica integral e gratuita, porquanto a retenção injusta de duodécimos referentes à dotação orçamentária
do órgão representa, em concreto, um óbice ao pleno exercício de função essencial à Justiça.
Vencidos os ministros Gilmar Mendes, Marco Aurélio e Dias Toffoli, que julgaram parcialmente
procedente o pedido formulado na ADPF, para determinar que, no caso de frustação de receitas líquidas
pelo estado, deve-se seguir, a partir da data deste julgamento, os critérios previstos na respectiva LDO
para fins de contingenciamento de receitas. Nas situações em que a LDO preveja critérios a serem
utilizados para fins de contingenciamento em casos de frustação de receita, o corte deve ser realizado pelo
Poder Executivo de forma objetiva, sempre na hipótese de haver impasse institucional e depois da
omissão do Poder ou órgão com autonomia constitucional.
(1) CF: “Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-
lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4919374
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4919374
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal980.pdf
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humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos
necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição. (...) § 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas
autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes
orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, § 2º.”
(2) CF: “Art. 168. Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias, compreendidos os créditos suplementares e
especiais, destinados aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública, ser-lhes-ão
entregues até o dia 20 de cada mês, em duodécimos, na forma da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º.”
ADPF 384 Ref-MC/MG, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 6.8.2020 . (INF 985)
3.9 DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
Ato jurídico perfeito e retroatividade de índices de atualização de preços - 2 - ADI 3005/DF
Em conclusão de julgamento, o Plenário, por maioria, julgou procedente ação direta de
inconstitucionalidade (ADI), ajuizada em face do art. 26 da Lei 8.177/1991, que determina que as
operações de crédito rural, contratadas junto a instituições financeiras, com recursos oriundos de
depósitos à vista e com cláusula de atualização pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), sejam
atualizadas pela Taxa Referencial de Juros (TR) (Informativo 934).
O Tribunal entendeu que o dispositivo impugnado, ao permitir a incidência da TR em substituição
ao IPC nos contratos celebrados antes do início de sua vigência, se afigura incompatível com a garantia
fundamental de proteção ao ato jurídico perfeito, previsto no inciso XXXVI do art. 5º da Constituição
Federal (CF) (1).
Observou, ademais, que o fato de o Banco Central do Brasil (BCB) ter admitido não aplicar o
dispositivo retroativamente, e de a Advocacia-Geral da União ter-se manifestado pela
inconstitucionalidade da aplicação retroativa da norma não implicam na prejudicialidade da ADI.
Vencido o ministro Roberto Barroso, que considerou que a revisão judicial de índices de correção
monetária editados pelo legislador requer uma postura de autocontenção judicial, seja em respeito à
investidura popular que caracteriza o Poder Legislativo, seja em respeito à complexidade técnica inerente
ao tema. Isso porque o Poder Judiciário não tem capacidade institucional para avaliar os efeitos de
eventuais mudanças dos índices de correção monetária na economia. 
O ministro ponderou, ainda, que, ao utilizar a TR como critério de correção, o legislador curvou-se
à dinâmica do mercado, o que constitui uma escolha que a ele cabe e que se mostra legítima. Como
decidido na ADI 493, a TR reflete, com propriedade, a dinâmica presente no mercado do dinheiro e as
suas peculiaridades, sendo muito mais apropriada para a operação de crédito rural do que qualquer índice
de preços que mensure o fenômeno inflacionário. É razoável que se exija do Estado a correção de suas
dívidas por índice oficial de preços, uma vez que o sistema de pagamento por precatórios é obrigatório e
regulamenta a forma de pagamento dos débitos da Fazenda com seus cidadãos. No entanto, a situação é
distinta em operações de crédito rural, nas quais as partes, voluntariamente, aderem às condições de
financiamento impostas pela lei e demais regulações dos órgãos administrativos, como o BCB.
 (1) CF: “Art. 5º (...): XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;”
ADI 3005/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 1.7.2020. (INF 984)
Auditor independente e rotatividade - ADI 3033/RJ
São constitucionais as restrições impostas aos auditores independentes pelo art. 31 da
Instrução 308/1999 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) (1).
A rotatividade dos auditores independentes, prevista pelo art. 31 da Instrução 308/1999 da CVM,
não inviabiliza o exercício profissional, mas o regula com base em decisão técnica, adequada à atividade
econômica por ela regulamentada, mostrando-se medida adequada para resguardar a própria idoneidade
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2178395
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal984.pdf
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2170985
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal985.pdf
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5f0348daa357282dcf58b1fd/2198583152531580463f29675610d19d/Ato_jur%C3%ADdico_perfeito_e_retroatividade_de_%C3%ADndices_de_atualiza%C3%A7%C3%A3o_de_pre%C3%A7os_-_2.mp3
https://www.youtube.com/watch?v=4uywrxApmaM&list=PLippyY19Z47vq4uImVGBgscghlcA4frmM
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do auditor, resguardando a imparcialidade do trabalho de auditoria e protegendo os interesses dos
investidores, do mercado de capitais e da ordem econômica.
A competência atribuída à CVM pela legislação de regência, especialmente no que tange ao
exercício do poder de polícia, legitima a restrição, promovida pelo referido art. 31, a direitos
fundamentais referentes à livre iniciativa, à livre concorrência e ao exercício profissional.
Ademais, a prestação de serviços de auditoria para um mesmo cliente, por um prazo longo, pode
comprometer a qualidade desse serviço ou mesmo a independência do auditor na visão do público
externo.
No caso, trata-se de ação direta proposta em face do aludido art. 31 da Instrução 308/1999 da
CVM, que restringe a atividade profissional dos auditores independentes, de forma a vedar a prestação de
serviços para um mesmo cliente, por prazo superior a cinco anos consecutivos, exigindo um intervalo
mínimo de três anos para a sua recontratação.
Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, julgou improcedente o pedido.
(1) IN 308/1999 da CVM: “Art. 31 – O Auditor Independente — Pessoa Física e o Auditor Independente — Pessoa
Jurídica não podem prestar serviços para um mesmo cliente, por prazo superior a cinco anos consecutivos, contados a partir da data
desta Instrução, exigindo-se um intervalo mínimo de três anos para a sua recontratação.”
ADI 3033/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 10.11.2020. (INF 998)
Contrato de plano de saúde: ato jurídico perfeito e retroatividade da lei nova - RE 948634/RS
As disposições da Lei 9.656/1998, à luz do art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal (CF),
somente incidem sobre os contratos celebrados a partir de sua vigência, bem como sobre os
contratos que, firmados anteriormente, foram adaptados ao seu regime, sendo as respectivas
disposições inaplicáveis aos beneficiários que, exercendo sua autonomia de vontade, optaram por
manter os planos antigos inalterados.
Isso porque as relações jurídicas livremente pactuadas, com o uso da autonomia da vontade,
devem dar valor à segurança jurídica, conferindo-se estabilidade aos direitos subjetivos e, mais ainda,
conhecimento inequívoco das regras às quais todos estão vinculados, bem como a tão importante
previsibilidade das consequências de suas respectivas condutas. Nesses termos, dentro do debate sobre a
possibilidade de retroatividade da Lei 9.656/1998 a negócios jurídicos anteriores à sua vigência, serão
aplicáveis previsões constitucionais a preservar o ato jurídico perfeito, a segurança jurídica e, por sua
relevância, a autonomia da vontade e a liberdade de contratar.
Além disso, o entendimento que tem sido consolidado no Supremo Tribunal Federal (STF) ao
longo dos anos é contrário à possibilidade daretroatividade da lei nova, assegurando a máxima
efetividade da norma constitucional carreada pelo art. 5º, XXXVI, da CF, ressalvada a aplicação da
chamada retroatividade mínima, em situações excepcionais, a permitir sejam temperadas para o futuro
algumas relações jurídicas constituídas no passado. Desse modo, os contratos de planos de saúde
firmados antes do advento da Lei 9.656/1998 podem ser considerados atos jurídicos perfeitos, e, como
regra geral, estão blindados às mudanças supervenientes das regras vinculantes.
Ademais, nos termos do art. 35 da Lei 9.656/1998, assegurou-se, aos beneficiários dos contratos
celebrados anteriormente ao início de sua vigência, a possibilidade de opção pelas novas regras, tendo o
parágrafo 4° do mencionado dispositivo proibido que a migração fosse feita unilateralmente pela
operadora.
Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, ao apreciar o Tema 123 da repercussão
geral, deu provimento a recurso extraordinário para julgar improcedente o pedido inicial.
RE 948634/RS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento virtual finalizado em 19.10.2020.
(INF 995)
Covid -19: acordos individuais e participação sindical - ADI 6363 MC-Ref/DF
Parte 1 - 
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5886604
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9952.pdf
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4928717
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9981.pdf
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5f8f396d705e165c38c54143/acb66bafc9d22f41fddcba44baf5b4ae/RE_948634.mp3
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e9f0a9ae9c934471bbc8bcf/5c0a003afe2848528a20084fa6cded71/Covid19_-_acordos_individuais_e_participa%C3%A7%C3%A3o_sindical.mp3
https://www.youtube.com/watch?v=hWVcam3KGdE&list=PLippyY19Z47s9D2gEQqtrN-PBZaI1DP7n
Parte 2 - 
O Plenário, por maioria, não referendou medida cautelar concedida em ação direta de
inconstitucionalidade e manteve a eficácia da Medida Provisória 936/2020, que autoriza a redução da
jornada de trabalho e do salário ou a suspensão temporária do contrato de trabalho por meio de acordos
individuais em razão da pandemia do novo coronavírus, independentemente de anuência sindical.
Prevaleceu o voto do ministro Alexandre de Moraes. Entendeu ser necessário definir se, durante o
estado de calamidade pública, o acordo de redução proporcional tanto da jornada de trabalho quanto do
salário, escrito entre empregado e empregador, é um ato jurídico perfeito e acabado; ou se a comunicação
ao sindicato, no prazo de dez dias, transfere à organização sindical a possibilidade, tal qual uma
verdadeira condição resolutiva, de corroborar o acordo individual, afastá-lo ou alterá-lo, mediante uma
negociação coletiva. 
Anotou que, nos termos da medida provisória, uma vez assinado o acordo escrito de redução
proporcional de salário e de jornada de trabalho, há uma complementação por parte do Poder Público. Um
cálculo é feito à semelhança do seguro-desemprego. Assim, se o sindicato tiver o poder de alterar os
termos desse acordo, pode haver um descompasso entre essa alteração e o abono pago pelos cofres
públicos.
A medida provisória em análise tem o intuito de equilibrar as desigualdades sociais provocadas
pela pandemia, e deve ser interpretada de acordo com diversos vetores constitucionais: a dignidade da
pessoa humana, o trabalho, a livre iniciativa, o desenvolvimento nacional, a erradicação da pobreza e
marginalização e a redução das desigualdades. Nesse sentido, a garantia de irredutibilidade salarial apenas
faz sentido se existir o direito ao trabalho em primeiro lugar.
A situação de pandemia vem trazendo de forma crescente efeitos econômicos e sociais, como o
desemprego e a falta de renda. Nesse contexto, a finalidade da medida provisória é a manutenção do
emprego. Diversas empresas, como consequência do panorama atual, provocaram demissões em massa, e
a medida provisória procura oferecer uma opção garantidora do trabalho, proporcional entre empregado e
empregador.
Salientou que a medida provisória é específica ao definir sua eficácia durante o estado de
calamidade (90 dias), período no qual o empregado terá a garantia de manutenção do seu emprego (um
total de 24,5 milhões de postos de trabalho), mesmo que com uma redução salarial proporcional à redução
de horas trabalhadas. Além disso, haverá complementação de renda por parte do Estado, no valor
estimado de 51,2 bilhões de reais.
Por outro lado, a medida provisória também permite a manutenção de diversas empresas, que
permanecerão com empregados durante o período e continuarão funcionando futuramente.
Ademais, o empregado tem a opção de não aceitar essa redução, juntamente como auxílio
emergencial proporcional. Nesse caso, se houver demissão, ele receberá o auxílio-desemprego.
Assim, a medida provisória não tem o objetivo simples de legalizar a redução salarial, mas sim de
estabelecer mecanismos emergenciais de preservação de emprego e de renda. Não se trata de conflito
entre empregado e empregador e da definição salarial como resultado desse embate, que é a situação
normal na qual se exige a participação sindical para equilibrar as forças.
A situação atual não exige conflito, mas convergência para a sobrevivência da empresa
(especialmente a micro e a pequena), do empregador e do empregado, com o auxílio do governo. Se não
houver pacto entre empregadores e empregados, o resultado da pandemia pode ser o dobro de
desempregados no país, situação inadmissível que gerará enorme conflito social.
Nesse quadro, possibilitar aos sindicatos que “referendem” os acordos traz três desfechos
possíveis: a discordância total, parcial, ou a concordância. E a última hipótese é a única que não afetará a
segurança jurídica e a boa-fé dos acordos.
Isso não significa, entretanto, que os sindicatos ficarão totalmente alheios a esses acordos. Nos
termos da medida provisória, eles serão comunicados, para verificar a necessidade de estender os termos
de determinado acordo a outros trabalhadores da categoria, ou para indicar a anulação dos acordos, se
houver algum vício. O que o texto legal não fez foi exigir a anuência sindical para que o acordo se torne
ato jurídico perfeito, o que diminuiria sensivelmente a eficácia da medida emergencial.
Vencidos os ministros Ricardo Lewandowski (relator), que deferiu a medida cautelar em parte, no
sentido de dar interpretação conforme à Constituição à medida provisória, de maneira a assentar que os
acordos deverão ser comunicados pelos empregadores ao respectivo sindicato no prazo de até dez dias,
para que este inicie a negociação coletiva se desejar; e os ministros Edson Fachin e Rosa Weber, que a
https://www.youtube.com/watch?v=ONpu8U3zM_4&list=PLippyY19Z47vLyRfwspxHnf-FOhwBHnFh
deferiram integralmente, para afastar o uso de acordo individual para dispor sobre as medidas tratadas no
texto impugnado.
ADI 6363 MC-Ref/DF, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, julgamento em 16 e 17.4.2020. (INF 973)
COVID-19: direito de acesso à informação e dever estatal de transparência na divulgação dos
dados referentes à pandemia - ADPF 690 MC-Ref/DF; ADPF 691 MC-Ref/DF e ADPF 692
MC-Ref/DF
ODSs 3 e 16
Resumo:
A redução da transparência dos dados referentes à pandemia de COVID-19 representa
violação a preceitos fundamentais da Constituição Federal (CF), nomeadamente o acesso à
informação, os princípios da publicidade e transparência da Administração Pública e o direito à
saúde.
A CF consagrou expressamente o princípio da publicidade como um dos vetores imprescindíveis à
Administração Pública, conferindo-lhe absoluta prioridade na gestão administrativa e garantindo pleno
acesso às informaçõesa toda a sociedade.
À consagração constitucional de publicidade e transparência corresponde a obrigatoriedade do
Estado em fornecer as informações necessárias à sociedade. O acesso às informações consubstancia-se
em verdadeira garantia instrumental ao pleno exercício do princípio democrático.
Assim, salvo situações excepcionais, a Administração Pública tem o dever de absoluta
transparência na condução dos negócios públicos, sob pena de desrespeito aos arts. 37, caput (1), e 5º,
XXXIII e LXXII, da CF (1), pois “o modelo político-jurídico, plasmado na nova ordem constitucional,
rejeita o poder que oculta e o poder que se oculta”.
Ademais, cumpre ressaltar que a República Federativa do Brasil é signatária de tratados e regras
internacionais relacionados à divulgação de dados epidemiológicos, tais como o Regulamento Sanitário
Internacional aprovado pela 58ª Assembleia Geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), em 23 de
maio de 2005, promulgado no Brasil pelo Decreto Legislativo 395/2009 (3).
No caso, trata-se de três Arguições de Descumprimento de Preceito Fundamental, tendo por objeto
atos do Poder Executivo que teriam restringido a publicidade de dados relacionados à pandemia de
Covid-19.
Com esse entendimento, o Plenário referendou a medida cautelar concedida, para determinar
que: (a) o Ministério da Saúde mantenha, em sua integralidade, a divulgação diária dos dados
epidemiológicos relativos à pandemia (COVID-19), inclusive no sítio do Ministério da Saúde e com os
números acumulados de ocorrências, exatamente conforme realizado até o último dia 4 de junho de 2020;
e (b) o Governo do Distrito Federal se abstenha de utilizar nova metodologia de contabilidade dos casos e
óbitos decorrentes da pandemia da COVID-19, retomando, imediatamente, a divulgação dos dados na
forma como veiculada até o dia 18 de agosto de 2020.
(1) CF: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também,
ao seguinte: (...).” 
(2) CF: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes: (...) XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; (...) LXXII – conceder-se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento
de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de
caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;”
(3) Decreto Legislativo 395/2009: “Artigo 6º. Notificação. 1. Cada Estado Parte avaliará os eventos que ocorrerem dentro
de seu território, utilizando o instrumento de decisão do Anexo 2. Cada Estado Parte notificará a OMS, pelos mais eficientes meios
de comunicação disponíveis, por meio do Ponto Focal Nacional para o RSI, e dentro de 24 horas a contar da avaliação de
informações de saúde pública, sobre todos os eventos em seu território que possam se constituir numa emergência de saúde pública
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5933080
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5933080
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5933076
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5931727
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo973.htm
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5fbd46adc86832406299b29f/858efb34f472b16c180e1b0c988db987/ADPFs_690%2C_691_e_692.mp3
de importância internacional, segundo o instrumento de decisão, bem como de qualquer medida de saúde implementada em resposta
a tal evento. Se a notificação recebida pela OMS envolver a competência da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), a
OMS notificará imediatamente essa Agência. 2. Após uma notificação, o Estado Parte continuará a comunicar à OMS as
informações de saúde pública de que dispõe sobre o evento notificado, de maneira oportuna, precisa e em nível suficiente de
detalhamento, incluindo, sempre que possível, definições de caso, resultados laboratoriais, fonte e tipo de risco, número de casos e
de óbitos, condições que afetam a propagação da doença; e as medidas de saúde empregadas, informando, quando necessário, as
dificuldades confrontadas e o apoio necessário para responder à possível emergência de saúde pública de importância internacional.
Artigo 7º. Compartilhamento de informações durante eventos sanitários inesperados ou incomuns. Caso um Estado Parte tiver
evidências de um evento de saúde pública inesperado ou incomum dentro de seu território, independentemente de sua origem ou
fonte, que possa constituir uma emergência de saúde pública de importância internacional, ele fornecerá todas as informações de
saúde pública relevantes à OMS. Nesse caso, aplicam-se na íntegra as disposições do Artigo 6º. (...) Artigo 19. Obrigações Gerais.
Além das demais obrigações previstas no presente Regulamento, os Estados Partes deverão: (...) (c) fornecer à OMS, na medida do
possível, quando solicitado em resposta a um possível risco à saúde pública específico, dados relevantes referentes a fontes de
infecção ou contaminação, inclusive vetores e reservatórios, em seus pontos de entrada, que possam resultar na propagação
internacional de doenças. (...) Artigo 44. Colaboração e assistência. 1. Os Estados Partes comprometem-se a colaborar entre SI na
medida do possível: (a) para a detecção e avaliação dos eventos contemplados neste Regulamento, bem como para a resposta aos
mesmos;”
ADPF 690 MC-Ref/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento virtual finalizado em 
20.11.2020 ( INF 1000 ) 
ADPF 691 MC-Ref/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento virtual finalizado em
20.11.2020 ( INF 1000 ) 
ADPF 692 MC-Ref/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento virtual finalizado em
20.11.2020 ( INF 1000 ) 
Covid-19: empresas de telefonia e compartilhamento de informações com o IBGE - ADI 6387
MC-Ref/DF; ADI 6388 MC-Ref/DF; ADI 6389 MC-Ref/DF; ADI 6390 MC-Ref/DF e ADI
6393 MC-Ref/DF
Parte 1 - 
Parte 2 - 
O Plenário, por maioria, referendou medida cautelar em ações diretas de inconstitucionalidade
para suspender a eficácia da Medida Provisória 954/2020 (1), que dispõe sobre o compartilhamento de
dados por empresas de telecomunicações prestadoras de Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC) e de
Serviço Móvel Pessoal (SMP) com a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
para fins de suporte à produção estatística oficial durante a situação de emergência de saúde pública de
importância internacional decorrente do Coronavírus (Covid-19).
O Tribunal esclareceu que as condições em que se dá a manipulação de dados pessoais
digitalizados, por agentes públicos ou privados, consiste em um dos maiores desafios contemporâneos do
direito à privacidade. A Constituição Federal (CF) confere especial proteção à intimidade, à vida privada,
à honra e à imagem das pessoas ao qualificá-las como invioláveis, enquanto direitos fundamentais da
personalidade, assegurando indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação (art. 5º,
X). O assim chamado direito à privacidade e os seus consectários direitos à intimidade, à honra e à
imagem emanam do reconhecimento de que a personalidade individual merece ser protegida em todas as
suas manifestações. 
A fimde instrumentalizar tais direitos, a CF prevê, no art. 5º, XII, a inviolabilidade do sigilo da
correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no
último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação
criminal ou instrução penal.
O art. 2º da MP 954/2020 impõe às empresas prestadoras do STFC e do SMP o compartilhamento,
com o IBGE, da relação de nomes, números de telefone e endereços de seus consumidores, pessoas
físicas ou jurídicas. 
Tais informações, relacionadas à identificação – efetiva ou potencial – de pessoa natural,
configuram dados pessoais e integram o âmbito de proteção das cláusulas constitucionais assecuratórias
da liberdade individual (art. 5º, caput), da privacidade e do livre desenvolvimento da personalidade (art.
5º, X e XII). Sua manipulação e seu tratamento, desse modo, devem observar, sob pena de lesão a esses
direitos, os limites delineados pela proteção constitucional. 
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5896399
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5896399
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5895176
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5895168
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5895166
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5895165
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5895165
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5933080
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5933080
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5933076
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5933076
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5931727
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5931727
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5eb81266ec6e761b0fefcc30/881f572610566b1e38bafdae32f3a11e/Covid19_-_empresas_de_telefonia_e_compartilhamento_de_informa%C3%A7%C3%B5es_com_o_IBGE.mp3
https://www.youtube.com/watch?v=qnU5UV5wmkE&list=PLippyY19Z47u9XZoXCFAeSH7A5UObWhfq
https://www.youtube.com/watch?v=t15mesEgqSU&list=PLippyY19Z47uBC9XVQrOGIs-MGIGwY4IV
Decorrências dos direitos da personalidade, o respeito à privacidade e à autodeterminação
informativa foram positivados, no art. 2º, I e II, da Lei 13.709/2018 (Lei Geral de Proteção de Dados
Pessoais), como fundamentos específicos da disciplina da proteção de dados pessoais.
O colegiado observou que o único dispositivo da MP 954/2020 a dispor sobre a finalidade e o
modo de utilização dos dados objeto da norma é o § 1º do seu art. 2º. E esse limita-se a enunciar que os
dados em questão serão utilizados exclusivamente pelo IBGE para a produção estatística oficial, com o
objetivo de realizar entrevistas em caráter não presencial no âmbito de pesquisas domiciliares. Não
delimita o objeto da estatística a ser produzida, nem a finalidade específica, tampouco sua amplitude.
Igualmente não esclarece a necessidade de disponibilização dos dados nem como serão efetivamente
utilizados.
O art. 1º, parágrafo único, da MP 954/2020 apenas dispõe que o ato normativo terá aplicação
durante a situação de emergência de saúde pública decorrente do Covid-19. Ainda que se possa associar,
por inferência, que a estatística a ser produzida tenha relação com a pandemia invocada como justificativa
da edição da MP, tal ilação não se extrai de seu texto.
Assim, não emerge da MP 954/2020, nos termos em que posta, interesse público legítimo no
compartilhamento dos dados pessoais dos usuários dos serviços de telefonia, consideradas a necessidade,
a adequação e a proporcionalidade da medida. 
Ao não definir apropriadamente como e para que serão utilizados os dados coletados, a MP
954/2020 não oferece condições para avaliação da sua adequação e necessidade, assim entendidas como a
compatibilidade do tratamento com as finalidades informadas e sua limitação ao mínimo necessário para
alcançar suas finalidades. Desatende, assim, a garantia do devido processo legal (CF, art. 5º, LIV), em sua
dimensão substantiva.
De outra parte, o art. 3º, I e II, da MP 954/2020 dispõe que os dados compartilhados “terão caráter
sigiloso” e “serão utilizados exclusivamente para a finalidade prevista no § 1º do art. 2º”, e o art. 3º, § 1º,
veda ao IBGE compartilhar os dados disponibilizados com outros entes, públicos ou privados. Nada
obstante, a MP 954/2020 não apresenta mecanismo técnico ou administrativo apto a proteger os dados
pessoais de acessos não autorizados, vazamentos acidentais ou utilização indevida, seja na sua
transmissão, seja no seu tratamento. Limita-se a delegar a ato do presidente do IBGE o procedimento para
compartilhamento dos dados, sem oferecer proteção suficiente aos relevantes direitos fundamentais em
jogo. 
Ao não prever exigência alguma quanto a mecanismos e procedimentos para assegurar o sigilo, a
higidez e, quando o caso, o anonimato dos dados compartilhados, a MP 954/2020 não satisfaz as
exigências que exsurgem do texto constitucional no tocante à efetiva proteção de direitos fundamentais
dos brasileiros.
A ausência de garantias de tratamento adequado e seguro dos dados compartilhados é agravada
pela circunstância de que, embora aprovada, ainda não está em vigor a Lei Geral de Proteção de Dados
Pessoais (Lei 13.709/2018), definidora dos critérios para a responsabilização dos agentes por eventuais
danos ocorridos em virtude do tratamento de dados pessoais.
Ademais, o IBGE noticiou em seu sítio eletrônico ter dado início, em parceria com o Ministério da
Saúde, à “PNAD Covid”, versão da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD
Contínua) voltada à quantificação do alastramento da pandemia da Covid-19 e seus impactos no mercado
de trabalho brasileiro.
Para definir a amostra da nova pesquisa, o IBGE utilizou a base de 211 mil domicílios que
participaram da PNAD Contínua no primeiro trimestre de 2019 e selecionou aqueles com número de
telefone cadastrado. Esse fato seria suficiente por si só para evidenciar a desnecessidade e o excesso do
compartilhamento de dados tal como disciplinado na MP 954/2020.
Nesse contexto, não bastasse a coleta de dados se revelar excessiva, ao permitir que, pelo prazo de
trinta dias após a decretação do fim da situação de emergência de saúde pública, os dados coletados ainda
sejam utilizados para a produção estatística oficial, o art. 4º, parágrafo único, da MP 954/2020 permite a
conservação dos dados pessoais, pelo ente público, por tempo manifestamente excedente ao estritamente
necessário para o atendimento da sua finalidade declarada, que é a de dar suporte à produção estatística
oficial durante a situação de emergência de saúde pública decorrente do Covid-19.
Vencido o ministro Marco Aurélio, que não referendou a medida cautelar e manteve hígida a
medida provisória.
Pontuou que a medida provisória surgiu diante da dificuldade de se colher dados, devido à
impossibilidade de ter-se pessoas circulando, visitando os domicílios e residências. 
A sociedade perde com o isolamento do IBGE, pois o levantamento de dados é necessário ao
implemento de políticas públicas.
Afirmou que a ação direta de inconstitucionalidade foi ajuizada contra ato precário e efêmero, que
fica, uma vez formalizado pelo Executivo, submetido a condição resolutiva do Congresso Nacional, que
tem prazo para pronunciar-se a respeito. Ao analisar a medida provisória, o Congresso Nacional aprecia
sua harmonia ou não com a CF, bem como a conveniência e a oportunidade da normatização da matéria. 
Afastou a concepção segundo a qual existiria verdadeira conspiração por trás dessa medida
provisória. Destacou que não se pode presumir o excepcional ou extravagante. 
(1) MP 954/2020: “Art. 1º Esta Medida Provisória dispõe sobre o compartilhamento de dados por empresas detelecomunicações prestadoras do Serviço Telefônico Fixo Comutado - STFC e do Serviço Móvel Pessoal - SMP com a Fundação
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Parágrafo único. O disposto nesta Medida Provisória se aplica durante a
situação de emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus (covid-19), de que trata a Lei nº
13.979, de 6 de fevereiro de 2020. Art. 2º As empresas de telecomunicação prestadoras do STFC e do SMP deverão disponibilizar à
Fundação IBGE, em meio eletrônico, a relação dos nomes, dos números de telefone e dos endereços de seus consumidores, pessoas
físicas ou jurídicas. § 1º Os dados de que trata o caput serão utilizados direta e exclusivamente pela Fundação IBGE para a produção
estatística oficial, com o objetivo de realizar entrevistas em caráter não presencial no âmbito de pesquisas domiciliares. § 2º Ato do
Presidente da Fundação IBGE, ouvida a Agência Nacional de Telecomunicações, disporá, no prazo de três dias, contado da data de
publicação desta Medida Provisória, sobre o procedimento para a disponibilização dos dados de que trata o caput. § 3º Os dados
deverão ser disponibilizados no prazo de: I – sete dias, contado da data de publicação do ato de que trata o § 2º; e II – quatorze dias,
contado da data da solicitação, para as solicitações subsequentes. Art. 3º Os dados compartilhados: I - terão caráter sigiloso; II –
serão usados exclusivamente para a finalidade prevista no § 1º do art. 2º; e III – não serão utilizados como objeto de certidão ou
meio de prova em processo administrativo, fiscal ou judicial, nos termos do disposto na Lei nº 5.534, de 14 de novembro de 1968. §
1º É vedado à Fundação IBGE disponibilizar os dados a que se refere o caput do art. 2º a quaisquer empresas públicas ou privadas
ou a órgãos ou entidades da administração pública direta ou indireta de quaisquer dos entes federativos. § 2º A Fundação IBGE
informará, em seu sítio eletrônico, as situações em que os dados referidos no caput do art. 2º foram utilizados e divulgará relatório
de impacto à proteção de dados pessoais, nos termos do disposto na Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Art. 4º Superada a
situação de emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus (covid-19), nos termos do disposto
na Lei nº 13.979, de 2020, as informações compartilhadas na forma prevista no caput do art. 2º ou no art. 3º serão eliminadas das
bases de dados da Fundação IBGE. Parágrafo único. Na hipótese de necessidade de conclusão de produção estatística oficial, a
Fundação IBGE poderá utilizar os dados pelo prazo de trinta dias, contado do fim da situação de emergência de saúde pública de
importância internacional. Art. 5º Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua publicação.”
ADI 6387 MC-Ref/DF, rel. Min. Rosa Weber, julgamento em 6 e 7.5.2020. (INF 976)
ADI 6388 MC-Ref/DF, rel. Min. Rosa Weber, julgamento em 6 e 7.5.2020. (INF 976)
ADI 6389 MC-Ref/DF, rel. Min. Rosa Weber, julgamento em 6 e 7.5.2020. (INF 976)
ADI 6390 MC-Ref/DF, rel. Min. Rosa Weber, julgamento em 6 e 7.5.2020. (INF 976)
ADI 6393 MC-Ref/DF, rel. Min. Rosa Weber, julgamento em 6 e 7.5.2020. (INF 976)
Covid-19 e pedidos de acesso à informação - ADI 6347 MC-Ref/DF; ADI 6351 MC-Ref/DF e
ADI 6353 MC-Ref/DF
O Plenário referendou medida cautelar em ações diretas de inconstitucionalidade para suspender a
eficácia do art. 6º-B da Lei 13.979/2020 (1), incluído pelo art. 1º da Medida Provisória (MP) 928/2020,
atos normativos que dispõem sobre as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública de
importância internacional decorrente do novo coronavírus (Covid-19).
O colegiado esclareceu que a Constituição Federal de 1988 (CF) consagrou expressamente o
princípio da publicidade como um dos vetores imprescindíveis à Administração Pública no âmbito dos
três Poderes. 
À consagração constitucional de publicidade e transparência corresponde a obrigatoriedade do
Estado em fornecer as informações solicitadas, sob pena de responsabilização política, civil e criminal. 
Observou que o princípio da transparência e o da publicidade são corolários da participação
política dos cidadãos em uma democracia representativa. Essa participação somente se fortalece em um
ambiente de total visibilidade e possibilidade de exposição crítica das diversas opiniões sobre as políticas
públicas adotadas pelos governantes. A publicidade e a transparência são absolutamente necessárias para
a fiscalização dos órgãos governamentais.
O Tribunal entreviu ser obrigação dos gestores prestar melhor ainda as informações num momento
em que as licitações não são exigidas para a compra de inúmeros materiais, em virtude do estado de
calamidade. 
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5882447
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5881853
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5881595
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo976.htm
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo976.htm
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo976.htm
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo976.htm
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo976.htm
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5eb2c3c7733b234bbf51ad51/84cc61380dc6a5c1dd02da35b2c9fb2b/Covid-19_e_pedidos_de_acesso_%C3%A0_informa%C3%A7%C3%A3o.mp3
https://www.youtube.com/watch?v=q98iWne_mjM&list=PLippyY19Z47vH1lUKHUp1ROP_N66VP8dN
Realçou que o acesso a informações consubstancia verdadeira garantia instrumental ao pleno
exercício do princípio democrático, que abrange debater assuntos públicos de forma irrestrita, robusta e
aberta. 
Dessa maneira, a publicidade específica de determinada informação somente poderá ser
excepcionada quando o interesse público assim determinar. Salvo situações excepcionais, a
Administração Pública tem o dever de absoluta transparência na condução dos negócios públicos, sob
pena de desrespeito aos arts. 5º, XXXIII e LXXII, e 37, caput, da CF (2).
Em sede de cognição sumária, o Plenário concluiu que o dispositivo em debate transformou a
regra constitucional de publicidade e transparência em exceção, invertendo a finalidade da proteção
constitucional ao livre acesso de informações a toda sociedade. Pretendeu-se restringir o livre acesso do
cidadão a informações que a CF consagra.
O ministro Roberto Barroso acrescentou que, na Lei 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação),
existem válvulas de escape para situações emergenciais. Estão descritas no art. 11, notadamente no inciso
II, que permite, na hipótese de impossibilidade fática, justificativa pela qual a informação não foi
prestada. 
(1) Lei 13.979/2020: “Art. 6º-B. Serão atendidos prioritariamente os pedidos de acesso à informação, de que trata a Lei
12.527, de 2011, relacionados com medidas de enfrentamento da emergência de saúde pública de que trata esta Lei. § 1º Ficarão
suspensos os prazos de resposta a pedidos de acesso à informação nos órgãos ou nas entidades da administração pública cujos
servidores estejam sujeitos a regime de quarentena, teletrabalho ou equivalentes e que, necessariamente, dependam de: I – acesso
presencial de agentes públicos encarregados da resposta; ou II – agente público ou setor prioritariamente envolvido com as medidas
de enfrentamento da situação de emergência de que trata esta Lei. § 2º Os pedidos de acesso à informação pendentes de resposta
com fundamento no disposto no § 1º deverão ser reiterados no prazo de dez dias, contado da data em que for encerrado o prazo de
reconhecimento de calamidade pública a que se refere o Decreto Legislativo 6, de 20 de março de 2020. § 3º Não serão conhecidos
os recursos interpostos contra negativa de resposta a pedido de informação negados com fundamento no disposto no § 1º. § 4º
Durante a vigência desta Lei, o meio legítimode apresentação de pedido de acesso a informações de que trata o art. 10 da Lei
12.527, de 2011, será exclusivamente o sistema disponível na internet. § 5º Fica suspenso o atendimento presencial a requerentes
relativos aos pedidos de acesso à informação de que trata a Lei 12.527, de 2011.”
(2) CF: “Art. 5º (...) XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou
de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; (...) LXXII – conceder-se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento de
informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter
público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; (...) Art. 37. A
administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...)”
ADI 6347 MC-Ref/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 30.4.2020. (INF 975)
ADI 6351 MC-Ref/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 30.4.2020. (INF 975)
ADI 6353 MC-Ref/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 30.4.2020. (INF 975)
Covid-19 e povos indígenas - ADPF 709 Ref-MC/DF
Parte 1 - 
Parte 2 - 
O Plenário, por maioria, referendou cautelar deferida parcialmente em ação de descumprimento de
preceito fundamental na qual se questiona um conjunto de atos comissivos e omissivos do Poder Público,
relacionados ao combate à pandemia por Covid-19, que implicariam alto risco de contágio e de
extermínio de diversos povos indígenas.
A cautelar foi deferida pelo Min. Roberto Barroso (relator) nos seguintes termos: “III. SÍNTESE
DAS CAUTELARES DEFERIDAS 62. Diante do exposto, são as seguintes as medidas cautelares
deferidas por este Relator: III.1. QUANTO AOS POVOS INDÍGENAS EM ISOLAMENTO OU POVOS
INDÍGENAS DE RECENTE CONTATO: 1. Criação de barreiras sanitárias, que impeçam o ingresso de
terceiros em seus territórios, conforme plano a ser apresentado pela União, ouvidos os membros da Sala
de Situação (infra), no prazo de 10 dias, contados da ciência desta decisão. 2. Criação de Sala de Situação,
para gestão de ações de combate à pandemia quanto aos Povos Indígenas em Isolamento e de Contato
Recente, nos seguintes termos: (i) composição pelas autoridades que a União entender pertinentes, bem
como por membro da Procuradoria-Geral da República, da Defensoria Pública da União e por
representantes indígenas indicados pela APIB; (ii) indicação de membros pelas respectivas entidades, no
prazo de 72 horas a contar da ciência desta decisão, apontando-se seus respectivos nomes, qualificações,
correios eletrônicos e telefones de contato, por meio de petição ao presente juízo; (iii) convocação da
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5952986
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo975.htm
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo975.htm
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo975.htm
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https://www.youtube.com/watch?v=EbuPsk4HvUU&list=PLippyY19Z47tM-_odQkNiwFR3E--4UjGE
primeira reunião da Sala de Situação, pela União, no prazo de 72 horas, a contar da indicação de todos os
representantes, por correio eletrônico com aviso de recebimento encaminhado a todos eles, bem como por
petição ao presente juízo; (iv) designação e realização da primeira reunião, no prazo de até 72 horas da
convocação, anexada a respectiva ata ao processo, para ciência do juízo. III.2. QUANTO A POVOS
INDÍGENAS EM GERAL 1. Inclusão, no Plano de Enfrentamento e Monitoramento da Covid-19 para os
Povos Indígenas (infra), de medida emergencial de contenção e isolamento dos invasores em relação às
comunidades indígenas ou providência alternativa, apta a evitar o contato. 2. Imediata extensão dos
serviços do Subsistema Indígena de Saúde aos povos aldeados situados em terras não homologadas. 3.
Extensão dos serviços do Subsistema Indígena de Saúde aos povos indígenas não aldeados,
exclusivamente, por ora, quando verificada barreira de acesso ao SUS geral. 4. Elaboração e
monitoramento de um Plano de Enfrentamento da COVID-19 para os Povos Indígenas Brasileiros pela
União, no prazo de 30 dias contados da ciência desta decisão, com a participação do Conselho Nacional
de Direitos Humanos e dos representantes das comunidades indígenas, nas seguintes condições: (i)
indicação dos representantes das comunidades indígenas, tal como postulado pelos requerentes, no prazo
de 72 horas, contados da ciência dessa decisão, com respectivos nomes, qualificações, correios
eletrônicos e telefones de contatos, por meio de petição ao presente juízo; (ii) apoio técnico da Fundação
Oswaldo Cruz e do Grupo de Trabalho de Saúde Indígena da Associação Brasileira de Saúde Coletiva –
ABRASCO, cujos representantes deverão ser indicados pelos requerentes, no prazo de 72 horas a contar
da ciência desta decisão, com respectivos nomes, qualificações, correios eletrônicos e telefones de
contato; (iii) indicação pela União das demais autoridades e órgãos que julgar conveniente envolver na
tarefa, com indicação dos mesmos elementos. 63. Observa-se, por fim, que todos os prazos acima devem
ser contados em dias corridos e correrão durante o recesso. O término do recesso coincidirá
aproximadamente com a conclusão da elaboração dos planos e seu exame pelo juízo, de modo que não há
risco de concretização de medidas irreversíveis antes do retorno do Supremo Tribunal Federal a pleno
funcionamento, ressalvadas novas situações emergenciais que possam ocorrer no período e que
demandem interferência imediata. 64. A implementação das cautelares não prejudica que se dê
continuidade a todas as ações de saúde já em curso e planejadas em favor das comunidades indígenas, que
não devem ser interrompidas. CONCLUSÃO 65. Por todo o exposto, defiro parcialmente as cautelares
postuladas pelos requerentes, nos termos e condições previstos acima (item III)”.
Reconheceu-se a presença dos requisitos autorizadores da concessão parcial da cautelar,
ressaltando-se a existência de indícios de expansão acelerada do contágio pelo Covid-19 nas comunidades
indígenas e a insuficiência das ações promovidas pela União para sua contenção.
O relator salientou, inicialmente, as três diretrizes que embasaram sua decisão: 1) os princípios da
precaução e da prevenção, no que respeita à proteção à vida e à saúde; 2) a necessidade de diálogo
institucional entre o Judiciário e o Poder Executivo, em matéria de políticas públicas decorrentes da
Constituição Federal (CF); e 3) a imprescindibilidade de diálogo intercultural, em toda questão que
envolva os direitos de povos indígenas.
Quanto à primeira diretriz, asseverou a preocupação concernente ao risco de extinção de etnias se
a doença se espalhar de forma descontrolada. O objetivo é o de salvar o maior número de vidas possível e
de preservar essas etnias. No que se refere à segunda, afirmou que a concretização das políticas públicas
necessárias depende diretamente da atuação do Ministério da Saúde e das Forças Armadas. Registrou, no
ponto, que as Forças Armadas já vêm atuando nesse sentido, mediante a entrega de cestas básicas e
suprimentos e materiais de saúde a diversas comunidades indígenas, e, em parceria com o Ministério da
Saúde, por meio de atenção médica a tais povos. As medidas requeridas implicama mobilização de
múltiplas instituições e agentes, com expertise técnica e experiência em suas respectivas áreas de atuação.
Demandam a tomada de posição sobre temas a respeito dos quais as capacidades institucionais do
Supremo Tribunal Federal podem ser limitadas. Portanto, é imprescindível que se estabeleça uma
interlocução entre os distintos órgãos do Poder Executivo e o Poder Judiciário, para que se busque, tanto
quanto possível, uma solução consensual para o problema sob exame. Relativamente à terceira, observou
que cada comunidade possui particularidades, circunstâncias e cultura próprias. É preciso permitir que
esses povos expressem suas necessidades e auxiliar o Estado na busca de soluções cabíveis. Por essa
razão, toda e qualquer decisão que envolva povos indígenas deve assegurar também um diálogo
intercultural. Existe, inclusive, tratado de direito internacional ratificado e internalizado pelo Brasil que
determina que decisões acerca da proteção da vida, da saúde e do meio ambiente que envolvam povos
indígenas devem necessariamente ser tomadas com a sua participação (Convenção 169, da Organização
Internacional do Trabalho - OIT).
Esclareceu terem sido formulados, na ação, pedidos específicos em relação aos povos indígenas
em isolamento ou de contato recente, bem como pedidos que se destinam aos povos indígenas em geral.
Não obstante tenha reputado todos os pedidos relevantes e pertinentes, entendeu que nem todos poderiam
ser integralmente acolhidos no âmbito precário de uma decisão cautelar ou satisfeitos por simples ato de
vontade, por exigirem planejamento adequado e diálogo institucional entre os Poderes.
No que respeita ao pedido de criação de barreiras sanitárias formulado em favor dos povos
indígenas em isolamento ou de contato recente, considerou que a opção pelo não contato decorre de
direito desses povos à autodeterminação e constitui uma forma de preservar a sua identidade cultural e as
suas próprias organizações, usos, costumes e tradições. Por isso, o ingresso de qualquer membro exógeno
à comunidade, sem a sua autorização, constitui um ilícito. Tais povos têm direito ao isolamento e o
Estado tem o dever de assegurá-lo. Ademais, na atual situação, com uma pandemia em curso, os povos
em isolamento e de contato recente são os mais expostos ao risco de contágio e de extinção. Isso decorre
das condições de vulnerabilidade imunológica e sociocultural. De acordo com diretrizes internacionais da
Organização das Nações Unidas (ONU) e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), a
medida protetiva mais eficaz a ser tomada em favor de tais povos é assegurar-lhes o isolamento da
sociedade envolvente, por meio de barreiras ou cordões sanitários que impeçam — inclusive com o uso
da força, se necessário — o acesso de estranhos às suas terras. No ponto, reconheceu a presença de perigo
na demora, dado que há risco iminente de contágio, caso não se criem mecanismos de contenção do
ingresso nessas terras. Afirmou que os recursos materiais e de pessoal a serem utilizados nas barreiras,
sua localização, os protocolos sanitários a serem empregados pelos agentes do Estado e demais
especificações devem ser determinados pela União, por meio da elaboração de um plano, ouvidos os
membros integrantes da Sala de Situação. 
Com base nos princípios da precaução e da prevenção, o relator reconheceu, também, a
verossimilhança do direito à criação de uma Sala de Situação e perigo na demora. A criação dessa Sala de
Situação para a gestão da epidemia, no que respeita a povos indígenas e de recente contato, é prevista em
norma federal expedida pelo Ministério da Saúde (Portaria Conjunta 4.094/2018, do Ministério da Saúde
e da Fundação Nacional do Índio - FUNAI). Portanto, não há que se falar em interferência do Judiciário
sobre Políticas Públicas, mas em mera implementação judicial de norma federal que não está sendo
observada pelo Poder Executivo. Deferiu, nessa mesma linha, o pleito de participação indígena na Sala de
Situação, haja vista o seu respaldo pela Convenção 169 da OIT. A Convenção prevê, ainda, que o Poder
Público deve assegurar os meios necessários para que as instituições responsáveis pela administração de
programas no interesse dessas comunidades funcionem adequadamente. Essa norma acolhe o pleito de
participação da Defensoria Pública da União e do Ministério Público Federal, que poderão apoiar os
representantes dos povos indígenas. A Defensoria por seu papel na defesa dos necessitados (CF, art. 134)
e o Ministério Público por seu papel de defesa dos direitos e interesses das populações indígenas (CF, art.
129, V).
No que tange ao pedido, dirigido aos povos indígenas em geral, de retirada de invasores das terras
indígenas indicadas, julgou presente a verossimilhança do direito alegado. A presença desses grupos em
terras indígenas constitui violação do direito de tais povos ao seu território, à sua cultura e ameaça à sua
vida e saúde. Observou que essas invasões se deram para o cometimento de crimes, como o
desmatamento, a extração ilegal de madeira e o garimpo ilegal. A remoção, portanto, é medida
imperativa, imprescindível e dever da União, sendo inaceitável a inação do governo federal em relação a
esse fato. No entanto, admitiu que a situação não é nova e não guarda relação com a pandemia. Trata-se
de problema social gravíssimo, que ocorre em diversas terras indígenas e unidades de conservação, de
difícil resolução, dado o grande contingente de pessoas (mais de 20.000 invasores em apenas uma das
áreas) e o elevado risco de conflito armado. Não há como equacionar e solucionar esse problema nos
limites de uma medida cautelar. Porém, a União deve se organizar para enfrentar o problema, que só faz
crescer, e formular um plano de desintrusão. Acrescentou que cria risco de contágio o ingresso de pessoas
estranhas às comunidades indígenas, inclusive de equipes médicas do Ministério da Saúde e das Forças
Armadas. Há, portanto, considerável periculum in mora inverso na determinação da retirada como
postulada, já que implicaria o ingresso de forças militares e policiais em terra indígena, com risco de
conflito armado durante a pandemia e, por conseguinte, poderia agravar a ameaça já existente à vida de
tais povos. Assim, julgou recomendável que se considere, por ora, medida emergencial de contenção e
isolamento dos invasores em relação às comunidades indígenas ou providência alternativa apta a evitar o
contato.
O relator também vislumbrou verossimilhança do direito alegado e perigo da demora,
relativamente ao pleito de extensão do Subsistema de Saúde Indígena também aos indígenas urbanos (não
aldeados) e aos indígenas aldeados, residentes em terras indígenas, cuja demarcação e homologação ainda
não foram concluídas pelo Poder Público. Salientou que a Secretaria Especial de Saúde Indígena - SESAI
e da FUNAI limitaram o atendimento por esse subsistema apenas aos indígenas aldeados, residentes em
terras indígenas homologadas. Esclareceu que, no tocante aos indígenas aldeados residentes em terras não
homologadas, a alegação de que podem recorrer ao SUS geral é de viabilidade duvidosa, já que se trata de
povos situados em locais de difícil acesso, sem capilaridade de postos de saúde e hospitais, e com práticas
culturais, idioma e eventuais particularidades que o SUS geral não está habilitado a atender. Portanto, o
acesso ao citado subsistema deve ser imediato. Quanto aos indígenas urbanos não aldeados, observou que
são remetidos ao SUS normal, o qual, no entanto, é desconhecedor das suas necessidades específicas e
peculiaridades culturais. Entretanto, tendo em conta que o subsistema precisará passar por uma
considerável readequação, que tende a absorver parte significativa da sua capacidade institucional ao
passar a atender, de imediato, os indígenas aldeados localizados em terras não homologadas, que não
eram alcançados porseus serviços, o relator entendeu haver perigo na demora inverso no deferimento
imediato da cautelar em face da eventual sobrecarga do subsistema. Por essa razão, determinou a extensão
dos serviços do subsistema aos povos indígenas não aldeados, por ora, quando verificada barreira de
acesso ao SUS geral.
O ministro Roberto Barroso concluiu pela necessidade da elaboração e do monitoramento de um
plano de enfrentamento da pandemia para os povos indígenas brasileiros com a participação dos
representantes dessas comunidades. Salientou que, a fim de assegurar o diálogo institucional e
intercultural, por um lado, e de observar os princípios da precaução e da prevenção de outro, cabe à União
a formulação do referido plano, com a participação do Conselho de Direitos Humanos, dos representantes
dos povos indígenas e demais consultores ad hoc.
Vencidos, parcialmente, o ministro Edson Fachin, que deferia a liminar em maior amplitude, e o
ministro Ricardo Lewandowski, que acompanhava o relator, mas estabelecia prazos.
ADPF 709 Ref-MC/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 3 e 5.8.2020. (INF 985)
Escusa de consciência por motivo de crença religiosa e fixação de horários alternativos para
realização de certame público ou para o exercício de deveres funcionais inerentes ao cargo
público - RE 611874/DF e ARE 1099099/SP
Parte 1 - 
Parte 2 - 
Tese fixada:
Nos termos do artigo 5º, VIII (1), da Constituição Federal é possível a realização de etapas de
concurso público em datas e horários distintos dos previstos em edital, por candidato que invoca
escusa de consciência por motivo de crença religiosa, desde que presentes a razoabilidade da
alteração, a preservação da igualdade entre todos os candidatos e que não acarrete ônus
desproporcional à Administração Pública, que deverá decidir de maneira fundamentada (Tema
386).
Nos termos do artigo 5º, VIII, da Constituição Federal é possível à Administração Pública,
inclusive durante o estágio probatório, estabelecer critérios alternativos para o regular exercício
dos deveres funcionais inerentes aos cargos públicos, em face de servidores que invocam escusa de
consciência por motivos de crença religiosa, desde que presentes a razoabilidade da alteração, não
se caracterize o desvirtuamento do exercício de suas funções e não acarrete ônus desproporcional à
Administração Pública, que deverá decidir de maneira fundamentada (Tema 1.021).
Resumo:
É possível a fixação de obrigações alternativas a candidatos em concursos públicos e a
servidores em estágio probatório, que se escusem de cumprir as obrigações legais originalmente
fixadas por motivos de crença religiosa, desde que presentes a razoabilidade da alteração, a
preservação da igualdade entre todos os candidatos e que não acarrete ônus desproporcional à
Administração Pública, que deverá decidir de maneira fundamentada. 
A fixação de obrigações alternativas para a realização de certame público ou para aprovação em
estágio probatório, em razão de convicções religiosas, não significa privilégio, mas sim permissão ao
exercício da liberdade de crença sem indevida interferência estatal nos cultos e nos ritos [CF, art. 5º, VI
(2)].
O fato de o Estado ser laico [CF, art. 19, I (3)] não lhe impõe uma conduta negativa diante da
proteção religiosa. A separação entre o Estado brasileiro e a religião não é absoluta. O Estado deve
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5326615
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=3861938
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal985.pdf
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5fc1b8c8b8194614178e9026/29285f3030752f590b2a6b4cd95dad8f/RE_611874_e_ARE_1099099.mp3
https://www.youtube.com/watch?v=4qXgiG_iXvI
https://www.youtube.com/watch?v=mgEBUKrG9ps
proteger a diversidade em sua mais ampla dimensão, dentre as quais se inclua a liberdade religiosa e o
direito de culto. 
Nesse sentido, o papel da autoridade estatal não é o de remover a tensão por meio da exclusão ou
limitação do pluralismo, mas sim assegurar que os grupos se tolerem mutuamente, principalmente quando
em jogo interesses individuais ou coletivos de um grupo minoritário.
A separação entre religião e Estado, portanto, não pode implicar o isolamento daqueles que
guardam uma religião à sua esfera privada. O princípio da laicidade não se confunde com laicismo. O
princípio da laicidade, em verdade, veda que o Estado assuma como válida apenas uma crença religiosa.
Nessa medida, ninguém deve ser privado de seus direitos em razão de sua crença ou descrença
religiosa, salvo se a invocar para se eximir de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir
prestação alternativa (CF, art. 5º, VIII).
No caso, trata-se de dois temas de repercussão geral, apregoados em conjunto e que se referem às
relações entre Estado e religião. No RE 611.874 (Tema 386 da repercussão geral), discute-se a
possibilidade de realização de etapas de concurso em datas e locais diferentes dos previstos em edital por
motivo de crença religiosa do candidato. Já no ARE 1.099.099 (Tema 1.021 da repercussão geral),
discute-se o dever, ou não, de o administrador público disponibilizar obrigação alternativa para servidora,
em estágio probatório, cumprir deveres funcionais, a que está impossibilitada em virtude de sua crença
religiosa.
Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, ao apreciar o RE 611.874 (Tema 386 da
repercussão geral), negou provimento ao recurso extraordinário, nos termos do voto do min. Edson
Fachin, redator para o acórdão. Na mesma sessão de julgamento, ao julgar o ARE 1.099.099 (Tema 1.021
da repercussão geral), o Plenário, por maioria, deu provimento ao recurso extraordinário, nos termos do
voto do relator.
(1) CF: “Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes: (...) VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se
as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;”
(2) CF: “Art. 5º. (...) VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;”
(3) CF: “Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I – estabelecer cultos religiosos ou
igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou
aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;”
RE 611874/DF, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgamento em 19.11,
25.11 e 26.11.2020 (INF 1000)
ARE 1099099/SP, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 19.11, 25.11 e 26.11.2020 (INF 1000)
Inquérito para investigar “Fake News” e ameaças contra o STF: constitucionalidade - 2 -
ADPF 572 MC/DF
Parte 1 - 
Parte 2 - 
O Plenário, por maioria, julgou improcedente pedido formulado em arguição de descumprimento
de preceito fundamental (ADPF), em que se discutia a constitucionalidade da instauração de inquérito
pelo Supremo Tribunal Federal (STF), realizada com o intuito de apurar a existência de notícias
fraudulentas (fake news), denunciações caluniosas, ameaças e atos que podem configurar crimes contra a
honra e atingir a honorabilidade e a segurança do STF, de seus membros e familiares. Por conseguinte, a
Corte declarou a constitucionalidade da Portaria GP 69/2019, que instaurou o referido inquérito, e a
constitucionalidade do art. 43 (1) do Regimento Interno do STF (RISTF), que lhe serviude fundamento
legal (Informativo 981).
Preliminarmente, o Tribunal conheceu da ADPF e converteu o julgamento da medida acauteladora
em julgamento definitivo de mérito.
Quanto ao mérito, assentou condicionantes no sentido de que o procedimento investigatório: (a)
seja acompanhado pelo Ministério Público (MP); (b) seja integralmente observado o Enunciado 14 da
Súmula Vinculante; (c) limite o objeto do inquérito a manifestações que, denotando risco efetivo à
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5658808
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/Informativo_1000.pdf
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/Informativo_1000.pdf
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5ef37eb42a2f17129dfc3646/4c05cd0ae4c4aca6643fb8d7da61d40e/Inqu%C3%A9rito_para_investigar_%E2%80%9CFake_News%E2%80%9D_e_amea%C3%A7as_contra_o_STF_-_constitucionalidade_%E2%80%93_2.mp3
https://www.youtube.com/watch?v=efoDqGroaF0&list=PLippyY19Z47ts_lO80EmjFL_GBmGTFZmv
https://www.youtube.com/watch?v=xf89nxcHUY8&list=PLippyY19Z47sg2UnPH2D5Z2-mwxuhWyY_
independência do Poder Judiciário (CF, art. 2º), pela via da ameaça aos membros do STF e a seus
familiares, atentam contra os Poderes instituídos, contra o Estado de Direito e contra a democracia; e (d)
observe a proteção da liberdade de expressão e de imprensa nos termos da Constituição, excluindo do
escopo do inquérito matérias jornalísticas e postagens, compartilhamentos ou outras manifestações
(inclusive pessoais) na internet, feitas anonimamente ou não, desde que não integrem esquemas de
financiamento e divulgação em massa nas redes sociais.
Nesse contexto, o colegiado afirmou que o art. 43 do RISTF pode dar ensejo à abertura de
inquérito, contudo, não é e nem pode ser uma espécie de salvo conduto genérico, tornando-se necessário
delimitar seu significado. Isso porque a referida regra regimental trata de hipótese de investigação, e deve
ser lida sob o prisma do devido processo legal; da dignidade da pessoa humana; da prevalência dos
direitos humanos; da submissão à lei; e da impossibilidade de existir juiz ou tribunal de exceção. Além
disso, deve ser observado o princípio da separação de Poderes, uma vez que, via de regra, aquele que
julga não deve investigar ou acusar. Ao fazê-lo, como permite a norma regimental, esse exercício
excepcional submete-se a um elevado grau de justificação e a condições de possibilidade sem as quais
não se sustenta.
A Corte rememorou, ainda, o sentido do Enunciado 14 da Súmula Vinculante. Explicou que, num
Estado de Direito, a total transparência dos atos do poder público é a regra. Restrições pontuais à
publicidade devem estar fundadas na defesa da intimidade e do interesse social. O referido verbete tem o
objetivo de equilibrar esses valores.
Em seguida, enumerou diversos dispositivos constitucionais e de direito internacional voltados à
proteção da liberdade de expressão e concluiu que seu regime jurídico garante, por um lado, a
impossibilidade de censura prévia, e, por outro, a possibilidade de responsabilização civil e penal
posterior.
Além disso, a jurisprudência do STF é farta sobre o tema e contempla decisões que protegem a
livre circulação de ideias e de manifestações. O STF reconhece que a liberdade de expressão compreende
o direito de informar, de buscar informação, de opinar e de criticar.
Ressaltou que, atualmente, existe o problema relativo às fake news, disseminadas especialmente
pelas mídias sociais. Nesse contexto, não há mais propriamente sujeitos de direito, mas algoritmos que
espalham algum tipo de informação. Portanto, mesmo com a preponderância que a liberdade de expressão
assume, e de sua posição preferencial, seu uso em casos concretos pode se tornar abusivo. É por essa
razão que o exercício legítimo da liberdade de expressão pode estar agregado a alguns condicionantes que
balizam a aferição de responsabilidades civis e penais.
A esse respeito, a restrição à liberdade de expressão deve ser permeada por alguns subprincípios.
Assim, por exemplo, esse direito pode ser limitado se o agente dele se utilizar para o cometimento de
crimes ou para a disseminação dolosa de informação falsa.
Especificamente no que diz respeito à ameaça, exige-se seriedade, gravidade e verossimilhança,
sendo indispensável que o ofendido se sinta ameaçado e acredite que algo de mal lhe pode acontecer.
Quando a vítima é agente público, essa exigência é mais rigorosa, pois a submissão à crítica é inerente à
sua atividade. A liberdade de expressão, nesse contexto, atua como exercício de direitos políticos e de
controle da coisa pública. Isso porque não pode haver privilégios ou tratamentos desiguais com o escopo
de beneficiar agentes públicos que exercem o poder em nome do povo. A proibição do dissenso equivale
a impor um mandado de conformidade, condicionando a sociedade à informação oficial, ou um efeito
dissuasório, culminando com a aniquilação do próprio ato individual de reflexão.
Portanto, as exceções à liberdade de expressão são restritas, e seus limites estão na alteridade e na
democracia. Nesse sentido, são vedados discursos racistas, de ódio, supressores de direitos e tendentes a
excluir determinadas pessoas da sociedade.
O Tribunal teceu considerações acerca do sistema investigatório. Ordinariamente, compete ao MP
promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei. Dentro do sistema constitucional, a regra
é: a autoridade policial investiga, o MP acusa e o juiz julga, e nesse ambiente interagem a advocacia e as
defensorias como funções essenciais.
O MP não tem exclusividade na investigação preliminar. Em regra, é a polícia judiciária quem
conduz a investigação, acompanhada pelo MP, titular da acusação. Segundo a Lei 8.038/1990, o MP
oferecerá denúncia ou pedirá arquivamento do inquérito ou das peças informativas.
O Plenário discorreu, ainda, sobre a proteção do Estado de Direito e dos Poderes instituídos. Sob
esse aspecto, nenhuma disposição constitucional pode ser interpretada ou praticada no sentido de permitir
a grupos ou pessoas suprimirem o exercício dos direitos e garantias fundamentais. Assim, por exemplo,
um partido político, cujos líderes incitam a violência, defendem políticas que não respeitam a democracia
e tentam destrui-la, não pode invocar a proteção contra penalidades impostas por atos praticados com
essas finalidades.
Não há ordem democrática sem respeito a decisões judiciais. Não há direito que justifique o
descumprimento de uma decisão da última instância do Poder Judiciário. Afinal, é o Poder Judiciário o
órgão responsável por afastar, mesmo contra maiorias, medidas que suprimam os direitos constitucionais.
São inadmissíveis, portanto, a defesa da ditadura, do fechamento do Congresso ou do STF. Não há
liberdade de expressão que ampare a defesa desses atos.
Por essa razão, o equilíbrio e a estabilidade entre os Poderes e a preservação da supremacia da
Constituição estão ameaçados. Nesse contexto, ausente a atuação dos órgãos de controle com o fim de
apurar o intuito de lesar ou expor a perigo de lesão a independência do Judiciário e o Estado de Direito,
incide o art. 43 do RISTF.
Esse dispositivo é regra excepcional que confere ao Judiciário função atípica na seara da
investigação, de modo que seu emprego depende de rígido escrutínio. É um instrumento de defesa da
própria Constituição, utilizado se houver inércia ou omissão dos órgãos de controle. Ainda que sentidos e
práticas à luz desse artigo possam ser inconstitucionais, há uma interpretação constitucional.
Nesse quadro, a apuração inaugurada com fundamento nesse dispositivo regimental destina-se a
reunir elementos que subsidiarão a representação ou encaminhamento ao MP. Os elementos reunidos pelo
STF justificam a propositura da ação penal mediante o encaminhamento ao MP doselementos
necessários para essa finalidade. As informações equivalem às que são coligidas em um inquérito. Como
as ofensas são em massa e difusas, o inquérito se justifica para coligir esses elementos. 
Ademais, o STF pode, diante da ciência da ocorrência em tese de um crime, determinar a
instauração de inquérito, mesmo que não envolva autoridade ou pessoa sujeita à sua jurisdição. Muito
embora o dispositivo regimental exija que os fatos apurados ocorram na sede ou dependência do próprio
STF, o caráter difuso dos crimes cometidos por meio da internet permite estender o conceito de “sede”,
uma vez que o STF exerce jurisdição em todo o território nacional. Logo, os crimes objeto do inquérito,
contra a honra e, portanto, formais, cometidos em ambiente virtual, podem ser considerados como
cometidos na sede ou dependência do STF.
A instauração do inquérito justifica-se, desse modo, para preservar a etapa de coleta de provas,
evitando que matérias próprias do STF sejam submetidas a jurisdições incompetentes; e para impedir que
suas ordens, autoridade e honorabilidade sejam desobedecidas ou ignoradas.
Por sua vez, é imprescindível a obediência ao juiz natural. De acordo com a regra regimental, o
ministro competente para presidir o inquérito é o presidente da Corte, ou seu delegatário. Nesse caso, a
delegação pode afastar a distribuição por sorteio, embora esta também seja uma via legítima.
No tocante aos atos já praticados no curso do inquérito, sua eficácia deve ser preservada até a data
desse julgamento. Ao MP competirá, derradeiramente, diante dos elementos colhidos, propor eventual
ação penal ou promover o arquivamento respectivo. 
O colegiado concluiu no sentido de que as investigações não têm como objeto qualquer ofensa ao
agente público, mas devem se limitar às manifestações que denotam risco efetivo à independência do
Judiciário, pela via da ameaça a seus membros e, assim, risco aos Poderes instituídos, ao Estado de
Direito e à democracia. Atos atentatórios contra o STF, que incitem seu fechamento, a morte e a prisão de
seus membros, a desobediência a seus atos, o vazamento de informações sigilosas, não são manifestações
protegidas pela liberdade de expressão. O dissenso intolerável é aquele que visa a impor com violência o
consenso.
Vencido o ministro Marco Aurélio, que julgou procedente o pedido formulado na ADPF para
fulminar o inquérito. Segundo o ministro, o inquérito resultou de ato individual do presidente do STF e
não passou pelo crivo do colegiado. Além disso, o relator do inquérito foi escolhido a dedo, sem a
observância do sistema democrático de distribuição. Ademais, a portaria foi editada com base no art. 43
do RISTF. Ocorre que a Constituição Federal de 1988, ao consagrar sistema acusatório, não recepcionou
o referido artigo do RISTF. Pontuou que, em Direito, o meio justifica o fim, jamais o fim justifica o meio
utilizado.
(1) RISTF: “Art. 43. Ocorrendo infração à lei penal na sede ou dependência do Tribunal, o Presidente instaurará inquérito,
se envolver autoridade ou pessoa sujeita à sua jurisdição, ou delegará esta atribuição a outro Ministro.”
ADPF 572 MC/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 17 e 18.6.2020. (INF 982)
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal982.pdf
Leiloeiro e caução para o exercício da profissão - RE 1263641/RS
A exigência de garantia para o exercício da profissão de leiloeiro, prevista nos artigos 6º a 8º
do Decreto 21.981/1932, é compatível com o art. 5º, XIII, da Constituição Federal de 1988 (CF) (1).
O art. 5º, XIII, da CF é norma constitucional de eficácia contida. Por isso, o legislador ordinário
pode restringir o alcance da liberdade de exercício de qualquer trabalho nela prevista, a fim de disciplinar
certas atividades cuja prestação possa, por falta de técnica, atingir negativamente a esfera de outros
indivíduos ou de valores ou interesses da própria sociedade.
Entretanto, a legitimidade da atuação legislativa no campo do exercício do trabalho deve ser
limitada ao indispensável para viabilizar a proteção de outros bens jurídicos de interesse público
igualmente resguardados pela própria Constituição, como a segurança, a saúde, a ordem pública, a
incolumidade das pessoas e do patrimônio, a proteção especial da infância e outros.
No caso, o leiloeiro lida diariamente com o patrimônio de terceiros, de forma que a prestação de
fiança como condição para o exercício de sua profissão busca reduzir o risco de dano ao proprietário, o
que reforça o interesse social da norma protetiva, bem como justifica a limitação para o exercício da
profissão.
Com esse entendimento, ao apreciar o Tema 455 da repercussão geral, o Plenário, por maioria,
negou provimento a recurso extraordinário. 
(1) CF: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes: (...) XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei
estabelecer;”
RE 1263641/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
julgamento virtual em 9.10.2020. (INF 994)
Liberdade de expressão e restrição à difusão de produto audiovisual em plataforma de
“streaming” - Rcl 38782/RJ
Retirar de circulação produto audiovisual disponibilizado em plataforma de “streaming”
apenas porque seu conteúdo desagrada parcela da população, ainda que majoritária, não encontra
fundamento em uma sociedade democrática e pluralista como a brasileira.
Por se tratar de conteúdo veiculado em plataforma de transmissão particular, na qual o acesso é
voluntário e controlado pelo próprio usuário, é possível optar-se por não assistir ao conteúdo
disponibilizado, bem como é viável decidir-se pelo cancelamento da assinatura contratada. 
Além disso, é de se destacar a importância da liberdade de circulação de ideias e o fato de que
deve ser assegurada à sociedade brasileira, na medida do possível, o livre debate sobre todas as temáticas,
permitindo-se que cada indivíduo forme suas próprias convicções, a partir de informações que escolha
obter.
Há diversas formas de indicar descontentamento com determinada opinião e de manifestar-se
contra ideais com os quais não se concorda — o que, em verdade, nada mais é do que a dinâmica do
chamado “mercado livre de ideias”. A censura, com a definição de qual conteúdo pode ou não ser
divulgado, deve-se dar em situações excepcionais, para que seja evitada, inclusive, a ocorrência de
verdadeira imposição de determinada visão de mundo. 
Nesse contexto, atos estatais de quaisquer de suas esferas de Poder praticados sob o manto da
moral e dos bons costumes ou do politicamente correto apenas servem para inflamar o sentimento de
dissenso, de ódio ou de preconceito, afastando-se da aproximação e da convivência harmônica. 
No caso, trata-se de reclamação constitucional contra julgados do Tribunal de Justiça do Rio de
Janeiro que, ao restringirem a difusão de conteúdo audiovisual em que formuladas sátiras a elementos
religiosos inerentes ao Cristianismo, teriam ofendido o decidido por esta Corte na ADPF 130 e na ADI
2.404. 
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5841915
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9942.pdf
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5878467
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5f8486cc359de30246e29e9a/6f8b5c0ac00c0bac5ec413d7de11e375/RE_1263641.mp3
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5faad60414b39a8edf201125/915aebfa2174db9573906ed4ff0a3e49/Rcl_38782.mp3
Com esse o entendimento, a Turma julgou procedentea reclamação para cassar as decisões
reclamadas. 
Rcl 38782/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 3.11.2020. (INF 998)
Princípio da isonomia: pensão por morte e tratamento diferenciado entre homem e mulher -
RE 659424/RS
É inconstitucional, por transgressão ao princípio da isonomia entre homens e mulheres
[Constituição Federal (CF), art. 5º, I], a exigência de requisitos legais diferenciados para efeito de
outorga de pensão por morte de ex-servidores públicos em relação a seus respectivos cônjuges ou
companheiros/companheiras (CF, art. 201, V).
Portanto, contraria o referido postulado constitucional exigir, para concessão da pensão por morte
ao cônjuge varão supérstite, a comprovação de invalidez e de dependência econômica não exigidos à
mulher ou companheira. Isso porque estudos recentes do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(IPEA) revelam a importância das mulheres como “chefes de família”, o que torna completamente
ultrapassada a presunção de dependência econômica da mulher em relação a seu cônjuge ou companheiro
a justificar a mencionada discriminação.
No caso, a atual lei que disciplina o regime de previdência social dos servidores públicos do estado
do Rio Grande do Sul (Lei Complementar estadual 15.142/2018) revogou expressamente a Lei estadual
7.672/1982, que exigia essa comprovação de invalidez e de dependência econômica do cônjuge varão
para o recebimento de pensão por morte. Assim, eliminou qualquer fator de discriminação entre homens e
mulheres e consagrou, de maneira explícita, a presunção de dependência econômica do cônjuge ou
companheiro/companheira, sem nenhuma ressalva concernente ao gênero do beneficiário.
Ademais, não há ofensa ao princípio da fonte de custeio, eis que o argumento relativo à necessária
indicação de contrapartida — como condição para fazer cumprir o princípio constitucional da igualdade
— não se justifica, por tratar-se de benefício já instituído, sem que a ele corresponda aumento do valor
pago. As contribuições previdenciárias continuam a ser adimplidas pelos respectivos segurados,
independentemente do gênero a que pertencem, alimentadas por alíquotas estáveis e com idêntico índice
percentual, sem que se registre aumento no valor ou no quantum do respectivo benefício de ordem
previdenciária.
O art. 201, V, da CF é preceito autoaplicável, revestido de aplicabilidade direta, imediata e
integral, qualificando-se como estrutura jurídica dotada de suficiente densidade normativa, a tornar
prescindível qualquer mediação legislativa concretizadora.
Com base nesse entendimento, o Plenário, ao apreciar o Tema 457 da repercussão geral, negou
provimento a recurso extraordinário.
RE 659424/RS, rel. Min. Celso de Mello, julgamento virtual em 9.10.2020. (INF 994)
Trabalhadores avulsos e direito ao adicional de risco portuário - 3 - RE 597124/PR
Sempre que for pago ao trabalhador com vínculo permanente, o adicional de riscos é devido, nos
mesmos termos, ao trabalhador portuário avulso. Com esse entendimento, o Plenário, em conclusão e por
maioria, ao apreciar o Tema 222 da repercussão geral, negou provimento a recurso extraordinário em que
discutida a possibilidade de estender aos trabalhadores portuários avulsos o adicional de riscos, previsto
no art. 14 da Lei 4.860/1965 (1) e pago aos trabalhadores portuários com vínculo permanente
(Informativos 923 e 924).
O colegiado entendeu que a regulação da atividade portuária por meio de legislação específica se
deu para garantir aos trabalhadores que prestam serviços nas instalações portuárias direitos inerentes ao
exercício de atividades notoriamente peculiares. Até 1990, havia, basicamente, duas formas de prestação
de trabalho na área portuária: os serviços de capatazia eram realizados por servidores públicos vinculados
às Companhias Docas; e as demais atividades, pelos trabalhadores avulsos. 
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2661702
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9942.pdf
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4149442
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9981.pdf
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5f870e72ed38664c025a6c3a/67741d125fcbfe192f51add1faf0f1e8/RE659424.mp3
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5ede64bcd8a96d355b8a4673/aba0a9008ec3b16609eb6e5287771eaa/Trabalhadores_avulsos_e_direito_ao_adicional_de_risco_portu%C3%A1rio_-_3.mp3
https://www.youtube.com/watch?v=UAsw7KriZuM&list=PLippyY19Z47tPvV1EKOpudTcVcu1xQRtk
A Constituição de 1988 trouxe importante regulação das relações de trabalho em geral e, no inciso
XXXIV do art. 7º, previu “igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício
permanente e o trabalhador avulso”. Constata-se que essa cláusula de isonomia se sagrou reforçada com o
advento da Lei 8.630/1993, quando novos atores sociais foram expressamente incorporados às relações
portuárias, entre os quais se destacam os órgãos gestores de mão de obra — entidades com finalidade
pública, sem fins lucrativos, cujo objetivo principal é centralizar e administrar a prestação de serviços nos
portos organizados do Brasil —; os operadores portuários; e os trabalhadores portuários, ainda
distinguidos entre contratados com vínculo permanente (servidores e empregados) e avulsos. 
A mudança levada a efeito pela Lei 8.630/1993 não se restringiu à seara legislativa, uma vez que
inaugurou modelo regulatório das relações de trabalho no campo portuário muito diferente daquele
vigente até então, mas mantendo algumas normas do regime anterior. Prova disso são os arts. 75 e 76 da
Lei 8.630/1993. Apesar de terem revogado diversas normas esparsas, optaram por não revogar aquela que
previa o direito a adicional de riscos para os trabalhadores portuários. O argumento pela impossibilidade
de se estender o mencionado direito tem como fundamento interpretação equivocada de que o art. 19 da
Lei 4.860/1965 excluiria os trabalhadores avulsos do seu âmbito de incidência normativa.
Ademais, a leitura adequada da legislação a respeito, considerados os paradigmas constitucionais,
é a de que não calha como excludente o fato de os trabalhadores avulsos sujeitarem-se a regime
diferenciado daqueles com vínculo permanente. Implementadas as condições legais específicas, é devido
o adicional de riscos, previsto no art. 14 da Lei 4.860/1965, ao trabalhador portuário avulso. 
A disposição constitucional tem nítido caráter protetivo da igualdade material. Se há o pagamento
do adicional de riscos como direito do trabalhador portuário com vínculo permanente que labora em
condições adversas, essa previsão também deve ser reconhecida aos trabalhadores portuários avulsos
submetidos às mesmas condições. 
Vencido o ministro Marco Aurélio, que deu provimento ao recurso.
(1) Lei 4.860/1965: “Art 14. A fim de remunerar os riscos relativos à insalubridade, periculosidade e outros porventura
existentes, fica instituído o ‘adicional de riscos’ de 40% (quarenta por cento) que incidirá sobre o valor do salário-hora ordinário do
período diurno e substituirá todos aqueles que, com sentido ou caráter idêntico, vinham sendo pagos.”
RE 597124/PR, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 3.6.2020. (INF 980)
Tribunal do Júri: autoria e materialidade e absolvição genérica - HC 178777/MG
A absolvição do réu, ante resposta a quesito genérico de absolvição previsto no art. 483, § 2º,
do Código de Processo Penal [CPP (1)], independe de elementos probatórios ou de teses veiculadas
pela defesa, considerada a livre convicção dos jurados.
Em razão da norma constitucional que consagra a soberania dos veredictos, a sentença absolutória
de Tribunal do Júri, fundada no quesito genérico de absolvição, não implica nulidade da decisão a ensejar
apelação da acusação.Os jurados podem absolver o réu com base na livre convicção e
independentemente das teses veiculadas, considerados elementos não jurídicos e extraprocessuais. 
No caso, o paciente foi pronunciado ante a prática de crime previsto no art. 121, § 2º, II, IV e VI,
combinado com o art. 14, II (tentativa de homicídio qualificado), do Código Penal (CP). Submetido a
julgamento, o Conselho de Sentença respondeu afirmativamente aos quesitos alusivos à materialidade e
autoria. Na sequência, indagados os jurados se absolviam o acusado, a resposta foi positiva, encerrando-
se a votação. Após, o tribunal de justiça proveu apelação interposta pelo Parquet para determinar a
realização de novo Júri, por considerar que a decisão absolutória foi contrária às provas do processo.
Com base nesse entendimento, a Primeira Turma, por maioria, deferiu a ordem de habeas corpus,
para reestabelecer decisão absolutória.
(1) CPP: “Art. 483. Os quesitos serão formulados na seguinte ordem, indagando sobre: I – a materialidade do fato; II – a
autoria ou participação; III – se o acusado deve ser absolvido; IV – se existe causa de diminuição de pena alegada pela defesa; V –
se existe circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena reconhecidas na pronúncia ou em decisões posteriores que
julgaram admissível a acusação. (...) § 2o Respondidos afirmativamente por mais de 3 (três) jurados os quesitos relativos aos incisos
I e II do caput deste artigo será formulado quesito com a seguinte redação: O jurado absolve o acusado?”
HC 178777/MG, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 29.9.2020. (INF 993)
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9931.pdf
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5819308
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal980.pdf
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5f764bde66ae364555a3bd21/93370cedd7af23ebe74ed3ef80055a28/HC_178777.mp3
3.10 DIREITOS FUNDAMENTAIS
Suspensão de habilitação e direito ao trabalho - RE 607107/MG
É constitucional a imposição da pena de suspensão de habilitação para dirigir veículo automotor ao
motorista profissional condenado por homicídio culposo no trânsito.
Essa foi a tese de repercussão geral (Tema 486) fixada pelo Plenário ao dar provimento a recurso
extraordinário interposto contra acórdão que afastou a pena de suspensão de habilitação, prevista no art.
302 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) (1), aplicada em desfavor do recorrido. O tribunal a quo
reputou que a aplicação dessa sanção ao condenado que exerce profissionalmente a atividade de motorista
seria inconstitucional, por violar o seu direito ao trabalho.
O colegiado asseverou que inexiste direito absoluto ao exercício de atividade profissionais (CF,
art. 5º, XIII), sendo possível que haja restrição imposta pelo legislador, desde que razoável, como no caso.
Além disso, a medida é coerente com o princípio da individualização da pena (CF, art. 5º, XLVI)
e, também, respeita o princípio da proporcionalidade. A suspensão do direito de dirigir não impossibilita
o motorista profissional de extrair seu sustento de qualquer outra atividade econômica.
(1) CTB: “Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: Penas – detenção, de dois a quatro anos, e
suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. § 1º No homicídio culposo cometido
na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente: (...) IV - no exercício de sua profissão
ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros.”
RE 607107/MG, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 12.2.2020. (INF 966)
3.11 EXPULSÃO
Estrangeiro e filho brasileiro nascido posteriormente à expulsão - 2 - RE 608898/DF
O § 1º do art. 75 da Lei 6.815/1980 (1) não foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988
(CF), sendo vedada a expulsão de estrangeiro cujo filho brasileiro foi reconhecido ou adotado
posteriormente ao fato ensejador do ato expulsório, uma vez comprovado estar a criança sob a guarda do
estrangeiro e deste depender economicamente.
Com essa tese de repercussão geral (Tema 373), o Plenário, em conclusão de julgamento, negou
provimento a recurso extraordinário interposto de acórdão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) proferido
em sede de habeas corpus (Informativo 924). 
Na decisão recorrida, o STJ assentou que a proibição de expulsão de estrangeiro quando tiver prole
brasileira objetiva proteger os interesses da criança à assistência material, à garantia dos direitos à
identidade, à convivência familiar e à assistência pelos pais.
A União sustentava que, coexistentes a proteção dos direitos da família e da criança e a defesa da
soberania e do território nacional, a Lei 6.815/1980 previa a impossibilidade de expulsão somente quando
a prole brasileira fosse anterior ao fato motivador da expulsão. Aludia ao poder discricionário, conferido
ao chefe do Poder Executivo pelo art. 66 do referido diploma legal (2), de expulsar estrangeiro com
conduta nociva aos interesses nacionais.
O colegiado, por maioria, rejeitou a preliminar de ilegitimidade da recorrente. Entendeu ser caso
de superação da preliminar ante a relevância da tese e o fato de estar-se em discussão não só o direito de
ir e vir do paciente, mas também prerrogativa do chefe do Poder Executivo. Ademais, esta seria a única
possibilidade de a União contestar a decisão do STJ e discutir a matéria. 
Vencido, no ponto, o ministro Marco Aurélio (relator). O ministro salientou que a União não foi
parte na ação apreciada no STJ. Ademais, por ser o habeas corpus via impugnativa exclusiva da defesa,
descabe a sua utilização para tutela de interesse da acusação ou de terceiros. 
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=3838306
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo966.htm
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=3810647
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e46e216b770dc379e60bcd9/893f974ea3eb9851f5af0450a32f26f4/Suspens%C3%A3o_de_habilita%C3%A7%C3%A3o_e_direito_ao_trabalho.mp3
https://www.youtube.com/watch?v=qvjzdxjAUms&list=PLippyY19Z47ti_ze7600VuNE-_1MI502t
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5efba5e22242ed8a1005a5d8/e2b84312ff848fc7f24a84b5519e4c4b/Estrangeiro_e_filho_brasileiro_nascido_posteriormente_%C3%A0_expuls%C3%A3o_-_2.mp3
https://www.youtube.com/watch?v=1lnf79U7Zxo&list=PLippyY19Z47sS0YD6Cwt8gEGBUZ2c-YYb
No mérito, prevaleceu o voto do relator, segundo o qual o § 1º do art. 75 da Lei 6.815/1980 não foi
recepcionado pela CF, sendo vedada a expulsão, uma vez comprovado estar a criança sob a guarda do
estrangeiro e deste depender economicamente. 
O ministro registrou a presença de valores constitucionais como a soberania nacional, com a
manutenção de estrangeiro no País, e a proteção à família, ante a existência de filho brasileiro. 
Lembrou que o Supremo Tribunal Federal (STF), diversas vezes, decidiu no sentido de que a
existência de filhos nascidos após o fato criminoso não seria oponível à expulsão. No entanto, as questões
relativas aos requisitos para expulsão foram reiteradamente examinadas somente com fulcro na
interpretação isolada do art. 75 da Lei 6.815/1980.
Assim, compreendeu ser necessário aprofundar a evolução no tratamento da matéria, atentando
para a CF, que define a família como base da sociedade e estabelece o direito da criança à convivência
familiar [arts. 226, caput, e 227, caput, (3)].
Esclareceu que a CF de 1988 inaugurou nova quadra no tocante ao patamar e à intensidade da
tutela da família e da criança, assegurando-lhes cuidado especial, concretizado, pelo legislador, na edição
do Estatuto da Criança e do Adolescente. O sistema foi direcionado para a absoluta prioridade dos
menores e adolescentes,como pressuposto inafastável de sociedade livre, justa e solidária. 
Por isso, é impróprio articular com a noção de interesse nacional inerente à expulsão de
estrangeiro quando essa atuação estatal alcança a situação da criança, sob os ângulos econômico e
psicossocial. O § 1º do art. 75 da Lei 6.815/1980 encerra a quebra da relação familiar, independentemente
da situação econômica do menor e dos vínculos socioafetivos desenvolvidos. A família, respaldo maior
da sociedade e da criança, é colocada em segundo plano, superada pelo interesse coletivo em retirar do
convívio nacional estrangeiro nocivo, embora muitas vezes ressocializado. 
A seu ver, priva-se perpetuamente a criança do convívio familiar, da conformação da identidade.
Dificulta-se o acesso aos meios necessários à subsistência, haja vista os obstáculos que decorrem da
cobrança de pensão alimentícia de indivíduo domiciliado ou residente em outro País. Dessa maneira,
impõe-se à criança ruptura e desamparo, cujos efeitos repercutem nos mais diversos planos da existência,
em colisão não apenas com a proteção especial conferida a ela, mas também com o âmago do princípio da
proteção à dignidade da pessoa humana. 
Além disso, o preceito da Lei 6.815/1980 afronta o princípio da isonomia, ao estabelecer
tratamento discriminatório entre filhos havidos antes e após o fato ensejador da expulsão.
O relator ressaltou que os prejuízos associados à expulsão de genitor independem da data do
nascimento ou da adoção, muito menos do marco aleatório representado pela prática da conduta
motivadora da expulsão. Se o interesse da criança deve ser priorizado, é de menor importância o
momento da adoção ou da concepção. 
Esse entendimento não esvazia a soberania nacional. O estrangeiro continua obrigado a comprovar
ter filho brasileiro sob a própria guarda e dependente economicamente. Ou seja, exige-se do estrangeiro a
demonstração de vínculo qualificado com o País, apto a autorizar, dentro das balizas legais, a sua
permanência em território nacional. 
Por fim, o ministro observou que a Lei 6.815/1980, regedora da espécie, foi suplantada pela nova
Lei de Migração (Lei 13.445/2017), que não repetiu o contido no preceito em debate.
(1) Lei 6.815/1980: “Art. 75. Não se procederá à expulsão: (...) § 1º Não constituem impedimento à expulsão a adoção ou o
reconhecimento de filho brasileiro supervenientes ao fato que o motivar.”
(2) Lei 6.815/1980: “Art. 66. Caberá exclusivamente ao Presidente da República resolver sobre a conveniência e a
oportunidade da expulsão ou de sua revogação. Parágrafo único. A medida expulsória ou a sua revogação far-se-á por decreto.”
(3) CF: “Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. (...) Art. 227. É dever da família, da
sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”
RE 608898/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 25.6.2020. (INF 983)
3.12 FINANÇAS PÚBLICAS
Covid-19 e restrições da Lei de Responsabilidade Fiscal - ADI 6357 MC-Ref/DF
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5883343
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal983.pdf
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5ec581a70b7b2c598d2f4360/b8620e334499293c327d3406ef69e573/Covid-19_e_restri%C3%A7%C3%B5es_da_Lei_de_Responsabilidade_Fiscal.mp3
O Plenário, por maioria, referendou a medida cautelar anteriormente deferida e extinguiu a ação
direta de inconstitucionalidade por perda superveniente de objeto.
A cautelar referendada concedeu interpretação conforme à Constituição Federal (CF) aos arts. 14,
16, 17 e 24 da Lei Complementar 101/2000 (1) — Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) — e 114, caput
(2) e § 14 (3), da Lei 13.898/2019 — Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2020 (LDO/2020) —, para,
durante a emergência em saúde pública de importância nacional e o estado de calamidade pública
decorrente do novo coronavírus (Covid-19), afastar a exigência de demonstração de adequação e
compensação orçamentárias em relação à criação/expansão de programas públicos destinados ao
enfrentamento do contexto de calamidade gerado pela disseminação de Covid-19. Além disso, a medida
se aplicou a todos os entes federativos que, nos termos constitucionais e legais, tivessem decretado estado
de calamidade pública decorrente da pandemia de Covid-19.
O autor da ação direta argumentava que o estabelecimento de novas despesas necessárias em
virtude da pandemia acabaria sendo passível de responsabilização se não houvesse a interpretação
conforme. 
Prevaleceu o voto do ministro Alexandre de Moraes (relator), que referendou a liminar para
garantir maior segurança jurídica. 
Com relação à LDO/2020, explicitou que o art. 114 foi alterado por lei posterior. O preceito
passou a estabelecer que, na ocorrência de calamidade pública reconhecida pelo Congresso Nacional e
durante sua vigência, fica dispensada a compensação tratada em seu caput (LDO/2020, art. 114, § 16).
O relator observou que, em suma, o pedido formulado na ação objetivou afastar a aplicabilidade de
restrições para fins de combate integral da pandemia na saúde pública e em seus reflexos, como a
manutenção de emprego e de empresas e a subsistência dos seres humanos. 
Esclareceu que o afastamento não afetaria de forma alguma o mandamento constitucional de
transparência, de prudência fiscal, consubstanciado na LRF. Os dispositivos impugnados pretendem
evitar gastos não previstos, a improvisação nas finanças públicas, e não vedar gastos orçamentários
absolutamente necessários destinados à vida, à saúde, ao trabalho e à subsistência dos brasileiros.
Ademais, a única válvula de escape seria o art. 65 da LRF, que afasta alguns dispositivos. O
mencionado artigo estabelece regime emergencial para casos de reconhecimento de calamidade pública,
afasta a necessidade de contingenciamento de recursos e sanções pelo descumprimento de limites de
gastos com pessoal. Contudo, não prevê expressamente a possibilidade de criação de novas despesas
emergenciais e necessárias no combate a uma pandemia, sem que tenham sido previstas anteriormente no
orçamento. 
O ministro lembrou que o surgimento da pandemia do Covid-19 seria fato superveniente,
imprevisível, cujas consequências gravíssimas eram impossíveis de serem programadas e exigem a
atuação direta do Poder Público municipal, estadual e federal. Essa excepcionalidade foi considerada para
a suspensão dos dispositivos questionados. Do ponto de vista jurídico e lógico, seria impossível a
previsão dos efeitos econômicos quando aprovadas as leis orçamentárias.
Sublinhou que a interpretação conforme dada na cautelar se baseou nos princípios da razoabilidade
e da dignidade da pessoa humana, na valorização do emprego e na saúde pública. Esses preceitos e
princípios constitucionais seriam totalmente afastados se não houvesse a possibilidade de os entes
combaterem a pandemia, auxiliando a população, inclusive, com recursos públicos. Se os dispositivos
adversados fossem aplicados rigidamente, por exemplo, não seria possível a concessão do auxílio
emergencial de R$ 600,00 (seiscentos reais) durante a pandemia.
A respeito do art. 42 da LRF (4), o relator rejeitou o pedido formulado pelo amicus curiae no
sentido de que o dispositivo fosse abrangido pela cautelar, haja vista não ter sido impugnado pelo autor da
ação. Na ação direta de inconstitucionalidade,a causa de pedir é aberta, mas o pedido não. Portanto,
eventual análise do art. 42 deve ser feita na via própria. 
Noutro passo, o ministro Alexandre de Moraes julgou extinta a ação direta de
inconstitucionalidade em virtude da superveniência da Emenda Constitucional (EC) 106/2020, que
instituiu regime extraordinário fiscal, financeiro e de contratações para enfrentamento de calamidade
pública nacional decorrente de pandemia. 
Sublinhou não ter havido, na EC do “Orçamento de Guerra”, constitucionalização superveniente, e
sim convalidação de atos praticados (EC 106/2020, art. 10). 
https://www.youtube.com/watch?v=_xzraTczEEU&list=PLippyY19Z47vJxmhz2o-lzr-VdFptesni
O relator consignou o prejuízo da ação, porquanto presentes, no art. 3º da EC 106/2020 (5), os
requisitos que conduziram à concessão da liminar. Os gastos não devem implicar despesas permanentes e
objetivam enfrentar, durante a vigência da pandemia, a calamidade pública e as suas consequências. 
Por fim, acentuou que o art. 3º da EC substitui o próprio entendimento da cautelar deferida, desde
que aplicado à União, aos Estados-membros e aos municípios. A perda de objeto se dá com a
interpretação de que o art. 3º vale para os três entes da Federação.
Em obiter dictum, o ministro Roberto Barroso sinalizou que a regra do art. 42 da LRF não deverá
ser aplicada aos prefeitos nos dois últimos quadrimestres, porque ainda coincidirão com a pandemia. 
Vencidos o ministro Edson Fachin, que não extinguiu a ação, e o ministro Marco Aurélio, que não
referendou a cautelar.
O ministro Edson Fachin se ateve em ratificar a liminar e endossou o voto do relator no tocante ao
art. 42 da LRF. A respeito da perda de objeto, anotou que demandaria análise para verificar se há simetria
entre a EC 106/2020 e o objeto da cautelar. A medida anteriormente deferida cobre nitidamente os demais
entes federativos e o art. 3º da EC faz referência ao Poder Executivo no singular. Abrir-se-ia campo de
exame que, a rigor, não estaria pautado na ambiência do referendo. Ainda aduziu que a questão poderia
ser apreciada em momento posterior. 
Por seu turno, o ministro Marco Aurélio assentou o prejuízo da ação direta. Enfatizou que o
enfrentamento da calamidade pública não é realizado apenas pela União, mas também é feito pelos
estados e municípios. No art. 2º da EC, há alusão a dispositivos observáveis nos três níveis. Dessa
maneira, ter-se-ia disciplina linear, que alcança União, estados e municípios. Além disso, rememorou que
o legislador, a quem cabia atuar, dispôs sobre a convalidação dos atos de gestão praticados a partir de 20
de março de 2020 (EC 106/2020, art. 10).
Segundo o ministro, há incongruência em extinguir-se a ação e referendar-se a cautelar. A seu ver,
os atos praticados com base na medida anteriormente deferida foram encampados pelos congressistas
mediante o art. 10 da EC 106/2020. Além disso, a interpretação conforme pressupõe preceito que
contemple duas interpretações e o legitimado para a ação não pode vir ao Supremo Tribunal Federal pedir
carta em branco para descumprir lei.
(1) Lei Complementar 101/2000: “Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da
qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que
deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das
seguintes condições: I – demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na estimativa de receita da lei
orçamentária, na forma do art. 12, e de que não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo próprio da lei de diretrizes
orçamentárias; II – estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado no caput, por meio do aumento de
receita, proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição. § 1º A
renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de
alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios que
correspondam a tratamento diferenciado. § 2º Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou benefício de que trata o caput
deste artigo decorrer da condição contida no inciso II, o benefício só entrará em vigor quando implementadas as medidas referidas
no mencionado inciso. § 3º O disposto neste artigo não se aplica: I – às alterações das alíquotas dos impostos previstos nos incisos I,
II, IV e V do art. 153 da Constituição, na forma do seu § 1º; II – ao cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao dos
respectivos custos de cobrança. (...) Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento
da despesa será acompanhado de: I – estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos
dois subsequentes; II – declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a lei
orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias. § 1º Para os fins desta Lei
Complementar, considera-se: I – adequada com a lei orçamentária anual, a despesa objeto de dotação específica e suficiente, ou que
esteja abrangida por crédito genérico, de forma que somadas todas as despesas da mesma espécie, realizadas e a realizar, previstas
no programa de trabalho, não sejam ultrapassados os limites estabelecidos para o exercício; II – compatível com o plano plurianual e
a lei de diretrizes orçamentárias, a despesa que se conforme com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas previstos nesses
instrumentos e não infrinja qualquer de suas disposições. § 2º A estimativa de que trata o inciso I do caput será acompanhada das
premissas e metodologia de cálculo utilizadas. § 3º Ressalva-se do disposto neste artigo a despesa considerada irrelevante, nos
termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias. § 4º As normas do caput constituem condição prévia para: I – empenho e
licitação de serviços, fornecimento de bens ou execução de obras; II – desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o § 3º do
art. 182 da Constituição. (...) Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada de lei, medida
provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois
exercícios. § 1º Os atos que criarem ou aumentarem despesa de que trata o caput deverão ser instruídos com a estimativa prevista
no inciso I do art. 16 e demonstrar a origem dos recursos para seu custeio. § 2º Para efeito do atendimento do § 1º, o ato será
acompanhado de comprovação de que a despesa criada ou aumentada não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo
referido no § 1º do art. 4º, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes, ser compensados pelo aumento permanente de
receita ou pela redução permanente de despesa. § 3º Para efeito do § 2º, considera-se aumento permanente de receita o proveniente
da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição. § 4º A comprovação
referida no § 2º, apresentada pelo proponente, conterá as premissas e metodologia de cálculo utilizadas, sem prejuízo do exame de
compatibilidade da despesa com as demais normas do plano plurianual e da lei de diretrizes orçamentárias. § 5º A despesa de que
trata este artigo não será executada antes da implementação das medidas referidas no § 2º, as quais integrarão o instrumento que a
criar ou aumentar. § 6º O disposto no § 1º não se aplica às despesas destinadas ao serviço da dívida nem ao reajustamento de
remuneração de pessoal de que trata o inciso X do art. 37 da Constituição. § 7º Considera-seaumento de despesa a prorrogação
daquela criada por prazo determinado. (...) Art. 24. Nenhum benefício ou serviço relativo à seguridade social poderá ser criado,
majorado ou estendido sem a indicação da fonte de custeio total, nos termos do § 5º do art. 195 da Constituição, atendidas ainda as
exigências do art. 17. § 1º É dispensada da compensação referida no art. 17 o aumento de despesa decorrente de: I – concessão de
benefício a quem satisfaça as condições de habilitação prevista na legislação pertinente; II – expansão quantitativa do atendimento e
dos serviços prestados; III –reajustamento de valor do benefício ou serviço, a fim de preservar o seu valor real. § 2º O disposto neste
artigo aplica-se a benefício ou serviço de saúde, previdência e assistência social, inclusive os destinados aos servidores públicos e
militares, ativos e inativos, e aos pensionistas.”
(2) Lei 13.898/2019: “Art. 114. As proposições legislativas e as suas emendas, conforme o art. 59 da Constituição, que,
direta ou indiretamente, importem ou autorizem diminuição de receita ou aumento de despesa da União, deverão estar
acompanhadas de estimativas desses efeitos no exercício em que entrarem em vigor e nos dois exercícios subsequentes, detalhando
a memória de cálculo respectiva e correspondente compensação para efeito de adequação orçamentária e financeira, e
compatibilidade com as disposições constitucionais e legais que regem a matéria.” (redação anterior à dada pela Lei 13.983/2020) 
(3) Lei 13.898/2019: “Art. 114. (...) § 14. Considera-se atendida a compensação a que se refere o caput nas seguintes
situações: I – demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na estimativa de receita da Lei Orçamentária de
2020, na forma do disposto no art. 12 da Lei Complementar nº 101, de 2000 – Lei de Responsabilidade Fiscal, e de que não afetará
as metas de resultados fiscais previstas no Anexo IV; ou II – estar acompanhada de medidas de compensação, no período
mencionado no caput, por meio do aumento de receita, proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo,
majoração ou criação de tributo ou contribuição.”
(4) Lei Complementar 101/2000: “Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art. 20, nos últimos dois
quadrimestres do seu mandato, contrair obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha
parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito. Parágrafo único. Na
determinação da disponibilidade de caixa serão considerados os encargos e despesas compromissadas a pagar até o final do
exercício.”
(5) EC 106/2020: “Art. 3º Desde que não impliquem despesa permanente, as proposições legislativas e os atos do Poder
Executivo com propósito exclusivo de enfrentar a calamidade e suas consequências sociais e econômicas, com vigência e efeitos
restritos à sua duração, ficam dispensados da observância das limitações legais quanto à criação, à expansão ou ao aperfeiçoamento
de ação governamental que acarrete aumento de despesa e à concessão ou à ampliação de incentivo ou benefício de natureza
tributária da qual decorra renúncia de receita. Parágrafo único. Durante a vigência da calamidade pública nacional de que trata o art.
1º desta Emenda Constitucional, não se aplica o disposto no § 3º do art. 195 da Constituição Federal.”
ADI 6357 MC-Ref/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 13.5.2020. (INF 977)
3.13 FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA
Ação de improbidade administrativa e atuação de procurador do estado - 2 - ARE 1165456
AgR/SE
A Primeira Turma, por maioria e em conclusão de julgamento, deu provimento a agravo interno e,
em voto médio, deu parcial provimento ao recurso extraordinário, a fim de declarar incompatível com a
Constituição Federal (CF) o entendimento de que o governador do estado deve autorizar a propositura de
ação de improbidade pela procuradoria. Determinou, ainda, o retorno dos autos ao juízo de origem, para
que prossiga o julgamento como entender de direito. 
No acordão impugnado, o tribunal de origem compreendeu que procurador do estado de Sergipe
não pode ajuizar ação civil pública sem anuência do procurador-geral e autorização do governador
daquela unidade da Federação (Informativo 952).
Na Turma, prevaleceu o voto médio do ministro Roberto Barroso, que foi acompanhado pela
ministra Rosa Weber. 
Em maior extensão, os ministros Alexandre de Moraes e Luiz Fux deram provimento integral ao
agravo e ao recurso extraordinário. Entenderam que a restrição imposta pelo tribunal a quo não encontra
respaldo na lei orgânica da procuradoria-geral — Lei Complementar sergipana 27/1996 — e ofende o art.
132 da CF (1). Logo, não poderia ser exigida a autorização do governador, tampouco a anuência do
procurador-geral nas ações de improbidade.
Já o ministro Marco Aurélio (relator) negou provimento ao agravo regimental e ao recurso
extraordinário. A seu ver, os autos versam matéria estritamente legal. O relator sublinhou que o
pronunciamento atacado mediante recurso extraordinário envolveu a interpretação de legislação local.
(1) CF: “Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, organizados em carreira, na qual o ingresso
dependerá de concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases,
exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas. parágrafo único. Aos procuradores
referidos neste artigo é assegurada estabilidade após três anos de efetivo exercício, mediante avaliação de desempenho perante os
órgãos próprios, após relatório circunstanciado das corregedorias.”
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5557455
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5557455
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo977.htm
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5f5813f2ecc49c1b89ff3db9/82d9b9768bf4c2a8fd7bdf2bf042beaf/A%C3%A7%C3%A3o_de_improbidade_administrativa_e_atua%C3%A7%C3%A3o_de_procurador_do_estado_ARE_1165456.mp3
ARE 1165456 AgR/SE, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso,
julgamento em 1º.9.2020. (INF 989)
3.14 INTERVENÇÃO DO ESTADO NO DOMÍNIO ECONÔMICO
Tarifa bancária pela mera disponibilização de “cheque especial” - ADI 6407 MC-Ref /DF
Resumo:
Há indícios de contrariedade ao ordenamento jurídico-constitucional na permissão dada por
resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) às instituições financeiras para cobrarem tarifa
bancária pela mera disponibilização de crédito ao cliente na modalidade “cheque especial”.
Resolução do CMN não pode excluir ou limitar a proteção concedida ao consumidor pela
Constituição Federal (CF). A autorização de cobrança pela mera disponibilização do serviço coloca o
consumidor em situação de vulnerabilidade econômico-jurídica, em descumprimento ao mandamento
constitucional de proteção ao consumidor, previsto no art. 5º, XXXII (1), e no art. 170, V (2), da CF.
As instituições financeiras não podem cobrar por serviço de disponibilização e/ou manutenção
mensal de cheque especial, uma vez que a cobrança dos juros é permitida tão somente quando houver a
efetiva utilização e sempre proporcional ao valor e ao tempo usufruídos. Com efeito, a cobrança da
“tarifa” (pagamento pela simples disponibilização) camufla o adiantamento da cobrança pela
remuneração do capital (juros), de maneira que há uma desnaturação da natureza jurídica da “tarifa
bancária” para abarcar todos aqueles que possuem a disponibilização do limite, inclusive, quem não
utiliza o crédito efetivamente na modalidade de “cheque especial”.
Trata-se, na espécie, de arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF), com o
objetivode ver declarada lesão a preceitos fundamentais decorrente da norma do art. 2º, § 1º, I e II, § 2º e
§ 3º, da Resolução 4.765/2019 do CNM (3), que admitia a cobrança de tarifa pela disponibilização de
cheque especial ao cliente.
Convertido o julgamento em ação direta de inconstitucionalidade por aplicação do princípio da
fungibilidade, e com base no entendimento acima exposto, o Plenário, por unanimidade, referendou a
medida cautelar concedida pelo ministro relator, a fim de suspender a eficácia da norma impugnada até o
julgamento de mérito da presente ação.
(1) CF: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes: (...) XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor”.
(2) CF: “Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim
assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: (...) V – defesa do
consumidor (...) Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de
autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei”.
(3) Resolução 4.765/2019, do Conselho Monetário Nacional (CMN): “Art. 2º. Admite-se a cobrança de tarifa pela
disponibilização de cheque especial ao cliente. § 1º. A cobrança da tarifa prevista no caput deve observar os seguintes limites
máximos: I – 0% (zero por cento), para limites de crédito de até R$ 500,00 (quinhentos reais); e II – 0,25% (vinte e cinco
centésimos por cento), para limites de crédito superiores a R$ 500,00 (quinhentos reais), calculados sobre o valor do limite que
exceder R$ 500,00 (quinhentos reais). § 2º. A cobrança da tarifa deve ser efetuada no máximo uma vez por mês. § 3º. A cobrança da
tarifa deve observar, no que couber, as disposições da Resolução nº 3.919, de 25 de novembro de 2010, não se admitindo a inclusão
do serviço de que trata o caput em pacote de serviços vinculados a contas de depósito à vista”.
ADI 6407 MC-Ref /DF, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 27.11.2020 
(INF 1000)
3.15 LEGITIMIDADE 
Legitimidade de procuradores para interposição de recurso em ADI - RE 1126828 AgR/SP
http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=1126828&classe=RE&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/Informativo_1000.pdf
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5901434
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9891.pdf
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5fc23512c001f5363d286c00/173f6bbe8100df4cdd8e91cc035c9172/ADI_6407.mp3
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e41a5887874192d478b00c9/4d3cfc291b76fbe81b84e723aaf80b75/Legitimidade_de_procuradores_para_interposi%C3%A7%C3%A3o_de_recurso_em_ADI.mp3
A Segunda Turma, por maioria, deu provimento a agravo regimental para, ao dar seguimento a
recurso extraordinário, reconhecer a legitimidade de procuradores para interposição de recursos em ação
direta de inconstitucionalidade (ADI). 
O colegiado entendeu que, por ser uma decisão política, somente os legitimados no art. 103 da
Constituição Federal (CF) (1), ou, por simetria, os que previstos em constituição estadual, podem propor
ações diretas de inconstitucionalidade. Ressaltou, entretanto, que os atos de natureza técnica,
subsequentes ao ajuizamento da ação, devem ser empreendidos pelos procuradores da parte legitimada.
Citou precedente do Supremo Tribunal Federal (STF), no sentido de que recursos em ação direta de
inconstitucionalidade podem até vir assinados pelo legitimado conjuntamente com o procurador, mas que
seria essencial a presença de advogado. 
Vencido o ministro Edson Fachin (relator), que votou pelo não provimento do agravo por
considerar que se afigura inadmissível petição recursal assinada apenas por procuradores, sem que tenha
sido subscrita pela parte constitucionalmente legitimada.
(1) CF: “Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: I – o
Presidente da República; II – a Mesa do Senado Federal; III – a Mesa da Câmara dos Deputados; IV – a Mesa de Assembleia
Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; V – o Governador de Estado ou do Distrito Federal; VI – o Procurador-
Geral da República; VII – o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; VIII – partido político com representação no
Congresso Nacional; IX – confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.”
RE 1126828 AgR/SP, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Cármen Lúcia, julgamento
em 4.2.2020. (INF 965)
3.16 MEIO AMBIENTE
Medida cautelar em ADPF: resoluções do Conama e proibição do retrocesso socioambiental -
ADPF 747 MC-Ref/DF; ADPF 748 MC-Ref/DF e ADPF 749 MC-Ref/DF
Resumo:
O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado se configura como direito
fundamental da pessoa humana. A mera revogação de normas operacionais fixadoras de
parâmetros mensuráveis necessários ao cumprimento da legislação ambiental, sem sua substituição
ou atualização, aparenta comprometer a observância da Constituição Federal (CF), da legislação
vigente e de compromissos internacionais. 
A Resolução 500/2020 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) revogou as
Resoluções 284/2001, 302/2002 e 303/2002, do mesmo órgão, que dispõem respectivamente, sobre: (i) o
licenciamento de empreendimentos de irrigação; (ii) os parâmetros, definições e limites de Áreas de
Preservação Permanente (APPs) de reservatórios artificiais e o regime de uso do entorno e (iii) os
parâmetros, definições e limites de APPs.
As resoluções editadas pelo mencionado órgão preservam a sua legitimidade quando cumprem o
conteúdo material da Constituição e da legislação ambiental. A revogação da Resolução Conama
284/2001 sinaliza dispensa de licenciamento para os empreendimentos de irrigação, mesmo que
potencialmente causadores de modificações ambientais significativas. Essa situação configura efetivo
descumprimento, pelo Poder Público, do seu dever de atuar no sentido de preservar os processos
ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico dos ecossistemas. Também sugere estado de anomia
regulatória, a evidenciar graves e imediatos riscos para a preservação dos recursos hídricos, em prejuízo
da qualidade de vida das presentes e futuras gerações [CF, art. 225, caput e § 1º, I (1)]. 
Apesar de ter sido apontada a necessidade de ajustes na norma, a simples revogação da Resolução
Conama 302/2002 parece conduzir à intolerável situação de incompatibilidade com a ordem
constitucional em matéria de proteção do meio ambiente. A revogação dela, assim como a da Resolução
303/2002, distancia-se dos objetivos definidos no art. 225 da CF, tais como explicitados na Política
Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/1981), baliza material da atividade normativa do Conama. 
Em juízo de delibação, há aparente estado de anomia e de descontrole regulatório, a configurar
material retrocesso no tocante à satisfação do dever de proteger e preservar o equilíbrio do meio
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=6019001
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=6018018
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=6016616
http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=1126828&classe=RE&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M
http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=1126828&classe=RE&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=Mhttps://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5fc2bcc2a6ddb76d4c214438/4cec7d17e08e782fb825bfd7907a31cb/ADPF_747%2C_748%2C_749.mp3
ambiente, incompatível com a ordem constitucional e o princípio da precaução. Portanto, demonstrado o
fumus boni juris. 
Noutro passo, o periculum in mora é evidenciado pelo elevado risco de degradação de
ecossistemas essenciais à preservação da vida sadia, comprometimento da integridade de processos
ecológicos essenciais e perda de biodiversidade, caso o ato normativo impugnado produza efeitos. 
Já a Resolução Conama 499/2020 atende ao disposto no art. 225, § 1º, IV e V, da CF (2), ao
disciplinar condições, critérios, procedimentos e limites a serem observados no licenciamento de fornos
rotativos de produção de clínquer para a atividade de coprocessamento de resíduos. Os aludidos preceitos
constitucionais exigem estudo prévio de impacto ambiental para a instalação de atividade potencialmente
causadora de degradação do meio ambiente e impõem ao Poder Público o controle do emprego de
técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente.
A Resolução 499/2020 ainda se mostra consistente com o marco jurídico convencional e os critérios
setoriais de razoabilidade e proporcionalidade da Política Nacional de Resíduos Sólidos [Lei
12.305/2010, art. 6º, XI (3)]. Logo, afastado o requisito do fumus boni juris.
Em face do exposto e de outras considerações, o Plenário referendou as medidas cautelares
concedidas em arguições de descumprimento de preceito fundamental, para suspender, até o julgamento
de mérito da ação, os efeitos da Resolução Conama 500/2020, com a imediata restauração da vigência e
eficácia das Resoluções Conama 284/2001, 302/2002 e 303/2002. De igual modo, indeferiu os pedidos de
suspensão da eficácia da Resolução Conama 499/2020. Ficaram prejudicados os agravos regimentais
interpostos. 
(1) CF: “Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial
à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
futuras gerações. § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I – preservar e restaurar os processos
ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;”
(2) CF: “Art. 225. (...) § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: (...) IV – exigir, na forma
da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio
de impacto ambiental, a que se dará publicidade; V – controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e
substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;”
(3) Lei 12.305/2010: “Art. 6º São princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos: (...) XI – a razoabilidade e a
proporcionalidade;”
ADPF 747 MC-Ref/DF, rel. Min. Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em 27.11.2020 (INF
1000)
ADPF 748 MC-Ref/DF, rel. Min. Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em 27.11.2020 (INF
1000)
ADPF 749 MC-Ref/DF, rel. Min. Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em 27.11.2020 (INF
1000)
3.17 ORDEM SOCIAL 
ADI: medicamento, autorização por lei e ausência de registro sanitário - ADI 5501/DF
Ante o postulado da separação de Poderes, o Congresso Nacional não pode autorizar,
atuando de forma abstrata e genérica, a distribuição de medicamento. 
Compete à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) permitir a distribuição de
substâncias químicas, segundo protocolos cientificamente validados. O controle dos medicamentos
fornecidos à população leva em conta a imprescindibilidade de aparato técnico especializado,
supervisionado pelo Poder Executivo. 
A Constituição Federal (CF) reservou aos parlamentares instrumentos adequados à averiguação do
correto funcionamento das instituições pátrias, quais sejam, convocação de autoridade a fim de prestar
esclarecimentos e instauração de comissão parlamentar de inquérito. Porém, surge impróprio aos
parlamentares substituírem agência subordinada ao Poder Executivo. 
O direito à saúde não será plenamente concretizado se o Estado deixar de cumprir a
obrigação de assegurar a qualidade de droga mediante rigoroso crivo científico, apto a afastar
desengano, charlatanismo e efeito prejudicial.
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4966501
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/Informativo_1000.pdf
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/Informativo_1000.pdf
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/Informativo_1000.pdf
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/Informativo_1000.pdf
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/Informativo_1000.pdf
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/Informativo_1000.pdf
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Ao elaborar a Lei 13.269/2016, o Congresso Nacional, permitindo a distribuição de remédio sem
controle prévio da viabilidade sanitária, omitiu-se no dever constitucional de tutelar a saúde da população.
A aprovação do produto no órgão do Ministério da Saúde é exigência para industrialização,
comercialização e importação com fins comerciais (Lei 6.360/1976, art. 12). 
O diploma impugnado suprime, casuisticamente, o requisito de registro sanitário. Isso evidencia
que o legislador deixou em segundo plano a obrigação de implementar políticas públicas voltadas à
garantia da saúde. A oferta de medicamento, embora essencial à concretização do Estado Social de
Direito, não pode ser conduzida à margem do figurino constitucional, com atropelo dos pressupostos
mínimos de segurança visando o consumo, sob pena de esvaziar-se, por via transversa, o próprio
conteúdo do direito fundamental à saúde [CF, art. 196 (1)].
É no mínimo temerária e potencialmente danosa a liberação genérica do tratamento sem realização
dos estudos clínicos correspondentes, em razão da ausência de elementos técnicos assertivos da
viabilidade da substância para o bem-estar.
Trata-se, na espécie, de ação direta de inconstitucionalidade apresentada pela Associação Médica
Brasileira em face da Lei 13.269/2016, que autorizava o uso da fosfoetanolamina sintética por pacientes
diagnosticados com neoplasia maligna. 
O Plenário, por maioria, confirmou medida cautelar (Informativo 826) e julgou procedente o
pedido formulado para declarar a inconstitucionalidade da aludida lei. Vencidos os ministros Edson
Fachin, Dias Toffoli e Gilmar Mendes, que conferiram interpretação conforme à CF ao art. 2º da referida
norma.
(1) CF: “Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que
visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção,
proteção e recuperação.”
ADI 5501/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento virtual finalizado em 23.10.2020. (INF 996)
Benefício social e vinculação ao salário mínimo - ADI 4726/AP
É inconstitucional norma de iniciativa parlamentar que preveja a criação de órgão público e
organização administrativa.
Isso porque caracterizada afronta à iniciativa privativa do Chefe do Executivo, nos termos dos arts.
25 e 61, § 1º, II, b e e, da Constituição Federal (CF). Essa regra é linear e encerra observância ao
princípio da separação dos Poderes, aplicável, por simetria, aos estados.
O reconhecimento de vício formal dos dispositivosalusivos ao Conselho Gestor não inviabiliza a
consecução do programa social instituído. Nos termos do art. 18 da Lei 1.598/2011, do estado do Amapá,
compete ao governador a regulamentação, voltada à operacionalização do pagamento do benefício social,
sendo inviável cogitar-se de declaração de inconstitucionalidade por arrastamento.
Inviável atrelar-se ao salário mínimo o valor alusivo a benefício social e os respectivos
critérios de admissão. 
No caso, contudo, é possível identificar, nos dispositivos impugnados, sentido que se coaduna com
a Carta da República. Visando resguardar a continuidade do programa social, cumpre adotar técnica de
controle a ensejar a declaração de insubsistência constitucional da norma apenas quanto a determinado
enfoque, emprestando ao preceito interpretação conforme à Lei Maior. Nesse sentido, é possível
compreender os preceitos para tomar-se o salário mínimo como parâmetro de fixação de valor unitário,
em pecúnia, no instante em que editada a lei, a fim de alcançar-se o montante referente ao benefício,
condicionados os reajustes futuros a disciplina própria.
A elogiável iniciativa do programa de transferência de renda a integrantes de classes sociais
desfavorecidas, no que observados o princípio da dignidade da pessoa humana e o objetivo maior de
erradicação da pobreza e da marginalização encerrado no artigo 3º, inciso III, da CF, dá concretude ao
que se pode denominar espírito da Carta de 1988.
Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade ajuizada em face de dispositivos da Lei
1.598/2011, do estado do Amapá, de iniciativa da assembleia legislativa, que instituiu o “Programa Renda
para Viver Melhor” objetivando reduzir desigualdades sociais e pobreza por meio da transferência de
renda mínima a cidadãos em situação de vulnerabilidade.
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4203200
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9961.pdf
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5faaea033be2565fc3a58772/76583cb9f090f82261aa5d7d98f3d3c7/ADI_4726.mp3
Com base nesse entendimento, o Plenário julgou parcialmente procedente o pedido para declarar a
inconstitucionalidade formal dos artigos 3º, 10 a 13 e 16 do referido diploma legal, bem como conferir
interpretação conforme à Constituição aos artigos 5º, c, 9º, e, 14 e 17, assentando a necessidade de serem
as alusões ao salário mínimo entendidas como reveladoras do valor vigente na data da publicação do
diploma, afastada vinculação futura.
ADI 4726/AP, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento virtual finalizado em 10.11.2020. (INF 998)
Direito à saúde e dever de o Estado fornecer medicamento - 3 - RE 566471/RN
O Plenário, em conclusão e por maioria, ao apreciar o Tema 6 da repercussão geral, negou
provimento a recurso extraordinário em que se discutia o dever de o Estado fornecer medicamento de alto
custo a portador de doença grave sem condições financeiras para comprá-lo (Informativos 839 e 841).
No caso, estado-membro havia sido condenado a fornecer medicação para tratamento de doença
grave. Na decisão judicial atacada, o ente havia alegado que privilegiar o atendimento de um único
indivíduo comprometeria políticas de universalização do serviço de fornecimento de fármacos, em
prejuízo dos cidadãos em geral. Dessa forma, debilitaria investimentos nos demais serviços de saúde e em
outras áreas, como segurança e educação. Além disso, violaria a reserva do possível e a legalidade
orçamentária.
O Tribunal entendeu que, em regra, o Estado não está obrigado a dispensar medicamento não
constante de lista do Sistema Único de Saúde (SUS). Porém, no caso concreto, o medicamento foi
posteriormente incorporado à referida lista, o que atrai a negativa de provimento do recurso.
O ministro Marco Aurélio (relator) salientou que o reconhecimento do direito individual ao
fornecimento, pelo Estado, de medicamento de alto custo, não incluído em política nacional de
medicamentos ou em programa de medicamentos de dispensação em caráter excepcional, constante de rol
dos aprovados, depende da demonstração da imprescindibilidade (adequação e necessidade), da
impossibilidade de substituição e da incapacidade financeira do enfermo e dos membros da família
solidária, respeitadas as disposições sobre alimentos dos arts. 1.649 a 1.710 do Código Civil (CC) e
assegurado o direito de regresso.
De acordo com o ministro Roberto Barroso, para que seja, excepcionalmente, admitido o
fornecimento de medicamento não constante da lista do SUS, devem ser observados cinco requisitos
cumulativos: (a) incapacidade financeira de arcar com o custo correspondente; (b) demonstração de que a
não incorporação do medicamento não resultou de decisão expressa dos órgãos competentes; (c)
inexistência de substituto terapêutico incorporado pelo SUS; (d) comprovação de eficácia do
medicamento pleiteado à luz da medicina baseada em evidências; e (e) a propositura da demanda
necessariamente em face da União, responsável por decisão final sobre a incorporação ou não de
medicamentos ao SUS.
Para o ministro Alexandre de Moraes, na hipótese de pleito judicial de medicamentos, não previsto
em listas oficiais e/ou Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDTs), independentemente do seu
alto custo, a tutela judicial será excepcional e exigirá, previamente, inclusive para a análise de medida
cautelar, os seguintes requisitos: (a) comprovação de hipossuficiência financeira do requerente para o
custeio; (b) existência de laudo médico comprovando a necessidade do medicamento e elaborado pelo
perito de confiança do magistrado e fundamentado na medicina de evidências; (c) certificação pela
Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) tanto da
existência de indeferimento da incorporação do medicamento pleiteado quanto da inexistência de
substituto terapêutico incorporado pelo SUS; e (d) atestado emitido pela Conitec no sentido da eficácia,
segurança e efetividade do medicamento para as diferentes fases evolutivas da doença ou do agravo à
saúde do requerente, no prazo máximo de 180 dias.
A ministra Rosa Weber salientou que, no caso de litígio judicial por medicamentos não
incorporado pelo SUS, inclusive os de alto custo, o Estado terá a obrigação de fornecê-los, em caráter
excepcional, desde que comprovados, cumulativamente, os seguintes requisitos: (a) prévio requerimento
administrativo, que pode ser suprido pela oitiva do ofício do agente público por parte do julgador; (b)
comprovação por meio de laudo médico fundamentado e circunstanciado, expedido por médico integrante
da rede pública, da imprescindibilidade ou da necessidade do medicamento, assim como da ineficácia
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2565078
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal9981.pdf
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5e71530e8c0dae50c3fba2d0/501a3f8bb8aa92527eaa9d59dba5c0f7/Direito_%C3%A0_sa%C3%BAde_e_dever_de_o_Estado_fornecer_medicamento_-_3.mp3
https://www.youtube.com/watch?v=r36cBFuzzMk&list=PLippyY19Z47t7sfSeDQBozqa-IC3jjUng&index=2
para o tratamento da moléstia dos fármacos fornecidos pelo SUS; (c) indicação do medicamento por meio
da Denominação Comum Brasileira (DCB) ou da Denominação Comum Internacional (DCI); (d)
incapacidade financeira do cidadão de arcar com o custo do medicamento prescrito; (e) existência de
registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) do medicamento; e (f) veiculação da
demanda, preferencialmente, por processo coletivo estrutural, de forma a conferir máxima eficácia ao
comando de universalidade que rege o direito àsaúde e ao diálogo interinstitucional.
A ministra Cármen Lúcia e o ministro Luiz Fux reservaram-se a estabelecer requisitos para o
fornecimento excepcional de medicamentos no momento em que o colegiado debater a tese de
repercussão geral.
O ministro Ricardo Lewandowski enfatizou que, para que se possa fornecer medicamento que não
conste do rol da Anvisa, seria preciso: (a) confirmação do alto custo do fornecimento do tratamento
requerido pelo interessado, bem como da impossibilidade financeira do paciente e da sua família para
custeá-lo; (b) comprovação robusta da necessidade do fornecimento do medicamento por meio de laudo
técnico oficial para evitar o agravamento do quadro clínico do interessado; (c) indicação de inexistência
de tratamento oferecido no âmbito do SUS ou de que o tratamento oferecido não surtiu os efeitos
esperados, de modo que a medicação sem registro na Anvisa seja a única forma viável de evitar o
agravamento da doença; (d) prévio indeferimento de requerimento administrativo ou ausência de análise
em tempo razoável pelos entes políticos demandados para o início ou continuidade do tratamento de
saúde; (e) que o medicamento tenha sua eficácia aprovada por entidade governamental congênere à
Anvisa; (f) ausência de solicitação de registro do medicamento na Anvisa ou demora não razoável do
procedimento de análise pela agência reguladora federal. No entanto, não poderiam ser autorizados o
custeio de medicamentos expressamente reprovados pela Anvisa ou de produtos legalmente proibidos; e
(g) determinação de que o interessado informe, periodicamente, por meio de relatórios médicos e exames
comprobatórios de controle da doença, a evolução do tratamento de modo a comprovar sua eficácia e
justificar sua manutenção.
Para o ministro Gilmar Mendes, nos casos excepcionais é imprescindível que haja instrução
processual, com ampla produção de provas, para que não ocorra a produção padronizada de iniciais,
contestações e sentenças – peças processuais que, muitas vezes, não contemplam as especificidades do
caso concreto, impedindo que o julgador concilie a dimensão subjetiva (individual e coletiva) com a
dimensão objetiva do direito à saúde –, privilegiando, na medida do possível, as políticas públicas
existentes e o acionamento prévio da Administração Pública, via pedido administrativo. Quanto à
necessidade financeira, o juiz deverá verificar o caso, segundo a prova dos autos, levando em
consideração as condições de vida do autor da ação e os custos do tratamento almejado.
Vencido, em parte, o ministro Edson Fachin, que deu parcial provimento ao recurso. Acolheu a
alegação de que o estado-Membro recorrente não poderia ser condenado a custear sozinho o
medicamento, por tratar-se de dispensação excepcional. Ressaltou a necessidade de a União compor o
polo passivo da ação. 
Segundo o ministro, as tutelas condenatórias visando à dispensa de medicamento ou tratamento
ainda não incorporado à rede pública devem ser, preferencialmente, pleiteadas em ações coletivas ou
coletivizáveis, de forma a conferir-se máxima eficácia ao comando de universalidade que rege o direito à
saúde. A tutela de prestação individual não coletivizável deve ser excepcional. Desse modo, para seu
implemento, é necessário demonstrar não apenas que a opção diversa daquela disponibilizada pela rede
pública decorre de comprovada ineficácia ou impropriedade da política de saúde existente para o seu
caso, mas também que há medicamento ou tratamento eficaz e seguro, com base nos critérios da medicina
baseada em evidências.
Para aferir tais circunstâncias na via judicial, propôs os seguintes parâmetros: (a) prévio
requerimento administrativo, que pode ser suprido pela oitiva de ofício do agente público por parte do
julgador; (b) subscrição realizada por médico da rede pública ou justificada impossibilidade; (c) indicação
do medicamento por meio da DCB ou DCI; (d) justificativa da inadequação ou da inexistência de
medicamento ou tratamento dispensado na rede pública; e (e) laudo, formulário ou documento subscrito
pelo médico responsável pela prescrição, em que se indique a necessidade do tratamento, seus efeitos e os
estudos da medicina baseada em evidências, além das vantagens para o paciente, comparando-o, se
houver, com eventuais fármacos ou tratamentos fornecidos pelo SUS para a mesma moléstia.
Em seguida, o Tribunal deliberou fixar a tese de repercussão geral em assentada posterior.
RE 566471/RN, rel. min. Marco Aurélio, julgamento em 11.3.2020. (INF 969)
Verbas destinadas à educação e bloqueio judicial - ADPF 484/AP
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5273363
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo969.htm
O Plenário, por maioria, julgou parcialmente procedente pedido formulado em arguição de
descumprimento de preceito fundamental (ADPF) para declarar a inconstitucionalidade de quaisquer
medidas de constrição judicial que recaiam sobre verbas destinadas à educação, bem como para afastar a
submissão ao regime de precatório das Caixas Escolares ou Unidades Descentralizadas de Educação
(UDEs), em razão da sua natureza jurídica de direito privado, de não integrar a Administração Pública, de
não compor o orçamento público e da ratio que inspira a gestão descentralizada da coisa pública. Na
ADPF, questionava-se a constitucionalidade de decisões da justiça trabalhista que determinaram o
bloqueio de verbas destinadas ao custeio de merenda escolar, transporte de alunos e manutenção das
escolas públicas do estado do Amapá.
Inicialmente, o colegiado explicou que as Caixas Escolares consistem em Unidades Executoras
Próprias (UEx), que recebem recursos públicos destinados à educação, via transferência, para a melhoria
da infraestrutura física e pedagógica, o reforço da autogestão escolar e a elevação dos índices de
desempenho da educação básica, por meio da gestão descentralizada.
Encontram-se inseridas em uma política de descentralização dos recursos destinados às escolas,
intitulada Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), que presta assistência financeira às escolas
públicas da educação básica das redes estaduais, municipais e do Distrito Federal e às escolas privadas de
educação especial mantidas por entidades sem fins lucrativos. Os recursos do programa são transferidos
de acordo com o número de alunos e com o censo escolar do ano anterior ao do repasse. Por sua vez, a
assistência financeira a ser concedida a cada estabelecimento de ensino é admitida via repasse
diretamente à unidade executora ou à entidade representativa da comunidade escolar.
As unidades executoras das escolas instituídas e mantidas pelo Poder Público consistem em
sociedades civis com personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, que têm por finalidade
receber e gerenciar os recursos destinados às escolas, inclusive aqueles recebidos do Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Estabeleceu-se, desse modo, a possibilidade de os recursos destinados à educação serem
repassados a associações privadas sem fins lucrativos, às quais cabe geri-los em benefício da escola. A
inovação do programa reside justamente na descentralização da gestão financeira de recursos da educação
para a sociedade civil.
Vê-se, assim, que as Caixas Escolares, enquanto unidades executoras próprias, foram criadas para
viabilizar o repasse de verbas públicas diretamente às escolas, conferindo-lhes maior autonomia na
aplicação dos recursos de acordo com as necessidades particulares de cada localidade. A ratio é a
descentralização da gestão da educação para maior agilidade e eficiência. 
Assim, é preciso identificar o que é constitucionalmente exigido de forma invariável e diferenciar
daquilo que é constitucionalmente deixado à escolhadas maiorias políticas prevalecentes, para que
possam moldar a intervenção do Estado nos domínios sociais à luz da vontade coletiva legitimamente
predominante.
Nesse sentido, as UEx funcionam por meio de repasses de verbas para associações privadas sem
fins lucrativos. Essa medida de descentralização da gestão financeira na prestação de serviços
educacionais configura escolha de alocação de recursos plenamente legítima, inserida na margem de
conformação das decisões de agentes políticos.
Não encontra óbice na Constituição, que, ao contrário, estabelece, em seu art. 205, que “a
educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a
colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho”. 
Portanto, o experimentalismo do administrador público caminha no sentido da descentralização da
execução, mantido o controle normativo e fiscalizador dos entes públicos. No caso, ao se estabelecer a
transferência direta de recursos para as escolas, pretende-se atingir ganhos de agilidade e eficiência, além
de democratizar a administração da escola.
Como o recurso é público, entretanto, há forte fiscalização, responsabilização e submissão aos
princípios gerais da administração pública e ao controle do Tribunal de Contas da União (TCU). O âmbito
constitucionalmente definido para o controle a ser exercido pelo TCU e pelo Ministério Público não é de
qualquer forma restringido em relação a essas entidades.
https://trello-attachments.s3.amazonaws.com/59f0a530480a70970aa9b181/5edff776473b9f218b1c5ad6/8a7ab5e775539d6ab30236dbf6a2d8c7/Verbas_destinadas_%C3%A0_educa%C3%A7%C3%A3o_e_bloqueio_judicial.mp3
https://www.youtube.com/watch?v=RKhAjOM52sg&list=PLippyY19Z47u7wu6Geklpvsc9gXvQg_jo
A Constituição proíbe a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma
categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa,
mandamento esse que também vincula o Judiciário.
Nesse sentido, as regras sobre aprovação e gestão orçamentárias consagram mecanismos de freios
e contrapesos essenciais ao regular o funcionamento das instituições republicanas e democráticas e à
concretização do princípio da separação dos poderes. 
Assim, os princípios da separação dos poderes e do fomento à educação são violados por decisões
judiciais que gerem bloqueio, penhora ou sequestro, para fins de quitação de débitos trabalhistas, de
verbas públicas destinadas à merenda, ao transporte de alunos e à manutenção das escolas públicas.
O direito social à educação, bem como a prioridade absoluta de proteção às crianças e aos
adolescentes, em respeito à condição peculiar de pessoas em desenvolvimento que são, justificam a
especial proteção constitucional dos valores necessários à aplicação efetiva dos recursos públicos
destinados à concretização dos efetivos direitos.
No caso, a destinação específica das verbas bloqueadas em juízo para aplicação em educação se
verifica no manual de orientação para as UEx, que exige que a entidade, quando da formalização do
cadastro, deve indicar o banco e a agência de sua preferência para abertura pelo FNDE de conta corrente
específica para o programa, e que a conta é exclusiva, sendo vedada a movimentação de recursos próprios
por meio de depósito, transferência, doação ou saque em espécie. 
Em caso de descumprimento, o FNDE fica autorizado a suspender o repasse dos recursos, assim
como em caso de omissão na prestação de contas ou rejeição da prestação de contas. Ademais, qualquer
irregularidade identificada na aplicação dos recursos destinados à execução do PDDE pode ser
denunciada ao FNDE, ao TCU, aos órgãos de controle interno do Poder Executivo da União e ao
Ministério Público, a quem cabe o controle da prestação de contas.
Quanto ao pagamento de verbas trabalhistas, os atos judiciais impugnados acarretaram o
indesejado comprometimento do equilíbrio e da harmonia entre os Poderes, além de prejuízo à
continuidade dos serviços públicos, em ofensa ao direito social à educação, transporte e alimentação
escolar, preceitos fundamentais agasalhados na Constituição.
A impenhorabilidade dos valores se impõe, in casu, sob a ratio de que estão afetados a finalidades
públicas e à realização das atividades e serviços públicos decorrentes do exercício obrigatório da função
administrativa. 
Quanto à possibilidade de as Caixas Escolares pagarem suas dívidas por precatório, note-se que
elas recebem doações particulares, e assumem obrigações outras. Em relação a essas obrigações, calcadas
em patrimônio decorrente de doações privadas, não é razoável que devam ser pagas por precatório.
Destaque-se que essas Caixas têm personalidade jurídica de direito privado. 
Assim, embora as Caixas Escolares do Amapá sejam entidades voltadas diretamente à prestação de
serviços de educação e recebam recursos públicos via conta específica, já não se pode afirmar que
dependem totalmente de recursos públicos e atuam em regime de exclusividade na gestão de recursos
públicos destinados à educação.
As Caixas Escolares contam com recursos provenientes do próprio do estado do Amapá e dos
municípios, bem como com rendas decorrentes de atividades realizadas no ambiente escolar e auxílios
financeiros de particulares. Essas verbas privadas não estão imunes aos atos de constrição judicial. 
Dessa forma, considerando-se que as Caixas Escolares consistem em sociedades civis com
personalidade jurídica de direito privado, bem como que tais entidades não possuem os qualificativos
necessários para serem enquadradas no regime especial de pagamento de débitos por precatórios,
sabidamente diante da possibilidade de gerirem recursos privados, elas não se sujeitam ao regime referido
independentemente da natureza dos recursos submetidos à execução judicial. 
É assim que a proteção constitucional a direitos individuais e a garantias fundamentais, inclusive
de ordem trabalhista, convive com o princípio da impenhorabilidade dos recursos públicos recebidos por
instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social.
Vencido o ministro Marco Aurélio, que considerou inadequada a via eleita e, quanto ao mérito,
julgou o pedido improcedente.
ADPF 484/AP, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 4.6.2020. (INF 980)
3.18 ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/informativoSTF/anexo/INFORMATIVO_STF_PDF/informativostfsemanal980.pdf
Empresa estatal e participação nos lucros ou resultados - ADI 5417/DF
ODS 8
Resumo:
É constitucional a determinação de que a participação de trabalhadores nos lucros ou
resultados de empresas estatais deve observar diretrizes específicas fixadas pelo Poder Executivo ao
qual as entidades estejam sujeitas.
A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal admite a análise de omissão inconstitucional
parcial quando se demonstre insuficiência da normatividade adotada. Entretanto, não se constata essa
omissão no art. 5º da Lei 10.101/2000, porque nele se tem disciplina suficiente e consistente sobre o
direito à participação nos lucros e resultados das empresas estatais, de acordo com o disposto no inciso XI
do art. 7º da Constituição Federal (CF) (1). 
Além disso, não há ofensa ao princípio da isonomia. A submissão das empresas estatais às
diretrizes específicas estabelecidas pelo Poder Executivo, mesmo no que se refere ao cumprimento dos
direitos trabalhistas, é fator de realce constitucional em razão do regime jurídico híbrido a que as
entidades estão sujeitas.
Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade em face do art. 5º, caput e parágrafo único, da Lei
10.101/2000 (2); do art. 1º, V, do Decreto 3.735/2001; dos arts. 3º, §§ 3º e 4º, e 12, IV, VI e

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