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<p>3</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>4</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>DIREITO CONSTITUCIONAL</p><p>Professor Danniel Adriano</p><p>Questão 1</p><p>João, um empresário conhecido na sua região, decidiu</p><p>processar o jornal "Verdade" e o jornalista Carlos, em</p><p>razão de reportagens que expunham suas práticas</p><p>comerciais. No entanto, em vez de uma única ação, João</p><p>ingressou com múltiplas ações em diferentes comarcas,</p><p>todas baseadas nos mesmos fatos. Essa estratégia teve o</p><p>intuito de constranger o jornalista e dificultar sua defesa.</p><p>Considerando o entendimento do STF, é correto afirmar</p><p>que:</p><p>A) João pode ajuizar quantas ações desejar, em razão do</p><p>princípio da inafastabilidade da jurisdição.</p><p>B) O jornal "Verdade" deve se defender em cada</p><p>comarca onde a ação foi proposta, independentemente</p><p>do número de ações; o que não ocorre com o jornalista,</p><p>pessoa física, que terá seu direito de defesa prejudicado</p><p>pela estratégia adotada.</p><p>C) Caracterizado o assédio judicial, o jornalista pode</p><p>solicitar a reunião das ações no foro de seu domicílio.</p><p>D) Considerando a litispendência, deverá o Jornal e o</p><p>jornalista alegarem, em suas defesas, tal circunstância, o</p><p>que basta para resguardar seus respectivos direitos à</p><p>ampla defesa.</p><p>E) A responsabilidade civil do jornalista, no caso,</p><p>independe de dolo ou culpa grave.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: C</p><p>1. Constitui assédio judicial comprometedor da</p><p>liberdade de expressão o ajuizamento de inúmeras ações</p><p>a respeito dos mesmos fatos, em comarcas diversas, com</p><p>o intuito ou o efeito de constranger jornalista ou órgão</p><p>de imprensa, dificultar sua defesa ou torná-la</p><p>excessivamente onerosa. 2. Caracterizado o assédio</p><p>judicial, a parte demandada poderá requerer a reunião</p><p>de todas as ações no foro de seu domicílio. 3. A</p><p>responsabilidade civil de jornalistas ou de órgãos de</p><p>imprensa somente estará configurada em caso</p><p>inequívoco de dolo ou de culpa grave (evidente</p><p>negligência profissional na apuração dos fatos). STF.</p><p>Plenário. ADI 6.792/DF e ADI 7.055/DF, Rel. Min. Rosa</p><p>Weber, redator do acórdão Min. Luís Roberto Barroso,</p><p>julgado em 22/05/2024 (Info 1138).</p><p>Questão 2</p><p>Maria, servidora pública contratada por prazo</p><p>determinado, descobriu que estava grávida e ficou</p><p>preocupada sobre seus direitos. Ela se questionou se</p><p>teria direito à licença-maternidade e à estabilidade no</p><p>emprego durante sua gestação, considerando que sua</p><p>contratação não era efetiva. De acordo com o</p><p>entendimento do STF, é correto afirmar que:</p><p>A) Maria não tem direito à licença-maternidade, pois seu</p><p>contrato é por prazo determinado.</p><p>B) A estabilidade provisória se aplica apenas a servidoras</p><p>efetivas, não a contratadas temporariamente.</p><p>C) Todas as gestantes contratadas pela Administração</p><p>Pública têm direito à licença-maternidade de 120 dias e</p><p>estabilidade provisória.</p><p>D) A licença-maternidade é concedida apenas em</p><p>contratos de trabalho regidos pela CLT.</p><p>E) O direito à licença-maternidade é limitado ao período</p><p>do contrato, não se estendendo após o seu término.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: C</p><p>Dada a prevalência da proteção constitucional à</p><p>maternidade e à infância, a gestante contratada pela</p><p>Administração Pública por prazo determinado ou</p><p>ocupante de cargo em comissão também possui direito</p><p>à licença-maternidade de 120 dias e à estabilidade</p><p>provisória, desde a confirmação da gravidez até 5 meses</p><p>após o parto. Tese fixada pelo STF: “A trabalhadora</p><p>gestante tem direito ao gozo de licença-maternidade e à</p><p>estabilidade provisória, independentemente do regime</p><p>jurídico aplicável, se contratual ou administrativo, ainda</p><p>que ocupe cargo em comissão ou seja contratada por</p><p>tempo determinado.”. STF. Plenário. RE 842.844/SC, Rel.</p><p>Min. Luiz Fux, julgado em 5/10/2023 (Repercussão Geral</p><p>– Tema 542) (Info 1111).</p><p>Questão 3</p><p>Em uma operação policial, um adolescente foi</p><p>apreendido por suspeita de envolvimento em atividades</p><p>ilícitas. A autoridade policial, preocupada com a</p><p>segurança, decidiu usar algemas durante o transporte do</p><p>menor. No caso em comento, é correto, à luz da</p><p>jurisprudência do STF, afirmar que:</p><p>5</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>A) O uso de algemas em adolescentes é sempre</p><p>permitido, independentemente das circunstâncias.</p><p>B) A decisão de usar algemas deve ser fundamentada e</p><p>seguir a avaliação do Ministério Público.</p><p>C) O Conselho Tutelar, por atuar exclusivamente na seara</p><p>cível, não deve ser envolvido no processo de decisão</p><p>sobre o uso de algemas.</p><p>D) Uma vez havendo a concordância do Membro do</p><p>Ministério Público, não é preciso que o Juiz se manifeste</p><p>expressamente sobre este ponto.</p><p>E) A apresentação do adolescente ao Ministério Público</p><p>deve ocorrer necessariamente em 48h, sob pena de</p><p>responsabilização.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: B</p><p>O uso de algemas é medida excepcional e que deve ser</p><p>fundamentada para evitar abusos pelas autoridades.</p><p>Nesse contexto, as seguintes condições também devem</p><p>obrigatoriamente ser observadas quando se tratar de</p><p>adolescente: i) uma vez apreendido e não sendo o caso</p><p>de liberação, o menor será encaminhado ao</p><p>representante do Ministério Público competente (art.</p><p>175 do ECA), que deverá avaliar e opinar sobre a</p><p>eventual necessidade de utilização de algemas apontada</p><p>pela autoridade policial que estiver realizando a</p><p>diligência em questão; ii) não sendo possível a</p><p>apresentação imediata do menor ao órgão ministerial,</p><p>ele será encaminhado à entidade de atendimento</p><p>especializada, que deverá apresentá-lo em vinte e</p><p>quatro horas ao representante do Parquet (art. 175, §</p><p>1º); iii) nas localidades em que não houver entidade de</p><p>atendimento especializada para receber o menor</p><p>apreendido, ele ficará aguardando a apresentação ao</p><p>representante do Ministério Público em repartição</p><p>policial especializada e, na falta desta, em dependência</p><p>separada da destinada a maiores (art. 175, § 2º), não</p><p>podendo assim permanecer por mais de 24 horas; iv)</p><p>apresentado o menor ao representante do Parquet e</p><p>emitido o parecer sobre a eventual necessidade de</p><p>utilização das algemas, essa questão será submetida à</p><p>autoridade judiciária que deverá se manifestar de forma</p><p>motivada sobre a matéria no momento da audiência de</p><p>apresentação do menor; e v) o Conselho Tutelar deverá</p><p>ser instado a se manifestar sobre as providências</p><p>relatadas pela autoridade policial, para decisão final do</p><p>Ministério Público. STF. 1ª Turma. Rcl 61.876/RJ, Rel.</p><p>Min. Cármen Lúcia, julgado em 07/05/2024 (Info 1136).</p><p>Questão 4</p><p>Carlos, em razão de decisão judicial interlocutória,</p><p>recebeu de seu plano de saúde um medicamento sem</p><p>registro no órgão regulador. No curso do processo, o</p><p>medicamento foi registrado na Anvisa e prolatada a</p><p>sentença. O plano de saúde recorre e é reconhecida em</p><p>apelação que o plano somente tinha o dever de fornecer</p><p>o medicamento a partir da data do registro. O Plano,</p><p>após o trânsito em julgado, dá início a cumprimento de</p><p>sentença, cobrando Carlos dos custos que teve para</p><p>fornecer o medicamento do período entre a decisão</p><p>judicial até o registro. Segundo o entendimento do STF,</p><p>é correto afirmar que:</p><p>A) Carlos deve ressarcir o plano, pois não havia registro</p><p>no momento do provimento, o que fora reconhecido</p><p>judicialmente em segunda instância.</p><p>B) Carlos deverá devolver os medicamentos in natura ao</p><p>plano de saúde, exclusivamente considerado o período</p><p>entre a decisão e o registro.</p><p>C) Carlos está isento de devolver os medicamentos ou</p><p>ressarcir o plano.</p><p>D) A devolução é necessária apenas se houver</p><p>comprovação de má-fé por parte do segurado.</p><p>E) Carlos deverá ressarcir o plano de saúde somente se o</p><p>medicamento não fosse registrado na Anvisa e em</p><p>qualquer outra agência reguladora no exterior.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: C</p><p>Dada a proteção constitucional conferida ao direito à</p><p>vida, à saúde e à boa-fé, o segurado de plano de saúde</p><p>está isento de devolver produtos e serviços prestados</p><p>em virtude de provimento jurisdicional para custear</p><p>direitos fundamentais de natureza essencial, ainda que,</p><p>no entanto, se recusou a cumprir a determinação,</p><p>alegando que o terreno era de sua propriedade e que</p><p>não estava ciente das limitações impostas pela</p><p>legislação, uma vez que a construção da rodovia foi</p><p>posterior à aquisição de seu terreno. Nessa situação</p><p>hipotética,</p><p>A) a ocupação de Carlos é regular e configura posse,</p><p>razão pela qual é ilegítima a demolição de construções</p><p>situadas na faixa de domínio da rodovia.</p><p>B) a ocupação de Carlos é irregular e configura posse,</p><p>razão pela qual é impositiva a demolição de construções</p><p>irregulares situadas na faixa de domínio da rodovia.</p><p>C) a ocupação de Carlos é regular pois detém a</p><p>propriedade do terreno adquirido em 2020. Assim, é</p><p>indevida a demolição das construções.</p><p>D) a ocupação de Carlos é regular e configura mera</p><p>detenção, razão pela qual é ilegítima a demolição de</p><p>construções situadas na faixa de domínio da rodovia.</p><p>E) a ocupação de Carlos é irregular e configura mera</p><p>detenção, razão pela qual é impositiva a demolição de</p><p>construções irregulares situadas na faixa de domínio da</p><p>rodovia.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: E</p><p>Solução rápida</p><p>A alternativa E está correta e corresponde ao gabarito da</p><p>questão. A questão trata do tema “Faixa de domínio e</p><p>faixa não edificável (área non aedificandi)”.</p><p>Faixa de domínio é a base física sobre a qual se assenta</p><p>uma rodovia, constituída pelas pistas de rolamen-to,</p><p>canteiros, obras-de-arte, acostamentos, sinalização e</p><p>faixa lateral de segurança. Os limites são defini-dos por</p><p>projeto executivo da rodovia, decretos de utilidade</p><p>pública ou projetos de desapropriação.</p><p>Essas faixas de domínio são bens públicos, sendo</p><p>impossível a configuração de posse por particular (súmu-</p><p>la 619 do STJ) e a usucapião. Sua utilização deve</p><p>obedecer às normas e restrições impostas pelo ordena-</p><p>mento jurídico, normalmente exigindo uma autorização</p><p>pelo Poder Público.</p><p>Súmula nº 619 - STJ: A ocupação indevida de bem público</p><p>configura mera detenção, de natureza precária,</p><p>insuscetível de retenção ou indenização por acessões e</p><p>benfeitorias.</p><p>Segundo o art. 50 do Código de Trânsito Brasileiro, o uso</p><p>de faixas laterais de domínio e das áreas adjacen-tes às</p><p>estradas e rodovias obedecerá às condições de</p><p>segurança do trânsito estabelecidas pelo órgão ou</p><p>entidade com circunscrição sobre a via.</p><p>Já a reserva de faixa não edificável (área non aedificandi)</p><p>se refere a um espaço, em continuidade à faixa de</p><p>domínio, em que não é permitido ao particular construir.</p><p>Trata-se de Sua previsão está no art. 4º, III, da lei</p><p>6.766/798:</p><p>Art. 4º. Os loteamentos deverão atender, pelo menos,</p><p>aos seguintes requisitos:</p><p>22</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>III – ao longo das faixas de domínio público das rodovias,</p><p>a reserva de faixa não edificável de, no mínimo, 15</p><p>(quinze) metros de cada lado poderá ser reduzida por lei</p><p>municipal ou distrital que aprovar o instrumento do</p><p>planejamento territorial, até o limite mínimo de 5 (cinco)</p><p>me-tros de cada lado.</p><p>Quando o particular não observa a faixa não edificável e</p><p>realiza construção nessa área, a jurisprudência do STJ é</p><p>clara acerca da obrigatoriedade de demolição, às</p><p>expensas do particular:</p><p>3. Em relação ao mérito, consignou-se no acórdão</p><p>recorrido: "Constatado que o imóvel se lo-caliza em faixa</p><p>de domínio de rodovia federal (BR 101/PE), em área non</p><p>aedificandi, segundo a regra inscrita no art. 4º, III, da Lei</p><p>n° 6.966/79, deve ser demolida, mormente porque o</p><p>inte-resse particular não pode se sobrepor ao interesse</p><p>público [...] a boa-fé do réu não está evi-denciada nos</p><p>autos. Como antes referido, foi a obra objeto de</p><p>embargo extrajudicial e, ainda assim, o réu deu</p><p>continuidade à edificação irregular" (fl. 514, e-STJ).</p><p>Quem prossegue com obra após decisão de embargo</p><p>administrativo ou judicial não pode alegar boa-fé.</p><p>(REsp 1477953/CE, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,</p><p>SEGUNDA TURMA, julgado em 16/03/2021, DJe</p><p>01/07/2021)</p><p>Assim, a ocupação de Carlos é irregular, e sua</p><p>permanência na faixa de domínio da rodovia constitui</p><p>mera detenção de bem público, uma vez que não se</p><p>pode adquirir posse ou propriedade sobre bens públicos</p><p>de uso comum.</p><p>Solução completa</p><p>A alternativa E está correta e corresponde ao gabarito da</p><p>questão. A questão trata do tema “Faixa de domínio e</p><p>faixa não edificável (área non aedificandi)”.</p><p>Faixa de domínio é a base física sobre a qual se assenta</p><p>uma rodovia, constituída pelas pistas de rolamen-to,</p><p>canteiros, obras-de-arte, acostamentos, sinalização e</p><p>faixa lateral de segurança. Os limites são defini-dos por</p><p>projeto executivo da rodovia, decretos de utilidade</p><p>pública ou projetos de desapropriação.</p><p>Essas faixas de domínio são bens públicos, sendo</p><p>impossível a configuração de posse por particular (súmu-</p><p>la 619 do STJ) e a usucapião. Sua utilização deve</p><p>obedecer às normas e restrições impostas pelo ordena-</p><p>mento jurídico, normalmente exigindo uma autorização</p><p>pelo Poder Público.</p><p>Súmula nº 619 - STJ: A ocupação indevida de bem público</p><p>configura mera detenção, de natureza precária,</p><p>insuscetível de retenção ou indenização por acessões e</p><p>benfeitorias.</p><p>Segundo o art. 50 do Código de Trânsito Brasileiro, o uso</p><p>de faixas laterais de domínio e das áreas adjacen-tes às</p><p>estradas e rodovias obedecerá às condições de</p><p>segurança do trânsito estabelecidas pelo órgão ou</p><p>entidade com circunscrição sobre a via.</p><p>Já a reserva de faixa não edificável (área non aedificandi)</p><p>se refere a um espaço, em continuidade à faixa de</p><p>domínio, em que não é permitido ao particular construir.</p><p>Trata-se de Sua previsão está no art. 4º, III, da lei</p><p>6.766/798:</p><p>Art. 4º. Os loteamentos deverão atender, pelo menos,</p><p>aos seguintes requisitos:</p><p>III – ao longo das faixas de domínio público das rodovias,</p><p>a reserva de faixa não edificável de, no mínimo, 15</p><p>(quinze) metros de cada lado poderá ser reduzida por lei</p><p>municipal ou distrital que aprovar o instrumento do</p><p>planejamento territorial, até o limite mínimo de 5 (cinco)</p><p>me-tros de cada lado.</p><p>Quando o particular não observa a faixa não edificável e</p><p>realiza construção nessa área, a jurisprudência do STJ é</p><p>clara acerca da obrigatoriedade de demolição, às</p><p>expensas do particular:</p><p>3. Em relação ao mérito, consignou-se no acórdão</p><p>recorrido: "Constatado que o imóvel se lo-caliza em faixa</p><p>de domínio de rodovia federal (BR 101/PE), em área non</p><p>aedificandi, segundo a regra inscrita no art. 4º, III, da Lei</p><p>n° 6.966/79, deve ser demolida, mormente porque o</p><p>inte-resse particular não pode se sobrepor ao interesse</p><p>público [...] a boa-fé do réu não está evi-denciada nos</p><p>autos. Como antes referido, foi a obra objeto de</p><p>embargo extrajudicial e, ainda assim, o réu deu</p><p>continuidade à edificação irregular" (fl. 514, e-STJ).</p><p>Quem prossegue com obra após decisão de embargo</p><p>administrativo ou judicial não pode alegar boa-fé.</p><p>(REsp 1477953/CE, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,</p><p>SEGUNDA TURMA, julgado em 16/03/2021, DJe</p><p>01/07/2021)</p><p>Assim, a ocupação de Carlos é irregular, e sua</p><p>permanência na faixa de domínio da rodovia constitui</p><p>mera detenção de bem público, uma vez que não se</p><p>pode adquirir posse ou propriedade sobre bens públicos</p><p>de uso comum.</p><p>23</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>A alternativa A está incorreta. A ocupação de Carlos não</p><p>pode ser considerada regular porque ele construiu</p><p>dentro da faixa de domínio de uma rodovia, que é uma</p><p>área pública não edificável. Além disso, a ocupação de</p><p>bens públicos configura mera detenção, e não posse, já</p><p>que bens públicos são inalienáveis e não podem ser</p><p>adquiridos por meio de usucapião.</p><p>A alternativa B está incorreta. Embora a ocupação seja</p><p>de fato irregular, a afirmação de que Carlos detém a</p><p>posse está errada. Em casos de ocupação de bens</p><p>públicos, como as faixas de domínio de rodovias, a</p><p>ocupação é considerada mera detenção e não posse.</p><p>A alternativa C está incorreta. Mesmo que Carlos tenha</p><p>adquirido o terreno em 2020, a ocupação permanece</p><p>irregular. A legislação impede a construção em faixas de</p><p>domínio</p><p>de rodovias por razões de segurança e</p><p>preservação. Portanto, a demolição é legítima.</p><p>A alternativa D está incorreta. Embora a ocupação</p><p>configure mera detenção, a ocupação é irregular por se</p><p>tratar de construção em faixa de domínio não edificável.</p><p>A demolição é legítima diante da ocupação indevida de</p><p>bem público.</p><p>Questão 22</p><p>A sociedade de economia mista Gamma recebeu por</p><p>meio de lei específica a delegação para exercer</p><p>atividades relacionadas à fiscalização ambiental em</p><p>áreas de preservação permanente, inclusive com o poder</p><p>de aplicar multas e outras sanções administrativas a</p><p>infratores das normas ambientais. A empresa estatal</p><p>Gamma possui composição societária majoritariamente</p><p>pública, atua exclusivamente em serviços de interesse</p><p>público, sem fins lucrativos e em regime não</p><p>concorrencial. No caso em tela:</p><p>A) a delegação do poder de polícia que lhe foi atribuída</p><p>é inconstitucional, pois a fase de sanção de polícia é</p><p>indelegável exclusivamente a pessoas jurídicas de direito</p><p>privado integrantes da Administração Indireta e a</p><p>particulares.</p><p>B) a delegação do poder de polícia que lhe foi atribuída é</p><p>inconstitucional, pois só é permitida a delegação da fase</p><p>de ordem de polícia às pessoas jurídicas de direito</p><p>público e privado integrantes da Administração Direta e</p><p>Indireta.</p><p>C) a delegação do poder de polícia que lhe foi atribuída é</p><p>constitucional exatamente nos termos em que foi</p><p>realizada.</p><p>D) a delegação do poder de polícia que lhe foi atribuída</p><p>é constitucional somente no que concerne à aplicação de</p><p>multa e de outras sanções administrativas.</p><p>E) a delegação do poder de polícia que lhe foi atribuída é</p><p>constitucional somente no que concerne à fiscalização</p><p>ambiental.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: C</p><p>Solução rápida</p><p>A alternativa C está correta e corresponde ao gabarito da</p><p>questão. A questão trata dos Ciclos do Poder de Polícia e</p><p>a delegação desse poder.</p><p>O poder de polícia em sentido amplo envolve não apenas</p><p>a função administrativa, mas também a função</p><p>legislativa que impõe restrições e condicionamentos ao</p><p>exercício de atividades particulares, uso de bens e o</p><p>exercício de direitos em geral.</p><p>Desta forma, identifica-se quatro fases distintas que se</p><p>inserem no ciclo de polícia: a) ordem de polícia; b)</p><p>consentimento de polícia; c) fiscalização de polícia; e d)</p><p>sanção de polícia.</p><p>a) Ordem de polícia: A ordem de polícia consiste na</p><p>legislação que estabelece os limites e condições para o</p><p>exercício da autonomia privada, bem como, os</p><p>condicionamentos para que o poder público emita o</p><p>consentimento à atividade privada pretendida pelo</p><p>particular. Em decorrência do princípio da legalidade, a</p><p>ordem de polícia invariavelmente estará vinculada à lei,</p><p>podendo existir ou não um ato normativo infralegal a</p><p>regulamentando. A ordem de polícia sempre está</p><p>presente e é a fase inicial do ciclo de polícia.</p><p>b) Consentimento de polícia: O consentimento de</p><p>polícia é a fase em que a Administração Pública,</p><p>fundamentada nas normas editadas na fase da ordem de</p><p>polícia, concede ou não sua anuência para a prática de</p><p>determinadas atividades privadas ou para a utilização de</p><p>bens. Conforme vimos nesta aula, o consentimento é</p><p>dado por meio de alvarás, que podem ter a forma de</p><p>licença ou autorização.</p><p>c) Fiscalização de polícia: A fiscalização de polícia</p><p>consiste na atividade por meio da qual se verifica se os</p><p>particulares estão cumprindo as ordens de polícia no</p><p>24</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>exercício das atividades privadas ou utilização de bens</p><p>limitadas ou condicionadas (ex.: fiscalização de trânsito,</p><p>fiscalização sanitária etc.).</p><p>d) Sanção de polícia: Sanção de polícia é o dever-</p><p>poder que a Administração Pública possui de aplicar</p><p>penalidades aos particulares que descumprirem as</p><p>ordens de polícia, sempre nos limites e parâmetros</p><p>estabelecidos pela lei e respeitado o contraditório, a</p><p>ampla defesa, a razoabilidade e a proporcionalidade.</p><p>Quanto às pessoas jurídicas de direito público da</p><p>Administração indireta (autarquias e fundações de</p><p>direito público), não há qualquer dúvida. A lei pode lhes</p><p>conferir o exercício do poder de polícia, inclusive para</p><p>aplicar sanções e editar atos normativos integrantes da</p><p>fase da ordem de polícia.</p><p>Quanto à possiblidade de delegação do Poder de Polícia</p><p>para pessoas jurídicas de Direito Privado integrantes da</p><p>Administração Pública indireta, recentemente o STF</p><p>proferiu decisão definindo que é constitucional a</p><p>delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas</p><p>jurídicas de direito privado integrantes da administração</p><p>pública indireta de capital social majoritariamente</p><p>público que prestem exclusivamente serviço público de</p><p>atuação própria do Estado e em regime não</p><p>concorrencial.</p><p>A delegação envolve apenas as fases de consentimento,</p><p>fiscalização e sanção de polícia (inclusive a atribuição</p><p>para a aplicação de multas de trânsito, conforme se</p><p>verificou no caso concreto). No entanto, nunca poderá</p><p>envolver a delegação da ordem de polícia, tendo em</p><p>vista que se trata de fase absolutamente indelegável por</p><p>envolver a função legislativa, restrita aos Entes</p><p>Federados previstos na Constituição.</p><p>Assim,</p><p>É constitucional a delegação do poder de polícia, por</p><p>meio de lei, a pessoas jurídicas de direito privado</p><p>integrantes da Administração Pública indireta de capital</p><p>social majoritariamente público que prestem</p><p>exclusivamente serviço público de atuação própria do</p><p>Estado e em regime não concorrencial.</p><p>STF. Plenário. RE 633782/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado</p><p>em 23/10/2020 (Repercussão Geral – Tema 532) (Info</p><p>996).</p><p>Solução completa</p><p>A alternativa C está correta e corresponde ao gabarito da</p><p>questão. A questão trata dos Ciclos do Poder de Polícia e</p><p>a delegação desse poder.</p><p>O poder de polícia em sentido amplo envolve não apenas</p><p>a função administrativa, mas também a função</p><p>legislativa que impõe restrições e condicionamentos ao</p><p>exercício de atividades particulares, uso de bens e o</p><p>exercício de direitos em geral.</p><p>Desta forma, identifica-se quatro fases distintas que se</p><p>inserem no ciclo de polícia: a) ordem de polícia; b)</p><p>consentimento de polícia; c) fiscalização de polícia; e d)</p><p>sanção de polícia.</p><p>a) Ordem de polícia: A ordem de polícia consiste na</p><p>legislação que estabelece os limites e condições para o</p><p>exercício da autonomia privada, bem como, os</p><p>condicionamentos para que o poder público emita o</p><p>consentimento à atividade privada pretendida pelo</p><p>particular. Em decorrência do princípio da legalidade, a</p><p>ordem de polícia invariavelmente estará vinculada à lei,</p><p>podendo existir ou não um ato normativo infralegal a</p><p>regulamentando. A ordem de polícia sempre está</p><p>presente e é a fase inicial do ciclo de polícia.</p><p>b) Consentimento de polícia: O consentimento de</p><p>polícia é a fase em que a Administração Pública,</p><p>fundamentada nas normas editadas na fase da ordem de</p><p>polícia, concede ou não sua anuência para a prática de</p><p>determinadas atividades privadas ou para a utilização de</p><p>bens. Conforme vimos nesta aula, o consentimento é</p><p>dado por meio de alvarás, que podem ter a forma de</p><p>licença ou autorização.</p><p>c) Fiscalização de polícia: A fiscalização de polícia</p><p>consiste na atividade por meio da qual se verifica se os</p><p>particulares estão cumprindo as ordens de polícia no</p><p>exercício das atividades privadas ou utilização de bens</p><p>limitadas ou condicionadas (ex.: fiscalização de trânsito,</p><p>fiscalização sanitária etc.).</p><p>d) Sanção de polícia: Sanção de polícia é o dever-</p><p>poder que a Administração Pública possui de aplicar</p><p>penalidades aos particulares que descumprirem as</p><p>ordens de polícia, sempre nos limites e parâmetros</p><p>estabelecidos pela lei e respeitado o contraditório, a</p><p>ampla defesa, a razoabilidade e a proporcionalidade.</p><p>Quanto às pessoas jurídicas de direito público da</p><p>Administração indireta (autarquias e fundações de</p><p>direito público), não há qualquer dúvida. A lei pode lhes</p><p>conferir o exercício do poder de polícia, inclusive para</p><p>25</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>aplicar sanções e editar atos normativos integrantes da</p><p>fase da ordem de polícia.</p><p>Quanto à possiblidade de delegação do Poder de Polícia</p><p>para pessoas jurídicas de Direito Privado integrantes da</p><p>Administração Pública indireta, recentemente o STF</p><p>proferiu decisão definindo que é constitucional a</p><p>delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas</p><p>jurídicas de direito privado integrantes da administração</p><p>pública indireta de capital social majoritariamente</p><p>público que prestem exclusivamente serviço público de</p><p>atuação própria do Estado e em regime não</p><p>concorrencial.</p><p>A delegação envolve apenas as fases de consentimento,</p><p>fiscalização e sanção de polícia (inclusive a atribuição</p><p>para a aplicação de multas de trânsito, conforme se</p><p>verificou no caso concreto). No entanto, nunca poderá</p><p>envolver a delegação da ordem de polícia, tendo em</p><p>vista que se trata de fase absolutamente indelegável por</p><p>envolver a função legislativa, restrita aos Entes</p><p>Federados previstos na Constituição.</p><p>Assim,</p><p>É constitucional a delegação do poder de polícia, por</p><p>meio de lei, a pessoas jurídicas de direito privado</p><p>integrantes da Administração Pública indireta de capital</p><p>social majoritariamente público que prestem</p><p>exclusivamente serviço público de atuação própria do</p><p>Estado e em regime não concorrencial.</p><p>STF. Plenário. RE 633782/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado</p><p>em 23/10/2020 (Repercussão Geral – Tema 532) (Info</p><p>996).</p><p>A alternativa A está incorreta. Quanto à possiblidade de</p><p>delegação do Poder de Polícia para pessoas jurídicas de</p><p>Direito Privado integrantes da Administração Pública</p><p>indireta, recentemente o STF proferiu decisão definindo</p><p>que é constitucional a delegação do poder de polícia, por</p><p>meio de lei, a pessoas jurídicas de direito privado</p><p>integrantes da administração pública indireta de capital</p><p>social majoritariamente público que prestem</p><p>exclusivamente serviço público de atuação própria do</p><p>Estado e em regime não concorrência, envolvendo a</p><p>delegação das fases de consentimento, fiscalização e</p><p>sanção de polícia, apenas.</p><p>A alternativa B está incorreta. A fase da ordem de polícia</p><p>é absolutamente indelegável, segundo o STF.</p><p>RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL.</p><p>TEMA 532. DIREITO CONSTITUCIONAL E</p><p>ADMINISTRATIVO. PRELIMINARES DE VIOLAÇÃO DO</p><p>DIREITO À PRESTAÇÃO JURISDICIONAL ADEQUADA E DE</p><p>USURPAÇÃO DA COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL</p><p>FEDERAL AFASTADAS. PODER DE POLÍCIA. TEORIA DO</p><p>CICLO DE POLÍCIA. DELEGAÇÃO A PESSOA JURÍDICA DE</p><p>DIREITO PRIVADO INTEGRANTE DA ADMINISTRAÇÃO</p><p>PÚBLICA INDIRETA. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA.</p><p>PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO DE ATUAÇÃO</p><p>PRÓPRIA DO ESTADO. CAPITAL MAJORITARIAMENTE</p><p>PÚBLICO. REGIME NÃO CONCORRENCIAL.</p><p>CONSTITUCIONALIDADE. NECESSIDADE DE LEI FORMAL</p><p>ESPECÍFICA PARA DELEGAÇÃO. CONTROLE DE ABUSOS E</p><p>DESVIOS POR MEIO DO DEVIDO PROCESSO. CONTROLE</p><p>JUDICIAL DO EXERCÍCIO IRREGULAR. INDELEGABILIDADE</p><p>DE COMPETÊNCIA LEGISLATIVA.</p><p>1. O Plenário deste Supremo Tribunal reconheceu</p><p>repercussão geral ao thema decidendum, veiculado nos</p><p>autos destes recursos extraordinários, referente à</p><p>definição da compatibilidade constitucional da</p><p>delegação do poder de polícia administrativa a pessoas</p><p>jurídicas de direito privado integrantes da Administração</p><p>Pública indireta prestadoras de serviço público.</p><p>2. O poder de polícia significa toda e qualquer ação</p><p>restritiva do Estado em relação aos direitos individuais.</p><p>Em sentido estrito, poder de polícia caracteriza uma</p><p>atividade administrativa, que consubstancia verdadeira</p><p>prerrogativa conferida aos agentes da Administração,</p><p>consistente no poder de delimitar a liberdade e a</p><p>propriedade.</p><p>3. A teoria do ciclo de polícia demonstra que o poder de</p><p>polícia se desenvolve em quatro fases, cada uma</p><p>correspondendo a um modo de atuação estatal: (i) a</p><p>ordem de polícia, (ii) o consentimento de polícia, (iii) a</p><p>fiscalização de polícia e (iv) a sanção de polícia.</p><p>4. A extensão de regras do regime de direito público a</p><p>pessoas jurídicas de direito privado integrantes da</p><p>Administração Pública indireta, desde que prestem</p><p>serviços públicos de atuação própria do Estado e em</p><p>regime não concorrencial é admissível pela</p><p>jurisprudência da Corte. (Precedentes: RE 225.011, Rel.</p><p>Min. Marco Aurélio, Red. p/ o acórdão Min. Maurício</p><p>Corrêa, Tribunal Pleno, julgado em 16/11/2000, DJ</p><p>19/12/2002; RE 393.032-AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia,</p><p>Primeira Turma, DJe 18/12/2009; RE 852.527-AgR, Rel.</p><p>Min. Cármen Lúcia, Segunda Turma, DJe 13/2/2015).</p><p>5. A constituição de uma pessoa jurídica integrante da</p><p>Administração Pública indireta sob o regime de direito</p><p>26</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>privado não a impede de ocasionalmente ter o seu</p><p>regime aproximado daquele da Fazenda Pública, desde</p><p>que não atue em regime concorrencial.</p><p>6. Consectariamente, a Constituição, ao autorizar a</p><p>criação de empresas públicas e sociedades de economia</p><p>mista que tenham por objeto exclusivo a prestação de</p><p>serviços públicos de atuação típica do Estado e em</p><p>regime não concorrencial, autoriza, consequentemente,</p><p>a delegação dos meios necessários à realização do</p><p>serviço público delegado.</p><p>[...]</p><p>13. Repercussão geral constitucional que assenta a</p><p>seguinte tese objetiva: “É constitucional a delegação do</p><p>poder de polícia, por meio de lei, a pessoas jurídicas de</p><p>direito privado integrantes da Administração Pública</p><p>indireta de capital social majoritariamente público que</p><p>prestem exclusivamente serviço público de atuação</p><p>própria do Estado e em regime não concorrencial.</p><p>STF - RE: 633782 MG, Relator: LUIZ FUX, Data de</p><p>Julgamento: 26/10/2020, Tribunal Pleno, Data de</p><p>Publicação: 25/11/2020.</p><p>A alternativa D está incorreta. Quanto à possiblidade de</p><p>delegação do Poder de Polícia para pessoas jurídicas de</p><p>Direito Privado integrantes da Administração Pública</p><p>indireta, recentemente o STF proferiu decisão definindo</p><p>que é constitucional a delegação do poder de polícia, por</p><p>meio de lei, a pessoas jurídicas de direito privado</p><p>integrantes da administração pública indireta de capital</p><p>social majoritariamente público que prestem</p><p>exclusivamente serviço público de atuação própria do</p><p>Estado e em regime não concorrência, envolvendo a</p><p>delegação das fases de consentimento, fiscalização e</p><p>sanção de polícia, apenas.</p><p>A alternativa E está incorreta. Quanto à possiblidade de</p><p>delegação do Poder de Polícia para pessoas jurídicas de</p><p>Direito Privado integrantes da Administração Pública</p><p>indireta, recentemente o STF proferiu decisão definindo</p><p>que é constitucional a delegação do poder de polícia, por</p><p>meio de lei, a pessoas jurídicas de direito privado</p><p>integrantes da administração pública indireta de capital</p><p>social majoritariamente público que prestem</p><p>exclusivamente serviço público de atuação própria do</p><p>Estado e em regime não concorrência, envolvendo a</p><p>delegação das fases de consentimento, fiscalização e</p><p>sanção de polícia, apenas.</p><p>Questão 23</p><p>Ana Paula, servidora pública do Estado Alfa, ingressou</p><p>com uma ação judicial pleiteando o pagamento da verba</p><p>XYZ que alegava lhe ser devida desde 2018, mas que não</p><p>havia sido paga corretamente pela Administração. Em</p><p>sua petição inicial, Ana Paula argumentou que o trabalho</p><p>que desempenhava justificava o pagamento das verbas</p><p>pleiteadas, conforme previsão legal.</p><p>O juiz de primeira instância, ao analisar o pedido de</p><p>tutela de urgência, concedeu liminarmente o pagamento</p><p>dos valores referentes às verbas retroativas e à</p><p>continuidade do pagamento, com base na</p><p>documentação apresentada pela servidora. A</p><p>Administração Pública começou a efetuar o pagamento</p><p>das quantias determinadas pela decisão liminar.</p><p>Posteriormente, a decisão foi reformada, constando em</p><p>seu teor que Ana Paula não fazia jus à referida verba,</p><p>uma vez que a função desempenhada por ela não se</p><p>enquadrava nas hipóteses previstas na legislação que</p><p>amparava o seu pagamento. Além disso, houve</p><p>determinação para que os valores que Ana Paula havia</p><p>recebido a maior durante o período em que vigorou a</p><p>decisão liminar</p><p>fossem devolvidos. A partir da análise do</p><p>caso, assinale a alternativa correta de acordo com a</p><p>jurisprudência do STJ:</p><p>A) Ana deverá devolver os valores que lhe foram pagos a</p><p>maior, concernentes às verbas retroativas e à</p><p>continuidade do pagamento, mesmo que os tenha</p><p>recebido de boa-fé.</p><p>B) Ana deverá devolver os valores que lhe foram pagos a</p><p>maior, concernentes às verbas retroativas e à</p><p>continuidade do pagamento, salvo se comprovar os ter</p><p>recebido de boa-fé, ocasião em que estará dispensada da</p><p>devolução.</p><p>C) Ana deverá devolver os valores que lhe foram pagos a</p><p>maior, concernentes às verbas retroativas, mas não em</p><p>relação aos pagamentos realizados após a prolação da</p><p>decisão liminar.</p><p>D) Ana não deverá devolver os valores que lhe foram</p><p>pagos a maior, uma vez que eles têm caráter alimentar.</p><p>E) Ana não deverá devolver os valores que lhe foram</p><p>pagos a maior pois decisão judicial posterior não pode</p><p>prejudicar agente público.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: A</p><p>27</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>Solução rápida</p><p>A alternativa A está correta e corresponde ao gabarito da</p><p>questão. De acordo com o STJ,</p><p>Valores recebidos por servidores públicos por força de</p><p>decisão judicial precária, posteriormente reformada,</p><p>devem ser restituídos ao erário.</p><p>STJ. 2ª Turma. AREsp 1.711.065-RJ, Rel. Min. Assusete</p><p>Magalhães, julgado em 03/05/2022 (Info 735).</p><p>Se o servidor recebeu valores com base em uma decisão</p><p>judicial precária, não se pode dizer que ele estivesse de</p><p>boa-fé, pois a Administração em momento algum gerou</p><p>nele uma falsa expectativa de que aquele recebimento</p><p>seria definitivo. Dessa forma, servidor não pode alegar</p><p>boa-fé como argumento para não devolver os valores</p><p>recebidos por meio de liminar, tendo em vista que essa</p><p>medida é precária por natureza, não se podendo</p><p>presumir a definitividade do pagamento (STJ. 2ª Turma.</p><p>AgInt no AgInt no AREsp 1.609.657/MS, Rel. Min.</p><p>Herman Benjamin, DJe de 16/03/2021).</p><p>Solução completa</p><p>A alternativa A está correta e corresponde ao gabarito da</p><p>questão. De acordo com o STJ,</p><p>Valores recebidos por servidores públicos por força de</p><p>decisão judicial precária, posteriormente reformada,</p><p>devem ser restituídos ao erário.</p><p>STJ. 2ª Turma. AREsp 1.711.065-RJ, Rel. Min. Assusete</p><p>Magalhães, julgado em 03/05/2022 (Info 735).</p><p>Se o servidor recebeu valores com base em uma decisão</p><p>judicial precária, não se pode dizer que ele estivesse de</p><p>boa-fé, pois a Administração em momento algum gerou</p><p>nele uma falsa expectativa de que aquele recebimento</p><p>seria definitivo. Dessa forma, servidor não pode alegar</p><p>boa-fé como argumento para não devolver os valores</p><p>recebidos por meio de liminar, tendo em vista que essa</p><p>medida é precária por natureza, não se podendo</p><p>presumir a definitividade do pagamento (STJ. 2ª Turma.</p><p>AgInt no AgInt no AREsp 1.609.657/MS, Rel. Min.</p><p>Herman Benjamin, DJe de 16/03/2021).</p><p>A alternativa B está incorreta. Segundo o julgado</p><p>mencionado, a boa-fé não é um argumento que pode ser</p><p>utilizado para evitar a devolução dos valores recebidos</p><p>em decorrência de uma decisão liminar que foi</p><p>posteriormente reformada (AREsp 1.711.065-RJ).</p><p>A alternativa C está incorreta. Todos os valores recebidos</p><p>a maior, inclusive aqueles pagos após a decisão liminar,</p><p>devem ser restituídos ao erário (AREsp 1.711.065-RJ).</p><p>A alternativa D está incorreta. Embora os valores tenham</p><p>caráter alimentar, isso não impede a restituição em caso</p><p>de pagamento indevido (AREsp 1.711.065-RJ).</p><p>A alternativa E está incorreta. A decisão judicial posterior</p><p>tem efeito vinculante e pode sim exigir a devolução de</p><p>valores recebidos a maior (AREsp 1.711.065-RJ).</p><p>Questão 24</p><p>O Estado Beta editou lei prevendo que os processos</p><p>administrativos, instaurados por agências reguladoras</p><p>estaduais contra concessionárias de serviço público, para</p><p>a apuração de infrações e aplicação de penalidades,</p><p>permanecerão em sigilo até decisão final. A referida lei,</p><p>de acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal</p><p>Federal, é</p><p>A) constitucional, pois o sigilo é a regra em processos</p><p>administrativos sancionadores instaurados por agências</p><p>reguladoras contra concessionárias de serviço.</p><p>B) constitucional, pois em que pese a publicidade seja</p><p>regra no ordenamento jurídico democrático brasileiro, o</p><p>sigilo é comumente excepcionado para processos</p><p>administrativos sancionadores.</p><p>C) constitucional, com fundamento no princípio da</p><p>presunção de inocência aplicável no âmbito do direito</p><p>administrativo sancionador.</p><p>D) inconstitucional, por violação ao princípio</p><p>republicano, o direito de acesso à informação detida por</p><p>órgãos públicos, ao princípio da publicidade e à regra de</p><p>sigilo excepcional.</p><p>E) inconstitucional, somente sendo permitida em caso de</p><p>agência reguladora federal.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: D</p><p>Solução rápida</p><p>A alternativa D está correta e corresponde ao gabarito</p><p>da questão. Tendo em vista a jurisprudência do STF e que</p><p>a regra no ordenamento jurídico pátrio é pela</p><p>publicidade, ressalvada apenas nas hipóteses de</p><p>informações cujo sigilo seja imprescindível à segurança</p><p>do Estado e da sociedade e proteção à intimidade, vida</p><p>privada, honra e imagem das pessoas,</p><p>28</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>Os processos administrativos sancionadores instaurados</p><p>por agências reguladoras contra concessionárias de</p><p>serviço público devem obedecer ao princípio da</p><p>publicidade durante toda a sua tramitação, ressalvados</p><p>eventuais atos que se enquadrem nas hipóteses de sigilo</p><p>previstas em lei e na Constituição.</p><p>STF. Plenário. ADI 5371/DF, Rel. Min. Roberto Barroso,</p><p>julgado em 25/2/2022 (Info 1045).</p><p>Solução completa</p><p>A alternativa D está correta e corresponde ao gabarito</p><p>da questão. Tendo em vista a jurisprudência do STF e que</p><p>a regra no ordenamento jurídico pátrio é pela</p><p>publicidade, ressalvada apenas nas hipóteses de</p><p>informações cujo sigilo seja imprescindível à segurança</p><p>do Estado e da sociedade e proteção à intimidade, vida</p><p>privada, honra e imagem das pessoas,</p><p>Os processos administrativos sancionadores instaurados</p><p>por agências reguladoras contra concessionárias de</p><p>serviço público devem obedecer ao princípio da</p><p>publicidade durante toda a sua tramitação, ressalvados</p><p>eventuais atos que se enquadrem nas hipóteses de sigilo</p><p>previstas em lei e na Constituição.</p><p>STF. Plenário. ADI 5371/DF, Rel. Min. Roberto Barroso,</p><p>julgado em 25/2/2022 (Info 1045).</p><p>A alternativa A está incorreta. A publicidade é a regra</p><p>geral nos processos administrativos e o sigilo não pode</p><p>ser considerado regra.</p><p>Art. 5º, CF:</p><p>[...]</p><p>LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos</p><p>processuais quando a defesa da intimidade ou o</p><p>interesse social o exigirem;</p><p>A alternativa B está incorreta. Embora existam exceções</p><p>ao princípio da publicidade, o sigilo não é comumente</p><p>excepcionado para processos administrativos</p><p>sancionadores (ADI 5371/DF).</p><p>A alternativa C está incorreta. A restrição não pode ser</p><p>justificada, por si só, pela presunção constitucional de</p><p>inocência das concessionárias. Se assim o fosse, todos os</p><p>processos judiciais e administrativos que envolvessem</p><p>direta ou indiretamente a imposição de penas ou outras</p><p>sanções seriam sigilosos (ADI 5371/DF).</p><p>A alternativa E está incorreta. A afirmação de que o sigilo</p><p>é permitido apenas para agências reguladoras federais</p><p>não tem respaldo na legislação ou jurisprudência (ADI</p><p>5371/DF).</p><p>Questão 25</p><p>Observe as situações hipotéticas:</p><p>I - Maria foi nomeada para ocupar um cargo em comissão</p><p>na prefeitura do Município Alfa, atuando como assessora</p><p>direta do prefeito. Durante o exercício de suas funções,</p><p>descobriu que estava grávida. Pouco tempo depois,</p><p>houve uma mudança na administração municipal, e a</p><p>nova gestão decidiu exonerar todos os ocupantes de</p><p>cargos comissionados, incluindo Maria. Ela, no entanto,</p><p>reivindicou o direito à estabilidade provisória por estar</p><p>gestante no momento da exoneração.</p><p>II - Ana foi contratada por tempo determinado para atuar</p><p>como professora temporária</p><p>em uma escola estadual do</p><p>Estado Beta, com contrato de um ano. Durante o período</p><p>de vigência do contrato, Ana ficou grávida e notificou a</p><p>direção da escola. Próximo ao final do contrato, Ana</p><p>recebeu um aviso de que não seria renovada sua</p><p>contratação após o parto, uma vez que ela não teria</p><p>direito à licença-maternidade, somente à estabilidade</p><p>provisória.</p><p>Nessa situação hipotética, segundo o entendimento do</p><p>STF:</p><p>A) somente Maria tem direito à estabilidade provisória e</p><p>licença-maternidade.</p><p>B) somente Ana tem direito à estabilidade provisória e</p><p>licença-maternidade.</p><p>C) Maria tem direito à estabilidade provisória e licença-</p><p>maternidade e Ana somente à estabilidade provisória.</p><p>D) Ana tem direito à estabilidade provisória e licença-</p><p>maternidade e Maria somente à estabilidade provisória.</p><p>E) ambas têm direito à estabilidade provisória e licença-</p><p>maternidade.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: E</p><p>Solução rápida</p><p>A alternativa E está correta e corresponde ao gabarito da</p><p>questão. Segundo a Constituição Federal:</p><p>Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,</p><p>além de outros que visem à melhoria de sua condição</p><p>social:</p><p>29</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>(...)</p><p>XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do</p><p>salário, com a duração de cento e vinte dias;</p><p>Ainda, o art. 10, II, “b”, do ADCT prevê:</p><p>Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a</p><p>que se refere o art. 7º, I, da Constituição:</p><p>(...)</p><p>II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa:</p><p>(...)</p><p>b) da empregada gestante, desde a confirmação da</p><p>gravidez até cinco meses após o parto.</p><p>Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal decidiu que:</p><p>A trabalhadora gestante tem direito ao gozo de licença-</p><p>maternidade e à estabilidade provisória,</p><p>independentemente do regime jurídico aplicável, se</p><p>contratual ou administrativo, ainda que ocupe cargo em</p><p>comissão ou seja contratada por tempo determinado.</p><p>STF. Plenário. RE 842.844/SC, Rel. Min. Luiz Fux, julgado</p><p>em 5/10/2023 (Repercussão Geral – Tema 542) (Info</p><p>1111).</p><p>Solução completa</p><p>A alternativa E está correta e corresponde ao gabarito da</p><p>questão. Segundo a Constituição Federal:</p><p>Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,</p><p>além de outros que visem à melhoria de sua condição</p><p>social:</p><p>(...)</p><p>XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do</p><p>salário, com a duração de cento e vinte dias;</p><p>Ainda, o art. 10, II, “b”, do ADCT prevê:</p><p>Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a</p><p>que se refere o art. 7º, I, da Constituição:</p><p>(...)</p><p>II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa:</p><p>(...)</p><p>b) da empregada gestante, desde a confirmação da</p><p>gravidez até cinco meses após o parto.</p><p>Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal decidiu que:</p><p>A trabalhadora gestante tem direito ao gozo de licença-</p><p>maternidade e à estabilidade provisória,</p><p>independentemente do regime jurídico aplicável, se</p><p>contratual ou administrativo, ainda que ocupe cargo em</p><p>comissão ou seja contratada por tempo determinado.</p><p>STF. Plenário. RE 842.844/SC, Rel. Min. Luiz Fux, julgado</p><p>em 5/10/2023 (Repercussão Geral – Tema 542) (Info</p><p>1111).</p><p>Passemos à análise individual das situações fáticas</p><p>apresentadas no enunciado:</p><p>I - Maria foi nomeada para ocupar um cargo em comissão</p><p>na prefeitura do Município Alfa, atuando como assessora</p><p>direta do prefeito. Durante o exercício de suas funções,</p><p>descobriu que estava grávida. Pouco tempo depois,</p><p>houve uma mudança na administração municipal, e a</p><p>nova gestão decidiu exonerar todos os ocupantes de</p><p>cargos comissionados, incluindo Maria. Ela, no entanto,</p><p>reivindicou o direito à estabilidade provisória por estar</p><p>gestante no momento da exoneração.</p><p>Maria foi nomeada para um cargo em comissão, que é</p><p>de livre nomeação e exoneração. O entendimento do</p><p>STF, conforme o art. 10, II, "b", do ADCT (Ato das</p><p>Disposições Constitucionais Transitórias), garante</p><p>estabilidade provisória à gestante. Ainda, de acordo com</p><p>o STF, no julgamento do RE 842.844/SC: “A trabalhadora</p><p>gestante tem direito ao gozo de licença-maternidade e à</p><p>estabilidade provisória, independentemente do regime</p><p>jurídico aplicável, se contratual ou administrativo, ainda</p><p>que ocupe cargo em comissão ou seja contratada por</p><p>tempo determinado”. Portanto, Maria tem direito à</p><p>estabilidade provisória e à licença-maternidade.</p><p>II - Ana foi contratada por tempo determinado para atuar</p><p>como professora temporária em uma escola estadual do</p><p>Estado Beta, com contrato de um ano. Durante o período</p><p>de vigência do contrato, Ana ficou grávida e notificou a</p><p>direção da escola. Próximo ao final do contrato, Ana</p><p>recebeu um aviso de que não seria renovada sua</p><p>contratação após o parto, uma vez que ela não teria</p><p>direito à licença-maternidade, somente à estabilidade</p><p>provisória.</p><p>Ana, contratada por tempo determinado, também</p><p>possui direito à estabilidade provisória e à licença-</p><p>maternidade, conforme o entendimento do STF. A</p><p>jurisprudência reafirma que a proteção à gestante se</p><p>aplica independentemente do tipo de contrato,</p><p>incluindo contratos temporários. Logo, Ana tem direito à</p><p>estabilidade provisória e à licença-maternidade, apesar</p><p>de seu contrato ser por tempo determinado.</p><p>30</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>Em suma, ambas têm direito à estabilidade provisória e</p><p>licença-maternidade, estando a alternativa E correta.</p><p>As alternativas A, B, C e D estão incorretas.</p><p>Questão 26</p><p>A modalidade de licitação obrigatória para aquisição de</p><p>bens e serviços comuns, cujo critério de julgamento</p><p>poderá ser o de menor preço ou o de maior desconto</p><p>denomina-se</p><p>A) pregão.</p><p>B) concorrência.</p><p>C) diálogo competitivo.</p><p>D) credenciamento.</p><p>E) concurso.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: A</p><p>Solução rápida</p><p>A alternativa A está correta e corresponde ao gabarito da</p><p>questão. De acordo com a Lei nº 14.133/2021:</p><p>Art. 6º</p><p>[...]</p><p>XLI - pregão: modalidade de licitação obrigatória para</p><p>aquisição de bens e serviços comuns, cujo critério de</p><p>julgamento poderá ser o de menor preço ou o de maior</p><p>desconto;</p><p>Solução completa</p><p>A alternativa A está correta e corresponde ao gabarito da</p><p>questão. De acordo com a Lei nº 14.133/2021:</p><p>Art. 6º</p><p>[...]</p><p>XLI - pregão: modalidade de licitação obrigatória para</p><p>aquisição de bens e serviços comuns, cujo critério de</p><p>julgamento poderá ser o de menor preço ou o de maior</p><p>desconto;</p><p>A alternativa B está incorreta. De acordo com a Lei nº</p><p>14.133/2021:</p><p>Art. 6º</p><p>[...]</p><p>XXXVIII - concorrência: modalidade de licitação para</p><p>contratação de bens e serviços especiais e de obras e</p><p>serviços comuns e especiais de engenharia, cujo critério</p><p>de julgamento poderá ser:</p><p>a) menor preço;</p><p>b) melhor técnica ou conteúdo artístico;</p><p>c) técnica e preço;</p><p>d) maior retorno econômico;</p><p>e) maior desconto;</p><p>A alternativa C está incorreta. De acordo com a Lei nº</p><p>14.133/2021:</p><p>Art. 6º</p><p>[...]</p><p>XLII - diálogo competitivo: modalidade de licitação para</p><p>contratação de obras, serviços e compras em que a</p><p>Administração Pública realiza diálogos com licitantes</p><p>previamente selecionados mediante critérios objetivos,</p><p>com o intuito de desenvolver uma ou mais alternativas</p><p>capazes de atender às suas necessidades, devendo os</p><p>licitantes apresentar proposta final após o encerramento</p><p>dos diálogos;</p><p>A alternativa D está incorreta. De acordo com a Lei nº</p><p>14.133/2021:</p><p>Art. 6º</p><p>[...]</p><p>XLIII - credenciamento: processo administrativo de</p><p>chamamento público em que a Administração Pública</p><p>convoca interessados em prestar serviços ou fornecer</p><p>bens para que, preenchidos os requisitos necessários, se</p><p>credenciem no órgão ou na entidade para executar o</p><p>objeto quando convocados;</p><p>A alternativa E está incorreta. De acordo com a Lei nº</p><p>14.133/2021:</p><p>Art. 6º</p><p>[...]</p><p>XXXIX - concurso: modalidade de licitação para escolha</p><p>de trabalho técnico, científico ou artístico, cujo critério</p><p>de julgamento será o de melhor técnica ou conteúdo</p><p>artístico, e para concessão de prêmio ou remuneração</p><p>ao vencedor;</p><p>31</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Professor Paulo Sousa</p><p>Questão 27</p><p>João, de 17 anos, é filho único e perdeu seus pais em um</p><p>acidente de trânsito. Não há parentes próximos para</p><p>assumir sua guarda e proteção. Diante dessa situação, o</p><p>Ministério Público entrou com um pedido de tutela para</p><p>que um amigo próximo da família, Ricardo, fosse</p><p>nomeado seu tutor até que completasse a maioridade.</p><p>Além disso, o processo indicou que João possui uma avó</p><p>materna, Maria, com 85 anos e em estágio avançado de</p><p>Alzheimer, que precisa de acompanhamento constante</p><p>e assistência para a administração de seus bens.</p><p>Com base no caso descrito, analise as seguintes</p><p>alternativas e indique a correta:</p><p>A) João, por ser menor de idade e órfão, deve</p><p>necessariamente ser colocado sob curatela, mesmo que</p><p>alcance a maioridade antes de 18 anos.</p><p>B) A tutela se aplica a João, enquanto a curatela é o</p><p>instituto aplicável à proteção da avó, Maria, que não</p><p>possui capacidade civil para gerenciar seus próprios atos.</p><p>C) A nomeação de Ricardo como tutor só é válida se ele</p><p>for parente de João e do lado paterno, conforme o</p><p>disposto no Código Civil.</p><p>D) Maria, por ser idosa e avó de João, tem direito</p><p>automático à tutela de seu neto, independentemente de</p><p>sua condição de saúde.</p><p>E) João e Maria devem ser colocados sob curatela, pois a</p><p>curatela sempre se aplica a qualquer pessoa que</p><p>necessite de proteção, seja menor ou maior de idade.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: B</p><p>A alternativa B está correta.</p><p>A tutela é um instituto voltado para a proteção de</p><p>menores de idade que não estão sob o poder familiar.</p><p>Ela é aplicada nos seguintes casos:</p><p>Quando os pais do menor falecem.</p><p>Quando os pais estão ausentes ou foram destituídos do</p><p>poder familiar.</p><p>Nesses casos, o menor é colocado sob a responsabilidade</p><p>de um tutor, que será designado judicialmente. A tutela</p><p>pode ser assumida por um parente próximo, um</p><p>responsável nomeado em testamento pelos pais, ou</p><p>qualquer pessoa que o juiz considere apta para a função.</p><p>Por sua vez, a curatela é um instituto que visa proteger</p><p>maiores de idade que, por alguma razão, não possuem</p><p>plena capacidade de exercer pessoalmente os atos da</p><p>vida civil. Ela é aplicada a pessoas que, por enfermidade</p><p>ou deficiência mental, física ou psíquica, estejam</p><p>impossibilitadas de gerir sua própria vida.</p><p>Quanto as demais alternativas, vejamos:</p><p>Alternativa A incorreta. João, por ser menor de idade,</p><p>deve ser colocado sob tutela, e não curatela. A curatela</p><p>se aplica apenas a maiores de idade que não têm</p><p>capacidade civil plena, conforme art. 1.728, do CC.</p><p>Alternativa C incorreta. O tutor não precisa ser</p><p>necessariamente um parente. Pode ser nomeado</p><p>qualquer pessoa de confiança, desde que apta e que</p><p>ofereça proteção e apoio adequados, conforme art.</p><p>1.732, do CC.</p><p>Alternativa D incorreta. O direito à tutela não é</p><p>automático, mesmo em se tratando de parentes. Além</p><p>disso, Maria, por ser incapaz, não pode exercer a tutela</p><p>de João, conforme art. 1.731, do CC.</p><p>Alternativa E incorreta. A tutela se aplica a menores de</p><p>idade desprovidos do poder familiar, enquanto a</p><p>curatela é aplicada a maiores de idade incapazes de gerir</p><p>seus próprios atos, conforme art. 1.728 e art. 1.767, do</p><p>CC.</p><p>Questão 28</p><p>Um grupo de moradores de um bairro residencial decidiu</p><p>criar uma associação para promover melhorias na</p><p>segurança local, organizar eventos comunitários e</p><p>representar os interesses dos moradores perante as</p><p>autoridades municipais. A associação foi constituída</p><p>formalmente, com estatuto registrado e diretoria eleita.</p><p>Após dois anos, parte dos associados manifestou</p><p>descontentamento com a atuação da diretoria e decidiu</p><p>convocar uma assembleia extraordinária para discutir a</p><p>destituição do presidente e a alteração do estatuto.</p><p>Entretanto, o presidente recusou a convocação alegando</p><p>que a destituição da diretoria só poderia ocorrer ao final</p><p>do mandato de quatro anos, conforme previsto no</p><p>estatuto da associação.</p><p>32</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>Com base no caso apresentado e na disciplina das</p><p>associações no Código Civil brasileiro, assinale a</p><p>alternativa correta:</p><p>A) A destituição do presidente pode ser decidida por</p><p>qualquer número de associados presentes na</p><p>assembleia, independentemente das regras estatutárias,</p><p>já que a gestão da associação deve atender à vontade</p><p>coletiva.</p><p>B) A convocação da assembleia extraordinária para</p><p>destituição do presidente deve ser feita por, no mínimo,</p><p>1/5 (um quinto) dos associados, sendo vedada a</p><p>realização dessa deliberação sem a anuência prévia da</p><p>diretoria.</p><p>C) O estatuto pode proibir a convocação de assembleias</p><p>extraordinárias para destituir membros da diretoria</p><p>durante o período de mandato, de acordo com a</p><p>autonomia privada dos associados.</p><p>D) A destituição do presidente pode ser deliberada em</p><p>assembleia extraordinária, convocada na forma do</p><p>estatuto ou, na ausência de previsão, por no mínimo 1/5</p><p>(um quinto) dos associados, conforme o disposto no</p><p>Código Civil.</p><p>E) As associações são obrigadas a seguir estritamente o</p><p>que está estabelecido em seu estatuto, não navendo</p><p>possibilidade de navocação de assembleias ou alteração</p><p>da diretoria nates do prazo estipulado no estatuto.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: D</p><p>A alternativa D está correta.</p><p>De acordo com o art. 59 do Código Civil, a destituição dos</p><p>administradores e a alteração do estatuto dependem de</p><p>deliberação de assembleia especialmente convocada</p><p>para esses fins. Se não houver previsão no estatuto, a</p><p>convocação pode ser feita por 1/5 dos associados.</p><p>Art. 59, do CC: "Compete privativamente à assembleia</p><p>geral: I - destituir os administradores; II - alterar o</p><p>estatuto."</p><p>Art. 60, do CC: "Se o estatuto não dispuser de modo</p><p>diverso, a assembleia geral pode ser convocada por um</p><p>quinto dos associados."</p><p>Quanto as demais alternativas, vejamos:</p><p>Alternativa A incorreta. A deliberação sobre a destituição</p><p>de membros da diretoria deve respeitar as regras de</p><p>quórum e convocação estabelecidas no estatuto e na</p><p>legislação, para assegurar a legitimidade das decisões,</p><p>conforme art. 59, do CC.</p><p>Alternativa B incorreta. A legislação prevê que a</p><p>convocação pode ser feita por 1/5 dos associados, mas a</p><p>anuência prévia da diretoria não é necessária, conforme</p><p>art. 60, do CC.</p><p>Alternativa C incorreta. O estatuto não pode afastar o</p><p>direito de convocação de assembleias extraordinárias</p><p>para discutir a destituição de membros da diretoria, pois</p><p>esse direito é garantido por lei e serve para assegurar a</p><p>transparência e representatividade das associações.</p><p>Alternativa E incorreta. As associações possuem</p><p>autonomia para estabelecer seu estatuto, mas devem</p><p>respeitar os limites legais. O Código Civil prevê que os</p><p>associados têm direito de convocar assembleias e</p><p>destituir diretores, independentemente de previsões</p><p>estatutárias restritivas.</p><p>Questão 29</p><p>Luiza, sempre foi muito religiosa, cresceu na igreja, filha</p><p>de pastores, dedica a sua vida aos estudos e a igreja.</p><p>Quando completou dezoito anos, Luiza se casou com</p><p>Jonas, um jovem de vinte e cinco anos que começou a</p><p>frequentar a mesma igreja que ela. Seis meses após o</p><p>casamento, Luiza descobriu que Jonas tinha sido</p><p>condenado por homicídio, quando tinha dezoito anos e</p><p>tinha saído do presídio pouco antes de se conhecerem.</p><p>Luiza não pretende mais manter o casamento com Jonas,</p><p>mas não queria se divorciar. Sobre o caso, é correto</p><p>afirmar.</p><p>A) Luiza pode ingressar com uma ação de anulação do</p><p>casamento, a contar da data da celebração, em até três</p><p>anos.</p><p>B) Luiza não poderá ingressar com uma ação de anulação</p><p>do casamento, pois o prazo é de 180 dias, a contar da</p><p>data da celebração.</p><p>C) Luiza pode ingressar com uma ação de anulação do</p><p>casamento, a contar da data da celebração, em até</p><p>quatro anos.</p><p>D) Luiza pode ingressar com uma ação de anulação do</p><p>casamento, a contar da data da celebração, em até dois</p><p>anos.</p><p>E) Não é possível a anulação do casamento.</p><p>Comentários</p><p>33</p><p>6º Simulado ENAM</p><p>– dia – 06/10/2024</p><p>Gabarito: A</p><p>A alternativa A está correta.</p><p>Conforme o art. 1.560, do CC, Luiza poderá pedir a</p><p>anulação do casamento em até três anos, após a</p><p>celebração.</p><p>Art. 1.560. O prazo para ser intentada a ação de</p><p>anulação do casamento, a contar da data da celebração,</p><p>é de:</p><p>I - cento e oitenta dias, no caso do inciso IV do art. 1.550;</p><p>II - dois anos, se incompetente a autoridade celebrante;</p><p>III - três anos, nos casos dos incisos I a IV do art. 1.557;</p><p>IV - quatro anos, se houver coação.</p><p>O Código Civil impõe prazos específicos para a</p><p>propositura da ação de anulação, a depender do</p><p>fundamento:</p><p>• Erro essencial sobre a pessoa ou vício de vontade: 3</p><p>anos a partir da data do casamento.</p><p>• Incapacidade para consentir: 180 dias após cessar a</p><p>incapacidade.</p><p>• Coação: 4 anos a partir de quando cessar a coação.</p><p>• Menor de 16 anos: 180 dias após atingir a idade de 16</p><p>anos.</p><p>Quanto as demais alternativas, vejamos:</p><p>Alternativa B incorreta. O prazo de 180 dias é para os</p><p>incapazes de consentir e os menores de dezesseis anos.</p><p>Alternativa C incorreta. O prazo de quatro anos é</p><p>aplicado quando há coação.</p><p>Alternativa D incorreta. O prazo de dois anos é em caso</p><p>de incompetência da autoridade celebrante.</p><p>Alternativa E incorreta. A anulação do casamento é</p><p>possível nos casos previstos do CC.</p><p>Questão 30</p><p>Marina é proprietária de um terreno rural onde</p><p>construiu uma casa para moradia e instalou uma estufa</p><p>para cultivo de plantas ornamentais. Além disso, ela</p><p>possui uma nascente no terreno, cuja água abastece</p><p>tanto a casa quanto a estufa. Para proteger a nascente e</p><p>manter o controle de qualidade da água, Marina instalou</p><p>um equipamento de filtragem móvel. Com o passar dos</p><p>anos, a atividade de cultivo cresceu, e ela decidiu vender</p><p>o terreno para um empresário interessado em expandir</p><p>o negócio de produção de plantas. No contrato de venda,</p><p>nada foi especificado sobre os bens acessórios no</p><p>imóvel, como a estufa e o equipamento de filtragem.</p><p>Diante do caso descrito e considerando a classificação</p><p>dos bens no Código Civil, assinale a alternativa correta:</p><p>A) A estufa é considerada um bem móvel, pois pode ser</p><p>removida do solo sem prejuízo para a estrutura do</p><p>terreno, não integrando automaticamente a venda.</p><p>B) O terreno, a casa e a nascente são classificados como</p><p>bens imóveis por acessão natural e, portanto, estão</p><p>incluídos na venda, independentemente de qualquer</p><p>cláusula contratual.</p><p>C) O equipamento de filtragem, por estar vinculado ao</p><p>uso da nascente, é um bem imóvel por acessão física, e</p><p>sua venda depende de especificação expressa no</p><p>contrato.</p><p>D) A estufa é um bem imóvel por acessão, pois foi</p><p>instalada com o objetivo de servir de modo duradouro à</p><p>atividade agrícola desenvolvida no terreno.</p><p>E) A nascente, por ser fonte natural de água, é</p><p>classificada como bem móvel por se tratar de um recurso</p><p>hídrico vinculado à exploração econômica do imóvel.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: D</p><p>A alternativa D está correta.</p><p>A estufa é um bem imóvel por acessão (art. 79 do CC) por</p><p>estar incorporada ao terreno de maneira duradoura para</p><p>exploração da atividade agrícola.</p><p>Quanto as demais alternativas, vejamos:</p><p>Alternativa A incorreta. A estufa, embora removível, é</p><p>considerada bem imóvel por acessão industrial (art. 79</p><p>do Código Civil), pois foi construída para atender à</p><p>finalidade do terreno e está incorporada de modo</p><p>permanente à propriedade.</p><p>Alternativa B incorreta. O terreno e a nascente são bens</p><p>imóveis por natureza (art. 79 e art. 81 do CC), ao passo</p><p>que, a casa é imóvel por acessão física ou artificial.</p><p>Alternativa C incorreta. O equipamento de filtragem, por</p><p>ser removível e não estar incorporado de forma</p><p>permanente ao imóvel, é classificado como bem móvel</p><p>(art. 82 do CC). Para ser incluído na venda, deve ser</p><p>especificado no contrato.</p><p>Alternativa E incorreta. A nascente é um bem imóvel por</p><p>natureza, já que faz parte do solo e de suas formações</p><p>34</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>naturais (art. 79 do CC), e não pode ser classificada como</p><p>bem móvel, mesmo que tenha utilidade econômica.</p><p>Questão 31</p><p>Em seu testamento, Eduardo deixou como herança uma</p><p>casa para seu sobrinho, Rafael, com a seguinte</p><p>estipulação: “Deixo a casa localizada no centro da cidade</p><p>para Rafael, com a condição de que ele conclua o curso</p><p>de Direito em até 5 anos. Caso não o faça, o imóvel</p><p>deverá ser destinado a minha irmã, Maria”. Além disso,</p><p>no mesmo documento, Eduardo determinou que Rafael</p><p>somente poderá tomar posse efetiva do imóvel após o</p><p>período de 2 anos contados a partir de seu falecimento.</p><p>Adicionalmente, Eduardo estabeleceu que, ao receber o</p><p>imóvel, Rafael deve doar uma parte dos rendimentos</p><p>anuais da propriedade para uma instituição de caridade.</p><p>Com base no caso apresentado e na disciplina de</p><p>condição, termo e encargo no direito civil, assinale a</p><p>alternativa correta:</p><p>A) A cláusula que estipula a conclusão do curso de Direito</p><p>por Rafael é considerada um encargo, pois estabelece</p><p>uma obrigação que deve ser cumprida para que ele</p><p>mantenha a propriedade.</p><p>B) A determinação de que Rafael só poderá tomar posse</p><p>efetiva do imóvel após 2 anos é considerada uma</p><p>condição suspensiva, pois impede a aquisição de direitos</p><p>até o término desse prazo.</p><p>C) A obrigação de doar parte dos rendimentos anuais</p><p>para a instituição de caridade é um encargo, que não</p><p>afeta a aquisição do direito sobre o imóvel, mas</p><p>estabelece um ônus para o beneficiário.</p><p>D) A condição de conclusão do curso de Direito é uma</p><p>condição resolutiva, pois, se não cumprida, fará com que</p><p>o imóvel volte para Maria, e Rafael perderá o direito</p><p>adquirido.</p><p>E) A cláusula que estipula que Rafael deverá doar parte</p><p>dos rendimentos do imóvel é um termo, pois estabelece</p><p>um prazo para a prática de um ato.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: A</p><p>A alternativa C está correta.</p><p>A obrigação de doar parte dos rendimentos anuais é um</p><p>encargo (ou modo), conforme o art. 136 do Código Civil,</p><p>pois impõe uma obrigação ao beneficiário, sem</p><p>condicionar a aquisição do direito. Rafael adquire o</p><p>direito, mas fica sujeito a um ônus adicional de doação.</p><p>Condição (art. 121 do CC):</p><p>• A condição é um evento futuro e incerto que</p><p>condiciona a própria eficácia do ato jurídico. Enquanto a</p><p>condição não se verificar, o direito não se aperfeiçoa.</p><p>• Exemplo: "Deixo o imóvel para Rafael se ele concluir o</p><p>curso de Direito." Aqui, a conclusão do curso é uma</p><p>condição suspensiva que impede a aquisição do imóvel</p><p>enquanto não for cumprida.</p><p>Termo (art. 131 do CC):</p><p>• O termo é um evento futuro e certo que determina o</p><p>início (termo inicial) ou o fim (termo final) da eficácia do</p><p>ato.</p><p>• Exemplo: "Rafael somente poderá tomar posse do</p><p>imóvel após dois anos." Aqui, o prazo de dois anos é um</p><p>termo inicial que suspende o exercício do direito de</p><p>propriedade, mas não a sua aquisição.</p><p>Encargo (art. 136 do CC):</p><p>• O encargo impõe um ônus adicional, mas a sua</p><p>inobservância, em regra, não impede a aquisição ou o</p><p>exercício do direito, a menos que o encargo seja</p><p>expressamente imposto como condição suspensiva.</p><p>Quanto as demais alternativas, vejamos:</p><p>Alternativa A incorreta. A cláusula que estipula a</p><p>conclusão do curso de Direito é uma condição</p><p>suspensiva, pois o cumprimento dessa condição é</p><p>necessário para que Rafael adquira definitivamente o</p><p>direito de propriedade sobre o imóvel. Se ele não</p><p>concluir o curso, o direito não se concretizará.</p><p>Alternativa B incorreta. A determinação de que Rafael só</p><p>poderá tomar posse do imóvel após 2 anos é um termo</p><p>inicial, e não uma condição suspensiva. O termo marca o</p><p>início da eficácia de um direito já adquirido, enquanto a</p><p>condição suspensiva afeta a própria aquisição do direito.</p><p>Alternativa C correta. A obrigação de doar parte dos</p><p>rendimentos anuais é um encargo (ou modo), conforme</p><p>o art. 136 do Código Civil, pois impõe uma obrigação ao</p><p>beneficiário, sem condicionar a aquisição do direito.</p><p>Rafael adquire o direito, mas fica sujeito a um</p><p>ônus</p><p>adicional de doação.</p><p>Alternativa D incorreta. A cláusula de conclusão do curso</p><p>é uma condição suspensiva e não resolutiva. Isso porque,</p><p>se Rafael não cumprir a condição, ele sequer adquire o</p><p>35</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>direito sobre o imóvel, que será transferido a Maria</p><p>conforme estipulado no testamento.</p><p>Alternativa E incorreta. A cláusula que impõe a doação</p><p>de rendimentos é um encargo e não um termo. O</p><p>encargo é um ônus que não altera o direito adquirido,</p><p>mas estabelece uma obrigação acessória para o</p><p>beneficiário.</p><p>Questão 32</p><p>Carlos, empresário individual, acumulou grandes dívidas</p><p>junto a vários credores após a falência de sua empresa.</p><p>Prevendo a iminência de ações de cobrança e para evitar</p><p>a expropriação de seus bens, Carlos vendeu um imóvel</p><p>de alto valor para sua filha Ana por um preço muito</p><p>abaixo do valor de mercado, sem informar os credores.</p><p>Algum tempo depois, um dos credores, ao tomar</p><p>conhecimento do negócio, ajuizou ação para anular a</p><p>venda, alegando que Carlos praticou fraude contra</p><p>credores para prejudicá-los.</p><p>Com base no caso concreto e nas disposições do Código</p><p>Civil, assinale a alternativa correta:</p><p>A) A venda do imóvel realizada por Carlos para Ana não</p><p>pode ser anulada, pois a transferência foi feita para um</p><p>descendente, o que demonstra a existência de um ato de</p><p>liberalidade e, portanto, não configura fraude contra</p><p>credores.</p><p>B) A venda do imóvel por Carlos para Ana pode ser</p><p>considerada nula, pois a transferência a um parente em</p><p>linha reta é proibida pelo Código Civil,</p><p>independentemente do valor praticado ou da intenção</p><p>de fraudar credores.</p><p>C) A venda do imóvel realizada por Carlos para Ana é</p><p>anulável, desde que seja demonstrado que Carlos já</p><p>estava insolvente ou se tornou insolvente com a</p><p>alienação do bem, e que Ana tinha conhecimento do</p><p>estado patrimonial do pai no momento do negócio.</p><p>D) A venda do imóvel por Carlos para Ana é válida, pois</p><p>o credor não ajuizou a ação antes de o negócio jurídico</p><p>ser concretizado. Assim, não há como alegar fraude se o</p><p>credor não havia executado qualquer medida para</p><p>assegurar o seu crédito.</p><p>E) A venda do imóvel realizada por Carlos para Ana é</p><p>plenamente válida, pois não houve ineficácia absoluta no</p><p>negócio. Somente se Ana decidir vender o imóvel para</p><p>um terceiro alheio ao processo é que poderia haver</p><p>discussão sobre eventual prejuízo aos credores.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: C</p><p>A alternativa C está correta.</p><p>Nos termos do artigo 158 do CC, para que haja fraude</p><p>contra credores, é necessário que o devedor já esteja</p><p>insolvente ou se torne insolvente com a prática do ato e</p><p>que o terceiro adquirente tenha conhecimento dessa</p><p>situação. A venda por valor muito inferior ao de mercado</p><p>é um forte indício de que o terceiro sabia da situação de</p><p>insolvência.</p><p>Requisitos para a Anulabilidade do Negócio Jurídico:</p><p>Segundo o artigo 158 do CC, para que um negócio</p><p>jurídico seja considerado fraudulento contra credores, é</p><p>necessário comprovar:</p><p>Insolvência do devedor: O devedor deve estar insolvente</p><p>no momento da realização do ato ou ter se tornado</p><p>insolvente em virtude dele. A insolvência é caracterizada</p><p>pela insuficiência de bens do devedor para quitar suas</p><p>dívidas.</p><p>Dolo ou má-fé do adquirente: O terceiro que adquiriu o</p><p>bem deve ter conhecimento do estado de insolvência do</p><p>devedor, configurando, assim, a conivência na prática do</p><p>ato que visa prejudicar os credores.</p><p>Conceito de Insolvência: Insolvência não significa apenas</p><p>a ausência de bens, mas sim a insuficiência patrimonial</p><p>para honrar as dívidas existentes. Neste caso, se a venda</p><p>do imóvel comprometeu substancialmente o patrimônio</p><p>de Carlos, o ato será considerado em fraude contra</p><p>credores.</p><p>Anulabilidade x Nulidade: A fraude contra credores</p><p>resulta em anulabilidade e não em nulidade. Isso</p><p>significa que o negócio jurídico, por si só, é válido até que</p><p>seja desconstituído judicialmente. O credor deve,</p><p>portanto, ajuizar uma ação pauliana para obter a</p><p>anulação do negócio e recompor o patrimônio do</p><p>devedor.</p><p>Quanto as demais alternativas, vejamos:</p><p>Alternativa A incorreta. A transferência do bem para um</p><p>descendente, mesmo que haja um indício de</p><p>liberalidade, pode configurar fraude contra credores se</p><p>causar prejuízo ao direito de terceiros. O parentesco não</p><p>impede a caracterização da fraude.</p><p>36</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>Alternativa B incorreta. O Código Civil não proíbe, de</p><p>maneira geral, a venda de bens a parentes. No entanto,</p><p>ela pode ser anulada se houver intenção de prejudicar</p><p>credores e se houver fraude contra credores, como no</p><p>caso apresentado.</p><p>Alternativa D incorreta. A existência de uma demanda ou</p><p>de uma execução anterior não é requisito para a</p><p>configuração de fraude contra credores. Basta a prática</p><p>do ato em prejuízo dos credores e a comprovação dos</p><p>requisitos previstos em lei.</p><p>Alternativa E incorreta. A fraude contra credores, uma</p><p>vez comprovada, pode tornar o ato anulável</p><p>independentemente de novas negociações do bem.</p><p>Questão 33</p><p>Paulo, Ricardo e Lucas se tornaram devedores solidários</p><p>de uma obrigação que consiste no fornecimento de</p><p>1.000 garrafas de vinho para um restaurante de luxo. No</p><p>contrato firmado, não há qualquer especificação sobre</p><p>divisão ou indivisibilidade da prestação. No momento da</p><p>entrega, porém, apenas Paulo se apresentou para</p><p>efetuar a entrega de 500 garrafas, alegando que o</p><p>restante seria fornecido por Ricardo e Lucas</p><p>posteriormente. O restaurante recusou o recebimento</p><p>parcial, exigindo a totalidade das garrafas de uma única</p><p>vez.</p><p>Com base nas disposições do Código Civil, assinale a</p><p>alternativa correta:</p><p>A) Como a obrigação é de prestação de coisa fungível</p><p>(garrafas de vinho), ela é necessariamente divisível,</p><p>podendo o credor receber de cada um dos devedores a</p><p>parte que lhes cabe na dívida, conforme estipulado no</p><p>contrato.</p><p>B) Mesmo que o contrato seja omisso quanto à</p><p>indivisibilidade, a natureza do objeto determina a</p><p>indivisibilidade da obrigação, sendo legítima a recusa do</p><p>credor ao recebimento parcial da prestação.</p><p>C) A indivisibilidade da obrigação só se aplica a bens</p><p>infungíveis e incomuns. Como se trata de garrafas de</p><p>vinho, o credor é obrigado a aceitar a entrega parcial,</p><p>ainda que de um único devedor.</p><p>D) A recusa do credor é legítima, pois a solidariedade</p><p>entre os devedores implica a necessariamente a</p><p>indivisibilidade da obrigação, em qualquer caso,</p><p>devendo um único devedor cumprir toda a prestação, e</p><p>posteriormente buscar o reembolso dos demais</p><p>coobrigados.</p><p>E) A solidariedade não implica necessariamente</p><p>indivisibilidade, sendo o credor obrigado a aceitar a</p><p>parte correspondente de cada um dos devedores, desde</p><p>que não haja prejuízo para ele.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: B</p><p>A alternativa B está correta.</p><p>De acordo com o artigo 258, do CC, a indivisibilidade</p><p>pode decorrer da natureza do objeto ou da intenção das</p><p>partes. Mesmo que se trate de coisa fungível, se a</p><p>entrega parcial não atender ao interesse do credor, a</p><p>obrigação poderá ser considerada indivisível,</p><p>especialmente porque o contrato se refere a um</p><p>fornecimento único.</p><p>É importante destacar que a solidariedade entre</p><p>devedores e a indivisibilidade não se confundem. No</p><p>caso apresentado, Paulo, Ricardo e Lucas são devedores</p><p>solidários, ou seja, o credor pode cobrar a totalidade de</p><p>qualquer um deles. A indivisibilidade refere-se ao objeto</p><p>da obrigação e não ao vínculo entre os devedores.</p><p>Portanto, mesmo em uma obrigação solidária, se a</p><p>prestação for indivisível, o credor pode exigir que um</p><p>único devedor cumpra a obrigação em sua totalidade.</p><p>Critério para a Indivisibilidade: A indivisibilidade não</p><p>depende apenas da natureza do bem, mas também do</p><p>modo como a obrigação foi constituída. A indivisibilidade</p><p>pode decorrer:</p><p>Da natureza do objeto (quando ele não pode ser</p><p>fracionado sem ser destruído ou desvalorizado).</p><p>Do interesse das partes (mesmo que o objeto possa ser</p><p>dividido, o credor pode ter interesse</p><p>em receber a</p><p>totalidade de uma única vez).</p><p>Da finalidade contratual (se a divisão frustra a finalidade</p><p>para a qual o contrato foi celebrado, a prestação deve</p><p>ser considerada indivisível).</p><p>Quanto as demais alternativas, vejamos:</p><p>Alternativa A incorreta. A fungibilidade da coisa (garrafas</p><p>de vinho) não implica necessariamente que a obrigação</p><p>seja divisível. A divisibilidade ou indivisibilidade deve ser</p><p>analisada à luz da natureza da prestação e da convenção</p><p>entre as partes. No caso, o credor tem o direito de exigir</p><p>37</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>a totalidade, a menos que se prove que a obrigação é</p><p>divisível.</p><p>Alternativa C incorreta. A indivisibilidade não depende</p><p>da natureza fungível ou infungível da coisa, mas sim de</p><p>sua aptidão para ser dividida sem prejuízo ao credor. A</p><p>recusa parcial é legítima quando a indivisibilidade</p><p>decorre do objeto ou do interesse das partes.</p><p>Alternativa D incorreta. A solidariedade não torna</p><p>automaticamente a obrigação indivisível. A</p><p>solidariedade é um vínculo entre devedores que permite</p><p>ao credor cobrar a totalidade de qualquer deles, mas a</p><p>prestação pode ser divisível em seu cumprimento.</p><p>Alternativa E incorreta. O credor não é obrigado a aceitar</p><p>a divisão da prestação se isso contrariar o interesse</p><p>subjacente do contrato ou a convenção entre as partes.</p><p>A indivisibilidade pode ser exigida quando a divisão</p><p>prejudicar o objetivo contratual.</p><p>Questão 34</p><p>Carlos, proprietário de uma loja de eletrodomésticos,</p><p>contraiu uma dívida de R$ 200.000,00 com o Banco Beta</p><p>para expandir o seu negócio. Algum tempo depois,</p><p>Carlos decidiu vender a loja para João, que concordou</p><p>em assumir a dívida integralmente perante o Banco Beta</p><p>como parte do negócio. Entretanto, o Banco Beta, ao</p><p>tomar conhecimento da cessão, recusou-se a aceitar a</p><p>assunção da dívida por João, exigindo que Carlos</p><p>permanecesse como o único devedor.</p><p>Com base nas disposições legais e princípios que regem</p><p>a assunção de dívida, assinale a alternativa correta:</p><p>A) A assunção de dívida é válida e eficaz</p><p>independentemente do consentimento do credor, pois o</p><p>devedor tem liberdade para transferir a obrigação a um</p><p>terceiro de sua escolha.</p><p>B) A assunção de dívida depende de autorização</p><p>expressa do credor. Sem a anuência do Banco Beta,</p><p>Carlos continua como devedor, e João não poderá ser</p><p>responsabilizado pela dívida.</p><p>C) A assunção de dívida não se sujeita à autorização do</p><p>credor, desde que João seja solvente e ofereça garantias</p><p>equivalentes às prestadas por Carlos no contrato</p><p>original.</p><p>D) Ao recusar a assunção da dívida, o Banco Beta perde</p><p>o direito de cobrar o débito de Carlos, pois o credor não</p><p>pode se opor à substituição do devedor sem justa causa.</p><p>E) A partir do momento em que João aceita a assunção</p><p>da dívida, Carlos deixa de ser responsável pelo débito,</p><p>devendo o Banco Beta buscar a satisfação do crédito</p><p>exclusivamente com o novo devedor.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: B</p><p>A alternativa B está correta.</p><p>Se o credor não consente com a assunção de dívida, a</p><p>substituição do devedor não produz efeitos e a</p><p>responsabilidade permanece com o devedor original. No</p><p>exemplo da questão:</p><p>Carlos continua como o único devedor do Banco Beta.</p><p>João não poderá ser demandado pelo Banco Beta como</p><p>devedor principal, pois não houve anuência para a</p><p>transferência da dívida.</p><p>O Banco Beta mantém o direito de cobrar integralmente</p><p>de Carlos, e a venda do negócio entre Carlos e João não</p><p>altera a situação jurídica perante o credor.</p><p>A assunção de dívida é um negócio jurídico em que um</p><p>terceiro (assuntor) assume o lugar do devedor original,</p><p>tornando-se o novo devedor perante o credor. A</p><p>finalidade dessa operação é a substituição do polo</p><p>passivo da obrigação, de modo que o terceiro passe a ser</p><p>o responsável pelo cumprimento do débito.</p><p>Para que essa substituição seja válida e eficaz, a lei exige</p><p>a anuência expressa do credor, conforme disposto no</p><p>artigo 299 do CC, que diz:</p><p>"A assunção de dívida por terceiro depende do</p><p>consentimento expresso do credor."</p><p>Diferentemente da cessão de crédito, em que o</p><p>consentimento do devedor cedido não é necessário, a</p><p>assunção de dívida não produz efeitos se o credor não</p><p>concordar com a substituição, pois a troca de devedor</p><p>pode afetar diretamente a expectativa de recebimento</p><p>do crédito.</p><p>Quanto as demais alternativas, vejamos:</p><p>Alternativa A incorreta. Nos termos do artigo 299 do CC,</p><p>para que a assunção de dívida produza efeitos, é</p><p>necessário o consentimento do credor. Sem a anuência</p><p>do Banco Beta, a assunção não tem eficácia, e Carlos</p><p>continua responsável pela obrigação.</p><p>Alternativa C incorreta. O fato de João ser solvente ou de</p><p>oferecer garantias equivalentes não supre a necessidade</p><p>38</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>de consentimento do credor. O consentimento do credor</p><p>é um requisito essencial e não pode ser dispensado.</p><p>Alternativa D incorreta. A recusa do credor é legítima,</p><p>desde que ele mantenha sua pretensão de cobrar o</p><p>débito do devedor original. O Banco Beta tem a</p><p>prerrogativa de aceitar ou recusar o novo devedor sem</p><p>perder seus direitos.</p><p>Alternativa E incorreta. Carlos continua responsável pela</p><p>dívida até que o Banco Beta consinta expressamente</p><p>com a assunção. Sem essa anuência, João não pode ser</p><p>considerado o único devedor, e a responsabilidade de</p><p>Carlos permanece.</p><p>Questão 35</p><p>João celebrou um contrato de prestação de serviços de</p><p>consultoria financeira com a empresa Delta,</p><p>estabelecendo que o valor da remuneração seria de R$</p><p>50.000,00 e que os serviços deveriam ser prestados no</p><p>prazo de 3 meses. Durante a execução do contrato, o</p><p>mercado financeiro sofreu uma alteração abrupta e</p><p>imprevisível nas taxas de câmbio e juros, o que tornou a</p><p>execução do serviço extremamente onerosa para João,</p><p>uma vez que ele não conseguia realizar as análises</p><p>financeiras sem incorrer em custos adicionais não</p><p>previstos. Diante dessa situação, João notificou a</p><p>empresa Delta para revisar o valor do contrato, a fim de</p><p>reequilibrar as obrigações. No entanto, a empresa se</p><p>recusou a renegociar e exigiu a continuidade do contrato</p><p>nos termos originalmente estabelecidos.</p><p>Com base nos princípios da teoria dos contratos, assinale</p><p>a alternativa correta:</p><p>A) João está obrigado a cumprir o contrato nos termos</p><p>pactuados, pois o princípio da pacta sunt servanda</p><p>prevalece, e alterações supervenientes do mercado não</p><p>justificam a revisão do contrato.</p><p>B) A alteração imprevista das condições econômicas que</p><p>tornou a prestação excessivamente onerosa para João</p><p>justifica a revisão do contrato com base na teoria da</p><p>imprevisão, desde que João prove a ocorrência de um</p><p>evento extraordinário e a ausência de culpa.</p><p>C) João pode resolver o contrato unilateralmente, sem</p><p>necessidade de revisão judicial, pois a súbita</p><p>onerosidade do contrato caracteriza o enriquecimento</p><p>sem causa da empresa Delta.</p><p>D) A empresa Delta deve reduzir proporcionalmente o</p><p>valor da remuneração devida a João, aplicando o</p><p>princípio da cláusula rebus sic stantibus, que prevê a</p><p>alteração automática das obrigações contratuais sempre</p><p>que o contexto econômico mudar.</p><p>E) A teoria da imprevisão é inaplicável ao caso, pois ela</p><p>só se aplica a contratos de longa duração (superiores a 5</p><p>anos), sendo irrelevante para contratos com prazo de até</p><p>3 meses.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: B</p><p>A alternativa B está correta.</p><p>A teoria da imprevisão, prevista no art. 317 do CC e</p><p>também no art. 478, permite a revisão de contratos</p><p>quando houver um evento imprevisível que torne a</p><p>prestação excessivamente onerosa para uma das partes,</p><p>desequilibrando a equação contratual e causando</p><p>desproporcionalidade nos direitos e deveres. João</p><p>poderá requerer judicialmente a revisão contratual,</p><p>desde que comprove a alteração das condições originais.</p><p>A teoria da imprevisão permite que uma parte possa</p><p>solicitar a revisão ou a resolução de um contrato, quando</p><p>ocorrerem eventos supervenientes e imprevisíveis que</p><p>alterem substancialmente</p><p>as condições econômicas</p><p>originalmente acordadas, tornando a execução da</p><p>obrigação excessivamente onerosa para uma das partes</p><p>e criando um desequilíbrio contratual significativo.</p><p>No Brasil, essa teoria é prevista no Código Civil de 2002,</p><p>especificamente nos artigos 478, 479 e 480, que tratam</p><p>da resolução por onerosidade excessiva. Além disso, o</p><p>artigo 317 do CC também traz a possibilidade de revisão</p><p>contratual com base em alteração da base objetiva do</p><p>contrato.</p><p>Quanto as demais alternativas, vejamos:</p><p>Alternativa A incorreta. Embora o princípio da pacta sunt</p><p>servanda estabeleça que os contratos devem ser</p><p>cumpridos conforme pactuado, o Código Civil Brasileiro</p><p>admite exceções para a revisão contratual quando</p><p>eventos imprevisíveis e extraordinários alteram de</p><p>forma relevante a base econômica do contrato,</p><p>aplicando a teoria da imprevisão.</p><p>Alternativa C incorreta. A rescisão unilateral não é</p><p>permitida nesse caso sem a intervenção judicial. A</p><p>revisão ou resolução contratual deve ser realizada com</p><p>39</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>base nos princípios da boa-fé e mediante decisão judicial</p><p>que reconheça o desequilíbrio econômico-financeiro.</p><p>Alternativa D incorreta. A cláusula rebus sic stantibus</p><p>não prevê a alteração automática das obrigações. Esse</p><p>princípio permite a revisão contratual em casos</p><p>excepcionais, mas a alteração depende de negociação ou</p><p>decisão judicial, e não ocorre de forma automática.</p><p>Alternativa E incorreta. A teoria da imprevisão não se</p><p>aplica apenas a contratos de longa duração. O critério</p><p>relevante é a alteração imprevista e significativa das</p><p>circunstâncias econômicas que cause desequilíbrio no</p><p>contrato, independentemente do prazo de duração do</p><p>contrato.</p><p>Questão 36</p><p>Ana, proprietária de uma galeria de arte, celebrou com</p><p>Carlos um contrato estimatório, transferindo-lhe 10</p><p>quadros de renomados artistas contemporâneos para</p><p>venda. De acordo com o contrato, Carlos ficou obrigado</p><p>a pagar o valor total de R$ 100.000,00 para Ana, caso</p><p>vendesse todas as obras, ou a devolver as que não</p><p>fossem vendidas no prazo de 3 meses. Ao final do prazo,</p><p>Carlos conseguiu vender apenas 6 quadros e, ao tentar</p><p>devolver os 4 restantes, alegou que dois deles haviam</p><p>sido extraviados durante uma mudança de endereço.</p><p>Ana, ao receber a notícia, recusou a devolução parcial e</p><p>exigiu o pagamento integral dos R$ 100.000,00,</p><p>alegando que Carlos deveria arcar com o valor total,</p><p>independentemente do número de quadros devolvidos.</p><p>Com base nas disposições legais que regem o contrato</p><p>estimatório, assinale a alternativa correta</p><p>A) Carlos é obrigado a pagar o valor integral de R$</p><p>100.000,00 a Ana, pois o contrato estimatório é</p><p>irretratável, e qualquer perda ou extravio das</p><p>mercadorias implica a responsabilidade do</p><p>consignatário.</p><p>B) Carlos deve pagar a Ana apenas o valor</p><p>correspondente aos quadros que foram vendidos, e a</p><p>devolução dos quadros restantes extingue suas</p><p>obrigações, mesmo com a perda de parte deles.</p><p>C) Carlos deve indenizar Ana pelo valor dos quadros</p><p>extraviados, além de devolver os quadros restantes, mas</p><p>não é obrigado a pagar o valor integral do contrato, pois</p><p>o contrato estimatório permite a devolução das</p><p>mercadorias que não foram vendidas.</p><p>D) Ana pode exigir o valor total dos R$ 100.000,00, pois</p><p>o contrato estimatório é um contrato de compra e venda</p><p>condicional, no qual Carlos assume todos os riscos da</p><p>venda e deve arcar com o preço integral, ainda que não</p><p>consiga vender todos os quadros.</p><p>E) Como o contrato estimatório não possui previsão de</p><p>garantias, Carlos não é responsável pelos quadros</p><p>extraviados e pode devolver os outros quadros sem</p><p>qualquer compensação adicional a Ana.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: C</p><p>A alternativa C está correta.</p><p>No contrato estimatório, a responsabilidade pelos bens</p><p>transferidos permanece com o consignatário até que</p><p>sejam devolvidos ao consignante. Assim, Carlos deve</p><p>indenizar Ana pelo valor dos quadros extraviados e</p><p>devolver os quadros restantes, mas não precisa pagar o</p><p>valor integral de R$ 100.000,00, pois o preço devido é</p><p>proporcional às obras vendidas.</p><p>O contrato estimatório é um negócio jurídico no qual</p><p>uma pessoa (consignante) entrega a outra</p><p>(consignatário) mercadorias ou bens móveis para que</p><p>esta venda a terceiros. O consignatário, por sua vez,</p><p>assume a obrigação de:</p><p>Pagar ao consignante o preço previamente ajustado,</p><p>caso consiga vender os bens; ou</p><p>Devolver as mercadorias que não foram vendidas no</p><p>prazo acordado.</p><p>Este tipo de contrato é regulado pelo artigo 534 do CC,</p><p>que dispõe:</p><p>Art. 534. Pelo contrato estimatório, uma pessoa</p><p>(consignante) entrega bens móveis a outra</p><p>(consignatário), ficando esta autorizada a vendê-los,</p><p>pagando ao consignante o preço ajustado, ou</p><p>restituindo-lhe as coisas consignadas, no prazo</p><p>estipulado.</p><p>A principal característica do contrato estimatório é que</p><p>ele concede ao consignatário a possibilidade de</p><p>devolução dos bens que não foram vendidos, ao invés de</p><p>ser obrigado a pagar o preço integral por todos os bens</p><p>recebidos. Esse direito de devolução é uma proteção ao</p><p>consignatário, que, assim, não assume o risco financeiro</p><p>de uma eventual venda fracassada.</p><p>Quanto as demais alternativas, vejamos:</p><p>40</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>Alternativa A incorreta. O contrato estimatório é</p><p>irretratável, e a devolução das mercadorias que não</p><p>foram vendidas é um direito do consignatário. Contudo,</p><p>a perda ou extravio das mercadorias gera</p><p>responsabilidade do consignatário pelos bens.</p><p>Alternativa B incorreta. A devolução das mercadorias</p><p>extingue a obrigação apenas se os bens estiverem em</p><p>perfeito estado. No caso de extravio ou dano, o</p><p>consignatário deve indenizar o consignante,</p><p>independentemente de ter conseguido vender parte dos</p><p>bens.</p><p>Alternativa D incorreta. O contrato estimatório não é um</p><p>contrato de compra e venda condicional. Ele permite ao</p><p>consignatário vender as mercadorias ou devolvê-las. O</p><p>pagamento integral só é devido se todas as mercadorias</p><p>forem vendidas ou se não forem devolvidas.</p><p>Alternativa E incorreta. A responsabilidade por extravio</p><p>ou danos recai sobre o consignatário, e ele deve</p><p>responder pelo valor das mercadorias perdidas ou</p><p>danificadas, salvo estipulação específica que o exonere</p><p>dessa responsabilidade.</p><p>Questão 37</p><p>Lucas, proprietário de um terreno, permitiu que seu</p><p>vizinho, Pedro, instalasse uma tubulação subterrânea</p><p>para escoar a água pluvial do imóvel de Pedro para um</p><p>rio que passa pelo terreno de Lucas. Esse acordo foi</p><p>formalizado por escrito e registrado no cartório de</p><p>imóveis, estabelecendo que Pedro teria o direito</p><p>permanente de manter e acessar a tubulação para</p><p>reparos, mesmo que Lucas decidisse vender o terreno no</p><p>futuro. Anos depois, Lucas vendeu o terreno para Clara,</p><p>que, ao tomar conhecimento do registro, tentou impedir</p><p>Pedro de acessar a tubulação, alegando que o direito de</p><p>uso era um acordo pessoal entre Lucas e Pedro.</p><p>Com base nas normas que regem os direitos reais e a</p><p>eficácia dos direitos sobre coisas alheias, assinale a</p><p>alternativa correta:</p><p>A) Clara deve respeitar o direito de Pedro, pois a servidão</p><p>foi constituída regularmente e registrada no cartório,</p><p>sendo um direito real que vincula terceiros.</p><p>B) Clara pode impedir Pedro de utilizar a tubulação, pois</p><p>o direito de uso estabelecido no contrato não é um</p><p>direito real, mas sim um direito pessoal entre as partes.</p><p>C) O direito de Pedro se extingue automaticamente com</p><p>a venda do imóvel para Clara, uma vez que o contrato</p><p>firmado entre Lucas e Pedro é ineficaz perante terceiros.</p><p>D) Pedro deve requerer a renovação de seu direito junto</p><p>a Clara, pois a servidão não é transferida</p><p>automaticamente a novos proprietários sem a anuência</p><p>expressa.</p><p>E) O direito de Pedro é válido apenas enquanto Lucas for</p><p>proprietário, sendo considerado um usufruto</p><p>temporário e vinculado à pessoa do anterior</p><p>proprietário.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: A</p><p>A alternativa A está correta.</p><p>A situação descrita</p><p>à época do provimento, o medicamento ou serviço não</p><p>possuíssem o respectivo registro nos órgãos</p><p>competentes. STF. 2ª Turma. RE 1.319.935 AgR ED/SP,</p><p>Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 19/09/2023 (Info</p><p>1109).</p><p>6</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>Questão 5</p><p>Ana, defensora pública, necessitou de informações sobre</p><p>um inquérito policial relacionado a um de seus assistidos.</p><p>No mesmo caso, o assistido indicou que a denunciante</p><p>obrara de má-fé, formalizando o boletim de ocorrência</p><p>somente para prejudicá-lo na ação de guarda em que</p><p>contendem. Ana, com fundamento em lei estadual,</p><p>solicita os dados na delegacia e formaliza uma requisição</p><p>de instauração de investigação para apurar eventual</p><p>denunciação caluniosa. Segundo o entendimento do</p><p>STF, é correto afirmar que:</p><p>A) A Defensoria Pública pode requisitar a instauração de</p><p>inquérito policial sem limitações.</p><p>B) A requisição de documentos e informações é</p><p>permitida, mas não a instauração de inquérito.</p><p>C) A Defensoria pode requisitar inquéritos em casos</p><p>onde a legislação estadual assim permitir.</p><p>D) A prerrogativa da Defensoria Pública se estende à</p><p>requisição de qualquer informação de natureza sigilosa.</p><p>E) O poder de requisitar a instauração de inquérito é</p><p>exclusivo do Ministério Público.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: B</p><p>O STF já decidiu que é constitucional lei complementar</p><p>estadual que confere à Defensoria Pública a prerrogativa</p><p>de requisitar, de quaisquer autoridades públicas e de</p><p>seus agentes, certidões, exames, perícias, vistorias,</p><p>diligências, processos, documentos, informações,</p><p>esclarecimentos e demais providências necessárias ao</p><p>exercício de suas atribuições. Esse mesmo raciocínio,</p><p>contudo, não vale para a requisição de inquérito policial.</p><p>É inconstitucional norma estadual que confere à</p><p>Defensoria Pública o poder de requisição para instaurar</p><p>inquérito policial. Isso porque o poder de requisitar a</p><p>instauração de inquérito policial está intrinsecamente</p><p>ligado à persecução penal, o que exige uma disciplina</p><p>uniforme em todo o território nacional. Nesse contexto,</p><p>o art. 5º do CPP — norma editada no exercício da</p><p>competência privativa da União para legislar sobre</p><p>direito processual (art. 22, I, CF/88) — já delimitou essa</p><p>atribuição, conferindo-a somente à autoridade judiciária</p><p>ou ao Ministério Público. Logo, viola o art. 22, I, da CF/88,</p><p>a norma estadual que, indo de encontro à disciplina</p><p>processual editada pela União, amplia o poder de</p><p>requisição para instauração de inquérito policial para</p><p>conferir tal atribuição à Defensoria Pública. STF.</p><p>Plenário. ADI 4346/MG, Rel. Min. Roberto Barroso,</p><p>redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado</p><p>em 13/03/2023 (Info 1086).</p><p>Questão 6</p><p>Uma nova lei estadual foi aprovada, proibindo a</p><p>suspensão do fornecimento de energia elétrica e água</p><p>sem aviso prévio ao consumidor por falta de pagamento.</p><p>Uma concessionária de serviços públicos questiona a</p><p>constitucionalidade dessa norma, incidentalmente, meio</p><p>a processo judicial. O juiz do caso, firme no</p><p>entendimento do STF, corretamente decide que:</p><p>A) A lei é constitucional, pois protege o consumidor de</p><p>cortes arbitrários, matéria está de competência</p><p>concorrente.</p><p>B) A norma estadual é inconstitucional, pois interfere na</p><p>competência legislativa privativa da União.</p><p>C) A lei é formalmente constitucional, mas</p><p>materialmente inconstitucional, pois interfere</p><p>desproporcionalmente na liberdade de iniciativa.</p><p>D) A lei é inconstitucional, pois cabe aos Municípios</p><p>legislar sobre temas de interesse local.</p><p>E) A lei é constitucional, pois, embora a competência</p><p>para regular esses serviços é exclusiva da União, existe</p><p>delegação específica sobre o ponto, nos termos do art.</p><p>22, parágrafo único, da CF/88, realizada por meio de lei</p><p>complementar federal.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: B</p><p>É inconstitucional lei estadual que proíbe, sob pena de</p><p>multa, o corte de energia elétrica e/ou água por falta de</p><p>pagamento sem que o consumidor seja avisado</p><p>previamente. Essa lei viola a competência da União para</p><p>dispor sobre a exploração de serviços e instalações de</p><p>energia elétrica (art. 21, XII, “b”, da CF/88) e para legislar</p><p>sobre energia (art. 22, IV), bem como a competência dos</p><p>municípios para legislar sobre o fornecimento de água,</p><p>serviço público essencial de interesse local (art. 30, I e V).</p><p>STF. Plenário.ADI 7.576/PB, Rel. Min. Cármen Lúcia,</p><p>julgado em 26/04/2024 (Info 1134)</p><p>7</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>Questão 7</p><p>Um estado implementou um cadastro de pessoas</p><p>condenadas por crimes sexuais contra crianças e</p><p>adolescentes, visando à proteção da sociedade. Em meio</p><p>a um processo criminal, esse cadastro é utilizado, o que</p><p>leva ao combativo advogado de defesa questionar a</p><p>constitucionalidade dessa norma. Segundo o</p><p>entendimento do STF, é correto afirmar que:</p><p>A) O cadastro é inconstitucional, pois viola o direito à</p><p>privacidade dos condenados.</p><p>B) A norma é válida desde que as informações das</p><p>vítimas não sejam divulgadas.</p><p>C) O cadastro é inconstitucional, pois viola o direito ao</p><p>esquecimento.</p><p>D) O cadastro é constitucional, devendo haver ampla</p><p>publicidade sobre os nomes dos condenados e das</p><p>vítimas, de modo a evitar que novos crimes desse tipo</p><p>sejam cometidos.</p><p>E) O cadastro é inconstitucional, pois violada a</p><p>competência privativa da União para legislar sobre</p><p>processo penal.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: B</p><p>É constitucional lei estadual que institui cadastro de</p><p>pessoas com condenação definitiva por crimes contra a</p><p>dignidade sexual praticados contra criança ou</p><p>adolescente ou por crimes de violência contra a mulher,</p><p>desde que não haja publicização dos nomes das vítimas</p><p>ou de informações que permitam a sua identificação. É</p><p>constitucional Lei estadual que institui cadastro de</p><p>pessoas condenadas por crimes contra a dignidade</p><p>sexual praticados contra criança ou adolescente ou por</p><p>crimes de violência contra a mulher, desde que (i) não</p><p>haja publicização dos nomes das vítimas ou de</p><p>informações que permitam a sua identificação e (ii)</p><p>somente sejam incluídos no referido cadastro os</p><p>condenados cuja sentença penal já tenha transitado em</p><p>julgado. STF. Plenário. ADI 6.620/MT, Rel. Min.</p><p>Alexandre de Moraes, julgado em 22/04/2024 (Info</p><p>1133)</p><p>Questão 8</p><p>Um grupo de magistrados do Tribunal de Justiça do Rio</p><p>de Janeiro, inconformados com a fixação da idade de</p><p>aposentadoria compulsória com 75 anos, pressiona a</p><p>Associação dos Magistrados Brasileiros a ajuizar uma</p><p>ação direta de inconstitucionalidade contra a referida</p><p>norma. Uma comissão de juristas da associação chega a</p><p>um parecer a partir da jurisprudência do STF sobre o</p><p>assunto. Em tal parecer, constará que:</p><p>A) A lei complementar padece de inconstitucionalidade</p><p>formal, pois ofende a autonomia dos Estados.</p><p>B) A lei complementar padece de inconstitucionalidade,</p><p>pois há reserva de iniciativa do Supremo Tribunal Federal</p><p>para legislar sobre regras ligadas ao regime jurídico da</p><p>magistratura.</p><p>C) A lei complementar é inconstitucional, pois invade a</p><p>competência dos municípios para legislar sobre</p><p>aposentadoria.</p><p>D) A lei complementar é constitucional, não estando</p><p>submetida a reserva da iniciativa.</p><p>E) A lei complementar é inconstitucional, posto que há</p><p>reserva de iniciativa do Presidente da República, que não</p><p>foi respeitada.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: D</p><p>É constitucional — por tratar de matéria que não se</p><p>submete à reserva de iniciativa do Supremo Tribunal</p><p>Federal — a Lei Complementar nº 152/2015, de autoria</p><p>parlamentar, que, ao elevar a idade da aposentadoria</p><p>compulsória no serviço público para 75 anos de idade,</p><p>inclui os magistrados. Tese fixada pelo STF: Não se</p><p>submete a reserva de iniciativa a lei complementar</p><p>nacional que, regulamentando a EC nº 88/2015, fixa em</p><p>75 (setenta e cinco) anos a idade de aposentadoria</p><p>compulsória para todos os agentes públicos titulares de</p><p>cargos efetivos ou vitalícios. STF. Plenário. ADI 5.430/DF,</p><p>Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 22/05/2023</p><p>configura uma servidão predial, que</p><p>é um direito real sobre coisa alheia, vinculado ao imóvel</p><p>e não à pessoa do proprietário. Como a servidão foi</p><p>regularmente constituída e registrada, ela é oponível a</p><p>terceiros, inclusive a Clara, que deve respeitar a</p><p>continuidade do direito de Pedro, independentemente</p><p>de quem seja o atual proprietário do imóvel.</p><p>A servidão predial é um direito real sobre coisa alheia,</p><p>em que um imóvel (denominado "prédio serviente") se</p><p>sujeita a um ônus em benefício de outro imóvel</p><p>(denominado "prédio dominante"). Esse direito permite</p><p>que o proprietário ou possuidor do prédio dominante</p><p>utilize parte do prédio serviente para fins específicos,</p><p>como passagem, escoamento de água, utilização de</p><p>recursos naturais, entre outros.</p><p>No caso apresentado, a instalação de uma tubulação</p><p>para escoamento de água no terreno de Lucas (prédio</p><p>serviente) em benefício do imóvel de Pedro (prédio</p><p>dominante) configura uma servidão predial, porque:</p><p>Vincula dois imóveis distintos, e não apenas as pessoas</p><p>de Lucas e Pedro.</p><p>É um direito permanente, independentemente de quem</p><p>venha a ser o proprietário do prédio serviente.</p><p>É constituído para o benefício de um imóvel (o prédio</p><p>dominante), e não apenas para a satisfação de uma</p><p>necessidade pessoal do proprietário.</p><p>O Código Civil brasileiro, nos artigos 1378 a 1389,</p><p>disciplina as servidões prediais e estabelece suas</p><p>características, como segue:</p><p>41</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>Art. 1.378: "A servidão predial é o direito real que se</p><p>estabelece em favor de um prédio, sobre outro prédio,</p><p>pertencente a dono diverso."</p><p>Art. 1.379: "A servidão não se presume; resulta de</p><p>declaração expressa dos proprietários, ou de usucapião."</p><p>Art. 1.380: "Constitui-se a servidão mediante título, ou</p><p>seja, por ato entre vivos ou por testamento, que se</p><p>transcreve no registro de imóveis."</p><p>Quanto as demais alternativas, vejamos:</p><p>Alternativa B incorreta. A servidão, por ser um direito</p><p>real, não se limita a um direito pessoal entre as partes.</p><p>Como foi registrada no cartório de imóveis, ela é válida</p><p>contra terceiros adquirentes, como Clara.</p><p>Alternativa C incorreta. A servidão não se extingue</p><p>automaticamente com a venda do imóvel, pois é um</p><p>direito real que acompanha o bem. Somente se houvesse</p><p>cláusula expressa de extinção ou o não cumprimento de</p><p>requisitos legais ela poderia ser anulada.</p><p>Alternativa D incorreta. A servidão não depende de</p><p>renovação. Uma vez constituída e registrada, ela</p><p>permanece válida enquanto existirem as condições</p><p>pactuadas, salvo extinção por renúncia, confusão ou</p><p>desapropriação.</p><p>Alternativa E incorreta. Usufruto e servidão são</p><p>institutos distintos. A servidão predial é permanente e</p><p>não se extingue com a venda do imóvel. Já o usufruto é</p><p>um direito real que se vincula ao uso e gozo temporário</p><p>de um bem e, geralmente, é vinculado à pessoa do</p><p>usufrutuário.</p><p>Questão 38</p><p>Ana estava dirigindo seu carro em uma estrada rural</p><p>quando, inesperadamente, um rebanho de ovelhas</p><p>atravessou a pista. Apesar de tentar frear bruscamente,</p><p>Ana não conseguiu evitar o atropelamento de alguns</p><p>animais, resultando em prejuízos para João, o dono do</p><p>rebanho. João ajuizou uma ação de reparação de danos</p><p>contra Ana, alegando que ela é responsável pelos danos</p><p>causados aos seus animais. Durante a instrução do</p><p>processo, ficou comprovado que as ovelhas escaparam</p><p>do cercado por negligência de João, que não realizou a</p><p>manutenção necessária nas cercas.</p><p>Com base nos princípios e nas excludentes de</p><p>responsabilidade civil, assinale a alternativa correta:</p><p>A) Ana é integralmente responsável pelos danos, pois o</p><p>fato de estar dirigindo implica o dever de cuidado</p><p>absoluto em relação a quaisquer obstáculos na pista.</p><p>B) Ana é parcialmente responsável pelos danos, pois</p><p>deveria ter previsto que, em áreas rurais, é comum haver</p><p>animais soltos na estrada e deveria ter redobrado a</p><p>atenção.</p><p>C) Ana não é responsável pelos danos, pois a causa</p><p>primária do acidente foi a negligência de João, que não</p><p>zelou pela manutenção adequada das cercas,</p><p>configurando culpa exclusiva da vítima.</p><p>D) Ana não é responsável pelos danos, mas deve pagar</p><p>uma indenização simbólica, pois, independentemente da</p><p>culpa de João, os danos aos animais devem ser</p><p>compensados.</p><p>E) Ana e João são corresponsáveis pelos danos, devendo</p><p>a indenização ser dividida proporcionalmente, uma vez</p><p>que ambos contribuíram para o acidente.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: C</p><p>A alternativa C está correta.</p><p>A culpa exclusiva da vítima é uma excludente de</p><p>responsabilidade civil que elimina o dever de indenizar,</p><p>pois rompe o nexo causal. A negligência de João em</p><p>manter as cercas foi a causa primária e determinante do</p><p>acidente, afastando a responsabilidade de Ana.</p><p>A responsabilidade civil, no ordenamento jurídico</p><p>brasileiro, depende da verificação de três requisitos</p><p>básicos:</p><p>Conduta ilícita (ação ou omissão) do agente.</p><p>Nexo causal entre a conduta e o dano.</p><p>Dano efetivamente sofrido pela vítima.</p><p>Se qualquer um desses elementos estiver ausente, não</p><p>haverá responsabilidade civil. Nesse contexto, as</p><p>excludentes de responsabilidade surgem como situações</p><p>que rompem o nexo causal entre a conduta do agente e</p><p>o dano sofrido pela vítima. Uma dessas excludentes é</p><p>justamente a culpa exclusiva da vítima.</p><p>A culpa exclusiva da vítima ocorre quando o evento</p><p>danoso é causado exclusivamente pela conduta ou</p><p>omissão da própria vítima, de forma a romper</p><p>totalmente o nexo de causalidade entre o</p><p>comportamento do agente e o prejuízo sofrido. Em</p><p>outras palavras, a vítima age (ou deixa de agir) de tal</p><p>42</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>forma que ela própria é a única responsável pelo</p><p>resultado danoso.</p><p>Essa excludente, quando presente, afasta a</p><p>responsabilidade do agente, pois, mesmo que ele tenha</p><p>participado do contexto do evento, sua conduta não é</p><p>determinante para o resultado final. A culpa exclusiva da</p><p>vítima elimina o nexo causal e, consequentemente, o</p><p>dever de indenizar.</p><p>Quanto as demais alternativas, vejamos:</p><p>Alternativa A incorreta. Embora o condutor de veículo</p><p>tenha o dever de cuidado, ele não responde por</p><p>acidentes causados exclusivamente pela ação ou</p><p>omissão de terceiros. A responsabilidade civil depende</p><p>de um nexo de causalidade entre a conduta do agente e</p><p>o dano, o que não ocorre se a culpa for exclusiva de</p><p>outrem.</p><p>Alternativa B incorreta. A responsabilidade de prever</p><p>obstáculos na pista depende de circunstâncias normais</p><p>de trânsito. No caso, a saída das ovelhas ocorreu por</p><p>negligência do dono, caracterizando fato exclusivo da</p><p>vítima, que rompe o nexo de causalidade.</p><p>Alternativa D incorreta. A responsabilidade civil não</p><p>admite indenizações simbólicas sem que haja nexo</p><p>causal ou culpa. Como não houve culpa de Ana, não há</p><p>fundamento para impor uma indenização, mesmo que</p><p>simbólica.</p><p>Alternativa E incorreta. Não há corresponsabilidade</p><p>quando um dos envolvidos comete culpa exclusiva. No</p><p>caso, a omissão de João (culpa exclusiva) afasta a</p><p>responsabilidade de Ana.</p><p>DIREITO PROCESSUAL CIVIL</p><p>Professor Rodrigo Vaslin</p><p>Questão 39</p><p>João Cláudio e Caio estavam em debate sobre o Código</p><p>de Processo Civil. Caio dizia que o recorrente pode, a</p><p>qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos</p><p>litisconsortes, desistir do recurso. Afirmou ainda que não</p><p>é possível exigir o recolhimento do preparo recursal após</p><p>a desistência de recurso que verse sobre a concessão da</p><p>gratuidade da justiça. João Cláudio, por outro lado, dizia</p><p>que o recorrente não pode desistir do recurso sem a</p><p>anuência do recorrido e que é possível exigir o</p><p>recolhimento do preparo recursal após a desistência de</p><p>recurso que verse sobre a concessão da gratuidade da</p><p>justiça. Sobre a situação apresentada, assinale a</p><p>alternativa CORRETA.</p><p>A) João Cláudio está totalmente correto e Caio está</p><p>parcialmente equivocado.</p><p>B) Caio está totalmente correto e João Cláudio está</p><p>totalmente equivocado.</p><p>C) Ambos estão totalmente equivocados.</p><p>D) João</p><p>Cláudio está parcialmente correto e Caio está</p><p>totalmente equivocado.</p><p>E) Caio está parcialmente correto e João Cláudio está</p><p>totalmente equivocado.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: B</p><p>Comentários: Letra B: certa. Art. 998. O recorrente</p><p>poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido</p><p>ou dos litisconsortes, desistir do recurso. Parágrafo</p><p>único. A desistência do recurso não impede a análise de</p><p>questão cuja repercussão geral já tenha sido</p><p>reconhecida e daquela objeto de julgamento de recursos</p><p>extraordinários ou especiais repetitivos.</p><p>STJ: Não é possível exigir o recolhimento do preparo</p><p>recursal após a desistência de recurso que verse sobre a</p><p>concessão da gratuidade da justiça. STJ. 3ª Turma. REsp</p><p>2.119.389-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em</p><p>23/4/2024 (Info 811).</p><p>Questão 40</p><p>A construtora X está sendo processada em um caso</p><p>complexo de responsabilidade civil devido a problemas</p><p>estruturais em um edifício. Nesse edifício, vários</p><p>apartamentos foram afetados, e cada proprietário tem</p><p>reclamações individuais em relação aos danos causados.</p><p>No entanto, todos os proprietários afetados desejam</p><p>que os problemas estruturais sejam resolvidos e que a</p><p>empresa responsável seja responsabilizada pelos danos.</p><p>Nessa situação, seria possível que cada proprietário</p><p>afetado apresentasse com uma ação individual para</p><p>buscar indenização por danos em seu próprio</p><p>apartamento. No entanto, devido à complexidade do</p><p>caso e à similaridade das reclamações, os proprietários</p><p>decidem se unir em um litisconsórcio multitudinário.</p><p>Diante da situação hipotética, é correto afirmar que a</p><p>limitação do litisconsórcio multitudinário</p><p>43</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>A) suspende o prazo para manifestação ou resposta, que</p><p>recomeçará da intimação da decisão que o solucionar.</p><p>B) é causa de extinção do processo.</p><p>C) poderá ser determinada pelo juiz quando o</p><p>litisconsórcio multitudinário comprometer a rápida</p><p>solução do litígio ou dificultar a defesa ou o</p><p>cumprimento da sentença.</p><p>D) poderá ser determinada pelo juiz apenas na fase de</p><p>conhecimento.</p><p>E) não poderá ser determinada pelo juiz de ofício, em</p><p>razão do cerceamento de defesa dos envolvidos no</p><p>processo.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: C</p><p>Comentários: letra a: errada. O requerimento de</p><p>limitação interrompe o prazo para manifestação ou</p><p>resposta, que recomeçará da intimação da decisão que o</p><p>solucionar" (art. 113, §2°, do CPC). Logo, não há</p><p>suspensão, mas sim interrupção do prazo para</p><p>manifestação ou resposta.</p><p>Letra b: errada. A doutrina majoritária aduz que o art.</p><p>113, §1º, pretende preservar garantias constitucionais,</p><p>de modo que não haverá extinção do processo original</p><p>em litisconsorte multitudinário, devendo o julgador</p><p>desmembrar o feito.</p><p>Letra c: certa. Art. 113, §1°, do CPC/2015: O juiz poderá</p><p>limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de</p><p>litigantes na fase de conhecimento, na liquidação de</p><p>sentença ou na execução, quando este comprometer a</p><p>rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou o</p><p>cumprimento da sentença.</p><p>Letra d: errada. Art. 113, §1°, do CPC/2015: O juiz poderá</p><p>limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de</p><p>litigantes na fase de conhecimento, na liquidação de</p><p>sentença ou na execução, quando este comprometer a</p><p>rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou o</p><p>cumprimento da sentença.</p><p>Letra e: errada. Por envolver matéria de ordem pública</p><p>(rápida solução do litígio e garantir a ampla defesa), pode</p><p>ser reconhecida de ofício pelo juiz da causa.</p><p>Questão 41</p><p>Assinale a alternativa correta sobre os recursos no</p><p>processo civil.</p><p>A) Considera-se omissa a decisão que deixe de se</p><p>manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos</p><p>repetitivos ou em incidente de assunção de competência</p><p>aplicável ao caso sob julgamento.</p><p>B) Caberá agravo interno contra a decisão que não</p><p>admitir recurso extraordinário pela ausência de</p><p>repercussão geral.</p><p>C) O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso</p><p>extraordinário ou a recurso especial deverá ser</p><p>formulado por requerimento dirigido ao presidente ou</p><p>ao vice-presidente do tribunal recorrido.</p><p>D) Sob pena de não conhecimento do recurso por</p><p>inovação recursal, as questões de fato não propostas no</p><p>juízo inferior jamais poderão ser suscitadas na apelação.</p><p>E) O exercício do direito recursal é pessoal e</p><p>intransferível, não aproveitando às demais partes, o</p><p>recurso interposto por um dos litisconsortes.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: A</p><p>Comentários: letra a: certa. Art. 1.022 Parágrafo único.</p><p>Considera-se omissa a decisão que: I - deixe de se</p><p>manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos</p><p>repetitivos ou em incidente de assunção de competência</p><p>aplicável ao caso sob julgamento;</p><p>Letra b: errada. Art. 1.042. Cabe agravo (em recurso</p><p>extraordinário) contra decisão do presidente ou do vice-</p><p>presidente do tribunal recorrido que inadmitir recurso</p><p>extraordinário ou recurso especial, salvo quando</p><p>fundada na aplicação de entendimento firmado em</p><p>regime de repercussão geral ou em julgamento de</p><p>recursos repetitivos</p><p>Letra c: errada. art. 1.029, § 5º O pedido de concessão de</p><p>efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a recurso</p><p>especial poderá ser formulado por requerimento</p><p>dirigido: I – ao tribunal superior respectivo, no período</p><p>compreendido entre a publicação da decisão de</p><p>admissão do recurso e sua distribuição, ficando o relator</p><p>designado para seu exame prevento para julgá-lo; II - ao</p><p>relator, se já distribuído o recurso; III – ao presidente ou</p><p>ao vice-presidente do tribunal recorrido, no período</p><p>compreendido entre a interposição do recurso e a</p><p>publicação da decisão de admissão do recurso, assim</p><p>44</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>como no caso de o recurso ter sido sobrestado, nos</p><p>termos do art. 1.037.</p><p>Letra d: errada. Art. 1.014. As questões de fato não</p><p>propostas no juízo inferior poderão ser suscitadas na</p><p>apelação, se a parte provar que deixou de fazê-lo por</p><p>motivo de força maior.</p><p>Letra e: errada. Art. 1.005. O recurso interposto por um</p><p>dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou</p><p>opostos os seus interesses. Parágrafo único. Havendo</p><p>solidariedade passiva, o recurso interposto por um</p><p>devedor aproveitará aos outros quando as defesas</p><p>opostas ao credor lhes forem comuns.</p><p>Questão 42</p><p>Regina e Roberto moravam na cidade de Campo Limpo,</p><p>casaram-se e tiveram um filho chamado Pedro. Em</p><p>janeiro de 2021, decidiram se divorciar e, após o</p><p>divórcio, Pedro, com cinco anos de idade, representado</p><p>por sua mãe, propôs ação de alimentos em face de seu</p><p>pai. A ação foi julgada procedente, condenando Roberto</p><p>ao pagamento mensal de um salário mínimo. Em 2023,</p><p>Roberto, em razão de uma proposta de emprego no qual</p><p>receberia o dobro do salário, mudou-se para a cidade de</p><p>Campos e Regina e Pedro para a cidade de Pontes, na</p><p>qual o custo de vida era mais alto. Diante das alterações</p><p>fáticas, Pedro, representado por sua mãe, decidiu propor</p><p>uma ação revisional de alimentos. Diante da situação</p><p>hipotética e considerando o disposto no Código de</p><p>Processo Civil e o atual entendimento do Superior</p><p>Tribunal de Justiça, a ação revisional</p><p>A) deverá ser proposta na cidade de Campo Limpo, em</p><p>razão do princípio da perpetuatio jurisdictionis.</p><p>B) deverá ser proposta na cidade de Campos, por ser o</p><p>novo domicílio de Roberto.</p><p>C) será julgada improcedente, uma vez que o pedido de</p><p>revisão de alimentos deveria ser feito na própria ação</p><p>originária.</p><p>D) deverá ser proposta na cidade de Pontes, por ser o</p><p>novo domicílio de Pedro.</p><p>E) poderá ser proposta em qualquer das comarcas,</p><p>ficando a critério de Pedro.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: D</p><p>Comentários: Letra d: certa. Art. 53. É competente o</p><p>foro: II - de domicílio ou residência do alimentando, para</p><p>a ação em que se pedem alimentos;</p><p>STJ: A competência para julgar ação de alimentos é</p><p>relativa, devendo a interpretação das normas que a</p><p>regem ser, sempre, a mais favorável ao alimentando.</p><p>Questão 43</p><p>Almir moveu uma ação</p><p>contra o Estado B questionando</p><p>a cobrança da taxa “Y”. Enquanto o processo estava em</p><p>andamento, um Ministro do Superior Tribunal de Justiça</p><p>(STJ), relator da controvérsia, determinou a afetação do</p><p>tema para julgamento sob o rito do IRDR, devido à</p><p>grande quantidade de recursos especiais sobre a</p><p>legalidade da referida taxa. O ministro também ordenou</p><p>o sobrestamento de todos os processos pendentes que</p><p>tratem sobre a matéria. O juiz responsável pelo processo</p><p>de Almir foi informado da determinação do ministro e,</p><p>em consequência, determinou a suspensão do processo</p><p>de Almir e do estado B. Almir, discordando da suspensão</p><p>do processo, ingressou com um pedido de</p><p>reconsideração em primeiro grau, argumentando que o</p><p>caso em questão trata da constitucionalidade da taxa</p><p>“Y”, e não da sua legalidade, sendo, portanto, diferente</p><p>daquele a ser julgado pelo STJ. Considerando a situação</p><p>hipotética, assinale a afirmativa correta.</p><p>A) O pedido de reconsideração deveria ser direcionado</p><p>ao ministro do STJ e não ao juiz de primeira instância.</p><p>B) O pedido de reconsideração apresentado não tem</p><p>previsão legal, mas apenas fundamento jurisprudencial.</p><p>C) O pedido de reconsideração apresentado por Almir</p><p>fundamentou-se na técnica processual chamada de</p><p>distinguishing.</p><p>D) Da decisão do juiz que indefere o pedido de</p><p>reconsideração, por entender que o tema discutido no</p><p>STJ é o mesmo do processo do autor, não cabe recurso,</p><p>mas sim mandado de segurança.</p><p>E) O pedido de reconsideração apresentado por Almir</p><p>fundamentou-se na técnica processual chamada de</p><p>overruling.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: C</p><p>45</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>Comentários: letra a: errada. Art. 1.037, § 1. O</p><p>requerimento a que se refere o § 9º será dirigido: I - ao</p><p>juiz, se o processo sobrestado estiver em primeiro grau;</p><p>Letra b: errada, pois há sim regramento legal sobre o</p><p>tema.</p><p>Letra c: certa. (...) Assim, o procedimento de alegação de</p><p>distinção (distinguishing) entre a questão debatida no</p><p>processo e a questão submetida ao julgamento sob o rito</p><p>dos recursos repetitivos, previsto no art. 1.037, §§9º a</p><p>13, do CPC, aplica-se também ao IRDR. Tanto os recursos</p><p>especiais e extraordinários repetitivos como o IRDR</p><p>compõem, na forma do art. 928, I e II, do CPC, um</p><p>microssistema de julgamento de questões repetitivas,</p><p>devendo o intérprete promover, sempre que possível, a</p><p>integração entre os dois mecanismos que pertencem ao</p><p>mesmo sistema de formação de precedentes</p><p>vinculantes. (...) STJ. 3ª Turma. REsp 1.846.109-SP, Rel.</p><p>Min. Nancy Andrighi, julgado em 10/12/2019 (Info 662).</p><p>Letra d: errada. Art. 1.037, § 13. Da decisão que resolver</p><p>o requerimento a que se refere o § 9º caberá: I - agravo</p><p>de instrumento, se o processo estiver em primeiro grau;</p><p>II - agravo interno, se a decisão for de relator.</p><p>Letra e: errada. O overruling é a superação total de um</p><p>precedente judicial, o que não ocorreu no caso.</p><p>Questão 44</p><p>Em determinado processo, o exequente obteve certidão</p><p>comprobatória da admissibilidade da execução por ele</p><p>ajuizada, averbando-a posteriormente no registro de</p><p>veículos no qual constava inscrito um bem do devedor,</p><p>além de ter comunicado tal providência ao juízo</p><p>competente. Antes de ser citado, o executado alienou a</p><p>propriedade desse bem para um terceiro. No curso do</p><p>processo, o veículo em questão foi indicado pelo</p><p>exequente para ser penhorado; porém, verificou-se que</p><p>não mais integrava o patrimônio do devedor. Diante do</p><p>cenário hipotético, à luz da disciplina do processo de</p><p>execução, julgue os itens a seguir:</p><p>I) A alienação efetuada após a averbação presume-se</p><p>que foi feita em fraude à execução.</p><p>II) A alienação realizada não constitui fraude à execução,</p><p>pois ocorreu antes da citação válida.</p><p>III) A averbação não é permitida, pois não há previsão</p><p>legal que autorize a emissão de certidão para este</p><p>propósito.</p><p>IV) A averbação premonitória realizada equivale à</p><p>penhora, razão pela qual induz preferência do credor em</p><p>prejuízo daquele em favor do qual foi realizada a</p><p>constrição judicial.</p><p>Está(ão) correto(s) apenas:</p><p>A) III e IV</p><p>B) I e IV</p><p>C) II</p><p>D) II e III</p><p>E) I</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: E</p><p>Comentários: Item I: certo. Art. 828. O exequente poderá</p><p>obter certidão de que a execução foi admitida pelo juiz,</p><p>com identificação das partes e do valor da causa, para</p><p>fins de averbação no registro de imóveis, de veículos ou</p><p>de outros bens sujeitos a penhora, arresto ou</p><p>indisponibilidade. § 4º Presume-se em fraude à execução</p><p>a alienação ou a oneração de bens efetuada após a</p><p>averbação.</p><p>Item II: errado. Art. 828, §4º, CPC, § 4º Presume-se em</p><p>fraude à execução a alienação ou a oneração de bens</p><p>efetuada após a averbação.</p><p>Item III: errado. Art. 828. O exequente poderá obter</p><p>certidão de que a execução foi admitida pelo juiz, com</p><p>identificação das partes e do valor da causa, para fins de</p><p>averbação no registro de imóveis, de veículos ou de</p><p>outros bens sujeitos a penhora, arresto ou</p><p>indisponibilidade.</p><p>Item IV: errado. O STJ decidiu, no âmbito do REsp</p><p>1.334.635/RS, que a averbação premonitória</p><p>anteriormente averbada no Cartório de Registro de</p><p>Imóveis não gera preferência em relação a penhora</p><p>posterior registrada por outro credor.</p><p>Questão 45</p><p>Em 2018, Luísa ingressou com ação de usucapião com o</p><p>objetivo de obter a propriedade de um determinado</p><p>imóvel em posse de Raquel. O pedido foi julgado</p><p>procedente e a sentença transitou em julgado em 2019.</p><p>Posteriormente, em 2022, Raquel ajuizou uma ação</p><p>rescisória, buscando a desconstituição da decisão,</p><p>alegando que, nesse ano, surgiram duas testemunhas,</p><p>cuja existência era desconhecida anteriormente, que</p><p>46</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>afirmaram que Luísa nunca exerceu a posse do imóvel</p><p>para a configuração da usucapião. Considerando a</p><p>situação hipotética, à luz das regras processuais e da</p><p>jurisprudência dos tribunais superiores, assinale a</p><p>afirmativa correta.</p><p>A) Com base no conceito de prova nova, a parte pode</p><p>trazer, em sede de rescisória, novos argumentos ao</p><p>processo.</p><p>B) O judiciário não deve conhecer a ação rescisória</p><p>proposta por Raquel, uma vez que a prova foi descoberta</p><p>somente após o trânsito em julgado da sentença.</p><p>C) Consoante o ordenamento jurídico processual,</p><p>qualquer tipo de prova, inclusive a testemunhal, é hábil</p><p>para fundamentar o pedido de desconstituição do</p><p>julgado rescindendo na ação rescisória.</p><p>D) Na hipótese de rescisão embasada em prova nova,</p><p>cuja existência era desconhecida e que foi obtida após o</p><p>trânsito em julgado, o prazo para ingresso com a ação</p><p>rescisória tem como termo inicial a data da descoberta</p><p>da prova nova, respeitando o limite máximo de dois</p><p>anos, contado a partir do trânsito em julgado da última</p><p>decisão proferida no processo.</p><p>E) A base de cálculo dos honorários advocatícios</p><p>sucumbenciais deve ter como parâmetro a a ação</p><p>originária cuja decisão se pretende rescindir.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: C</p><p>Comentários: Letra a: errada. A apresentação de nova</p><p>prova é um vício rescisório quando, apesar de</p><p>preexistente ao julgado, não foi juntada ao processo</p><p>originário pelo interessado por desconhecimento ou por</p><p>impossibilidade.</p><p>Letra b: errada. Art. 975, §2º, CPC “§ 2º Se fundada a</p><p>ação no inciso VII do art. 966, o termo inicial do prazo</p><p>será a data de descoberta da prova nova, observado o</p><p>prazo máximo de 5 (cinco) anos, contado do trânsito em</p><p>julgado da última decisão proferida no processo.” c/c</p><p>“Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado,</p><p>pode ser rescindida quando: VII - obtiver o autor,</p><p>posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja</p><p>existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz,</p><p>por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável;</p><p>letra c: certa. STJ, REsp 1770123/SP “O Código de</p><p>Processo Civil de 2015, com o nítido propósito de alargar</p><p>o espectro de abrangência do cabimento da ação</p><p>rescisória, passou a prever, no inciso VII do artigo 966, a</p><p>possibilidade de desconstituição do julgado</p><p>pela</p><p>obtenção de "prova nova" em substituição à expressão</p><p>"documento novo" disposta no mesmo inciso do artigo</p><p>485 do código revogado. No novo ordenamento jurídico</p><p>processual, qualquer modalidade de prova, inclusive a</p><p>testemunhal, é apta a amparar o pedido de</p><p>desconstituição do julgado rescindendo.” e Enunciado</p><p>656, FPPC: (art. 966, VII): “A expressão “prova nova” do</p><p>inciso VII do art. 966 do CPC/2015 engloba todas as</p><p>provas típicas e atípicas”.</p><p>Letra d: errada. art. 975, §2º, CPC, “§ 2º Se fundada a</p><p>ação no inciso VII do art. 966, o termo inicial do prazo</p><p>será a data de descoberta da prova nova, observado o</p><p>prazo máximo de 5 (cinco) anos, contado do trânsito em</p><p>julgado da última decisão proferida no processo.” c/c</p><p>“Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado,</p><p>pode ser rescindida quando: VII - obtiver o autor,</p><p>posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja</p><p>existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz,</p><p>por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável;”</p><p>Letra e: errada. A base de cálculo dos honorários</p><p>advocatícios sucumbenciais deve ter como parâmetro a</p><p>própria ação rescisória, e não a ação originária cuja</p><p>decisão se pretende rescindir (STJ. 3ª Turma. REsp</p><p>2.068.654-PA, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em</p><p>12/9/2023 (Info 790).</p><p>Questão 46</p><p>Leia os itens seguintes:</p><p>I- A busca pela solução consensual dos conflitos é direito</p><p>das partes e dever exclusivo do magistrado, não havendo</p><p>obrigação ao Estado para que promova, quando possível,</p><p>esse tipo de solução.</p><p>II- O estímulo à solução consensual dos conflitos pode</p><p>ser feito no processo já em curso, inclusive depois do</p><p>saneamento.</p><p>IIl- O Código de Processo Civil prevê taxativamente os</p><p>métodos de solução consensual de conflitos.</p><p>IV- A arbitragem não pode ser considerada um método</p><p>autocompositivo de solução de conflitos.</p><p>A) apenas os itens l e Ill.</p><p>B) apenas os itens ll e IV.</p><p>C) apenas os itens I, Il e III.</p><p>47</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>D) apenas os itens Il, lll e IV.</p><p>E) todos os itens.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: B</p><p>Comentários: letra I: errado. CPC, Art. § 3º A conciliação,</p><p>a mediação e outros métodos de solução consensual de</p><p>conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados,</p><p>defensores públicos e membros do Ministério Público,</p><p>inclusive no curso do processo judicial.</p><p>Item II: certo. CPC, Art. § 3º A conciliação, a mediação e</p><p>outros métodos de solução consensual de conflitos</p><p>deverão ser estimulados por juízes, advogados,</p><p>defensores públicos e membros do Ministério Público,</p><p>inclusive no curso do processo judicial.</p><p>Item III: errado. CPC, Art. 3. § 3º A conciliação, a</p><p>mediação e outros métodos de solução consensual de</p><p>conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados,</p><p>defensores públicos e membros do Ministério Público,</p><p>inclusive no curso do processo judicial.</p><p>Item IV: certo. Na arbitragem as partes confiam a</p><p>resolução do seu conflito a uma entidade externa,</p><p>caracterizando-a como um método heterocompositivo.</p><p>Questão 47</p><p>Em ação da responsabilidade civil, o réu foi devidamente</p><p>citado e, considerando que no local não havia Defensoria</p><p>Pública instalada, buscou escritório de prática jurídica de</p><p>faculdade de Direito reconhecido na forma da lei para</p><p>realizar a sua defesa. Nesse caso. de acordo com o</p><p>Código de Processo Civil. O prazo para a realização de sua</p><p>defesa será</p><p>A) simples, pois somente é concedido prazo superior se</p><p>houver convênio firmado com a Defensoria Púbica.</p><p>B) em quádruplo, à semelhança do que é conferido às</p><p>Defensorias Públicas.</p><p>C) simples, pois não há equiparação legal às Defensorias</p><p>Públicas.</p><p>D) em dobro, à semelhança do que é conferido às</p><p>Defensorias Públicas.</p><p>E) em quádruplo, somente no caso de contestação, não</p><p>se aplicando às demais manifestações processuais.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: D</p><p>Comentários: letra D: correta. Art. 186. A Defensoria</p><p>Pública gozará de prazo em dobro para todas as suas</p><p>manifestações processuais. § 1º O prazo tem início com</p><p>a intimação pessoal do defensor público, nos termos do</p><p>. § 2º A requerimento da Defensoria Pública, o juiz</p><p>determinará a intimação pessoal da parte patrocinada</p><p>quando o ato processual depender de providência ou</p><p>informação que somente por ela possa ser realizada ou</p><p>prestada. § 3º O disposto no caput aplica-se aos</p><p>escritórios de prática jurídica das faculdades de Direito</p><p>reconhecidas na forma da lei e às entidades que prestam</p><p>assistência jurídica gratuita em razão de convênios</p><p>firmados com a Defensoria Pública.</p><p>Questão 48</p><p>Julgue os itens a seguir:</p><p>I) Foi distribuída para determinado juiz ação em que é</p><p>parte instituição de ensino na qual ele leciona. Nessa</p><p>situação, o magistrado tem de se declarar suspeito, haja</p><p>vista que a suspeição independe de arguição do</p><p>interessado.</p><p>II) Em determinada ação de cobrança, o magistrado</p><p>julgou parcialmente procedente o pedido autoral,</p><p>condenando o réu a pagar metade do valor pleiteado.</p><p>Nessa situação, os honorários advocatícios deverão ser</p><p>compensados em razão da sucumbência recíproca.</p><p>III) O MP deixou de apresentar parecer após o prazo legal</p><p>que possuía para se manifestar como fiscal da ordem</p><p>jurídica. Nessa situação, o juiz deverá requisitar os autos</p><p>e dar andamento ao processo mesmo sem a referida</p><p>manifestação.</p><p>Está (ão) correto (s) o (s) item (ns):</p><p>A) todos estão corretos</p><p>B) apenas I e II</p><p>C) apenas III</p><p>D) apenas II e III</p><p>E) apenas II</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: C</p><p>Comentários: Item I: errado. É hipótese de</p><p>impedimento, e não suspeição. Art. 144. Há</p><p>impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas</p><p>funções no processo: VII - em que figure como parte</p><p>instituição de ensino com a qual tenha relação de</p><p>48</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>emprego ou decorrente de contrato de prestação de</p><p>serviços;</p><p>Item II: errado. Art 85, §14, CPC: Os honorários</p><p>constituem direito do advogado e têm natureza</p><p>alimentar, com os mesmos privilégios dos créditos</p><p>oriundos da legislação do trabalho, sendo vedada a</p><p>compensação em caso de sucumbência parcial.</p><p>Item III: certo. Dispôe o artigo 178, CPC que o Ministério</p><p>Público será intimado para, no prazo de 30 dias, intervir</p><p>como fiscal da ordem jurídica nas hipóteses previstas em</p><p>lei ou nos casos em que envolvam interesse público ou</p><p>social, interesse de incapaz e nos litígios coletivos pela</p><p>posse de terra rural ou urbana. Conforme 180, §1º, CPC:</p><p>"Findo o prazo para manifestação do Ministério Público</p><p>sem o oferecimento de parecer, o juiz requisitará os</p><p>autos e dará andamento ao processo."</p><p>Questão 49</p><p>Assinale a alternativa correta no que diz respeito ao</p><p>entendimento jurisprudencial, doutrinário e legal acerca</p><p>da reconvenção.</p><p>A) O juiz deve determinar a emenda na reconvenção,</p><p>possibilitando ao reconvinte, a fim de evitar a sua</p><p>rejeição prematura, corrigir defeitos e/ou</p><p>irregularidades.</p><p>B) Não é possível ao autor propor reconvenção da</p><p>reconvenção apresentada pelo réu reconvinte.</p><p>C) O réu reconvinte poderá, até o saneamento do</p><p>processo, aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir,</p><p>independentemente do consentimento do réu</p><p>reconvido.</p><p>D) Não são devidos honorários advocatícios na</p><p>reconvenção.</p><p>E) Na reconvenção, o pedido deverá ser determinado,</p><p>não sendo lícito ao réu reconvinte formular pedido</p><p>genérico mesmo quando não for possível determinar,</p><p>desde logo, as consequências do ato ou do fato.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: A</p><p>Comentários: letra a: certa. Dispõe o Enunciado 120 do</p><p>CJF: Deve o juiz determinar a emenda também na</p><p>reconvenção, possibilitando ao reconvinte, a fim de</p><p>evitar a sua rejeição prematura, corrigir defeitos e/ou</p><p>irregularidades.</p><p>Letra b: errada. É admissível a reconvenção sucessiva,</p><p>também denominada de reconvenção à reconvenção,</p><p>desde que a questão que justifique a propositura tenha</p><p>surgido na contestação ou na primeira reconvenção. STJ.</p><p>3ª Turma. REsp 1690216-RS, Rel. Min. Paulo de Tarso</p><p>Sanseverino, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi, julgado</p><p>em</p><p>22/09/2020 (Info 680).</p><p>Letra c: errada. Art. 329. O autor poderá: I - até a citação,</p><p>aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir,</p><p>independentemente de consentimento do réu; II - até o</p><p>saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e a</p><p>causa de pedir, com consentimento do réu, assegurado</p><p>o contraditório mediante a possibilidade de</p><p>manifestação deste no prazo mínimo de 15 (quinze) dias,</p><p>facultado o requerimento de prova suplementar.</p><p>Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo à</p><p>reconvenção e à respectiva causa de pedir.</p><p>Letra d: errada. Art. 85. A sentença condenará o vencido</p><p>a pagar honorários ao advogado do vencedor. § 1º São</p><p>devidos honorários advocatícios na reconvenção, no</p><p>cumprimento de sentença, provisório ou definitivo, na</p><p>execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos,</p><p>cumulativamente.</p><p>Letra e: errada. Art. 324. O pedido deve ser determinado.</p><p>§ 1º É lícito, porém, formular pedido genérico: I - nas</p><p>ações universais, se o autor não puder individuar os bens</p><p>demandados; II - quando não for possível determinar,</p><p>desde logo, as consequências do ato ou do fato; III -</p><p>quando a determinação do objeto ou do valor da</p><p>condenação depender de ato que deva ser praticado</p><p>pelo réu. § 2º O disposto neste artigo aplica-se à</p><p>reconvenção.</p><p>Questão 50</p><p>Assinale a alternativa correta.</p><p>A) Será definitiva a execução da decisão liminar</p><p>antecipatória de tutela fundada na urgência na hipótese</p><p>de não haver interposição de agravo pela parte ré.</p><p>B) A tutela da evidência, tal como disciplinada no CPC</p><p>vigente, tem por escopo promover a justa distribuição do</p><p>ônus de suportar o tempo do processo em vista do</p><p>direito fundamental à tutela sem dilações indevidas.</p><p>C) A decisão que antecipa a tutela em caráter</p><p>antecedente fará coisa julgada na hipótese de não haver</p><p>recurso e tampouco a propositura de demanda voltada à</p><p>49</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>sua reforma ou invalidação após transcorrido o prazo de</p><p>dois anos contados da decisão que extinguir o processo.</p><p>D) É inviável a desistência de recurso especial que tenha</p><p>sido selecionado como representativo da controvérsia</p><p>na sistemática dos recursos especiais repetitivos.</p><p>E) Segundo a orientação do Superior Tribunal de Justiça,</p><p>cabe reclamação na hipótese de decisão de tribunal</p><p>estadual deixar de observar padrão decisório firmado em</p><p>julgamento de recurso especial repetitivo.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: B</p><p>Comentários: letra a: errada. art. 294, §único, CPC, A</p><p>efetivação da tutela provisória observará as normas</p><p>referentes ao cumprimento provisório da sentença, no</p><p>que couber.</p><p>Letra b: certa. Segundo a doutrina, tal técnica de tutela</p><p>jurisdicional [tutela da evidência] destina-se a viabilizar a</p><p>distribuição do ônus do tempo do processo. [...]. É</p><p>resultado da admissão de que: I) O tempo do processo</p><p>não pode ser jogado nas costas do autor, como se esse</p><p>fosse o culpado pela demora inerente à investigação dos</p><p>fatos; II) portanto, o tempo do processo deve ser visto</p><p>como um ônus; III) o tempo deve ser distribuído entre os</p><p>litigantes em nome da necessidade de o processo tratá-</p><p>los de forma isonômica".</p><p>Letra c: errada. Art. 304. A tutela antecipada, concedida</p><p>nos termos do , torna-se estável se da decisão que a</p><p>conceder não for interposto o respectivo recurso.</p><p>Letra d: errada. Art. 988, Parágrafo único. A desistência</p><p>do recurso não impede a análise de questão cuja</p><p>repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquela</p><p>objeto de julgamento de recursos extraordinários ou</p><p>especiais repetitivos.</p><p>Letra e: errada. STJ, INFO 669: Não cabe reclamação para</p><p>o controle da aplicação de entendimento firmado pelo</p><p>STJ em recurso especial repetitivo. A reclamação</p><p>constitucional não trata de instrumento adequado para</p><p>o controle da aplicação dos entendimentos firmados</p><p>pelo STJ em recursos especiais repetitivos.</p><p>DIREITO EMPRESARIAL</p><p>Professor Alessandro Sanchez</p><p>Questão 51</p><p>No que concerne a Lei nº 6.404, que dispõe sobre as</p><p>Sociedades por Ações, é correto afirmar:</p><p>I. A companhia ou sociedade anônima terá o capital</p><p>dividido em ações, e a responsabilidade dos sócios ou</p><p>acionistas será limitada ao preço de emissão das ações</p><p>subscritas ou adquiridas.</p><p>II. É permitida a emissão de ações por preço inferior ao</p><p>seu valor nominal.</p><p>III. Para os efeitos desta Lei, a companhia é aberta ou</p><p>fechada conforme os valores mobiliários de sua emissão</p><p>estejam ou não admitidos à negociação no mercado de</p><p>valores mobiliários.</p><p>IV. O estatuto da companhia fixará o valor do capital</p><p>social, expresso em moeda nacional.</p><p>A sequência correta é:</p><p>A) Apenas as assertivas I e II estão corretas.</p><p>B) Apenas as assertivas I, II e III estão corretas.</p><p>C) Apenas a assertiva II está incorreta.</p><p>D) As assertivas I, III e IV estão corretas.</p><p>E) Todas as alternativas estão incorretas.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: D</p><p>I. A companhia ou sociedade anônima terá o capital</p><p>dividido em ações, e a responsabilidade dos sócios ou</p><p>acionistas será limitada ao preço de emissão das ações</p><p>subscritas ou adquiridas.</p><p>CORRETA. É a disposição do art. 1° da Lei n° 6.404/1976:</p><p>Art. 1º A companhia ou sociedade anônima terá o capital</p><p>dividido em ações, e a responsabilidade dos sócios ou</p><p>acionistas será limitada ao preço de emissão das ações</p><p>subscritas ou adquiridas.</p><p>II. É permitida a emissão de ações por preço inferior ao</p><p>seu valor nominal.</p><p>INCORRETA. Conforme art. 13, caput, LSA:</p><p>Art. 13. É vedada a emissão de ações por preço inferior</p><p>ao seu valor nominal.</p><p>§ 1º A infração do disposto neste artigo importará</p><p>nulidade do ato ou operação e responsabilidade dos</p><p>50</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>infratores, sem prejuízo da ação penal que no caso</p><p>couber.</p><p>§ 2º A contribuição do subscritor que ultrapassar o valor</p><p>nominal constituirá reserva de capital (artigo 182, § 1º).</p><p>De acordo com o Professor Rubens Requião (Curso de</p><p>direito comercial: 2° volume. 27. ed. São Paulo: Saraiva,</p><p>2010, pp. 100-103):</p><p>O valor da ação é igual à fração do capital social a que ela</p><p>corresponder. Esse valor, quando expresso no</p><p>certificado da ação, diz-se “valor nominal”.</p><p>[...]</p><p>[...]., é vedada a emissão de ações por preço inferior ao</p><p>seu valor nominal, Mantendo a lei o sistema de</p><p>intangibilidade do capital social, não é possível a emissão</p><p>de ações com deságio, isto é, com valor inferior ao</p><p>nominal. A infração importa a nulidade do ato ou</p><p>operação, inclusive de subscrição, com a</p><p>responsabilidade dos infratores, sem prejuízo da ação</p><p>penal que couber.</p><p>III. Para os efeitos desta Lei, a companhia é aberta ou</p><p>fechada conforme os valores mobiliários de sua emissão</p><p>estejam ou não admitidos à negociação no mercado de</p><p>valores mobiliários.</p><p>CORRETA. É o que dispõe o art. 4°, caput, LSA:</p><p>Art. 4° Para os efeitos desta Lei, a companhia é aberta ou</p><p>fechada conforme os valores mobiliários de sua emissão</p><p>estejam ou não admitidos à negociação no mercado de</p><p>valores mobiliários.</p><p>IV. O estatuto da companhia fixará o valor do capital</p><p>social, expresso em moeda nacional.</p><p>CORRETA. Literalidade do art. 5°, caput, da Lei n°</p><p>6.404/1976:</p><p>Art. 5º O estatuto da companhia fixará o valor do capital</p><p>social, expresso em moeda nacional.</p><p>Parágrafo único. A expressão monetária do valor do</p><p>capital social realizado será corrigida anualmente (artigo</p><p>167).</p><p>Questão 52</p><p>De acordo com a Lei nº 8.934/1994, que dispõe sobre o</p><p>Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades</p><p>Afins, devem-se arquivar necessariamente no órgão</p><p>responsável pela execução do registro público mercantil:</p><p>A) contratos sociais e suas alterações que não possuam</p><p>outorga uxória ou marital.</p><p>B) documentos que obedeçam às prescrições legais,</p><p>mesmo que contrários à ordem pública.</p><p>C) alterações contratuais, por deliberação majoritária do</p><p>capital social, desde que inexista cláusula restritiva.</p><p>D) atos constitutivos de empresas mercantis que,</p><p>declarando seu objeto, não designe a priori seu capital</p><p>social.</p><p>E) alterações</p><p>contratuais, por deliberação simples, ainda</p><p>que exista cláusula restritiva.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: C</p><p>A alternativa correta é a letra C.</p><p>A alternativa A está incorreta. De acordo com o art. 35:</p><p>“Não podem ser arquivados: VII - os contratos sociais ou</p><p>suas alterações em que haja incorporação de imóveis à</p><p>sociedade, por instrumento particular, quando do</p><p>instrumento não constar: b) a outorga uxória ou marital,</p><p>quando necessária.”</p><p>A alternativa B encontra-se incorreta. De acordo com o</p><p>art. 35: “Não podem ser arquivados: I - os documentos</p><p>que não obedecerem às prescrições legais ou</p><p>regulamentares ou que contiverem matéria contrária</p><p>aos bons costumes ou à ordem pública, bem como os</p><p>que colidirem com o respectivo estatuto ou contrato não</p><p>modificado anteriormente.”</p><p>A alternativa C encontra-se correta. De acordo com o art.</p><p>35: “Não podem ser arquivados: VI - a alteração</p><p>contratual, por deliberação majoritária do capital social,</p><p>quando houver cláusula restritiva.” A alternativa prevê</p><p>expressamente que inexiste cláusula restritiva, logo,</p><p>pode arquivar.</p><p>A alternativa D encontra-se incorreta. De acordo com o</p><p>art. 35: “Não podem ser arquivados: III - os atos</p><p>constitutivos de empresas mercantis que, além das</p><p>cláusulas exigidas em lei, não designarem o respectivo</p><p>capital e a declaração de seu objeto, cuja indicação no</p><p>nome empresarial é facultativa; (Redação dada pela Lei</p><p>nº 14.195, de 2021)”</p><p>51</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>Questão 53</p><p>No tocante à ordem de classificação dos créditos na</p><p>falência prevista na Lei nº 11.101/2005, que regula a</p><p>recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do</p><p>empresário e da sociedade empresária; os créditos</p><p>gravados com direito real de garantia</p><p>A) têm precedência aos créditos tributários, desde que</p><p>até o limite do bem gravado.</p><p>B) são valorados conforme contrato, independente do</p><p>valor efetivamente arrecadado com a venda do bem.</p><p>C) têm precedência aos créditos tributários, desde que</p><p>até o limite da dívida acrescida de correção monetária.</p><p>D) têm precedência em relação aos créditos derivados de</p><p>acidente de trabalho que extrapolem o limite previsto</p><p>em Lei.</p><p>E) têm precedência aos créditos trabalhistas, desde que</p><p>não ultrapassem 150 (cento e cinquenta) salários-</p><p>minímos por credor.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: A</p><p>A alternativa correta é a letra A.</p><p>Vejamos o que dispõe o art. 83 da Lei:</p><p>I - os créditos derivados da legislação trabalhista,</p><p>limitados a 150 (cento e cinquenta) salários-mínimos por</p><p>credor, e aqueles decorrentes de acidentes de trabalho;</p><p>(Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020)</p><p>II - os créditos gravados com direito real de garantia até</p><p>o limite do valor do bem gravado; (Redação dada pela Lei</p><p>nº 14.112, de 2020)</p><p>III - os créditos tributários, independentemente da sua</p><p>natureza e do tempo de constituição, exceto os créditos</p><p>extraconcursais e as multas tributárias;</p><p>VI - os créditos quirografários, a saber: (Redação dada</p><p>pela Lei nº 14.112, de 2020)</p><p>a) aqueles não previstos nos demais incisos deste artigo;</p><p>b) os saldos dos créditos não cobertos pelo produto da</p><p>alienação dos bens vinculados ao seu pagamento; e</p><p>c) os saldos dos créditos derivados da legislação</p><p>trabalhista que excederem o limite estabelecido no</p><p>inciso I do caput deste artigo;</p><p>VII - as multas contratuais e as penas pecuniárias por</p><p>infração das leis penais ou administrativas, incluídas as</p><p>multas tributárias;</p><p>VIII - os créditos subordinados, a saber: (Redação dada</p><p>pela Lei nº 14.112, de 2020)</p><p>a) os previstos em lei ou em contrato; e (Redação dada</p><p>pela Lei nº 14.112, de 2020)</p><p>b) os créditos dos sócios e dos administradores sem</p><p>vínculo empregatício cuja contratação não tenha</p><p>observado as condições estritamente comutativas e as</p><p>práticas de mercado; (Redação dada pela Lei nº 14.112,</p><p>de 2020)</p><p>IX - os juros vencidos após a decretação da falência,</p><p>conforme previsto no art. 124 desta Lei. (Incluído pela</p><p>Lei nº 14.112, de 2020</p><p>Questão 54</p><p>Em relação ao conceito de estabelecimento previsto no</p><p>Código Civil, assinale a afirmativa correta.</p><p>A) é o local onde se exerce a atividade empresarial.</p><p>B) compete ao município a fixação do horário de</p><p>funcionamento do estabelecimento, mesmo quando a</p><p>atividade empresarial for virtual.</p><p>C) pode ser objeto unitário de direitos e de negócios</p><p>jurídicos, translativos ou constitutivos, que sejam</p><p>compatíveis com a sua natureza.</p><p>D) o local, ao contrário do exercício da atividade, não</p><p>pode ser virtual, devendo ser, necessariamente,</p><p>informado endereço do empresário individual ou o de</p><p>um dos sócios da sociedade empresária.</p><p>E) poderá ser fixo ou virtual, mas a sociedade limitada</p><p>não poderá utilizar o endereço de um dos seus sócios</p><p>para finalidade societária.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: C</p><p>A alternativa correta é a letra C.</p><p>As alternativas A e D encontram-se incorreta. De acordo</p><p>com o § 1º do art. 1.142 do Código Civil: “O</p><p>estabelecimento não se confunde com o local onde se</p><p>exerce a atividade empresarial, que poderá ser físico ou</p><p>virtual. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)”</p><p>A alternativa C encontra- se correta. De acordo com o</p><p>art. 1.142 do Código Civil: “Considera-se</p><p>estabelecimento todo complexo de bens organizado,</p><p>para exercício da empresa, por empresário, ou por</p><p>sociedade empresária.”</p><p>52</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>A alternativa B encontra-se incorreta. De acordo com o §</p><p>3º do art. 1.142 do Código Civil: “Quando o local onde se</p><p>exerce a atividade empresarial for físico, a fixação do</p><p>horário de funcionamento competirá ao Município,</p><p>observada a regra geral prevista no inciso II do caput do</p><p>art. 3º da Lei nº 13.874, de 20 de setembro de 2019. “</p><p>Questão 55</p><p>Sobre o nome empresarial das companhias e sociedades,</p><p>de acordo com o Código Civil, assinale a afirmativa</p><p>correta.</p><p>A) a sociedade em conta de participação não pode ter</p><p>firma ou denominação.</p><p>B) a atribuição da responsabilidade limitada independe</p><p>da presença da palavra “limitada” no nome empresarial.</p><p>C) a sociedade anônima pode operar sob o nome do</p><p>fundador como firma acrescida da expressão “e</p><p>companhia”.</p><p>D) a sociedade anônima não pode operar sob</p><p>denominação de nome de fundador ou acionista no</p><p>nome empresarial.</p><p>E) a sociedade em conta de participação opera sob a</p><p>firma do sócio ostensivo.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: A</p><p>A alternativa correta é a letra A.</p><p>De acordo com o art. 1.162 do Código Civil: “A sociedade</p><p>em conta de participação não pode ter firma ou</p><p>denominação.”</p><p>A alternativa B encontra-se incorreta. De acordo com oi</p><p>art. 1158, § 3º do Código Civil: “A omissão da palavra</p><p>"limitada" determina a responsabilidade solidária e</p><p>ilimitada dos administradores que assim empregarem a</p><p>firma ou a denominação da sociedade.”</p><p>A alternativa C e D encontram-se incorretas. De acordo</p><p>com o art. 1.160 do Código Civil: “A sociedade anônima</p><p>opera sob denominação integrada pelas expressões</p><p>‘sociedade anônima’ ou ‘companhia’, por extenso ou</p><p>abreviadamente, facultada a designação do objeto</p><p>social. (Redação dada pela Lei nº 14.382, de 2022)</p><p>Parágrafo único. Pode constar da denominação o nome</p><p>do fundador, acionista, ou pessoa que haja concorrido</p><p>para o bom êxito da formação da empresa.”</p><p>Questão 56</p><p>Em relação às Sociedades em Conta de Participação,</p><p>assinale a afirmativa correta.</p><p>A) a constituição da sociedade em questão depende de</p><p>registro do contrato social na Junta Comercial</p><p>competente.</p><p>B) o registro do contrato de constituição da sociedade</p><p>deve se dar na Junta Comercial competente confere</p><p>personalidade jurídica à sociedade.</p><p>C) em decorrência do direito que o sócio participante</p><p>tem de fiscalizar a gestão dos negócios sociais, ele pode</p><p>tomar parte nas relações do sócio ostensivo perante</p><p>terceiros.</p><p>D) na sociedade em questão, a atividade constitutiva do</p><p>objeto social é exercida unicamente pelo sócio</p><p>ostensivo, em seu próprio nome e por sua</p><p>responsabilidade exclusiva, tendo os</p><p>demais sócios</p><p>participação nos resultados apenas.</p><p>E) na sociedade em questão, o sócio participante pode</p><p>comr ação de dissolução parcial de sociedade para a</p><p>exigência das comtas do sócio ostensivo.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: D</p><p>A alternativa correta é a letra D.</p><p>A alternativa A encontra-se incorreta. A sociedade em</p><p>conta de participação é prevista no Código Civil dentro</p><p>do subtítulo referente às sociedades não personificadas.</p><p>E, de acordo com o art. 992 do Código Civil: “a</p><p>constituição da sociedade em conta de participação</p><p>independe de qualquer formalidade e pode provar-se</p><p>por todos os meios de direito.”</p><p>A alternativa B encontra-se incorreta. Conforme</p><p>mencionado acima, a sociedade em conta de</p><p>participação é prevista no Código Civil dentro do</p><p>subtítulo referente às sociedades não personificadas. E,</p><p>conforme previsto no art. 993 do Código Civil: “O</p><p>contrato social produz efeito somente entre os sócios, e</p><p>a eventual inscrição de seu instrumento em qualquer</p><p>registro não confere personalidade jurídica à sociedade.”</p><p>A alternativa C encontra-se incorreta. O parágrafo único</p><p>do art. 993 do Código Civil dispõe que: “sem prejuízo do</p><p>direito de fiscalizar a gestão dos negócios sociais, o sócio</p><p>participante não pode tomar parte nas relações do sócio</p><p>ostensivo com terceiros, sob pena de responder</p><p>53</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>solidariamente com este pelas obrigações em que</p><p>intervier.”</p><p>A alternativa D encontra-se correta. Conforme disposto</p><p>no art. art. 991 do Código Civil: “na sociedade em conta</p><p>de participação, a atividade constitutiva do objeto social</p><p>é exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu</p><p>nome individual e sob sua própria e exclusiva</p><p>responsabilidade, participando os demais dos resultados</p><p>correspondentes. Parágrafo único. Obriga-se perante</p><p>terceiro tão-somente o sócio ostensivo; e,</p><p>exclusivamente perante este, o sócio participante, nos</p><p>termos do contrato social.”</p><p>DIREITO PENAL</p><p>Professor Michael Procópio</p><p>Questão 57</p><p>Leia o seguinte excerto de uma obra da literatura</p><p>brasileira:</p><p>“Ele deixou de aborrecer-me porque eu chamei a radio</p><p>patrulha para ele, e ele ficou 4 horas detido. Quando ele</p><p>saiu andou dizendo que ia matarme” (JESUS, Carolina</p><p>Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. 10.</p><p>ed. - São Paulo : Ática, 2014, escrita mantida como na</p><p>obra).</p><p>Assinale a alternativa correta sobre o delito cometido</p><p>pelo personagem e narrado no trecho acima:</p><p>A) O delito cometido é de ação penal pública</p><p>incondicionada.</p><p>B) Caso haja violência doméstica e familiar contra a</p><p>mulher, há previsão de majorante, de um sexto a um</p><p>terço.</p><p>C) Caso a conduta, ainda que formalmente típica, seja</p><p>considerada de menor relevância, é cabível a aplicação</p><p>do princípio da insignificância.</p><p>D) O delito pode ser cometido por escrito ou</p><p>verbalmente, mas não por gestos, conduta que pode</p><p>configurar outro tipo penal.</p><p>E) A doutrina admite que o crime mencionado no trecho</p><p>seja cometido de forma explícita ou implícita, de forma</p><p>indireta ou direta e, ainda, com uma promessa feita de</p><p>forma condicional ou incondicional.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: E</p><p>A alternativa A está incorreta. Conforme o parágrafo</p><p>único do artigo 147, que trata do delito de ameaça, a</p><p>ação penal é pública condicionada à representação do</p><p>ofendido.</p><p>A alternativa B está incorreta. Não há previsão de</p><p>majorante no delito de ameaça.</p><p>A alternativa C está incorreta. O STJ não tem aceitado a</p><p>bagatela no delito do artigo 147 do CP:</p><p>6. Inaplicável o princípio bagatelar ao delito de ameaça,</p><p>porquanto além de a aplicação de tal princípio se</p><p>restringir a crimes patrimoniais, a natureza de tal delito</p><p>se opõe frontalmente a um dos vetores imprescindíveis</p><p>à sua incidência, qual seja, nenhuma periculosidade</p><p>social da ação. (...)” (STJ, HC 357845/SC, Rel. Min. Nefi</p><p>Cordeiro, Sexta Turma, DJe 26/08/2016).</p><p>A alternativa D está incorreta. As formas de prática da</p><p>conduta de intimidação são: mediante palavras (na</p><p>presença da vítima ou por telefone, por exemplo), por</p><p>escrito (um bilhete ou uma mensagem de “Whatsapp”),</p><p>por gestos (seja apontando uma faca ou fazendo o gesto</p><p>de cortar o pescoço) ou, o que amplia as formas de</p><p>cometimento do crime, por qualquer outro meio</p><p>simbólico (por exemplo, caso em que o agente corta a</p><p>cabeça de todas as bonecas da filha da vítima, uma juíza,</p><p>por tê-lo condenado criminalmente).</p><p>A alternatvia E está correta. A ameaça pode ser explícita</p><p>(amanhã lhe darei uma surra) ou implícita (depois</p><p>amanhece com a boca cheia de formigas e não sabe por</p><p>que); direta (quando se volta à própria vítima intimidada)</p><p>ou indireta (quando se volta, por exemplo, contra um</p><p>familiar da vítima da promessa do mal injusto e grave),</p><p>podendo ser, ainda, incondicional (eu te matarei um dia</p><p>desses) ou condicional (se você me falar isso de novo,</p><p>vão lhe faltar alguns dentes).</p><p>Questão 58</p><p>Acerca dos crimes contra a administração pública,</p><p>analise as afirmativas a seguir:</p><p>I. Em atividade de policiamento ostensivo, é dada ordem</p><p>de parada, por policiais, a Marcos, que conduzia um</p><p>veículo de passeio. Após perseguição e forçado a parar,</p><p>disse que deixou de atender aos agentes públicos por</p><p>receio de ser preso por não ter pago pensão alimentícia.</p><p>Assim, a sua conduta é atípica, não se configurando</p><p>crime de desobediência.</p><p>54</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>II. Ao ser abordada por oficial de justiça, Marta, que foi</p><p>arrolada como testemunha, criticou a morosidade da</p><p>justiça, realizando comentários veementes de censura à</p><p>atuação dos servidores do Judiciário. A sua conduta é</p><p>atípica, não se configurando o delito de desacato.</p><p>III. Como a Lei n. 12.382/2011 disciplinou, em momento</p><p>superveniente, apenas a extinção da punibilidade em</p><p>consequência do parcelamento, sem dispor sobre o</p><p>pagamento, permanece em vigor, para a satisfação</p><p>integral do crédito tributário, a regra constante do art.</p><p>69 da Lei n. 11.941/2009, que admite efeitos penais</p><p>independentemente de o pagamento ter ocorrido antes</p><p>ou depois do recebimento da denúncia.</p><p>Está correto o que se afirma em:</p><p>A) I, apenas.</p><p>B) I e II, apenas.</p><p>C) I e III, apenas.</p><p>D) II e III, apenas.</p><p>E) I, II e III.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: D</p><p>O item I está incorreto. Por não ser atividade trânsito, há</p><p>o crime de desobediência:</p><p>De fato, "a desobediência de ordem de parada dada pela</p><p>autoridade de trânsito ou por seus agentes, ou mesmo</p><p>por policiais ou outros agentes públicos no exercício de</p><p>atividades relacionadas ao trânsito, não constitui crime</p><p>de desobediência, pois há previsão de sanção</p><p>administrativa específica no art. 195 do Código de</p><p>Trânsito Brasileiro, o qual não estabelece a possibilidade</p><p>de cumulação de sanção penal" (HC 369.082/SC, Rel.</p><p>Ministro FELIX FISCHER, Quinta Turma, DJe 01/08/2017).</p><p>4. Na hipótese dos autos, no entanto, a ordem de parada</p><p>não se deu por parte da autoridade competente de</p><p>trânsito ou de seus agentes, mas por policiais rodoviários</p><p>federais no exercício de sua atividade ostensiva de</p><p>repressão a delitos. Nesse diapasão: AgRg no AREsp</p><p>1467126/PR, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA</p><p>TURMA, julgado em 06/06/2019, DJe 11/06/2019.</p><p>Assim, encontra-se devidamente delineada a conduta</p><p>imputada ao recorrido, não havendo se falar, portanto,</p><p>em atipicidade. Merece, pois, amparo a insurgência</p><p>ministerial para restabelecer a condenação do recorrido</p><p>pelo crime do art. 330, do Código Penal. (STJ, AgRg no</p><p>REsp 1872022/MS, Rel. Min. Reynaldo Soares da</p><p>Fonseca, Quinta Turma, Julgamento em 23/06/2020).</p><p>O item II está correto. o STF enfrentou o tema, por sua</p><p>composição plenária, em Sessão Virtual, de 12.6.2020 a</p><p>19.6.2020, fixando a seguinte tese: “foi recepcionada</p><p>pela Constituição de 1988 a norma do artigo 331 do</p><p>Código Penal, que tipifica o crime de desacato".</p><p>Entretanto, foi dada uma interpretação restritiva ao</p><p>dispositivo, estipulando o voto vencedor que o crime,</p><p>que tutela a Administração Pública (e não a honra do</p><p>servidor), deve ser praticado</p><p>na presença do funcionário</p><p>público , não abrangendo ofensas por meio de imprensa</p><p>ou redes sociais. Ademais, o relator consignou ser</p><p>imprescindível um menosprezo em relação à própria</p><p>função pública exercida pelo agente, além de ser</p><p>necessário que o ato perturbe ou obstrua a execução das</p><p>funções do funcionário público. Disse que, na própria</p><p>jurisprudência do STF, já se reconhece a atipicidade de</p><p>reclamações, censuras ou críticas, ainda que veementes,</p><p>à atuação funcional do funcionário, com observância do</p><p>direito à liberdade de expressão.</p><p>O item III está correto. o STF julgou a ADI 4273,</p><p>entendendo constitucionais as normas que preveem a</p><p>suspensão e a extinção da punibilidade,</p><p>respectivamente, no caso de parcelamento e quitação</p><p>do débito tributário. Disse que as medidas</p><p>despenalizadoras promovem os fins da República</p><p>Federativa do Brasil, previstos no artigo 3º da</p><p>Constituição. Além disso, firmou o entendimento de que</p><p>a base para o parcelamento está no artigo 83, § 2º, da Lei</p><p>n. 9.430/1996, cuja redação foi alterada pela Lei n.</p><p>12.382/2011, a partir de quando se exige que a</p><p>formalização do parcelamento ocorra antes do</p><p>recebimento da denúncia. Quanto à extinção da</p><p>punibilidade, pode ocorrer a qualquer tempo, desde</p><p>que, nos termos do artigo 69 da Lei n. 11.941/2009, haja</p><p>a quitação do débito tributário:</p><p>“Como a Lei n. 12.382/2011 disciplinou, em momento</p><p>superveniente, apenas a extinção da punibilidade em</p><p>consequência do parcelamento, sem dispor sobre o</p><p>pagamento, permanece em vigor, para a satisfação</p><p>integral do crédito tributário, a regra constante do art.</p><p>69 da Lei n. 11.941/2009, impugnada na presente ação,</p><p>que admite efeitos penais independentemente de o</p><p>pagamento ter ocorrido antes ou depois do recebimento</p><p>da denúncia. 4. Revela-se prejudicada a arguição de</p><p>inconstitucionalidade em relação ao art. 68 da Lei n.</p><p>55</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>11.941/2009, na linha da firme jurisprudência deste</p><p>Tribunal (...). 5. Os arts. 67 e 69 da Lei n. 11.941/2009 e</p><p>o art. 9º, §§ 1º e 2º, da Lei n. 10.684/2003, questionados</p><p>em face da Constituição Federal, previram medidas</p><p>despenalizadoras quanto aos delitos dos arts. 1º e 2º da</p><p>Lei n. 8.137/1990 e dos arts. 168-A e 337-A do Código</p><p>Penal, consistentes na suspensão da pretensão punitiva</p><p>estatal em consequência do parcelamento de débitos</p><p>tributários de que trata a Lei n. 11.941/2009, bem assim</p><p>na extinção da punibilidade do agente caso seja realizado</p><p>o pagamento integral. 6. A extinção da punibilidade</p><p>como decorrência da reparação integral do dano</p><p>causado ao erário pela prática dos crimes contra a ordem</p><p>tributária constitui opção política há muito adotada no</p><p>ordenamento jurídico brasileiro, o que demonstra a</p><p>prevalência do interesse do Estado na arrecadação das</p><p>receitas provenientes dos tributos, para consecução dos</p><p>fins a que se destinam, em detrimento da aplicação da</p><p>sanção penal ao autor do crime. 7. O parcelamento e o</p><p>pagamento integral dos créditos tributários, além de</p><p>resultarem em incremento da arrecadação, exercendo</p><p>inequívoca função reparatória do dano causado ao</p><p>erário pela prática dos crimes tributários, funcionam</p><p>como mecanismos de fomento da atividade econômica</p><p>e, em consequência, de preservação e geração de</p><p>empregos. (...) Pedido prejudicado no que diz respeito ao</p><p>art. 68 da Lei n. 11.941/2009 e julgado improcedente</p><p>quanto às demais disposições legais impugnadas,</p><p>declarando-se constitucionais os arts. 67 e 69 da Lei n.</p><p>11.941/2009 e o art. 9º, §§ 1º e 2º, da Lei n. 10.684/2003.</p><p>(STF, ADI 4273, Relator Min. Nunes Marques, Tribunal</p><p>Pleno, julgado em 15-08-2023).</p><p>Está correta a alternativa D.</p><p>Questão 59</p><p>Analise as proposições abaixo sobre a reincidência e a</p><p>teoria da pena:</p><p>I- A condenação anterior por crime, se imposta apenas a</p><p>pena de multa, não impede a concessão do benefício de</p><p>suspensão condicional da pena.</p><p>II- A reincidência, desde que não seja específica, não</p><p>impede a substituição da pena privativa de liberdade por</p><p>restritiva de direitos se o juiz entender que essa medida</p><p>é socialmente recomendável.</p><p>III- Não se aplica ao reconhecimento dos maus</p><p>antecedentes o prazo quinquenal de prescrição da</p><p>reincidência, previsto no art. 64, I, do Código Penal,</p><p>podendo o julgador, fundamentada e eventualmente,</p><p>não promover qualquer incremento da pena-base em</p><p>razão de condenações pretéritas, quando as considerar</p><p>desimportantes, ou demasiadamente distanciadas no</p><p>tempo, e, portanto, não necessárias à prevenção e</p><p>repressão do crime, nos termos do comando do artigo</p><p>59, do Código Penal.</p><p>Está correto o que se afirma em:</p><p>A) Apenas a assertiva I.</p><p>B) Apenas a assertiva II.</p><p>C) Apenas a assertiva III.</p><p>D) I e III.</p><p>E) I, II e III.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: E</p><p>A assertiva I está correta. É o que prevê o artigo 77, § 1º,</p><p>do CP.</p><p>A assertiva II está correta. É o que está disposto no artigo</p><p>44, § 3º, do CP.</p><p>A assertiva III está correta. É o que decidiu o STF, fixando</p><p>a seguinte tese: Não se aplica ao reconhecimento dos</p><p>maus antecedentes o prazo quinquenal de prescrição da</p><p>reincidência, previsto no art. 64, I, do Código Penal,</p><p>podendo o julgador, fundamentada e eventualmente,</p><p>não promover qualquer incremento da pena-base em</p><p>razão de condenações pretéritas, quando as considerar</p><p>desimportantes, ou demasiadamente distanciadas no</p><p>tempo, e, portanto, não necessárias à prevenção e</p><p>repressão do crime, nos termos do comando do artigo</p><p>59, do Código Penal (Tema 150 da Repercussão Geral).</p><p>Questão 60</p><p>Analise as assertivas a seguir, que tratam dos crimes</p><p>contra a dignidade sexual:</p><p>I – É possível a configuração do delito de assédio sexual</p><p>contra alunos, por ser patente a ascendência em virtude</p><p>da função desempenhada pelo professor, que pode</p><p>interferir diretamente na avaliação e no desempenho</p><p>acadêmico do discente, contexto que lhe gera, inclusive,</p><p>o receio da reprovação.</p><p>II – Se o agente induzir pessoa manor de 14 anos a</p><p>presenciar relação sexual entre ele e a namorada, a fim</p><p>56</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>de satisfazer a sua lascívia, comete delito de estupro de</p><p>vulnerável, por envolver a contemplação lasciva.</p><p>III – Quem, se aproveitando da idade da vítima, oferece-</p><p>lhe dinheiro em troca de favores sexuais está a explorá-</p><p>la sexualmente, pois se utiliza da sexualidade de pessoa</p><p>ainda em formação como mercancia,</p><p>independentemente da existência ou não de terceiro</p><p>explorador. Assim, configura-se o delito previsto no</p><p>artigo 218-B, § 2º, I, do CP.</p><p>Assinale a alternativa correta:</p><p>A) Está correto o que se afirma em I e III.</p><p>B) Está correto o que se afirma em II e III.</p><p>C) Está correto o que se afirma apenas em I.</p><p>D) Está correto o que se afirma apenas em II.</p><p>E) Está correto o que se afirma apenas em III.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: A</p><p>I – O item I está correto. O STJ já decidiu que há relação</p><p>de ascendência na relação entre aluno e professor, de</p><p>modo que é possível a configuração do delito de assédio</p><p>sexual: “Por ocasião do julgamento do REsp n.</p><p>1.759.135/SP, que manteve a condenação de um</p><p>professor por assédio sexual contra uma aluna, concluiu-</p><p>se ser "patente a aludida 'ascendência', em virtude da</p><p>'função' desempenhada pelo agente devido à atribuição</p><p>que tem o professor de interferir diretamente na</p><p>avaliação e no desempenho acadêmico do discente,</p><p>contexto que lhe gera, inclusive, o receio da reprovação;</p><p>[...] a 'ascendência' constante do tipo penal objeto deste</p><p>recurso não deve se limitar à ideia de relação</p><p>empregatícia entre as partes".” (STJ, REsp 1730287/SC,</p><p>Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, Sexta Turma, DJe</p><p>19/12/2019)</p><p>II – O item II está incorreto, pois o caso narrado configura</p><p>o crime de satisfação de lascívia mediante presença de</p><p>criança ou adolescente, previsto no artigo 218-A do CP.</p><p>A contemplação lasciva que pode configurar o estupro</p><p>de vulnerável é o realizado em relação ao corpo do</p><p>menor de 14 anos, como se o agente induzir uma criança</p><p>a se despir e se tocar</p><p>para que ele se masturbe.</p><p>III – O item III está correto. Sobre o delito do artigo 218-</p><p>B, § 2º, inciso I, o STJ decidiu que não é necessária a</p><p>figura do intermediador para a configuração do delito e</p><p>que o legislador estabeleceu uma espécie de presunção</p><p>relativa de vulnerabilidade da pessoa menor de 18 e</p><p>maior de 14 anos de idade: “Nesse ensejo, a exploração</p><p>sexual é verificada sempre que a sexualidade da pessoa</p><p>menor de 18 e maior de 14 anos é tratada como</p><p>mercancia. A norma penal não exige a figura do</p><p>intermediador, além disso, o ordenamento jurídico</p><p>reconhece à criança e ao adolescente o princípio</p><p>constitucional da proteção integral, bem como o</p><p>respeito à condição peculiar de pessoa em</p><p>desenvolvimento. Assim, é lícito concluir que a norma</p><p>traz uma espécie de presunção relativa de maior</p><p>vulnerabilidade das pessoas menores de 18 e maiores de</p><p>14 anos. Logo, quem, se aproveitando da idade da</p><p>vítima, oferece-lhe dinheiro em troca de favores sexuais</p><p>está a explorá-la sexualmente, pois se utiliza da</p><p>sexualidade de pessoa ainda em formação como</p><p>mercancia, independentemente da existência ou não de</p><p>terceiro explorador. (STJ, EREsp 1.530.637/SP, Rel. Min.</p><p>Ribeiro Dantas, Terceira Seção, por maioria, julgado em</p><p>24/03/2021).</p><p>Estando corretos os itens I e III, a alternativa correta é a</p><p>letra A.</p><p>Questão 61</p><p>Sobre a teoria da imputação objetiva, desenvolvida por</p><p>Claus Roxin e por outros penalistas, assinale a opção</p><p>incorreta:</p><p>A) Se o agressor lesiona a vítima com animus necandi,</p><p>com a intenção de matar, e, ela, ao ser transportada para</p><p>o hospital, morre em um acidente de trânsito, prevalece</p><p>que o agente responderá por homicídio tentado, já que</p><p>a morte não lhe é imputável objetivamente.</p><p>B) Um resultado causado pelo agente só pode ser</p><p>imputado ao tipo objetivo se a conduta, por ele</p><p>praticada, houver criado um perigo para o bem jurídico</p><p>não coberto por um risco permi-tido. No caso de alguém</p><p>enviar outro a uma tormenta, torcendo para que seja</p><p>morto por um raio, não há risco proibido, conforme</p><p>ensina Roxin.</p><p>C) Segundo a teoria da evitabilidade, se o agente</p><p>aumenta o risco ao bem jurídico de forma não permitida,</p><p>deve ser responsabilizado pelo resultado que ocorrer.</p><p>Sua conduta é reprovável por piorar o risco ao bem</p><p>jurídico.</p><p>D) Excepcionalmente, pode desaparecer a imputação se</p><p>a abrangência da norma incrimi-nadora não alcança</p><p>57</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>determinados perigos e suas repercussões. É o chamado</p><p>âmbito de abrangência da norma.</p><p>E) Prevalece que a causalidade é um pressuposto da</p><p>imputação objetiva, de modo que, após constatado o</p><p>nexo de causalidade, deve-se analisar se há imputação</p><p>objetiva.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: C</p><p>A alternativa A está correta. “Há um acordo razoável no</p><p>caso do acidente de ambulância ou do incêndio no</p><p>hospital. Relacionam-se ao curso causal atípico, que</p><p>consiste na causação do resultado por um curso causal</p><p>totalmente incomum . A doutrina majoritária entende</p><p>que a imputação objetiva impede a responsabilização do</p><p>agressor que feriu a vítima e fez com que ela estivesse</p><p>no veículo ou no edifício, conforme o exemplo, pelo</p><p>resultado ocorrido, consistente na morte . Assim, se o</p><p>agressor lesiona a vítima com animus necandi, com a</p><p>intenção de matar, e, ela, ao ser transportada para o</p><p>hospital, morre em um acidente de trânsito, prevalece</p><p>que o agente responderá por homicídio tentado, já que</p><p>a morte não lhe é imputável objetivamente” (AVELAR,</p><p>Michael Procopio. Manual de Direito Penal. 3ª Edição.</p><p>São Paulo: Juspodivm, 2024).</p><p>A alternativa B está correta. “Claus Roxin, expoente do</p><p>funcionalismo teleológico, é um dos penalistas mais</p><p>relevantes da atualida-de. Por isso, é importante</p><p>conhecer os critérios por ele desenvolvidos para a</p><p>imputação do resultado ao agente. Com base na obra</p><p>dele, pode-se dividir a imputação objetiva em três</p><p>passos:</p><p>1) Um resultado causado pelo agente só pode ser</p><p>imputado ao tipo objetivo se a conduta, por ele</p><p>praticada, houver criado um perigo para o bem jurídico</p><p>não coberto por um risco permi-tido. No caso de alguém</p><p>enviar outro a uma tormenta, torcendo para que seja</p><p>morto por um raio, não há risco proibido. Ele utiliza aqui</p><p>uma variação do clássico exemplo do sobrinho rico,</p><p>envia-do pelo tio a uma montanha, no meio da</p><p>tempestade” (AVELAR, Michael Procopio. Manual de</p><p>Direito Penal. 3ª Edição. São Paulo: Juspodivm, 2024).</p><p>A alternativa C está incorreta e é o gabarito da questão.</p><p>A descrição corresponde à teoria da elevação do risco ou</p><p>do incremento do risco, defendida por Roxin, e não à</p><p>teoria da evitabilidade:</p><p>Crimes comissivos</p><p>Teoria da elevação do risco Teoria da evitabilidade</p><p>Se o agente aumenta o risco ao bem jurídico de forma</p><p>não permitida, deve ser responsabilizado pelo resultado</p><p>que ocorrer. Sua conduta é reprovável por piorar o risco</p><p>ao bem jurídico.</p><p>Se, apesar de o agente ter elevado o risco ao bem</p><p>jurídico, a sua conduta não teria evitado o resultado, ele</p><p>não deve ser responsabilizado por esse resultado.</p><p>Defendida por Roxin Defendida majoritariamente</p><p>A alternativa D está correta. Segundo Roxin, “Entretanto,</p><p>excepcionalmente pode desaparecer a imputação se a</p><p>abrangência da norma incriminadora não alcança</p><p>determinados perigos e suas repercussões. É o chamado</p><p>âmbito de abrangência da norma. Com esse critério, faz-</p><p>se uma análise da finalidade da nor-ma. Exemplifica o</p><p>mestre com alguém que convida outra pessoa a ir escalar</p><p>uma montanha, de-sejando um acidente, o qual</p><p>efetivamente ocorre. Ainda que com fundamentação em</p><p>direito ale-mão, o penalista conclui que não está no</p><p>âmbito de alcance da norma a autocolocação em</p><p>perigo”. (AVELAR, Michael Procopio. Manual de Direito</p><p>Penal. 3ª Edição. São Paulo: Juspodivm, 2024).</p><p>A alternativa E está correta. Existe divergência, mas de</p><p>fato prevalece a posição mencionada na assertiva:</p><p>• Há autores que entendem que a imputação objetiva</p><p>substitui as teorias da causalidade (teoria da</p><p>equivalência das condições e teoria da causalidade</p><p>adequada), que se baseiam no dogma causal (a</p><p>imputação ao resultado depende de uma relação de</p><p>causa e efeito), pela ideia do risco não permitido. É a</p><p>posição de Damásio de Jesus e Ramírez.</p><p>• Há autores que tratam da causalidade dentro da</p><p>imputação objetiva. Assim, a relação de causalidade</p><p>seria um elemento da imputação objetiva. É a posição de</p><p>Jakobs e Frisch, que parece ser seguida por Sanches</p><p>Cunha.</p><p>• Existe, ainda, a posição de que a causalidade é um</p><p>pressuposto da imputação objetiva, de modo que, após</p><p>constatado o nexo de causalidade, deve-se analisar se há</p><p>imputação objetiva. É o que defende Roxin e parece ser</p><p>a posição de Nucci, para quem a imputação objetiva</p><p>“interpõe-se, na verificação da tipicidade, entre o nexo</p><p>causal naturalístico e o elemento subjetivo”. É a posição</p><p>que parece prevalecer atualmente no Brasil.</p><p>58</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>Questão 62</p><p>Analise as assertivas sobre prescrição:</p><p>I - Em caso de inatividade processual decorrente de</p><p>citação por edital, ressalvados os crimes previstos na</p><p>Constituição Federal como imprescritíveis, é</p><p>constitucional limitar o período de suspensão do prazo</p><p>prescricional ao tempo de prescrição da pena máxima</p><p>em abstrato cominada ao crime, a despeito de o</p><p>processo permanecer suspenso.</p><p>II – Nos termos do inciso IV do artigo 117 do Código</p><p>Penal, o acórdão condenatório sempre interrompe a</p><p>prescrição, inclusive quando confirmatório da sentença</p><p>de 1º grau, seja mantendo, reduzindo ou aumentando a</p><p>pena anteriormente imposta.</p><p>III – É possível inserir, como regra, as decisões proferidas</p><p>pelo STJ como marcos interruptivos da prescrição, no</p><p>inciso IV do art. 117 do Código Penal, haja vista não ter</p><p>sido prevista nenhuma restrição pelo legislador.</p><p>IV – A reincidência, como reza o art. 117, inciso VI, do</p><p>Código Penal, interrompe o prazo da prescrição da</p><p>pretensão executória do Estado, considerando-se, como</p><p>marco interruptivo, a data da prática</p><p>de novo crime, e</p><p>não a do seu trânsito em julgado.</p><p>Estão corretas as assertivas:</p><p>A) I e III.</p><p>B) I, II e IV.</p><p>C) II e IV.</p><p>D) Apenas a III.</p><p>E) I e IV.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: B</p><p>O item I está correto. Foi o que decidiu o STF: "Em caso</p><p>de inatividade processual decorrente de citação por</p><p>edital, ressalvados os crimes previstos na Constituição</p><p>Federal como imprescritíveis, é constitucional limitar o</p><p>período de suspensão do prazo prescricional ao tempo</p><p>de prescrição da pena máxima em abstrato cominada ao</p><p>crime, a despeito de o processo permanecer suspenso".</p><p>(STF, RE 600.851/DF, Tema 438-RG, Rel. Min. Edson</p><p>Fachin, Plenário, Sessão Virtual de 27.11.2020 a</p><p>4.12.2020).</p><p>O item II está correto. em julgado finalizado em</p><p>27/04/2020, o Pleno do STF decidiu essa questão,</p><p>entendendo que o acórdão confirmatório da</p><p>condenação interrompe a prescrição. O Tribunal, por</p><p>maioria, indeferiu a ordem de habeas corpus e propôs a</p><p>fixação da seguinte tese: "Nos termos do inciso IV do</p><p>artigo 117 do Código Penal, o acórdão condenatório</p><p>sempre interrompe a prescrição, inclusive quando</p><p>confirmatório da sentença de 1º grau, seja mantendo,</p><p>reduzindo ou aumentando a pena anteriormente</p><p>imposta", nos termos do voto do Relator, vencidos os</p><p>Ministros Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Celso</p><p>de Mello. Plenário, Sessão Virtual de 17.4.2020 a</p><p>24.4.2020. (STF, HC 176473, Tribunal Pleno).</p><p>O item III está incorreto. As decisões proferidas por</p><p>Tribunais Superiores, pela via de recursos</p><p>extraordinários lato sensu (recurso especial e recurso</p><p>extraordinário stricto sensu) não interrompem a</p><p>prescrição. Isto porque não há confirmação da</p><p>condenação, com análise de matéria fático-probatória,</p><p>mas uniformização da interpretação da legislação</p><p>federal e controle de constitucionalidade. Neste sentido:</p><p>“Feitas essas considerações, não é possível nem</p><p>recomendável inserir, como regra, as decisões proferidas</p><p>pelo STJ como marcos interruptivos da prescrição, quer</p><p>no inciso III quer no inciso IV do art. 117 do Código Penal,</p><p>haja vista se tratar de dispositivos legais que devem ser</p><p>interpretados restritivamente e que guardam estreita</p><p>relação com a formação da culpa, a qual não é</p><p>propriamente examinada nos recursos para os Tribunais</p><p>Superiores.” (STJ, HC 826.977, Rel. p/ acórdão Min.</p><p>Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, julgamento</p><p>em 05/12/2023).</p><p>O item IV está correta. Interrompe-se o prazo em virtude</p><p>do início ou da continuação do cumprimento da pena,</p><p>bem como em razão da reincidência. No caso da</p><p>reincidência, o STJ consolidou sua jurisprudência no</p><p>sentido de que a interrupção da prescrição ocorre com a</p><p>prática do novo delito, e não a do seu trânsito em</p><p>julgado:</p><p>“(...) 2. Ambas as Turmas especializadas em direito penal</p><p>deste Sodalício entendem que a reincidência, como reza</p><p>o art. 117, inciso VI, do Código Penal, interrompe o prazo</p><p>da prescrição da pretensão executória do Estado,</p><p>considerando-se, como marco interruptivo, a data da</p><p>prática de novo crime, e não a do seu trânsito em julgado</p><p>(...)”. (STJ, HC 317662/RS, Rel. Min. Maria Thereza de</p><p>Assis Moura, Sexta Turma, DJe 06/05/2015).</p><p>Portanto, estão corretas as assertivas I, II e IV, sendo a</p><p>alternativa A o gabarito da questão.</p><p>59</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>Questão 63</p><p>Assinale a alternativa correta sobre os crimes contra o</p><p>patrimônio:</p><p>A) No caso do furto, a reincidência impede, por si só, que</p><p>o juiz da causa reconheça a insignificância penal da</p><p>conduta, à luz dos elementos do caso concreto.</p><p>B) A causa especial de aumento de pena do furto</p><p>cometido durante o repouso noturno pode se configurar</p><p>mesmo quando o crime é cometido em estabelecimento</p><p>comercial ou residência desabitada, desde que a vítima</p><p>esteja, no momento da conduta, efetivamente</p><p>repousando.</p><p>C) Na hipótese de o juiz da causa considerar penal ou</p><p>socialmente indesejável a aplicação do princípio da</p><p>insignificância por furto, em situações em que tal</p><p>enquadramento seja cogitável, eventual sanção privativa</p><p>de liberdade deverá ser fixada, como regra geral, em</p><p>regime inicial aberto, paralisando-se a incidência do art.</p><p>33, § 2º, c, do CP no caso concreto, com base no princípio</p><p>da proporcionalidade.</p><p>D) É possível o reconhecimento do privilégio previsto no</p><p>§ 2º do art. 155 do CP nos casos de furto mediante</p><p>fraude, se estiverem presentes a primariedade do</p><p>agente e o pequeno valor da coisa.</p><p>E) A jurisprudência do Tribunal Superior de Justiça</p><p>firmou-se no sentido de que, para a configuração da</p><p>majorante de restrição da liberdade das vítimas no delito</p><p>de roubo, a vítima deve ser mantida em poder do réu,</p><p>independentemente do maior ou menor período de</p><p>tempo.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: C</p><p>A alternativa A está incorreta. Trata-se de assertiva</p><p>oposta à tese fixada pelo STF: “ (i) a reincidência não</p><p>impede, por si só, que o juiz da causa reconheça a</p><p>insignificância penal da conduta, à luz dos elementos do</p><p>caso concreto” (STF, HC 123108, Relator Ministro</p><p>Roberto Barroso, Tribunal Pleno, julgado em 03-08-</p><p>2015).</p><p>A alternativa B está incorreta. O Superior Tribunal de</p><p>Justiça possui julgado em sentido oposto, não exigindo a</p><p>habitação da casa nem mesmo que o seu morador esteja</p><p>dormindo ou que se trate de estabelecimento comercial:</p><p>“A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que</p><p>a causa especial de aumento de pena do furto cometido</p><p>durante o repouso noturno pode se configurar mesmo</p><p>quando o crime é cometido em estabelecimento</p><p>comercial ou residência desabitada, sendo indiferente o</p><p>fato de a vítima estar, ou não, efetivamente repousando</p><p>(HC 191.300/MG, Rel. Ministra LAURITA VAZ, Quinta</p><p>Turma, julgado em 12/6/2012, DJe 26/6/2012), devendo</p><p>ser mantida, portanto, no caso. (STJ, AgRg no HC n.</p><p>609.143/SP, relator Ministro Reynaldo Soares da</p><p>Fonseca, Quinta Turma, julgado em 2/2/2021, DJe de</p><p>4/2/2021.)</p><p>A alternativa C está correta. Por maioria, foram também</p><p>acolhidas as seguintes teses pelo Plenário do STF: “(i) a</p><p>reincidência não impede, por si só, que o juiz da causa</p><p>reconheça a insignificância penal da conduta, à luz dos</p><p>elementos do caso concreto; e (ii) na hipótese de o juiz</p><p>da causa considerar penal ou socialmente indesejável a</p><p>aplicação do princípio da insignificância por furto, em</p><p>situações em que tal enquadramento seja cogitável,</p><p>eventual sanção privativa de liberdade deverá ser fixada,</p><p>como regra geral, em regime inicial aberto, paralisando-</p><p>se a incidência do art. 33, § 2º, c, do CP no caso concreto,</p><p>com base no princípio da proporcionalidade” (STF, HC</p><p>123108, Relator Ministro Roberto Barroso, Tribunal</p><p>Pleno, julgado em 03-08-2015).</p><p>A alternativa D está incorreta. O STJ considera possível a</p><p>incidência do privilégio somente se a qualificadora for de</p><p>natureza objetiva, conforme o enunciado 511 da Súmula</p><p>de sua jurisprudência: “É possível o reconhecimento do</p><p>privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de</p><p>furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade</p><p>do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for</p><p>de ordem objetiva.” Quanto ao furto mediante fraude, já</p><p>se decidiu que a qualificadora é de ordem subjetiva: A</p><p>qualificadora do emprego de fraude possui natureza</p><p>subjetiva e, por essa razão, por demonstrar maior</p><p>gravidade da conduta, torna incompatível o</p><p>reconhecimento da figura privilegiada do furto,</p><p>independentemente do pequeno valor da res furtiva e da</p><p>primariedade da agravante. (...)” (STJ, AgRg no AREsp</p><p>1841048/MS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,</p><p>Quinta Turma, DJe 19/12/2019).</p><p>A alternativa E está incorreta. Há causa de aumento de</p><p>pena se o agente mantém o ofendido em seu poder,</p><p>restringindo sua liberdade, como meio para a subtração</p><p>de coisa alheia móvel. A restrição da liberdade deve ser</p><p>relevante, sendo que normalmente se exige que supere</p><p>aquele tempo estritamente necessário para a prática da</p><p>60</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>subtração: “(...) 3. A jurisprudência desta Corte</p><p>Superior firmou-se</p><p>(Info</p><p>1095).</p><p>Questão 9</p><p>Com o aumento de surtos de doenças, um município</p><p>determinou a vacinação obrigatória contra uma doença</p><p>específica, utilizando vacinas aprovadas por órgãos de</p><p>vigilância sanitária. Um grupo de pais questionou a</p><p>obrigatoriedade da vacinação, alegando violação à</p><p>liberdade de consciência e o seu direito ao planejamento</p><p>familiar. Com base no entendimento do STF, é correto</p><p>afirmar que:</p><p>8</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>A) A vacinação obrigatória é inconstitucional, pois fere a</p><p>liberdade de consciência dos pais.</p><p>B) A obrigatoriedade da vacina é válida quando a</p><p>imunização for registrada e houver consenso médico-</p><p>científico.</p><p>C) Os pais podem recusar a vacinação, pois o Estado não</p><p>pode impor tratamentos médicos, cabendo-lhe somente</p><p>conscientizar a população.</p><p>D) A vacinação somente poderá ser obrigatória quando</p><p>houver um consenso médico das agências reguladoras</p><p>de, ao menos, vinte e cinco países.</p><p>E) A vacinação pode ser obrigatória, mas apenas em</p><p>casos de epidemias.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: B</p><p>O STF reconheceu a constitucionalidade da vacinação</p><p>obrigatória, desde que respeitados os critérios de</p><p>registro e consenso médico-científico. (Julgado: ARE</p><p>1.267.879/SP)</p><p>Questão 10</p><p>Um Estado da Federação estabeleceu, em sua</p><p>Constituição, a possibilidade de intervenção em</p><p>Municípios para pôr termo a grave comprometimento da</p><p>ordem pública. Segundo o entendimento do STF, é</p><p>correto afirmar que:</p><p>A) A norma estadual é constitucional, pois visa garantir a</p><p>ordem pública no município.</p><p>B) A norma estadual é inconstitucional, pois a</p><p>intervenção do estado em municípios deve seguir o que</p><p>está previsto no art. 35 da CF.</p><p>C) Os estados têm liberdade para legislar sobre</p><p>intervenção em municípios, estando limitados somente</p><p>pelas hipóteses previstas para intervenção da União nos</p><p>Estados, tal qual prevista no art. 34 da CF/88.</p><p>D) Tal previsão é válida, desde que seja aprovada em</p><p>referendo em que será ouvida a população diretamente</p><p>interessada.</p><p>E) A autonomia municipal é relativa e pode ser limitada</p><p>por leis estaduais.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: B</p><p>Justificativa: O STF considerou inconstitucional a norma</p><p>estadual que previa intervenção fora das hipóteses</p><p>taxativas do art. 35 da CF, em respeito à autonomia dos</p><p>municípios. (Julgado: ADI 6.619/RO)</p><p>DIREITO DO TRABALHO</p><p>Professora Juliana Morais</p><p>Questão 11</p><p>Com base nos direitos trabalhistas previstos no artigo 7º</p><p>da Constituição Federal de 1988 e nos entendimentos do</p><p>Supremo Tribunal Federal (STF) sobre esses direitos,</p><p>analise as alternativas abaixo e assinale a CORRETA:</p><p>A) Constitui direito dos trabalhadores a assistência</p><p>gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento</p><p>até 6 (seis) anos de idade em creches e pré-escolas.</p><p>B) A Constituição Federal estabelece proibição de</p><p>trabalho noturno, perigoso ou insalubre aos menores de</p><p>dezoito e de qualquer trabalho a menores de quatorze</p><p>anos, salvo na condição de aprendiz.</p><p>C) Com base no artigo 7º, XXXIV, da Constituição Federal,</p><p>que assegura igualdade de direitos entre o trabalhador</p><p>com vínculo empregatício permanente e o trabalhador</p><p>avulso, o STF reconheceu que sempre que for pago ao</p><p>trabalhador com vínculo permanente, o adicional de</p><p>riscos é devido, nos mesmos termos, ao trabalhador</p><p>portuário avulso.</p><p>D) É direito dos trabalhadores urbanos e rurais a</p><p>proibição de diferença de salários, de exercício de</p><p>funções e de critério de admissão do trabalhador</p><p>portador de deficiência.</p><p>E) O STF, ao analisar a ADO 20, declarou a omissão</p><p>legislativa em relação à regulamentação da licença-</p><p>paternidade prevista no artigo 7º, XIX, da Constituição</p><p>Federal, mas afirmou que, em respeito ao princípio da</p><p>separação dos poderes, compete exclusivamente ao</p><p>Poder Legislativo sanar essa omissão, sem possibilidade</p><p>de deliberação posterior pela Suprema Corte.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: C</p><p>A alternativa C está CORRETA e é o gabarito do</p><p>enunciado.</p><p>O artigo 7º, XXXIV, da Constituição Federal, incluiu no rol</p><p>de direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de</p><p>outros que visem à melhoria de sua condição social, a "</p><p>9</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo</p><p>empregatício permanente e o trabalhador avulso".</p><p>O STF, no RE 597124 - que discutiu, à luz dos artigos 5º,</p><p>II; e 7º, XXIII e XXXIV, da Constituição Federal, a extensão,</p><p>ou não, aos trabalhadores portuários avulsos, do</p><p>adicional de risco portuário previsto no art. 14 da Lei nº</p><p>4.860/65 e pago aos trabalhadores portuários com</p><p>vínculo empregatício permanente - fixou a tese de</p><p>repercussão geral constante do Tema 222, cujo teor é o</p><p>seguinte:</p><p>Tema 222 de RG: Sempre que for pago ao trabalhador</p><p>com vínculo permanente, o adicional de riscos é devido,</p><p>nos mesmos termos, ao trabalhador portuário avulso.</p><p>A alternativa A está INCORRETA.</p><p>O artigo 7º, XXV, da Constituição Federal, elencou no rol</p><p>de direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, a</p><p>"assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o</p><p>nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-</p><p>escolas.</p><p>Ressalte-se que, até o advento da EC 53 de 2006, a</p><p>assistência gratuita se estendia do nascimento até os seis</p><p>anos de idade, mas esse limite etário não está em</p><p>conformidade com a redação atual do dispositivo</p><p>constitucional.</p><p>A alternativa B está INCORRETA.</p><p>O artigo 7º, XXXII, da Constituição Federal estabelece a</p><p>proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a</p><p>menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores</p><p>de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir</p><p>de quatorze anos.</p><p>A alternativa reproduz a redação original da CF, alterada</p><p>pela EC 20/98, que elevou a idade mínima de trabalho</p><p>para 16 anos.</p><p>A alternativa D está INCORRETA.</p><p>Segundo o artigo 7º, XXXI, da CF veda a proibição de</p><p>qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de</p><p>admissão do trabalhador portador de deficiência. Não há</p><p>vedação, portanto, à distinção no tocante ao exercício de</p><p>funções, mesmo porque determinadas funções podem</p><p>ser incompatíveis com a deficiência do trabalhador.</p><p>A alternativa E está INCORRETA.</p><p>O artigo 7º, XIX, incluiu no rol de direitos dos</p><p>trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que</p><p>visem à melhoria de sua condição social, a "licença-</p><p>paternidade, nos termos fixados em lei".</p><p>Para viabilizar o exercício desse direito, o artigo 10, § 1º,</p><p>do ADCT criou regra transitória, prevendo que "até que</p><p>a lei venha a disciplinar o disposto no art. 7º, XIX, da</p><p>Constituição, o prazo da licença-paternidade a que se</p><p>refere o inciso é de cinco dias".</p><p>Diante da omissão legislativa prolongada, o STF, ao julgar</p><p>a ADO 20, reconheceu a omissão inconstitucional quanto</p><p>à edição de lei regulamentadora da licença-paternidade,</p><p>prevista no artigo 7º, XIX, da Constituição da República</p><p>de 1988, e fixou o prazo de 18 meses para que seja</p><p>sanada a omissão pelo Poder Legislativo, o que, se não</p><p>ocorrer, autorizará o Supremo Tribunal Federal a</p><p>deliberar sobre as condições concretas necessárias ao</p><p>gozo do direito fundamental à licença-paternidade. Cabe</p><p>transcrever trecho da ementa:</p><p>[...] Pedido de declaração da omissão inconstitucional</p><p>procedente, para declarar a mora legislativa, quanto à</p><p>regulamentação do artigo 7°, XIX, da CRFB e artigo 10,</p><p>§1°, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias,</p><p>determinando-se o prazo de 18 meses ao Congresso</p><p>Nacional para sanar a omissão, o que se não ocorrer,</p><p>autorizará o Supremo Tribunal Federal a deliberar sobre</p><p>o tema. 10. Tese: “Há omissão inconstitucional quanto à</p><p>edição de lei regulamentadora da licença-paternidade,</p><p>prevista no artigo 7º, XIX, da Constituição da República</p><p>de 1988, fixando-se o prazo de 18 (dezoito) meses para</p><p>que seja sanada a omissão pelo Poder Legislativo, o que,</p><p>se não ocorrer, autoriza ao Supremo Tribunal Federal a</p><p>deliberar sobre as condições concretas necessárias ao</p><p>gozo do direito fundamental à licença-paternidade.”</p><p>(ADO 20, Relator(a):</p><p>no sentido de que, para a</p><p>configuração da majorante de restrição da liberdade das</p><p>vítimas no delito de roubo, a vítima deve ser mantida</p><p>por tempo juridicamente relevante em poder do réu, sob</p><p>pena de que sua aplicação seja uma constante em todos</p><p>os roubos. Precedentes.(...)” (STJ, HC 428617/SP, Rel.</p><p>Min. Joel Ilan Paciornik, 5ª T, DJe 01/08/2018)</p><p>Questão 64</p><p>Analise as proposições a seguir:</p><p>I- César, policial militar rodoviário, após uma abordagem,</p><p>se depara com um criminoso conhecido, seu desafeto,</p><p>que já o havia prendido em outro momento em razão de</p><p>um roubo. Ato contínuo, o policial dá voz de prisão ao</p><p>indivíduo que, imediatamente foge. Nesse instante, o</p><p>policial descarrega sua arma contra o fugitivo que é</p><p>atingido na perna e depois na cabeça. Dois dias após o</p><p>ocorrido, o indivíduo morre em razão da lesão sofrida, de</p><p>modo que César deve responder por homicídio.</p><p>II- Joaquim, cidadão português residente nos Países</p><p>Baixos, onde o uso medicinal de Cannabis é permitido,</p><p>vem a São Paulo para passar férias e traz consigo uma</p><p>pequena quantidade da substância, com a devida</p><p>prescrição de seu médico. Ao ser revistado na alfândega,</p><p>é preso em flagrante por tráfico de drogas. Joaquim sabe</p><p>que o uso de Maconha no Brasil não é permitido, mas</p><p>acredita que pelo fato de ser de uso medicinal, e que</p><p>estava com a receita de seu médico, não estava</p><p>cometendo nenhum crime. Assim, incorreu em erro de</p><p>proibição indireto.</p><p>III- Gustavo e Eric navegam pelo atlântico numa viagem</p><p>próxima à costa brasileira. Em dado momento a</p><p>embarcação entra em pane elétrica, que faz com que o</p><p>barco comece a afundar. Existem dois botes salva-vidas</p><p>a bordo. Eric, imaginando, por erro inevitável, haver</p><p>apenas um bote salva-vidas, e supondo-se em estado de</p><p>necessidade, joga ao mar Gustavo, que se afoga em</p><p>seguida. Agiu em descriminante putativa por erro de</p><p>proibição.</p><p>Considerando a legislação vigente, a doutrina majoritária</p><p>e a jurisprudência dos Tribunais Superiores, está correto</p><p>o que se afirma em:</p><p>A) Apenas a assertiva I.</p><p>B) Apenas a assertiva II.</p><p>C) Apenas a assertiva III.</p><p>D) I e II.</p><p>E) I, II e III.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: D</p><p>A assertiva I está correta. A conduta acobertada por uma</p><p>excludente da ilicitude deve ser praticada com</p><p>razoabilidade, dentro dos limites da lei. Caso contrário,</p><p>configurar-se-á o excesso, que deve ser punido no</p><p>âmbito penal. Sobre o tema, prevê o artigo 23 do Código</p><p>Penal:</p><p>Excesso punível</p><p>Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses</p><p>deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.</p><p>A assertiva II está correta. No erro de proibição direto o</p><p>agente se equivoca quanto ao conteúdo de uma norma</p><p>proibitiva e no erro de proibição indireto o agente sabe</p><p>que a conduta é típica, mas supõe presente uma norma</p><p>permissiva. Joaquim poderia até saber que aqui o uso de</p><p>maconha era vedade, mas pensava que, no caso do</p><p>medicamento, haveria uma norma que permitiria, como</p><p>no seu país. Não seria razoável o sujeito alegar que não</p><p>sabia que aqui não se pode traficar entorpecentes, mas</p><p>é admissível a alegação de não saber que drogas para uso</p><p>médico, com a adequada prescrição, possui uma</p><p>permissão legal, apesar de a conduta ser típica.</p><p>A assertiva III está incorreta. O agente supôs estar em</p><p>estado de necessidade, mas não estava. Cuida-se de</p><p>descriminante (excludente de ilicitude) putativa</p><p>(imaginária). Como o erro se deu sobre a interpretação</p><p>dos dados da realidade, ou seja, ele errou sobre os</p><p>pressupostos fáticos da excludente de ilicitude, há uma</p><p>descriminante putativa por erro de tipo. A situação está</p><p>regulada pelo artigo 20, § 1º, do Código Penal:</p><p>§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente</p><p>justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato</p><p>que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção</p><p>de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível</p><p>como crime culposo.</p><p>Vale lembrar, ainda, que o erro sobre pressupostos</p><p>fáticos de uma excludente de ilicitude é tratado pelo</p><p>Código como erro de tipo, em razão da adoção da teoria</p><p>limitada da culpabilidade.</p><p>61</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>Se as alternativas I e II estão corretas, o gabarito</p><p>corresponde à alternativa D.</p><p>Questão 65</p><p>Assinale a alternativa correta sobre iter criminis,</p><p>reparação do dano e arrependimento em matéria penal:</p><p>A) Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça</p><p>à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o</p><p>recebimento da denúncia ou da queixa, por ato</p><p>voluntário do agente, a pena será reduzida de um sexto</p><p>a um terço.</p><p>B) O agente que desiste de prosseguir na execução só</p><p>responde pelos atos já praticados, desde que tenha</p><p>agido de forma espontânea.</p><p>C) É circunstância que sempre atenua e pena ter o agente</p><p>procurado, por sua espontânea vontade e com</p><p>eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe</p><p>as conseqüências.</p><p>D) Sistema de vigilância realizado por monitoramento</p><p>eletrônico ou por existência de segurança no interior de</p><p>estabelecimento comercial pode, por si só, tornar</p><p>impossível a configuração do crime de furto.</p><p>E) Não há crime nos casos de flagrante esperado,</p><p>configura-se o crime impossível, previsto no artigo 17 do</p><p>Código Penal.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: C</p><p>A alternativa A está incorreta. A fração deve ser</p><p>selecionada entre um a dois terços, conforme artigo 16</p><p>do Código Penal: “Nos crimes cometidos sem violência</p><p>ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída</p><p>a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por</p><p>ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a</p><p>dois terços”.</p><p>A alternativa B está incorreta. O artigo 16 do Código</p><p>Penal exige que haja voluntariedade, e não</p><p>espontaneidade.</p><p>A alternativa C está correta, correspondendo,</p><p>literalmente, ao que prevê o artigo 65, III, b, do Código</p><p>Penal (primeira parte).</p><p>A alternativa D está incorreta. O entendimento fixado</p><p>pelo STJ é outro, de que “sistema de vigilância realizado</p><p>por monitoramento eletrônico ou por existência de</p><p>segurança no interior de estabelecimento comercial, por</p><p>si só, não torna impossível a configuração do crime de</p><p>furto (súmula 567).”</p><p>A alternativa E está incorreta, pois o entendimento de se</p><p>tratar de crime impossível é do flagrante preparado, e</p><p>não esperado. Conforme a Súmula 145 do STF: “Não há</p><p>crime quando a preparação do flagrante pela polícia</p><p>torna impossível a sua consumação”.</p><p>Assim, a alternativa C está correta.</p><p>LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL</p><p>Professor Ivan Marques</p><p>Questão 66</p><p>Acerca da finalidade específica obrigatória dos crimes de</p><p>abuso de autoridade, previstos na Lei n° 13.869/2019,</p><p>não faz parte do seu rol taxativo:</p><p>A) prejudicar outrem.</p><p>B) satisfação pessoal.</p><p>C) beneficiar a si mesmo.</p><p>D) prejudicar a si mesmo.</p><p>E) mero capricho.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: D</p><p>Lei 13.869. Art. 1º, § 1º.</p><p>Questão 67</p><p>Seguirá o processo e julgamento no âmbito do rito</p><p>comum sumaríssimo da Lei nº 9.099/1995, o crime de</p><p>ameaça:</p><p>A) praticados contra criança.</p><p>B) praticados em conexão com homicídio doloso.</p><p>C) praticados contra mulher.</p><p>D) praticados por juiz estadual.</p><p>E) praticados contra adolescente.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: C</p><p>Nem sempre esse crime será de competência da JVD.</p><p>62</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>Questão 68</p><p>Assinale a alternativa INCORRETA a respeito da</p><p>interceptação das comunicações telefônicas:</p><p>A) É impossível a determinação de interceptações</p><p>telefônicas com base em denúncia anônima, ainda que</p><p>corroborada por outros elementos que confirmem a</p><p>necessidade da medida excepcional.</p><p>B) A interceptação telefônica só será deferida quando</p><p>não houver outros meios de prova disponíveis à época</p><p>na qual a medida invasiva foi requerida, sendo ônus da</p><p>defesa demonstrar violação ao disposto no art. 2º, inciso</p><p>II, da Lei n. 9. 296/1996.</p><p>C) A garantia do sigilo das comunicações entre advogado</p><p>e cliente não confere imunidade para a prática de crimes</p><p>no exercício da advocacia, sendo lícita</p><p>a colheita de</p><p>provas em interceptação telefônica devidamente</p><p>autorizada e motivada pela autoridade judicial.</p><p>D) É desnecessária a realização de perícia para a</p><p>identificação de voz captada nas interceptações</p><p>telefônicas, salvo quando houver dúvida plausível que</p><p>justifique a medida.</p><p>E) Em razão da ausência de previsão na Lei n.</p><p>9.296/1996, é desnecessário que as degravações das</p><p>escutas sejam feitas por peritos oficiais.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: A</p><p>JURISPRUDÊNCIA EM TESES</p><p>EDIÇÃO n. 117: INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA</p><p>Tese: É possível a determinação de interceptações</p><p>telefônicas com base em denúncia anônima, desde que</p><p>corroborada por outros elementos que confirmem a</p><p>necessidade da medida excepcional.</p><p>DIREITOS HUMANOS</p><p>Professor Emerson Malheiro</p><p>Questão 69</p><p>Nos últimos anos, as questões envolvendo o respeito aos</p><p>direitos humanos no contexto das atividades</p><p>empresariais ganharam grande relevância. A ONU, por</p><p>meio de seus Princípios Orientadores sobre Empresas e</p><p>Direitos Humanos, estabeleceu diretrizes para que as</p><p>empresas atuem de maneira responsável em relação aos</p><p>direitos humanos. Considerando essas diretrizes e os</p><p>deveres das empresas nesse campo, assinale a</p><p>alternativa correta.</p><p>A) As empresas são obrigadas a respeitar os direitos</p><p>humanos apenas quando houver previsão específica na</p><p>legislação nacional de cada país em que operam.</p><p>B) As empresas têm o dever de respeitar os direitos</p><p>humanos, devendo, inclusive, implementar processos de</p><p>due diligence para identificar, prevenir e mitigar</p><p>impactos negativos em suas operações.</p><p>C) O compromisso das empresas com os direitos</p><p>humanos está limitado a suas operações diretas, sem</p><p>necessidade de monitoramento da cadeia de</p><p>fornecimento.</p><p>D) De acordo com os Princípios Orientadores da ONU, as</p><p>empresas não são obrigadas a fornecer reparação a</p><p>indivíduos ou comunidades afetadas por violações de</p><p>direitos humanos, sendo essa uma responsabilidade</p><p>exclusiva dos Estados.</p><p>E) Os Princípios Orientadores da ONU sobre Empresas e</p><p>Direitos Humanos são obrigatórios para todas as</p><p>empresas signatárias, independentemente do país de</p><p>origem.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: B</p><p>Justificativas:</p><p>A) Incorreta. O dever de respeitar os direitos humanos</p><p>pelas empresas não depende exclusivamente da</p><p>legislação nacional. De acordo com os Princípios</p><p>Orientadores da ONU sobre Empresas e Direitos</p><p>Humanos (2011), as empresas têm uma</p><p>responsabilidade independente de respeitar os direitos</p><p>humanos, independentemente das obrigações dos</p><p>Estados.</p><p>B) Correta. Os Princípios Orientadores estabelecem que</p><p>as empresas devem respeitar os direitos humanos e</p><p>implementar mecanismos de due diligence, que</p><p>envolvem identificar, prevenir, mitigar e prestar contas</p><p>sobre como abordam os impactos de suas atividades</p><p>sobre os direitos humanos. Esse processo deve ser</p><p>contínuo e abrangente, incluindo todas as suas</p><p>operações.</p><p>C) Incorreta. As empresas têm a responsabilidade de</p><p>monitorar não apenas suas operações diretas, mas</p><p>também suas cadeias de fornecimento, a fim de garantir</p><p>que os direitos humanos sejam respeitados ao longo de</p><p>63</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>todas as etapas da produção e distribuição, conforme</p><p>estabelecido nos Princípios Orientadores da ONU.</p><p>D) Incorreta. Embora os Estados tenham a</p><p>responsabilidade primordial de proteger os direitos</p><p>humanos, as empresas também podem ser responsáveis</p><p>por fornecer reparação quando suas operações</p><p>causarem ou contribuírem para violações de direitos</p><p>humanos, conforme estabelecido pelo Pilar 3 dos</p><p>Princípios Orientadores da ONU, que trata de reparação.</p><p>E) Incorreta. Os Princípios Orientadores da ONU não são</p><p>juridicamente vinculantes, mas funcionam como um guia</p><p>global para que empresas respeitem os direitos</p><p>humanos. Embora tenham uma forte adesão</p><p>internacional, sua implementação depende do</p><p>compromisso voluntário de cada empresa e da</p><p>regulamentação estatal aplicável.</p><p>Questão 70</p><p>A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) em</p><p>matéria de direitos humanos tem desempenhado um</p><p>papel fundamental na consolidação e efetividade desses</p><p>direitos no Brasil, especialmente em casos emblemáticos</p><p>que envolvem a dignidade da pessoa humana, o princípio</p><p>da igualdade e a proteção das minorias. A Constituição</p><p>Federal de 1988, ao incorporar tratados internacionais</p><p>de direitos humanos, elevou o patamar normativo</p><p>desses instrumentos. O STF, ao longo de sua atuação,</p><p>tem interpretado esses direitos à luz da Constituição e de</p><p>normas internacionais, estabelecendo precedentes de</p><p>grande relevância para a sociedade brasileira. Com base</p><p>na jurisprudência do STF em matéria de direitos</p><p>humanos, assinale a alternativa correta:</p><p>A) O STF considera os tratados internacionais de direitos</p><p>humanos com status de emenda constitucional,</p><p>independentemente do procedimento de aprovação no</p><p>Congresso Nacional.</p><p>B) O STF reconheceu a união estável entre pessoas do</p><p>mesmo sexo como entidade familiar com base nos</p><p>princípios da dignidade da pessoa humana e da</p><p>igualdade, mas ressalvou a adoção por casais</p><p>homoafetivos.</p><p>C) Em julgamento sobre o direito ao esquecimento, o STF</p><p>decidiu que esse direito é incompatível com a</p><p>Constituição Federal, pois viola o direito à liberdade de</p><p>expressão e à memória social.</p><p>D) O STF estabeleceu que, em situações de grave</p><p>violação de direitos humanos, a Justiça brasileira não</p><p>pode cooperar com o Tribunal Penal Internacional (TPI),</p><p>por entender que tal cooperação feriria a soberania</p><p>nacional.</p><p>E) O STF decidiu que a extradição de estrangeiros que</p><p>estejam sujeitos à pena de morte em seus países de</p><p>origem pode ser concedida, desde que haja garantia</p><p>formal de que a pena não será executada.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: C</p><p>Justificativas</p><p>A) Incorreta. O STF, em sua jurisprudência consolidada,</p><p>estabelece que os tratados internacionais de direitos</p><p>humanos aprovados pelo Congresso Nacional com o rito</p><p>do art. 5º, § 3º, da Constituição Federal (votação em dois</p><p>turnos em cada Casa do Congresso, por três quintos dos</p><p>votos) têm status de emenda constitucional. Tratados</p><p>aprovados sem esse rito têm status supralegal, ou seja,</p><p>estão acima das leis ordinárias, mas abaixo da</p><p>Constituição (HC 87.585).</p><p>B) Incorreta. O STF reconheceu a união estável entre</p><p>pessoas do mesmo sexo como entidade familiar em</p><p>2011, no julgamento da ADI 4.277 e da ADPF 132, com</p><p>base nos princípios da dignidade da pessoa humana,</p><p>igualdade e proibição de discriminação. Além disso, o STF</p><p>também reconheceu o direito à adoção por casais</p><p>homoafetivos, sem ressalvas, sendo um marco na</p><p>jurisprudência sobre direitos humanos no Brasil.</p><p>C) Correta. No julgamento do RE 1.010.606/RJ, Tema</p><p>786, o STF decidiu que o direito ao esquecimento é</p><p>incompatível com a Constituição Federal de 1988, pois</p><p>violaria a liberdade de expressão, a memória social e o</p><p>direito à informação. O tribunal entendeu que não se</p><p>pode suprimir fatos históricos da memória coletiva,</p><p>mesmo que eles causem constrangimento a</p><p>determinadas pessoas.</p><p>D) Incorreta. O STF, em sua jurisprudência, reafirma a</p><p>possibilidade de cooperação entre o Brasil e o Tribunal</p><p>Penal Internacional (TPI), destacando que tal cooperação</p><p>não viola a soberania nacional, pois o Brasil é parte do</p><p>Estatuto de Roma, que instituiu o TPI, por meio do</p><p>Decreto n. 4.388/2002. O STF já se posicionou a favor</p><p>dessa cooperação em situações de grave violação de</p><p>direitos humanos.</p><p>64</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>E) Incorreta. O STF admite a extradição de estrangeiros</p><p>nos termos previstos em tratados internacionais e na</p><p>legislação brasileira, mas é vedada a concessão de</p><p>extradição quando o extraditando estiver sujeito à pena</p><p>de morte em seu país de origem, mesmo que haja</p><p>garantia formal de que a pena não será executada. Essa</p><p>proibição decorre da proteção ao direito à vida,</p><p>consagrado no art. 5º, inciso XLVII, da Constituição</p><p>Federal, que proíbe a pena de morte, exceto em casos de</p><p>guerra declarada.</p><p>Questão 71</p><p>Os direitos</p><p>dos povos originários no Brasil possuem</p><p>proteção constitucional e são amparados por diversos</p><p>instrumentos internacionais. A Constituição Federal de</p><p>1988 estabelece princípios fundamentais para a garantia</p><p>dos direitos territoriais, culturais e de autodeterminação</p><p>dos povos indígenas. Além disso, o Brasil é signatário de</p><p>importantes convenções internacionais, como a</p><p>Convenção 169 da OIT, que reforça a necessidade de</p><p>consulta prévia, livre e informada em qualquer decisão</p><p>que afete diretamente esses povos. Recentemente, o</p><p>Supremo Tribunal Federal (STF) tem enfrentado</p><p>questões relacionadas ao marco temporal, demarcação</p><p>de terras e direitos coletivos dos povos indígenas. Com</p><p>base na legislação brasileira e nos tratados</p><p>internacionais, assinale a alternativa correta sobre os</p><p>direitos dos povos originários.</p><p>A) O marco temporal, adotado pelo STF, estabelece que</p><p>os povos indígenas só têm direito às terras que estavam</p><p>sob sua posse no dia da promulgação da Constituição</p><p>Federal de 1988.</p><p>B) A Convenção 169 da OIT garante o direito à consulta</p><p>prévia aos povos indígenas e tribais, mas restringe esse</p><p>direito apenas a decisões que envolvam a exploração de</p><p>recursos naturais em suas terras.</p><p>C) A Constituição Federal de 1988 prevê que as terras</p><p>indígenas são bens da União, e os povos indígenas têm</p><p>apenas o usufruto das terras, sendo vedada qualquer</p><p>exploração de recursos naturais, mesmo quando</p><p>realizada por órgãos estatais.</p><p>D) O STF já reconheceu que os direitos dos povos</p><p>indígenas sobre suas terras são imprescritíveis, ou seja,</p><p>não podem ser perdidos por falta de uso ou exercício do</p><p>direito.</p><p>E) O Brasil é signatário da Declaração das Nações Unidas</p><p>sobre os Direitos dos Povos Indígenas, que possui status</p><p>de lei ordinária no país e regulamenta a posse de terras,</p><p>embora não garanta o direito à autodeterminação.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: D</p><p>Justificativas:</p><p>A) Incorreta. O marco temporal é uma tese controversa</p><p>que estabelece que os povos indígenas só teriam direito</p><p>às terras que estavam sob sua posse no momento da</p><p>promulgação da Constituição de 1988, mas o STF ainda</p><p>não concluiu definitivamente essa discussão. Em vários</p><p>julgados, o STF tem reconhecido os direitos originários</p><p>dos povos indígenas às terras tradicionalmente</p><p>ocupadas, independentemente de ocupação específica</p><p>em 1988 (art. 231 da CF).</p><p>B) Incorreta. A Convenção 169 da OIT, ratificada pelo</p><p>Brasil, assegura o direito à consulta prévia, livre e</p><p>informada sempre que qualquer medida administrativa</p><p>ou legislativa afetar diretamente os povos indígenas e</p><p>tribais. Esse direito não se limita apenas a questões de</p><p>exploração de recursos naturais, mas se aplica a</p><p>qualquer decisão que afete seus direitos e territórios.</p><p>C) Incorreta. A Constituição Federal de 1988, em seu art.</p><p>231, estabelece que as terras tradicionalmente ocupadas</p><p>pelos povos indígenas são bens da União, porém, os</p><p>povos indígenas têm o direito ao usufruto exclusivo dos</p><p>recursos naturais dessas terras, exceto nos casos de</p><p>interesse público da União, como a exploração mineral</p><p>ou energética, o que só pode ser feito com a devida</p><p>consulta e autorização dos povos afetados.</p><p>D) Correta. O STF já decidiu que os direitos dos povos</p><p>indígenas sobre suas terras são imprescritíveis, ou seja,</p><p>não podem ser perdidos pela não utilização ou falta de</p><p>posse direta. Esse entendimento está baseado no art.</p><p>231 da Constituição Federal de 1988, que reconhece os</p><p>direitos originários sobre as terras tradicionalmente</p><p>ocupadas pelos povos indígenas.</p><p>E) Incorreta. Embora o Brasil seja signatário da</p><p>Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos</p><p>Povos Indígenas, esse instrumento não tem status de lei</p><p>no Brasil, mas sim de recomendação. No entanto, a</p><p>Declaração reforça o direito à autodeterminação dos</p><p>povos indígenas, o que inclui o direito de determinar</p><p>livremente seu desenvolvimento político, econômico e</p><p>social.</p><p>65</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>Questão 72</p><p>O sistema global de proteção dos direitos humanos foi</p><p>desenvolvido ao longo do século XX, principalmente no</p><p>âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU), com o</p><p>objetivo de estabelecer normas internacionais para a</p><p>promoção e proteção dos direitos humanos em nível</p><p>mundial. Esse sistema é baseado em uma série de</p><p>tratados, convenções, declarações e órgãos de</p><p>monitoramento e fiscalização, como o Conselho de</p><p>Direitos Humanos, os Comitês de Tratados e o Alto</p><p>Comissariado das Nações Unidas para os Direitos</p><p>Humanos. Entre os principais instrumentos estão a</p><p>Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), o</p><p>Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos</p><p>(PIDCP), o Pacto Internacional sobre Direitos</p><p>Econômicos, Sociais e Culturais (PIDESC) e as</p><p>Convenções sobre temas específicos, como a Convenção</p><p>contra a Tortura e a Convenção sobre a Eliminação de</p><p>Todas as Formas de Discriminação Racial. Com base no</p><p>sistema global de proteção dos direitos humanos,</p><p>assinale a alternativa correta.</p><p>A) O sistema global de proteção dos direitos humanos</p><p>tem caráter exclusivamente recomendatório, não</p><p>havendo mecanismos coercitivos ou obrigatórios para</p><p>monitorar a implementação das normas nos Estados</p><p>signatários.</p><p>B) O Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos</p><p>(PIDCP) e o Pacto Internacional sobre Direitos</p><p>Econômicos, Sociais e Culturais (PIDESC), ambos</p><p>adotados em 1966, são importantes tratados</p><p>internacionais vinculantes e possuem mecanismos de</p><p>monitoramento distintos para garantir a implementação</p><p>dos direitos neles previstos.</p><p>C) O Conselho de Direitos Humanos da ONU tem</p><p>competência para julgar violações de direitos humanos e</p><p>impor sanções aos Estados que descumpram as normas</p><p>internacionais, conforme estabelecido na Carta da ONU.</p><p>D) O Alto Comissariado das Nações Unidas para os</p><p>Direitos Humanos tem a função de decidir em última</p><p>instância sobre a admissibilidade de denúncias</p><p>individuais de violações de direitos humanos, emitindo</p><p>decisões de caráter vinculante.</p><p>E) A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH)</p><p>tem status de tratado internacional e, por isso, seus</p><p>dispositivos são juridicamente vinculantes para todos os</p><p>Estados-membros da ONU.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: B</p><p>Justificativas:</p><p>A) Incorreta. Embora muitos dos instrumentos do</p><p>sistema global de proteção de direitos humanos tenham</p><p>caráter recomendatório, como as resoluções e</p><p>declarações, existem tratados internacionais, como o</p><p>PIDCP e o PIDESC, que são juridicamente vinculantes</p><p>para os Estados que os ratificam. Além disso, há</p><p>mecanismos de monitoramento e, em alguns casos,</p><p>comitês que recebem denúncias individuais de violações</p><p>de direitos humanos.</p><p>B) Correta. O PIDCP e o PIDESC, ambos adotados em</p><p>1966, são os importantes tratados de direitos humanos</p><p>no sistema global e possuem mecanismos de</p><p>monitoramento distintos. O Comitê de Direitos Humanos</p><p>monitora o PIDCP, enquanto o Comitê de Direitos</p><p>Econômicos, Sociais e Culturais monitora o PIDESC. Esses</p><p>comitês recebem relatórios periódicos dos Estados e, em</p><p>alguns casos, podem receber comunicações individuais</p><p>de violações.</p><p>C) Incorreta. O Conselho de Direitos Humanos da ONU</p><p>não tem competência para julgar violações ou impor</p><p>sanções aos Estados. Sua função principal é promover o</p><p>diálogo e a cooperação em direitos humanos, realizar</p><p>revisões periódicas universais e conduzir investigações</p><p>por meio de relatores especiais e comissões. As sanções,</p><p>quando aplicadas, são prerrogativa do Conselho de</p><p>Segurança da ONU, não do Conselho de Direitos</p><p>Humanos.</p><p>D) Incorreta. O Alto Comissariado das Nações Unidas</p><p>para os Direitos Humanos não tem competência para</p><p>decidir sobre a admissibilidade de denúncias individuais,</p><p>nem para emitir decisões de caráter vinculante. Essa</p><p>função é exercida pelos comitês específicos de tratados,</p><p>como o Comitê de Direitos Humanos (PIDCP) ou o Comitê</p><p>contra a Tortura. O Alto Comissariado atua como órgão</p><p>administrativo, promovendo e protegendo os direitos</p><p>humanos globalmente.</p><p>E) Incorreta.</p><p>A Declaração Universal dos Direitos</p><p>Humanos (DUDH), adotada em 1948 não é um tratado</p><p>internacional. Tem uma enorme influência e serve de</p><p>base para o desenvolvimento de tratados internacionais,</p><p>como o PIDCP e o PIDESC.</p><p>66</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>Questão 73</p><p>O controle de convencionalidade é uma ferramenta</p><p>essencial no sistema jurídico brasileiro, especialmente</p><p>no contexto de proteção de direitos humanos,</p><p>permitindo a compatibilização das normas internas com</p><p>os tratados internacionais de direitos humanos</p><p>ratificados pelo Brasil. Esse controle ganhou relevância</p><p>com a entrada do país no Sistema Interamericano de</p><p>Direitos Humanos e a ratificação de tratados, como a</p><p>Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de</p><p>San José da Costa Rica). Com base no conceito e na</p><p>aplicação do controle de convencionalidade, assinale a</p><p>alternativa correta:</p><p>A) O controle de convencionalidade deve ser realizado</p><p>exclusivamente pelo Supremo Tribunal Federal (STF),</p><p>uma vez que este exerce o controle concentrado de</p><p>constitucionalidade, incluindo a análise de</p><p>compatibilidade de normas infraconstitucionais com os</p><p>tratados internacionais.</p><p>B) Somente os tratados internacionais de direitos</p><p>humanos que foram aprovados pelo Congresso Nacional</p><p>com o quórum de emenda constitucional (3/5 dos votos,</p><p>em dois turnos) podem ser objeto do controle de</p><p>convencionalidade, por terem status de norma</p><p>constitucional.</p><p>C) O controle de convencionalidade no Brasil é restrito à</p><p>compatibilidade entre normas internas e os tratados</p><p>internacionais que o país tenha ratificado após a</p><p>promulgação da Constituição de 1988, não se aplicando</p><p>a tratados anteriores.</p><p>D) Os tratados internacionais de direitos humanos</p><p>ratificados pelo Brasil têm status de norma</p><p>infraconstitucional, o que limita o controle de</p><p>convencionalidade, sendo subordinados às normas</p><p>constitucionais brasileiras.</p><p>E) O controle de convencionalidade pode ser realizado</p><p>de forma difusa ou concentrada, sendo exercido tanto</p><p>pelo Poder Judiciário quanto por outras autoridades, e é</p><p>aplicável a todos os tratados de direitos humanos</p><p>ratificados pelo Brasil, independentemente de terem</p><p>status constitucional ou supralegal.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: E</p><p>Justificativas:</p><p>A) Incorreta. O controle de convencionalidade não é uma</p><p>exclusividade do STF. Conforme a jurisprudência</p><p>brasileira, ele pode ser realizado por todos os juízes e</p><p>tribunais, inclusive de forma difusa. O STF realiza o</p><p>controle concentrado de constitucionalidade, mas o</p><p>controle de convencionalidade pode ser exercido por</p><p>qualquer magistrado ao verificar a compatibilidade de</p><p>normas internas com tratados internacionais de direitos</p><p>humanos.</p><p>B) Incorreta. Nem todos os tratados de direitos humanos</p><p>precisam ser aprovados com o quórum de emenda</p><p>constitucional (3/5 dos votos em dois turnos) para serem</p><p>objeto de controle de convencionalidade. Mesmo os</p><p>tratados ratificados sem esse quórum, que possuem</p><p>status supralegal (como determinado pelo STF no caso</p><p>do Pacto de San José da Costa Rica), podem ser objeto</p><p>desse controle.</p><p>C) Incorreta. O controle de convencionalidade se aplica a</p><p>todos os tratados de direitos humanos ratificados pelo</p><p>Brasil, independentemente de terem sido ratificados</p><p>antes ou depois da promulgação da Constituição de</p><p>1988. O Brasil segue o princípio da continuidade dos</p><p>tratados, o que significa que os tratados ratificados antes</p><p>de 1988 também se submetem ao controle de</p><p>convencionalidade.</p><p>D) Incorreta. Embora alguns tratados internacionais de</p><p>direitos humanos possam ter status supralegal (ou, em</p><p>casos raros, constitucional), eles não são subordinados</p><p>às normas constitucionais brasileiras. O controle de</p><p>convencionalidade visa justamente harmonizar as</p><p>normas internas com os tratados internacionais,</p><p>garantindo que os direitos humanos sejam respeitados,</p><p>independentemente do status hierárquico do tratado.</p><p>E) Correta. O controle de convencionalidade é um</p><p>mecanismo que pode ser exercido por todos os órgãos</p><p>do Poder Judiciário, de forma tanto difusa quanto</p><p>concentrada, e se aplica a todos os tratados de direitos</p><p>humanos ratificados pelo Brasil, independentemente de</p><p>seu status constitucional ou supralegal. A partir da</p><p>decisão do STF no RE 466.343, ficou consolidado que os</p><p>tratados internacionais de direitos humanos ratificados</p><p>pelo Brasil possuem status supralegal, o que reforça a</p><p>necessidade de compatibilizar a legislação interna com</p><p>as normas internacionais.</p><p>67</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>Questão 74</p><p>O Caso Sétimo Garibaldi vs. Brasil, julgado pela Corte</p><p>Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH), refere-</p><p>se ao assassinato do trabalhador rural Sétimo Garibaldi,</p><p>ocorrido em novembro de 1998, no contexto de um</p><p>conflito agrário no Estado do Paraná. Garibaldi foi morto</p><p>durante uma operação de despejo realizada por milícias</p><p>armadas, ligadas a proprietários de terras, em um</p><p>assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais</p><p>Sem Terra (MST). A Comissão Interamericana de Direitos</p><p>Humanos levou o caso à Corte IDH, argumentando que o</p><p>Estado brasileiro falhou em garantir a devida</p><p>investigação, julgamento e punição dos responsáveis,</p><p>violando direitos garantidos pela Convenção Americana</p><p>sobre Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa</p><p>Rica). Em 2009, a Corte IDH proferiu uma sentença</p><p>condenatória contra o Brasil. Com base nos fatos e nas</p><p>implicações jurídicas do caso, assinale a alternativa</p><p>correta:</p><p>A) A Corte Interamericana de Direitos Humanos</p><p>condenou o Brasil pela falta de investigação diligente e</p><p>pela impunidade no caso, considerando que o Estado</p><p>violou os direitos à vida, às garantias judiciais e à</p><p>proteção judicial previstos na Convenção Americana</p><p>sobre Direitos Humanos.</p><p>B) O Brasil foi absolvido pela Corte IDH, uma vez que</p><p>conseguiu comprovar que, após o assassinato de Sétimo</p><p>Garibaldi, tomou todas as providências necessárias para</p><p>investigar e punir os responsáveis, conforme exigido pela</p><p>Convenção Americana sobre Direitos Humanos.</p><p>C) A Corte IDH concluiu que o Brasil não tinha</p><p>responsabilidade pelo assassinato de Sétimo Garibaldi,</p><p>pois este foi cometido por particulares, sem</p><p>envolvimento direto ou omissão do Estado.</p><p>D) A sentença da Corte IDH determinou que o Brasil</p><p>deveria modificar sua legislação agrária para evitar</p><p>futuros conflitos de terra, sendo essa a principal</p><p>condenação imposta ao Estado.</p><p>E) A Corte IDH decidiu que o caso não se enquadrava em</p><p>sua competência, uma vez que o Brasil não havia</p><p>ratificado a Convenção Americana sobre Direitos</p><p>Humanos na época do assassinato de Sétimo Garibaldi.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: A</p><p>Justificativas:</p><p>A) Correta. A Corte Interamericana de Direitos Humanos</p><p>condenou o Brasil por violação dos direitos à vida (Art.</p><p>4º), às garantias judiciais (Art. 8º) e à proteção judicial</p><p>(Art. 25º) da Convenção Americana sobre Direitos</p><p>Humanos. A Corte concluiu que o Brasil falhou em</p><p>investigar de forma efetiva o assassinato de Sétimo</p><p>Garibaldi e que a impunidade do crime evidenciou a</p><p>responsabilidade do Estado por omissão. Além disso, o</p><p>caso destacou o padrão de violações de direitos</p><p>humanos no contexto de conflitos agrários no Brasil.</p><p>B) Incorreta. O Brasil não conseguiu demonstrar que</p><p>havia adotado medidas efetivas para investigar e punir</p><p>os responsáveis pelo assassinato de Sétimo Garibaldi.</p><p>Pelo contrário, a Corte IDH concluiu que o Estado falhou</p><p>em suas obrigações de investigar diligentemente o caso,</p><p>resultando em impunidade.</p><p>C) Incorreta. Embora o assassinato de Sétimo Garibaldi</p><p>tenha sido cometido por particulares, a Corte IDH</p><p>ressaltou a responsabilidade do Estado quando há falhas</p><p>na investigação, julgamento e punição dos responsáveis</p><p>por violações de direitos humanos. O Estado brasileiro</p><p>foi responsabilizado pela falta de ação diligente.</p><p>D) Incorreta. A sentença da Corte IDH não exigiu</p><p>diretamente a modificação da legislação agrária</p><p>brasileira. O foco da condenação foi a falta de</p><p>investigação</p><p>eficaz e a impunidade, e não a necessidade</p><p>de mudanças legislativas relacionadas à reforma agrária.</p><p>E) Incorreta. O Brasil havia ratificado a Convenção</p><p>Americana sobre Direitos Humanos antes do assassinato</p><p>de Sétimo Garibaldi, o que conferiu à Corte</p><p>Interamericana de Direitos Humanos competência para</p><p>julgar o caso. Portanto, a questão da competência não</p><p>foi um impedimento para o julgamento.</p><p>FORMAÇÃO HUMANÍSTICA</p><p>Professor Jean Vilbert</p><p>Questão 75</p><p>O comportamento ético e social de um juiz, tanto em</p><p>suas manifestações públicas quanto em sua vida privada,</p><p>está diretamente relacionado à sua capacidade de</p><p>exercer a função jurisdicional com a imparcialidade e a</p><p>dignidade exigidas pela magistratura. Considerando as</p><p>normas éticas aplicáveis ao magistrado e o impacto de</p><p>sua conduta na percepção pública, assinale a alternativa</p><p>correta:</p><p>68</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>A) O magistrado tem liberdade de expressar suas</p><p>opiniões partidárias em público, uma vez que sua</p><p>imparcialidade recai sobre o aspecto subjetivo, desde</p><p>que não interfira diretamente na causa em julgamento.</p><p>B) A relação do juiz com autoridades públicas, como</p><p>políticos ou membros das forças de segurança, deve ser</p><p>caracterizada pela informalidade, de modo a garantir a</p><p>fluidez das relações institucionais e uma melhor</p><p>resolução de conflitos.</p><p>C) O juiz pode participar ativamente de redes sociais,</p><p>utilizando uma linguagem coloquial ou até irônica, desde</p><p>que as manifestações sejam feitas fora do expediente</p><p>forense e não envolvam partes relacionadas aos</p><p>processos sob sua jurisdição.</p><p>D) A imagem pública de imparcialidade e dignidade do</p><p>juiz deve ser preservada tanto nas manifestações</p><p>públicas quanto em atividades privadas. A participação</p><p>em eventos sociais ou manifestações políticas pode</p><p>comprometer a percepção da sua imparcialidade,</p><p>impactando a confiança da sociedade na instituição</p><p>judicial.</p><p>E) Não há impedimentos para que o magistrado</p><p>demonstre efusiva e publicamente sua religiosidade,</p><p>inclusive com a integração de ritos religiosas e</p><p>processuais, pois o exercício de sua fé pessoal não afeta</p><p>sua imparcialidade no julgamento de casos que</p><p>envolvam questões de liberdade religiosa.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: D</p><p>A) Sem chance! A imparcialidade do magistrado não é</p><p>apenas subjetiva, mas deve ser mantida também na</p><p>aparência externa. Manifestações públicas sobre</p><p>questões político-partidárias são vedadas, pois podem</p><p>comprometer a percepção da sociedade quanto à sua</p><p>imparcialidade e à confiança no sistema judicial. Vide</p><p>princípios de Bangalore!</p><p>B) Nada feito! A relação entre o juiz e outras autoridades</p><p>deve ser mantida com deferência e respeito</p><p>institucional, mas sem informalidade ou intimidade que</p><p>possam gerar a impressão de parcialidade ou</p><p>favorecimento. A transparência e a formalidade são</p><p>essenciais para preservar a independência judicial.</p><p>C) Nem pensar! A participação de juízes em redes sociais</p><p>requer cautela. Embora o magistrado possa utilizar essas</p><p>plataformas, a linguagem utilizada deve sempre ser</p><p>formal e apropriada à dignidade do cargo. A ironia, a</p><p>linguagem coloquial ou qualquer manifestação que</p><p>possa comprometer a imagem de imparcialidade são</p><p>inaceitáveis, independentemente de serem feitas fora</p><p>do expediente. Vide: Resolução CNJ n. 305/2019 e</p><p>Instrução Normativa CNJ n. 96/2023.</p><p>D) Isso aí! A manutenção da imagem de imparcialidade é</p><p>essencial, tanto no comportamento público quanto no</p><p>privado. Qualquer atividade que possa gerar suspeitas</p><p>de parcialidade, seja em eventos sociais ou em</p><p>manifestações públicas, pode comprometer a confiança</p><p>da sociedade no Judiciário. A moderação no</p><p>comportamento é fundamental para proteger essa</p><p>imagem.</p><p>E) Errado! O magistrado deve ter cuidado em</p><p>demonstrar publicamente sua religiosidade. Embora</p><p>tenha liberdade de crença pessoal, sua função no Estado</p><p>laico exige neutralidade em questões religiosas. A</p><p>participação ativa em eventos públicos de cunho</p><p>religioso pode comprometer essa neutralidade.</p><p>Questão 76</p><p>A promoção por merecimento na magistratura,</p><p>conforme os critérios estabelecidos pela Resolução 106</p><p>do CNJ, exige uma avaliação rigorosa e objetiva do</p><p>desempenho dos magistrados. Entre os parâmetros</p><p>analisados estão a produtividade, a presteza no exercício</p><p>das funções, o aperfeiçoamento técnico e a conduta</p><p>ética. Considerando as disposições dessa resolução,</p><p>assinale a alternativa correta:</p><p>A) O juiz que retiver autos em seu poder além de 60 dias</p><p>será excluído da lista de promoção por merecimento.</p><p>B) A promoção por merecimento depende da</p><p>indispensável aferição de produtividade numérica capaz</p><p>de aferir o compromisso do magistrado com a eficiência</p><p>do sistema judiciário, em objeto da quantidade de atos</p><p>jurisdicionais praticados pelo juiz no exercício de suas</p><p>funções.</p><p>C) A adequação da conduta ao Código de Ética da</p><p>Magistratura é um critério acessório na avaliação</p><p>objetiva pautada na produtividade, presteza e</p><p>aperfeiçoamento técnico do magistrado.</p><p>D) A devolução dos autos ao cartório sem a prolação de</p><p>decisão no prazo de 100 dias não compromete a</p><p>promoção do magistrado por merecimento, desde que o</p><p>69</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>atraso acompanhado da grande quantidade de</p><p>processos em tramitação.</p><p>E) O aperfeiçoamento técnico, como critério de</p><p>promoção por merecimento, inclui a participação em</p><p>cursos de formação continuada, mestrados, doutorados</p><p>e o conhecimento atualizado da jurisprudência, sendo</p><p>considerado um fator essencial para a progressão na</p><p>carreira judicial.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: E</p><p>A) Nada disso! A retenção de autos por mais de 60 dias</p><p>não resulta em exclusão automática do critério de</p><p>merecimento, desde que a retenção seja devidamente</p><p>justificada. O prazo considerado pela Resolução 106 é de</p><p>100 dias, e a falta de justificativa é o fator determinante</p><p>para exclusão da promoção.</p><p>B) Não exatamente! A produtividade numérica, embora</p><p>importante, não é o único critério para a promoção por</p><p>merecimento. A qualidade no exercício jurisdicional, a</p><p>presteza e o aperfeiçoamento técnico também são</p><p>considerados, tornando a avaliação multidimensional.</p><p>C) De jeito nenhum! A conduta ética é um critério</p><p>fundamental na avaliação da promoção por</p><p>merecimento. O Código de Ética da Magistratura é um</p><p>componente central (não acessório) da avaliação, e a</p><p>inadequação da conduta pode prejudicar seriamente a</p><p>progressão na carreira, independentemente dos demais</p><p>critérios.</p><p>D) Não é por aí! A devolução de autos sem a prolação de</p><p>decisão dentro do prazo de 100 dias, a rigor compromete</p><p>sim a promoção por merecimento, conforme o critério</p><p>de presteza estabelecido pela Resolução 106. A grande</p><p>quantidade de processos, por si só, não exime o</p><p>magistrado da responsabilidade de cumprir os prazos</p><p>processuais. Há de se verificar se a quantidade é</p><p>excessiva e se não há desídia ou negligência no exercício</p><p>das funções.</p><p>E) Isso mesmo! O aperfeiçoamento técnico é crucial na</p><p>avaliação de merecimento, englobando não apenas a</p><p>formação acadêmica continuada, como mestrados e</p><p>doutorados, mas também o conhecimento atualizado da</p><p>jurisprudência e a participação em cursos de formação</p><p>judicial, o que reforça a competência técnica do</p><p>magistrado.</p><p>Questão 77</p><p>A Lei nº 12.990/2014 prevê a reserva de vagas para</p><p>pessoas negras em concursos públicos federais. Com</p><p>base na lei e no arcabouço constitucional e</p><p>jurisprudencial, assinale a alternativa correta:</p><p>A) A Lei nº 12.990/2014 prevê o prazo de 20 anos para a</p><p>extinção das cotas raciais, a partir de a continuidade da</p><p>política fica interrompida, salvo nova deliberação</p><p>legislativa sobre o tema.</p><p>B) A prorrogação das cotas raciais após o prazo previsto</p><p>em lei pode ocorrer por decisão do Poder Executivo, uma</p><p>vez que o Presidente da República tem a competência</p><p>para avaliar o impacto das políticas de ação afirmativa.</p><p>C) A interpretação dada pelo STF ao artigo 6º da Lei nº</p><p>12.990/2014 estabelece que o fator temporal</p><p>previsto</p><p>na lei deve ser entendido como um marco temporal para</p><p>avaliação da eficácia das cotas raciais, permitindo sua</p><p>prorrogação ou realinhamento com base nos resultados</p><p>obtidos e na análise legislativa posterior.</p><p>D) As cotas raciais, conforme o entendimento do STF,</p><p>têm caráter temporário e sua prorrogação depende de</p><p>avaliação prévia, uma vez que a matéria já foi debatida</p><p>no âmbito legislativo ao tempo da edição da lei.</p><p>E) A continuidade das cotas raciais depende da análise</p><p>do impacto das políticas afirmativas pelo Poder</p><p>Judiciário, que poderá determinar a prorrogação ou</p><p>extinção dessas políticas com base em dados objetivos</p><p>de redução das desigualdades raciais.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: C</p><p>A) De jeito nenhum! O STF determinou que o prazo de 10</p><p>anos previsto na Lei nº 12.990/2014 não implica na</p><p>extinção automática das cotas raciais. O término desse</p><p>prazo serve como um marco temporal para avaliação da</p><p>eficácia da política, permitindo que seja reavaliada e, se</p><p>necessário, prorrogada.</p><p>B) Nada feito! A análise da eficácia e a deliberação sobre</p><p>a continuidade das cotas é uma competência do</p><p>Congresso Nacional, sendo o processo legislativo</p><p>essencial para determinar o futuro da política afirmativa.</p><p>C) Acertou! O STF, ao interpretar o artigo 6º da Lei nº</p><p>12.990/2014, determinou que o prazo de 10 anos deve</p><p>ser entendido como um marco temporal para a avaliação</p><p>da eficácia das cotas raciais. O processo legislativo deve</p><p>70</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>analisar os resultados alcançados, podendo prorrogar,</p><p>ajustar ou encerrar a política com base em sua eficácia.</p><p>D) Inverteu a lógica! O Congresso Nacional tem</p><p>competência para avaliar a prorrogação ou o</p><p>realinhamento das cotas raciais, conforme o</p><p>entendimento do STF. Mas a matéria não está esgotada,</p><p>e novas deliberações podem ser realizadas com base na</p><p>análise de seu impacto e na necessidade de continuidade</p><p>da política. Enquanto tal avaliação não ocorre, a política</p><p>se mantém por força de decisão judicial.</p><p>E) Mandou mal! A avaliação do impacto das políticas</p><p>afirmativas e a decisão sobre sua prorrogação não cabe,</p><p>em regra, ao Poder Judiciário. A análise legislativa é</p><p>fundamental, cabendo ao Congresso Nacional deliberar</p><p>sobre a continuidade ou extinção das cotas raciais, com</p><p>base em dados e evidências.</p><p>Questão 78</p><p>O papel do magistrado moderno exige não apenas</p><p>conhecimento jurídico, mas também habilidades de</p><p>gestão administrativa, com foco na eficiência processual</p><p>e no cumprimento dos prazos legais, conforme previsto</p><p>no artigo 35, III, da LOMAN e no Código de Processo Civil.</p><p>Considerando as responsabilidades gerenciais atribuídas</p><p>ao juiz no curso do processo, assinale a alternativa</p><p>correta:</p><p>A) A função gerencial do juiz se liga em especial à</p><p>administração processual e de pessoal, sendo a</p><p>movimentação dos autos de responsabilidade do</p><p>cartório e da secretaria da Vara.</p><p>B) A eficiência na condução do processo é uma</p><p>responsabilidade compartilhada entre as partes, o juiz e</p><p>os servidores do cartório, cabendo ao magistrado apenas</p><p>intervir em caso de omissão das partes ou de conflitos</p><p>processuais.</p><p>C) A responsabilidade de impulsionar o processo recai</p><p>exclusivamente sobre o juiz, devendo privativamente</p><p>adotar todas as providências necessárias para assegurar</p><p>que os atos processuais se realizem a bom tempo.</p><p>D) O juiz deve agir com proatividade, determinando as</p><p>providências necessárias para que os atos processuais se</p><p>realizem nos prazos legais, tendo, portanto,</p><p>responsabilidade pela solução integral do mérito em</p><p>tempo razoável.</p><p>E) O juiz é o gestor principal do processo, devendo</p><p>garantir sua celeridade e eficiência, mas pode delegar a</p><p>responsabilidade pelo cumprimento dos prazos aos</p><p>servidores e às partes.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: D</p><p>A) Errou feio! A gestão da vara, incluindo a fiscalização</p><p>da movimentação dos autos é do juiz. O magistrado tem</p><p>o dever de impulsionar o processo e gerenciar sua vara,</p><p>adotando medidas administrativas e processuais para</p><p>que os atos de movimentação, decisão, e execução se</p><p>realizem dentro dos prazos, conforme a LOMAN e o CPC.</p><p>B) Nah! A responsabilidade de impulsionar o processo</p><p>recai principalmente sobre o magistrado. O juiz deve</p><p>atuar para evitar que o processo seja retardado por</p><p>omissões ou conflitos, mas isso envolve gerenciar as</p><p>relações com as partes, de modo que partes e advogados</p><p>colaborem para garantir o andamento célere do</p><p>processo.</p><p>C) Aí exagerou!! Embora o juiz tenha papel central na</p><p>gestão do processo a eficiência processual, tal é uma</p><p>responsabilidade não é exclusiva, mas compartilhada</p><p>com as partes.</p><p>D) Bingo! Cabe ao juiz adotar todas as providências</p><p>necessárias para garantir que os atos processuais sejam</p><p>realizados dentro dos prazos legais, conforme previsto</p><p>no art. 35, III, da LOMAN. A responsabilidade pela</p><p>condução do processo e pela solução do mérito em prazo</p><p>razoável é uma atribuição do magistrado, conforme</p><p>previsto no CPC.</p><p>E) Nem pensar! O juiz não pode delegar a</p><p>responsabilidade pelo cumprimento dos prazos aos</p><p>servidores ou às partes. Ele tem o dever de garantir a</p><p>celeridade e eficiência dos atos processuais,</p><p>supervisionando e atuando proativamente para que o</p><p>processo avance.</p><p>Questão 79</p><p>O Direito não é a única forma de controle social e</p><p>regulação de condutas em sociedade. Considerando as</p><p>relações entre normas jurídicas, morais e de etiqueta,</p><p>assinale a alternativa correta:</p><p>A) As normas jurídicas, morais e de etiqueta</p><p>compartilham a característica de serem aplicadas</p><p>71</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>institucionalmente, uma vez que exercem função</p><p>comum de controle social.</p><p>B) O controle social exercido pelas normas jurídicas se</p><p>distingue das normas morais e de etiqueta em especial</p><p>pela modalidade de imposição de sanções, já que as</p><p>sanções das normas morais e de etiqueta são difusas e</p><p>espontâneas.</p><p>C) A sanção das normas morais é idêntica à das normas</p><p>de etiqueta, em essência e grau, uma vez que ambas</p><p>promovem o controle social por meio do</p><p>constrangimento pessoal e da pressão social sobre o</p><p>indivíduo infrator.</p><p>D) O juspositivismo defende que as normas de etiqueta</p><p>e morais, assim como as normas jurídicas, devem ser</p><p>protegidas por sanções formais para garantir que o</p><p>controle social seja eficiente e universalmente aplicável.</p><p>E) As normas jurídicas e morais não diferem quanto à sua</p><p>relevância para a vida gregária, uma vez que ambas</p><p>buscam regular o comportamento social com base em</p><p>valores fundamentais.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: B</p><p>A) Nada feito! Somente as normas jurídicas são</p><p>necessariamente institucionalizadas (aplicadas por</p><p>agentes oficiais), e as sanções correspondentes são</p><p>organizadas e formalizadas pelo Estado.</p><p>B) Isso mesmo! A distinção entre as normas jurídicas e as</p><p>normas morais e de etiqueta reside justamente na forma</p><p>como as sanções são aplicadas. Enquanto as normas</p><p>jurídicas contam com sanções organizadas, as normas</p><p>morais e de etiqueta têm sanções difusas, baseadas no</p><p>constrangimento social e na pressão do grupo.</p><p>C) Erradinho! Embora normas morais e de etiqueta</p><p>sejam parecidas, sua sanção não se equivale em grau! A</p><p>norma de etiqueta carrega em geral sanções de maior</p><p>relevância (gravidade), enquanto o padrão de</p><p>comportamento moral tem sanção mais que teto mais</p><p>alto.</p><p>D) Nops! O juspositivismo distingue claramente as</p><p>normas jurídicas das normas morais e de etiqueta,</p><p>justamente pelo fato de que apenas as normas jurídicas</p><p>são protegidas por sanções formais. A mistura não é</p><p>incentivada!</p><p>E) Longe da verdade! As normas jurídicas e morais</p><p>diferem em sua aplicação e relevância. Enquanto as</p><p>normas jurídicas são fundamentais para a regulação</p><p>formal da vida social, as normas morais regulam</p><p>comportamentos de forma mais subjetiva. Em geral, diz-</p><p>se que algo se torna lei exatamente por ser considerado</p><p>um comportamento crítico naquela sociedade,</p><p>suscitando tratamento uniforme...</p><p>Questão 80</p><p>O processo penal,</p><p>ao lidar com delitos sexuais e outros</p><p>crimes em que o testemunho pessoal pode ser o</p><p>principal elemento probatório, enfrenta desafios quanto</p><p>à confiabilidade das declarações da vítima e das</p><p>testemunhas. Considerando esses complexos aspectos,</p><p>assinale a alternativa correta:</p><p>A) A retratação da vítima em delitos sexuais pode</p><p>fundamentar uma revisão criminal para absolvição do</p><p>réu, quando o conjunto probatório é limitado às</p><p>declarações da vítima e de testemunhas, em vista de</p><p>fenômenos psicológicos como as falsas memórias.</p><p>B) Para evitar a indução psicológica, o procedimento de</p><p>reconhecimento de pessoas exige a apresentação do</p><p>suspeito junto a indivíduos de características físicas</p><p>semelhantes, sendo que o não cumprimento desta</p><p>formalidade resulta na automática nulidade do ato de</p><p>reconhecimento.</p><p>C) As falsas memórias devem ser detectadas por meio de</p><p>avaliações psicológicas especializadas para invalidar o</p><p>testemunho da vítima ou das testemunhas, devendo</p><p>levar à invalidação do conjunto probatório nos casos em</p><p>que forem apontadas.</p><p>D) O reconhecimento de pessoas no processo penal,</p><p>mesmo quando feito sem o cumprimento estrito dos</p><p>requisitos legais, mantém sua validade se as demais</p><p>provas do processo corroborarem a identificação do réu.</p><p>E) A retratação da vítima não é suficiente para</p><p>fundamentar a revisão criminal para absolvição do réu se</p><p>não for acompanhada de outras provas materiais.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: A</p><p>A) Isso aí! A retratação da vítima em crimes sexuais pode</p><p>ser relevante para a revisão criminal, especialmente</p><p>quando não há outras provas materiais que corroborem</p><p>as declarações iniciais. O fenômeno das falsas memórias</p><p>e outros aspectos psicológicos podem influenciar a</p><p>72</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>confiabilidade do testemunho e devem ser analisados</p><p>cuidadosamente para evitar condenações injustas.</p><p>Você já ouviu falar de FALSAS MEMÓRIAS? Pois então:</p><p>nem sempre o indivíduo está mentindo, mas é possível</p><p>que esteja falando uma inverdade em razão de alguns</p><p>fenômenos psíquicos com a confabulação e o</p><p>preenchimento – não se lembrando de todos os detalhes</p><p>do fato, a mente preenche o acontecimento de forma</p><p>inconsciente, com dados retirados de outra fonte ou que</p><p>a inconsciência considera razoáveis.</p><p>B) Errado! Embora o art. 226, II, do CPP, determina a</p><p>apresentação do suspeito com pessoas de características</p><p>semelhantes, sempre que possível. O descumprimento</p><p>dessa formalidade não gera automaticamente a nulidade</p><p>do reconhecimento, mas deve ser analisado em conjunto</p><p>com outras provas do processo, podendo afetar o valor</p><p>probatório do ato ao levar à nulidade no caso concreto.</p><p>C) Não é bem assim! As falsas memórias não necessitam</p><p>ser sempre detectadas por avaliações psicológicas</p><p>especializadas (podem ser inferidas pelo juiz no caso</p><p>concreto), nem levam necessariamente à invalidação do</p><p>conjunto probatório. Não se trata de elemento tarifário,</p><p>devendo tais questões ser consideradas junto a outros</p><p>elementos do processo para uma decisão justa.</p><p>D) Exagerouuu! O descumprimento dos requisitos legais</p><p>no reconhecimento de pessoas, embora possa não gerar</p><p>nulidade automática, pode comprometer a validade do</p><p>ato, especialmente se não houver outras provas robustas</p><p>que corroborem a identificação. O procedimento formal</p><p>é fundamental para assegurar a imparcialidade e a</p><p>precisão do reconhecimento.</p><p>E) Tudo invertido! A retratação pode, sim, fundamentar</p><p>uma revisão criminal, especialmente quando o conjunto</p><p>probatório se limita às declarações da vítima e às de</p><p>testemunhas. Não há a necessidade da presença de</p><p>provas materiais para arrimar o pedido.</p><p>73</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>NÃO É ASSINANTE?</p><p>Confira nossos planos, tenha acesso a milhares de cursos e participe</p><p>gratuitamente dos projetos exclusivos. 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No entanto,</p><p>João começou a questionar a validade desse acordo</p><p>individual, argumentando que essa escala é incompatível</p><p>com o trabalho de motorista profissional.</p><p>Diante desse cenário, e considerando o entendimento</p><p>do STF acerca da matéria, assinale a alternativa correta:</p><p>A) O STF, no julgamento da ADI 5994, considerou</p><p>inconstitucional a adoção da jornada de 12 horas por 36</p><p>horas de descanso por acordo individual, ao fundamento</p><p>de que o artigo 7º, XIII, da Constituição Federal exige a</p><p>negociação coletiva para compensação de horários e</p><p>flexibilização da jornada de trabalho.</p><p>B) O STF considerou constitucional a adoção da jornada</p><p>de 12 horas por 36 horas de descanso para os</p><p>trabalhadores em geral, mas excluiu os motoristas</p><p>profissionais dessa regra, devido às condições especiais</p><p>da profissão.</p><p>C) O STF declarou inconstitucional a jornada de 12 horas</p><p>de trabalho por 36 horas de descanso, mesmo quando</p><p>firmada por meio de convenção coletiva ou acordo</p><p>coletivo de trabalho, tanto para os trabalhadores em</p><p>geral como para os motoristas profissionais, pois essa</p><p>jornada extrapola a duração de trabalho diário e viola</p><p>direitos fundamentais do trabalhador.</p><p>D) O STF reconheceu a constitucionalidade da jornada de</p><p>12 horas de trabalho por 36 horas de descanso,</p><p>permitindo sua adoção tanto para trabalhadores em</p><p>geral quanto para motoristas profissionais. No entanto,</p><p>para motoristas profissionais, é necessário que essa</p><p>jornada seja pactuada por meio de negociação coletiva,</p><p>por exigência legal. Já para os trabalhadores em geral, a</p><p>pactuação pode ser feita até por acordo individual, sem</p><p>a necessidade de negociação coletiva, conforme regra</p><p>trazida pela Reforma Trabalhista, validada pelo</p><p>Supremo.</p><p>E) O STF considerou constitucional a pactuação da</p><p>jornada de 12 horas de trabalho por 36 horas de</p><p>descanso por meio de acordo individual, permitindo a</p><p>adoção dessa escala especial de trabalho inclusive para</p><p>os motoristas profissionais, mediante acordo individual.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: D</p><p>O artigo 7º, XIII, da Constituição Federal elenca, no rol de</p><p>direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, “duração do</p><p>trabalho normal não superior a oito horas diárias e</p><p>quarenta e quatro semanais, facultada a compensação</p><p>de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou</p><p>convenção coletiva de trabalho” (destaques nossos).</p><p>No entanto, com a Reforma Trabalhista, a Lei n.º</p><p>13.467/2017 incluiu o artigo 59-A na CLT, que dispõe:</p><p>“Em exceção ao disposto no art. 59 desta Consolidação,</p><p>é facultado às partes, mediante acordo individual</p><p>escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de</p><p>trabalho, estabelecer horário de trabalho de doze horas</p><p>seguidas por trinta e seis horas ininterruptas de</p><p>descanso, observados ou indenizados os intervalos para</p><p>repouso e alimentação”.</p><p>Essa alteração trouxe maior flexibilidade à escala</p><p>especial de trabalho 12x36, permitindo sua pactuação</p><p>por meio de acordo individual, dispensando a</p><p>necessidade de participação sindical ou de negociação</p><p>coletiva.</p><p>A constitucionalidade dessa mudança foi questionada na</p><p>Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5994, sob o</p><p>argumento de que o artigo 59-A da CLT violaria o artigo</p><p>7º, XIII, XIV e XXVI da Constituição Federal. Contudo, o</p><p>STF, ao julgar a ADI 5994, decidiu que não houve violação</p><p>constitucional, reafirmando que a jornada de 12 horas</p><p>por 36 horas de descanso pode ser pactuada por acordo</p><p>individual, conforme a redação dada pela Reforma</p><p>Trabalhista. Cabe transcrever a ementa:</p><p>Ação Direta de Inconstitucionalidade. 2. Jornada de</p><p>trabalho 12 por 36. Pactuação por acordo individual. Art.</p><p>59-A da CLT, na redação dada pela Lei 13.467, de 13 de</p><p>julho de 2017. Reforma Trabalhista. 3. Alegação de</p><p>violação ao disposto no artigo 7º, incisos XIII, XIV e XXVI,</p><p>da Constituição Federal. Inocorrência. 4. ADI 4.842, Rel.</p><p>Min. EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em</p><p>14.9.2016. 5. Ação Direta de Inconstitucionalidade</p><p>julgada improcedente. (ADI 5994, Relator(a): MARCO</p><p>AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: GILMAR MENDES,</p><p>Tribunal Pleno, julgado em 03-07-2023, PROCESSO</p><p>ELETRÔNICO DJe-s/n DIVULG 08-08-2023 PUBLIC 09-08-</p><p>2023)</p><p>Ademais, a constitucionalidade da adoção da jornada</p><p>especial de 12 x 36, em regime de compensação de</p><p>horários, foi estendida também para motoristas</p><p>profissionais, conforme decidido na ADI 5322:</p><p>“[...] O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL fixou orientação</p><p>no sentido da constitucionalidade da adoção da jornada</p><p>especial de 12 x 36, em regime de compensação de</p><p>11</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>horários (art. 7º, XIII, da CF). [...] (ADI 5322, Relator(a):</p><p>ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 03-</p><p>07-2023, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-s/n DIVULG 29-</p><p>08-2023 PUBLIC 30-08-2023)</p><p>Todavia, no tocante aos motoristas profissionais, a lei</p><p>exige a negociação coletiva para pactuação da escala</p><p>especial de 12x36, conforme preceitua o artigo 235-F da</p><p>CLT, que dispõe:</p><p>Convenção e acordo coletivo poderão prever jornada</p><p>especial de 12 (doze) horas de trabalho por 36 (trinta e</p><p>seis) horas de descanso para o trabalho do motorista</p><p>profissional empregado em regime de compensação.</p><p>Dessa forma, correta a alternativa D, que é o gabarito do</p><p>enunciado, segundo a qual o STF reconheceu a</p><p>constitucionalidade da jornada de 12 horas de trabalho</p><p>por 36 horas de descanso, permitindo sua adoção tanto</p><p>para trabalhadores em geral quanto para motoristas</p><p>profissionais. No entanto, para motoristas profissionais,</p><p>é necessário que essa jornada seja pactuada por meio de</p><p>negociação coletiva, por exigência legal. Já para os</p><p>trabalhadores em geral, a pactuação pode ser feita até</p><p>por acordo individual, sem a necessidade de negociação</p><p>coletiva, conforme regra trazida pela Reforma</p><p>Trabalhista, validada pelo Supremo.</p><p>DIREITO PROCESSUAL PENAL</p><p>Professor Leonardo Tavares</p><p>Questão 13</p><p>Sobre os juizados especiais criminais, assinale a</p><p>alternativa correta.</p><p>A) Os juizados especiais criminais são dotados de</p><p>competência relativa para julgamento das infrações</p><p>penais de menor potencial ofensivo, razão pela qual se</p><p>permite que essas infrações sejam julgadas por outro</p><p>juízo com vis atractiva para o crime de maior gravidade,</p><p>pela conexão ou continência, observados, quanto</p><p>àqueles, os institutos despenalizadores, quando</p><p>cabíveis.</p><p>B) Processos e procedimentos que se iniciam no juizado</p><p>especial criminal não podem ter sua competência</p><p>deslocada para o juízo comum, em razão da perpetuatio</p><p>jurisdictionis.</p><p>C) Diferente do que ocorre com o acordo de não</p><p>persecução penal, no caso de negativa do Ministério</p><p>Público em relação à proposta de institutos</p><p>despenalizadores previstos na Lei 9.099/95, admite-se a</p><p>tutela judicial, em decorrência da inafastabilidade da</p><p>jurisdição, para efeito de se implementarem os</p><p>benefícios, por decisão judicial e independentemente da</p><p>atuação do parquet.</p><p>D) A citação por edital, que excepcionalmente pode</p><p>ocorrer nos juizados especiais criminais, tem prazo</p><p>próprio previsto na Lei 9.099/95.</p><p>E) No procedimento criminal sumaríssimo previsto na Lei</p><p>do Juizado, a resposta à acusação só ocorre depois do</p><p>recebimento da denúncia pelo juiz.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: A</p><p>a) Correta. Embora a competência dos juizados venha</p><p>inicialmente disciplinada na Constituição Federal (art.</p><p>98, I), é</p><p>a compreensão do STF retratada na ADI 5264/DF</p><p>(rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em</p><p>4.12.2020).</p><p>CF. Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios,</p><p>e os Estados criarão:</p><p>I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou</p><p>togados e leigos, competentes para a conciliação, o</p><p>julgamento e a execução de causas cíveis de menor</p><p>complexidade e infrações penais de menor potencial</p><p>ofensivo, mediante os procedimentos oral e</p><p>sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei,</p><p>a transação e o julgamento de recursos por turmas de</p><p>juízes de primeiro grau;</p><p>b) Errada. A competência é relativa, pode ser deslocada;</p><p>inclusive existem situações previstas em lei para que isso</p><p>aconteça, a exemplo dos arts. 66 e 77 da Lei 9.099/95.</p><p>Art. 66. Parágrafo único. Não encontrado o acusado para</p><p>ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao</p><p>Juízo comum para adoção do procedimento previsto em</p><p>lei.</p><p>Art. 77 § 2º Se a complexidade ou circunstâncias do caso</p><p>não permitirem a formulação da denúncia, o Ministério</p><p>Público poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das</p><p>peças existentes, na forma do parágrafo único do art. 66</p><p>desta Lei.</p><p>c) Errada. Os institutos despenalizadores (transação,</p><p>suspensão condicional do processo) não caracterizam</p><p>‘direito subjetivo’ do agente, mas sim ‘poder-dever’ do</p><p>MP, de maneira que a legitimidade da proposta, nos</p><p>12</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>crimes de ação pública, é só do MP, titular privativo da</p><p>ação penal pública.</p><p>Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime</p><p>de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de</p><p>arquivamento, o Ministério Público poderá propor a</p><p>aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou</p><p>multas, a ser especificada na proposta.</p><p>Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for</p><p>igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta</p><p>Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá</p><p>propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos,</p><p>desde que o acusado não esteja sendo processado ou</p><p>não tenha sido condenado por outro crime, presentes os</p><p>demais requisitos que autorizariam a suspensão</p><p>condicional da pena (art. 77 do Código Penal).</p><p>d) Errada. Não se admite citação por edital nos juizados</p><p>especiais criminais. Tanto que é caso de deslocamento</p><p>de competência o fato de o réu não ser localizado (art.</p><p>66, parágrafo único da Lei 9.099/95).</p><p>e) Errada. Ao contrário, há uma resposta preliminar</p><p>(antes do recebimento da denúncia) na audiência de</p><p>instrução.</p><p>Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao</p><p>defensor para responder à acusação, após o que o Juiz</p><p>receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo</p><p>recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas</p><p>de acusação e defesa, interrogando-se a seguir o</p><p>acusado, se presente, passando-se imediatamente aos</p><p>debates orais e à prolação da sentença.</p><p>Questão 14</p><p>Sobre a prisão preventiva, assinale a incorreta.</p><p>A) Após o advento da Lei n. 13.964/2019, não é possível</p><p>a conversão ex officio da prisão em flagrante em</p><p>preventiva, mesmo nas situações em que não ocorre</p><p>audiência de custódia.</p><p>B) O transcurso do prazo previsto para revisão periódica</p><p>(parágrafo único do art. 316 do Código de Processo</p><p>Penal) não acarreta, automaticamente, a revogação da</p><p>prisão preventiva e, consequentemente, a concessão de</p><p>liberdade provisória.</p><p>C) De acordo com a lei, o juiz pode, de ofício e se</p><p>sobrevierem razões que justifiquem, restabelecer ou</p><p>decretar novamente uma prisão preventiva dentro da</p><p>mesma persecução penal.</p><p>D) Na motivação da decretação da prisão preventiva ou</p><p>de qualquer outra cautelar, o juiz deverá indicar</p><p>concretamente a existência de fatos novos ou</p><p>contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida</p><p>adotada, de maneira tal que não se admite a prisão</p><p>quando os crimes ocorrem muito tempo antes da</p><p>decretação da medida.</p><p>E) Nos crimes mais graves, será admitida a decretação da</p><p>prisão preventiva com a finalidade de antecipação de</p><p>cumprimento de pena ou como decorrência imediata de</p><p>investigação criminal ou da apresentação ou</p><p>recebimento de denúncia.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: D</p><p>a) Correta. É o entendimento consagrado pela Terceira</p><p>Seção do STJ (RHC 131.263-GO, Rel. Min. Sebastião Reis</p><p>Júnior, Terceira Seção, por maioria, julgado em</p><p>24/02/2021) que também é adotado pelo STF.</p><p>Art. 282 § 2º As medidas cautelares serão decretadas</p><p>pelo juiz a requerimento das partes ou, quando no curso</p><p>da investigação criminal, por representação da</p><p>autoridade policial ou mediante requerimento do</p><p>Ministério Público.</p><p>Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do</p><p>processo penal, caberá a prisão preventiva decretada</p><p>pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, do</p><p>querelante ou do assistente, ou por representação da</p><p>autoridade policial.</p><p>b) Correta. É o entendimento consagrado na ADI 6581</p><p>(Órgão julgador: Tribunal Pleno. Relator(a): Min. EDSON</p><p>FACHIN. Redator(a) do acórdão: Min. ALEXANDRE DE</p><p>MORAES. Julgamento: 09/03/2022).</p><p>Art. 316. Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva,</p><p>deverá o órgão emissor da decisão revisar a necessidade</p><p>de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante</p><p>decisão fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a</p><p>prisão ilegal.</p><p>c) Certa. Nesse sentido, eis o dispositivo legal.</p><p>Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes,</p><p>revogar a prisão preventiva se, no correr da investigação</p><p>ou do processo, verificar a falta de motivo para que ela</p><p>subsista, bem como novamente decretá-la, se</p><p>sobrevierem razões que a justifiquem.</p><p>d) Errada - gabarito. A contemporaneidade se refere aos</p><p>fatos ensejadores da medida (requisitos e pressupostos</p><p>13</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>da preventiva), não dizem respeito à data da infração</p><p>penal.</p><p>Art. 315 § 1º Na motivação da decretação da prisão</p><p>preventiva ou de qualquer outra cautelar, o juiz deverá</p><p>indicar concretamente a existência de fatos novos ou</p><p>contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida</p><p>adotada.</p><p>Art. 312. § 2º A decisão que decretar a prisão preventiva</p><p>deve ser motivada e fundamentada em receio de perigo</p><p>e existência concreta de fatos novos ou contemporâneos</p><p>que justifiquem a aplicação da medida adotada.</p><p>e) Errada. Ao contrário; e não há exceção nem mesmo</p><p>para crimes graves.</p><p>Art. 313 § 2º Não será admitida a decretação da prisão</p><p>preventiva com a finalidade de antecipação de</p><p>cumprimento de pena ou como decorrência imediata de</p><p>investigação criminal ou da apresentação ou</p><p>recebimento de denúncia.</p><p>DIREITO TRIBUTÁRIO</p><p>Professor Rogério Cunha</p><p>Questão 15</p><p>Acerca da repartição de receitas tributárias e da</p><p>jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, assinale a</p><p>alternativa correta:</p><p>A) É vedada a concessão de incentivos, benefícios e</p><p>isenções fiscais relativos ao Imposto de Renda e Imposto</p><p>sobre Produtos Industrializados por parte da União em</p><p>relação ao Fundo de Participação de Municípios e</p><p>respectivas quotas devidas aos Municípios.</p><p>B) Pertence à União a titularidade das receitas</p><p>arrecadadas a título de imposto de renda retido na fonte</p><p>incidente sobre valores pagos pelos Municípios, suas</p><p>autarquias e fundações a pessoas físicas ou jurídicas</p><p>contratadas para a prestação de bens ou serviços.</p><p>C) A reforma tributária criou o Fundo Nacional de</p><p>Desenvolvimento Regional, com o objetivo de reduzir</p><p>desigualdades regionais e sociais, mediante a entrega de</p><p>recurso da União aos Estados e Distrito Federal.</p><p>D) Pertencem aos Municípios 20% do produto da</p><p>arrecadação dos impostos residuais da União.</p><p>E) Pertencem aos Municípios 50% do produto da</p><p>arrecadação do imposto do Estado sobre a propriedade</p><p>de veículos automotores aéreos licenciados em seus</p><p>territórios.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: C</p><p>A – INCORRETA –O STF ao apreciar o Tema RG 653 fixou</p><p>tese em sentido contrário, entendendo que: É</p><p>constitucional a concessão regular de incentivos,</p><p>benefícios e isenções fiscais relativos ao Imposto de</p><p>Renda e Imposto sobre</p><p>Produtos Industrializados por</p><p>parte da União em relação ao Fundo de Participação de</p><p>Municípios e respectivas quotas devidas às</p><p>Municipalidades.</p><p>B – INCORRETA Ao apreciar o TEMA RG 1130 o STF</p><p>entendeu que tal receita pertence aos Estados, DF e</p><p>Municípios: Pertence ao Município, aos Estados e ao</p><p>Distrito Federal a titularidade das receitas arrecadadas a</p><p>título de imposto de renda retido na fonte incidente</p><p>sobre valores pagos por eles, suas autarquias e</p><p>fundações a pessoas físicas ou jurídicas contratadas para</p><p>a prestação de bens ou serviços, conforme disposto nos</p><p>arts. 158, I, e 157, I, da Constituição Federal.</p><p>C – CORRETA – A alternativa reflete a previsão do CF Art.</p><p>159-A da CF/88. Incluído pela EC 132/23.</p><p>Art. 159-A. Fica instituído o Fundo Nacional de</p><p>Desenvolvimento Regional, com o objetivo de reduzir as</p><p>desigualdades regionais e sociais, nos termos do art. 3º,</p><p>III, mediante a entrega de recursos da União aos Estados</p><p>e ao Distrito Federal para: (Incluído pela Emenda</p><p>Constitucional nº 132, de 2023)</p><p>I - realização de estudos, projetos e obras de</p><p>infraestrutura; (Incluído pela Emenda Constitucional</p><p>nº 132, de 2023)</p><p>II - fomento a atividades produtivas com elevado</p><p>potencial de geração de emprego e renda, incluindo a</p><p>concessão de subvenções econômicas e financeiras; e</p><p>(Incluído pela Emenda Constitucional nº 132, de 2023)</p><p>III - promoção de ações com vistas ao desenvolvimento</p><p>científico e tecnológico e à inovação. (Incluído pela</p><p>Emenda Constitucional nº 132, de 2023)</p><p>D – INCORRETA - ERRADA. Art. 157. Pertencem aos</p><p>Estados e Distrito Federal: II - vinte por cento do produto</p><p>da arrecadação do imposto que a União instituir no</p><p>exercício da competência que lhe é atribuída pelo art.</p><p>154, I.</p><p>14</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>E - INCORRETA – De acordo com o art. 158, III da CF/88</p><p>pertencem aos municípios 50% (cinquenta por cento) do</p><p>produto da arrecadação do imposto do Estado sobre a</p><p>propriedade de veículos automotores licenciados em</p><p>seus territórios e, em relação a veículos aquáticos e</p><p>aéreos, cujos proprietários sejam domiciliados em seus</p><p>territórios;</p><p>Questão 16</p><p>Uma empresa localizada no estado Alfa impetrou</p><p>mandado de segurança para obter o direito de gozar</p><p>imediatamente do benefício de um crédito presumido de</p><p>5% sobre a entrada de trigo, previsto em um convênio</p><p>autorizado no CONFAZ. O estado Alfa, após a aprovação</p><p>do convênio pelo CONFAZ, ainda não havia submetido a</p><p>concessão do benefício à aprovação da sua Casa</p><p>Legislativa. Com base na jurisprudência do Supremo</p><p>Tribunal Federal (STF), é correto afirmar que:</p><p>A) A empresa tem o direito ao benefício imediatamente</p><p>após a aprovação do convênio pelo CONFAZ, já que esse</p><p>órgão é o responsável por regulamentar os benefícios</p><p>fiscais interestaduais.</p><p>B) O convênio do CONFAZ apenas autoriza os estados a</p><p>concederem benefícios fiscais, sendo necessário que o</p><p>estado Alfa aprove lei específica, submetida à sua Casa</p><p>Legislativa, para que a empresa tenha direito ao crédito</p><p>presumido.</p><p>C) A empresa poderá usufruir do benefício, pois o</p><p>princípio da transparência fiscal exige que a concessão</p><p>de incentivos seja automática após a aprovação pelo</p><p>CONFAZ, independentemente de aprovação legislativa</p><p>estadual.</p><p>D) O convênio do CONFAZ é vinculante para os estados,</p><p>o que dispensa a necessidade de aprovação pela Casa</p><p>Legislativa do estado Alfa para que o benefício fiscal</p><p>tenha validade.</p><p>E) A exigência de submissão à Casa Legislativa do estado</p><p>Alfa afronta o princípio da eficiência tributária, razão</p><p>pela qual a empresa pode utilizar o crédito presumido</p><p>desde a aprovação pelo CONFAZ.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: B</p><p>A - INCORRETA: A aprovação pelo CONFAZ não gera</p><p>direito automático ao benefício fiscal. Segundo a</p><p>jurisprudência do STF, o convênio possui natureza</p><p>autorizativa, e cada estado precisa aprovar lei específica</p><p>em sua Casa Legislativa para que o benefício tenha</p><p>validade.</p><p>CONCESSÃO INCENTIVO FISCAL DE ICMS. NATUREZA</p><p>AUTORIZATIVA DO CONVÊNIO CONFAZ. 1. PRINCÍPIO DA</p><p>LEGALIDADE ESPECÍFICA EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA. 2.</p><p>TRANSPARÊNCIA FISCAL E FISCALIZAÇÃO FINANCEIRA-</p><p>ORÇAMENTÁRIA. (...)</p><p>2. Os convênios CONFAZ têm natureza meramente</p><p>autorizativa ao que imprescindível a submissão do ato</p><p>normativo que veicule quaisquer benefícios e incentivos</p><p>fiscais à apreciação da Casa Legislativa.</p><p>3. A exigência de submissão do convênio à Câmara</p><p>Legislativa do Distrito Federal evidencia observância não</p><p>apenas ao princípio da legalidade tributária, quando é</p><p>exigida lei específica, mas também à transparência fiscal</p><p>que, por sua vez, é pressuposto para o exercício de</p><p>controle fiscal-orçamentário dos incentivos fiscais de</p><p>ICMS. (...) (STF, ADI 5929)</p><p>B - CORRETA: De acordo com a jurisprudência do STF</p><p>(STF, ADI 5929), o convênio do CONFAZ tem caráter</p><p>autorizativo, ou seja, apenas autoriza os estados a</p><p>concederem benefícios fiscais. Para que o benefício seja</p><p>usufruído pela empresa, é necessário que o estado Alfa</p><p>aprove lei específica, submetendo o benefício à sua Casa</p><p>Legislativa, em observância ao princípio da legalidade</p><p>tributária.</p><p>C - INCORRETA: O princípio da transparência fiscal exige</p><p>que a concessão de incentivos fiscais seja submetida à</p><p>fiscalização orçamentária, o que pressupõe a aprovação</p><p>pela Casa Legislativa do estado Alfa, não sendo</p><p>automática após o convênio.</p><p>D - INCORRETA: O convênio não é vinculante, mas</p><p>autorizativo. Os estados precisam seguir o processo</p><p>legislativo local para implementar o benefício, o que</p><p>inclui a aprovação pela Casa Legislativa.</p><p>E - INCORRETA: A exigência de submissão à Casa</p><p>Legislativa não afronta o princípio da eficiência</p><p>tributária, pois está alinhada ao princípio da legalidade,</p><p>que exige a criação de lei específica para concessão de</p><p>incentivos fiscais.</p><p>15</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>DIREITO ADMINISTRATIVO</p><p>Professor Rodolfo Penna</p><p>Questão 17</p><p>Maria Clara participou de um processo seletivo</p><p>organizado por determinado órgão público, destinado à</p><p>contratação de profissionais da área jurídica.</p><p>O edital do certame estabelecia que, após a aprovação</p><p>na fase classificatória, os candidatos deveriam enviar,</p><p>pela internet, a documentação comprobatória no prazo</p><p>de 15 (quinze) dias, sob pena de eliminação.</p><p>Maria Clara foi aprovada na fase classificatória, porém,</p><p>no último dia do prazo, ao tentar enviar a referida</p><p>documentação, não logrou êxito em virtude de o sistema</p><p>estar supostamente fora do ar. Assim, Maria Clara foi</p><p>eliminada do processo seletivo, por ausência de envio</p><p>dos documentos no tempo e forma exigidos pelo edital.</p><p>Inconformada, impetrou um mandado de segurança</p><p>para garantir sua permanência no certame. O processo</p><p>foi distribuído a você que na condição de Juiz deve julgar</p><p>o mandamus:</p><p>A) procedente, uma vez que a Administração eliminou a</p><p>candidata do certame de forma indevida,</p><p>independentemente de comprovação da falha no</p><p>sistema.</p><p>B) procedente, pois cabe ao Poder Judiciário intervir em</p><p>todos e quaisquer critérios adotados em certames</p><p>públicos, para resguardar a ordem constitucional.</p><p>C) procedente e a impetrante tem direito de ser mantida</p><p>no processo seletivo, pois a Administração Pública deve</p><p>sempre garantir a ampla acessibilidade aos cargos</p><p>públicos.</p><p>D) improcedente, sendo legítimo o ato de eliminação da</p><p>candidata, desde que a organizadora do certame</p><p>comprove que não houve falha técnica no sistema, tendo</p><p>Maria Clara não atendido às regras de envio da</p><p>documentação no tempo e forma previstos no edital.</p><p>E) improcedente, não constituindo o writ instrumento</p><p>processual jurídico cabível para a reclamação</p><p>pretendida.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: D</p><p>Solução rápida</p><p>A alternativa D está correta e corresponde ao gabarito</p><p>da questão.</p><p>A questão trata do tema Acessibilidade aos Cargos e</p><p>Empregos Pùblicos.</p><p>O art. 37, I, da CF estabelece o princípio da ampla</p><p>acessibilidade aos cargos públicos:</p><p>I - os cargos, empregos e funções públicas</p><p>são acessíveis</p><p>aos brasileiros que preencham os re-quisitos</p><p>estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na</p><p>forma da lei;</p><p>Neste sentido, o ingresso nos cargos públicos não pode</p><p>sofrer restrições sem razoabilidade pela Adminis-tração</p><p>Pública. Os requisitos necessários para se tornar servidor</p><p>público devem ser apenas aqueles previs-tos na</p><p>constituição e outros instituídos por lei, desde que</p><p>guarde pertinência com a natureza e complexi-dade do</p><p>cargo ou emprego público e seja razoável, com a</p><p>finalidade de atender aos princípios da Adminis-tração</p><p>Pública.</p><p>Além disso, o art. 37, II, da Lei Maior estabeleceu o</p><p>princípio do concurso público:</p><p>II - a investidura em cargo ou emprego público depende</p><p>de aprovação prévia em concurso pú-blico de provas ou</p><p>de provas e títulos, de acordo com a natureza e a</p><p>complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista</p><p>em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em</p><p>comissão decla-rado em lei de livre nomeação e</p><p>exoneração;</p><p>§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III</p><p>implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade</p><p>responsável, nos termos da lei.</p><p>A imposição de concurso público abrange toda a</p><p>Administração direta e indireta, inclusive as empresas</p><p>públicas e sociedades de economia mista e está fundada,</p><p>especialmente, nos princípios da impessoalida-de, da</p><p>moralidade e da eficiência.</p><p>Concurso público é o processo administrativo por meio</p><p>do qual a Administração seleciona os melhores</p><p>candidatos para ocuparem os cargos ou empregos</p><p>públicos, por meio da realização de provas ou de provas</p><p>e títulos.</p><p>Nesse contexto, posicionou-se o STJ:</p><p>As regras editalícias nos concursos públicos vinculam</p><p>tanto a Administração como os candidatos participantes.</p><p>STJ. 1ª Turma. AgInt nos EDcl no RMS 70.988/MS, Rel.</p><p>Min. Benedito Gonçalves, julgado em 9/10/2023 (Info</p><p>797).</p><p>16</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>Assim, se o sistema não apresentou falhas e isso foi</p><p>comprovado pela organizadora do certame, tendo Maria</p><p>Clara não conseguido cumprir o prazo por motivos</p><p>próprios, o ato de sua eliminação deve ser considerado</p><p>legítimo, por descumprimento à regra editalícia e o</p><p>mandado de segurança julgado improcedente.</p><p>Solução completa</p><p>A alternativa D está correta e corresponde ao gabarito</p><p>da questão.</p><p>A questão trata do tema Acessibilidade aos Cargos e</p><p>Empregos Pùblicos.</p><p>O art. 37, I, da CF estabelece o princípio da ampla</p><p>acessibilidade aos cargos públicos:</p><p>I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis</p><p>aos brasileiros que preencham os re-quisitos</p><p>estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na</p><p>forma da lei;</p><p>Neste sentido, o ingresso nos cargos públicos não pode</p><p>sofrer restrições sem razoabilidade pela Adminis-tração</p><p>Pública. Os requisitos necessários para se tornar servidor</p><p>público devem ser apenas aqueles previs-tos na</p><p>constituição e outros instituídos por lei, desde que</p><p>guarde pertinência com a natureza e complexi-dade do</p><p>cargo ou emprego público e seja razoável, com a</p><p>finalidade de atender aos princípios da Adminis-tração</p><p>Pública.</p><p>Além disso, o art. 37, II, da Lei Maior estabeleceu o</p><p>princípio do concurso público:</p><p>II - a investidura em cargo ou emprego público depende</p><p>de aprovação prévia em concurso pú-blico de provas ou</p><p>de provas e títulos, de acordo com a natureza e a</p><p>complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista</p><p>em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em</p><p>comissão decla-rado em lei de livre nomeação e</p><p>exoneração;</p><p>§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III</p><p>implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade</p><p>responsável, nos termos da lei.</p><p>A imposição de concurso público abrange toda a</p><p>Administração direta e indireta, inclusive as empresas</p><p>públicas e sociedades de economia mista e está fundada,</p><p>especialmente, nos princípios da impessoalida-de, da</p><p>moralidade e da eficiência.</p><p>Concurso público é o processo administrativo por meio</p><p>do qual a Administração seleciona os melhores</p><p>candidatos para ocuparem os cargos ou empregos</p><p>públicos, por meio da realização de provas ou de provas</p><p>e títulos.</p><p>Nesse contexto, posicionou-se o STJ:</p><p>As regras editalícias nos concursos públicos vinculam</p><p>tanto a Administração como os candidatos participantes.</p><p>STJ. 1ª Turma. AgInt nos EDcl no RMS 70.988/MS, Rel.</p><p>Min. Benedito Gonçalves, julgado em 9/10/2023 (Info</p><p>797).</p><p>Assim, se o sistema não apresentou falhas e isso foi</p><p>comprovado pela organizadora do certame, tendo Maria</p><p>Clara não conseguido cumprir o prazo por motivos</p><p>próprios, o ato de sua eliminação deve ser considerado</p><p>legítimo, por descumprimento à regra editalícia e o</p><p>mandado de segurança julgado improcedente.</p><p>A alternativa A está incorreta. Não há, na descrição do</p><p>enunciado, uma demonstração clara de que a eliminação</p><p>foi indevida. O edital estabelecia regras e prazos, e a</p><p>candidata não conseguiu enviar a documentação no</p><p>prazo. A eliminação da candidata somente seria</p><p>considerada indevida se ficasse comprovada a falha no</p><p>sistema que impediu o envio da documentação. Não há</p><p>presunção de que a Administração errou, e a candidata</p><p>não tem o direito de ser reintegrada automaticamente</p><p>no certame.</p><p>A alternativa B está incorreta. O Poder Judiciário não</p><p>pode intervir em todos os critérios de concursos</p><p>públicos. Sua atuação se restringe a questões de</p><p>legalidade, mas não substitui a discricionariedade</p><p>administrativa ou altera critérios objetivos de seleção,</p><p>desde que estes sigam a lei e o edital.</p><p>A alternativa C está incorreta. Embora a ampla</p><p>acessibilidade aos cargos públicos seja um princípio</p><p>importante (art. 37, I da CF/88), isso não justifica a</p><p>manutenção da candidata no certame. A ampla</p><p>acessibilidade deve coexistir com o respeito às regras</p><p>previstas no edital.</p><p>A alternativa E está incorreta. O Mandado de Segurança</p><p>é instrumento processual adequado para proteger</p><p>direito líquido e certo contra suposto ato ilegal ou</p><p>abusivo da Administração, desde que não haja</p><p>necessidade de dilação probatória extensa, podendo ser</p><p>cabível em situações semelhantes ao caso em comento.</p><p>17</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>Questão 18</p><p>A sociedade empresária Beta, concessionária</p><p>responsável pela operação do serviço público de</p><p>abastecimento de água no município X, vem sendo</p><p>monitorada pelo poder concedente devido a diversas</p><p>reclamações dos usuários.</p><p>O poder concedente constatou que a concessionária não</p><p>mantinha a qualidade mínima exigida da água</p><p>distribuída, realizava interrupções no abastecimento</p><p>sem aviso prévio à população, e não realizava os devidos</p><p>reparos em tubulações e estações de tratamento, o que</p><p>ocasionava vazamentos e perda significativa de água</p><p>tratada.</p><p>Além disso, verificou-se que a concessionária não</p><p>cumpria a exigência contratual de investimento em</p><p>infraestrutura e modernização das redes de distribuição,</p><p>descumprindo várias cláusulas do contrato de concessão</p><p>e normas de regulação do serviço.</p><p>Mesmo após a aplicação de multas e sanções, a</p><p>concessionária não regularizou sua conduta e deixou de</p><p>responder às intimações do poder concedente,</p><p>agravando a precariedade do serviço prestado. Nessa</p><p>situação hipotética, de acordo com a Lei nº 8.987/95,</p><p>pode-se afirmar corretamente que o Poder Concedente</p><p>deve extinguir o contrato de concessão mediante:</p><p>A) anulação.</p><p>B) revogação.</p><p>C) caducidade.</p><p>D) encampação.</p><p>E) cassação.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: C</p><p>Solução rápida</p><p>A alternativa C está correta e corresponde ao gabarito da</p><p>questão.</p><p>As formas de extinção do contrato de concessão e</p><p>permissão de serviços públicos estão previstas no art. 35</p><p>da lei 8.987/95: I - advento do termo contratual; II -</p><p>encampação; III - caducidade; IV - rescisão; V - anulação;</p><p>e VI - falência ou extinção da empresa concessionária e</p><p>falecimento ou incapacidade do titular, no caso de</p><p>empresa individual.</p><p>A caducidade é a forma de extinção da concessão por</p><p>inexecução total ou parcial do contrato. Existem duas</p><p>hipóteses para a extinção</p><p>do processo por caducidade: i)</p><p>Inexecução parcial ou total do contrato em geral</p><p>(hipóteses do art. 38, §1º); ii) Transferência de concessão</p><p>ou do controle societário da concessionária sem prévia</p><p>anuência do poder concedente (art. 27-A).</p><p>É o caso descrito no enunciado, onde a concessionária</p><p>não manteve a qualidade do serviço, não fez os</p><p>investimentos exigidos e ignorou as sanções impostas. O</p><p>art. 38 da Lei nº 8.987/1995, que rege as concessões de</p><p>serviços públicos, prevê a extinção do contrato por</p><p>caducidade. Confira-se:</p><p>Art. 38. A inexecução total ou parcial do contrato</p><p>acarretará, a critério do poder concedente, a declaração</p><p>de caducidade da concessão ou a aplicação das sanções</p><p>contratuais, respeitadas as disposições deste artigo, do</p><p>art. 27, e as normas convencionadas entre as partes.</p><p>§ 1o A caducidade da concessão poderá ser declarada</p><p>pelo poder concedente quando:</p><p>I - o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada</p><p>ou deficiente, tendo por base as normas, critérios,</p><p>indicadores e parâmetros definidores da qualidade do</p><p>serviço;</p><p>II - a concessionária descumprir cláusulas contratuais ou</p><p>disposições legais ou regulamentares concernentes à</p><p>concessão;</p><p>III - a concessionária paralisar o serviço ou concorrer para</p><p>tanto, ressalvadas as hipóteses decorrentes de caso</p><p>fortuito ou força maior;</p><p>IV - a concessionária perder as condições econômicas,</p><p>técnicas ou operacionais para manter a adequada</p><p>prestação do serviço concedido;</p><p>V - a concessionária não cumprir as penalidades</p><p>impostas por infrações, nos devidos prazos;</p><p>VI - a concessionária não atender a intimação do poder</p><p>concedente no sentido de regularizar a prestação do</p><p>serviço; e</p><p>VII - a concessionária não atender a intimação do poder</p><p>concedente para, em 180 (cento e oitenta) dias,</p><p>apresentar a documentação relativa a regularidade</p><p>fiscal, no curso da concessão, na forma do art. 29 da Lei</p><p>nº 8.666, de 21 de junho de 1993. (Redação</p><p>dada pela Lei nº 12.767, de 2012)</p><p>Solução completa</p><p>18</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>A alternativa C está correta e corresponde ao gabarito da</p><p>questão.</p><p>As formas de extinção do contrato de concessão e</p><p>permissão de serviços públicos estão previstas no art. 35</p><p>da lei 8.987/95: I - advento do termo contratual; II -</p><p>encampação; III - caducidade; IV - rescisão; V - anulação;</p><p>e VI - falência ou extinção da empresa concessionária e</p><p>falecimento ou incapacidade do titular, no caso de</p><p>empresa individual.</p><p>A caducidade é a forma de extinção da concessão por</p><p>inexecução total ou parcial do contrato. Existem duas</p><p>hipóteses para a extinção do processo por caducidade: i)</p><p>Inexecução parcial ou total do contrato em geral</p><p>(hipóteses do art. 38, §1º); ii) Transferência de concessão</p><p>ou do controle societário da concessionária sem prévia</p><p>anuência do poder concedente (art. 27-A).</p><p>É o caso descrito no enunciado, onde a concessionária</p><p>não manteve a qualidade do serviço, não fez os</p><p>investimentos exigidos e ignorou as sanções impostas. O</p><p>art. 38 da Lei nº 8.987/1995, que rege as concessões de</p><p>serviços públicos, prevê a extinção do contrato por</p><p>caducidade. Confira-se:</p><p>Art. 38. A inexecução total ou parcial do contrato</p><p>acarretará, a critério do poder concedente, a declaração</p><p>de caducidade da concessão ou a aplicação das sanções</p><p>contratuais, respeitadas as disposições deste artigo, do</p><p>art. 27, e as normas convencionadas entre as partes.</p><p>§ 1o A caducidade da concessão poderá ser declarada</p><p>pelo poder concedente quando:</p><p>I - o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada</p><p>ou deficiente, tendo por base as normas, critérios,</p><p>indicadores e parâmetros definidores da qualidade do</p><p>serviço;</p><p>II - a concessionária descumprir cláusulas contratuais ou</p><p>disposições legais ou regulamentares concernentes à</p><p>concessão;</p><p>III - a concessionária paralisar o serviço ou concorrer para</p><p>tanto, ressalvadas as hipóteses decorrentes de caso</p><p>fortuito ou força maior;</p><p>IV - a concessionária perder as condições econômicas,</p><p>técnicas ou operacionais para manter a adequada</p><p>prestação do serviço concedido;</p><p>V - a concessionária não cumprir as penalidades</p><p>impostas por infrações, nos devidos prazos;</p><p>VI - a concessionária não atender a intimação do poder</p><p>concedente no sentido de regularizar a prestação do</p><p>serviço; e</p><p>VII - a concessionária não atender a intimação do poder</p><p>concedente para, em 180 (cento e oitenta) dias,</p><p>apresentar a documentação relativa a regularidade</p><p>fiscal, no curso da concessão, na forma do art. 29 da Lei</p><p>nº 8.666, de 21 de junho de 1993. (Redação</p><p>dada pela Lei nº 12.767, de 2012)</p><p>A alternativa A está incorreta. A anulação ocorre quando</p><p>verificada ilegalidade na licitação ou no contrato de</p><p>concessão, podendo ser declarada diretamente pela</p><p>Administração Pública, no exercício do poder de</p><p>autotutela, por iniciativa própria ou provocação, ou pelo</p><p>Poder Judiciário, desde que provocado.</p><p>No caso, não se trata de ilegalidade inicial, mas de</p><p>descumprimento de obrigações contratuais.</p><p>A alternativa B está incorreta. A revogação, que é</p><p>utilizada quando um ato administrativo válido se torna</p><p>inconveniente ou inoportuno, normalmente por razões</p><p>de interesse público superveniente, não está entre as</p><p>formas de extinção do contrato de concessão e</p><p>permissão de serviços públicos previstas no art. 35 da lei</p><p>8.987/95.</p><p>A alternativa D está incorreta. A encampação é a</p><p>extinção unilateral da concessão, por iniciativa do poder</p><p>concedente, por motivo de interesse público. Deve</p><p>obedecer aos seguintes requisitos: i. Interesse</p><p>público; ii. Lei autorizativa específica; iii. Pagamento</p><p>prévio da indenização.</p><p>Art. 37. Considera-se encampação a retomada do</p><p>serviço pelo poder concedente durante o prazo da</p><p>concessão, por motivo de interesse público, mediante lei</p><p>autorizativa específica e após prévio pagamento da</p><p>indenização, na forma do artigo anterior.</p><p>A alternativa E está incorreta. A cassação não está entre</p><p>as formas de extinção do contrato de concessão e</p><p>permissão de serviços públicos previstas no art. 35 da lei</p><p>8.987/95.</p><p>Questão 19</p><p>No Estado Espera Feliz, em março de 2023, foi</p><p>sancionada a lei estadual ABC após ampla consulta e</p><p>audiências públicas com representantes da sociedade</p><p>civil e empresas. O texto legal estabeleceu que o</p><p>19</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>governador do Estado Espera Feliz regulamentaria os</p><p>mecanismos de fiscalização e as sanções aplicáveis às</p><p>empresas que descumprissem as normas previstas na</p><p>legislação, no prazo de 120 (cento e vinte) dias. No</p><p>entanto, após mais de 1 (um) ano da sanção, o</p><p>governador não tomou as medidas necessárias para</p><p>regulamentar a lei. À luz da jurisprudência do STF, é</p><p>correto afirmar:</p><p>A) é cabível a propositura de ação popular dada a inércia</p><p>do Governador em legislar a matéria.</p><p>B) compete, com exclusividade, ao Chefe do Poder</p><p>Executivo, examinar a conveniência e a oportunidade</p><p>para o desempenho das atividades legislativas e</p><p>regulamentares que lhe são próprias.</p><p>C) a concessão de prazo para a prática do ato</p><p>regulamentador indica delegação de competência do</p><p>Poder Legislativo para o Poder Executivo.</p><p>D) pelo princípio da razoabilidade, 120 (cento e vinte)</p><p>dias não são suficientes para a edição de um ato</p><p>normativo.</p><p>E) é vedado ao chefe do Poder Executivo o exercício do</p><p>poder normativo.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: B</p><p>Solução rápida</p><p>A alternativa B está correta e corresponde ao gabarito da</p><p>questão. O STF decidiu no julgamento da ADI 4728/DF:</p><p>Ofende os arts. 2º e 84, II, da Constituição Federal norma</p><p>de legislação estadual que estabelece prazo para o chefe</p><p>do Poder Executivo apresentar a regulamentação de</p><p>disposições legais.</p><p>STF. Plenário. ADI 4728/DF, Rel. Min. Rosa Weber,</p><p>julgado em 12/11/2021 (Info 1037).</p><p>Solução completa</p><p>A alternativa B está correta e corresponde ao gabarito da</p><p>questão. O STF decidiu no julgamento da ADI 4728/DF:</p><p>Ofende os arts. 2º e 84, II, da Constituição</p><p>Federal norma</p><p>de legislação estadual que estabelece prazo para o chefe</p><p>do Poder Executivo apresentar a regulamentação de</p><p>disposições legais.</p><p>STF. Plenário. ADI 4728/DF, Rel. Min. Rosa Weber,</p><p>julgado em 12/11/2021 (Info 1037).</p><p>Assim, compete, com exclusividade, ao chefe do Poder</p><p>Executivo examinar a conveniência e a oportunidade</p><p>para desempenho das atividades legislativas e</p><p>regulamentares que lhe são inerentes.</p><p>Assim, qualquer norma que imponha prazo certo para a</p><p>prática de tais atos configura indevida interferência do</p><p>Poder Legislativo em atividade própria do Poder</p><p>Executivo e caracteriza intervenção na condução</p><p>superior da Administração Pública.</p><p>A alternativa A está incorreta. O STF, no caso concreto da</p><p>ADI 4728/DF, decidiu que o Legislativo não pode impor</p><p>prazos ao Chefe do Executivo para regulamentar uma lei.</p><p>A omissão regulamentar, nesse caso, não justifica o uso</p><p>de ação popular, que é o remédio constitucional por</p><p>meio do qual qualquer cidadão pode obter a anulação de</p><p>ato lesivo ao patrimônio público, à moralidade</p><p>administrativa, ao meio ambiente ou ao patrimônio</p><p>histórico cultural, segundo DANIEL ADRIANO.</p><p>A alternativa C está incorreta. Na ADI 4728/DF, ficou</p><p>determinado que qualquer norma que imponha prazo</p><p>certo para o chefe do Poder Executivo apresentar a</p><p>regulamentação de disposições legais configura indevida</p><p>interferência do Poder Legislativo em atividade própria</p><p>do Poder Executivo. Não existe delegação de</p><p>competência entre os poderes que são independentes e</p><p>harmônicos. Relembre que o art. 2º da CF/88:</p><p>Art. 2º São Poderes da União, independentes e</p><p>harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o</p><p>Judiciário.</p><p>A alternativa D está incorreta. Na ADI 4728/DF, ficou</p><p>determinado que qualquer norma que imponha prazo</p><p>certo para o chefe do Poder Executivo apresentar a</p><p>regulamentação de disposições legais indica indevida</p><p>interferência do Poder Legislativo em atividade própria</p><p>do Poder Executivo e é inconstitucional.</p><p>A alternativa E está incorreta. O Chefe do Poder</p><p>Executivo tem competência para exercer o poder</p><p>normativo através da edição de regulamentos e</p><p>decretos, detalhando a execução de leis, conforme art.</p><p>84, IV da CF/88.</p><p>Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da</p><p>República:</p><p>(...)</p><p>20</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem</p><p>como expedir decretos e regulamentos para sua fiel</p><p>execução;</p><p>Questão 20</p><p>João Silva, médico inscrito na Conselho Regional de</p><p>Medicina (CRM), deixou de pagar as anuidades</p><p>referentes aos anos de 2021, 2022 e 2023, o que</p><p>totalizou um valor correspondente a 3 (vezes) o</p><p>constante do inciso I do caput do art. 6º da Lei nº</p><p>12.514/2011, que aduz “Art. 6º As anuidades cobradas</p><p>pelo conselho serão no valor de: I - para profissionais de</p><p>nível superior: até R$ 500,00 (quinhentos reais) [...]”.</p><p>O CRM, após diversas tentativas de cobrança amigável,</p><p>ajuizou execução fiscal para a cobrança das anuidades</p><p>em atraso, nos termos da legislação correlata. João, ao</p><p>ser citado, ofereceu embargos à execução, alegando que</p><p>as anuidades não poderiam ser cobradas por meio de</p><p>execução fiscal, tendo em vista que o CRM não seria uma</p><p>autarquia pública e que as contribuições devidas não</p><p>teriam natureza tributária, sendo, portanto, inaplicável a</p><p>Lei de Execuções Fiscais.</p><p>Diante da situação fática hipotética e à luz da</p><p>jurisprudência dos Tribunais Superiores,</p><p>A) assiste razão à João Silva, sendo incabível a execução</p><p>fiscal já que as contribuições devidas ao CRM não</p><p>possuem natureza tributária.</p><p>B) assiste razão à João Silva, sendo incabível a execução</p><p>fiscal pois o CRM não se equipara à autarquia pública.</p><p>C) é inválido o procedimento executivo uma vez que o</p><p>valor mínimo para a propositura da execução é o de 5</p><p>(cinco) vezes o constante do inciso I do caput do art. 6º</p><p>da Lei.</p><p>D) é inválido o procedimento executivo uma vez que o</p><p>valor mínimo para a propositura da execução é o de 4</p><p>(quatro) vezes o constante do inciso I do caput do art. 6º</p><p>da Lei.</p><p>E) é válido o procedimento executivo uma vez que o</p><p>valor mínimo para a propositura da execução é o de 3</p><p>(três) vezes o constante do inciso I do caput do art. 6º da</p><p>Lei.</p><p>Comentários</p><p>Gabarito: C</p><p>Solução rápida</p><p>A alternativa C está correta e corresponde ao gabarito da</p><p>questão. Segundo o art. 8º da Lei nº Lei nº 12.514/2011:</p><p>Art. 8º Os Conselhos não executarão judicialmente</p><p>dívidas, de quaisquer das origens previstas no art. 4º</p><p>desta Lei, com valor total inferior a 5 (cinco) vezes o</p><p>constante do inciso I do caput do art. 6º desta Lei,</p><p>observado o disposto no seu § 1º. (Redação dada pela</p><p>Lei nº 14.195, de 2021)</p><p>Solução completa</p><p>A alternativa C está correta e corresponde ao gabarito da</p><p>questão. Segundo o art. 8º da Lei nº Lei nº 12.514/2011:</p><p>Art. 8º Os Conselhos não executarão judicialmente</p><p>dívidas, de quaisquer das origens previstas no art. 4º</p><p>desta Lei, com valor total inferior a 5 (cinco) vezes o</p><p>constante do inciso I do caput do art. 6º desta Lei,</p><p>observado o disposto no seu § 1º. (Redação dada pela</p><p>Lei nº 14.195, de 2021)</p><p>A alternativa A está incorreta. A jurisprudência do STJ já</p><p>consolidou o entendimento de que as contribuições</p><p>cobradas pelos conselhos profissionais, como as</p><p>anuidades, têm natureza tributária. Portanto, as</p><p>anuidades devidas ao CRM podem ser cobradas por meio</p><p>de execução fiscal, nos termos da Lei nº 6.830/80 (Lei de</p><p>Execuções Fiscais - LEF).</p><p>As anuidades devidas aos conselhos profissionais</p><p>constituem contribuições de interesse das categorias</p><p>profissionais e estão sujeitas a lançamento de ofício, o</p><p>qual apenas se aperfeiçoa com a notificação do</p><p>contribuinte para efetuar o pagamento do tributo e o</p><p>esgotamento das instâncias administrativas, em caso de</p><p>recurso, sendo necessária a comprovação da remessa da</p><p>intimação.</p><p>STJ. 2ª Turma. AgInt no AREsp 1689783/RS, Rel. Min.</p><p>Francisco Falcão, julgado em 26/10/2020.</p><p>A alternativa B está incorreta. Os Conselhos Profissionais</p><p>possuem natureza jurídica de autarquias federais.</p><p>Os Conselhos de Fiscalização Profissional detêm</p><p>natureza jurídica de autarquias e, dessa forma, possuem</p><p>as prerrogativas processuais conferidas à Fazenda</p><p>Pública.</p><p>STJ. 2a Turma. AgRg no Ag 1388776/RJ, Rel. Min. Herman</p><p>Benjamin, julgado em 07/06/2011.</p><p>A alternativa D está incorreta. Segundo o art. 8º da Lei nº</p><p>Lei nº 12.514/2011:</p><p>21</p><p>6º Simulado ENAM – dia – 06/10/2024</p><p>Art. 8º Os Conselhos não executarão judicialmente</p><p>dívidas, de quaisquer das origens previstas no art. 4º</p><p>desta Lei, com valor total inferior a 5 (cinco) vezes o</p><p>constante do inciso I do caput do art. 6º desta Lei,</p><p>observado o disposto no seu § 1º. (Redação dada pela</p><p>Lei nº 14.195, de 2021)</p><p>A alternativa E está incorreta. Segundo o art. 8º da Lei nº</p><p>Lei nº 12.514/2011:</p><p>Art. 8º Os Conselhos não executarão judicialmente</p><p>dívidas, de quaisquer das origens previstas no art. 4º</p><p>desta Lei, com valor total inferior a 5 (cinco) vezes o</p><p>constante do inciso I do caput do art. 6º desta Lei,</p><p>observado o disposto no seu § 1º. (Redação dada pela</p><p>Lei nº 14.195, de 2021)</p><p>Questão 21</p><p>Carlos construiu, em um terreno adquirido no ano de</p><p>2020, sua residência e um pequeno estabelecimento</p><p>comercial, um mercadinho, às margens de uma rodovia</p><p>federal recém-inaugurada, em uma área lateral à via,</p><p>destinada à faixa de domínio não edificável.</p><p>A rodovia foi construída em 2018 e a legislação vigente</p><p>determina que, por questões de segurança e</p><p>preservação do patrimônio público, não é permitida a</p><p>edificação ou ocupação privada nessas áreas,</p><p>configurando-se como área pública de uso comum.</p><p>Ignorando essas normas, Carlos edificou seu imóvel e</p><p>passou a residir e operar o mercadinho no local. Em</p><p>2023, após uma fiscalização foi constatada a ocupação</p><p>irregular do bem público, já que as construções estavam</p><p>situadas dentro da faixa de domínio não edificável da</p><p>rodovia, sendo Carlos notificado para desocupar a área.</p><p>Carlos,</p>