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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ___ VARA DA FAZENDA DA COMARCA DE NOVA PRATA/RS Zortea, pessoa jurídica de direito privado, devidamente inscrita no CNPJ sob o nº XX.XXX.XXX/XXXX-XX, com sede na Rua do Trabalhador, 540, Bairro Industrial, Nova Prata/RS, CEP 00.000-000 e suas demais filiais no Estado do Rio Grande do Sul (IMPETRANTE), vem por meio de sua advogada abaixo assinada com fundamento no Art. 5º, inciso LXIX, da Constituição Federal de 1988, e na Lei nº 12.016/2009, impetrar MANDADO DE SEGURANÇA REPRESSIVO com pedido de liminar Contra atos praticados pelos Auditores Fiscais da Fazenda Estadual do Estado do Rio Grande do Sul, com endereço na Avenida do Rosário, 146, Bairro Centro, Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul, CEP 00.000-000 (doravante denominado IMPETRADO) ao seu direito líquido e certo pelas razões de fato e de direito a seguir expostas: I-DOS FATOS Zortea é uma sociedade empresária que tem por objeto social compra, venda e montagem de peças metálicas para estruturas de shows e demais eventos. Para exercer suas atividades, usualmente há necessidade de transferir esses bens entre suas filiais, as quais estão localizadas em diferentes municípios do Estado do Rio Grande do Sul. Apesar de nessas operações não haver transferência da propriedade dos bens, mas apenas seu deslocamento físico entre diferentes filiais de Zortea, o fisco do Rio Grande do Sul entende que há incidência de Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços-ICMS nesse remanejamento. Diante da falta de recolhimento do imposto, o fisco já reteve por mais de uma vez, por seus Auditores Fiscais, algumas mercadorias que estavam sendo deslocadas entre as filiais, buscando, assim, forçar o pagamento do imposto pela sociedade empresária. II-DO CABIMENTO Diante da existência de acervo probatório pré-constituído, que comprova a apreensão de mercadorias da impetrante, bem como a ausência de decurso do prazo de 120 dias desde a prática da ilegalidade, é cabível o presente mandado na forma do Art. 1º da Lei 12.016/2009 cumulado com o Art. 5º, inciso LXIX da CF/88 III-DO MÉRITO DA NÃO INCIDÊNCIA DE ICMS NAS TRANSFERÊNCIAS ENTRE ESTABELECIMENTOS DO MESMO CONTRIBUINTE. Diante dos fatos anteriormente narrados, vê-se que a impetrante tem o hábito de deslocar mercadorias entre seus estabelecimentos, que estão localizados entre diferentes municípios do estado do Rio Grande do Sul. Tal deslocamento, conforme comprovado pela documentação em anexo, é meramente físico, sendo que não há transferência de propriedade. Em que pese, o STJ ter definido, por meio da Súmula 166, que, nas transferências entre estabelecimentos do mesmo contribuinte, não incide o ICMS, (in verbis) o fisco do Estado Do Rio Grande do Sul efetuou a cobrança desse tributo, restando clara violação. SÚMULA N. 166 Não constitui fato gerador do ICMS o simples deslocamento de mercadoria de um para outro estabelecimento do mesmo contribuinte. De tal modo, vê-se que a declaração de não incidência do ICMS no presente caso, bem como a determinação de abstenção de cobranças futuras por parte do fisco, é direito líquido e certo da impetrante. DA IMPOSSIBILIDADE DE RETENÇÃO DE MERCADORIAS DA IMPETRANTE. Conforme documentação que sustentam essa inicial, vê-se que o Fisco do Estado do Rio Grande do Sul apreendeu as mercadorias da impetrante como forma de compeli-la a pagar o tributo. No entanto, essa prática é vedada pela Súmula nº 323 do STF (in verbis), de modo que a impetrada deve ser compelida a liberar as mercadorias. SÚMULA N. 323 É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento de tributos IV-DO PEDIDO LIMINAR Conforme já exposto, o abuso praticado pela autoridade coatora restou demonstrado pelo acervo probatório, que aponta a violação à Súmula 116 do STJ, e à Súmula 323 do STF, de modo que há verossimilhança nas alegações da impetrante (fumus boni iuris). Ademais, a retenção das mercadorias da impetrante está impossibilitando o exercício regular de sua atividade empresarial, que exige o transporte das mercadorias para a realização de eventos. Desse modo, há claro risco de dano grave e irreparável. Preenchidos os requisitos de fumus boni iuris e periculum in mora, exigidos pelo art. 7º, inc. III, da Lei 12.016/2009 e art. 300 do CPC, não resta outra medida que não seja a concessão de liminar para suspensão imediata dos atos praticados pela autoridade coatora. V-DOS PEDIDOS Diante do exposto, requer: a) a concessão da medida liminar para que o Fisco, de imediato: (i) restitua as mercadorias apreendidas e se abstenha de praticar tal ato novamente; (ii) se abstenha de exigir ICMS no caso, conforme art. 151, inciso IV do CTN; b) a procedência do pedido, com concessão da segurança para: (i) confirmar a liminar, com consequente liberação definitiva das mercadorias; (ii) declarar que não há incidência de ICMS no caso; (iii) seja expedida ordem de abstenção de novas retenções e cobranças futuras; c) a notificação da autoridade coatora para prestar informações no prazo de 10 (dez) dias; d) a notificação do Estado do Rio Grande do Sul e a intimação do Ministério Público; Por fim, requer a condenação do Estado do Rio Grande do Sul ao pagamento das custas processuais Dá-se a causa o valor de R$ 20.000,00 Nova Prata, 26 de Abril de 2022 ____________________________________ Abisague da Silva Gonçalves OAB/RS 56.789
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