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Daniela Santos Rocha Introdução e Definições Aparecimento agudo de sintomas e sinais de infecção do trato respiratório inferior, sem outra causa óbvia, e que esteja associada a infiltrado pulmonar novo no exame de imagem em pessoas que não estão ou não foram hospitalizadas recentemente. • Uma das principais causas de morte no mundo, sendo uma das principais responsáveis pelo desenvolvimento da antibioticoterapia e da microbiologia atual. • A pneumonia continua sendo a doença infecciosa que mais mata no mundo, tanto na fase aguda quanto a longo prazo. 1. As mortes, na fase tardia, ocorrem às custas de aumento de eventos cardiovasculares. • A mortalidade varia entre 4 e 18%, sendo associada a idade, comorbidades e apresentação clínica. Estima-se que, no Brasil, cerca de 10 a 13% das internações hospitalares sejam por pneumonia. Fatores de Risco Não Modificáveis Hábitos de Vida Comorbidade Idade Alcoolismo >40g/dia DPOC Sexo masculino Tabagismo atual e prévio Asma Insuficiência Cardíaca DM Demência AVC prévio Outras condições: Morar em casa com mais de 10 pessoas, contato frequente com crianças e índice de massa corporal (IMC) abaixo de 20. O uso de IBP tem sido estudado recentemente como fator de risco para pneumonia, porém os resultados são inconsistentes. FATOR PROTETOR: visitas frequentes ao dentista, ter sobrepeso e consumir álcool em quantidades leves a moderadas (< 40 g/álcool/dia). Etiologia e Fisiopatologia Em indivíduos saudáveis, existe colonização da orofaringe e nasofaringe por diversos microrganismos. Microaspiração de pequenas quantidades de secreção contaminada pode levar a infecção das vias aéreas inferiores. Como fatores protetores temos os reflexos glóticos, a presença de proteínas do complemento e imunoglobulinas, secreção de peptídeos com ação antimicrobiana e inibição de adesão bacteriana ao trato respiratório. • A flora endógena da nasofaringe compete com os patógenos por nutrientes, exercendo efeitos protetores. • O uso de antibioticoterapia de amplo espectro pode modificar a flora e predispor a infecções. As interações entre a virulência do patógeno, a quantidade de inóculo e a resposta inata e adaptativa do sistema imune vão determinar o desenvolvimento da pneumonia. Agentes • ERA PRÉ-ANTIBIÓTICA/ATUALMENTE: o Streptococcus pneumoniae era a causa de 95% das pneumonias identificadas. Ainda é uma das principais bactérias causadoras, a frequência com a qual ela é encontrada vem diminuindo grande parte devido às campanhas vacinais, mas também pela redução do tabagismo. • OUROS AGENTES: Haemophilus influenzae, Moraxella catarrhalis, Pseudomonas aeruginosa e outros bacilos Gram-negativos. • BRONQUIECTASIAS, USUÁRIOS DE CORTICOSTEROIDES E DPOC AVANÇADOS: Pseudomonas aeruginosa (-) e outros bacilos Gram-negativos. • VIRAIS: vírus sincicial respiratório, parainfluenza vírus, metapneumovirus humano, adenovírus, coronavírus e rinovírus. • Em surtos de influenza, o vírus da gripe em circulação pode tornar-se a principal causa de PAC com hospitalização. • Na pandemia de COVID-19 a grande maioria dos quadros pneumônicos é causada por este agente. As pneumonias por influenza e outros vírus frequentemente têm infecções bacterianas associadas. Pneumonia Adquirida na Comunidade Daniela Santos Rocha Quadro Clínico e Diagnóstico Classicamente pneumonia pneumococica : quadro agudo com febre, dor torácica, expectoração sanguinolenta e sinais de sepse,. Apesar disso, mais frequentemente o diagnóstico é realizado em pacientes com tosse e sintomas respiratórios persistentes. Tosse ocorre em mais de 80% dos pacientes, expectoração amarelada em 50% dos casos e sensação de dispneia subjetiva ocorre em 50 a 70% dos casos. Achados diagnósticos são associados com aumento da probabilidade do diagnóstico de pneumonia: 1. Febre persistente. 2. Frequência respiratória > 25. 3. Presença de estertores na ausculta respiratória. 4. Frequência cardíaca > 100 bpm. 5. Diminuição dos sons respiratórios. 6. Mialgia. 7. Sudorese noturna. EXAME FÍSICO compatível com consolidação pulmonar 1. Crepitações 2. Diminuição de murmúrio vesicular 3. Sopro tubário (raro) 4. Presença de leucocitose no hemograma 5. Confusão mental e dor torácica pleurítica também podem estar presentes. Associado a infiltrado pulmonar novo no exame de imagem confirma o diagnóstico em pacientes com quadro clínico compatível. 1. Infiltrado pulmonar novo pode ser difícil de ser identificado em pacientes com doenças pulmonares prévias ou pacientes obesos, e quando está presente é possível que seja de causa não infecciosa (p. ex., congestão pulmonar). Em pacientes sem comorbidades cardiopulmonares e jovens, o quadro clínico pode ser de fácil identificação, mas na população idosa a doença pode se apresentar como declínio cognitivo, fraqueza, perda de funcionalidade ou alteração do nível de consciência, o que pode reduzir a suspeição e acabar atrasando o diagnóstico e o tratamento. Em pacientes com concomitância de coriza, dor de garganta, febre alta e infiltrado bilateral leva a se pensar na possibilidade de associação com quadro viral, principalmente influenza A p-H1N1. No momento de pandemia no final do ano de 2020, a grande maioria dos quadros pneumônicos são causados pela infecção por COVID-19. Neste momento de pandemia em pacientes com infiltrado bilateral sem consolidação e sinais de sepse, o diagnóstico presumido de COVID-19 pode ser realizado. Exames Complementares e Avaliação de Gravidade A RADIOGRAFIA DE TÓRAX é indicada em todos os pacientes, pois além de ajudar no diagnóstico o exame serve para verificar a presença de complicações como derrame pleural e doença multilobar • A especificidade é superior a 90%, mas a sensibilidade não é tão alta. • O infiltrado na radiografia de tórax pode ser sutil e de difícil identificação. A TC DE TÓRAX tem sensibilidade superior a 95%. Uma alternativa é a realização DE ULTRASSONOGRAFIA, que apresenta alta sensibilidade, sendo uma excelente alternativa diagnóstica. Virus respiratorios Bacterias típicas Bacterias atípicas Rotavirus Pneumococo Mycoplasma pneumoniae influenza Hemophilus influenzae Chlamydia pneumoniae Metapneumovirus Chlamydia pneumoniae Daniela Santos Rocha A verificação de saturação de oxigênio é indicada em todos os pacientes, e se desconforto respiratório estiver presente, gasometria arterial deve ser colhida. Em pacientes em que se contempla a internação hospitalar exames laboratoriais são indicados e incluem 1. Hemograma 2. Ureia e creatinina 3. Sódio e potássio 4. Glicemia Pesquisa da etiologia da pneumonia pode ser feita: 1. GRAM E CULTURA DO ESCARRO (Informações imediatas sobre possíveis organismos causadores, se for boa qualidade (> 10 células inflamatórias por célula epitelial) é obtida dentro de 6 a 12 horas. Podemos induzir escarro com nebulização com solução salina hipertônica. Indicações antes da ATB: 1.1 Pneumonia considerada grave principalmente se paciente intubado. 1.2 Caso considerado tratamento empírico para agentes meticilino- resistentes (MRSA) ou P. aeruginosa 1.3 Infecção prévia por agentes MRSA ou P. aeruginosa. 1.4 Hospitalização ou uso de antibióticos nos últimos 90 dias. 2. HEMOCULTURAS: São positivas em cerca de 9% dos pacientes com pneumonia internados. Em casos de pneumonia pneumocócica são positivas em 10 a 25% dos pacientes, mas são positivas em menor número de casos de pneumonia causadas por H. influenzae ou P. aeruginosa e apenas raramente em casos provocados pela Moraxella catarrhalis. 2.1 Pneumonia considerada grave. 2.2 Caso considerado tratamento empírico para agentes meticilino- resistentes(MRSA) ou P. aeruginosa. 2.3 Infecção prévia por agentes MRSA ou P. aeruginosa. 2.4 Hospitalização ou uso de antibióticos nos últimos 90 dias. 3. ENSAIOS PARA A LEGIONELLA E PESQUISA DE ANTÍGENOS URINÁRIOS: Considerando a baixa prevalência do agente e o pouco impacto que sua detecção tem do ponto de vista clínico, a pesquisa não é recomendada de rotina em pacientes internados por PAC. Indicações: 3.1 Pacientes com dados epidemiológicos bastante sugestivos de infecção por Legionella como viagens recentes ou exposição a água contaminada, ainda assim evidência de baixa qualidade (Legionella). 3.2 Pacientes com pneumonia grave, também evidência de baixa qualidade (ambos antígenos). 4. ENSAIOS DE PCR para Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia pneumoniae e vírus respiratórios podem ser úteis: é uma técnica extremamente sensível e específica para a identificação de patógenos respiratórios, especialmente vírus, com base na PCR, um vírus respiratório pode ser identificado em 20 a 40% dos adultos hospitalizados por PAC. No entanto, a interpretação de um teste positivo pode ser difícil, uma vez que vírus podem ser causa primária de pneumonia ou predispor a pneumonia bacteriana. Assim, os resultados positivos na PCR não excluem a possibilidade de que a pneumonia bacteriana está presente. Daniela Santos Rocha 5. DOSAGEM DE PROCALCITONINA pode ser utilizada para decidir introduzir ou descontinuar antibióticos. 5.1 Uma dosagem sérica < 0,1 ng/L foi associada em estudos à infecção viral 5.2 Valores > 0,25 ng/L apresentam forte correlação com pneumonia bacteriana. A presença de fatores modificadores da doença hepatopatia, DPOC, entre outros, também é indicação da realização de exames complementares. MANEJO INICIAL É AMBULATORIAL não é recomendada a realização de pesquisa de etiologia da pneumonia. Estratificação de Risco Ferramentas usadas para avaliação de gravidade. Tais ferramentas predizem a probabilidade de o paciente evoluir para óbito nos próximos 30 dias. Ajuda na tomada de decisão com relação a onde aquele paciente vai ser tratado (internação vs. ambulatorial), como também de certa forma orienta a antibioticoterapia PSI A decisão entre os diferentes escores é principalmente do médico assistente do paciente. Um estudo prospectivo norte-americano com 3.181 pacientes comparou o PSI com o CURB-65 e CURB, evidenciando maior poder discriminatório em termos de mortalidade em 30 dias do primeiro, com acurácia discretamente melhor. A decisão de internar o paciente deve levar em consideração, além desses escores, o julgamento clínico do médico. Daniela Santos Rocha REA-ICU: estratifica os pacientes em quatro grupos, com risco de admissão em UTI. Diagnósticos Diferenciais Em pacientes com infiltrados que sugerem pneumonia é sempre importante considerar outros diagnósticos alternativos e eventualmente em pacientes com diagnóstico inicial de pneumonia acabam persistindo por semanas após o fim do tratamento antibiótico com a imagem e nesse caso outros diagnósticos devem ser considerados. Necessidade de repetir a radiografia de tórax para avaliar a resolução da pneumonia: • Entre 1,3 e 4% dos pacientes recuperando-se de PAC apresentam diagnóstico de neoplasia pulmonar maligna, mas esses pacientes apresentam persistência dos sintomas após a antibioticoterapia. • Não realizar radiografia de rotina de seguimento para pacientes que apresentam melhora após 5 a 7 dias de antibioticoterapia, • Consider realizar o exame apenas em pacientes com a persistência dos sintomas. Tratamento O manejo da pneumonia se baseia no diagnóstico correto, pesquisa microbiológica eficaz, avaliação de gravidade, decisão do local de internação, antibioticoterapia empírica e outras medidas adjuvantes, monitorização da resposta terapêutica e critérios para alta segura. Variáveis a serem levadas em consideração na tomada de decisão: • IDADE DO PACIENTE: < 50 anos, deve-se interrogar por doenças prévias, tais como insuficiência cardíaca, hepática ou renal, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), sequela de doenças neurológicas ou histórica de neoplasia recente ou em tratamento. 1. Nenhuma das comorbidades, deve-se procurar sinais de alarme: confusão mental, hipotensão, temperatura muito alta ou muito baixa, taquicardia, taquipneia, hipoxemia na oximetria de pulso ou infiltrado difuso na radiografia de tórax. 2. Não presenta sinais de risco: BAIXO RISCO→ ambulatorial, desde que o paciente tenha plenas condições socioeconômicas de seguir o tratamento e acesso fácil ao sistema. Monoterapia com AMOXICILINA ou MACROLÍDEO (azitromicina ou claritromicina), por 5 a 7 dias. Amoxacilina 1.000 mg 8/8 horas. Doxiciclina 100 mg 12/12 horas (opção não preferencial). Azitromicina 500 mg no primeiro dia e depois 250 mg 1 vez ao dia. Daniela Santos Rocha Claritromicina liberação prolongada 1.000 mg uma vez ao dia ou 500 mg 12/12 horas. Não há necessidade de pesquisa microbiológica de rotina, como também deve-se orientar quanto ao retorno ao serviço de saúde, caso piora dos sintomas ou se não houver melhora. O uso de amoxacilina é associado com maior número de pacientes com falha terapêutica em alguns estudos. Quinolona: resistência bacteriana e em razão da alta prevalência de infecção por M. tuberculosis, em que o uso de quinolona respiratória pode negativar a pesquisa do bacilo >50 anos/Comorbidades/Sinais de alarme: Exames complementares a fim de calcular a gravidade do paciente, como o escore PSI e as ferramentas de avaliação de necessidade de internação em terapia intensiva. 1. Exames laboratoriais: classificado como PORT II→ conduzido como baixo risco. 2. PORT III, IV ou V: Considerar internação hospitalar mesmo que seja por um curto período (24 a 48 h). SUBGRUPO DE PACIENTES AMBULATORIAIS que apresentam fatores modificadores que aumentam probabilidade de resistência bacteriana necessitariam de terapia combinada antibiótica ou monoterapia com quinolonas. Os fatores modificadores são os seguintes: 1. Doença pulmonar crônica. 2. Insuficiência cardíaca. 3. Doença hepática crônica. 4. Doença renal. 5. Etilismo. 6. Neoplasia maligna. 7. Asplenia. Terapia combinada: Amoxacilina/clavulonato 500 mg 8/8 horas ou 875 mg 12/12 horas ou Cefalosporina de segunda geração como cefuroxima 500 mg 12/12 horas + Macrolídeos como azitromicina 500 mg no primeiro dia e depois 250 mg dia ou claritromicina 1.000 mg dia. Monoterapia: Quinolona respiratória como levofloxacina 750 mg ao dia, moxifloxacina 400 mg ao dia ou gemifloxacina 320 mg ao dia. (germes típicos quanto atípicos.) • PACIENTE INTERNADOS: o intervalo recomendado para o início da antibioticoterapia é de 4 horas, porém se o paciente apresenta instabilidade hemodinâmica ou franca insuficiência respiratória deve ser priorizada a antibioticoterapia precoce. 1. PNEUMONIA NÃO CONSIDERADA GRAVE: Terapia dupla ou monoterapia. No caso de terapia combinada, temos: Betalactâmico ceftriaxone 1-2 g ao dia EV, cefotaxime 2 g a cada 8 horas EV ou ampicilina/sulabactam 1,5 a 3 g EV a cada 6 horas COMBINADO COM Macrolídeo como azitromicina 500 mg no primeiro dia e depois 250 mg dia ou claritromicina 1.000 mg dia. Os macrolídeos nesse caso podem ser utilizados por via oral ou EV, idealmente via oral. No caso de monoterapia: Quinolona respiratória como levofloxacina 750 mg ao dia, moxifloxacina 400 mg ao dia ou gemifloxacina 320 mg ao dia. As quinolonas nesse caso podem ser utilizadas por via oral ou EV, idealmente via oral Uma terceira opção que as diretrizes citam é a combinação de betalactâmico com doxiciclina, que em nosso meio não é apropriada devido à alta resistência a esse agente. • PACIENTESGRAVES: sem fatores de risco para infecção por P. aeruginosa ou agentes MRSA, é recomendada: mesma paciente internado, muda a dose um pouco. Daniela Santos Rocha Pneumonias Associadas aos Cuidados de Saúde Existem algumas populações que merecem tratamento diferenciado no contexto da pneumonia, grande parte devido a comorbidades e exposições de risco prévias. A recomendação atualmente é de não fazer cobertura empírica antipseudomonas ou contra agentes MRSA de rotina, exceto em pacientes com pneumonia grave e com fatores de risco idealmente validados localmente para pacientes com risco de infecção por esse germe. Riscos para infecção por Pseudomonas aeruginosa tradicionais incluem: 1. Uso de antibióticos endovenosos no último mês. 2. Internação por mais de 48 h na última semana. 3. Doença estrutural pulmonar (p. ex., bronquiectasia). 4. Neutropenia grave. Betalactâmico que tenha ação antipseudomonas como: Piperacilina/Tazobactan 4,5 g EV 6/6 horas. Cefepime 2 g EV 8/8 horas. Ceftazidime 2 g EV 8/8 horas. Meropenem 2 g EV 8/8 horas. Imipenem 500 mg EV 6/6 horas. Vancomicina 15 mg/kg EV 12/12 horas com dose ajustada pela vancocinemia. Linezolida 600 mg EV 12/12 horas. Tratamento minimo de 5 dias. No caso de pneumonias graves um tempo de 7 dias de tratamento é recomendado em diretrizes, podendo ser prolongado se a resposta não for apropriada. Tempo prolongado de tratamento é recomendado nas seguintes situações: 1. Infecção complicada por meningite, endocardite, abscesso ou empiema ou infecções ósseas ou de partes moles associadas. 2. Agentes menos comuns como Burkholderia pseudomallei ou Mycobaterium tuberculosis. Daniela Santos Rocha Monitorização da Resposta Terapêutica e Critérios para Alta Segura PCR: solicitada na entrada do paciente e esse valor seja usado como valor basal e após 48 a 72 h seja solicitada novamente. PCT: mais específica para infecções da via aérea inferior→ <0,5 mcg/L ou 80% do valor máximo. SINAIS DE MELHORA CLÍNICA e seja CAPAZ DE INGERIR POR VIA ORAL, recomenda-se trocar a antibioticoterapia da via endovenosa para via oral o quanto antes. Nesse momento deve-se realizar a avaliação global dos sinais vitais, necessidade de oxigenioterapia, ausência de exacerbação de doenças de base (p. ex., asma, ICC, DPOC) e caso o paciente esteja com sinais vitais estáveis, retorno ao status basal mental, doenças de base compensadas, saturação > 90% em ar ambiente, deve-se considerar a alta hospitalar, sem necessidade de observação após a troca de ATB da via IV para VO. Deve-se esclarecer para o paciente e familiares que os sintomas vão melhorar gradativamente e que dependem da gravidade inicial do quadro, como também deve-se orientar o retorno ao serviço de saúde caso haja piora ou retorno dos sintomas. Abaixo estão explicitados os pontos que devem ser abordados com relação à resolução dos sintomas: 1 semana: febre deve ter resolvido 4 semanas: dor torácica e escarro devem ter reduzido 6 semanas: tosse e dispneia devem ter melhorado 3 meses: a maioria dos sintomas deve estar resolvida, porém fadiga pode se manter 6 meses: a maioria das pessoas deve voltar ao status basal Manejo da Falha Terapêutica De modo geral, se não há melhora ou há retorno dos sintomas que fizeram o paciente procurar o serviço de saúde pode ser considerado como falha terapêutica. • Nova história clínica detalhada, procurando por fatores que possam estar associados a falha terapêutica • Investigar a possibilidade de o diagnóstico de pneumonia estar errado, o que é muito comum. Deve-se ter em mente que a antibioticoterapia não deve ser alterada nas primeiras 72 horas de internação, a não ser que exista um diagnóstico microbiológico alternativo (após resultado de culturas). • A tomografia de tórax está indicada nos casos de falha terapêutica para melhor caracterização da lesão pulmonar, pesquisa de complicações (derrame pleural ou abscesso pulmonar), diagnósticos diferenciais ou doenças pulmonares associadas (neoplasia, congestão, embolia pulmonar, doenças inflamatórias como vasculite, entre outras...) • Mandatória a pesquisa de infecção pelo HIV e caso exista epidemiologia sugestiva, a coleta de baciloscopias seriadas. • Outro exame de extrema relevância nesse contexto, principalmente em pacientes imunossuprimidos, é a endoscopia respiratória com lavado broncoalveolar. Complicações ABSCESSO PULMONAR • Abscesso pulmonar é a necrose do tecido pulmonar causada por infecção microbiana. • As cavidades podem estar isoladas ou sobrepostas a uma consolidação. Daniela Santos Rocha • As margens internas dos abscessos geralmente são lisas; níveis líquidos são vistos em cerca de 70% dos casos. • As causas mais comuns são bactérias anaeróbicas, Staphylococcus aureus (+) e Pseudomonas aeruginosa (-). • O tratamento padrão do abscesso pulmonar é realizado com clindamicina, 600 mg, IV, a cada 8 horas, seguido por 150 a 300 mg, VO, quatro vezes por dia. Outros antibióticos comumente administrados são amoxicilina associada a clavulanato, ampicilina em combinação com sulbactam, cefalosporinas e fluoroquinolonas. PNEUMONIA NECROTIZANTE (GANGRENA PULMONAR) • Complicação rara caracterizada pelo aparecimento de fragmentos de pulmão necrosado dentro da cavidade de um abscesso. • Desenvolve-se geralmente em uma consolidação lobar associada a aumento do lobo e abaulamento da fissura interlobar • A maioria dos casos é secundária a infecção por Klebsiella pneumoniae; outros microrganismos causadores incluem Streptococcus pneumoniae, Stapfylococcus aureus e bactérias anaeróbicas. • Na maioria dos casos, é completamente resolvida apenas com tratamento clínico. Porém, um reduzido número pode precisar de procedimentos invasivos ou do tratamento cirúrgico, com ressecção (retirada parcial) do parênquima pulmonar. Em adultos, é essencial administrar antibióticos, para tratamento de PAC. Opacidade não homogenea. Na fase inicial da TC pequenas transparências/ hipodensidades em uma área de pulmão consolidado que coalescem rapidamente para formar uma grande cavidade contendo liquido e tecido pulmonar desvitalizado PNEUMATOCELE • Espaço de conteúdo gasoso cuja parede é formada por espaços aéreos distendidos. • Manifesta-se na radiografia e na TC como imagem arredondada de conteúdo gasoso com paredes finas contida em área de pneumonia. Pode persistir após resolução da pneumonia como imagem de aspecto cístico Daniela Santos Rocha • Frequentemente muda de tamanho em curto espaço de tempo, fato decorrente do mecanismo valvular obstrutivo da via aérea que lhe é característico. • Pode se resolver de forma espontânea, ainda que tardia, no curso do tratamento da infecção. • Costuma associar-se, sobretudo, a pneumonias causadas por Staphilococcus em crianças e Pneumocystis em pacientes adultos. • O tratamento cirúrgico é reservado para a falha da terapêutica clínica
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