Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
E T I Q U E T A G E N T I L E Z A 5 P A S S O S P A R A S U A M E L H O R V E R S Ã O M I L E N A N E V E S D e d i c a d o , c o m c a r i n h o e g r a t i d ã o , a F e r n a n d o , p o r t e r s i d o a c o n f i a n ç a e i n c e n t i v o s e m o s q u a i s e u j a m a i s h a v e r i a a b r a ç a d o e s t e m o m e n t o d a m i n h a c a r r e i r a . O b r i g a d a p e l a s u a g e n e r o s i d a d e , a p o i o e a m o r ! " O p e n s a m e n t o p o d e t e r e l e v a ç ã o s e m t e r e l e g â n c i a , e , n a p r o p o r ç ã o e m q u e n ã o t i v e r e l e g â n c i a , p e r d e r á a a ç ã o s o b r e o s o u t r o s . A f o r ç a s e m a d e s t r e z a é u m a s i m p l e s m a s s a . " F E R N A N D O P E S S O A A P R E S E N T A Ç Ã O Este livro é uma “degustação”, um resumo, dada a natureza simples e prática do material. Ainda assim, discorro com extremo zelo sobre ética, etiqueta social e corporativa, linguagem não verbal e estudos acerca do impacto da gentileza na vida humana e em sociedade. Espero fazer deste material algo útil à sua vida, e parte do seu aperfeiçoamento pessoal. A gentileza e o respeito, a si e ao próximo, sempre serão norteadores máximos e basilares de qualquer postura elegante. PRÓLOGO – OS PORQUÊS Procurei por meses uma expressão que substituísse “etiqueta social” nos meus materiais. É inegável que a expressão cause resistência inicial, espanto, e, erroneamente, nos remeta a algo ultrapassado ou desnecessário. Sempre voltei, entretanto, aos porquês da minha própria resistência. Por que repelir a denominação de algo que tem raízes tāo somente na arte de conviver com respeito? E peço especial atenção ao verbo CONVIVER. A etiqueta social rege a arte de bem conviver. A arte de atentar, com atitudes respeitosas e atenciosas, para que o outro esteja confortável em nossa presença. Ser agradável, não por necessidade de ser aceito, mas pela consciência de que somos todos peças de um grande motor chamado vida coletiva. Assim, travo a batalha de retirar todo o medo do termo etiqueta social, e apresentá-la como uma excelente ferramenta para a boa convivência. Natural e bem aplicada, a etiqueta: a) causará impacto positivo sobre o outro; b) causará impacto positivo sobre o coletivo c) auxiliará nos caminhos individuais em busca de nossas metas, sejam elas sociais, afetivas ou profissionais. S U M Á R I O A P R E S E N T A Ç Ã O . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 P R Ó L O G O . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 C A P Í T U L O 1 P r i m e i r o P a s s o - R e f l i t a S o b r e G e n t i l e z a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 1 . 1 P o r q u e s e r g e n t i l ? . . . . . . . . . 1 5 C A P Í T U L O 2 S e g u n d o P a s s o - P i l a r e s d a A u t o C o n f i a n ç a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 9 C A P Í T U L O 3 T e r c e i r o P a s s o - A l i n h e S u a L i n g u a g e m C o r p o r a l . . . . . . . . . . 2 7 C A P Í T U L O 4 Q u a r t o P a s s o - A v i d a é u m G r a n d e N e t w o r k . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 3 4 . 1 A p r e s e n t a ç õ e s . . . . . . . . . . . . . . 5 6 C A P Í T U L O 5 Q u i n t o P a s s o - À M E S A . . . . . . . 6 2 5 . 1 O n d e , Q u a n d o e C o m o S e n t a r - s e . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 4 5 . 2 A M e s a é S a g r a d a . . . . 6 8 5 . 3 G u a r d a n a p o . . . . . . . . . . . . . 7 0 5 . 4 T a l h e r e s . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 4 5 . 5 C o p o s e T a ç a s . . . . . . . . . . 8 1 5 . 6 P r a t o s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 5 5 . 7 S o b r e m e s a . . . . . . . . . . . . . . . 8 7 5 . 8 C a f é e C h á . . . . . . . . . . . . . . . 8 8 5 . 9 C o m i d a s E s p e c í f i c a s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 9 B O N U S T R A C K V I A J A N D O . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 0 0 C A P Í T U L O 1 P R I M E I R O P A S S O : R E F L I T A S O B R E G E N T I L E Z A O Dalai Lama (2015) diz que a sua religião não é o Budismo, mas a gentileza. Ele prega, ainda, que o mundo atual precisa muito mais de ética que de religiões. Etiqueta quer dizer pequena ética, a propósito disso. Leandro Karnal (2018) diz que ser gentil denota que entendemos que não somos únicos no mundo. Karnal entra, aí, num ponto crucial não só da pequena ética (etiqueta), mas da ética de viver propriamente dita. Quando dou conta da existência do outro (que lindo!), dou o primeiro passo para a empatia, onde me coloco no seu lugar. É somente percebendo o outro como parte de nós que somos capazes de pensar e agir com compaixão, com nobreza. 10 E eu penso, com Karnal aprendendo, que só quando realmente consideramos a existência do outro, somos capazes de sermos gentis, éticos, nas pequenas e grandes éticas. Notemos, pois, que gentileza e ética nascem de uma mesma fonte: a percepção da existência do outro. Mas o que é ética? Filosoficamente, ética é o conjunto de valores e princípios que usamos para decidir nossas condutas. É algo muito mais amplo que costumes morais, vez que a moral está circunscrita a culturas e regiões, enquanto a ética é universal, e está ligada ao desejo genuíno de ser bom, de fazer o bem dentro do que se acredite genuinamente como bem, e não apenas de encaixar-se numa conduta moral. 11 Etiqueta como pequena ética nasce para garantir que o outro esteja confortável em nossa presença. Etiqueta como pequena ética se presta a não constranger o outro, a não incomodar o outro, a acolher o outro. Então, sim, a etiqueta traz altruísmo em ser, antes de sobre nosso próprio bem estar, sobre o bem estar do outro. Em colocação simples, etiqueta é a pequena ética que rege as relações cotidianas baseada num valor maior, a ética. Há de existir, assim, uma razão de ser para cada orientação de etiqueta. Elas, as orientações de etiqueta, jamais serão vazias, meramente voltadas à ostentação ou a complicar sua vida. Em cada orientação de etiqueta residirá sim um muito de ética. Não é lindo? 12 Lembram quando, alguns parágrafos atrás, refletimos sobre tanto o comportamento ético quanto a gentileza nascerem quando atinamos para a existência do outro? Pois bem. Podemos chamar ética e gentileza de irmãs, sim? E não há prática de etiqueta que faça sentido aos meus olhos se não intimamente ligada a gentileza. A etiqueta orienta a não levantarmos os cotovelos ao comer com talheres. O porquê? Por ser gentil se preocupar em não tocar o seu vizinho de mesa com seus cotovelos durante a refeição. Já pensou que desagradável levar cotoveladas do vizinho enquanto come? A etiqueta orienta a usarmos apenas a parte interna do guardanapo, mantendo-a sempre dobrada para dentro. O porquê? 13 Por ser gentil cuidar para que os demais não enxerguem a sujeira do seu guardanapo. Já pensou que desagradável ver as marcas de comida do outro num guardanapo sujo? Apertos de mão, por sua vez, nascem na história para mostrar não estar-se portando uma arma na mão dominante ao aproximar-se do outro. É um gesto amistoso, gentil, que mesmo com o andar do tempo, permanece. Nos desarmamos hoje figurativamente ao cumprimentar. Em cada orientação de etiqueta há, pois, um espectro amplo de ética, e um cuidado lindo de gentileza. 14 1.1. E Por Que Ser Gentil? A Universidade da California - UCLA - instituiu, há alguns anos, o BEDARI KINDNESS INSTITUTE, que, sob coordenação do Professor e Ph.D. Daniel M.T. Fessler, é única e permanentemente “dedicado à pesquisa dos efeitos da gentileza para formação de uma sociedade mais humana.” Em 2015, em um estudo realizado na Universidade da Colúmbia Britânica (Canadá), pacientes que estavam em tratamento para ansiedade foram convidados a praticar um ato de gentileza por dia. Após quatro semanas, todos estavam mais relaxados, com os níveis de dopamina e serotonina(hormônios ligados à felicidade) mais elevados. 15 Uma pesquisa desenvolvida pela Harvard Business School, que avaliou a felicidade em 136 países, apontou que pessoas altruístas são as mais felizes. O estudo mostrou que a satisfação sentida após um ato gentil tem efeito consistente na felicidade, pois gestos de gentileza acionam a liberação de dopamina, que promove a chamada "euforia positiva". Tornando-se a gentileza uma pratica constante, os efeitos seguem por longo prazo, com impactos consideravelmente positivos no combate à ansiedade e persecução da felicidade. William T. O’Connor, neurocientista irlandês da Limerick University, dedica seus estudos ao que batizou de NEUROBIOLOGIA DA GENTILEZA, e diz: 16 "A gentileza é o motor maior para o desenvolvimento pessoal. É a luz verde que nos mantem abertos a dar e receber. É uma parte fundamental da condição humana, e preenche as divisões da cultura, religião, política, gênero e classe social”. A gentileza sai, assim, do campo do subjetivismo, do poético ou utópico, e vira objeto de pesquisa, tendo seus efeitos práticos sobre saúde humana e felicidade comprovados. Como não crer na frase do Profeta Gentileza (sim, aquele do "gentileza gera gentileza"), que anunciava, já na década de 80, que "um dia a gentileza salvará o mundo"? Eu creio. E amo! Por fim, fechando este capítulo sobre gentileza, vale um desabafo: 17 Desde que comecei a postar sobre etiqueta, recebo, com frequência, comentários e mensagens de pessoas dizendo que querem muito aprender etiqueta para, assim, tornarem-se pessoas chics. Isso me revira a alma, pois mostra uma visão equivocada da etiqueta. Etiqueta não se presta a tornar chic. Etiqueta se trata de exercer a gentileza e agir com ética. Não tenhamos como meta inicial “ser chic”. Aliás, desconfiemos de tudo, absolutamente tudo que tiver como meta única “ser chic”. Queiramos genuinamente ser gentis e éticos, assim, seremos, naturalmente elegantes. E se há algo chic, este algo é a elegância despretenciosa. Que não tenta, apenas é. 18 C A P Í T U L O 2 S E G U N D O P A S S O : P I L A R E S D A A U T O C O N F I A N Ç A A elegância na qual acredito não visa transformar pessoas em quem elas não são. Definitivamente, não! A elegância real preserva a personalidade, e simplesmente a aprimora, polindo e aperfeiçoando o indivíduo, sem matar sua originalidade, o que o faz único. No caminho à elegância, destaco dois pilares básicos: • gentileza, já abordada; • auto confiança real. Notem que destacamos a auto confiança real. O íntimo subjetivo que torna o indivíduo sereno, assertivo e humilde em qualquer ambiente. 20 Real para se destacar da falsa auto confiança, que faz indivíduos criarem personagens e artifícios como humor, excesso de falas, arrogância, dentre outros, para tentar mostrarem-se seguros quando, em verdade, não o são. Auto confiança real para a convivência social se aprende? Digo sim, mas como capítulo avançado de um manual, precedido por lições bem elementares. Aprendemos o elementar, polindo nossa originalidade, e aí nos sentimos seguros para confiar nesta máquina aperfeiçoada, nosso eu, treinado, com um HD repleto de conhecimentos preciosos que se transformarão em ações cada vez mais naturais. 21 Não se trata de auto estima. Amar-se é tão elementar quanto complexo, e envolve um universo da psiquê humana que não abordarei por não ter formação para tanto. Aqui falo de auto confiança, aspecto prático. Estado em que nos colocamos quando estamos capacitados para as situações. Um maratonista chega auto confiante à prova para a qual treinou. Um cozinheiro prepara com tranquilidade o prato que bem estudou. Da mesma forma, convive bem em sociedade o indivíduo que refletiu e aprendeu sobre comportamento. Alguns de nós são treinados desde a infância, outros passam à margem de lições de convívio, etiqueta, respeito e 22 elegância, tornando-se adultos inseguros em variadas esferas de convivência social. A insegurança que vem do desconhecimento, eventualmente, vai se dissipando, à medida que vai-se aprendendo forçadamente com situações, erros, novos desafios profissionais ou pessoais. Aprende-se convivendo, trabalhando, viajando, aprende-se pesquisando, namorando, e, ao olhar-se para trás, pensa-se: poxa, por que não aprendi isso antes? A auto confiança de conhecer as regras ao ponto de saber aplica-las de forma natural eleva a elegância. No sentido oposto, inseguranças são facilmente detectáveis. 23 O inseguro arma-se, trava o maxilar, curva a postura, fala demais, ou de menos, cria personagem para si, cai no ridículo sem saber e denuncia-se por completo. O pior: o inseguro perde ou joga fora oportunidades. Quanto custa agir errado? Qual o preço de não agir de forma certa naquele momento chave? A vida é um grande network, e cada ação leva a uma via. É inegável que sempre se pode compensar a falta de conhecimento às regras com outras qualidades. Fulano é tāo engraçado! Ciclano é tāo inteligente! O que prefiro pensar, entretanto, é no quão POTENTE será a personalidade do indivíduo que, além de engraçado e inteligente for, 24 também, exímio conhecedor dos direcionamentos para o convívio social elegante, ou seja, da etiqueta social, da pequena ética. Prefira a auto confiança de conhecer todas as regras apesar de não saber se precisará usá-las, à eterna corda bamba de lançar-se ao acaso das situações. A elegância conquista, encanta e abre portas. Auto confiança é, certamente, raiz daquele charme que não sabemos bem de onde vem. Ingrediente daquela fidalguia e grandeza que enxergamos em determinadas pessoas, independente de seus trajes, de sabermos ou não sobre suas posses ou sobre quem são. 25 Auto confiança torna indivíduos menos susceptíveis a abalos. Suas ações e reações encontram raízes em quem são e no que acreditam e aprenderam, em seus valores, e não em fatores externos. Costumo dizer que pessoas sábias não reagem, agem. A auto confiança mina a reatividade. Atentar para a importância da auto confiança e refletir sobre os porquês de seu valor são os primeiros passos em busca da mesma. 26 C A P Í T U L O 3 T E R C E I R O P A S S O : A L I N H E S U A L I N G U A G E M C O R P O R A L Um passo extremamente importante é dado no aperfeiçoamento de nossa forma de nos comunicarmos quando atinamos que a linguagem não-verbal (expressões faciais, nosso gestual, o tom da nossa voz e nossa postura, por exemplo) têm um impacto muito maior do que imaginávamos. O famoso estudo de Mehrabian, datado do final da década de 60, chega a calcular que apenas 7% (sete porcento) do que comunicamos depende das palavras usadas, ficando 38% (trinta e oito por cento) a cargo do nosso tom de voz, e 55% (cinquenta e cinco porcento) a cargo de nossa linguagem corporal (gestual, postura e olhar). Décadas se passaram, o estudo, apesar de não refutado, reverberou de 28 forma midiática e errada, e, hoje, sabemos que a conta não é tão exata, mas que a comunicação não verbal tem sim um peso imenso no que comunicamos. A mensagem mais valiosa do estudo de Mehrabian é que, quando as palavras e as mensagens não-verbais estão em conflito, as pessoas tendem a acreditar nas mensagens não- verbais. Por exemplo: quando dizemos que estamos felizes, mas nosso olhar está triste e nossa voz está fraca, o interlocutor interpretará que estamos tristes, e não felizes. Quando dizemos que somos corajosos, mas nossa postura está encolhida, nossa voz trôpega e nossas mãos agitadas, 29 o interlocutor interpretará que estamos com medo, e não com coragem, não obstante o que dissemos com palavras. Assim, quando todos os meios de comunicação são congruentes, quando as palavras que dizemos, o tom como dizemos e o nosso corpo em postura e gestos dizem a mesma coisa, a mensagem é passada de forma forte e completa. Uma linguagem reforça a outra. Penso que somente estarei ensinando sobre elegância de forma completa, se tornar o meu leitor ciente da importância da sua linguagem nãoverbal, não apenas no viés resumido de manter uma postura alinhada para parecer refinado, mas 30 de manter uma postura alinhada para COMUNICAR segurança, mensagem crível, tranquilidade, força, etc. Não se trata de quem você quer parecer ser, mas de quem você é, e o que você comunica. E quem você é? Quem é o seu eu aperfeiçoado? Alguém que entende o valor da boa comunicação, é seguro das regras de comportamento e relacionamento. Alguém que circulará com tranquilidade pelas mais diversas situações e ambientes. Entender o valor da comunicação não-verbal cria empatia com quem nos ouve, e aumenta a nossa capacidade de influência. 31 Para facilitar o aprendizado, formulei um passo a passo com as principais orientações de comunicação não verbal. Vamos a ele: a) Consciência. Habitue-se a estar constantemente consciente de que seu corpo comunica de forma tão ou mais potente que sua fala. Este estado de consciência o habituará a sempre cuidar da postura, do olhar, do tom de voz e do gestual. A consciência levará ao hábito, e o hábito à naturalidade. Faça-se presente em corpo e mente onde estiver. Apenas uma mente presente e atenta comunicará de forma potente e correta. Para mim, que sou uma hiperativa nata, este é um imenso desafio que trabalho diariamente. Consciência! 32 b) Transmita calma em suas falas. A imensa maioria das mensagens a serem comunicadas, seja em conversas triviais ou em assuntos de trabalho, sairá de forma muito mais nítida e elegante se transmitida com calma. A não ser que você esteja comunicando um incêndio, um SOS de salve-se quem puder ou algo do gênero, a regra da calma ao comunicar é norte. Antes de adentrar a todo e qualquer ambiente, respire fundo, acalme o turbilhão mental que sempre trazemos da rua, ou de casa para o trabalho, ou do trabalho para casa. Respirar fundo, com consciência desse ato, acalmando a mente, nos trará para o momento presente, tornando nossa fala e nossos gestos mais tranquilos e elegantes. 33 Pare e pense numa pessoa muito ansiosa e atabalhoada que você conheça. Lhe é agradável ouvir dessa pessoa? Alguma vez as falas dessa pessoa lhe cansaram? Sabe quando dizemos que tal pessoa é cansativa? Essa pessoa geralmente suga nossas energias e nos causa uma vontade extrema de dar logo qualquer assunto por encerrado. O interlocutor ansioso causa tanta repulsa quanto o interlocutor excessivamente lento causa tédio. c) Uma fala calma e elegante contém pausas. Pause suas falas. Não tenha medo do breve silêncio que nasce das pausas. Habitue-se a ele. Normalize. Pausas servem para respirarmos, alinharmos o raciocínio, darmos ênfase a partes estratégicas de falas. 34 Teatrólogos e diretores tecem estudos primorosos sobre pausas em textos. Seu uso ou não uso muitas vezes difere uma tragédia de uma comédia, um sucesso de um insucesso. Já reparou nas falas da atriz Fernanda Montenegro? Convido você a fazer uma breve pausa nesta leitura, ir ao youtube e pesquisar, aleatoriamente, por entrevistas da atriz. Faça o exercício de observar suas pausas e refletir sobre o quanto de elegância e credibilidade elas inspiram. d) Alinhe a sua coluna de modo a parecer seguro, mas não arrogante e jamais robotizado. O segredo estará em: 35 ·sustentar a coluna com a força do abdômen, o que especialistas chamam de postura encaixada; ·Manter o queixo alinhado com o chão. Se o seu queixo abaixar da linha de noventa graus, sua postura curvará e você comunicará insegurança. Se o seu queixo subir demais, você comunicará arrogância. Se julgar necessário, faça sessões de RPG, fisioterapia ou mesmo pilates. Há posturas que foram negligenciadas por toda uma vida e que não são de fácil correção. Mas agora, que você sabe do valor da sua postura no que você comunica, vale à pena finalmente investir nela e corrigi-la. E quer mais? Uma postura alinhada também lhe deixará mais bonito (a). 36 Fará bem, para sua saúde física e para sua capacidade de relacionamento. e) Destrave seu maxilar. Pense na primeira coisa que seu corpo faz ao tensionar e notará que esta “coisa” é o tensionamento dos músculos do rosto. Insegurança, timidez e raiva são sentimentos que nos levam a tensionar o rosto, e toda essa tensão nasce do travar o maxilar. Um erro facílimo de ser cometido acontece quando fazemos o tal “carão”. Pensemos naquele dia em que colocamos nossa melhor roupa e sapatos para ir àquela festa especial. Melhor perfume, e tudo de melhor sobre nós. Então chegamos, e a festa já está cheia de gente. 37 Hora de fazer a nossa entrada e, algo entre a vontade de adentrar de forma bonita e a timidez de ser visto por todos nos faz fazer o tal carão. Carão de modelo, carão de galã, de musa ou do que seja. Fazemos crentes que estamos abafando, quando, na verdade, no exato minuto que travamos o maxilar, tensionamos o rosto inteiro e comunicamos negativamente. A aparência será de insegurança, colocando por terra todo o “look” arrasador. É preciso muita maestria para fazer o olhar blasé com charme, o carão seríssimo e lindo. Modelos e atores têm essa maestria. Pessoas sem a técnica necessária se perdem na tentativa. Mais seguro um olhar relaxado, com um levíssimo e espontâneo sorriso 38 Não, não estou falando para ninguém andar com um sorriso robotizado e falso no rosto. Estou apenas pedindo que relaxemos os músculos da face e cuidemos de termos uma expressão simpática e acessível. O treino levará à perfeição. Face relaxada e leve sorriso são uma receita segura, que comunica auto confiança, leveza e amistosidade. f) Braços cruzados denotam estar-se fechado. Seja fechado à interação, ao novo, à mudança de opinião, a aprender. Cuidado! Braços cruzados enquanto se ouve alguém podem evocar extrema falta de consideração e de educação. 39 g) Manter-se com os braços e mãos ocupados enquanto interage quando você tem a opção de liberar suas mãos e braços denunciarão insegurança, não estar à vontade, não estar aberto. Exemplo simples: em um encontro ou reunião, manter bolsa ou mochila no colo e permanecer com as mãos segurando tal item. h) Um aperto de mão firme comunica segurança e atenção. Um aperto de mão fraco comunica desinteresse. O aperto de mão ideal dura de dois a três segundos, é firme, mas não agressivo, é acompanhado de olho no olho e de um leve sorriso. Jamais aperte a mão sem olhar no olho. Jamais! 40 i) Sempre olhe no olho do seu interlocutor ao falar ou ouvir. Esse olhar não deve ser incisivo ao ponto de incomodar. O olhar atento porém confortável é natural. Não se fixa de forma exagerada. Um truque: olhar entre as sobrancelhas do interlocutor dará a ele a sensação de que você está olhando nos olhos, mas te livrará do incômodo (acaso você o sinta), de olhar diretamente nos olhos. De toda forma, habitue-se a olhar no olho. Quem olha no olho transmite credibilidade e atenção. j) Cuide do tom de voz. Falar muito alto é extremamente deselegante. É um dos atos mais deselegantes que se pode cometer. 41 Eu sofri com isso minha vida toda, pois tenho timbre de voz muito agudo e venho de uma família onde fala-se muito alto. Mas nem todos os hábitos dos nossos felizes círculos de família devem ser levados a qualquer espaço. Ao atentar para o quão elegante o tom de voz correto é, passei a me policiar. Consegui com louvor parar de falar alto. Sigo na busca por uma voz menos aguda. Um fonoaudiólogo pode ser fazer necessário. Este rol de orientações deve ser revisitado até virar hábito. E se você quiser escolher apenas três regras, serão: alinhe o queixo ao chão, nada de queixo para baixo passando insegurança nem para cima passando arrogância; olhe nos olhos e passe credibilidade; destrave o maxilar. 42 C A P Í T U L O 4 Q U A R T O P A S S O : E N T E N D A Q U E A V I D A É U M G R A N D E N E T W O R K O alto valor atribuído a boas redes de relacionamentos e ao talento em construí-las mantém em alta o jargão “network”. Não se trata de, por nascença, circular bem e “desde sempre” em redes ditas poderosas,o que daria uma visão pequena e medíocre. Network vai muito além. Ser potente em network é ser capaz de construir redes a partir da “estaca zero”, adentrar em círculos novos e diferentes com maestria, aprender com o novo e conectar pessoas. Também pode significar ser persona agradável em todas as rodas, mas sem jamais negligenciar sua personalidade, sua originalidade, o que o faz verdadeiramente único. 44 Será que você está cuidando da sua capacidade de relacionamento com o devido zelo? Está atento ao impacto das redes ou ausência delas sobre sua vida? O excesso de cuidado na interação robotiza, denota oportunismo. Já a carência de cuidado o manterá à margem, fora desse imenso motor chamado convívio social. Como balancear? Vamos ao que amo, uma boa lista! 45 a) Relacionamentos são sempre trocas, e os melhores networkers, tenha certeza, são aqueles que estão sempre atentos a como podem ser úteis e ajudar pessoas. Generosidade e gentileza transparecem, e fazem as pessoas mais elegantes. Não se trata de subserviência ou de exageros e bajulações. Por favor, muito cuidado com a linha tênue que separa a GENTILEZA de atitudes negativas com vieses de bajulação e subserviência. Estar atento a ajudar e colaborar para o coletivo. Como somar? Com ações que lhe podem ser muito simples, como uma mera apresentação de pessoas, por exemplo. Ou orientar “A” a trilhar um caminho que você já trilhou, “B” a transpor uma barreira, e “C” a recuperar-se de um problema. 46 A rede que se cria com tais atitudes é colaborativa e forte. Se você apenas recebe, e nada dá, poderá ser visto como oportunista. Cuidado! Contribua. Habitue-se a contribuir. Lembra do capítulo sobre gentileza? Pois bem! Nunca esqueça, também, de sempre retribuir favores e atenções e de sempre agradecer expressamente. b) Ao chegar a um evento, cumprimente a todos (na medida do possível), mesmo quem não conhece, ao menos com um olhar ou aceno de cabeça. Ao cumprimentar conhecidos de uma mesa ou círculo, não ignore as demais pessoas do grupo. Cumprimente seu conhecido com maior atenção, mas, ANTES, faça um cumprimento geral aos demais, afinal, você estará pedindo licença 47 a eles para tomar a atenção do seu conhecido por alguns instantes. c) Interaja. Eventos, sociais ou corporativos, são feitos para conectar pessoas. Nada mais desagradável que aquele convidado que não interage, ou conversa apenas com quem já conhece, permanece apenas nas “rodinhas” de sempre. Tal convidado sai do evento sem nada acrescido a si. Não conversou com pessoas diferentes, não ouviu histórias diferentes das suas e dos seus amigos de sempre, não se abriu a novas oportunidades, não cresceu com a oportunidade de interação dada pelo anfitrião. E, por falar no anfitrião, você sabia que, ao dispor lugares marcados à 48 mesa, é hábito comum na etiqueta social que o anfitrião misture os lugares, separando casais e alternando homens e mulheres? Tal hábito, não muito usado no Brasil, estimula a variação de assuntos e aprimora o network. d) Não trate as pessoas de acordo com perfil social ou econômico. Bajulações são extremamente cafonas. Excesso de esforço para agradar é facilmente notado. Arrogância é terrível, e sentimento de superioridade é um erro imperdoável. O mesmo vale para subserviência. Cuidado para não transpor a linha tênue entre o ser gentil e o ser subserviente. Valorizar a si mesmo é tão primordial quanto valorizar o outro em bom network. 49 e) Não “jogue nomes”. Sabe aquela pessoa que, nos primeiros minutos de conversa, faz questão de dizer que conhece “A”, frequenta a casa de “B”, é “amigo irmão” de “C” e esteve ontem com “D”, sendo que A, B, C e D são pessoas com certo status social? Há um termo em inglês para definir pejorativamente esse ato: dropping names (= jogar nomes). Muito desagradável e até oportunista. Quem tem traquejo para relacionamentos percebe a jogada. f) Não diminua a história ou experiência do outro através de uma experiência sua. Se “A” contou que amou o restaurante X na cidade tal, cuidado ao falar em seguida o quanto sua experiência no restaurante “Y” foi maravilhosa. Não é uma competição, mas um círculo de conversa. 50 g) Seja espontâneo. Não deixe que a observância a regras lhe engesse e anule sua originalidade. Traga seu lado único ao network. São tão desagradáveis as posturas artificiais! O filósofo e ensaísta francês Paul Valery tem uma frase que amo, que diz: "A elegância é a arte de não se fazer notar, aliada ao sutil cuidado de se deixar distinguir". A frase prestigia, assim, tanto a discrição (não se fazer notar) como a originalidade (se deixar distinguir), em igual peso. A nossa originalidade sempre será uma moeda preciosa. O charme pode habitar na originalidade, e ali também mora o carisma. A originalidade trará conexōes mais reais e profundas. 51 h) Seja em eventos sociais ou corporativos, não fale muito de si mesmo. Equilibre o diálogo. Permita que o interlocutor fale. O oposto também é deselegante. Fazer muitas perguntas sobre o interlocutor e não falar nada de si. Excesso de perguntas pode denotar oportunismo. Com a mesma alegria que falar de si, ouça sobre o outro. Equilibre. i) Em uma conversa, não olhe para o relógio, nem para o celular nem ao seu redor. Olhe nos olhos do interlocutor. Mostrar interesse é generoso e elegante. Cansou? Aguarde uma pausa, peça licença gentilmente, mude de círculo. j) Em eventos sociais, jamais pergunte o que uma pessoa faz, com o que ela trabalha ou em que mercado ela está. 52 Aliás, na França, há uma sábia regra cuja quebra pode excluir alguém para sempre de um círculo: jamais falar de trabalho em eventos sociais, incluindo bares e restaurantes. Se ao longo da conversa seu interlocutor soltar alguma informação acerca de com o que trabalha, ok, mas jamais pergunte ou transforme tal informação no foco da conversa. Em grande parte dos Estados Unidos, entretanto, é natural falar sobre trabalho em ocasiões puramente sociais. l) Eventos corporativos, como salas de coquetel em congressos, almoços ou jantares de negócios trazem regras bem distintas. Tais eventos acontecem exatamente para aprimorar ou gerar negócios. 53 Apenas neste tipo de evento, apresente pessoas informando sobrenome, profissão e até cargo, e assim também se apresente. Exemplo: Pedro, este é João Silva, advogado que atua na área de energia no estado de São Paulo. João, este é Pedro Maia, CEO de uma companhia de energia renovável na sua região de atuação. Em tais eventos, priorize a transparência e praticidade. Insira conversas amenas em meio aos temas corporativos com moderação, e sem perder o foco. Vá direto aos pontos, mas cuidado, excesso de ganância nunca é bem visto. m) Todo círculo tem um senhor sabe tudo, e ele costuma ser desagradável. 54 Cuidado para, no seu círculo, tal pessoa não ser você. O sabe tudo jamais tenta caminhos diferentes, jamais atingirá resultados diferentes, jamais terá segurança suficiente para admitir um erro e jamais será sábio o suficiente para mudar de opinião. Enfim, o sabe tudo não aprende nada, e aprender é um dos fatos mais belos sobre se relacionar. n) Se você é o anfitrião, muito cuidado ao discordar de um convidado. Não prolongue temas polêmicos nem coloque seu convidado em situação desconfortável, por mais que ele tenha feito uma colocação da qual você discorde veementemente. Lembra da regra inserida no conceito básico de etiqueta? É muito mais sobre fazer o outro se sentir bem que sobre você. 55 4.1 Apresentações De forma geral, para toda e qualquer ocasião, apresenta-se o mais novo ao mais velho, e o menos influente ao mais influente. Apresenta-se a pessoa que não precisa de tanta deferência à pessoa que precisa de mais deferência, tem títulos, é líder religioso ou superior hierárquico. EXEMPLOS: - Padre, este é o meu amigo Joāo. - Presidente, este é o nosso diretor, Antony Santos. - Vô, esta é a minha amiga Ana. - Embaixador, este é Leonardo Augusto, diplomata. 56 Em ambientes sociais (nāocorporativos) apresenta-se pessoas apenas por seus primeiros nomes. Eventos sociais têm como meta maior a diversão através de conversas amenas e temas leves. Esse tipo de interação flui melhor se João for apenas João, e Pedro for apenas Pedro. Apresentar ou se apresentar com sobrenomes nesse tipo de evento é arrogante. Se os sobrenomes e profissões surgirem, que surjam espontaneamente ao longo de conversas. Em ambientes corporativos, por se prestarem a fazer nascer ou aprimorar negócios, apresenta-se com sobrenome, profissão, cargo e até uma breve introdução sobre o individuo, facilitando o início de conversas. 57 EXEMPLO: José, esta é Maria Barros, CEO do grupo hoteleiro Alfa, que está lançando empreendimento próximo ao seu parque industrial. Maria, este é José Silva, industrial têxtil com fábricas na região do seu novo resort. Sobre a deferência ligada a gêneros na hora de apresentar, quem optar pelo cavalheirismo deve destacar a mulher como pessoa que merece mais deferência na apresentação. Lembro que ambientes corporativos são de gênero neutro sempre, não se aplicando a tais ambientes nenhuma das orientações de etiqueta ligadas a gênero. Para apresentação de pessoas LGBTQIAP+, atentar que o pronome 58 deve estar ligado a como a pessoa se posiciona e se apresenta para a sociedade. Diferindo de sexo ou de orientação sexual, gênero é como uma pessoa se apresenta para a sociedade. Observe se a pessoa se apresenta como feminina, masculina ou neutra. Na dúvida, pergunte, de forma direta e respeitosa, como ela prefere ser tratada. Atinemos que, para a imensa maioria dos casos, a expressão de gênero é muito nítida, orientando se artigos e pronomes serão masculinos ou femininos. EXEMPLOS: 59 O politico paulista Tammy Miranda é um homem trans sendo-lhe cabível o pronome ele. A modelo Roberta Close é uma mulher trans, cabendo-lhe o pronome ela. Um homem com orientação sexual homoafetiva (ou seja, que se relaciona com outros homens) mas que não realizou transição de gênero é masculino, devendo ser tratado como ele. Uma mulher com orientação sexual homoafetiva (ou seja, que se relaciona com outra mulher) mas não realizou transição de gênero é do gênero feminino, devendo ser tratada como ela. A orientação sexual de uma pessoa (com quem ela se relaciona) NÃO norteia seu pronome de tratamento e artigo. O gênero como esta pessoa se apresenta SIM. Não há dificuldade. 60 Para pessoas de gênero neutro (não se apresentam como femininas nem masculinas), não há problema em se perguntar, de forma assertiva e respeitosa, como prefere ser tratada. A linguagem neutra é facultativa. Há formas muito simples de se respeitar pessoas LGBTQIAP+ no tratamento, mesmo sem entender, adotar ou sequer concordar com a linguagem neutra. 61 C A P Í T U L O 5 Q U I N T O P A S S O À M E S A O universo da etiqueta à mesa é tão vasto, e composto por tantas orientações, que me vi em extrema dúvida sobre como apresentá-lo para vocês sem que ficasse cansativo ou mesmo confuso. Decidi seguir o modelo de capítulos anteriores, e listar as principais orientações. Antes, valem duas dicas muito preciosas: • Na dúvida, observe como os demais estão fazendo, e acompanhe; • Tudo que for feito com delicadeza, estará mais próximo do certo que do errado. Não sabe como degustar a comida X, faça-o da forma mais delicada e leve que conseguir. 63 5.1 Onde, Como e Quando Sentar-se a) É muito comum que um evento comece com todos em ambiente diverso da mesa de refeições. Seja numa sala de estar, terraço, varanda, ou mesmo em um canto da sala de refeições, com todos de pé, em momento descontraído de drinks e conversas. Não se dirija à mesa de refeições antes de ser orientado pelo anfitrião ou encarregado para tanto; b) Ao ser encaminhado para a mesa de refeições, sente-se apenas após o anfitrião sentar-se ou indicar que você se sente; c) Sente-se no lugar indicado pelo anfitrião por orientação verbal ou por placement card. 64 Não havendo orientação nem placement card, pergunte. Sendo livre, observe a dinâmica dos convidados e cuide para não interferir no conforto e bem estar de ninguém; d) A regra que mantinha anfitriões nas cabeceiras não é mais tão rígida. A etiqueta moderna orienta que anfitriões, seja em mesas sociais ou corporativas, sentem-se ao centro, podendo, assim, dar atenção próxima a um maior número de convidados; e) Entenda-se por anfitrião não só quem recebe em casa, mas também quem convida para almoço em restaurante; f) A etiqueta clássica, e confesso que gosto muito desta regra, manda que casais se sentem separados, 65 prestigiando a interação com outras pessoas. Também há o hábito clássico de se alternar homens e mulheres na colocação dos lugares, mas para esta segunda regra não vejo tanto sentido. Mas, por favor, nada daquele terrível hábito de separar completamente homens e mulheres em uma mesa ou evento. g) Em mesas de restaurantes ou afins, casais devem sentar-se de frente ou de quina. Se estiverem acompanhados de outros casais ou mesmo solteiros, devem misturar-se, conforme a orientação anterior. Quando um casal se senta lado a lado e não há ninguém do outro lado da mesa, minha sensação é de que estão em uma mesa de jurados. 66 h) Sente-se mantendo seu corpo a de quatro a cinco dedos da mesa. Não relaxe a postura ao tocar o encosto nas costas e mantenha cotovelos junto ao corpo; i) Se você abrir mão de usar o encosto da cadeira, sua postura ficará mais alinhada; j) Antes da refeição ser servida, não há problema tocar, com leveza (sem peso nos movimentos) os cotovelos sobre a mesa. Após a refeição ser servida, cotovelos fora da mesa, por favor. 67 5.2 A Mesa é Sagrada a) Nada de colocar sobre a mesa objetos que a ela não pertençam, como celulares, chaves e bolsas. Guarde todos estes objetos de forma apropriada antes de sentar-se; b) Bolsas podem ser colocadas entre as costas e o encosto, entre o braço da cadeira e seu corpo, sob o guardanapo, em cadeira apartada (acaso haja), pendurada em dispositivo próprio ou no seu joelho. Pendurar a bolsa na cadeira atrapalhará o garçom e o seu vizinho de mesa. Evite; c)Mesa é lugar de respeito e leveza. Converse assuntos amenos. Interaja. Evite falar sobre problemas e polêmicas. 68 Sorria, fale baixo, gesticule pouco, seja amável e se faça atento a todos; d) Você pode e deve continuar conversando mesmo com a refeição servida, mas nada de falar de boca cheia; e) Não desfaça a decoração da mesa, feita com amor para lhe receber. Nada de pedir para juntar mesas, afastar adornos, bagunçar, sujar ou tomar qualquer atitude que altere o ambiente previamente preparado. Retribua com respeito o carinho de quem preparou a mesa. 69 5.3 Guardanapos a) Há guardanapo de tecido na mesa? Assim que sentar-se, repouse-o sobre seu colo. Há anfitrião? Pegue o seu guardanapo para si apenas após o anfitrião fazê-lo. b) O gesto é: retire o guardanapo de tecido da mesa, delicadamente, sem eleva-lo muito. Abra-o sem chacoalhar, redobre-o ao meio, repouse-o sobre seu colo com a dobra virada para si e a abertura virada para os joelhos; c) Apenas a parte interna da dobra será usada, assim a sujeira estará sempre escondida da visão dos demais; 70 d) A regra de usar apenas a parte interna do guardanapo vale também para os de papel. Jamais deixe a sujeira do seu guardanapo à mostra; e) Guardanapos de papel não vão ao colo, pois a tendência é que caiam. Pegue um para si e mantenha-o à esquerda do seu prato, com ao menos uma dobra, usando apenas a parte interna. Evite usar vários. Não amasse, não bagunce a mesa com o uso de vários guardanapos; f) Não esfregue o guardanapo na boca. Use dando leves toques; g) Na colocação da mesa, o guardanapo, de papel ou tecido, vai à esquerda do garfo ou sobre o prato. Dobra clássica sem argola para eventos formais. 71 Argolas podem ser usadas em ocasiões não formais. h) Se precisar levantar-se da mesa no meio da refeição, deixe seu guardanapo de tecido sobre o assentoda sua cadeira. Isso indica ao garçom que você retornará. Como apenas a parte interna da dobra é usada, o lado de uso não tocará o assento; i) Finalizada a refeição, deixe o guardanapo de tecido sem dobra, apenas em forma de trouxa, lado usado para dentro para que não toque a mão do garçom, à esquerda do prato. Isso indicará o final da refeição; 72 j) O guardanapo de papel permanece à esquerda do prato ao final da refeição. Não o amasse nem leve para cima do prato; k) Resistam bravamente à tentação de colocar mais de um guardanapo à mesa com fim decorativo. Nunca entendi isso. Guardanapo é guardanapo, decoração é decoração. Mesas com dois guardanapos são esdrúxulas; l) Você pode pedir um guardanapo de papel ao encarregado para retirar seu excesso de batom ou por alguma outra circunstância extraordinária que proteja o guardanapo de tecido de ser manchado em exagero, mas o ideal é retirar o excesso de batom no lavabo, antes de vir para a mesa. 73 5.4 Talheres a) Na mesa posta, os talheres são usados na ordem de fora para dentro da colocação. Ou seja, ao sentar-se à mesa e perceber mais de um garfo e mais de uma faca colocados, saiba que os talheres mais juntos ao prato são os de refeição principal, e os mais distantes são os de entrada; b) Eventualmente, há mais de uma entrada, como uma sopa, uma salada, uma massa, etc. Isso quer dizer mais talheres. Não se assuste. A ordem de uso dos talheres será a ordem na qual os pratos forem servidos; c) Garfos estarão sempre à esquerda do prato. Facas e colheres à direita; 74 d) Talheres de sobremesa estarão sempre acima do prato. Geralmente, garfo e colher, pois, somente incluímos faca nos talheres de sobremesa quando forem ser servidas frutas ou sobremesas muito firmes que precisem de corte; e) Os talheres de sobremesa permanecem na parte superior do prato por toda a refeição. Apenas após a retirada dos pratos de refeição e colocação da sobremesa, são arrastados para as laterais, vindo a colher para a direita e o garfo para a esquerda do prato de sobremesa; f) Talheres de peixe são facultativos, e devem ser usados apenas para peixes não muito firmes, que não precisem de corte; 75 A colocação dos mesmos à mesa dependerá de em que momento o peixe for ser servido. Se como prato principal, estarão junto ao prato. Se como entrada, estarão mais afastados, se como prato intermediário, estarão entre os talheres de salada e os de carne. g) A faca de peixe não tem corte. Ela é usada tão somente para desfiar o peixe e separar as espinhas. Aliás, peixe não se corta, se desfia à medida que se vai degustando; h) Os talheres apostos no seu lugar jamais irão às travessas de uso comum, como pratos e entradas servidos à mesa, manteigueiras ou molheiras de uso comum, etc. 76 Para servir-se de toda e qualquer travessa de uso comum deve-se usar os talheres de uso comum. Não há? Peça; i) Pastas, manteigas e molhos devem ser trazidos ao seu prato com talheres de uso comum, e, só então, colocados na comida com seus talheres; j) São dois os modelos de uso dos talheres: à moda europeia e à moda americana. Ensinarei considerando uma pessoa destra, mas com a nota prévia de que canhotos podem e devem inverter tudo; k) No modelo europeu de uso, a faca fica na mão direita por toda a refeição, e o garfo na mão esquerda, com os dentes voltados para baixo e a parte convexa voltada para cima. 77 A comida é cortada com a faca, espetada ou sobreposta ao garfo e trazida à boca. O garfo não vira os dentes para cima. A posição de pausa é a de um V invertido sobre o prato, sem que os talheres toquem a mesa. A posição fim tem os dois talheres juntos em paralelas na marca 6h; l) No modelo americano, a faca permanece na mão direita enquanto estiver sendo usada, momento em que o garfo está na mão esquerda, com os dentes voltados para baixo. Após ser usada, a faca repousa no canto superior direito do prato, em diagonal, sem tocar a mesa, e o garfo se muda para a mão direita, com os dentes voltados para cima. 78 Este movimento de troca do garfo de mão e de usar e repousar a faca pode ser repetido várias vezes. As posições pausa e fim são as mesas do modelo europeu, havendo também a opção de pausar com a faca onde já estava repousando, e o garfo em paralelo abaixo dela; m) Jamais descanse os talheres apoiando uma de suas extremidades na mesa, seja qual for o modelo de uso; n) Jamais corte a comida toda de uma só vez, como criança; o) Jamais “varra” a comida no prato. A faca pode ajudar, delicadamente, a juntar os alimentos, mas não “varrer” a comida; 79 p) Não gesticule com talheres nas mãos. Se for gesticular, repouse os talheres na posição pausa; q) Manuseie os talheres com delicadeza, e mantendo seus cotovelos junto ao corpo. Nada de “abrir asas”. E cuide para que o toque de seus talheres no prato faça o mínimo possível de barulho; s) A cada novo prato servido, os talheres utilizados são retirados. Não uso e não falo sobre o uso dos famigerados descansos de talheres, vez que entendo que o lugar de talheres usados é no prato ou fora da mesa. Se o serviço é buffet e você irá se servir de mais um pouco, leve os talheres usados com você, juntos presos entre seu polegar e o prato; 80 5.5 Copos e Taças a) Os copos dispostos sobre a mesa correspondem às bebidas que forem ser servidas. Assim sendo, não faz muito sentido uma mesa com mais de três copos. Geralmente, dois são o suficiente. Um para água, outro para o vinho que se for servir; b) O copo de água será sempre o que está alinhado com a ponta da faca de refeição principal; c) Lateralizando com o copo de água em diagonal, em reta ou triangulando, sempre para a direita do prato, posicionamos as taças. Da esquerda para a direita de: vinho tinto, vinho branco, espumante. 81 Mas ressalto meu alerta de que só levamos à mesa o que for ser usado, e de que menos copos trarão um resultado mais elegante e discreto; d) Taças de vinho e espumantes são seguradas sempre pela haste, em qualquer altura desta. Dessa forma, o calor da mão não altera a temperatura da bebida; e) Sim, eventualmente vocês verão a rainha da Inglaterra segurando pelo corpo da taça, ou mesmo outros nobres. O gesto é distintivo da nobreza, e proposital para tal distinção. Esta informação é uma mera curiosidade, visto que, tanto pela lógica de não se esquentar a bebida quanto para evitar uma taça cheia de digitais, segurar pela haste faz muito mais sentido. 82 f) Quando a taça se prestar para o consumo de água, suco ou outros drinks, ela pode e deve ser segurada pelo corpo, vez que estará bem mais cheia que uma taça de vinho ou espumante, pesando, tornando inviável que se segure pela haste; g) Para não marcar toda a borda do copo ou taça com seus lábios, escolha um único lugar do utensílio para beber, e leve à boca sempre naquele mesmo lugar; h) Taças de água, suco, refrigerantes e espumantes são abastecidas até 2/3, taças de vinho branco e rosé até ½ e taças de vinho tinto até 1/3; i) Brindes. Em ocasiões corporativas ou formais, nada de bater as taças. Basta erguer e olhar nos olhos. 83 Em ocasiões sociais e não tão formais, bater as taças não será um problema. Observe e perceba o que o ambiente pede; j) Ao beber qualquer líquido, nada de olhar por cima do copo ou taça (ou mesmo xícara) enquanto o utensílio está na boca, com olhos levantados de jacaré. O olhar, a cada gole, baixa- se para o copo ou mesa. Detalhes que fazem a diferença. 84 5.6 Pratos a) São colocados sempre virados para cima, e a um polegar do final da mesa; b) Sousplats (sob pratos) são opcionais, e servem para proteger a toalha ou lugar americano; c) A colocação mais usual traz prato de refeição e, por cima deste, pratinho de entrada; d) Se houver prato de pão, estará no canto superior esquerdo da colocação, e o pão deve ser degustado de lá por toda a refeição; e) O prato de sobremesa vem para a mesa quando os demais são retirados; 85 f) Pratos de entrada e de sobremesa jamais irão diretamente sobre o sousplat. Nocaso do de entrada, entre ele e o sousplat haverá o de refeição, ou dispense o sousplat. No caso do de sobremesa, o sousplat sai da mesa antes de sua chegada. Como em café da manhã usamos pratos nesse tamanho menor, nada de sousplat nessa refeição; g) Pratos fundos, seja de sopa, risoto ou massa, devem estar sempre sobre um prato de refeição. A exceçäo são aqueles pratos fundos gigantes que jamais entenderei, e que descobri terem o nome de prato chapéu. Como são muito grandes, ficariam maiores que o prato de baixo. 86 5.7 Sobremesa a) Regra geral, na etiqueta formal, degusta-se a sobremesa com garfo, ou com garfo e colher; b) Se com garfo e colher, o garfo fica na mão esquerda, sustentando a sobremesa, e a colher na direita, a partindo e levando à boca; c) Se com garfo sozinho, este fica na mão direita, parte e leva a sobremesa à boca; d) Canhotos podem e devem inverter; e) Facas somente são usadas para degustar sobremesa quando houver frutas que precisem de corte ou alguma sobremesa particularmente firme; 87 f) Sobremesas servidas em taças são degustadas com colher, sempre, e, em pausas, a colher repousa sobre o pratinho que sempre deve haver sob uma taça de sobremesa; g) Pequenos bombons de chocolate e mini tortas podem ser degustados pinçando com os dedos e levando à boca; h) Mini sobremesas servidas em um rack de chá (torre de pratos) são pegas pinçando com os dedos, colocadas sobre o prato e degustadas com os talheres de sobremesa. 88 5.8 Café e Chá a) O que nos habituamos a chamar de xícara de chá é, na verdade, uma xícara de café. E o que nos habituamos a chamar de xícara de café (a xícara menor) é uma demitasse, do francês, meia xicara de café, por seu tamanho menor; b) Há sim uma diferença física entre as xícaras de café e chá. Ambas são proporcionais em tamanho, mas a de café é um cilindro reto, e a de chá fica mais estreita no fundo. Na prática, as xícaras se confundem sem problemas, desde que jamais usemos uma demitasse para servir chá; c) Não coloque as xícaras de ponta cabeça à mesa. Seu posicionamento se dá com abertura para cima, alça para a direita, colher abaixo da alça; 89 d) Abasteça as xícaras em até 2/3, seja com café ou chá; e) Use a colherinha para mexer, mas nunca em movimentos circulares, para não gerar redemoinhos. Mexa em 6h / 12h, sem tocar a colher na louça, preferencialmente. Detalhes; f) Após usada, a colherinha repousa sobre o pires, por trás da xícara, e não na sua posição inicial; g) Não leve a colherinha à boca, a não ser que seu café tenha creme e esse precise ser degustado antes do líquido ser bebido; h) Não bata a colherinha na xícara para tirar o excesso de líquido. Sustente e deixe escorrer sem bater; 90 i) Em mesas de refeição, leve a xícara à boca mantendo o pires na mesa; j) Em mesas baixas, como mesas de sala de estar, mesas de centro ou de cafeteria, traga para si pires e xícara, e deguste. Pires na mão esquerda, xícara na direita. Canhotos invertem; k)Se for mover a xícara para longe de si para que alguém a abasteça, o faça levando junto o pires; l) Vai tomar o café ou chá de pé? Segure xícara e pires; m) Curiosidade: a falecida Rainha Elizabeth sempre servia seus convidados de chá com suas próprias mãos, todos em mesa única e pequena. 91 Assim sendo, ao tentar reproduzir um chá inglês, tenha poucos convidados, mantenha-os em sua mesa de modo a conseguir servir a todos da bebida; n) Jamais sopre o café ou chá. Aliás, jamais sopre comida ou bebida alguma. É muito deselegante! Deixe que o calor se dissipe naturalmente. Seja paciente. o) Segure xícaras pinçando a alça com indicador e polegar e apoiando no dedo médio. Mindinho sempre abaixado. A segunda opção é pendurar a alça entre indicador e dedo médio. Mindinho também abaixado; p) Beba sem fazer barulho. 92 5.9 Comidas Específicas a) Pão: degustamos com as mãos, e sem partir com facas. Rasgue ou desfie e leve pedaço a pedaço ate a boca. Se for amanteigar, passe a manteiga a cada pedacinho que for degustando, e não no pão todo de uma vez só. A história conta que não se usa faca para partir o pão em razão do mesmo representar o Corpo de Cristo. Muitas orientações de etiqueta nascem com raízes religiosas. b) Massas: regra geral, são degustadas apenas com o garfo. Por serem macias, não precisam do corte de uma faca. A exceção são lasanhas muito altas e densas. 93 A faca estará sim à mesa para a colocação estar completa, mas, preferencialmente, não será usada. Espaguetes são degustados apenas com o garfo, sem o auxilio da colher. Prenda dois a quatro fios entre os dentes, gire, leve à boca; c) Peixes: Como falamos no campo talheres, a faca de peixe não tem corte, porque peixe não se corta, se desfia pouco a pouco, à medida que se degusta; Ossinhos e espinhas devem ser separados no canto superior direito do prato. Este canto do prato é específico para descartes, quando necessário. 94 Uma espinha veio para sua boca? Retire, discreta e delicadamente, pinçando com a pontinha dos dedos. Nada de fazer aquele gesto onde se parece estar “cuspindo” sobre o garfo. Aja sem alardes, com delicadeza e rapidez; d) Comidas com ossos: podem ser degustadas com as mãos em ambientes informais, sem guardanapo na hora de levar à boca. Se o ambiente for formal, procure soltar a carne do osso com os talheres, desprezar os ossos no canto superior esquerdo do prato e degustar a carne. Observe e sinta se o ambiente é formal ou informal. Na dúvida, observe e siga os anfitriões. 95 e) Comidas com caroço ou espinhas: retire caroços e espinhas da boca com uma pinça formada do seu indicador e polegar, em movimento delicado e sem alarde. A regra que mandava retirar da boca com talher não me agrada, dado o gestual onde se parece “cuspir” no talher. f) Sopa: a colher não pega a sopa do canto inferior do prato, mas do canto superior, assim, evita-se respingos em si. Ao subir da sopa ou creme para o prato, a colher arrasta levemente em sua borda, deixando ali qualquer excesso que possa pingar. Traga a colher à boca pela lateral (da colher) e não pela frente; 96 g) Canapés e salgadinhos: devem ter tamanho pequeno, para serem degustados de uma só vez, sem mordidas. Devem ser pegos da bandeja com um movimento de pinça entre polegar e o indicador, sem guardanapo, e sem tocar nada que não seja a unidade da qual você se servirá. Limpe as pontas dos dedos em guardanapo de papel após degustar. h) Sushi: à exceção do sashimi, todas as peças podem ser degustadas com as mãos, acaso você não queira usar hashis. Leve o wasabi ao peixe, com a ponta do hashi, e não ao shoyu. Molhe apenas uma pequena parte da peça a ser degustada no shoyu. 97 Leve à boca de uma só vez, evitando mordidas. Não apoie os hashis na molheira, mas nos descansos, caso não haja descanso, improvise um fazendo uma dobradura com o papel que envolvia o hashi inicialmente, até que esteja mais ou menos do tamanho de um polegar. Este ato é muito comum no Japão. Não gesticule com hashis, não pegue da comida do outro nem espete as peças. Use-os com delicadeza. i) Hambúrguer em ambientes mais finos: deguste com as mãos, mas não traga o sanduíche inteiro à boca. Parta antes em duas ou quatro partes. Pegue sem guardanapo. 98 A regra vale para qualquer sanduíche, menos os com molho por fora, que precisam ser degustados com garfo e faca. j) Pizza: Deguste com garfo e faca ou com as mãos. As duas formas estarão corretas. Convém observar o ambiente ou os anfitriões. k) Bruschettas: Na mesma regra do pão, deguste com as mãos, sem guardanapo. Se necessário, parta ao meio ou em quatro. Se houver excesso de cobertura, deguste com garfo e faca; l) Ostras: solte da concha com o garfo, leve a concha à boca, incline levemente e deguste. Conchas vazias são emborcadas em prato de descarte. 99 BONUS TRACK VIAJANDO É fato inconteste que viagens não começam quando se chega ao destino, mas bem antes. E parte essencial de qualquer viagem é pesquisar sobre costumes e culturado local, antes mesmo de se decidir ir até lá, visto que não há sentido em visitar um país ou região cuja cultura e costumes nos desagradem por demais. Pesquisas feitas? A regra é: quem visita se adapta às regras do lugar visitado, e não o oposto. Costumes, vestimenta, religião, horários, tudo deve ser observado e respeitado. Estamos entrando na casa do outro. Queremos ser bem recebidos, mas precisamos entrar com respeito 101 BAGAGEM: Hotéis e apartamentos de locação europeus dificilmente terão elevadores que comportem malas imensas, ou mesmo quarto em tamanho hábil a acomodá-las, ou mesmo encarregados de carregar uma bagagem imensa. Cabe virar essa chave ao sairmos do Brasil. Ao não abrir mão de bagagens gigantes na Europa, opte: por ficar em um 5 estrelas com todo espaço e luxos a preços altos; ou num hotel de redes americanas, em estilo americano, onde você abrirá mão do charme de se hospedar em prédios com arquitetura local, e muitas vezes de localizações charmosas, para poder lidar com sua imensa bagagem. Vale à pena? A opção 5 estrelas até vale, mas é tão cara.... Jesus! :) 102 Trens e voos europeus? Atenção às regras locais de um continente com nativos que viajam com muito pouco! Você até conseguirá levar as malas no trem, mas sofrerá um bocado para entrar, acomodar, sair, transitar pela estação. E companhias aéreas europeias, não raro, desautorizam segunda mala de embarque, não abrindo nem franquia de compra dessa coisa esdrúxula. Danuza Leão, em 2008, escreveu o Fazendo as Malas. Livro delicioso, bem Danuza. Nele, ela contava achar um erro viajar com pouca bagagem. Defendia se levar sim uma quantidade imensa de roupas. Dez anos depois, mais sábia, declarou arrependimento daquele trecho do livro. 103 Disse que bom e chic é viajar com pouco. Sim, pessoal. Os tempos mudaram. Mudaram até mesmo para uma diva. BARULHO: Brasileiros costumam assustar estrangeiros por seu tom de voz. O que é razoável para nós costuma ser excessivo para eles em termos de volume em ambientes públicos como restaurantes, lojas e até praias. Por falar em praia, já fui repreendida em uma, e a minha sensação foi horrível! O horário de almoço havia passado, o beach club francês acalmado, e eu seguia papiando em volume "normal" a padrões brasileiros com uma amiga. Normal a padrões brasileiros, mas eu estava na França! 104 Não percebi que, nas espreguiçadeiras ao meu redor, muitos europeus estavam dormindo. Sim! Dormir na praia é um hábito europeu muito comum, e, se a tagarela for minoria no ambiente, resta aceitar. Levei uma bronca, e creio que mereci. Praias, restaurantes, metrôs, trens, cafeterias... Se você não estiver em Roma, não faça como os romanos. Traduzindo, se você não estiver em Roma, cidade de um povo naturalmente barulhento, não faça tanto barulho. GARÇONS FRANCESES: Usarei o estereótipo do garçom francês para refletirmos sobre a nobreza das profissões. 105 Há uma lacuna cultural entre países como a França, onde toda e qualquer māo de obra é extremamente respeitada, e um país como o Brasil ou mesmo a Inglaterra, onde costuma-se tratar com menos deferência certos tipos de trabalho, como o do garçom, por exemplo. Explico. Brasileiros e ingleses gostam se ser servidos. Colocam-se um ou mais degraus acima como clientes, e impoēm certa subserviência ao colaborador que os atende, mesmo sem perceber. Franceses, em particular, consideram toda e qualquer profissão extremamente nobre, e não abraçam a postura subserviente. Prestam um bom serviço sem precisar de subserviência. Olham para o cliente de igual para igual, como eu, particularmente, acredito que deva ser. Atrelo o traço de não ver "servos", mas profissionais nobres, em toda profissão como um traço de extrema evolução ética. Voltamos a ela! :) 106 Façamos o exercício de, ao ter a sensação de que o serviço não está bom, analisarmos se estamos sentindo falta de técnica e presteza, ou se estamos viciados em posturas. subservientes. Eventualmente, o problema será sim um serviço ruim, mas retirar do nosso inconsciente aquele vício feio de esperar posturas subservientes nos fará melhores. GORJETAS: Merece pesquisa prévia sempre. Nos Estados Unidos, a gorjeta é fundamental, e uma fonte de renda importante para os trabalhadores. O percentual dependerá da qualidade do serviço. Em restaurantes, gira em torno de 15% a 20%. Em bares, U$ 1 por drink. 107 Em táxis (sim!), de 10% a 15% da corrida, em hotéis, pelo menos US$ 1 por mala carregada e US$ 2 por dia de limpeza do quarto. Deixe sobre a cômoda a cada manhã quando sair. No Canadá, nos restaurantes, entre 10% e 25%, proporcional à qualidade do serviço. Táxis, de 10% a 20% e, em hotéis, de US$ 2 a US$ 5 por mala carregada ao carregador, e por arrumação do quarto à camareira. Deixe sobre a mesa do quarto ao sair a cada dia. A gorjeta na Argentina pode gerar certa confusão. Restaurantes mais turísticos fazem questão de avisar aos seus clientes que “Propina no incluída”. Isso quer dizer “Serviço não incluído”. A palavra propina significa gorjeta, e é de 10%, só que se paga em efectivo, conhecido por nós, brasileiros, como dinheiro. 108 Na Europa, regra geral, a gorjeta não é obrigatória e muitos países dispensam. Em destinos em que ela é usual, o normal costuma ser entre 5% e 15% do valor da conta de restaurantes. Em táxis será raro, e para os carregadores 1 euro por mala carregada. Alemães deixam 10% ou arredondam a conta para mais. Espanhóis costumam arredondar para mais também. Um cafezinho de 2,40 pode ser arredondado para 2,50, e estará tudo bem. Na França é comum que o serviço já esteja incluído na conta. A expressão “Service compris”, quer dizer que o serviço já está incluído. Em locais menos turísticos, é possível que os atendentes não aceitem caso você queira deixar um valor além. 109 IDIOMA: Cumprimentos como bom dia, tarde, e noite, e palavras chave como por favor, com licença, obrigada e me desculpe devem ser aprendidas e faladas no idioma local. É gentil e lhe abrirá portas. Não espere de imediato que todo estrangeiro fale inglês. Sobremaneira na França, cabe treinar um: Pouvons- nous parler en anglais, s'il vous plait? Ou resumido: Pardon! Anglais, s'il vous plait? ETIQUETA PELO MUNDO: Aprender certos costumes antes de chegar faz parte do dever de casa prévio à ida. Vamos a alguns dados curiosos: 110 Na Itália, o capuccino é bebido somente até as onze da manhã. E não devemos pedir condimentos para a pizza, nem queijo extra para a massa que já vem com queijo, e nem pensar em queijo ralado para massas com frutos do mar. Sim, romanos são meio brutos. É cultural e não pessoal contra você. Na França, o pãozinho que chega à mesa antes do prato principal não é um aperitivo, como costumamos pedir no Brasil, e sim parte da refeição, devendo ser degustado junto com o restante da comida quando ela chegar. Tenha calma. :) Na Índia, utilize a mão direita para comer. A mão esquerda é utilizada para necessidades fisiológicas. 111 Vai comer sem talheres? Nada de dedos dentro da boca. Empurre a comida usando o polegar. Estranho, sim? É importante fazer barulho ao comer no Japão, principalmente se a refeição for lámen ou sopa. Por lá, o barulho ao comer demostra que você gostou da comida. Não descanse hashis sobre a mesa, mas sobre o descanso, nem posicione-os paralelamente, pois isto significa má sorte. Chineses deixam um pouco de comida no prato quando acabam. O costume demostra que o cozinheiro preparou a quantidade suficiente para todos os convidados. Eu, entretanto, detesto o desperdício de alimento. Na Tailândia, o garfo serve apenas para empurrar a sua porção de comida até a colher. Não se leva o garfo à boca. 112 Pedir sal e pimenta para um garçom em Portugal pode ser considerado rude, por significar que você não confia nas habilidades do chef. Aliás, jamais, em qualquer país, salgue ou tempere antes de experimentar a comida. A Rússia respeita a vodca, sua bebida nacional. Eles consideram um absurdo misturá-la a qualquer outrabebida. Mexicanos costumam comer muitos de seus pratos com as mãos. Não se assuste. Utilizar talheres quando não precisa pode até ser considerado um ato de presunção. 113 Obrigada! Fico muito feliz em saber que você esteve comigo até aqui! Por uma vida mais ética, educada e gentil, estejamos atentos. Com amor, Milena Dezembro de 2022.
Compartilhar