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UniAGES 
Centro Universitário 
Licenciatura em Educação Física 
 
 
 
 
 
 
 
LUZIA MAÍRES SILVA ALVES 
 
 
 
 
 
 
 
BRINCADEIRAS E JOGOS DE RAÍZES AFRICANA E 
INDÍGENA EM POÇO REDONDO (SE) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Paripiranga 
2021 
 
 
LUZIA MAÍRES SILVA ALVES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BRINCADEIRAS E JOGOS DE RAÍZES AFRICANA E 
INDÍGENA EM POÇO REDONDO (SE) 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada no curso de graduação do 
Centro Universitário AGES como um dos pré-requisitos 
para obtenção do título de licenciada em Educação 
Física. 
 
Orientador: Prof. Me. Tiago de Melo Ramos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Paripiranga 
2021 
 
 
LUZIA MAÍRES SILVA ALVES 
 
 
 
 
 
 
 
BRINCADEIRAS E JOGOS DE RAÍZES AFRICANA E INDÍGENA EM 
POÇO REDONDO (SE) 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada como exigência parcial para 
obtenção do título de licenciada em Educação Física à 
Comissão Julgadora designada pelo colegiado do curso 
de graduação do UniAGES. 
 
Paripiranga, _____ de _____________ de ________. 
 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
 
Prof. Me. Tiago de Melo Ramos 
UniAGES 
 
 
 
Prof._________________________ 
UniAGES 
 
 
 
Prof. ___________________________ 
UniAGES 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
A Deus, meu refúgio e fé, por sempre está comigo em todos os momentos, 
fortalecendo-me frente as dificuldades e durante toda a jornada, sem ele nada é possível. 
Aos meus pais, por tudo. E por todos ensinamentos que contribuíram para minha 
formação enquanto ser humano com princípios éticos e morais, tudo que sou devo a eles. 
A minha irmã, Marly Marta, por sempre está presente e apoiando. Ao meu namorado 
Lázaro, pelo seu amor e carinho, por todo apoio e paciência durante essa trajetória. 
Aos amigos que a faculdade proporcionou conhecer, não irei citar nomes, mas vocês 
sabem do quanto de carinho que tenho por cada um. Obrigada pelas vivências e trocas durante 
todo esse tempo. 
A todos os colegas de curso, que de algum modo contribuíram direta e indiretamente 
durante a minha trajetória acadêmica. 
Ao meu orientador, o prof. Me. Tiago de Melo Ramos por toda orientação, tornando 
possível a realização desse trabalho. 
A todos os professores do curso de Educação Física, aos que estão presentes e aos que 
não fazem mais parte da instituição, e a todos os outros professores que passaram durante 
minha jornada acadêmica. Obrigada a todos pela partilha de conhecimentos e saberes. 
E por fim, deixo meus agradecimentos a todos os funcionários da instituição, pois cada 
um contribuiu de forma relevante para a prestação de serviços aos estudantes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
O presente trabalho tem como tema: brincadeiras e jogos de raízes africana e indígena em 
Poço Redondo-SE. Dessa forma, Trata das brincadeiras e jogos como manifestações corporais 
culturais presentes nas diversas etnias e grupos sociais, que representam a cultura corporal de 
um povo, discorrendo sobre as brincadeiras e os jogos de raízes africana e indígena no ensino 
da Educação Física no supracitado município. Nota-se que levar para as aulas de Educação 
Física brincadeiras e jogos de raízes africana e indígena é uma forma de trabalhar a 
diversidade cultural, contribuindo, assim, para uma educação intercultural e nas relações 
étnicos-raciais, com isso, cumpre com a obrigatoriedade representada na Lei nº 10.639/2003 e 
na Lei 11.645/2008, que vem a ser orientado pelo currículo de Sergipe. Diante do exposto, a 
presente pesquisa tem como objetivo geral: analisar as brincadeiras e os jogos de raízes 
africana e indígena e sua importância como metodologia de ensino a ser concretizada no 
planejamento dos professores de Educação Física no município de Poço Redondo-SE. E 
enquanto objetivos específicos: identificar brincadeiras de raízes ou descendência africana e 
indígena presentes nas brincadeiras tradicionais/populares; discorrer sobre as brincadeiras, os 
jogos e o ensino na Educação Física; refletir sobre a utilização das brincadeiras e dos jogos de 
raízes africana e indígena como instrumento pedagógico para as relações étnicos-raciais; 
ponderar sobre o documento curricular de Sergipe no campo da Educação Física e do ensino 
da cultura africana e indígena. A pesquisa é do tipo bibliográfica e documental, tem como 
metodologia a natureza qualitativa, descritiva e exploratória. Perante os resultados, 
evidenciou-se que as brincadeiras e os jogos são tidos como tradicionais, universais e 
presentes em todas as culturas, inclusive, os africanos e indígenas deixaram traços marcantes 
nas brincadeiras e jogos praticados atualmente. Sendo assim, chega a conclusão que as 
brincadeiras e os jogos são instrumentos de ensino importante para trabalhar, por meio da 
cultura corporal, a história e a cultura desses povos, contribuindo para o conhecimento, a 
vivência, a valorização e o respeito à diversidade cultural existente, a qual faz parte da cultura 
nacional, sendo assim, um meio para a formação de sujeitos críticos e reflexivos perante a 
história dos povos africanos e indígenas. 
 
 
PALAVRAS-CHAVE: Brincadeiras e jogos de raízes africanas. Brincadeiras e jogos de 
raízes indígenas. Brincadeiras e jogos tradicionais. Cultura corporal. Interculturalidade. 
Educação Física. 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
This work has as a theme: plays and games with African and indigenous roots in Poço 
Redondo-SE. Thus, it brings plays and games as cultural bodily manifestations present in 
several ethnic and social groups, which represent the body culture of a people, discussing the 
plays and games with African and indigenous roots in Physical Education teaching in the 
aforementioned municipality. It is noted that taking plays and games of African and 
indigenous roots to Physical Education classes is a way of working with cultural diversity, 
thus contributing to an intercultural education and in ethnic-racial relations, thus it fulfills the 
obligation represented in Law 10.639/2003 and in Law 11.645/2008, which is guided by 
Sergipe’s curriculum. Front to these information, this research has as general objective: to 
analyze the plays and games with African and indigenous roots and their importance as a 
teaching methodology to be implemented in the Physical Education teachers’ planning in the 
city of Poço Redondo-SE. And as specific objectives: to identify plays of African and 
indigenous roots or descent present in traditional/popular games; to talk about plays, games 
and teaching in Physical Education; to reflect on the use of plays and games with African and 
indigenous roots as a pedagogical tool for ethnic-racial relations; to ponder on Sergipe’s 
curricular document in the field of Physical Education and the African and indigenous culture 
teaching. The research is bibliographical and documentary, with a qualitative, descriptive and 
exploratory methodology. In view of the results, it was evident that plays and games are seen 
as traditional, universal and present in all cultures, including the Africans and indigenous 
people left striking traces in the plays and games practiced today. Therefore, it comes to the 
conclusion that plays and games are important teaching tools to work, through body culture, 
these peoples’ history and culture, contributing to knowledge, experience, appreciation and 
respect for cultural diversity existing, which is part of the national culture, thus, a means for 
the formation of critical and reflective subjects before the African and indigenous peoples’ 
history. 
 
 
KEYWORDS: Plays and games with African roots. Plays and games with indigenous roots. 
Traditional plays and games. Body culture. Interculturality. Physical Education. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTAS 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
 
1: Brincadeiras destacada po Freyre(1990) ............................................................................. 45 
2: Brincadeiras tradicionais das crianças africanas .................................................................. 46 
3: Brincadeiras que fazem parte da cultura africana ................................................................. 46 
4: Brincadeiras populares africanas .......................................................................................... 47 
5: Brincadeiras do índio nos séculos XVI e XVII, Cascudo (2001) ........................................ 48 
6: Jogos e brincadeiras indígenas da pesquisa de Grando, Xavante e Campos (2010) ........... 49 
7: Jogos e brincadeiras na cultura indígena no Brasil .............................................................. 50 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
 
BNCC Base Nacional Comum Curricular 
DCNs Diretrizes Curriculares Nacionais 
LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
PCNs Parâmentros Currículares da Educação Nacional 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 8 
 
2 MARCO TEÓRICO ............................................................................................................ 12 
2.1 Jogos e brincadeiras, conceitos e aplicação nas aulas de Educação Física .................... 12 
2.2 Jogos e brincadeiras regionais e locais .......................................................................... 19 
2.3 Jogos e brincadeiras no Brasil e no mundo: em evidência matriz africana e indígena .. 26 
2.4 Didática e metodologia: o uso das brincadeiras enquanto metodologia de ensino ........ 33 
 
3 MARCO METODOLÓGICO ............................................................................................ 40 
3.1 Tipo de pesquisa ............................................................................................................ 40 
3.2 População e amostra ...................................................................................................... 41 
3.3 Instrumento de coleta das informações .......................................................................... 42 
3.4 Análise das informações ................................................................................................ 43 
 
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 44 
4.1 Tema 1: brincadeiras e jogos de raízes africanas ........................................................... 44 
4.2 Tema 2: brincadeiras e jogos de raízes indígenas .......................................................... 47 
4.3 Tema 3: as brincadeiras e os jogos da cultura africana e indígena no ensino da 
Educação Física ........................................................................................................................ 51 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 54 
 
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 56 
 
ANEXOS ................................................................................................................................. 63
8 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
A nossa cultura é uma miscigenação de diferentes povos, dentre eles africanos e 
indígenas. Como traços dessa cultura miscigenada, destaco a presença das brincadeiras e 
jogos de origem africana e indígena, as quais de forma modificada ou reinventada esteve 
presente nas nossas brincadeiras e jogos de infância, e vez ou outra faz parte do brincar de 
muitas crianças. Porém, nos dias de hoje, com o avanço industrial e tecnológico, vem sendo 
deixadas de lado, ocasionando no esquecimento das origens e raízes culturais de um povo. 
Nota-se que as brincadeiras e os jogos são pedaços da nossa cultura, do nosso povo, logo, não 
podem cair no esquecimento. Perante a isso, corroborando com Barbosa et al. (2015), cultivar 
esses jogos e brincadeiras é essencial para manter viva a história de um povo. Isso 
proporciona reviver manifestações corporais e culturais. 
Diante disso, este presente trabalho tem como objeto de estudo as brincadeiras e os 
jogos de raízes africana e indígena em Poço Redondo – SE. Haja vista a predominância dos 
povos de descendência africana e indígena em Sergipe, como a comunidade quilombola Serra 
da Guia no povoado Santa Rosa do Ermírio, pertencente ao município supracitado, e os índios 
Xocó que habitam na Ilha de São Pedro em Porto da Folha, cidade da mesma região. Logo, 
propõe-se discorrer sobre as brincadeiras e os jogos de raízes africana e indígena no ensino da 
Educação Física no município. 
O ensino com brincadeiras e jogos permite que os alunos conheçam e vivenciem as 
manifestações corporais de diferentes etnias, da cultura de um povo e do lugar, que foram 
passadas de geração em geração, mas que vem sendo esquecidas pelos adultos e excluída da 
infância dos novos cidadãos, dessa forma, levar para as aulas de Educação Física brincadeiras 
e jogos de raízes africana e indígena é uma forma de trabalhar a diversidade cultural, 
contribuindo assim, para uma educação intercultural, a qual de acordo com Oliveira e Daolio 
(2011), é uma oportunidade para minimizar as desigualdades e preconceitos presentes na 
escola. 
Trabalhar com brincadeiras e jogos de raízes africana e indígena nas aulas vem a 
contribuir para e nas relações étnicos-raciais, com isso, necessita-se colocar em prática a 
obrigatoriedade trazida pelas Lei nº 10.639/2003 (Brasil, 2004). Torna-se obrigatório o ensino 
da história e da cultura afro-brasileira na educação básica (Lei 11.645 de 2008). Brasil (2008), 
deixa claro que é obrigatório o ensino da história e da cultura afro-brasileira e indígena nos 
9 
 
estabelecimentos de Ensino Fundamental e Ensino Médio público e privados. Frente a isso, a 
Educação Física enquanto componente curricular da educação básica, e por trabalhar com a 
cultura corporal do movimento, abre espaço para que as brincadeiras e os jogos de raízes 
africana e indígena sejam explorados nas aulas, fazendo valer as leis citadas. 
Diante do exposto, esse estudo vem relatar sobre o ensino das brincadeiras e dos jogos 
de raízes africanas nas aulas de Educação Física, como também discorre sobre as brincadeiras 
e os jogos de origem indígena que influenciaram e influenciam na nossa cultura, mas que são 
esquecidos nos dias atuais. Desse modo, o estudo permite compreender a importância dessas 
brincadeiras e jogos serem ensinados e vivenciados para que se preserve a nossa herança 
cultural. Assim, contribui na discussão e reflexão sobre a cultura africana e indígena presente 
nas brincadeiras e jogos, possibilitando e auxiliando as relações étnico-raciais. Logo, lança 
um olhar para o resgate cultural das identidades de um povo, sendo importante para conhecer 
novas manifestações corporais e, assim, aprender sobre outras culturas, respeitando a 
diversidade cultural existente. 
Ressalto que as brincadeiras e os jogos fazem parte da infância de todos e vêm de 
diferentes culturas e de vários grupos sociais. Essa é uma temática de ensino da Educação 
Física e está presente na BNCC, como conteúdo a ser trabalhado. Porém, sabemos que, 
majoritariamente, os professores acabam não levando as brincadeiras e os jogos culturais para 
as aulas, pois focam mais nos esportes. Daí surge a questão: qual a importância das 
brincadeiras e dos jogos de raízes africana e indígena como metodologia de ensino no 
planejamento dos professores para as aulas de Educação Física no município de Poço 
Redondo-SE? 
Frente a isso, essa pesquisa tem como objetivo geral: analisar as brincadeiras e jogos 
de raízes africana e indígena e sua importância como metodologias de ensino a serem 
presentes no panejamento dos professoresde Educação Física no município de Poço 
Redondo-SE. Apresenta enquanto objetivos específicos: identificar brincadeiras de raízes ou 
descendência africana e indígena presentes nas brincadeiras tradicionais/populares; discorrer 
sobre as brincadeiras e os jogos e o ensino na Educação Física; refletir sobre a utilização das 
brincadeiras e dos jogos de raízes africana e indígena como instrumento pedagógico para as 
relações étnicos-raciais; ponderar sobre o documento curricular de Sergipe no campo da 
Educação Física e do ensino da cultura africana e indígena. 
Esta pesquisa é do tipo bibliográfica e documental, tem como metodologia a natureza 
qualitativa, descritiva e exploratória. Foi utilizado como instrumento para a coleta de dados a 
documentação, bibliográfica e documental, a fim de coletar informações acerca das 
10 
 
brincadeiras e dos jogos de raízes africana e indígena e, assim, discorrer sobre a importância 
dessas manifestações corporais e culturais no ensino da Educação Física no município de 
Poço Redondo-SE. 
O interesse em discorrer sobre a presente temática foi para evidenciar as brincadeiras e 
os jogos como manifestação corporal e cultural das etnias africana e indígena os quais estão 
presentes nas brincadeiras tradicionais, fazendo parte da cultura regional, que vem sendo 
deixada de lado. Outro interesse é mostrar que no campo da Educação Física a orientação que 
o currículo de Sergipe apresenta para o ensino é também trabalhar com o objeto de estudo 
brincadeiras e jogos de matriz africana e indígena, inclusive, orientados pela BNCC. Como 
também, identificar a importância das brincadeiras africanas e indígenas no contexto 
educacional. 
As brincadeiras e jogos de raízes africana e indigina influenciaram nos 
Jogos/brincadeiras tradicionais ou populares brasileiras, os quais são chamados de tradicionais 
porque foram passados de geração em geração, sendo modificado ou reiventado, assim, 
fazendo com que muitos sequer saibam suas raízes. Frente a essa perspectiva, fica entendido 
em Rodrigues et al. (2019), que o jogo tradicional é aquele que garante a manutenção dos 
jogos e brincadeiras entre as gerações, em que os ancestrais fomentaram os primórdios dos 
jogos, e que no Brasil essa ancestralidade se expressa nas raízes indígenas e africanas. 
Sendo assim, as brincadeiras e os Jogos de raízes africana e indígena precisam ser 
resgatados para que não sejam esquecidas as identidades culturais de um povo e suas 
contribuições para o brincar e jogar de muitas infâncias. Diante do exposto, cabe salientar que 
as brincadeiras e os jogos são temáticas da Educação Física, que vêm ser afirmadas pela 
BNCC, Brasil (2017). Desse modo, por meio da Educação Física é possível fazer o resgate da 
teoria e da prática dos jogos, brinquedos e brincadeiras tradicionais e de herança africana e 
indígena, que hoje não são muito vivenciados pelas crianças. 
A Educação Física conforme destaca Brasil (1997), permite que se vivencie diferentes 
práticas corporais advindas das mais diversas manifestações culturais e se enxergue como 
essa variada combinação de influências está presente na vida cotidiana. Brasil (1997), salienta 
ainda que o conhecimento sobre as diferentes práticas corporais advindas das mais diversas 
manifestações culturais são conhecimentos que contribuem para a adoção de uma postura não 
preconceituosa e discriminatória diante das manifestações e expressões dos diferentes grupos 
étnicos e sociais e das pessoas que deles fazem parte. 
Portanto, esta pesquisa vem deixar claro que a Educação Física como componente 
currícular da educação básica precisa contemplar o ensino significativo referente à 
11 
 
diversidade cultural, e isso é possível por meio das brincadeiras e Jogos de raízes africanas e 
indígenas. Dessa maneira, possibilitará conhecer, reconhecer e valorizar a etnomotricidade e 
as diferentes manifestações culturais existente ao nosso redor. Como afirma Gonçalves Júnior 
(2010), é imprescindível o conhecimento e o reconhecimento nas aulas de Educação Física de 
manifestações (jogos, danças, lutas, cantos, entre outras) originárias dos povos africanos e 
indígenas, tendo como consequência a valorização e a preservação das nossas raízes 
interculturais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
2 MARCO TEÓRICO 
 
 
2.1 Jogos e brincadeiras, conceitos e aplicação nas aulas de Educação Física 
 
 
Ao analisar o significado das palavras jogos e brincadeiras, verifica-se que o jogo vem 
a ser uma atividade para diversão e entretenimento, apresentado regras, para assim, 
estabelecer quem vence ou perde. E as brincadeiras se referem a um jogo, divertimento, um 
passatempo. Frente a isso, pode-se dizer que ambas apresentam significados semelhantes, e 
desse modo, muitos autores destacam que conceituar jogos e brincadeiras é uma tarefa 
complexa. Perante a isso, Kishimoto (2011) salienta que definir jogo, brincadeira e brinquedo 
não é tarefa fácil, pois esses conceitos variam de acordo com o contexto em que estão 
inseridos. O termo jogo e brincadeira são utilizados para apontar um mesmo fenômeno. Que 
nesse caso, ao se referir aos jogos e brincadeiras, alguns autores se referem ao lúdico. 
Segundo Raul (2007), lúdico vem do latim ludus e significa brincar. 
Os jogos e as brincadeiras se fazem presentes em todas as épocas e fases dos seres 
humanos, a presença das atividades lúdicas demonstradas pelos jogos e pelas brincadeiras são 
notórias em todas as culturas. Em cada época histórica, a cultura social dos jogos e as 
brincadeiras foram se formando; no inicio, como sendo atividade unicamente dos adultos, 
depois, ocorreu liberação dessas atividades também para as crianças, em seguida pela divisão 
entre esportes e as brincadeiras para crianças, e na Idade Contemporânea passa a enxergar o 
brincar como um ato infantil; e nos tempos modernos e atuais, os jogos e as brincadeiras 
passaram a ser apreciadas por todos, de todas as idades. 
Os aspectos lúdicos favorecem o ser humano como um todo, quando uma pessoa joga 
ou brinca, ela simplesmente entra em um mundo diferente, sendo um momento de lazer, mas 
também de aprendizado. Nessa perspectiva, Santos (1997) contribui ao afirmar que a 
ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade. E o desenvolvimento do 
aspecto lúdico facilita a aprendizagem e o desenvolvimento pessoal, social, e cultural, 
colaborando para uma boa saúde mental, além de preparar para um estado positivo que facilita 
os processos de socialização, comunicação, expressão e construção do conhecimento. 
Ao conceituar o jogo e brincadeira, Crepaldi (2010) contribui que, a definição do que é 
jogo e/ou brincadeira é feita por quem joga e/ou brinca, estando diretamente ligada à ação do 
13 
 
indivíduo ou grupo de indivíduos que a realiza. Destaca ainda que as brincadeiras e os jogos 
se materializam por meio das culturas. A prática do brincar e do jogar é algo inerente aos 
seres humanos, é usado como momento de recreação no tempo livre, como forma de interação 
com o próximo, ou pelo fato de sentir o prazer proporcionado pelas atividades lúdicas, 
tornando a vida muito mais leve. De acordo com Silva e Pines (2013), as ações lúdicas 
mediante os jogos e as brincadeiras são essenciais para a descoberta de um mundo existente 
no imaginário e na realidade de cada pessoa, possibilitando uma vivência única, exclusiva e 
inédita, favorecendo o desenvolvimento humano daqueles que brincam. 
Perante o exposto, o jogo e a brincadeira vão ser percebidas como sinônimo, e sendo 
referido como jogo e/ou por meio do termo lúdico. A partir disso, Huizinga (1990) salienta 
que o elemento lúdico sempre esteve presente nas sociedades, em toda a parte, desde o início 
da civilização, exercendo um papel extremamente importante, criando cultura e permitindo ao 
homem desenvolver, em toda a sua plenitude, as necessidadeshumanas inatas de ritmo, 
harmonia, mudança, alternância, contraste, clímax, entre outros. 
Nesse viés, Kishimoto (1994) corrobora que em tempos passados, não se chegou a 
definir o jogo em si, e suas primeiras representações postularam o jogo como recreação, 
descanso do espírito para o duro trabalho intelectual. O jogo nos tempos passados, em que 
quase não se tinha tempo para descanso, passa a ser uma forma para o relaxamento frente a 
correria diária. É nesse sentido que se pode dizer em Aristóteles (1966) que o jogo é 
conceituado como atividade de relaxamento e entretenimento em contraponto do trabalho. Por 
meio do jogo em Aristóteles (1966), o movimento que o exercício transmite ao espírito livra-o 
e descansa-o pelo prazer que lhe confere. 
Frente a isso, Brougère (1995), traz que o conceito de jogo e o espaço que ocupa nas 
relações sociais estão diretamente ligados a cultura. Segundo ele, o jogo é uma atividade 
aprendida por meio de inter-relações sociais, e é ao mesmo tempo um aparato psicológico que 
assegura aos indivíduos a possibilidade de um certo afastamento da realidade para a recriação 
dessa realidade. O jogo assim como as brincadeiras são uns dos elementos centrais de 
representação de uma cultura corporal, de um determinado povo, de uma determinada época, 
são passados de geração em geração, por isso representa um pedaço de determinada cultura, 
sendo assim considerados como jogos e brincadeiras tradicionais. Essa cultura corporal por 
meio dos jogos e das brincadeiras se origina das ações corporais produzidas pelo povo no 
decorrer da sua história, através das suas representações simbólicas, sofrendo alterações ao 
longo de sua trajetória. 
14 
 
Em relação às brincadeiras, são atividades associadas ao brincar, o qual representa um 
ato que é lúdico por natureza, uma ação que é presente na infância de forma espontânea, nesse 
sentido, Friedmann (1998), vem descrever a brincadeira como sendo uma ação de brincar, ou 
seja, um comportamento espontâneo realizado por alguém resultante de uma atividade não 
estruturada. As brincadeiras, constituem-se numa atividade em que o indivíduo, sozinho ou 
em grupo, procura compreender o mundo e as ações humanas nas quais está inserido 
cotidianamente. Toda brincadeira possui regras que são definidas e respeitadas por aqueles 
que brincam e possui três características: a imaginação, a imitação e a regra (BROLESE et al., 
2015). 
Assim como os jogos, as brincadeiras são manifestações culturais originárias de 
diferentes povos e épocas que são passadas de geração em geração, representando como 
símbolo de determinada cultura. A cultura lúdica representada pelo brincar, pelas 
brincadeiras, não se restinge apenas a criança, mas também a todos os adultos. Conforme 
Almeida (2003), não se limita apenas a criança, manifesta-se também em adolescentes e 
adultos de forma diferente para cada grupo, de acordo com as necessidades de cada um. 
Portanto, o termo brincadeira vem a ser conceituados como atividade livre, que 
desperta o prazer e que não é estruturado com finalidade em si própria, podendo ou não 
apresentar regras, proporcionando momentos de alegria e interação. Conforme Alves (2001) a 
brincadeira é qualquer desafio que é aceito pelo simples prazer do desafio, ou seja, confirma a 
teoria de que o brincar não possui um objetivo próprio e tem um fim em si mesmo. É nesse 
sentido que Brougère e Wajskop (1997), destacam que a brincadeira é simbólica. Contudo, as 
brincadeiras e o brincar é uma manifestação cultural que acompanha o indivíduo, e tanto os 
brinquedos como as brincadeiras trazem manifestações do seu tempo. Todavia, e conforme já 
foi citado aqui, muitos autores não diferenciam ou abordam como conceito diferente o jogo da 
brincadeira, pois usam ambas palavras para apontar o mesmo meio (atividade lúdica). 
Os jogos e as brincadeiras são classificadas em diferentes tipos por vários autores, 
cada um traz as classificações de cada tipo de jogos e brincadeiras. Dentre eles, Piaget (1976), 
contribui com a classificação dos jogos em quatro tipos: os jogos de exercício sensório-motor, 
os jogos de construção, os jogos simbólicos e os jogos de regras, sendo conceituados assim: 
os jogos de exercício sensório motor, são os de exercícios motores simples, que dependem de 
suas realizações para maturação do aparelho motor, ou seja, sua finalidade é somente o prazer 
do funcionamento, por isso se assemelha a ideia de jogo com prazer. 
O jogos de contrução, abordado pelo autor, é aquele que se situa a meio caminho entre 
o jogo e o trabalho inteligente, ou entre o jogo e a imitação, consiste na manipulação de 
15 
 
objetos para criar algo, mantendo-se ao longo do ciclo de desenvolvimento do indivíduo ao 
exercitar atos menos complicados; os jogos simbólicos referem-se a representação corporal do 
imaginário, são jogos que utilizam da imaginação e da fantasia para assimilar e compreender a 
realidade, tendem a reproduzir as relações e os valores que convivem em seu contexto, 
permitindo a exteriorização dos medos, conflitos, frustrações e descobertas; e por fim os jogos 
de regras, são os de combinações sensório-motoras, como corridas, jogos de bola entre outros, 
ou intelectuais, como jogos de cartas, xadrez, em que existe competição entre os indivíduos. 
Esse jogos em Piaget são voltados para o desenvolvimento infantil. 
Outro autor que vem a conceituar os tipos de jogos é Hurtado (1987), segundo o autor 
os jogos são classificados em: jogos motores, que são os que exigem a participação ativa do 
corpo, como exemplo o pega-pega, que depende de velocidade, reflexos, agilidade, visão, 
entre outras capacidades físicas; jogos sensoriais, são os que ajudam a desenvolver os órgãos 
dos sentidos (audição, olfato, paladar, tato e visão), como a cobra-cega, pois a criança 
depende do tato e da audição para o reconhecimento do colega; jogos criativos, são os que 
visam desenvolver a criatividade e a espontaneidade da criança, usando movimentos 
imitativos, gestuais, interpretativos e corporais, como siga o mestre, em que o aluno é o 
mestre e os demais devem imitá-lo; jogos recreativos, são aqueles que têm o objetivo apenas 
de recrear ou distrair as crianças por meio de uma atividade integradora, como batata quente, 
que vai passando um objeto rapidamente dizendo batata quente até parar em uma criança e 
dizer queimou (BROLESE et al., 2015). 
Hurtado (1987) destaca também, os jogos intelectivos, são os que visam desenvolver 
principalmente o raciocínio, a memória, a observação, a atenção, a coordenação, entre outras 
capacidades. Os jogos de mesa, como dominó, xadrez, dama e trilha são alguns exemplos; os 
jogos pré-desportivos individuais e coletivos são aqueles que, além de estimular as 
capacidades físicas (força, flexibilidade, velocidade, agilidade, resistência, equilíbrio e 
coordenação) estimula também as mentais (concentração e racicínio). 
Por fim, o autor apresenta os jogos cooperativos, que são aqueles que não existem a 
individualidade e sim o conjunto, requer desenvolvimento de estratégias e a cooperação. É 
necessário para que um determinado objetivo seja alcançado, como a corrente que começa 
com um pegador e, conforme vai pegando, dá as mãos e ajuda a pegar; e nos jogos teatrais o 
indivíduo possui a liberdade de criar e expressar o que pensa e sente, através da expressão 
corporal, facial, visual e fonética, podemos citar como exemplo a mímica (BROLESE et al., 
2015). 
16 
 
Em relação às brincadeiras, Brosele et al. (2015), discorre e conceitua as seguintes: as 
brincadeiras tradicionais infantis, que são consideradas como parte da cultura popular. Esta 
modalidade de brincadeira guarda a produção espiritual de um povo em certo período 
histórico. Tem a função de perpetuar a cultura infantil, desenvolver formas de convivência 
social e permitir o prazer de brincar; as brincadeiras de faz-de-conta, também chamadas de 
simbólicas,são as que deixam mais evidente a presença da situação imaginária. Elas 
permitem não só a entrada no imaginário, mas a expressão de regras implícitas que se 
materializam nos temas das brincadeiras; e por fim, os autores citam as brincadeiras de 
construção, que enriquecem a experiência sensorial, estimulam a criatividade e desenvolvem 
as habilidades da criança. Construindo, transformando e destruindo a criança expressa sua 
imaginação e seus problemas, desta forma ela está expressando suas representações mentais. 
Para além do que foi abordado, os jogos e as brincadeiras vão além do simples 
divertimento, prazer, satisfação, são tidos como momento de reconhecimento e curiosidade 
que originam num processo criativo para assim modificar, imaginariamente, a realidade e o 
presente. Os jogos e as brincadeiras possibilitam momentos de descoberta, de construção e 
compreensão de si, de estímulos à criatividade e à expressão pessoal, faz-se presente no 
cotidiando das pessoas, principalmente entre as crianças. Diante disso, cabe salientar que o 
ato de brincar nos possibilita reinventarmos perante determinada situação, torna-nos mais 
leves, pois proporciona um momento de descontração e alegria, frente a isso, concorda-se 
com Vygotsky (1994) ao dizer que brincando nos reequilibramos, reciclamos nossas emoções 
e nossa necessidade de conhecer e reinventar, desenvolvendo atenção, concentração e muitas 
habilidades. É frente a isso, que os jogos e as brincadeiras se fazm presente no currículo da 
educação básica, pois verifica-se que são instrumentos de ensino importante para a 
aprendizagem, principalmente, para crianças. 
Assim, a aplicação dos jogos e das brincadeiras faz parte do ensino da Educação 
Física, haja vista que essa tem como objetivo trabalhar com a cultura comporal do movimento 
e com as diversas manifestações corporais e culturais. Porém, faz-se importante frisar que os 
jogos e as brincadeiras não tinham espaço no ensino da Educação Física, pois o que se 
permeava era o estímulo a resultados e o desenvolvimento das capacidades físicas e técnicas, 
tendo como favorito as ginásticas e os esportes. O conteúdo dos jogos e das brinacadeiras só 
passou a ser integrado como parte de aplicação da Educação Física a partir do surgimento das 
novas abordagens. Diante disso, Alves (2013) traz que uma abordagem nova para a Educação 
Física Escolar propõe, além do uso das ginásticas e dos esportes, utilizarem-se também das 
17 
 
lutas, dos jogos, das brincadeiras e das danças, proporcionando ao discente o maior acesso 
possível à cultura corporal do movimento. 
É a partir da abordagem contrutivista que entra o aspecto lúdico, os jogos e as 
brincadeiras, tendo como formulador o professor João Batista Freire. A proposta da 
abordagem contrutivista segundo Viana et al. (2019), possui como finalidade a construção do 
conhecimento, ancorada na cultura popular lúdica, a partir de brincadeiras populares, de 
jogos, de exercícios simbólicos e de regras ancoradas na cultura popular lúdica. Enfim, nas 
novas abordagens, que realmente percebem a cultura corporal do movimento, 
pedagogicamente, os jogos, as danças, a ginástica, as lutas, os esportes as brincadeiras, entre 
outros, são conteúdos de cunho pedagógico que constituem o conteúdo da Educação Física, 
sendo conhecimentos que possuem uma representação simbólica de realidades vividas pelo 
homem. 
A Educação Física como currículo obrigatório na educação básica, afirmado pela Lei 
n° 9.394/96, e a partir do documento que orienta a educação Básica, a Base Nacional Comum 
Curricular – BNCC, os jogos e as brincadeiras são integradas ao currículo da Educação Física 
para o ensino nos anos iniciais do Ensino Fundamental na BNCC. A referência central na 
Educação Física para a estruturação dos conhecimentos está nas manifestações da cultura 
corporal do movimento (brincadeiras, jogos, danças, esportes, ginásticas e lutas). Segundo 
Brasil (2017), a Educação Física tematiza as práticas corporais em suas diversas formas de 
codificação e significação social, entendidas como manifestações das possibilidades 
expressivas dos sujeitos, produzidas por diversos grupos sociais no decorrer da história. 
Salientando ainda que permite o acesso a um vasto universo cultural, que compreende saberes 
corporais, experiências estéticas, emotivas e lúdicas. 
Sendo assim, as experiências lúdicas citadas, materializam-se pela aplicação dos jogos 
e das brincadeiras nas aulas de Educação Física. Na educação infantil, a aplicação dos jogos e 
das brincadeiras tem como objetivo proporcionar maiores vivêncas aos alunos, contribuindo 
para o desenvolvimento cognitivo, motor, afetivo e social. Nessa vertente, Kishimoto (1993), 
afirma que o jogo é fundamental para a educação e o desenvolvimento infantil. Portadora de 
uma especificidade que se expressa pelo ato lúdico, a infância carrega consigo as brincadeiras 
que se perpetuam e se renovam a cada geração. Os jogos e as brincadeiras são instrumentos de 
aplicação importante para o processo didático-pedagógico na Educação Física, são 
ferramentas que auxiliam no desenvolvimento cognitivo, motor, afetivo, psicológico e social 
da crianças. 
18 
 
A aplicação dos jogos e das brincadeiras na educação infanitl possibilita a criança 
aprender de forma lúdica, pois como contribui Santos (1997), por meio das brincadeiras a 
criança aprende a conhecer a si própria, as pessoas que a cercam, as relações entre elas, e os 
papéis que assumem, e por meio dos jogos, as crianças aprendem sobre os eventos sociais, a 
estrutura e a dinâmica interna de seu grupo, como também explora as características dos 
objetivos físicos que a rodeiam e chega a compreender seu funcionamento. De forma 
expontânea, as crianças expressam suas emoções com a interação nas atividades, e por meio 
dos jogos e das brincadeiras as crianças evoluem no domínio corporal, desenvolvendo e 
aperfeiçoando as suas possibilidades de movimentos, conquistando novos espaços e 
superando suas limitações. 
Cabe frisar que nos documentos que regem e orientam a educação básica, em relação a 
Educação Física, não deixa explícito a aplicação dos jogos e das brincadeiras na educação 
infantil, entretanto, em todos os documentos é tratado do brincar na educação infantil. 
Segundo Brasil (2017), a aprendizagem na educação infantil tem como eixos estruturantes as 
interações e as brincadeira, assegurando-lhes os direitos de conviver, brincar, participar, 
explorar, expressar e conhecer. A partir disso a Educação Física tem como objetivo a cultura 
corporal do movimento e suas diversas manifestações culturais. 
No que tange à aplicação dos jogos e das brincadeiras na Educação Física no Ensino 
Fundamental, estas são temáticas propostas pela BNCC. Percebemos em Brasil (2017) que a 
aplicação da unidade temática (brincadeiras e jogos na Educação Física) tem como objetivo 
explorar atividades voluntárias exercidas dentro de determinados limites de tempo e espaço, 
caracterizadas pela criação e alteração de regras, pela obediência de cada participante ao que 
foi combinado coletivamente, bem como pela apreciação do ato de brincar em si. 
A aplicação de jogos e brincadeiras, como conhecimento e vivências de diferentes 
manifestações corporais culturais, como exemplo de aplicação conforme Brasil (2017), são: 
para o 1° e 2° ano, brincadeiras e jogos da cultura popular, presentes no contexto comunitário 
e regional; e para o 3° ao 5°, brincadeiras e jogos populares do Brasil e do mundo, 
brincadeiras e jogos de matriz indígena e africana. 
Faz-se necessário destacar que muitas vezes nas aulas de Educação Física, a aplicação 
dos jogos e das brincadeiras acontecem sem nenhuma finalidade, no sentido de resgate do 
fenômeno cultural, são apenas inseridas como atividades para trabalhar o aquecimento, para 
posteriormente adrentar ao conteúdo esportivo, perdendo assim, a sua essência e 
característicascomo fenômeno cultural e, assim, não proporciona um saber por meio de um 
olhar pedagógico. Frente a isso Gallardo (2003) diz que a forma como os jogos e as 
19 
 
brincadeiras são utilizadas na pré-escola e no Ensino Fundamental é muito discutível. 
Segundo o autor: 
 
Os jogos e brincadeiras são oferecidos de forma extemamente simplista, 
desvinculados do seu contexto social, sendo apena explorada uma forma de jogar ou 
brincar, sem inorporar a elas outras formas de se jogar ou brincar. Dito de outra 
forma, nessa instituições, os jogos e brincadeiras são oferecidos de forma 
regulamentada e rígida, com fim em si mesmo, cosiderando-os apenas como um 
passo para a quisição de habilidades esportivas (GALLARDO, 2003, p. 50-51). 
 
Frente a isso, existem várias formas para aplicar os jogos e as brincadeiras como 
conteúdo das aulas de Educação Física, e é de acordo com isso, que Darido e Rangel (2005), 
afirma que o jogo jogado, o jogo transformado e o jogo criado, estes apresentam três 
possibilidades de trabalhar com o conteúdo jogo na Educação Física, sendo: reproduzir, 
transformar e criar. O reproduzir (jogo jogado), é no sentido de resgatar e trabalhar com os 
jogos tradicionais e culturais, como exemplo, xadrez, pega-pega, entre outros. 
Em relação a transformação (jogo transformado), estes podem sofrer alterações na 
prática para adequar ao espaço, materiais e aos praticantes, para que não tenha exclusão. 
Como salienta Freire (1994), o jogo pode ser transformado para que os alunos possam 
desenvolver a criatividade e a cognição e, assim, resolver os problemas do jogo, para que 
assim, ao se apropriar do conteúdo favoreça a possibilidade de agir sobre ele. E o criar (jogo 
criado), são as invenções, as novas formas de jogar, apresentando novos objetivos e novas 
regras. 
Contudo, os jogos e as brincadeiras são instrumentos de ensino e aprendizagem 
importante para conhecer, reconhecer, valorizar e vivenciar a cultura corporal dos jogos e das 
brincadeiras de diferentes culturas e que fazem parte de uma cultura tradicional ou popular, 
passadas de geração em geração, representando parte de uma história. Perante a isso, e por 
meio da aplicação na Educação Física, os alunos podem estudar os jogos e as brincadeiras, 
compreendendo a origem das mesmas como parte da cultura e da história da humanidade. 
 
 
2.2 Jogos e brincadeiras regionais e locais 
 
 
Os jogos e as brincadeiras regionais e locais seguem traços históricos da cultura 
tradicional ou popular presente no Brasil, fazendo parte da cultura como um todo. Mas, é 
20 
 
preciso destacar que muitos desses jogos e brincadeiras tradicionais ou populares, vão 
apresentando mudanças no que tange aos nomes e às regras no decorrer dos anos, 
diferenciando da sua cultura tradicional, porém tem a mesma finalidade. Nesse sentido, esses 
jogos e essas brincadeiras passam a receber novos conteúdos, como contribui Schwartz 
(2004), os jogos, as brincadeiras e os brinquedos populares são parte da cultura, 
habitualmente transmitidos de geração para geração, por meio da oralidade, muitos preservam 
sua estrutura inicial já outros se modificam, recebendo novos conteúdos. 
Os jogos e as brincadeiras regionais dialogam territorialmente com a cultura brasileira, 
dentre elas: amarelinha; esconde-esconde; pega-pega; elefante colorido; elástico; pula corda; 
o mestre mandou; baralho; dominó; queimada e brincadeiras cantadas, como ciranda-
cirandinha, atirei o pau-no-gato, dentre outras que as crianças cantam. Aqui, os jogos e as 
brincadeiras regionais e locais são praticamentes iguais, o que muda é o nome, que em alguns 
locais são chamados de outra forma, sem falar que as regras são ditas na hora do jogo, 
podendo assim, irem se modificando. 
Dentre os jogos e as brincadeiras regionais, destaco: o jogo de dominó; baralho; jogo 
de damas; jogo dos sete cacos; queimada; pular corda; elástico; boto; pique-congela; pique 
bandeira; amarelinha; polícia-ladrão. Cabe destacar que a maioria dos jogos não foram 
criados, isto é, já vem de gerações, são jogos e brincadeiras tradicionais e que fazem parte da 
cultura popular. Desse modo, Friedmann (2015), salienta que o jogo tradicional é memória, 
mas também presente. E que a amarelinha, pião, papagaio, barra-manteiga, esconde-esconde 
e inúmeras outras brincadeiras estão hoje presentes na atividade lúdica, muitas vezes sob uma 
outra forma ou com outra denominação, mas o conteúdo continua sendo o mesmo 
(FRIEDMANN, 2015). 
A maioria dos jogos e das brincadeiras tanto regionais como locais foram vivenciadas 
pelas gerações mais velhas e que ainda faz parte da cultura local, por isso que podemos 
descrever como sendo jogos populares, porque se fez presente em várias culturas, sendo 
populares da nossa cultura como um todo. Palma et al. (2008), afirma que existe apenas os 
jogos populares, pois não existe jogo que não seja popular, que não seja conhecido e jogado 
por uma parte majoritária da sociedade em diversos lugares e de diversas maneiras. 
Uns dos jogos regionais, que são considerados antigos, é o baralho, damas e dominó, 
estão presentes na sociedade há muitos anos, e são agregados na vida de alguns adultos como 
forma de distração e interação nos momentos de descanso, representam uma forrma de lazer 
daqueles que jogam (geralmente nas praças públicas). Esses jogos são históricos e estão 
21 
 
presentes em várias partes do mundo, chegam a ser oniderados como patrimônio cultural, são 
jogados em duplas ou mais, tirando o jogo de damas que é jogado, exclusivamente, em dupla. 
Entre os jogos e as brincadeiras locais, destaco os jogos de baralho, dama e dominó, 
que ainda se fazem presentes nas praças, nos grupos dos senhores; tem também as 
brincadeiras que ainda são vivenciadas pelas crianças nas ruas, como o pega-pega, polícia-
ladrão, elefante colorido, amarelinha; e tem as que se fazem presentes na educação infantil, 
como o mestre-mandou e as brincadeiras cantadas, como: atirei o pau no gato, ciranda-
cirandinha, dentre outras. 
Falando nos jogos e nas brincadeiras locais, cabe destacar que em outros tempos se 
fazia presente também o jogo de rouba-bandeira, brincadeira de elástico, pular corda, 
queimado, este só se faz presente nas aulas de Educação Física. A partir disso, é nítido que os 
jogos e brincadeiras regionais e locais estão sendo extintas, pois não se ver mais como 
antigamente as crianças e os jovens se apropriando desses jogos culturais e populares. E esse 
fato, como salienta Franchi (2013), por exemplo, a perda da prática acarreta no esquecimento 
e perda dos valores culturais que são construídos a partir desses jogos. 
A maioria dos jogos e das brincadeiras são realizadas com os amigos nas ruas, sendo 
consideradas assim como brincadeiras de rua. Existem diversas versões desses jogos e dessas 
brincadeiras. Segundo Darido e Rangel (2005) as brincadeiras de rua variam conforme a 
região, porém a essência e a forma são mantidas. 
O Jogo dos sete cacos, é jogado com duas equipes, em que os jogadores têm que 
derrubarem os sete caquinho no meio, a equipe que derruba corre para tentar colocar os cacos 
do jeito que estavam, e o objetivo da equipe adversária é não deixar que cumpram a tarefa, e 
assim pontua a equipe que conseguir. Esse jogo era um jogo local, mas hoje em dia só é 
presente no contexto regional. O jogo de queimada faz parte dos dois contextos (regional e 
local), esse jogo é muito presente nas aulas de Educação Física, é jogado com uma bola e com 
duas equipes, o objetivo desse é queimar todos da outra equipe, ou a maioria, levando eles 
para o fundo, chamado de cemitério, vence ou pontua a equipe com mais componentes sem 
serem queimados. 
Outro jogo que é do contexto regional e que era vivenciado no contexto local pelos 
jovens nas brincadeiras de rua, é o jogo que apresenta variação no seu nome, sendo chamado 
de pique-bandeira, pega-bandeira e rouba-bandeira,como se chama no contexto local. O 
objetivo desse jogo é passar pelo lado da equipe adversária sem ser tocado, pegar a 
“bandeira”, ou o objeto que estiver como bandeira, e voltar para o seu lado sem ser pego. 
Uma brincadeira que tem variação no nome é esconde-esconde, também chamada de pique-
22 
 
esconde, em várias partes da região, essa brincadeira ocorre da seguinte forma: uma pessoa é 
escolhida para contar de 1 a 10, enquanto os outros se escondem. Se o contador achar, fala: 
1,2,3, o nome da pessoa e o local onde ela se encontra. Para se salvar, a pessoa tem que 
correr, sem ser topado pelo contador, até o local que o contador estava contando e fala: 1,2,3 
salve eu. Quem ficar por último pode falar: 1,2,3 salve todos. Depois, a mesma pessoa que 
contou volta a contar. O contador tem como objetivo encontrar uma pessoa para contar na 
próxima rodada da brincadeira (CRUZ; PEREIRA, 2017). 
A brincadeira “boto” presente no contexto regional é o mesmo que o pega-pega local. 
Nessa brincadeira é definida uma pessoa para iniciar a brincadeira, o objetivo é pegar 
qualquer participante, e quem for pego passa a pegar. Na outra versão, a do boto, a pessoa que 
pegar alguém, diz a palavra boto. Outra brincadeira é a de polícia e ladrão, sendo regional e 
local, semelhante ao pega-pega. Forma dois grupos: o da polícia e dos ladrões. O papel da 
polícia é pegar os ladrões e prendê-los, o papel dos ladrões é salvar os companheiros e se 
proteger da polícia. Se a polícia prender todos, invertem-se os papéis (CRUZ; PEREIRA, 
2017). 
O pique-congela, é uma brincadeira regional, semelhante ao “boto”, nessa brincadeira 
o pegador quando pega alguém (topa) que está correndo, diz a palavra “congela”, e a pessoa 
congela deve ficar no local que foi congelado para que alguém venha descongelar (salvar), 
para descongelar a pessoa tem que falar “descongela”, assim quem tava congelado volta a 
correr. Nessa brincadeira o pegador fica por um tempo, mas quando quiser pode pedir para 
não ser mais o pegador, passando a ser outra pessoa. 
A amarelinha é uma brincadeira tradicional que esteve presente em muitas gerações e 
se encontra no contexto regional e local. A brincadeira consiste em pular sobre um desenho 
riscado com giz no chão, o mesmo apresenta quadrados ou retângulos numerados de 1 a 10, e 
o topo é chamado de céu, em formato oval ou meia-lua. Após jogar uma pedrinha em uma 
casa, em que não poderá pisar, a criança vai pulando com um pé só até o fim do trajeto. Ao 
chegar, deve retornar, apanhar a pedrinha e recomeçar, dessa vez, atirando a pedra na segunda 
casa e depois nas seguintes até passar por todas. O participante que errar o alvo ou perder o 
equilíbrio passa a vez para outro. O objetivo é passar por todas as casas e voltar sem pisar na 
casa em que a pedrinha esteja (CRUZ; PEREIRA, 2017). 
Pular corda também é uma dos dois contextos, porém no local não se ver mais a 
presença desta como brincadeira. Essa bincadeira precisa de dois para segurarem as pontas da 
corda em quanto o/os outro/s indivíduos pulam. A Corda propicia às crianças inúmeras 
brincadeiras e jogos. Entre as formas mais tradicionais destacam-se: “o corridinho”, 
23 
 
“foguinho-fogão” e o “homem bateu em minha porta” (SILVA; GONÇALVES, 2010). São 
músicas cantadas durante a brincadeira. Na região local, o que mais usava era o “homem 
bateu em minha porta”, onde quem está pulando deve seguir o que se pede na música: o 
homem bateu em minha porta e eu abri / senhoras e senhores ponham a mão no chão / 
senhoras e senhores pulem com um pé só / senhoras e senhores deem uma rodadinha / e vão 
pro olho da rua (SILVA; GONÇALVES, 2010). 
A brincadeira de elástico, era uma brincadeira tanto regional como local, mas hoje só 
se faz presente no contexto regional. Esta brincadeira ocorre da seguinte forma: dois 
participantes seguram o elástico em volta dos tornozelos, formando um retângulo e um 
terceiro pula. Quem errar passa a vez para o outro. O elástico geralmente começa no 
tornozelo, depois sobe para o joelho e para o quadril. Alguns pulam com o elástico na altura 
dos ombros e da cabeça; os pulos são alternados de acordo com a sequência estipulada pelos 
participantes e com a movimentação do elástico. A primeira sequência é bem simples: a 
criança se posiciona ao lado do elástico e deve pular com os dois pés juntos para dentro dele. 
Depois, pula novamente abrindo as pernas, de modo que um pé caia para cada lado de fora do 
elástico (MENIN, 2016). 
No terceiro movimento, ela deve fazer um giro, deixando as tiras se enrolarem em seus 
tornozelos. Por fim, deve pular para o lado externo do elástico enquanto gira o corpo para 
soltar-se da amarração. Cada vez que o participante acerta a sequência toda, o elástico sobe; 
passa do tornozelo para o joelho, por exemplo. Uma canção, ou até mesmo o cantar de uma 
palavra, dividida em sílabas, pode determinar os movimentos de quem pula. Para cada sílaba, 
uma sequência no elástico. Existem muitas variações como exemplo: chocolate e coca-cola 
(MENIN, 2016). 
Outra brincadeira da cultura regional e local é o elefante colorido, a qual é semelhante 
ao pega-pega. É jogado em grupo, onde o pegador fala: elefante colorido, e os outros 
respondem: que cor? O pegador então grita o nome de uma cor e os jogadores correm para 
tocar em algo que tenha aquela tonalidade. É pego quem não achar a cor, tornando-se o 
próximo pegador. Essas brincadeiras abordadas são de ruas e estão presente na cultura 
popular infantil, típico no contexto social, histórico e cultural. Marinho (2007), afirma que as 
brincadeiras são consideradas como atividades que assumem características peculiares no 
contexto social, histórico e cutural. 
Faz-se presente também as brincadeiras que são usadas na educação infantil, como: o 
mestre-mandou, e as brincadeiras cantadas, como: atirei o pau no gato, ciranda-cirandinha, 
dentre outras que seguem o comando presente nas músicas infantis. Nos dias de hoje não se 
24 
 
ver mais a interação dos adultos com as crianças, realizando essas brincadeiras em seus lares, 
nem sendo usadas em outros níveis escolares. Podemos perceber que muitos enxergam apenas 
como parte do mundo infantil, que só são vivenciadas na educação infantil. Nesse viés, 
Darido e Rangel (2005), destacam que existe um falso pressuposto de que, jogos e 
brincadeiras infantis só se trabalham na educação infantil, e isso não é verdade, pois são 
atividades que podem ser ressignificadas de acordo com o nível de ensino e idade dos alunos, 
o brincar é eminentemente educativo e, as brincadeiras populares são um fenômeno histórico 
e social de grande significação cultural. 
Contudo, faz-se necessário alencar que os jogos e as brincadeiras regionais e locais são 
deixados de lado em decorrência dos jogos tecnológicos, habitualmente o jogar e o brincar 
ocorre por meio dos aparelhos tecnológicos, os quais são vistos como os mais interessantes do 
que aqueles que são vinculados ao convívio social e às vivências corporais. Diante disso, 
Gallardo (2003) deixa claro que os jogos e as brincadeiras são partes fundamentais da cultura 
corporal, e através deles nos apropriamos de diferentes manifestações culturais de forma 
lúdica, vindos da nossa cultura de origem, e que integram em nossa personalidade e 
identidade nacional. Sem contar que os indivíduo que não tem a oportunidade ou que não se 
habitua as diversas manifestações culturais presentes nos jogos e brincadeiras, de certo modo, 
são privados de um desenvolvimento natural do ser humano, pois o jogar e o brincar 
possibilita conhecimentos sobre os aspectos culturais e contribui para o desenvolvimento 
pessoal, tanto nos aspectos físico, motor e cognitivo, quanto no social. 
O importante das brincadeiras e jogos é que possibilitam conhecer e se apropriar das 
culturas existentes de forma lúdica e prazerosa, por meio da interação com outros indivíduos e 
outros grupos.Os jogos e as brincadeiras não são apenas pura diversão, estes são de grande 
importânca para aqueles que vivenciam, e também para manter viva a cultura popular. 
Segundo Silva e Schneider (2010) as brincadeiras e os jogos estimulam a curiosidade, a 
criatividade, a ação por meio da representação e da imaginação do ser humano, auxiliando a 
superar barreiras proporcionando-lhes novas descobertas a cada momento, refletindo 
diretamente no contexto social onde está inserido. 
Cabe destacar que os jogos e as brincadeiras, que em outras gerações eram vivenciadas 
sempre pelas crianças e jovens, nos dias atuais são raros na vida dos mesmos, seja pelo 
desenvolvimento urbano, com maior circulação de carros e motocicletas, ou devido a 
influência da tecnologia e dos jogos eletrônicos que vêm crescendo cada vez mais na 
sociedade. Como destaca Kishimoto (1999), os jogos populares infantis, parlendas e 
brincadeiras cantadas foram sendo perdidos (ou transformados) nos últimos tempos, 
25 
 
possivelmente como consequência dos processos de crescimento das tecnologias, da 
urbanização e da industrialização. 
Outro motivo, é o consumo desenfreado das crianças e dos jovens pelos produtos 
industriais que são difundidos pela mídia, por meios de suas propagandas que vêm atraindo 
esse público cada vez mais nos dias de hoje. Percebemos que a real infância está sendo 
deixada de lado, conforme corrobora Oliveira (2012), os brinquedos estão sendo deixados de 
lado e abrindo espaço para roupas, aparelhos, jogos eletrônicos, produtos de beleza, que hoje 
estão em primeiro lugar na preferência desses pequenos grandes consumidores, contribuindo 
para o encurtamento da infância. 
Mediante a isso, os jogos e as brincadeiras que antes eram vivenciados nas ruas, 
acabam no esquecimento das crianças e jovens de hoje, haja vista que se não é vivenciado e 
nem lembrado, fica para trás. Quase não se ver crianças sendo crianças, brincado livremente, 
com jogos e brincadeiras que estiveram presentes na cultura popular, e que foram passada de 
geração em geração. Mas, cabe salientar que essa situação pode ser amenizada, pois é 
possível resgatar tais brincadeiras trazendo no atual contexto em que a criança está inserida 
sem deixar perder a essência do real significado do brincar, onde ela de forma lúdica aprende 
brincando, e nesse momento cria laços de amizade e interage com outras crianças, o que, por 
conseguinte, possibilita seu real desenvolvimento sem perder a essência de ser acima de tudo 
criança (OSANAI; OLIVEIRA, 2014). 
Além de que, os jogos e as brincadeiras regionais e locais são uma forma de lazer, de 
ocupação de espaço, que se faz presente nas vivências de prazer e desprazer, e desse modo 
constitui uma fonte de conhecimentos sobre o mundo e sobre si mesmo, contribuindo para o 
desenvolvimento dos aspectos cognitivos e afetivos que melhora o raciocínio, tomada de 
decisões, solução de problemas e o desenvolvimento do potencial criativo, como também 
contribui para o resgate histórico-cultural. Portanto, os jogos e as brincadeiras sendo 
consideradas como tradicionais e ou populares, quando apreciadas pelos indivíduos pode 
ocorrer o resgate, assim, Santos (2014) salienta que com as brincadeiras tradicionais e 
populares aprende-se mais sobre a cultura e a diversão que elas carregam. 
 
 
 
 
26 
 
2.3 Jogos e brincadeiras no Brasil e no mundo: em evidência matriz africana e 
indígena 
 
 
Com a presença miscigenada no Brasil, a sua cultura incorpora herança de diferentes 
povos, e não é atoa que os jogos e as brincadeiras são consideradas como tradicionais, pois o 
brincar e o jogar das crianças brasileiras vem de gerações passadas e que foram ensinadas 
pelos mais velhos, e pelas crianças que vieram para o Brasil. Essas influências têm origem do 
português, dos negros africanos e dos índios (nativos do país). Os jogos e as brincadeiras 
desses povos acabaram moldando a cultura lúdica brasileira. Moura (2011) contribui que as 
crianças africanas que chegaram no Brasil, no século XVI encontraram as condições 
necessárias para reproduzirem seus jogos e brincadeiras. 
Os jogos e as brincadeiras da cultura infantil que predominaram no Brasil fazem parte 
da cultura popular, estas foram determinadas pelos índios, portugueses e africanos, três raças 
com culturas diferentes (KISHIMOTO, 1999). Porém, autores como Câmara Cascudo (1958), 
fala que é muito difícil descobrir quais jogos e brincadeiras são de origem africana, devido o 
desconhecimento do brinquedo dos negros anteriores ao século XIX. A maioria dos negros 
que vieram para o Brasil já vinham de uma geração de negros que conviveram por centenas 
de anos com os europeus, sofrendo assim fortes influências. 
E nesse sentido, Câmara Cascudo (1958) coloca como questão se as criaças africanas 
que vieram para o Brasil junto com seus pais escravizados, se possuíram espaços para 
reproduzirem os jogos e as brincadeiras de origem do seu continente, ou se tiveram que deixar 
sua cultura típica de lado e adotar as brincadeiras locais. Frente a isso, o mesmo autor, salienta 
que as crianças negras se apropriavam rápido do lúdico, proposto por um ambiente que 
favorecia, e com isso Cascudo (1958) diz ainda que a criança negra servia-se do material mais 
próximo e brincava, talvez conservando a técnica africana ou adotando a técnica local, mas a 
sua marca era deixada pela literatura oral. 
E mesmo que as crianças africanas não pudessem compartilhar e vivenciar a cultura de 
sua terra, estes sempre a carregam consigo, sempre eram lembradas e ensinadas pelas mães. 
Segundo Cascudo (1958) a mãe-preta nunca deixava de transmitir para as crianças às histórias 
de sua terra, os contos, as lendas, os mitos, os deuses e os animais encantados, e essa cultura 
oral evoluiu, e aglutinou-se com outros elementos, mas permaneceu deixando traços 
marcantes do africano. 
27 
 
Alguns estudos mostram que desde a época dos engenhos de açúcar, os jogos e as 
brincadeiras se faziam presentes, os negros brincavam com os filhos dos senhores de engenho. 
As crianças negras, filhos dos escravos, eram apontadas para ficarem a disposição dos filhos 
dos senhores como companheiros de brincadeiras. Mas cabe frisar que nem sempre as 
crianças africanas era objeto de dominação de criança branca, muitos eram maltratados, e isso 
era a forma do branco se divertir, era o que se chamava de brincadeira, como destacou Freyre 
(1990), as crianças negras passavam a serem o objeto das brincadeiras dos menino e das 
meninas brancas. 
Nessas brincadeiras de dominação que ocorria entre o menino branco e o moleque, 
como se referia Freyre (1984), o menino branco e o moleque brincavam de brincadeiras de 
roda, jogo do pião, soltar papagaio. As meninas brincavam de jogos de faz-de-conta, este 
sendo destacado por Kishimoto como jogo simbólico. Conforme Kishimoto (1999), o jogo 
simbólico auxiliava as meninas, tanto brancas como negras, a compreenderem a trama de 
relações de dominação na época e funcionou como mecanismo auxiliador para a incorporação 
dessas relações. 
Estes jogos e brincadeiras se fundiram a cultura brasileira, e faz parte do acervo de 
jogos e brincadeiras populares e tradicionais que fizeram e faz parte da infância de muitas 
gerações. Essses jogos e brincadeiras, de acordo com Kishimoto (1993) se detaca mais no 
Brasil a partir de 1990, nas ruas de cidades como São Paulo. Na rua as crianças brincavam à 
vontade, e dentre as brincadeiras, o autor traz o esconde-esconde, jogo de roda, bolinhas de 
gude, pipas, cantigas de roda, bonecas, dentre outras que preenchiam o cotidiano de diversos 
grupos infantis naquela época. 
No tempo de escravidão no Brasil as crianças negras brincavam com as situações 
presentes em suas vidas, e uns dos exemplos dos jogos e das brincadeiras, que até hoje é 
presente no Brasil, são Escravos de Jó e Chicotinho qureimado/pegador. Frente a isso, Vieira(2010), traz a sua sugestão para falar sobre a origem de Escravo de Jó, em que Jó era um 
personagem da bíblia, que tinha riqueza e perdeu tudo, mas conseguiu recuperar porque tinha 
muita fé em Deus, e os negros aproveitaram dessa história para adentrar a realidade em que 
viviam por meio do jogo, eles imaginavam que Jó tinha escravos que jogavam um jogo 
chamado Cachangá, e os gurreiros seriam os escravos fugitivos que corriam para os 
quilombos, fazendo o movimento de zingue-zague dentro da mata para despistar o capitão-do-
mato. 
Já a brincadeira Chicotinho queimado/pegado, é o mesmo que pega-pega ou polícia e 
ladrão, brincadeira que apresenta várias versões no Brasil, esta brincadeira representa a fuga 
28 
 
dos escravos, em que o pegador é o capitão-do-mato, ou na brincadeira também chamado de 
caçador. Diante disso, Kishimoto (2004) fala que até hoje a cultura infantil preserva essa 
brincadeira apresentada com as denominações de chicotinho queimado, cinturão queimado, 
cipozino queimado, quente e frio e peia quente. Para além disso, o jogar e o brincar das 
crianças africanas no Brasil acontecia nas ruas. As brincadeiras de pega-pega, pique-esconde 
e queimado aconteciam com qualquer objeto que viesse nas mãos, e assim era a forma de 
preencher o dia de trabalho dessas crianças 
Dentre outros jogos e brincaderias presentes no Brasil e que vêm de matriz africana 
são queimado, barra-manteiga, esconde-esconde, pular corda, pular elástico, passa-passa, 
caça ao tesouro, estátua, polícia e ladrão, macaco disse, cabra cega. Alguns autores relatam 
que é difícil dizer qual a origem verdadeira dos jogos e das brincaderias presentes na cultura 
brasileira se é de origem africana, porque os africanos quando vieram já tinham tido contato 
com a cultura europeia. Nesse sentido, Bernardes (2008) retrata que com a miscigenação de 
índios, brancos e africanos e também a falta de documentos sobre os jogos dos meninos 
negros no período colonial, acaba dificultando a especificação da influência africana no 
folclore infantil. 
Frente a isso, ao analisar os jogos e as brincadeiras no Brasil, vemos que alguns jogos 
e brincadeiras foram trazidas pelos portugueses, tais como a amarelinha, o pião, pipa, ciranda, 
jogos de pedrinhas, entre outros. Segundo Kishimoto (1993) não se conhece a origem desses 
jogos, a tradicionalidade e a universalidade dos jogos, apoia-se no fato de que povos distintos 
e antigos como os da Grécia e do Oriente brincavam de amarelinha, de empinar papagaios, 
jogar pedrinhas, e até hoje as crianças fazem quase da mesma forma. E estas trazidas pelos 
portugueses para o Brasil que já carregavam influência dos asiáticos, assim os portugueses 
carregavam traços dos povos asiáticos. Em outras palavras o autor Kishimoto (1993) contribui 
com o exemplo da pipa, também conhecida como papagaio ou arraia, que embora divulgada 
pelos portugueses, teve sua origem em terras asiáticas. 
Uma das certezas que se tem, como jogo de raiz africana são os jogos de tabuleiro, ou 
jogo de mancala, esse jogo apresenta diversas variáveis. Barbosa et al. (2015) destacam que o 
jogo de Mancala, tem sua origem comprovada, esse jogo tem o objetivo de desenvolver o 
raciocínio lógico do participante, é preciso ficar atento para não perder. São jogos também 
chamados de semeadura e colheita, por se tratar de uma dinâmica que captura as sementes dos 
buracos do tabuleiro. De acordo com Foganholi et al. (2016) os jogos de Mancala têm mais de 
200 variações, conforme seu lugar de origem, e apresentam diferentes simbologias, regras e 
nomes. Encontramos traços dos jogos de Mancala nos jogos de tabuleiro em vários cantos do 
29 
 
Brasil, em que se utiliza de feijão para colher ou pegar durante o jogo, isto é, o feijão é usado 
como moeda de troca, sendo principalmente usado pelos senhores que jogam nas praças. 
Existe também a herança e presença da cultura indígena nos jogos e nas brincadeiras 
no Brasil, estes já habitavam o território, e sofreram também influência do homem branco, 
mas os jogos e as brincadeias se fez e faz parte do jogar e do brincar dos indivíduos. Muito 
antes dos outros povos chegarem ao Brasil, já tinha o povo nativo, os índios, e as crianças já 
brincavam. Como corrobora Costa (2013) ao fazer parte da cultura em que vive, as crianças 
indígenas desempenham o papel do adulto no seu mundo lúdico. Suas brincadeiras tornam-se 
uma preparação para as funções que serão desempenhadas na vida adulta. 
Cascudo (2001) verificou que entre os séculos XVI e XVII, os meninos indígenas, 
desde cedo, brincavam de arcos, flechas, tacapes, propulsores que compunham o arsenal 
guerreiro dos adultos. Brinacavam de jogos de imitação, onde imitava os pais e também os 
animais, de jogo de peteca, objeto feito de palha de milho e com pena de aves, outra 
brincadeira é a cama de gato. 
Ao tratar das crianças indígenas no Brasil e dos jogos e das brincadeiras destas, 
Kishimoto (1999) relata da não separação entre o adulto e a criança, conforme este autor, 
mesmo os comportamentos descritos como jogos infantis, não era fechado apenas para a 
infância, sendo assim, os adultos também brincam de peteca, de jogo de fio e imitam animais. 
Cabe destacar que no Brasil existe diferentes povos indígenas de várias etnias, desse modo os 
jogos e as brincadeiras são observadas no viés das diferentes culturas. Dentre os jogos e as 
brincadeiras indígenas no Brasil, tem-se a brincadeira mais conhecida dos índios, o arco e 
flecha, perna-de-pau, brincadeira de imitar, contações de história, pião, matraca e ioiô. 
A ludicidade pelas brincadeiras e jogos indígenas é presente nas diversas etnias de 
modo que vem a ser determina de acordo com os aspectos culturais da infância. Perante a 
isso, Costa (2013) vem salientar que: 
 
Cada etnia determina os aspectos culturais que formam a infância de suas crianças a 
partir do que julga útil e legítimo para a comunidade em que estão inseridas, 
procurando fazer a orientação e socialização dos saberes que lhes possibilitará o 
desenvolvimento físico, sócio, afetivo e cognitivo (p. 12). 
 
Kshimoto (1993) relata sobre Koch-Grünber, este diz que viu o indiozinho menor 
brincar de cavalinho, montava no irmão maior, enquanto meninos maiores de pião e matraca. 
Ainda discorre sobre o brinquedo ioiô, este vem a ser caracterizado como sendo uma pequena 
mangueira, trançada elasticamente, como uma prensa para mandioca, e aberta por um lado, a 
30 
 
outra extremidade desemboca em um aro trançado e a ele ligado, quando se põe o dedo na 
abertura e se estica a mangueira pelo aro, esta se contrai e o dedo fica enroscado no trançado, 
e o dedo só fica livre quando a mangueira se dilata. O outro jogo tratado refere-se a cama de 
gato ou fio como é chamado pelos índios, esse jogo consiste em fazer o maior número de 
figuras com o fio. 
O Jogo citado faz parte dos jogos tradicionais brasileiros e está presente até nos dias 
de hoje nas brincadeiras de infância, principalmente, entre as crianças indígenas. E dentre 
outros jogos e brincadeiras de matriz indígena e que foi incorporada a cultura lúdica do povo 
brasileiro e que se faz presente são os jogos de peteca e o arco. Em relação aos jogos e às 
brincadeiras indígenas no Brasil, o Programa Escola da Família (2015), que discorre sobre um 
manual, traz relatos de uma pesquisa na qual aborda jogos e brincadeiras pesquisadas sobre os 
diferentes povos indígenas em alguns cantos do Brasil. Os jogos e as brincadeiras presentes 
são: peteca, cama de gato, quebra-cabeça, bilboquê, estilingue, jogo de bola de gude. 
Brincadeiras essas que já eram praticadas pelas crianças na cidade. 
Outros jogos e brincadeiras indígenas no Brasil, são as corridas, as corridas de tora, 
cabo de guerra, corrida do saci, jogo da onça. Os jogos e as brincadeiras indígenas no Brasil, 
seja por meio do jogo faz-de-conta representa a cultura de um povo, e é por meio dessesjogos 
e brincadeiras que se aproxima de sua cultura, pois grande parte dos jogos e das brincadeiras 
reproduzem o que ocorre no cotidiano das aldeias, e é por meio do lúdico que se propaga a 
cultura do seu povo. Perante a isso, Brougère (1998) discorre que qualquer cultura é 
produzida pelos indivíduos que dela participa, e existe na medida em que é ativada por 
operações concretas que são as próprias atividades lúdicas, produzidas por movimento interno 
e externo, desse modo, a criança constrói sua cultura brincando. O autor fala ainda que o 
brincar e o jogar contribui para a aprendizagem e a sociabilidade. 
Os jogos e as brincadeiras estão presente no decorrer da infância e da vida de todos os 
seres humanos em todos os lugares do mundo. Por meio da ludicidade, jogos e brincadeiras, é 
possível descobrir um mundo existente no imaginário e na realidade do sujeito, possibilitando 
assim uma vivência única e exclusiva, e desse modo, favorece o desenvolvimento humano 
daqueles que brincam, proporcionando a aquisição de novos conhecimentos. Ao trazer as 
brincaderias presentes no Brasil e que são tradicionais, é precisso frisar que muitas estão 
presente no mundo todo, ocorrendo algumas modificações e adaptações. De acordo com 
Kishimoto (1993) muitas são praticadas no mundo todo, da mesma forma ou com pequenas 
alterações nas versificações ou regras do brincar. 
31 
 
Nota-se que os jogos e as brincadeiras tradicionais resultam de práticas antigas 
passadas de geração em geração por meio da oralidade e que se faz presente na 
contemporaneidade, fato ratificado por Kishimoto (2014) as brincadeiras tradicionais são 
transmitidas da antiguidade, persistência, anonimato e oralidade. E como foi explanado em 
momentos anteriores a cultura brasileira tem influência dos jogos e das brincadeiras dos 
portugueses (que trouxeram jogos e brincadeiras adquiridas do contato com asiáticos), assim 
como dos africanos, que tiveram contato com os povos europeus. 
Muitos jogos e brincadeiras presentes na cultura africana e indígena como amarelinha, 
empinar papagaio, jogar pedrinhas, são considerados tradicionais e universais, pois são jogos 
já existentes na antiguidade, exitem registros de estas estavam presentes entre os povos 
antigos com da Grécia e do Oriente. Segundo Kishimoto (2000), essas brincadeiras foram 
transmitidas de geração em geração através de conhecimentos empíricos e permanecem na 
memória infantil. 
Os jogos e brincadeiras como pião, pular corda, pular elástico, queimado, ciranda, 
soltar pipa, amarelinha, peteca, cobra cega, perna-de-pau entre outras passam de gerações em 
gerações e representam o brincar e o jogar dos indíviduos no Brasil e no mundo. Diante disso, 
Zatz et al. (2006), corroboram que essas brincadeiras tradicionais vêm sendo transmitidas de 
uma geração à outra, de um país a outro, há centenas e milhares de anos. Nesse viés, Grando, 
Xavante e Campos (2010) em pesquisa feita sobre os jogos e as brincadeiras entre etnias 
indígenas, mostra-nos que os jogos e as brincadeiras entre os índios também são presentes 
entre os não índios. 
Os autores destacam que alguns dos jogos e das brincadeiras são relatadas como os 
nomes que podemos identificar na cultura infantil em todo o Brasil, outros são jogos que são 
adaptados por cada povo para o brincar com as coisas da cultura e da natureza onde vivem. 
Nesse repertório de jogos lúdicos vivenciados pelas comunidades indígenas, uma grande 
ampliação da cultura corporal de movimento, principalmente entre os mais jovens 
(GRANDO; XAVANTE; CAMPOS, 2010, p. 94). 
Perante a isso, cabe discorrer sobre os jogos e as brincadeiras da cultura africana e 
indígena presentes ao redor do mundo. Começando pelos jogos e pelas brincadeiras que vêm a 
ser descrito por autores como sendo de matriz africana, trago como exemplo o jogo de 
queimada no Brasil, que tem semelhança ao kannonball, doedbold, dodgebal e dochibal, estas 
vem ser apresentadas por Kishimoto (2014). A autora aborda que acertar a bola em crianças 
do time adversário, como ocorre no jogo de queimada no Brasil, kannonball na Noruega, 
32 
 
doedbold na Dinamarca, dodge ball no Reino Unido e dochiball no Japão, são muito 
similares, mostrando aspectos da universalidade dos jogos. 
Outro jogo é o de pedrinhas, que pode ser jogado com saquinhos de fejão, arroz ou 
com as pedrinhas, este jogo acontece acompanhado de versinhos de cantiga, e é praticado em 
vários países, por exemplo, no Brasil tem as cinco marias e as três pedrinhas, e como cantiga 
Escravos de Jó. As brincadeiras de pega-pega e esconde-esconde que remete a perseguição 
dos escravos pelo capitão-do-mato, nessas brincadeiras deve-se correr e se esconder para não 
ser pego. Frente a isso, segundo Kishimoto (2014) o confronto desse jogo, leva a imaginação 
infantil buscar personagens em sua cultura, como exemplo na Inglaterra, a perseguição entre 
baleias e golfinhos, na Dinamarca, entre mulheres casadas e viúvas. 
Como exemplo de outras variações presentes nos dias de hoje, Kishimoto (2014) 
salienta que as crianças brincam com personagens do mundo fantástico ou de traficantes e 
polícia, a chamada polícia e ladrão em algumas partes do Brasil. Tem também as variações 
em que o pegador indica uma cor para a pessoa correr e tocar, e assim ser salvo de ser pego, 
chamada no Brasil de elefante colorido, e de stregacomanda colore na Itália. 
Em relação aos jogos e às brincadeiras da cultura indígena no mundo, encontra-se as 
brincadeiras de corrida, fazer fila, como exemplo arrancar mandioca e brincar com pernas, pés 
e mãos. Tem também os jogos e as brincadeiras que apresentam traços da cultura africana e 
indígena em alguns lugares do mundo, como exemplo do jogo abordado por Silva e Silva 
(2015), o rapa, jogo infantil tradicional em portugal. Esse jogo utiliza de um pião, rapa ou um 
saquinho com as letras do pião em pequenos papéis para sorteio, e 5 feijões para cada jogador. 
É muito difícil discorrer sobre os jogos e as brincadeiras de matriz indígena no mundo, pois 
quase não se encontra materiais nem teóricos que falam sobre. 
Para além do que foi exposto, cabe frisar também sobre a brincadeira presente em 
vários cantos do mundo e que também faz parte do brincar das crianças da cultura africana e 
indígena, é considerada como brincadeira tradicional e universal, sendo ela: a amarelinha. 
Conforme Kishimoto (2014), a amarelinha, tem inúmeras variantes, denominadas no Brasil 
como maré, sapata, avião, academia, macaca na Dinamarca, hinke, na França marelle e na 
Grã-Bretanha hopscot. Pontes e Magalhães (2002) trazem o exemplo da brincadeira de 
“cabra-cega”, entre os romanos, com o nome de murinda; na Espanha tem o nome de 
“galinha-cega”; na Alemanha, de “vaca-cega”; nos Estados Unidos, de “Blindman´s buff”; na 
França, de “Colinmaillard”, e também a peteca ou jogo de peteca, no mundo do inglês é 
conhecida como “game of marble”. Portanto, é perceptível a presença de forma semelhate dos 
jogos e das brincadeiras africanas e indígenas nos vários cantos do mundo. 
33 
 
2.4 Didática e metodologia: o uso das brincadeiras enquanto metodologia de ensino 
 
 
Assim como em qualquer metodologia para o ensino de determinado conteúdo é 
importante que se tenha uma finalidade no que será ensinado e vivenciado, com as 
brincadeiras não é diferente, estas enquanto metodologia de ensino precisa ter como finaldade 
desenvolver por meio de ações espontâneas o conhecimento sobre o que se está por trás de 
determinada brincadeira, com conteúdo específicos a serem atingidos. 
Faz-se necessário que as brincadeiras como metodologia de ensino, tenham um 
significado, ou seja, é preciso que seja contextualizada com o objetivo de contribuir para a 
aprendizagem significativa dos alunos enquanto sujeitos, para serem tranformadores da 
realidade. Nesse sentido, a didática é a ação do professor frente ao que vai ensinar, é a forma

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